Professional Documents
Culture Documents
Piloto 2003
Piloto 2003
COPPE/UFRJ
Programa de Engenharia Química
pág.
1.1 – Introdução 1
1.7 – Referências 12
ii
Capítulo I
CAPITULO I
1.1 - Introdução
A indústria química é, fundamentalmente, uma indústria de transformação e para se chegar
aos produtos finais, com as especificações desejadas, é necessário separar, concentrar e purificar
as espécies químicas presentes nas diferentes correntes resultantes dessas transformações. Este,
sem dúvida, tem sido um dos maiores desafios da indústria química, desde seus primórdios.
A partir do início da década de 70, em adição aos processos clássicos de separação como,
destilação, filtração, absorção, troca iônica, centrifugação, extração por solvente, cristalização e
outros, surge uma nova classe de processos que utilizam membranas sintéticas como barreira
seletiva. As membranas sintéticas surgem como uma tentativa de se imitar as membranas naturais,
em particular quanto as suas características únicas de seletividade e permeabilidade.
"De uma maneira geral, uma membrana é uma barreira que separa duas fases e
que restringe, total ou parcialmente, o transporte de uma ou várias espécies químicas
presentes nas fases".
1
Capítulo I
2
Capítulo I
3
Capítulo I
Para que ocorra o transporte de uma espécie através de uma membrana é necessário a
existência de uma força motriz agindo sobre a mesma. Os processos comerciais de separação com
membrana utilizam como força motriz o gradiente de potencial químico e/ou o gradiente de
potencial elétrico. Como os processos com membranas são, em sua grande maioria, atérmicos, o
gradiente de potencial químico pode ser expresso, apenas, em termos do gradiente de pressão e de
concentração (ou pressão parcial). Em função da morfologia da membrana e do tipo de força
motriz empregada, o transporte das diferentes espécies através da membrana pode ocorrer tanto
pelo mecanismo de convecção, como pelo mecanismo de difusão. A morfologia da membrana
define, também, os princípios em que se baseiam a sua capacidade seletiva (ver esquema da Figura
1.2).
4
Capítulo I
µ E
p C
A Figura 1.3 apresenta um esquema ilustrando das relações entre força motriz e morfologia
com o tipo de transporte esperado e os principais fatores que irão determinar a seletividade do
processo.
5
Capítulo I
FORÇA MOTRIZ
+
MORFOFOGIA
MF Fator PV
Dimensão dos Interação c/ pol. PG
UF Preponderante
NF
Penetrantes Coef. Dif. OI
na Seletividade
D
A Eletrodiálise (ED), diferentemente dos processos acima mencionados, utiliza como força
motriz um gradiente de potencial elétrico. Por este motivo só pode ser utilizada nos casos em que
pelo menos uma das espécies apresente carga elétrica. Nos equipamentos de eletrodiálise
membranas com cargas positivas são posicionadas alternadamente com membranas carregadas
negativamente. O transporte das espécies iônicas ocorre pelo mecanismo de difusão e a seletividade
se deve ao princípio da exclusão de Donan.
6
Capítulo I
(ver Figura 1.4). Já o fator de enriquecimento é definido é definido pela relação entre a
concentração da espécie mais permeável no permeado e na alimentação. O Quadro 1.1 apresenta
os PSM comerciais e suas principais características, a força motriz e exemplos típicos de aplicação.
MF, UF, NF e OI
Coeficiente de Rejeição
Alimentação Concentrado
C0 Cp
R = 1-
C0
CP Permeado
Fator de Separação
PV e PG
Alimentação Concentrado
α A/ B = YA YB
XA XB
XA , X B
Fator de Enriquecimento
YA , YB Permeado â A
= YA X A
7
Capítulo I
DIÁLISE (D) ∆C Moléculas de Massa molar Íons e orgânicos de baixo Hemodiálise - Rim Artificial
> 5.000 Da peso molecular Recuperação de NaOH
PERVAPORAÇÃO (PV) Pressão de Líquido menos Permeável Líquido mais permeável Desidratação de álcoois
vapor Eliminação de VOC da água
8
Capítulo I
Uma análise das características de cada um dos processos com membranas, apresentados no
Quadro 1.1 permite inferir quais os processos clássicos de separação que podem competir com esta nova
tecnologia. A Figura 1.5 apresenta a faixa de atuação dos diferentes processos com membranas, bem
como de alguns processos clássico de separação, em função do tamanho ou das características físico-
químicas das espécies a serem separadas. Na prática, hoje, processos combinados, envolvendo processos
clássicos e PSM, cada qual atuando na faixa em que é mais eficiente, têm se mostrado mais vantajoso do
que a utilização de cada uma das tecnologias isoladamente.
µm)
Micron (µ
-4 -3 -2 -1 2 3
10 10 10 10 1 10 10 10
Microfiltração Filtração
Ultrafiltração
Nanofiltração
Osmose Inversa
Eletrodiálise
Troca Iônica Eletroforese
Distilação
Pervaporação
Cristalização
Sep. de Gases
Extração
Ultracentrífuga Centrífuga
1 0 2 3 4 5 6 7
10 10 10 10 10 10 10
Angstron ( A )
- Processos de Separação por Membranas
- Outros Processos de Separação
Figura 1.5 - Quadro Comparativo entre Processos Clássicos de Separação e os Processos com
Membranas, em Função das Dimensões das Espécies a serem Separadas.
9
Capítulo I
Os PSM têm sido utilizados nos mais diferentes setores de atividade como na indústria química, na
quebra de azeótropos de misturas de solventes orgânicos, na área médica, com a hemodiálise e a dosagem
controlada de remédios, passando pela biotecnologia, indústria alimentícia e farmacêutica e tratamentos de
águas industriais e municipais. No Quadro 1.2 são apresentados exemplos de aplicação de processos
com membranas em algumas das áreas acima mencionadas.
10
Capítulo I
Os PSM atingiram o status de processos comerciais devido a uma série de vantagens inerentes a
esta tecnologia. Algumas dessas vantagens são comentadas a seguir:
Economia de Energia - Os PSM, em sua grande maioria, promovem a separação sem que ocorra
mudança de fase. Neste sentido são processos energeticamente favoráveis. Esta é uma das razões pela
qual seu desenvolvimento coincide com a crise energética dos anos 70, devido ao grande aumento do
preço do petróleo.
Seletividade - A seletividade é outra característica importante dos PSM. Em algumas aplicações estes
processos se apresentam como a única alternativa técnica de separação. No entanto, como já mencionado
anteriormente, na maioria dos casos, processos combinados, envolvendo processos clássicos e processos
com membranas, cada qual atuando onde é mais eficiente, tem se mostrado como a opção mais
econômica e vantajosa de separação.
Separação de Compostos Termolábeis - Como, via de regra, os PSM são operados à temperatura
ambiente, podendo ser aplicados no fracionamento de misturas envolvendo substancias termossensíveis.
Por este motivo eles tem sido amplamente empregados na indústria farmacêutica e de alimentos e, mais
recentemente, como uma alternativa na purificação de produtos ou recuperação de células em
biotecnologia.
Do final dos anos 60, quando Loeb e Sourirajan demonstraram, pela primeira vez, a viabilidade
econômica de processos como a dessalinização de águas por osmose inversa, até os dias de hoje, o
mercado de separação por membranas passou de US$ 2 milhões/ano para cerca de US$ 4,4 bilhões/ano
em 2000. A Figura 1.6 apresenta a evolução do mercado de membranas e de módulos, por tipo de
processo, entre 1993 e 2000.
Pelos dados da Figura 1.6 verifica-se que a diálise representa quase a metade do mercado de
membranas. A hemodiálise (rim artificial) é a grande responsável pela dimensão deste mercado. O número
11
Capítulo I
de doentes renais, a espera de transplante, é muito grande, em todo mundo. Além disso, para evitar
problemas de contaminação os módulos de membrana para hemodiálise devem ser utilizados apenas uma
vez, ou por algumas vezes, mas com um mesmo paciente. O segundo grande mercado fica com a
microfiltração. A aplicação neste caso é, fundamentalmente, a esterilização de águas e do ar. Observa-se,
também, que o mercado para permeação de gases e pervaporação ainda é pequeno. Estes processos
ainda se encontram em desenvolvimento, embora já tenham alcançado o status industrial.
Deve ser salientado que os valores constantes na Figura 1.6 representam apenas as vendas de
membranas e de módulos de membrana. O valor total estimado das vendas de sistemas completos
envolvendo os diferentes processos com membranas, em 2000, é superior a 15 bilhões de dólares. Além
disso, espera-se um crescimento do mercado entre 8 e 10% ao ano (Strathmann, H., 2000).
Bilhões 3
US$
2
0
93 94 95 96 97 99 00
12
Capítulo I
1.7 - Referências
Baker, R. W. (2002), “Future directions of membrane gas separations technology”, Ind. Eng. Chem. Res.,
v. 41, 1393 – 1411
Baker, R. W.; Cussler, E.L.; E.L. Eykamp, W.; Koros, W.J.; Riley, R.L.; Strathmann, H. (1991),
“Membrane separation systems”, Noyes Data Corp., Park Ridge, NJ, EUA.
Drioli, E.; Romano, M. (2001), “Progress and new perspectives on integrated membrane operations for
sustainable industrial growth”, Ind. Eng. Chem. Res., v. 40, 1277 – 1300
Fell, C.J.D. (2003), “Membrane technology – has the promise been fulfilled?”, Membrane Quarterly, v.
18, 3, 5 –10
Mulder, M.H.V. (1991), "Basic Principles of Membrane Technology", Kluwer Acad. Pub., Holanda.
Noble, R.D.; Stern, S.A. (1995), "Membrane Separations Technology Principles and Applications",
Elsevier, Inglaterra.
Rautenbach, R.; Albrecht, R. (1989), “Membrane Process”, John Wiley & Sons, NY, EUA.
Strathmann, H. (2000), “Membrane Separation Processes: Current Relevance and Future Opportunities”,
AIChE Journal, v. 47, 5, 1077 – 1087
Winston, W.S.; Sirkar, K.K. (1992), “Membrane Handbook”, Van Nostrand Reinhold, NY, EUA.
13
CAPÍTULO II
Síntese de Membranas
Índice
Pág.
2.1- Introdução 15
2.2.1 – Materiais 17
Polímeros 18
Cerâmicos 19
Metais 20
2.5- Referências 31
CAPÍTULO 2
Preparo de Membranas
2.1- Introdução
Conforme visto no capítulo anterior, membrana pode ser definida como uma barreira que
separa duas fases e que restringe, total ou parcialmente, o transporte dos componentes presentes
nas fases. Nos processos de separação por membranas elas representam o coração do processo.
No entanto, como será visto mais adiante, mesmo uma excelente membrana pode apresentar um
desempenho bisonho, caso o sistema onde ela está incorporada não seja operado adequadamente.
Quando uma membrana apresenta as duas morfologias, uma parte densa e uma parte
porosa, é necessário estender a classificação considerando o tipo de transporte predominante e a
característica de sua seção transversal. Desta forma, quando uma membrana possui uma fina
camada densa sustentada por uma estrutura porosa, também pode ser considerada como uma
membrana densa, pois o principal mecanismo envolvido na separação dos componentes permeantes
envolve dissolução e difusão no material dessa fina camada superficial da membrana. Por outro lado,
15
a variação na densidade ao longo da seção transversal da membrana pode ser descrita como
assimétrica ou, de modo mais geral, anisotrópica. Então, no caso considerado, a membrana é
descrita como uma membrana anisotrópica densa. Por outro lado, no exemplo anterior, os filmes de
embalagens serão classificados como membranas simétricas densas.
ISOTRÓPICA
POROSA
ANISOTRÓPICA
MEMBRANA
ISOTRÓPICA
DENSA INTEGRAL
ANISOTRÓPICA
( Pele densa)
COMPOSTA
16
Membranas Isotrópicas
porosa porosa densa
Membranas Anisotrópicas
densa (integral) porosa densa (composta)
POLIMÉRICOS
NÃO POLIMÉRICOS
• CERÂMICAS
• CARBONO
• ÓXIDOS METÁLICOS
• METAIS
17
Para ilustrar melhor as diferenças que exibem distintos materiais empregados na fabricação
de membranas, convém resumir algumas de suas características básicas, particularmente, as que
determinam suas propriedades de transporte. Vale lembrar que a descrição dos materiais abaixo
refere-se à estrutura mais primária, ou seja, ao nível molecular ou atômico. Não deve ser confundida
com a descrição microscópica (morfologia) das membranas e que se tem mais mencionado até aqui.
