You are on page 1of 5

UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CURSO DE PSICOLOGIA

GIOVANNA DE SOUZA QUAGLIO 837022

FICHAMENTO 5 - Autenticidade

RIBEIRÃO PRETO
2022
Inicialmente, são explicadas as 3 principais hipóteses de Lewin. A primeira hipótese
disserta sobre como a integração não será efetiva se todos não estiverem dispostos a se
comunicarem abertamente a fim de formar uma relação interpessoal duradoura, a segunda diz
que a comunicação efetiva é algo possível de ser aprendido, não algo inato. A terceira diz
que, para se relacionar com os outros de maneira autêntica é necessário que o indivíduo esteja
disposto a deixar seus hábitos de relação de lado, a fim de aprender verdadeiramente como se
comunicar com o outro.
Ainda mais, para Lewin, é preciso que o indivíduo, para aprender a ter autenticidade
interpessoal, deseje mudar seus hábitos e questionar seu modo de ver as relações pessoais,
além de ser necessário um ambiente de aprendizagem favorável para que isso ocorra. A partir
de algumas sessões de diagnóstico sediadas no MIT, foi visto que existiam algumas leis da
gênese da dinâmica dos grupos, as quais foram percebidas pelos pesquisadores durante as
atividades. Eles perceberam que, ao observar as dinâmicas,
“A possibilidade de ter acesso periodicamente a avaliações de suas
intervenções e de suas interações nas sessões de aprendizagem do dia, permitiu-lhes
objetivar-se a respeito de seus próprios comportamentos em grupo.” (Mailhiot,
1991, p. 91)

Em outras palavras, a possibilidade de verem e analisarem outras dinâmicas grupais


os fizeram perceber seus próprios comportamentos.
Outra informação compartilhada no livro de Mailhiot (1991) é a criação de dos
chamados T-Groups, grupos que tinham o objetivo de somente socializarem entre si, com a
finalidade de se sentirem mais confortáveis e acessíveis uns com os outros. Esse grupo pode
ser chamado de “grupo de diagnóstico”, “grupo-centrado-sobre-si-mesmo” ou “grupo de
formação”. O objetivo desse tipo de grupo consiste em três partes: oferecer aos participantes
um ambiente único de trocas interpessoais entre eles; criar um espaço comunicativo centrado
na autenticidade; dar aos participantes uma experiência no grupo em que as figuras de
autoridade se tornem mais autônomas. A junção desses objetivos conversa com o objetivo
original dos T-Groups: “sensibilizar os participantes para relações interpessoais e assim
torná-los conscientes dos processos psicológicos em jogo no funcionamento dos grupos.”
(Mailhiot, 1991, p. 95).
Esse tipo de grupo pode ser considerado do tipo extrínseco, ou seja, não possui
estruturas intrínsecas (sem tarefas, sem estruturas já planejadas internamente), e essas
estruturas são a duração da dinâmica (entre 20 e 40 horas), o número de participantes
(mínimo 10 e máximo 20, com o ideal sendo de 12 a 15), a composição dos participantes
(mais heterogêneo), espaço-temporal (início e término previstos com a duração das atividades
cronometradas). Os profissionais responsáveis por essa dinâmica (devem ser dois) devem
sempre recusar assumir um papel de liderança no grupo, além de também recusar serem os
conselheiros do grupo (dinâmica em grupo não é terapia em grupo) e agirem como
provedores de informação, ou seja, interferir de alguma forma acerca das teorias e exposições
presentes no grupo. Por outro lado, seus papéis chaves são, essenciais para o funcionamento
do grupo, assumir o papel de catalisadores (criar um espaço de confiança entre os
participantes, aceitando os pensamentos diversos), o papel de de memória e consciência do
grupo (ajudando os participantes a perceberem suas defesas e obstáculos), e, por fim, agirem
como agentes de formação, sendo esse o papel mais importante dos responsáveis. Esse papel
consiste em tranquilizar os participantes - fazendo com que se sintam acolhidos - e, além
disso, tornarem-se eles mesmos exemplos de autenticidade interpessoal para os participantes.
Os participantes, ao participarem dessa dinâmica de forma exemplar, começam a
compreender melhor o trabalho feito.
“Muito cedo, entretanto, a maioria dos participantes compreende que a
maneira mais segura de levar aos seus respectivos grupos os benefícios da
experiência que acabam de viver é preparar, por uma presença mais atenta ao outro,
climas de grupos mais abertos, mais permissíveis, de modo a tornar as relações
interpessoais mais autênticas e mais criativo o trabalho de seu grupo.” (Mailhiot,
1991, p. 102).

