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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA
CURSO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA/CCEN

DANILO HERMANO SOUSA DA SILVA


FELIPE VIEIRA TORRES
LUCAS ELY MARTINS NASCIMENTO
PAULO HENRIQUE GALDINO REGIS

ENERGIA DAS ONDAS

MOSSORÓ
2022
2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distribuição mundial da potência média anual das ondas...............................07


Figura 2 – Usina Ondomotriz do Porto do Pecém, CE.....................................................11
Figura 3 – Regiões do mar em relação a profundidade ...................................................12
Figura 4 – Exemplo de classificação dos dispositivos de conversão ondomotriz...........13
Figura 5 – Coluna de água oscilante ...............................................................................14
Figura 6 – Sistema de Islay LIMPET, Reino Unido........................................................14
Figura 7 – Estrutura flutuante de absorção de energia.....................................................15
Figura 8 – Wave Dragon..................................................................................................16
Figura 9 – Processo de formação das ondas oceânicas....................................................18
Figura10 – Dispositivos de conversão de energia das ondas oceânicas............................19
Figura11 – Esquema da Usina de Ondas do porto do Pecém (CE)...................................20
3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Possíveis impactos ambientais do uso de dispositivos de energia das ondas. 21


4

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Publicações na Renewable Energy por continente...........................…..07


Gráfico 2 – Distribuição das pesquisas por tipo de tecnologia ondomotriz..............08
Gráfico 3 – Distribuição das companhias de energia ondomotriz ao redor do mundo.
................................................................................................................08
Gráfico 4 – Distribuição dos WEC em relação ao local de instalação.....................09
Gráfico 5 – Custos de energia para fontes alternativas e convencionais .......……...10
5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

2 ENERGIA DAS ONDAS (ONDOMOTRIZ) ...................................................................... 6

2.1 Panorama no mundo ......................................................................................................... 6

2.2 Panorama no Brasil ......................................................................................................... 10

2.3 Aplicação e tipos de tecnologias ..................................................................................... 11

2.3.1 Coluna de água oscilante .......................................................................................... 13

2.3.2 Corpos Oscilantes ..................................................................................................... 15

2.3.4 Galgamento .............................................................................................................. 16

2.3.5 Wave Dragon............................................................................................................ 16

2.4 Funcionamento ................................................................................................................ 17

2.4.1 Principio físico da fonte ........................................................................................... 17

2.4.2 Sistema de captação de energia das ondas ............................................................... 18

2.5 Impactos positivos e negativos ....................................................................................... 20

2.5.1 Impactos positivos .................................................................................................... 20

2.5.2 Impactos negativos ................................................................................................... 21

2.6 Vantagens e Desvantagens .............................................................................................. 22

3 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
6

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país que além de ter uma grande extensão territorial, possui também um
litoral gigantesco. Ele começa no estado do Amapá e vai até o estado do Rio Grande do Sul,
na fronteira com o Uruguai. Com base nessas informações, o objetivo primordial deste artigo
é mostrar mais uma alternativa para a produção de energia elétrica no Brasil, que é a energia
das ondas oceânicas, também conhecida como energia ondomotriz.
Outro foco é apresentar os maiores desafios que impedem dessa matriz energética ser
utilizada no território brasileiro, com exemplos de países do mundo que geram energia
elétrica através das ondas marítimas. Além de claro, dissertar sobre os pontos positivos e
negativos dessa energia renovável, desde a construção das usinas nos oceanos até elas
começarem o seu funcionamento.

2 ENERGIA DAS ONDAS (ONDOMOTRIZ)

2.1 Panorama no mundo

Em escala global, diversos mapeamentos da fonte ondomotriz vêm sendo realizados


desde a década de 1960. De acordo com Pontes (1998), um dos primeiros levantamentos do
recurso energético das ondas foi realizado por salter (1973). Dos anos que se seguiram, até a
atualidade, diversos outros estudos foram realizados.