Ambas são complementares e determinam as propriedades mais desejadas para membranas
(permeabilidade, seletividade, resistência mecânica, estabilidade térmica e resistência química).
Como alguns dos materiais podem ser empregados tanto para gerar estruturas densas
quanto porosas, é importante relembrar que nas densas as moléculas que permeiam o fazem por
difusão após uma absorção e mistura homogênea (“dissolução”) com o material. Do ponto de vista
físico-químico, o sistema membrana/penetrantes constitui uma única fase. Já nas porosas, sistemas
pelo menos bifásicos desde a sua origem, as moléculas ou partículas em geral interagem pouco com
o material, e trafegam exclusivamente pelos poros, por difusão e/ou convecção, dependendo da
estrutura e do tamanho dos poros.
18
Polietileno (PE) Poliestireno (PS)
H H H
H
c c c c
H
H H H c H
n c c n
c c H
H
c
H
H H H H H H
c c c c c c
H H H
c
H H
H H
c c n m
c c H
H
c
H Borracha SBR
Poli(estireno-co-butadieno)
19
estruturas microporosas bem variadas com um bom controle de distribuição de tamanho de poros,
caracterizadas por resistências térmicas e químicas elevadas e baixa plasticidade (são duros e
quebradiços). Estas propriedades são devidas à natureza altamente cristalina destes materiais, onde
predominam ligações interatomicas muito estáveis, principalmente iônicas e intermediárias entre
iônicas e covalentes.
Na categoria geral de cerâmicos, deve-se mencionar que vários tipos de vidros e grafite
também são usados para fabricar membranas microporosas. O vidro é basicamente silica amorfa, ou
seja, não cristalina, enquanto grafite é uma forma cristalina do carbono.
Metais. A ligação metálica que mantém os átomos numa estrutura de rede, envolta em uma
nuvem de elétrons livres, é responsavel pelas principais propriedades características dos metais,
como altas condutividades, plasticidade e resistência mecânica. Estas e outras propriedades
químicas (particularemente as catalíticas) os tornam candidatos naturais para materiais de
membrana, seja densa ou porosa. É o caso de aguns metais de transição como Paládio, Prata,
Tungstênio e Molibidênio que são empregados puros ou em ligas com Níquel, Rhodio e outros. Em
alguns casos, moléculas pequenas como hidrogênio e oxigênio são absorvidos por metais, como
Paládio e Prata, respectivamente, e difundem na rede metálica, justificando o emprego destes metais
como membranas densas.
20
pobre em polímero. No processo de formação de uma membrana, a fase rica dará origem à
estrutura, enquanto a fase pobre dará origem aos poros. A viscosidade aumenta com a
concentração de polímero na fase rica, dificultando a transferência de massa no sistema. Durante
este processo, caso a transição vítrea da fase concentrada em polímero ocorra, o equilíbrio
termodinâmico entre as fases líquidas não é alcançado, o que leva à fixação da estrutura e a
formação da membrana. Dependendo da natureza do sistema, podem ocorrer interações físico-
químicas entre as cadeias poliméricas, podendo levar à gelificação, ou até mesmo à formação de
regiões cristalinas, acelerando a precipitação. A competição destes fenômenos durante a separação
de fases dará origem a diferentes tipos de membrana. Um diagrama esquemático, que mostra os
possíveis caminhos para a formação de membranas por inversão de fase, é apresentado na Figura
2.5.
Imersão em banho
de não-solvente
Transferência
Cristalização
de massa
Separação
Vitrificação
líquido-líquido
Gelificação
No entanto, existem polímeros semicristalinos, que são constituídos por uma fase amorfa e
outra cristalina, na qual os segmentos de cadeia estão ordenados. Quando se utiliza um polímero
21
desta natureza para a síntese de membranas, existe a possibilidade de ocorrer outro tipo de
transição no sistema, que seria a cristalização do polímero. Esta transição não depende somente das
condições termodinâmicas do sistema, mas também da cinética, uma vez que as moléculas de
polímero necessitam de um certo tempo para se ordenar, devido ao fenômento de relaxação das
cadeias poliméricas.
Outro fenômeno que pode ocorrer é conhecido como gelificação. Esta pode ser definida
como um processo no qual há a formação de uma estrutura tridimensional, devido ao aparecimento
de interações físico-químicas entre os segmentos de cadeia polimérica e os solutos de baixa massa
molar.
Existem vários meios de se induzir instabilidade a uma solução polimérica, podendo levar a
sua precipitação. Para se obter um certo controle sobre o processo de inversão de fase, algumas
técnicas têm sido empregadas. As principais técnicas utilizadas são descritas a seguir.
Precipitação térmica
22
Precipitação por evaporação de solvente
Nesta técnica se utiliza uma solução polimérica contendo um não-solvente e um solvente
volátil. Sendo o solvente mais volátil que o não-solvente, à medida que o solvente for evaporando, a
concentração de polímero na solução irá aumentar até que a precipitação ocorra, devido à presença
do não-solvente.
1 2
Solução
Polimérica Faca de
espessura
controlada
4 Membrana
3
Banho de precipitação
Filme polimérico exposto à atmosfera
Figura 2.7 - Sequência de etapas envolvidas na formação de membranas por imersão em banho de
não solvente.
23
Na Figura 2.8 é apresentado um diagrama esquemático dos fluxos de tranferência de massa
de solvente e não solvente, quando se utiliza a técnica de precipitação por imersão em um banho de
não solvente.
J2 J1
x(0)
x(t)
x Solução Polimérica
Fronteira Suporte
Móvel Ji α 1 . ∆µ
R
Na inversão de fase por precipitação por imersão há sempre a troca de massa entre o
banho de precipitação e a solução polimérica, tendo como força motriz a diferença de potencial
químico dos componentes entre o banho e a solução. Dependendo da relação entre os fluxos de
solvente e não-solvente, pode-se levar a solução diretamente à vitrificação, sem que haja separação
de fases líquido-líquido. Desta forma, poderá ser formada uma membrana densa, típica para
separação de gases. Caso contrário, será produzida uma membrana contendo poros na sua
superfície, aplicável a processos como microfiltração e ultrafiltração.
24
PROCESSOS DE INVERSÃO DE FASE
a) Evaporação b) Temperatura
espalhamento evaporação
espalhamento variação de T
espalhamento imersão
espalhamento imersão
evaporação
Sinterização
A sinterização consiste na fusão incipiente de materiais na forma de pó, com granulometria
controlada, em um molde sob pressão. A porosidade final da membrana e o tamanho médio de
poros depende, entre outros fatores, do material, da granulometria do particulado, da temperatura e
tempo de residência nesta temperatura e da pressão aplicada no molde. Essa técnica pode ser
utilizada tanto para polímeros, onde os mais utilizados são o poli(etileno) e o poli(tetra fluor etileno),
como para metais (aço inoxidável, prata e latão) e cerâmicas (óxido de alumínio, silica, etc.).
Uma vantagem é a utilização de materiais sem que haja a necessidade de sua solubilização,
possibilitando empregar materiais com elevada resistência química e térmica, o que resulta em
membranas com propriedades equivalentes. Por outro lado, a morfologia resultante é
predominantemente isotrópica porosa. Em geral, o tamanho médio de poro fica na faixa de 0,1 a 50
µm, podendo ser ajustado pela manipulação das condições de preparo. Entretanto, o controle da
25
distribuição de tamanhos é díficil e, normalmente, uma dispersão elevada é obtida. A Figura 2.10
apresenta uma fotomicrografia de uma membrana preparada pela sinterização um particulado de
poli(etileno).
Figura 2.10 - Detalhe da seção transversal de uma membrana isotrópica porosa produzida
por sinterização de particulas de poli(etileno).
Estiramento
26
Gravação ("Track-Etching")
27
determinantes para a eficiência do processo de separação. Assim como as membranas
microporosas, as membranas densas também porem ser classificadas em isotrópicas e anisotrópicas.
A Figura 2.13 relaciona as principais técnicas de preparo de membranas densas.
28
faixa de composição para que não ocorra separação de fase durante a evaporação do solvente, o
que poderia dar origem a uma membrana porosa.
29
Pele densa
Suporte poroso
anisotropico
Figura 2.14 - Seção transversal de uma membrana anisotrópica densa composta com
suporte de poli(eter sulfona) e pele de EPDM.
Figura 2.15 - Corte da seção transversal próximo a superfície densa (seletiva) de uma
membrana inorgânica anisotrópica de óxido de aluminio.
30
2.5 – Referências
Carvalho, R.B., Nobrega, R. e Borges C.P., “Formação de Membranas Planas Celulósicas por
Espalhamento Duplo para os Processos de Nanofiltração (NF) e Osmose Inversa (OI)”, Polímeros
Ciência e Tecnologia, v 11, 2, 65-76, 2001.
Duarte, L.T., Habert, A.C. e Borges, C.P.; “Preparation and morphological characterization of
polyurethane/polyethersulfone composite membranes”, Desalination, v. 145, 53-59, 2002.
Lonsdale HK, Merten U, Riley RL, “Transport properties of cellulose acetate osmotic membranes”,
Journal of Applied Polymer Science, 9 (4): 1341-&, 1965
Luccio, M.D., Nobrega, R. e Borges C.P., “Microporous anisotropic phase inversion membranes
from bisphenol-A polycarbonate: study of a ternary system”, Polymer, v.41, n.13, 4309 – 4315,
2000.
Luccio, M.D., Nobrega, R. e Borges, C.P., “Microporous Anisotropic Phase Inversion Membranes
from Bisphenol-A Polycarbonate: Effect of Additives to the Polymer Solution”, Journal of Applied
Polymer Science,V.86, 3085–3096, 2002.
Machado, P.S.T., Habert, A.C. e Borges C.P., “Membrane formation mechanism based on
precipitation kinetics and membrane morphology: flat and hollow fiber polysulfone membranes”,
Journal of Membrane Science, 155, 171-183, 1999.
Pereira, C.C., Nobrega, R. e Borges, C.P., “Membrane formation with the presence of Lewis
acid:base complexes in the polymer solution”, Journal of Applied Polymer Science, v 83, 9, 2022-
2034, 2002.
Wienk, I.M, Boom, R. M., Beerlage, M.A.M., Bulte, A.M.W., Smolders C.A., Strathmann, H.,
“Recent advances in the formation of phase inversion membranes made from amorphous or semi-
crystalline polymers”, Journal of membrane science, 113 (2): 361-371,1996.
31
CAPÍTULO III
Caracterização de Membranas
Índice
Pág.
3.1 – Introdução 33
3.5 – Referências 70
CAPÍTULO 3
Caracterização de Membranas
3.1 - Introdução
Deve ser enfatizado, no entanto, que muito embora características tais como
porosidade, distribuição de poros, curva de retenção, permeabilidade hidráulica e outras,
sejam fornecidas pelos fabricantes, informações a respeito do desempenho das mesmas
quando em operação em uma dada aplicações industrial, são normalmente omitidas. A título
de exemplo, fluxos permeados em processos de ultrafiltração podem chegar a 10% do valor
do fluxo permeado de água pura. No caso de microfiltração, dependendo da aplicação, o fluxo
permeado pode atingir valores ainda menores. Esta grande diferença entre o fluxo permeado
obtido quando da caracterização das membranas e quando em operação em um processo
industrial, se deve a fenômenos como polarização de concentração e adsorsão das diferentes
33
espécies na superfície e poros da membranas. Estes fenômenos serão abordados, com mais
detalhes, no Capítulo 5.
Vírus 30 - 300
Na Tabela 3.2 são apresentadas características básicas das membranas utilizadas nos
diferentes processos de separação.