Ao abordar as etapas de aprendizagem, foi estabelecido as fases de evolução que o


grupo deve passar para ser efetivo. A primeira etapa é chamada de objetivação de si, em que
o participante deve perceber sua imagem de si para ele mesmo e para os outros, entendendo
como ele se vê, como é visto e como quer ser visto pelos outros. A fim, essa objetivação de si
tem como objetivo fazer com que a pessoa se aceite incondicionalmente. A segunda etapa é o
respeito pelo outro, além de compreender os estereótipos já preestabelecidos sobre o outro, é
aprender a “passar do singular para o plural, do impessoal para o pessoal” (Mailhiot, 1999). A
terceira etapa é a transparência; em que tudo que é sentido e pensado pelos participantes é
verbalizado, ou seja, uma revelação de si mesmo. A partir dessa verbalização, transparência,
objetivação, nascem as aprendizagens necessárias; o desaparecimento de fronteiras, por
exemplo.
“Para se praticar a liberdade de expressão com respeito pelo outro, é
preciso que, uma vez desaparecidas as barreiras, demolidos os muros, transpostos os
abismos, sejam delimitadas as fronteiras da incomunicabilidade e do inviolável.
Mesmo entre os indivíduos que conseguiram estabelecer entre eles relações
interpessoais transparentes, deve ser reconhecido e respeitado que cada um traga em
si segredos que não lhe pertençam.” (Mailhiot, 1991, p. 109-110).
Além dele, a revelação do “eu íntimo” - ser autêntico consigo mesmo e com o grupo -
é algo que é aprendido dentro dessas dinâmicas. Retomando as etapas, a quarta consiste em o
indivíduo desenvolver empatia - sentir o que uma outra pessoa sente caso passasse pelo
mesmo que ela - ao renunciar preconceitos, estereótipos e atitudes obstinadas contra o outro,
dessa forma, fazendo com que o indivíduo se coloque verdadeiramente no lugar do outro.
Ademais, foi apresentado 3 tipos de empatia na explicação dessa etapa, sendo a primeira a
empatia (já descrita), a auto-empatia - enxergar a si mesmo da maneira correta - e
alo-empatia, quando “torna alguém apto a objetivar-se com respeito às imagens de grupo.”
(Mailhiot, 1991). A quinta e última etapa é a aceitação incondicional do outro; é aceitar que
cada pessoa possui uma forma de ver o mundo, de agir, de ter sonhos e aspirações diferentes
do seu; é aceitar que cada um possui seu próprio ritmo e maneiras próprias de lidar com as
coisas.
Finalmente, outro ponto importante abordado por Mailhiot é o fato de que, para que
haja um clima de aprendizagem nessas dinâmicas, é imprescindível que os que assumam a
responsabilidade pelo grupo sejam formados profissionalmente na profissão adequada, seja
ela um doutorado em psicologia ou ciências humanas, informação suficiente sobre psicologia
dos grupos. Esses responsáveis devem, obrigatoriamente, serem não-diretivos e serem o
incorporamento da autenticidade interpessoal. Devem também utilizar dos recursos do grupo
para intensificar e dar continuidade ao trabalho feito, além de criarem um ambiente em que o
foco é o aqui e agora, ou seja, deixar que os participantes entendam - a partir de suas próprias
experiências - sobre o que a dinamicidade do grupo traz para eles.
REFERÊNCIAS

MAILHIOT, G.B. O aprendizado da autenticidade. In. _____. Dinâmica e Gênese dos


Grupos. São Paulo: Livraria Duas Cidades LTDA, 1991.

You might also like