Dentre os trabalhos mais recentes, Cornett (2008) concluiu que os maiores potenciais
médio anual ficam no Hemisfério Sul, com o valor máximo de aproximadamente 125 kW/m
ocorrendo no sudoeste da Austrália. Já no Hemisfério Norte, têm-se um potencial acima de 80
kW/m no Atlântico Norte, logo ao sul da Islândia, e um potencial máximo de
aproximadamente 75 kW/m no Pacífico Norte. Para a zona tropical (25° N a 25° S), o
potencial encontrado fica, em sua grande maioria, abaixo dos 30 kW/m. Entretanto, Cornett
(2008) destaca que a variabilidade temporal é um fator importante quando se deseja aproveitar
essa energia disponível. Assim, locais com um fluxo moderado e constante de energia das
ondas podem ser mais atrativos que locais mais energéticos, porém, menos constantes. Nesse
quesito, o estudo evidencia que a zona tropical, com exceção do Mar da Arábia, tende a ser
7

mais constante do que as regiões de altas latitudes. Analisando o consumo anual de cada
continente, a energia das ondas seria capaz de suprir boa parte da demanda mundial. A Figura
01 apresenta a disposição desse recurso de acordo com Gunn e Stock-Williams (2012, p. 297).

Figure 1 - Distribuição mundial da potência média anual das ondas

Fonte: Adaptado de Gunn e Stock-Williams (2012, p. 297).

O destaque nas pesquisas é referendado ao continente europeu com 46% das


avaliações sobre o potencial de captação de energia das ondas, segundo levantamento
realizado a partir da revista Renewable Energy entre os anos de 1993 a 2016. O Gráfico 1
apresenta a distribuição das publicações conforme cada continente.

Gráfico 1 - Publicações na Renewable Energy por continente

O período analisado compreende os anos de 1993 a 2016. Fonte: Renewable Energy


8

A falta de consenso com relação aos projetos entre os dispositivos de energia das
ondas constitui um obstáculo tecnológico que o setor deve superar, tanto em matéria de
concepção global dos conversores quanto em relação aos seus componentes. A convergência
para um ou poucos projetos é essencial para garantir a existência de uma cadeia de
suprimentos e para reduzir custos através da economia de escala (MAGAGNA e UIHLEIN,
2015, p. 87).
Apesar da falta de consenso com relação ao projeto dos WEC, três diferentes classes
concentram 82% dos esforços de pesquisa mundial, como pode ser visto no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Distribuição das pesquisas por tipo de tecnologia ondomotriz

Ano de referência: 2014. Fonte: Adaptado de Magagna e Uihlein (2015, p. 95)

Em 2014, aproximadamente 170 desenvolvedores compunham o setor de energia


ondomotriz, onde 45% destes se concentram na União Europeia conforme Gráfico 3
(MAGAGNA e UIHLEIN, 2015).

Gráfico 3 - Distribuição das companhias de energia ondomotriz ao redor do mundo.

Ano de referência: 2014. Fonte: Adaptado de Magagna e Uihlein (2015, p. 96).


9

Segundo ponto importante a ser considerado é a distância de instalação em relação a


costa, conforme o gráfico 4 grande parte dos projetos desenvolvidos encontram-se afastados
da costa.

Gráfico 4 - Distribuição dos WEC em relação ao local de instalação.

Ano de referência: 2014. Fonte: Adaptado de Magagna e Uihlein (2015, p. 96).

Outra barreira a ser considerada está relacionada ao custo que envolve o projeto
conforme comparado no Gráfico 5 com outras fontes, tanto renováveis quanto convencionais.
10

Gráfico 5 - Custos de energia para fontes alternativas e convencionais

Fonte: Adaptado de Magagna e Uihlein (2015, p. 88).

As barras sólidas indicam o custo atual da tecnologia em Euro por kWh, enquanto que
as barras hachuradas representam a redução de custos esperada para o futuro.