34
Membrana Porosa Membrana Densa
Figura 3.1 - Esquema do transporte através da seção transversal de uma membrana
porosa e uma membrana densa.
35
3.2 - Caracterização de membranas Porosas
Modelo
“Pele”
Independente da forma dos poros é importante que os poros sejam passantes. Somente
estes poros contribuem para o fluxo permeado. No entanto, algumas técnicas de
caracterização detectam, indiscriminadamente, poros ativos e não ativos. Além da forma dos
poros, a porosidade superficial é outro parâmetro importante. Dela depende o valor do fluxo
permeado, para uma dada aplicação. Membranas de microfiltração apresentam porosidade
superficial que variam de 5 a 50%. As membranas de ultrafiltração são muito menos porosas.
Apresentam porosidade superficial na faixa de 0,1 a 1%.
36
As diferentes técnicas de caracterização de membranas porosas permitem a
determinação de parâmetros de duas naturezas:
Quando métodos indiretos são utilizados, deve ser ressaltado que parâmetros como o
tamanho médio de poros ou a distribuição de tamanho de poros, não têm significado
geométrico verdadeiro. Estes parâmetros são calculados como base em poros cilíndricos
paralelos hipotéticos que devem apresentar um comportamento equivalente aos espaços
vazios reais. Outro aspecto à ser salientado é a presença de anisotropia. Neste caso, os
parâmetros ligados à morfologia devem ser determinados em relação à camada superficial
(pele) da membrana, que representa a principal resistência ao transporte.
37
Tabela 3.3 - Principais métodos de caracterização de membranas microporosas
38
3.2.1 - Microscopia Eletrônica
39
1 micron
1.0 2.0
0.8 1.6
0.6 1.2
→
0.4 0.8
0.2 0.4
0.0 0.0
0.0 0.4 0.8 1.2
Pore diameter ( m)
40
a b
Figura 3.4 - Corte transversal de membranas a base de poliétersulfona: (a) anisotrópica; (b)
isotrópica.
2σ cos θ
rp = − (3.1)
P
Tendo em vista que o volume de mercúrio pode ser medido com precisão, o método
permite uma determinação precisa da distribuição de tamanho de poros de uma membrana
microporosa. Deve ser salientado que o referido método apresenta restrições no caso da
presença de poros pequenos. Neste caso a pressão a ser aplicada deve ser muito elevada e
41
pode deformar a membrana. O método só deve ser aplicado na caracterização de membranas
simétricas e não exclui os poros não passantes.
%Vp
30
0
1000 (A ) = 0,1µm
20
10
0
3 4
10 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
r (A )
42
3.2.3 - Adsorção e Dessorção de Gás
a) b)
2 rk
c) d)
t
2 rk 2 rp = 2 rk + 2t
t
Pr3 < Pr2 < 1 Pr4 = 0
43
O abaixamento da pressão de vapor para um capilar de raio r é dado pela equação de
Kelvin, expressa por:
2σV
ln P = − cos θ (3.2)
P
o rk RT
rp = rk + t (3.3)
onde t representa a espessura da camada de gás adsorvida. Esta espessura pode ser
determinada a partir de medidas de adsorsão em uma superfície plana de referência. A
equação de Kelvin pode ser aplicada para poros com raios na faixa entre 1 e 25 nm.
44
Raio do poro (nm)
Figura 3.9 - Distribuição de tamanho de poros em membranas de alumina calcinadas em
diferentes temperaturas (400, 500 e 800oC). Método da adsorção/dessorção de gás.
3.2.4 - Permeabilidade
Medidas de fluxo permeado através de membranas porosas podem ser utilizadas para se
estimar tamanho de poros dessas membranas. Assim, admitindo-se que uma membrana
apresente poros de forma cilíndrica, o tamanho desses poros pode ser estimado com o auxílio
da equação de Hagen-Poiseuille:
ε.r 2 ∆P
J= P (3.4)
8.ητ ∆x
2
onde, J é o fluxo permeado; ε = n.π.r é a porosidade da membrana; η, a viscosidade do
penetrante; τ, a tortuosidade do poro; r, o raio do poro; n o número de poros; ∆P é a diferença
de pressão entre os dois lados da membrana e ∆x a espessura da membrana. A
permeabilidade, P, da membrana para o líquido em questão é definida por:
P = ε r 2 /8ητ∆x (3.5)
45
problema indeterminado, mesmo que a membrana apresente uma distribuição uniforme de
poros, uma vez que um mesmo resultado pode ser obtido com um número grande de poros
pequenos ou um pequeno número de poros grandes.
ε3 ∆P
J= . (3.6)
K.η .S 2 .(1 − ε) 2 ∆x
O método do ponto de bolha, utilizado pela primeira vez por Bechhold, em 1908, é
uma técnica que permite determinar o poro de maior tamanho de um dada membrana. O
método consiste na medida da pressão necessária para fazer escoar um gás (ar ou nitrogênio,
por exemplo) através de uma membrana cujos poros se encontram preenchidos por um
líquido.
A força devido à tensão superficial do líquido no interior de cada poro, expressa pelo
produto do perímetro do poro pela tensão superficial, oferece uma resistência ao escoamento
do gás. A força que o gás exerce sobre o líquido, em cada poro, é expressa pelo produto de
sua pressão pela área da seção transversal do poro. Na condição limite (equilíbrio de forças)
tem-se:
46
Um esquema do equipamento utilizado para medidas do ponto de bolha é apresentado
na Figura 3.10. No equipamento, um dos lados da membrana é mantido em contato com o
líquido que irá preencher todos os seus poros e o outro lado da membrana é mantido em
contato com o gás. A medida que a pressão aumenta o gás começa a penetrar, lentamente, nos
poros da membrana (ver Figura 3.11). Como a bolha de ar penetra no poro, o ângulo de
contato é 0º (cos(θ) = 1) e a Equação 3.8 se reduz a:
2.σ
rp = (3.9)
∆P
Tabela 3.4: Relação entre pressão do ar e "raio" do poro, utilizando água como líquido
impregnante.
raio do poro
10 1,0 0,1 0,01
(µm)
Pressão
(Bar) 0,14 1,4 14,5 145
líquido
Manômetro
Regulador
P Membrana
N2 de pressão
47
2r
líquido membrana ar
48
Fluxo
Pressão
P 1 = 2 σ /rmax P2 = 2σ / r min
Figura 3.12 - Fluxo permeado de gás em função da pressão a jusante, em uma membrana
contendo líquido nos poros. A linha pontilhada representa o fluxo que seria obtido caso a para
a membrana estivesse seca.
J = P.∆P (3.10)
J = ∑ f i (n i , ri ). ∆P (3.11)
sendo:
ri = 2σ (3.12)
Pi
49
A Equação 3.11 pode ainda ser escrita como:
tal que,
P ≤ Pi ⇒ f i = f i +1 = ....... = 0 (3.14)
Dessa forma, a partir da curva de fluxo em função da pressão é possível, com o auxílio
das Equações 3.12 e 3.13, calcular o tamanho do poro a uma dada pressão, assim como, o
número de poros relativos a esse tamanho.
16
te m po e x p.: 0,4 s 0,7 s
Flux o dife re ncia l (%)
12
0,2 s
8
0
0,1 0,12 0,14 0,16
50
Flux o dife re ncia l (%)
16
B A
12
0
0 0,2 0,4
Figura 3.14 - Curvas de distribuição de fluxo diferencial em função do tamanho de poro para
duas fibras de poliéterimida (A e B). Tamanho máximo de poro para a fibra A = 0,33 µm e
para fibra B = 0,14 µm. Coeficiente de permeabilidade de ambas as fibras em torno 0,150
(cm3/cm2.s.cmHg).
51
independente de sua natureza, é difícil uma caracterização completa da membrana utilizado
apenas a massa molar como parâmetro. A Tabela 3.5 apresenta uma relação de
macromoléculas e suas dimensões características. Observa-se que moléculas de mesma massa
molar, mas de natureza diferente, podem apresentar dimensões características distintas. Deve-
se levar em conta, também, a forma e a flexibilidade das macromoléculas, bem como
eventuais interações com o material da membrana. Outro fenômeno que deve ser levado em
consideração ao se utilizar esta técnica é a polarização de concentração. Um aumento de
concentração do soluto pode alterar suas dimensões características devido a efeitos osmóticos
e pode, também, afetar a adsorção na membrana. A conseqüência é a obtenção de curvas de
retenção diferentes para uma mesma membrana, em função das condições de operação.
52
Tabela 3.5 – Relação entre massa molar e diâmetro médio das moléculas.
ESPÉCIE PM (Dalton)
Bactérias, Virus,
Macromoléculas
100
90 Imuno Globulina 150.000
80
Diâmetro Médio das Moléculas (A)
70
60
* Dextrana 250.000
50
40 Albumina Humana 67.000
Hemoglobina 64.000
30 Ovolbumina 45.000
Pepsina 35.000
Mioglobina 17.800
Citrocromo 12.400
20
*Dextrana 110.000
*Polietileno Glicol 6.000
*Rafinose 594
*Sucrose 342
10
*Bacitracina 1400
Esta técnica foi aprimorada por Nobrega et alli, em 1989, os quais estabeleceram as
condições de operação mais adequadas, de ultrafiltração, para que o método da rejeição
parcial de solutos polidispersos possa fornecer uma curva de retenção que represente, de fato,
as características da membrana em questão. Baixa concentração de soluto, fraca interação do
soluto com a membrana, número de Reynolds elevado na corrente de alimentação da unidade
de ultrafiltração e baixos fluxos permeados são as principais recomendações para se obter a
bons resultados.
53
1,0
R=0,95
0,5 B
PM
nominal
A B
0,0
10 0 10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
Massa molar
Figura 3.15 - Características da rejeição de membranas de ultrafiltração que apresentam
diferentes distribuição de tamanho de poros.
Alimentação
Permeado
Figura 3.16 - Cálculo do coeficiente de rejeição parcial a partir das curvas de distribuição de
massa molar da alimentação e do permeado.
54
Na Figura 3.17 são apresentados os coeficientes de rejeição parcial obtidos para uma
membrana de ultrafiltração do tipo fibra oca, em polissulfona, utilizando dextrana como
soluto polidisperso. Os resultados mostram uma forte influência da pressão de operação nos
resultados obtidos. Ou seja, uma molécula de uma dada massa molar é rejeitada cada vez
menos pela membrana, a medida que a pressão de operação aumenta. Este comportamento se
deve a uma deformação da macromolécula provocada pela tensão de cisalhamento na estrada
do poro da membrana. Cabe lembra que dextranas são moléculas deformáveis e que o fluxo
permeado, responsável pela tensão cisalhante, aumenta com a pressão de operação. Assim, a
curva de retenção nominal da membrana será aquela obtida em baixas pressões ou extrapolada
para pressão de operação nula.
Assim, a curva de Ri em função da massa molar pode ser interpretada como uma curva
acumulativa de fluxo permeado, (Js,2/J), em função da fração da massa molar do soluto
polidisperso, uma vez que:
J S,2
Ri =
J (3.16)
A Figura 3.18 apresenta esta curva acumulativa de fluxo para o mesmo exemplo da
Figura 3.17.
55
(Valores extrapolados)
Figura 3.17 - Rejeição parcial em função da massa molar. Membrana do tipo fibra oca em
polissulfona. Soluto: dextrana, 3,8Kg/m3. Re = 2.000.
56
Curva de Fluxo permeado acumulado (%)
57
Curva de Distribuição de fluxo permeado (%)
Curva de Fluxo permeado acumulado (%)
58
3.2 - Caracterização de Membranas Densas
59
Conforme mencionado anteriormente o transporte de gases vapores e líquidos através
de membranas densas pode ser descrito pelo mecanismo sorção/difusão, ou seja, a
permeabilidade da membrana, para um dado componente, será o resultado da solubilidade
deste componente na membrana, um parâmetro termodinâmico do sistema
penetrante/polímero, e da sua difusividade na matriz polimérica, um parâmetro cinético. A
solubilidade é uma medida da quantidade de penetrante sorvido pela membrana, no equilíbrio.
