Sou a Joana Saraiva e fui diagnosticada com um linfoma de Hodking no dia 21 de abril de

2022 no hospital pediatrico de Coimbra. Tudo começou com uma consulta no meu médico de
família devido a um “papo” que apareceu no meu pescoço, nunca pensando que iria começar
uma nova etapa da minha vida, uma que, infelizmente, não foi fácil. Após alguns exames
(ecografia, TAC e, finalmente, biópsia), recebi a notícia que menos esperava.

Parece que a vida mudou de um momento para o outro.. doenças como estas parecem só
acontecer aos outros, e no entanto, também tive que a enfrentar. Aconteceu tudo muito
depressa, comecei as sessões de quimioterapia, e fui abaixo (quer física como
psicologicamente). A minha rotina mudou: tinha iniciado o 3ºperíodo do 11ºano, e fiquei uma
semana em Coimbra.. comecei a perder aulas que julgava conseguir recuperar. No entanto,
perdi as forças para conseguir sair de casa e viver uma vida normal. As dores começaram, os
enjoos continuaram e nada parecia melhorar. Fiquei internada, onde comecei a perceber que
esta não era só uma realidade para mim, mas que havia tantos jovens, crianças que tinham
que viver daquela maneira, as quais não deixavam de sorrir.

Após o cabelo me ter caído, os convívios pareciam um desafio para mim.. passava dias
fechada em casa, deitada, sem forças para fazer o que quer que fosse. Mas o tempo foi
passando, não regressei à escola, mas comecei a ganhar forças: naqueles que me rodeavam,
em mim mesma, e convenci-me que iria ultrapassar esta doença rapidamente. E assim foi:
comecei a estudar para o exame de Física e Química A, tanto em casa como quando estava em
tratamento.. pensei que, ao tentar fazer o meu melhor para o exame, que ainda tinha controlo
sobre algo na minha vida! Validação académica sempre foi importante para mim, e apesar de
ter perdido um período escolar, onde me atrasei em termos de matéria em relação aos meus
colegas, não desisti, afinal isto seria apenas uma fase que teria que ultrapassar, e ainda havia
uma luta grande para conseguir alcançar os meus objetivos, sendo estes conseguir entrar num
curso que goste, e que a partir daí consiga construir uma vida estável. Mas para tal, é preciso
continuar a estudar e nunca perder o foco! Fiz o exame e tive 14. Apesar de não ter sido o
resultado que eu pretendia, fiquei orgulhosa de mim, por, apesar de tudo, ter feito o melhor
que conseguia! E espero assim continuar, daí me estar a candidatar a esta bolsa: para que
possa continuar a estudar de forma mais tranquila e, assim, atingir aquilo que pretendo.

Agora estou a caminho do 12ºano, com os meus 17 anos de idade e com todas as sessões
de quimioterapia para já concluídas! Estou a iniciar uma nova fase da minha vida, onde o pior
já passou, mas agora com novo conhecimento e com novos valores que esta doença (que
infelizmente me afetou) me trouxe!