2.2 Panorama no Brasil

Segundo a reportagem do jornal O Povo, de Fortaleza/CE, do dia 18 de agosto de


2022, o Senado Federal aprovou o marco regulatório da energia offshore no Brasil, no dia
anterior à essa publicação. Essa regulamentação beneficia a criação de mais USINAS
ondomotrizes, apesar do foco principal dela ser em aumentar a produção de energia eólica e
solar do país.
Esse marco é muito importante, porque o Brasil ultrapassou a marca de 185 GW de
potência instalada de energia elétrica, no dia 06 de setembro de 2022, segundo informações
dadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), mas nesse anúncio não mostrou
números da produção de energia das ondas no país, mesmo o litoral brasileiro possuindo até
7491 quilômetros de extensão.
As regiões costeiras que as ondas mais se sobressaem vão do litoral do Ceará ao litoral
do Rio Grande do Sul e o potencial da geração de energia ondomotriz chega a ser de
11

aproximadamente 90 GW, conforme é relatado pela doutoranda em energia na Universidade


Federal do ABC, Juliane Taise Piovani à CNN Brasil. Na mesma reportagem da CNN, que foi
publicada no dia 10 de outubro de 2021; Segen Estefen, professor de engenharia oceânica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fala da dificuldade para se construir usinas
de energia nos oceanos pelo fato de muitas dessas áreas litorâneas serem destinadas à pesca,
ao banho de mar pelos moradores e turistas, base militar e rota marítima das navegações. O
Porto do Pecém, no Ceará, é o lugar onde está localizado a primeira construção de uma usina
ondomotriz no Brasil e na América do Sul, com uma tecnologia totalmente brasileira. Como
mostra a figura abaixo.

Figure 2 - Usina Ondomotriz do Porto do Pecém, CE

Fonte: CNN Brasil (2020).

De acordo com a entidade Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas


(REBOB, 2020), essa usina foi instalada como um projeto piloto de energia das ondas, a partir
do ano de 2012. Ela é uma iniciativa de pesquisadores da Coordenação dos Programas de Pós-
Graduação de Engenharia (COPPE), da UFRJ, apoiado pelo Governo do Ceará e com
financiamento feito pela empresa Tractebel Energia, através de um programa de P&D. Esse
programa é da ANEEL e tem o propósito de chamar empresas para patrocinar propostas de
produção de energia elétrica que sejam originais, aplicáveis à toda sociedade, viáveis
economicamente, entre outros quesitos mostrados pelo Portal Brasileiro de Dados Abertos.

2.3 Aplicação e tipos de tecnologias


12

As resilientes tentativas de converter energia do movimento das ondas em eletricidade


estão longe de ser apenas um anseio da busca por fontes baratas e sem poluentes das últimas 4
décadas.
Em suma, há pelo menos duzentos anos busca-se descobrir como aproveitar a energia
proveniente das ondas.
O projeto de conversão de energia das ondas é separado notoriamente quanto à
distância em relação à costa ou relativamente quanto ao seu princípio de funcionamento.
As aplicações tiveram sua retomada historicamente no auge da crise do petróleo em
1973 o engenheiro ficou conhecido por criar um dispositivo que capta a energia do
movimento das ondas.
A maneira mais simplificada de se classificar os conversores é com relação à
profundidade do local em que ele é instalado. Essa classificação se dá em três categorias:
dispositivos costeiros (ou onshore); dispositivos próximos à costa (ou nearshore); e
dispositivos em alto-mar (ou offshore). A Figura 3 apresenta um esquema da localização de
cada uma dessas zonas e a potência da onda inerente a elas. Fica evidente por ela, que quanto
mais afastado da costa, mais energético se torna o mar.

Figure 3 - Regiões do mar em relação a profundidade

Fonte: Adaptado de WaveRoller (2012).

Os principais dispositivos utilizados para conversão de energia das ondas do mar em


energia elétrica serão relatados conforme a Figura 4.
13

Figure 4 - Exemplo de classificação dos dispositivos de conversão ondomotriz

Fonte: Falcão (2010)

2.3.1 Coluna de água oscilante

É um dispositivo parcialmente submerso (Figura 5), onde existe uma abertura para
que uma coluna de água seja movimentada pelas ondas. Quando essa coluna sobe, o ar dentro
58 da câmara é forçado a sair por uma abertura na parte superior, onde está instalada uma
turbina. Esse ar pressurizado é ejetado da câmara, fazendo a turbina girar e produzir energia
mecânica. Quando a coluna de água baixa após a passagem da onda, a diferença de pressão
existente irá fazer com que o ar seja succionado de volte para a câmara e possa ser utilizado
pela turbina novamente para extração de energia (LAGOUN, BENALIA e BENBOUZID,
2010, p. 639).
14

Figure 5 - Coluna de água oscilante

Fonte: Lisboa et al. (2016)

Um exemplo desse tipo de dispositivo é a Islay LIMPET, a primeira central de


produção de eletricidade a partir da energia das ondas a entrar em serviço comercial em 2000,
mostrada na Figura 6. Está situada na ilha de Islay, nas Hébridas, e fornece energia à rede
elétrica do Reino Unido. A capacidade da Islay LIMPET é de 500 kW, tendo atingido
disponibilidade de 98% em 2010 (RENEWABLE ENERGY FOCUS, 2010).