A solubilidade de gases em polímeros, normalmente, é muito baixa e pode ser descrita pela lei
de Henry, a qual admite um comportamento linear entre a pressão e a quantidade de gás
sorvida pelo polímero numa dada temperatura, ou seja, admite um comportamento ideal para
o sistema. Já para vapores e líquidos as solubilidades são muito maiores e a não idealidade do
sistema de ser levada em consideração. Neste caso, equações de estado como as de Flory-
Huggins, Lacomb-Sanches, entre outras, podem ser utilizadas para representar o
comportamento do sistema e prever dados de solubilidade.
A difusividade, por sua vez, depende das dimensões do penetrante sendo tanto maior
quanto menor for a sua dimensão. A difusividade depende, também, das características
morfológicas do polímero. Além disso, dependendo da capacidade que o penetrante tem de
inchar a membrana, alterando suas características, a difusividade será função, também, da
concentração do próprio penetrante.
60
Tabela 3.6 - Temperatura de Transição Vítrea de Diferentes polímeros*.
61
+
Tabela 3.7 - Permeabilidade de diferentes polímeros para o oxigênio e nitrogênio .
Permeabilidade Permeabilidade Seletividade
Polímero Para o O2 Para o N2 ideal
(PO2, Barrer*) (PN2, Barrer*) (PO2 / PN2)
poli(trimetilsilil propeno) 10040,0 6745,0 1,5
poli(dimetil siloxano) 600,0 280,0 2,2
poli-(1-butil acetileno) 200,0 118,0 1,7
poli(metil penteno) 37,2 8,9 4,2
poli(trimetilsilano de vinila) 36,0 8,0 4,5
poli(isopreno) 23,7 8,7 2,7
poli(oxido de fenileno) 16,8 3,8 4,4
poli(estireno) 7,5 2,5 2,9
poli(etileno) 6,6 2,1 2,9
poli(imida) 2,5 0,49 5,1
poli(propileno) 1,6 0,30 5,4
poli(carbonato) 1,4 0,30 4,7
borracha butílica 1,3 0,30 4,3
poli(metacrilato de etila) 1,2 0,22 5,2
poli(triazol) 1,1 0,13 8,4
acetato de celulose 0,7 0,25 3,0
poli(fluoreto de vinilideno) 0,24 0,055 4,4
poli(amida), nylon 6 0,093 0,025 2,8
poli(álcool vinílico) 0,0019 0,00057 3,2
poli(imida), Kapton 0,001 0,00012 8,0
62
Solubilidade (cm3-CNTP/(cm3 de pol. bar)) x 102
Coeficiente de difusão (m2/s ) x 1010
63
A Figura 3.23 apresenta dados de solubilidade de vapores orgânicos em
polidimetilsiloxano em função da pressão de vapor. Conforme comentado anteriormente, a
solubilidade de vapores é elevada e o comportamento altamente não ideal. Esta alta
solubilidade resulta em permeabilidades elevadas, conforme pode verificado na Tabela 3.8.
Sorção (cm3 -CNTP/cm3 )
nitrogênio 280
oxigênio 600
metano 940
dióxido de carbono 3.200
etanol 53.000
cloreto de metileno 193.000
1,2-dicloroetano 269.000
tetracloreto de carbono 290.000
clorofórmio 329.000
1,1,2-tricloroetano 530.000
tricloroeteno 740.000
tolueno 1.106.000
64
3.3 - Caracterização de Membranas Compostas
Uma vez pronta, a membrana composta deve também ser caracterizada. Considerando
que a pele densa define as características de transporte, medidas de permeabilidade de gases e
líquidas são utilizadas. No entanto, o desenvolvimento de uma membrana composta também
depende de parâmetros relacionados ao suporte poroso (porosidade, distribuição de tamanho
de poros e permeabilidade intrínseca do polímero que constitui o suporte) e de parâmetros
relacionados a própria membrana composta (espessura da pele e profundidade de intrusão do
polímero que compõe a pele, para dentro dos poros do suporte. Medidas de permeabilidade de
gases no suporte, membranas densas e na respectiva membrana composta possibilitam uma
caracterização desse parâmetros.
65
componentes da mistura nas camadas superficiais da pele (região 1). A seguir, os permeantes
são transportados por difusão até a interface da pele com o suporte (região 2) ou através dos
poros do suporte parcialmente preenchidos com o material da pele (região 3). Após o
transporte pela interface, os permeantes são transportados por difusão através da região densa
do suporte (região 2). Na região de maior porosidade (região 4), ocorre a dessorção dos
componentes e, dependendo das condições de operação e do tamanho dos poros, o regime de
escoamento nesta região pode ser uma combinação de difusão de Knudsen, difusão ordinária
ou fluxo viscoso.
ek
R ki = (3.17)
Pki A k
66
onde, ek e Ak representam a espessura e a área disponível para a permeação da região "k",
enquanto, Pki representa a permeabilidade do componente "i" na região "k".
R 2i R 3i
R Ti = R1i + ( ) + R 4i (3.18)
R 2i + R 3i
P e1 e2
( e )ef., i = ( + )− 1 (3.19)
P1i P2i + P3i ε
(P
e ) ef., i
αij = (3.20)
(P
e ) ef., j
Embora este modelo admita diversas simplificações, a Equação 3.19 permite a análise
qualitativa sobre a influência das características do suporte e da pele. Nesta equação pode ser
observado que a resistência total da membrana composta é a soma da resistência da pele com
a resistência combinada das regiões 2 e 3. Desta forma, para diminuir a resistência ao
transporte, as espessuras do filme denso e das regiões 2 e 3 devem ser reduzidas, assim como,
67
a porosidade superficial do suporte deve aumentar. Como mencionado anteriormente, estas
condições são conflitantes em relação a estabilidade mecânica da região 1 (pele) da membrana
composta. Cabe ressaltar que a medida que a resistência da pele diminui em relação a
resistência combinada, a resistência global da membrana tende a resistência intrínseca do
polímero que forma o suporte. A situação inversa, isto é, resistência da pele aumentando em
relação a resistência combinada, a permeabilidade tende a permeabilidade do material que
forma a pele.
68
Tabela 3.10 - Permeabilidade e seletividade dos polímeros utilizados, relativos a permeação
de mistura CO2/CH4 (25/75 v/v).
69
3.4 – Referências
Baker RW, Blume I, “Permselective Membranes Separate Gases”, Chemtech, 16 (4): 232-
238, 1986.
Balmann, H. and Nobrega, R.,"The Deformation of Dextran Molecules: Causes and
Consequences in Ultrafiltration". Journal of Membrane Science, 40, 1989.
Blume I, Schwering PJF, Mulder MHV, Smolders CA, “Vapor Sorption and Permeation
Properties of Poly(dimethylsiloxane) Films”, Journal of Membrane Science, 61: 85-97, 1991.
Borges, C P.; Habert, A. C. e Nobrega, R., “Caracterização da distribuição de tamanho de
poros de fibras ocas microporosas pelas técnicas de permeametria e ponto de bolha”. Anais do
XXI ENEMP, vol.III, 935-946, Ouro Preto, MG, outubro de 1993.
Borges, C.P., Mulder, M.H.V. and Smolders, C.A.; "Composite hollow fiber for removal of
VOC´s from water by pervaporation", publicado nos "proceedings" do VI International
Conference on Pervaporation Processes in the Chemical Industry, pp. 207- 222, Bakish (Ed.),
Englewood, 1992.
Di Luccio, M. e Borges, C.P., “Determination of pore size distribution on polymeric
microporous membranes by means of scanning electron microscopy and digital image
processing”, Acta microscopica, Vol. 6, Supl. A, September (1997), 134 – 135
Nobrega, R.; Balmann, H.; Aimar, P. and Sanches, V., "Transfer of Dextran Through
Ultrafiltration Membranes: A Study of Rejection Date Analised by Gel Permeation
Chromatograph". Journal of Membrane Science, 45, 1989.
Pereira, C.C.; Nobrega, R. e Borges, C. P., "Polyetherimide Hollow Fiber Membranes for Gas
Separation Characterized by Scanning Electron Microscopy". Acta Microscopica, vol. 5,
supplement B, 346-347, October1996.
Pinnau I, Wijmans JG, Blume I, Kuroda T, Peinemann KV, “Gas Permeation Through
Composite Membranes”, Journal of Membrane Science, 37 (1): 81-88, 1988.
70
CAPÍTULO IV
Índice
Pág.
4.1 - Introdução 72
4.5 – Referências 94
4.1 - Introdução
Figura 4.1: Membrana biológica com estrutura de dupla camada de lipídeos (a parte esférica
representa a região polar da molécula, enquanto a parte linear representa a região apolar).
72
primeiras observações metodológicas envolvendo permeação em membranas datam de
meados do século XVIII, com os estudos de Nollet e Dutrochet sobre osmose, enquanto
que a constatação de que as espécies permeantes podem apresentar taxas diferenciadas
no transporte através de membranas pode ser atribuída aos estudos de Fick e Graham
em 1855 e 1866, respectivamente.
73
poros) não evoluíram com a mesma velocidade, principalmente, face à espessura
elevada das membranas disponíveis e, conseqüentemente, aos valores reduzidos dos
fluxos permeados.
74
em 1966, como uma técnica alternativa ao uso exclusivo da técnica de inversão de fase.
Neste procedimento um filme homogêneo ultrafino (< 3µm) é depositado sobre uma
membrana microporosa. Estas membranas, que consistem de dois (ou mais) filmes
laminados, são chamadas "compostas" (composite membranes).
75
para a otimização das propriedades de transporte. A eficiência global do processo
depende, também, das condições de escoamento, i.e., do projeto e tipo do módulo e
permeador utilizado.
Seleção
do
Material
Separação com
Membrana
Preparo Configuração
da do módulo e
Membrana do permeador
76
Técnica Poros Aplicação
• Evaporação • Deposição
• Extrusão • Polimerização “in situ”
• Precipitação • Polimerização interfacial
• Polimerização por plasma
77
geometrias. Uma relação elevada entre a área de permeação e o volume do módulo
representa uma melhor utilização do espaço e uma redução no custo de equipamento.
Uma outra vantagem que as fibras ocas oferecem é serem auto-suportadas, o que reduz
o custo de produção do módulo de permeação. Por outro lado, a possibilidade de
entupimento do orifício interno das fibras (quando a alimentação é por dentro das fibras
e contém material em suspensão) e a espessura da parede das fibras relativamente
grande (para evitar colapso em gradientes de pressão elevados), são as principais
desvantagens desta geometria.
Geometria
Plana Cilíndrica
Tubular
Espiral
Capilares
Placa-quadro
Fibras-ocas
Figura 4.5: Configurações usuais para o preparo de membranas
78
distinguir duas concepções: a membrana é formada pela evaporação controlada dos
solventes e aditivos presentes na solução polimérica, como ilustra a Figura 4.6; ou a
membrana é formada pela imersão da solução em um banho de um não solvente para o
polímero, como apresentado na Figura 4.7. puede fallar en
condiciones de alta
presion y alta T
(Pre-sal)?
Praticamente todas as membranas fabricadas na geometria plana são depositadas
sobre um suporte poroso para aumentar a resistência mecânica, facilitar o manuseio e
reduzir a espessura de espalhamento da solução. Este suporte deve apresentar uma
superfície isenta de protuberâncias para minimizar a formação de defeitos (furos). O
material mais utilizado é preparado a partir de fibras de poliester sinterizadas e
calandradas, denominado papel não tecido ou "non-woven".
79
solventes
solução membrana
ar + arseco
NS
precipitação secagem
80
papel
“non-woven” membrana
solução
81
como as membranas que forem danificadas durante a operação podem ser substituídas
sem perda do módulo. São utilizados em quase os PSM para aplicações em escalas
pequena e média.
concentrado
alimentação
alimentação flange
permeado
membrana
membrana
concentrado
permeado
espaçador
82
coletor
membrana concentrado
alimentação concentrado
espaçador
membrana permeado
alimentação
espaçador
coletor membrana
83
líquido
solução interno solução
polimérica polimérica
seção líquido
transversal interno
84
solução
líquido
interno
bomba
extrusora
bomba
banho
de banho de lavagem
precip.
armazenagem
Figura 4.11: Esquema de um equipamento típico para fabricação de membranas na
forma de fibras ocas e capilares.
