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Entrevista
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Todas as crianças são capazes de aprender a ler e escrever bem, desde que não
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ensino,
WISE os
UP NEWS alunos podem até ser prejudicados. É o que afirma o professor da
Universidade Estadual de Maringá, Luiz Faria da Silva, que integrou o Grupo de
Estudos da Academia Brasileira de Ciências (ABC) sobre Aprendizagem
Infantil.
Na conversa com a Gazeta do Povo, Faria explica por que o Brasil consolidou o
uso de abordagens ineficazes para a alfabetização e aponta caminhos de
solução.
Por outro lado, como a formação de professores seguiu essa mesma direção,
seguindo as diretrizes curriculares, o equacionamento e enquadramento não
são o equacionamento e enquadramento que a ciência cognitiva da leitura que
se firmou nas últimas décadas preconiza e faz.
Então, eu penso que essas duas coisas, equívocos nas diretrizes curriculares e
na formação de professores, aliados a uma série de outros fatores, como as
dificuldades socioeconômicas das famílias, contribuem para esse baixo
desempenho.
O senhor já disse que não gosta da expressão “guerra de métodos”. Por quê?
Não existe uma “guerra de métodos” no Brasil a partir do momento em que
os cientistas recomendam abordagens fônicas e muitos professores de
pedagogia afirmam que eles são dispensáveis?
Não gosto muito dessa expressão, herdada dos Estados Unidos. Penso que,
quando se tenta mudar, seja a formação de professores, seja o equacionamento
das diretrizes curriculares, podemos falar mais de uma resistência, de uma
dificuldade de incorporar a atualização que a ciência cognitiva fez ao
equacionamento ou enquadramento da prática desse ensino inicial de leitura
que a gente chama de alfabetização, de forma que em relação da guerra dos
métodos, não sei dizer se há isso, mas certamente há dificuldade de incorporar
ao ensino as últimas descobertas científicas.
O que o Brasil faz e qual seria o melhor caminho para alfabetizar as crianças?
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A partir de evidências científicas da ciência cognitiva da leituraR$
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dúvidas sobre a necessidade de usar abordagens fônicas. Já há mais de 30 anos,
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em todos os lugares do mundo vem se firmando essa perspectiva: quando as
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Essa é uma iniciativa emblemática porque nós não tínhamos feito nada
parecido até agora. O que tínhamos eram iniciativas isoladas, uma delas da
Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em 2003, que, liderada pelo
deputado Gastão Vieira, resultou em um primeiro relatório científico sobre o
tema. Naquele momento, estiveram no Brasil quatro cientistas muito
importantes, atendendo ao chamado da Comissão de Educação, que
elaboraram um relatório, durante um grande seminário em Brasília.
O relatório foi publicado, mas isso não foi absorvido, nem pela política
educacional, nem pelas universidades, nem pela formação de professores, nem
por aqueles que são elaboradores de programas de ensino ou de material
didático. Depois, em 2007, o deputado Gastão Vieira fez uma segunda edição
desse relatório, mas aconteceu a mesma coisa, o mesmo silêncio.
Depois, em 2011, a Academia Brasileira de Ciências produziu um documento
muito importante, fez dois seminários internacionais, mas também não houve
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E agora, como o MEC deveria adotar tudo isso que foi visto na Conabe? Quais
deveriam ser os próximos passos?
Por que o senhor acha que existe essa resistência às abordagens fônicas?
Essa é uma longa história. Em 1896, Rui Barbosa publicou aqui no Brasil uma
tradução de uma obra do Norman Alisson Calkins, chamado “Primeiras
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das Coisas”. Esse material preconizou o que se chama de abordagem analítica
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do ensino de leitura. Para resumir, é uma abordagem que privilegia o
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tratamento da palavra inteira, quando na verdade a abordagem mais eficaz é a EXPLORE
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abordagem sintética. Àquela época, a abordagem sintética era feita pela via do
que a gente chamava de método alfabético ou método silábico ou método
alfabético silábico, muito simples: para se ensinar a ler, se ensinava o
abecedário, a reconhecer e a distinguir as letras, ensinava-se a unir as letras
para formar sílabas e depois as sílabas para formar palavras. No final do século
XIX e começo do século XX, popularizou-se uma experiência feita por James
McKeen Cattell em um laboratório na Alemanha que falou do “princípio da
superioridade da palavra”.
A partir daí, todo mundo entrou nessa concepção de que ler-se-ia melhor e
aprender-se-ia melhor a ler se fosse privilegiada a abordagem da palavra
inteira. E muitos autores, como Henri Wallon e outros, seguiram isso.
Então, a resistência vem disso: como essa abordagem foi consolidada, é muito
difícil mudar, até porque se pensa que os métodos fônicos são ultrapassados,
mas não são. Hoje, quando se fala de métodos fônicos as pessoas associam às
antigas cartilhas, que não eram fônicas.
lugares, nãoSegunda-feira,
há nada mais equivocado
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do que isso.
Eu sou otimista em relação a isso. O passo que foi dado era o passo que
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