Figure 6 - Islay LIMPET, Reino Unido (Vistas frontal (A) e traseira (B) do Islay LIMPET)

Fonte: Hitz (2010) e Whittaker et al. (2002, p. 40), respectivamente.


15

2.3.2 Corpos Oscilantes

A Figura 7 representa uma estrutura flutuante que absorve a energia das ondas em
todas as direcções por força dos movimentos das ondas na superfície da água ou perto dela.
Este sistema oscilante, tendencialmente com poucos metros de diâmetro, é de pequenas
dimensões comparado com o comprimento de onda típico, (Leandro 2016), (de Melo Veloso
2014), (Sarmento 2004).

Figure 7 - Estrutura flutuante de absorção de energia

Fonte: Divulgação Coppe/UFRJ (2020).


16

Tipo "boia", equipamentos relativamente pequenos (menores que o comprimento da


onda) que geralmente convertem energia oscilatória (sobe-e-desce).

2.3.4 Galgamento

Nesse dispositivo (Figura C), as ondas se movem em direção a uma rampa inclinada,
galgando-a devido à energia cinética e se acumulando em um reservatório. Quando
quantidade suficiente de água é acumulada, é liberada a vazão dela de volta para o oceano. A
água escoa pela ação da gravidade e passa por turbinas. Assim como numa hidrelétrica, a
energia potencial acumulada será transformada em energia mecânica pelas turbinas. A borda
com angulação para acúmulo de água deve estar sempre direcionada de encontro ao
movimento das ondas (LAGOUN, BENALIA e BENBOUZID, 2010, p. 640).

2.3.5 Wave Dragon

O Wave Dragon consiste em três componentes principais: dois refletores de onda, cuja
função é direcionar as ondas incidentes; a plataforma principal que funciona como um
reservatório flutuante; e as hidroturbinas do tipo Kaplan de pequena queda (TEDD e
KOFOED, 2009, p. 711).

Figure 8 - Wave Dragon

Fonte: Wave Dragon (2008).


O atual nível de competitividade e exigência do mercado, orienta as empresas na busca
por elementos capazes de gerar vantagem competitiva que além do caráter sustentado,
17

proporcionem condições ao sucesso da organização dentro da chamada Nova Economia, já


que nesta, fatores tradicionais até então sinônimos de riqueza, são sobrepujados pela produção
distinta de valor, cuja matéria-prima é o conhecimento.

2.4 Funcionamento

A captação da energia cinética das ondas tem princípio de funcionamento similar a


fontes como eólica, maremotriz, hidrelétrica dentre outras. Ter em mente a relação que a fonte
de energia ondomotriz tem com outras é de grande importância para determinar quais fontes
alternativas devem ser exploradas para que supram demandas energéticas.
Para correta compreensão do processo de aproveitamento das ondas como fonte
energética é necessário a análise do princípio físico que rege a fonte e o funcionamento do
sistema de captação.

2.4.1 Principio físico da fonte

As ondas oceânicas formam-se devido a tremores, erupções vulcânicas, ou atração


gravitacional, mas em sua grande maioria ocorrem pelo deslocamento das massas de ar na
superfície oceânica, que por sua vez se dá pela diferença de densidade causada pelo
aquecimento solar.
Destacando o processo de formação das ondas pelo vento, estas ocorrem quando o
vento atingi a superfície lisa dos oceanos, transmitindo energia cinética e formando ondas
capilares, que são rugosidades na superfície, essas ao se chocarem distribuem a energia
acumulada nas ondas e propagando a energia, ao longo da pista (espaço para propagação das
ondas). A Figura 9 abaixo demonstra o processo de formação das ondas oceânicas.
18

Figure 9 - Processo de formação das ondas oceânicas

Fonte: Olhar Oceanográfico (2022).