85
e Pervaporação, enquanto fibras-ocas são mais empregadas nos processos de Diálise
(incluindo a hemodiálise), Osmose Inversa e Permeação de Gases. As condições de
escoamento também são fortemente afetadas pelo diâmetro das membranas, ou seja,
quanto menor for este diâmetro, pior é o controle sobre a transferência de massa na
solução que escoa por dentro da fibra ou capilar. A Figura 4.12, a seguir, mostra
esquematicamente módulos contendo fibras-ocas e capilares.
alimentação concentrado
capilares
permeado
dialisante
sangue sangue
fibras-ocas 200 µm
86
no espaço entre o embolo e a parede interna do tubo, um filme da solução é depositado
na parede do tubo. A precipitação ocorre após a imersão e a secagem segue os mesmos
procedimentos utilizados para as outras concepções de membranas.
tubo
poroso
solução espalhamento
da solução
banho
precip.
87
alimentação
tubo permeado
poroso
membrana
concentrado
Tubular 30
Placa/quadro 500
Espiral 900
Capilar 1.000
Fibra-oca 10.000
88
4.4 - Fabricação de Membranas Compostas
fibra
filme denso microporosa
membrana
microporosa
suporte
(“non-woven)
a) membrana plana b) fibra-oca
Figura 4.15: Membranas compostas em diferentes geometrias.
89
solubilidade, possibilidade de reações de reticulação (promovendo o aumento da
resistência química) e a sua permeabilidade intrínseca aos componentes de interesse.
Esta foi uma das primeiras técnicas a ser utilizada e, ainda, é a mais empregada
na fabricação de membranas compostas. Na situação típica, um suporte (membrana
microporosa) é direcionado para uma solução contendo o material para o recobrimento,
podendo ser imersa ou mantida apenas em contato superficial. A espessura final
depende principalmente da concentração de polímero na solução de recobrimento,
valores típicos se situam em torno de 5% (p/p). Após o contato, ocorre a evaporação
controlada do solvente e, eventualmente, a promoção de reações de reticulação no
polímero depositado. A Figura 4.16 mostra um esquema típico para a fabricação deste
tipo de membrana.
90
secagem (forno)
memb. composta
91
obtida situa-se em torno de 0,5 µm ou menor. Um esquema típico para a fabricação de
membrana compostas por polimerização interfacial é apresentado na Figura 4.17.
secagem
suporte
monômero 1
cobrimento monômero 2
forno
de proteção lavagem
Figura 4.17: Fabricação de membranas compostas por polimerização interfacial
92
A Figura 4.18 ilustra de forma esquemática as diferentes possibilidades. O
esquema de um equipamento típico desta técnica é apresentado na Figura 4.19. As
variáveis que afetam a membrana produzida são a geometria do reator, a potência
aplicada, a vazão do gás e monômero e a pressão de operação (50 - 300 militorr).
Podem ser obtidas espessuras extremamente reduzidas por esta técnica, normalmente,
situam-se entre 100 a 5.000 Å (0,01 - 0,5 µm). A principal limitação é a
reprodutibilidade das propriedades da membrana resultante.
Exposição ao Plasma
reticulação do cobrimento
medidor
de fluxo
medidor
de pressao
válvula
P
monômero
medidor
membrana de fluxo
bomba de
vacuo
induzido
eletromagnético
gás inerte
Figura 20: Esquema típico para fabricação de membrana composta utilizando plasma.
93
4.5 – Referências
Cadotte J.E., King R.S., Majerle R.J., Petersen R.J. (1981), Interfacial synthesis in the
preparation of reverse-osmosis membranes, Journal of Macromolecular Science-
Chemistry, A15 (5): 727-755
Graham, T. (1995), On the law of the diffusion of gases, Journal of Membrane Science
100, 17-21
Lonsdale, H.K., Merten, U., Riley, R.L. (1965), Transport properties of cellulose acetate
osmotic membranes, Journal of Applied Polymer Science, 9 (4): 1341-&
Nollet, J.A. (Abbé) (1995), Investigations on the causes for the ebullition of liquids,
reproduzido no Journal of Membrane Science 100, 1-3
Riley, R., Merten, U., Gardner, J.O. (1964), Cellulose acetate membranes - electron
microscopy of structure, Science, 143 (360): 801-&
van't Hoff, J.H. (1995), The role of osmotic pressure in the analogy between solutions
and gases I, Journal of Membrane Science 100, 39-44
Winston, W.S.; Sirkar, K.K. (1992), “Membrane Handbook”, Van Nostrand Reinhold,
NY, EUA.
94
CAPÍTULO V
Índice
5.1- Introdução 97
Microfiltração 99
Ultrafiltração 100
Diafiltração 101
Osmose Inversa 102
96
CAPÍTULO 5
5.1 - Introdução
Os processos de MF, UF, NF e OI podem ser entendidos como uma extensão dos
processos de filtração clássica que utilizam, nesta seqüência, meios filtrantes (membranas)
cada vez mais fechados, ou seja, com poros cada vez menores. No caso da OI admite-se
mesmo que não existem poros na superfície da membrana. Membranas mais “fechadas”
oferecem uma maior resistência à transferência de massa. Assim, para que seja possível obter
fluxos permeados economicamente viáveis, é necessário aumentar a pressão de operação,
quando se vai da MF para a OI. Na Figura 5.1 são apresentadas as principais características
dos PSM que utilizam a diferença de pressão como força motriz.
97
Dimensões
das Partículas
Técnica de Separação
Filtração P
e Moléculas (m)
Microfiltração
-5
Micro- 10 Células / Colóides
Materiais em Suspensão P
Organismos
-6 Membrana
Moléculas Macromoléculas
1 µm 10 Água Sais de médio PM
Macromoléculas Ultrafiltração
e Vírus -7
Macromoléculas P
10
Membrana
Moléculas
Água Sais de médio PM
-8
Moléculas de 10
Nanofiltração Moléculas
médio PM P
de médio PM
-9 Membrana
10 Água Sais
Moléculas de
Osmose Inversa
baixo PM e
Íons o - 10 Sais P
1A 10
Membrana
Átomos Água
Figura 5.1 - Principais Características dos Processos que Utilizam Diferença de Pressão
como Força Motriz.
Staphilococus
Influenza o Bacteria (1 µm)
H2 O Sucrose virus(1000 A )
o
o (10 A)
(2 A) Pseudonomas
Na+ Hemoglobina
o
o diminuta (0,28 µm)
(3,7 A) (70 A)
Filtração
Convencional
Microfiltração
Ultrafiltração
Nanofiltração
Osmose Inversa
o o o o
1A 10A 100 A 1000A 1 µm 10 µm 100 µm
Diâmetro de Poros de Membranas de MF, UF, NF e OI
98
Tabela 5.1 – Espécies retidas em OI, NF, UF e MF
Processos
Espécie Massa molar Tamanho Aplicáveis
(Da) (nm) OI NF UF MF
3 4
Leveduras e fungos 10 – 10 X
Células bacterianas 300 – 104 X X
Colóides 100 – 103 X X
Vírus 30 - 300 X X
Proteínas 104 - 106 2 - 10 X
Polissacarídeos 103 - 106 2 - 10 X X
Enzimas 103 - 106 2-5 X X
Açúcares simples 200 – 500 0,8 - 1,0 X X
Orgânicos 100 – 500 0,4 – 0,8 X X
Íons inorgânicos 10 - 100 0,2 – 0,4 X
Microfiltração
99
O mercado da MF está por volta de 1 bilhão de dólares, sendo o maior mercado dos
PSM depois da hemodiálise (rim artificial). Os maiores mercados da MF são: esterilização de
líquidos e gases; aplicações na medicina; aplicações na biotecnologia e na purificação de
fluidos.
Ultrafiltração
100
1,0
R=0,95
R
A - distribuição estreita de poros
B - distribuição espalhada de poros A
0,5 B
Retenção nominal
A B
0,0
10 0 10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
Massa molar
Figura 5.3 - Características de rejeição de membranas de UF que apresentam curva de
retenção estreita e curva de retenção espalhada.
Diafiltração
101
Embora este modo de operação seja mais comum para sistemas de MF e UF, também pode ser
usado com membranas de NF.
Solução de Módulo de
diafiltração Membrana
Osmose Inversa
O fluxo de solvente continua neste sentido até que o equilíbrio seja estabelecido. Em
se tratando de solvente puro, este equilíbrio jamais pode ser atingido por igualdade de
concentração, uma vez que a membrana é impermeável ao soluto. No entanto, a medida que o
solvente passa para a solução aumenta a pressão no lado da solução. Desta forma, pode-se
chegar a uma situação onde a queda do potencial químico do solvente devido a presença do
soluto é equivalente ao aumento de potencial químico devido ao aumento de pressão do
sistema. Nesta situação não haverá mais força motriz para o transporte do solvente no sentido
do solvente puro para a solução, ou da solução diluída para a solução concentrada. Considera-
se, então, que o equilíbrio osmótico foi atingido. A diferença de pressão entre os dois lados da
membrana é definida como sendo a diferença de pressão osmótica, ∆π, (ver Figura 5.5b),
entre as duas soluções. Caso haja solvente puro em um dos lados da membrana a diferença de
pressão representará a pressão osmótica da solução.
Ao se aplicar pelo lado da solução mais concentrada uma diferença de pressão entre as
duas soluções, ∆P > ∆π, o potencial químico do solvente na solução concentrada será maior
do que o potencial químico do solvente puro ou do solvente na solução mais diluída. A
conseqüência é uma inversão no sentido do fluxo osmótico, ou seja, o solvente escoa do lado
da solução concentrada para o lado do solvente puro (ver Figura 5.5c).
P> π
π PRESSÃO
OSMÓTICA
Membrana Semi-permeavel
103
O potencial químico é uma função da concentração, temperatura e pressão, ou seja:
µ i = µ i (T, P, xi ) . Por outro lado, o potencial químico de um componente numa solução é
expresso por:
µ i = µ oi + RT.ln(a i ) (5.1)
RT a i,1 (5.3)
P1 − P2 = ∆π = − ln
Vi a i,2
πi = ci R T (5.4)
π i = β. ci RT (5.5)
104
Eletrólitos fortes sempre dissociam completamente, a interação entre os íons leva a
menores valores para β. Desta forma, introduz-se um coeficiente fo, tal que β = fo.υ.
Soluções com solutos com massa molar elevada apresentam desvios em relação ao
comportamento ideal, mesmo em diluições elevadas. Nestes caso, normalmente, utiliza-se
expressões do tipo:
105
5.3- Princípios dos Processos que Utilizam o Gradiente de Pressão
De um modo geral, para os processos que utilizam o gradiente de pressão como força
motriz, o fluxo permeado é diretamente proporcional ao próprio gradiente de pressão, ou seja:
J = A ∇P (5.7)
dP ∆P
J=A ou seja : J = A (5.8)
dz ∆z
ε r2 ∆P ε r2
Jv = ` ou J v = L p .∆ P onde : L p = (5.9)
8.η τ ∆ z 8 η τ ∆z
Caso a membrana se aproxime mais de um meio poroso formado por esferas que se
tocam tangencialmente (material sinterizado) o fluxo de solvente pode ser calculado
utilizando, por exemplo, o modelo de Kanezy-Carman, representado pela equação 5.10.
106
ε3 ∆P ε3
Jv = . ou J v = L p .∆P onde : Lp = (5.10)
K.η S .(1 − ε ) ∆ z
2 2
K.η S 2 .(1 − ε ) 2 . ∆z
1 1
Jv = .∆P onde : R= (5.11)
ηR η Lp
dC i
J i = J v C im − D i (5.12)
dz
onde, C im representa a concentração média do soluto entre os dois lados da membrana; Di, o
coeficiente de difusão do soluto na fase líquida, no interior dos poros, e Ci, a concentração do
soluto, que varia ao longo da espessura da membrana. Nesta equação, o primeiro termo
representa a contribuição convectiva ao fluxo de soluto, ou seja, representa a quantidade de
soluto que atravessa a membrana (por unidade de área e de tempo) devido ao fluxo do próprio
solvente. O segundo termo representa a contribuição difusiva, ou seja, representa a quantidade
de soluto que atravessa a membrana devido à existência de um gradiente de sua concentração
ao longo da espessura da membrana. Nos processos cuja força motriz é o gradiente de
pressão, a contribuição difusiva ao fluxo de soluto, via de regra, é desprezível face à parcela
convectiva.
Assim, no caso de solvente puro, admitindo-se que a membrana seja inerte em relação
ao solvente e que ela não se deforme pela ação da pressão (compactação), o fluxo permeado
107
apresentará uma dependência linear com a pressão, independente do processo em questão.
Pelas equações 5.9 e 5.10 o coeficiente angular desta reta será a permeabilidade da membrana
para o solvente em questão. A Figura 5.6 apresenta valores típicos de fluxo permeado de
solvente puro (água) em função da pressão, para membranas com diferentes características.
Conforme pode ser observado, há uma enorme variação na permeabilidade à água em função
do tipo de membrana utilizada. A ordem de grandeza da permeabilidade à água, para
membranas de OI está em torno de 10-2 m3/m2.h.bar, enquanto que para membranas de MF o
valor pode chegar a 10 m3/m2.h.bar, ou seja, uma variação de 3 ordens de grandeza.
MF
400 Solvente Puro
Fluxo Permeqado, Jv (l/h.m2 )
(água)
UF
300
LP (UF)
200
100
NF
LP (NF)
0 OI
0 1 2 3 4
Pressão, ∆ P (bar)
Figura 5.6 – Valores típicos de fluxo permeado de solvente puro em função da pressão, para
membranas de MF, UF, NF e OI.
108
η 1 < η2 < η 3 < η4
(η1)
400
300 (η3)
200
(η4)
100
α4 tang α4=LP4
0
0 1 2
a Pressão, ∆ P (bar)
Figura 5.7 - Valores típicos de fluxo permeado de uma membrana de ultrafiltração para
diferentes solventes em função da pressão aplicada.
109
200.00 2000.00
Compactação da Membrana GR51PP-DDS
Compactação da Membrana
Acetato de Celulose + Nitrato
180.00 1600.00 de Celulose - MILLIPORE
Membrana de UF
Retenção nominal de 50.000 Da Membrana de MF
160.00 1200.00
Poros de 0,45 µm (nominal)
J (L/h.m^2)
J (L/h.m^2)
Redução de fluxo permeado: 37%
Redução de fluxo permeado: 85%
140.00 800.00
120.00 400.00
Uma das principais características dos PSM é que eles podem se operados em fluxo
cruzado ("cross flow filtration"), além da operação clássica do tipo "dead end filtration".
Quando se tratar do solvente puro e sem interação com o material da membrana, o fluxo
permeado, para uma dada pressão de operação, deve ser constante com o tempo (Figura 5.9,
curva 1) para os dois modos de operação.
permeado permeado
1
Fluxo Permeado
Fluxo Permeado
1
2
2 3
3
Tempo Tempo
Figura 5.9 – Comparação esquemática entre Filtração Convencional ("Dead End Filtration")
e a Filtração em Fluxo Cruzado ("Cross Flow Filtration") ou Filtração Tangencial.
Polarização de Concentração
Polarização de Concentração
∆P = P1-P2
δ
P2 Permeado Cm P1
Região
J Polarizada
Solvente
Co
Membrana C
Jd = -D.dC/dz
J.Cp
Soluto Alimentação
z
Direção do
Escoamento
112
corrente de alimentação, tendendo ao valor do fluxo permeado do solvente puro e indicando
uma redução na espessura da camada polarizada. A concentração de alimentação também
afeta o nível de polarização. Observa-se na Figura 5.11 que o fluxo permeado para a solução
de concentração 20g/L e Re de 523 é, para uma mesma pressão, bem menor do que o fluxo
permeado obtido com a da solução de 10g/L e Re de 664.
Observa-se também na Figura 5.11, para todas a condições apresentadas, que o fluxo
permeado tende a um valor constante à medida que se aumenta a pressão de operação. Este
comportamento, típico na UF em fluxo cruzado, pode ser entendido como sendo o resultado
de dois efeitos. O aumento da pressão deve ocasionar um aumento de fluxo permeado, o que
se observa para pressões mais baixas. No entanto, o aumento de fluxo permeado provoca uma
maior concentração das espécies retidas próximo à superfície da membrana, o que tende a
provocar uma queda no fluxo permeado. Assim, a partir de um certo valor de pressão, um
aumento adicional desta corresponde a um aumento equivalente na resistência ao transporte
do solvente, devido à polarização de concentração. A conseqüência é que o fluxo permeado
permanece inalterado com o aumento da pressão. Este valor de fluxo constante com a pressão
é chamado de fluxo limite. Do ponto de vista prático, qualquer sistema de membrana deve ser
operado em pressões inferiores a menor pressão que leve o fluxo permeado ao seu valor
limite.
113
C (g/l) Re Água Pura
10 1726
10 664
10 223 Soluções de
J x106 (m3 / m2.s )
20 523 dextana - D70
100.00 100.00
PEG 1000
PEG 1500 Água pura
PEG 2000
PEG 6000 Membrana FS61PP
80.00 80.00 PEG 1000
PEG 10000
PEG 14000 PEG 1500
PEG 20000 PEG 2000
PEG 6000
Fluxo permeado(l/m²*h)
PEG 35000
Rejeição observada(%)
40.00 40.00
20.00 20.00
C = 1,5 g / l
0.00 0.00
0.00 0.40 0.80 1.20 1.60 2.00 0.00 0.40 0.80 1.20 1.60 2.00
Pressão(kgf/cm²) Pressão(kgf/cm2)
Figura 5.12 - Fluxo permeado e rejeição, em função da pressão de operação, para soluções de
PEG com diferentes massas molares. Membrana: FS61PP - DDS, polímero fluorado.
Observa-se, ainda na Figura 5.12, que o fluxo limite só é atingido quando se processa
as soluções de maior massa molar, ou seja, as que apresentam um maior nível de polarização.
Como a rejeição da membrana a solutos de baixa massa molar não é elevada, o aumento da
114
concentração de soluto próximo à superfície da membrana é pequeno, o que provoca uma
baixa polarização de concentração.
100
Vtang. = 0,45 m/s ∆P = 0,5 bar
80
Fluxo (L/m².h)
60
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo de operação (horas)
Figura 5.13 – Comportamento do fluxo permeado em função do tempo de operação da MF da
água de produção de petróleo.
115
Fouling
Nos PSM, particularmente naqueles que utilizam membranas porosas, mesmo com
operação em fluxo cruzado, é comum observar uma queda contínua do fluxo permeado com o
tempo, indicando que outros fenômenos, além da polarização de concentração, devem estar
presentes durante o processamento (Figura 5.9, curva 3). Este fenômeno transiente,
normalmente é acompanhado por um decréscimo na rejeição do soluto. Deve ser lembrado
que nas operações em fluxo cruzado, em princípio, a polarização de concentração se estabiliza
nos instantes iniciais do processamento. Entretanto, a estabilização do fluxo permeado, se
chegar a ocorrer, pode demorar de minutos, horas ou até alguns dias. Esta variação continuada
do fluxo permeado com o tempo é atribuída a possíveis alterações na membrana provocada
pelas espécies presentes na solução processada. O conjunto dessas alterações é conhecido
como "fouling" da membrana e, em alguns casos, pode levar a fluxos permeados tão baixos
que chega a inviabilizar uma dada aplicação. A Figura 5.14 ilustra o efeito da polarização de
concentração e do “fouling” no comportamento do fluxo permeado nos processos
considerados neste capítulo. Deve ser salientado que o fenômeno da polarização de
concentração é reversível, ou seja, uma vez terminada a operação e a limpeza da membrana a
permeabilidade ao solvente puro é recuperada. Já os fenômenos que constituem o “fouling”
são considerados como sendo, total ou parcialmente irreversíveis.
116
Solutos de baixa massa molar, como sais, por exemplo, podem atingir o limite de
solubilidade e precipitarem na superfície da membrana.
Solvente Puro
Fluxo Permeado
∆P constante
Solução
Tempo
Polarização de
Concentração “Fouling”
Figura 5.14 – Variação esquemática no fluxo permeado com o tempo de operação ocasionada
por Polarização de Concentração e “Fouling”. Operação em fluxo cruzado.
117
1
J= ∆P onde R T = R m + R a + R b + R g + R pc (5.13)
η RT
onde,
Rm representa a resistência ao transporte através da membrana;
Ra é a resistência adicional devido ao fenômeno de adsorção;
Rb é a resistência adicional devido ao bloqueio físico de poros;
Rg é a resistência adicional devido à formação de uma camada gel sobre a membrana;
Rpc é a resistência adicional devido ao fenômeno de polarização de concentração;
RT é a resistência total a transferência de massa através da membrana e
η é a viscosidade da solução que permeia através da membrana.
Fluxo Permeado
Ra
Rm
Rb
Rg
sentido de escoamento
Rpc da alimentação
118
apresenta os resultados de fluxo permeado de água pura de uma membrana de MF em
poli(éter sulfona), antes e depois de ser mantida em contato, por 24 horas, com o hidrolisado
protéico de soja. Observa-se, após o procedimento de adsorção, uma redução de cerca de 70%
na permeabilidade da membrana a água, indicando que a membrana sofreu grandes alterações.
A resistência adicional, devido à adsorção, pode ser estimada com o auxílio da equação 5.13,
ou seja:
J 1
= L P1 = , no caso da membrana nova (5.14)
∆P η Rm
J 1
= L P2 = , no caso da membrana submetida a adsorção (5.15)
∆P η (R m + R a )
119
macromolécula pode permitir a sua intrusão nos poros e seu arraste pelo fluxo permeado, com
conseqüente queda na rejeição (ver Figura 5.17 c).
Permeabilidade Hidráulica
1600.00
Antes da adsorção
Lp1 = 660 l/m2.h.bar
1200.00 Após adsorção
J (L/h.m^2)
800.00
Lp1
Lp2
0.00
a Após da adsorção b c
Antes da adsorção
120
Antes da adsorção com BSA
Fluxo permeado, Jx103 (Kg/m2.s)
*
Solução de dextrana * Após a adsorção com BSA
Água pura
* * * * *
Rejeição, R(%)
* *
*
* *
*
*
*
Pressão, ∆Px10-5 (Pa) Pressão, ∆Px10-5 (Pa)
121
Concentração 8000
imobilizada((mg)
8000 Concentração
da solução
Massa de proteína imobilizada, (mg) 3,2%
eproteínaimobilizada,
Massadeproteína imobilizada (
60 0 0
60 0 0 1,6%
proteína
40 00
40 00
ad
Isoterma de Langmuir
de
0,8% 20 00
Mass
20 00
Massa
0,4%
0,2% 0
0
0.00
0 10 20 30 1.00 2.00 3.00 4.00
TTempo,
e m p o(min)
(m in ) Concentração (%)
Solvente Puro
Solvente Puro
Solução
Solução
Tempo
Figura 5.20 - Fluxo permeado em função do tempo para sistemas com membranas operando
em alta e baixa pressão (alta e baixa polarização).
122
5.4.2 - O Modelo Osmótico
Nos processos de separação com membranas, o modelo osmótico admite que a queda
de fluxo, em relação ao fluxo do solvente puro, observada quando se trabalha com uma
solução, é devido, fundamentalmente, a pressão osmótica do soluto na solução, nas condições
de operação do sistema. O fluxo permeado da solução seria, então, equivalente ao fluxo
permeado do solvente puro, caso o sistema fosse operado a uma pressão, ou uma diferença de
pressão efetiva, equivalente a:
1
J= ( ∆P − ∆ π )
µ. R m (5.17)
ou:
J = L p ( ∆P − ∆π) (5.18)
Lembrando que a pressão osmótica da água do mar é por volta de 25 bar, para
dessalinisar a água um sistema de osmose inversa só pode operar com diferenças de pressões
através da membrana acima deste valor.