Essa energia sintética das ondas por sua vez se dissipa em seu percurso até o litoral,
sendo convertida, devido a ao transporte de sedimento do fundo oceânico. Além disso uma
pequena fração dessa energia é convertida em som e espuma.
Mas além da ação típica das ondas, as mesmas podem ser convertidas, afim de ser
utilizadas pelo ser humano, nesse sentido existem sistemas de captação e conversão que
transformam a energia cinética deste fenômeno em energia elétrica.

2.4.2 Sistema de captação de energia das ondas

Como visto no item 2.3 existem diversas maneiras de se converter o movimento das
partículas de água em energia elétricas os sistemas responsáveis por isto são classificados de
acordo com o princípio de captação e a distância do sistema a costa (CRUZ e SARMENTO,
2004). A classificação dos sistemas quanto a sua distância da costa é, Shoreline (dispositivos
localizados na costa), Near-shore (dispositivos próximos a costa), Off-shore (no mar, longe
da costa).
Esta distancia da costa por sua vez irá influenciar diretamente na escolha do sistema de
captação, são eles Coluna de água oscilante, Corpos oscilantes – flutuantes, Corpos oscilantes
– absorção pontual, Corpos oscilantes – Submersos, Galgamento. Figura 2, contém o
diagrama desses modelos. Os designers supracitados apresentam os mesmos princípios de
funcionamento, tendo como maior diferença entre si o processe de transmissão.
19

Figure 10 - Dispositivos de conversão de energia das ondas oceânicas.

Fonte: SOUZA, R.A. (2011).

Os Corpos Oscilantes – Absorção Pontual, instalados na costa (Shoreline), serão


alvos deste estudo, por se tratar de uma tecnologia consolidada e por uma planta com
configuração similar já estar instalada na costa brasileira.

2.4.2.1 Corpos Oscilantes – Absorção Pontual - instalados na costa (Pecém)

Este sistema é composto por uma boia que flutua na superfície oceânica, a alguns
metros da enseada, está se movimenta em harmonia com o movimento ondulatório do mar,
que por sua vez movimenta um braço mecânico conectado a mesma, este braço se eleva e
rebaixa, acionando uma bomba responsável por fornece energia a um fluido enclausurado no
sistema, que adquire alta pressão e é transportado para um acumulador (câmara hiperbárica).
Ao ser liberada do acumulador a o fluido possui pressão e vazão elevas, sendo utilizado para
movimentar uma turbina, que aciona o gerador, convertendo a energia mecânica do
movimento da turbina, em energia elétrica. (ASMETRO-SI, 2020). Figura 3, demonstra o
processo descrito.
Após o processo de geração a energia, este potencial gerado é encaminhado para as
subestações onde são feitos ajustes para que a energia possa ser interligada a rede transmitida
e posteriormente, distribuída para as unidades consumidoras.
20

Figure 11 - Esquema da Usina de Ondas do porto do Pecém (CE).

Fonte: Câmara Brasil Portugal no Ceará - Comércio, Indústria e Turismo (2020).

2.5 Impactos positivos e negativos

Sabe-se que a principal causa dos impactos ambientais que se verificam atualmente
está relacionada ao uso irrestrito dos combustíveis fósseis. De acordo com Garcia [1],
independentemente do grau de desenvolvimento do país, o uso destes combustíveis, seja para
a geração de energia elétrica, produção de calor ou força mecânica, ainda é dominante na
matriz energética da maioria das nações. Desta forma, para Santos [2], uma maior utilização
de energias renováveis proporcionaria grandes benefícios ambientais, abrindo espaço,
também, para o desenvolvimento tecnológico e a produção de novos conhecimentos na área
energética.

2.5.1 Impactos positivos

A energia de ondas é uma fonte de energia não poluente, visto que não produz
emissões gasosas líquidas ou sólidas. Para Cruz e Sarmento [3], as usinas a partir de ondas
oceânicas podem contribuir no atendimento das necessidades energéticas causando poucos
21

impactos ambientais, sem poluição externa e interna do ar, com capitais de implantação,
manutenção e operação competitivos quando comparados aos projetos de centrais eólicas
mais caros.