Conforme pode ser observado na Figura 5.21 o fluxo permeado da solução, para
pressões elevadas, tende a um valor constante. Pelo modelo osmótico, este comportamento é
conseqüência do aumento na pressão osmótica devido a maior concentração de soluto
próximo à superfície da membrana, ocasionado pelo aumento da pressão de operação. Nestas
condição, a força motriz efetiva para o transporte, (∆P - ∆π), não é alterada e o fluxo
permeado permanece constante.
3 - Modelo Osmótico
J Solvente
Solução
∆Pef. ∆π
∆P ∆P
1
J =Σ
µ. R m
(∆P − ∆π )
∆π = π (Cm )− π Cp ( )
Equivalência ao modelo das resistências
1
J= (∆P − ∆ π b )
(R m + R bl )
( )
∆π b = π (C b ) − π C p
124
Fluxo Permeado em MF, UF NF e OI
J Solvente
Solução
∆Pef. π
∆π
∆P ∆P
J = L P .(∆ P - ∆ π ) Lp = 1
η Rm
MF, UF e NF L P = Φ (ε, r, µ, e )
m m
OI L P = φ ( Di , Si , e )
1
J = η ∆P , Rt = Rm+ ∑ Ri
Rt
125
e a operação de sistemas em condições de baixa polarização, como apresentado na Figura
5.17.
Solvente Puro
Fluxo Permeado
Solução:
Com “backflushing”
Solução:
Sem “backflushing”
Tempo
Permeado Permeado
Suspensão
ou Solução
Permeado Permeado
Operação normal Operanção em“Backflushing”
Figura 5.23 - Recuperação parcial de fluxo permeado usando a técnica de operação com
retrolavagem (“backflushing”).
126
80
70
60
Fluxo (L/m².h)
50
40
30
20
Operação utilizando lavagem ácida
Operação utilizando lav. detergente
10 Parada e lavagem com detergente
Parada e lavagem ácida
0
0 20 40 60 80 100 120
tempo operação (h)
Figura 5.24 - Comportamento de um sistema de MF no processamento da água de produção
de petróleo, submetido a limpezas periódicas da membrana. Membrana a base de ésteres de
celulose (MEC). Pressão de operação de 0,5 bar [2].
5.6.1 - Microfiltração
• Esterilização
Uma dos maiores campos de aplicação da MF é a esterilização. Ela é particularmente útil
na indústria farmacêutica e na biotecnologia uma vez que o processo é operado em
temperatura ambiente, adequada ao processamento de substâncias termolábeis. A
esterilização, por MF de produtos farmacêutico, como antibióticos, meios de cultura e soros
vem sendo utilizada com uma freqüência cada vez maior pelas indústrias do ramo. A
esterilização de ar também se constitui em uma grande aplicação da MF, em particular para se
alimentar biorreatores que operam fermentações aeróbicas.
127
• Clarificação
A clarificação de vinhos, cervejas e sucos vem se constituindo em um outro grande campo
de aplicação da MF. A vantagem, neste caso, é que o processo, além de ser eficiente, não
altera as propriedades organolépticas desses produtos. São empregadas, normalmente,
membranas com poros nominais de 0,45 µm. Dependendo da origem do produto pode ser
necessário uma pré-filtração como proteção ao módulo de membrana.
• Purificação de Águas
Recentemente a MF começou a ser utilizada na purificação de águas superficiais
visando a produção de água potável. Este poderá ser o grande mercado da MF no futuro. Na
indústria a MF também pode ser usada para purificar águas. Um exemplo é a indústria de
semicondutores. Segundo a Millipore, 58% de todos os circuitos integrados apresentam
defeitos devido a contaminações dos fluidos utilizados no seu processamento, em particular
da água. Só para se ter uma idéia, mesmo uma água ultrapura, com impurezas de apenas 1
parte por bilhão, contém cerca de 2 x 1012 partículas por metro cúbico.
128
alimentos, bebidas e laticínios, assim como em aplicações na biotecnologia e na área médica.
Alguns exemplos são apresentados a seguir:
• Produção de queijo
Recentemente um novo processo de produção de queijo foi desenvolvido no qual a UF
é utilizada na concentração do leite antes da etapa de coagulação. Deste modo, o volume de
soro produzido é muito menor e, como boa parte da proteína fica retida durante a
concentração do leite, há um aumento de produtividade de cerca de 20% em termos da massa
de queijo produzida por unidade de volume de leite alimentado ao processo.
129
• Recuperação da goma na indústria têxtil
Na indústria têxtil os tecidos recebem, na etapa de acabamento, um tratamento com
uma substância que promove uma espécie de lubrificação e atua como proteção contra a
abrasão. A engomagem, como é conhecida esta etapa, é efetuada pela passagem do tecido
através de um banho contendo uma solução aquosa da goma, normalmente o poli(álcool
vinílico) - PVA. A UF foi originalmente utilizada, neste caso, com o objetivo de recuperar o
PVA, da solução diluída que resultava no final deste processo. O concentrado retorna ao
tanque para as nova as operações e o permeado retorna ao processo em etapas de lavagem do
tecido. Atualmente, com o aumento do custo da água, a sua recuperação se tornou mais
importante do ponto de vista econômico do que a do próprio PVA. Uma unidade típica
processa cerca de 60 m3/h e emprega cerca de 10.000 m2 de membrana.
Ainda na indústria têxtil, quando de produz o "jeans", processo idêntico pode ser utilizado
para recuperar o índigo (corante que dá a cor azul à estes tecidos) e, principalmente, a água
para retornar ao processo.
• Concentração de gelatina
No processo de extração de gelatina a corrente de interesse é uma solução diluída de
colágeno que, numa primeira etapa, deve ser concentrada até cerca de 30% de sólidos. A água
pode ser retirada tanto por evaporação como por UF. Muito embora com a ultrafiltração não
seja possível atingir a concentração de 30%, este processo pode remover até 90% da água
com um consumo energético menor do que o observado para evaporação. Deve ser ressaltado,
no entanto, que quando se usa a UF é necessário um tratamento posterior por troca iônica,
para eliminar os sais que permanecem no concentrado.
• Recuperação de óleos
Nas indústrias mecânicas, as ferramentas de corte são refrigeradas e lubrificadas por
uma emulsão de óleo em água. A UF é a principal tecnologia que vem sendo empregada para
tratar esta corrente, produzido um permeado com qualidade aceitável para ser lançado como
despejo e uma corrente concentrada com teor de óleo suficiente para sua combustão ou,
dependendo da qualidade, para ser recirculado ao processo.
130
• Substituir a Microfiltração
Muitos dos processos que utilizam a MF deveriam, em princípio, pelas suas
características, fazer uso da UF. Um exemplo é a clarificação do suco de maçã, onde a UF
vem substituindo a filtração auxiliada por terra diatomácea, para remover partículas coloidais.
O caso da recuperação de tinta da eletrodeposição na indústria automobilística é um outro
exemplo, pois trata-se de uma suspensão de partículas dentro da faixa de aplicação da MF. O
processo de UF se mostra mais eficiente do que a MF nas aplicações onde as partículas serem
retidas pela membrana podem sofrer deformações. Se o tamanho dos poros da membrana não
forem bem menores do que o tamanho médio das partículas estas podem se deformar e passar
pela membrana ou entupir seus poros. Assim, nestes casos, embora a MF possa ser a escolha
óbvia, a UF é a escolha correta.
131
5.7 - Referências
Campos, J. C., Nóbrega, R., Sant’anna Jr., G.L., “Oilfield wastewater treatment by
combined microfiltration and biological processes”, Water Research, v. 36, 95-104, 2002.
Merçon, F., Sant’anna Jr., G.L., Nobrega, R., “Enzymatic hydrolysis of babassu oil in a
membrane bioreactor”, Journal of the American Oil Chemists Socyety, 77 (10), 1043-
1048, 2000.
Mulder, M., “Basic Principles of Membrane Technology”, Kluwer Acad. Pub., 2a Ed.,
1996.
Scott, K., “Handbook of Industrial Membranes”, Elsevier Scientific Publishers Inc., 1995.
Winston, W.S.; Sirkar, K.K. (1992), “Membrane Handbook”, Van Nostrand Reinhold,
NY, EUA.
132
CAPÍTULO VI
Índice
6.1. Introdução
134
A separação de gases tem sido considerada como uma área prioritária na tecnologia de
membranas. A separação de oxigênio ou nitrogênio do ar, assim como a remoção de
hidrogênio, de monóxido de carbono, metano ou nitrogênio, são exemplos de separações que
consomem grande quantidade de energia na indústria química, onde a utilização dos PCMs
pode possibilitar um aumento substancial na eficiência do processo. A PG compete com as
técnicas clássicas como destilação criogênica, absorção e adsorção, sendo sua aplicação
dependente de análise econômica e viabilidade técnica. Entretanto, devem ser levado em
consideração algumas vantagens adicionais deste processo, tais como: alta flexibilidade das
unidades de permeação, facilidade de "partida" e operação, equipamentos compactos sem
partes móveis e possibilidade de mudança do tipo de membrana sem mudança no
equipamento.
14 Investimento
12 recuperação
Custo relativo
10
Em outras aplicações, as vantagens dos PCMs podem não ser tão evidentes e um dos
fatores apontados como fundamentais para sua melhor competitividade é a melhoria das
propriedades intrínsecas do material (polímero) do qual a membrana é formada. Em geral, a
distinção entre os permeantes se deve a diferenças na mobilidade destes na matriz polimérica,
ou seja, a etapa de difusão através da membrana é a etapa limitante. Por conseguinte, tem sido
observado que existe uma relação inversa entre a seletividade e a permeabilidade, ou seja,
seletividade elevada está normalmente associada a baixa permeabilidade e vice-versa.
135
membrana, que influencia nos custos de manutenção. Desta forma, para a competitividade do
processo, as membranas devem ser preparadas de modo que permitam uma resistência
reduzida ao transporte dos permeantes, a partir de materiais que apresentem permeabilidade e
seletividade intrínsecas adequadas.
136
(a) Unidade de permeação de gás em escala piloto
137
admite-se que o transporte de gases ocorre em uma seqüência de etapas, ou seja, solubilização
das moléculas do gás na matriz polimérica, difusão, e posterior dessorção para no lado de
menor pressão parcial. Estas etapas são conhecidas como mecanismo de sorção e difusão,
proposto originalmente por Graham, em 1866. A Figura 6.3 representa esquematicamente o
mecanismo de transporte para membranas densas.
ALIMENTAÇÃO PERMEADO
SORÇÃO DESSORÇÃO
P2 P1
C2
C
C1
MEMBRANA
DIFUSÃO
J = −D
∂C (C − C 2 )
=D 1 (6.1)
∂x e
C = S⋅ p (6.2)
O transporte de gás através de uma matriz polimérica pode, então, ser expresso como
o produto da permeabilidade pelo gradiente de pressão, ou seja:
138
( ∆P)
J=P (6.3)
e
P=S.D (6.4)
PA D A S A
α ideal
AB = P = D × S (6.5)
B B B
YA
YB
α AB = (6.6)
XA
XB
Quando há a presença de poros o transporte pode ocorrer por difusão de Knudsen e/ou
escoamento convectivo. Na difusão de Knudsen, uma vez que o livre percurso médio é maior
que o diâmetro do poro, as moléculas se chocam mais com as paredes do poro do que entre si.
Desta forma, as moléculas menores difundem mais rapidamente e a seletividade, neste caso, é
proporcional à razão das massas molares dos componentes.
6.2.2. Sorção
139
cadeias poliméricas. Um aumento de temperatura provoca efeitos antagônicos, ocorre um
aumento na mobilidade segmental das cadeias poliméricas facilitando a solubilização,
enquanto o gás torna-se menos condensável. Em temperaturas bem acima da temperatura de
transição vítrea do polímero (Tg), o movimento Browniano é bastante ativo, expandindo o
sistema, ou seja, o aumento da temperatura amplia a distância entre as cadeias poliméricas
enfraquecendo as interações moleculares. A dependência do coeficiente de sorção com a
temperatura geralmente segue a relação de Arrhenius:
− ∆H s
S = S o exp (6.7)
RT
∆H s = ∆H cond + ∆H m (6.8)
Para soluções endotérmicas (∆Hm > 0), o calor de mistura pode ser estimado pela
teoria de Scatchard-Hildebrand, ou seja:
2
∆H m = V(δ1 − δ 2 ) φ1φ 2 (6.9)
CD = KD ⋅ p (6.10)
140
Para concentrações mais altas ou para sistemas polímero / solvente fortemente
dependentes da concentração (por exemplo, vapores orgânicos em polímeros elastoméricos) a
isoterma de sorção pode ser descrita por uma equação de estado, como a da teoria de Flory-
Huggins, expressa por:
p
( )
ln = ln 1 − φ p + φ p + χ1p φ 2p
po
(6.9)
Concentração Concentração
no polímero no polímero
KD
Pressão Pressão
(a) (b)
Figura 6.4: Isotermas de sorção.(a) Lei de Henry, (b) Flory - Huggins.
No caso de polímeros no estado vítreo, diferentes modelos têm sido propostos para
correlacionar a pressão parcial do gás com sua concentração no polímero. Dentre estes, o
modelo de dupla-sorção tem sido o mais utilizado.
• Modelo de dupla-sorção
2. região caracterizada por mobilidade segmental restrita, onde a sorção é descrita pela
isoterma de Langmuir, ou seja, admite-se a presença de microcavidades fixas na
estrutura polimérica que se comportam como sítios de adsorção. A isoterma de
Langmuir é expressa por:
/ ⋅b⋅p
CH
CH = (6.15)
(1 + b ⋅ p)
141
onde, C’H é a concentração de saturação das microcavidades e b é uma constante de afinidade.
Admite-se que as duas regiões estão em equilíbrio. A concentração total do penetrante
sorvido no polímero é a soma da concentração nas duas regiões, ou seja:
/ ⋅b⋅p
CH
C = CD + CH = KD ⋅ p + (6.16)
(1 + b ⋅ p)
Dupla - sorção, C = C D + CH
Concentração Sorvida
Lei de Henry, CD
Langmuir, CH
Pressão
Figura 6.5: Isoterma para polímeros vítreos descrita pelo modelo de dupla-sorção.
6.2.3. Difusão
142
modelo proposto por Meares, em 1954, considera que a difusão depende da energia de
ativação necessária vencer as forças coesivas e separar os segmentos de cadeia resultando em
um volume cilíndrico, permitindo que as moléculas de penetrante se desloquem. A literatura
registra diversas propostas para estimativa da energia de ativação, considerando diversas
contribuições. A complexidade das equações resultantes, assim como o grande número de
parâmetros necessários dificulta a utilização destes modelos.
V − Vo
FFV = (6.17)
V
143
Volume Específico
Volume "não relaxado" Volume Livre
Volume Ocupado
Tg Temperatura
1 + F ⋅ K
2
D ef = D D
(1 + α ⋅ CD )
(6.19)
1+ K
(1 + α ⋅ C D ) 2
onde,
DH
F= DD (6.20)
C /H ⋅ b
K= KD (6.21)
α = bK (6.22)
D
144
1 + F ⋅ K
D ef = D D (6.23)
1 + K
A concentração do penetrante na fase polimérica, por sua vez, está relacionada com a
pressão na fase gasosa. A Figura 6.7 apresenta, esquematicamente, de acordo com o modelo
de dupla sorção, a dependência do coeficiente de difusão efetivo com a pressão da fase
gasosa.
DD
Def
1 + F ⋅ K
D ef = D D
1 + K
Pressão
F⋅ K
P = K D ⋅ D D 1 + (6.24)
1 + b ⋅ p
P = K D ⋅ D D (1 + F ⋅ K) (6.25)
145
Permeabilidade
Saturação das microcavidades
P = KD . DD
Pressão
−E
D = D o exp D RT (6.28)
146
S x 104
3.6
log S, D e P
3.2
P x 1010
2.8
D x 1010
2.4
Tg
2.8 3.2 3.6
103 /T
147
Modificações na estrutura do material polimérico podem promover grandes alterações
na distribuição espacial dos segmentos de cadeia e, conseqüentemente, nas propriedades de
transporte das membranas. No entanto, somente considerações qualitativas sobre a relação
estrutura - propriedade são encontradas na literatura.
Com este objetivo, vários estudos têm sido realizados investigando famílias de
poli(sulfonas), poli(carbonatos) e poli(imidas) entre outras. A poli(sulfona), baseada em
bisfenol-A (PSf), tem sido freqüentemente utilizada para comercialização de membranas para
permeação de gás, devido às suas propriedades de transporte e boas resistências térmica e
mecânica. A Figura 6.10 representa, esquematicamente, a difusão de uma molécula
hipotética através dos segmentos de cadeia do policarbonato, indicando a influência da
presença de grupos volumosos e da mobilidade segmental sobre a permeabilidade e
seletividade de um polímero à determinado penetrante.
148
(1) (2)
(3)
149
utilizadas como o “light scattering” e “neutron scattering”, os quais diferem no tipo de ondas
eletromagnéticas e partículas.
d= λ (6.29)
(2 ⋅ senθ)
s s/λ
2θ
Intensidade
so/λ
s=
(s$ − s$ o ) (6.30)
λ
2θ 2θ
máx.
(a) (b)
Figura 6.11: (a) variação da intensidade com o ângulo de espalhamento e (b)
representação do feixe incidente, onde s$ o e s$ representam os vetores unitários na
direção do feixe incidente e de espalhamento, respectivamente.
• Sorção
150
massa de uma amostra do polímero em balanças de precisão, ou através da medida do
deslocamento de molas de quartzo, previamente calibradas. As técnicas volumétricas
consideram que o processo de dilatação da matriz polimérica é isotrópico e são baseadas na
medida do deslocamento de um ponto de referência na amostra, em uma determinada direção.
Na técnica de decaimento de pressão, a concentração de gás na matriz polimérica é obtida
indiretamente. Basicamente, neste método, uma amostra de polímero é pressurizada com o
gás em questão em um recipiente vedado. Devido ao processo de sorção, a pressão no
recipiente diminui e é relacionada com a concentração de gás na amostra. Freqüentemente,
pressuriza-se, inicialmente, uma célula de referência com volume conhecido, para
determinação da quantidade de gás presente no sistema antes da sorção do gás. A Figura
6.12, a seguir, apresenta esquematicamente as técnicas descritas.
Gás Gás
Medidor do deslocament
PI da mola de quartzo PI
Medidor do deslocamento
da marca no polímero
polímero
• DIFUSÃO
151
massa aumenta linearmente com o tempo de permeação. A extrapolação da parte linear para a
condição de massa acumulada nula no lado permeado, é definida como “time-lag”. A Figura
6.13 apresenta esquematicamente o comportamento do acúmulo de massa com o tempo de
permeação
Q
t
Regime Estabelecido
tempo
"time-lag" -
C = C1 x=0 t>0
D ⋅ t 1 2 ∞ ( −1)
n
Qt 2 2
= − − ∑ ⋅ exp − Dn π t 2 (6.31)
eC1 e2 6 π 2 n =1 n 2 e
152
DC1 e2
Qt = t − (6.32)
e 6D
e2
D ef = (6.33)
6θ
153
6.3. Pervaporação
A investigação sistemática do processo de pervaporação foi intensificada somente a
partir nos anos 50, com o trabalho de Binning e colaboradores, que tentaram desenvolver o
processo de pervaporação para a sua aplicação em escala industrial na separação de misturas
orgânicas. Entretanto, os baixos fluxos e seletividades observados inibiam o desenvolvimento
comercial da pervaporação. O processo de pervaporação tornou-se mais atrativo, somente na
década de 70, com a melhoria das propriedades das membranas, desenvolvimento de novos
polímeros, assim como o crescente interesse nos processsos com custo de energia baixo,
devido à crise energética da época. Na década de 80, iniciou a comercialização de membranas
de pervaporação para desidratação de álcool. Desde então, mais de 100 unidades industriais
estão em operação para a desidratação de solventes orgânicos, principalmente pelo número de
solventes que formam azeótropos com a água; purificação de água e separação orgânico-
orgânico. No Brasil, a primeira planta de pervaporação foi instalada em 1984, para
desidratação de etanol. Como exemplo, a Tabela 6.3 compara a pervaporação com outros
processos de separação de etanol/água para uma planta de capacidade de 1.000 L/dia com
alimentação de 99,5 % de etanol.
154
formam azeótropos. A Figura 6.14 representa esquematicamente as principais aplicações da
pervaporação e a Figura 6.15 ilustra o processo.
Membrana
155
mobilidade dentro da membrana. A pressão no lado permeado também afeta sensivelmente a
pervaporação. Um aumento da pressão no lado permeado leva a uma redução no gradiente da
força motriz, reduzindo o fluxo permeado e alterando a seletividade do processo, que se
aproxima do valor obtido no equilíbrio líquido-vapor.
Yi
Yj
α i, j = (6.34)
Xi
Xj
156
xeq. X1
1
fase α >1
líquida 1,2
eq. líq.-vapor
Y
equilíbrio líq.-vapor 1
P
fase
vapor
(a) (b)
157
A) alimentação concentrado
membrana
bomba de vácuo
condensado (permeado)
B) alimentação
membrana concentrado
condensado
gás de arraste (permeado)
C) alimentação
membrana concentrado
condensado
aquecimento (permeado)
condensador
158
sorção desorção
µL1 µm,l
1
fase líquida fase vapor
µm,v
1
c L1 µV1
c m,l
1
c m,v c L1
1
membrana
difusão
Figura 6.18: Perfil do potencial químico e concentração para o componente "1" em uma
membrana de pervaporação.
• Força motriz
Por simplicidade e conveniência o gradiente de concentração, ou pressão parcial, é
amplamente adotado como força motriz para a pervaporação. Desta maneira, os efeitos de não
idealidade são representados com expressões semi-empíricas, tanto para relacionar a
concentração dos permeantes na fase líquida com a concentração na membrana, como para
descrever a dependência do fluxo permeado com a concentração. Um segundo enfoque, é
adotar o potencial químico como força motriz, levando em consideração fatores como o
159
estado termodinâmico do permeante na fase líquida, a interação polímero-penetrante e os
efeitos entrópicos. A força motriz para o transporte será máxima quando a atividade na fase
vapor for o menor possível (a1,vÌ0), ou seja, quando a pressão parcial na fase vapor tender a
zero (P1,vÌ0).
6.3.3. Aplicações
1) desidratação de solventes (etanol)
160
exemplo: recuperação do acetato de etila (1-2%)
6.3.4. Fabricantes
161
Figura 6.19: Sistema de pervaporação para desidratação de solventes orgânicos.
162
(a) fotografia de módulos tipo placa-quadro utilizados em sistemas de pervaporação.
163
6.3. Referências
Cunha, V.S., Paredes, M.L.L., Habert, A.C., Nobrega, R. e Borges C.P., “Removal of
aromatics from multicomponent organic mixtures by pervaporation using polyurethane
membranes: experimental and modeling”, Journal of Membrane Science, v. 206, 1, 277-
290, 2002
Gomes, D. F., Pinto, J. C., Borges, C. P., "Membranas para Separação de Gases: Modelos
para determinação da Permeabilidade e da Seletividade a partir de parâmetros estruturais
de polímeros”, III Congresso Ibero-Americano em Ciência e Tecnologia de Membranas -
CITEM, Aveiro, Portugal, setembro 2001
Koros, W. J., Mahajan, R.., “Pushing the Limits on Possibilities for Large Scale Gas
Separation: Which Strategies?”, Journal of Membrane Science, v. 175, pp.181-196, 2000
Pereira, C.C., Habert, A.C., Nobrega, R. e Borges, C.P., “New insights in the removal of
diluted volatile organic compounds from water by pervaporation process”, Journal of
Membrane Science, 138, 227-235, 1998
Shepherd, A., Habert, A. C. e Borges, C.P.; “Hollow fibre modules for orange juice
aroma recovery using pervaporation”, Desalination, v. 148, 111-114, 2002
164