2.5.2 Impactos negativos

A tabela 1 a seguir, feita por Thorpe mostra e classifica como baixo e médio alguns
dos leves impactos ambientais que os dispositivos de energia de ondas podem causar.

Tabela 1 - Possíveis impactos ambientais do uso de dispositivos de energia das ondas. Adaptado
(THORPE, 1999), p.153.

Fonte: THORPE (1999).

2.5.2.1 Construção/manutenção local

Apesar de ser óbvio e não ser um problema peculiar dos dispositivos de energia de
ondas, deve ser levado em consideração no processo de avaliação ambiental.

2.5.2.2 Recreação
22

As instalações nearshore e offshore poderiam causar alguns impactos sobre diferentes


formas de recreação. Atividades como mergulho poderiam ser beneficiadas por ter os
dispositivos como forma de proteção. Já passeios de jet-ski e barcos seriam prejudicados.

2.5.2.3 Riscos de navegação

Os dispositivos podem se tornar um problema para as navegações se estiverem em


áreas de difícil visualização ou não serem detectados por radares. Mapas detalhados com as
posições destas instalações, assim como a utilização de luzes de sinalização das posições,
ajudaria a minimizar os riscos

2.5.2.4 Ruídos

Alguns conversores de energia podem produzir ruídos que percorrem longos trajetos
submarinos e podem afetar a comunicação e o deslocamento de algumas espécies como os
cetáceos, porém acredita-se ser improvável que sejam afetados devido o ruído estar abaixo
das suas frequências de audição.
Caso os projetos instalados sejam na costa ou próximos, o ruído pode incomodar a população
da área costeira, porém esses ruídos podem ser confundidos com o barulho dos ventos e das
ondas. Também devem ser usados abafadores de ruídos nessas instalações.

2.5.2.5 Efeitos Visuais

Em certas áreas, a profundidade requerida por algumas instalações poderia estar a


poucas centenas de metros da costa. Estas instalações, assim como aquelas em terra estariam
sujeitas a provocar algum tipo de impacto visual. Estes impactos seriam mais fortes em áreas
utilizadas para lazer e recreação.

2.6 Vantagens e Desvantagens

Drew, Plummer e Sahinkaya [5], apresentam as principais vantagens da exploração de


energia das ondas, como por exemplo: ser um fenômeno constante; apresentar a maior
23

concentração espacial de fluxo energético; propagar por grandes distâncias com pouca
dissipação de energia; ter baixo impacto ambiental negativo. Quanto à primeira vantagem, de
acordo com Pelc e Fujita [6] este recurso está disponível até 90% do tempo em comparação
com cerca de 20 a 30% para energia eólica e solar.
Agora falando das desvantagens, para dispositivos onshore, pode-se destacar as
dificuldades em relação ao planejamento de proteção e conservação de costas. Outro ponto
negativo é o nível do potencial energético das ondas que chegam à costa que é reduzido
devido ao efeito que leito do fundo do mar exerce sobre as ondas.
Já para os dispositivos offshore tem-se como desvantagens a dificuldade de acesso
para instalação e manutenção, além da grande distância para distribuição da energia gerada.

3 CONCLUSÃO

No cenário mundial, a energia das ondas é uma excelente alternativa para suprir a
demanda energética brasileira, e um avanço na substituição de fontes poluente de energia por
renováveis. No que tange o Brasil a fonte ondomotriz tem grande potencial, devido a extensão
da costa e as condições do vento, sendo mais uma para somar no vasto portifólio energético
brasileiro.
24

REFERÊNCIAS

Artigo científico

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Energy, v. 36, p. 388-398, 2011.

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Sustainable Energy Reviews, Lisboa, v. 14, n. 3, p. 904, 2010.

Artigo científico

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HITZ, J. A. LIMPET: Land Installed Marine Powered Energy Transformer. State of the
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Artigo científico

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the Art and Current Status. 2010 IEEE International Energy Conference, Manama, Bahrain, p.
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Artigo científico

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Notícia
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MINAS E ENERGIA (Brasil). Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) et al. Brasil
ultrapassa os 185 GW de potência instalada: Marca foi alcançada nesta terça-feira (6/9). Mais
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