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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA - A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Humanidades, Ciência e Tecnologia


(ISHCT)

Curso: Engenharia Civil


3º Ano 6º Semestre
Instalações Hidráulicas em Edifícios

Donald Teodósio de Jesus

Quelimane, 2022
Donald Teodósio de Jesus

Tema: Águas Residuais; Águas Pluviais; Águas Fluviais

Projecto de Pesquisa a ser avaliado na


disciplina de Instalações Hidráulicas em
Edifícios como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Licenciado em
Engenharia Civil

Docente: Huguito Gabriel Mourão

Quelimane, 2022
Índice
Capítulo I: Introdução........................................................................................................5

1.1. Objectivos...........................................................................................................5

1.1.1. Objectivos Gerais........................................................................................5

1.1.2. Objectivos Específicos................................................................................5

1.2. Metodologia........................................................................................................6

1.3. Estrutura Do Trabalho........................................................................................6

Capítulo II: Conceitos Gerais............................................................................................7

2.1. Águas Residuais..................................................................................................7

2.1.1. Classificação Das Águas Residuais.............................................................7

2.1.1.1. Águas residuais domésticas..................................................................7

2.1.1.2. Águas residuais agrícolas.....................................................................7

2.1.1.3. Resíduos líquidos industriais................................................................8

2.1.1.4. Água da chuva......................................................................................8

2.1.1.5. Águas urbanas......................................................................................8

2.1.1.6. Águas turísticas....................................................................................8

2.1.2. Características Físico-Químicas De Águas Residuais.................................8

2.1.2.1. Conteúdo de matéria orgânica..............................................................9

2.1.2.2. Oxigénio dissolvido.............................................................................9

2.1.2.3. Demanda de oxigénio bioquímico.......................................................9

2.1.2.4. Demanda de oxigénio químico.............................................................9

2.1.2.5. Sólido...................................................................................................9

2.1.2.6. Azoto..................................................................................................10

2.1.3. Soluções Tecnológicas De Tratamento De Águas Residuais....................10

2.1.3.1. Tecnologias de tratamento centralizadas...........................................11

2.1.3.2. Tecnologias de tratamento descentralizadas......................................17

2.1.3.3. Tratamento de águas residuais na Cidade de Maputo........................18


2.1.3.4. Tratamento de águas residuais em restantes regiões do País.............20

2.1.4. Problemas Causados Pelas Águas Residuais.............................................20

2.1.4.1. Ecossistemas E Águas Residuais.......................................................21

2.1.4.2. Na Agricultura, Pescas E Turismo.....................................................21

2.1.4.3. Saúde Das Populações Urbanas E Rurais..........................................21

2.1.4.4. Poluição Da Água..............................................................................21

2.1.4.5. Segurança Da Água............................................................................22

2.2. Águas Pluviais..................................................................................................22

2.2.1. Importância das redes de águas pluviais...................................................22

2.2.2. Perigos do mau uso das redes pluviais......................................................23

2.2.3. Desentupidores..........................................................................................25

2.2.4. A estrutura do sistema de drenagem e manejo de águas pluviais..............26

2.3. Aguas Fluviais..................................................................................................27

2.3.1. Origem das águas fluviais.........................................................................28

Capítulo III: Conclusão...................................................................................................29

Capítulo IV: Referências Bibliográficas.........................................................................30


CAPÍTULO I: Introdução
A água é o principal recurso natural para a manutenção de toda a forma de vida
do planeta. Mas não é uma fonte inesgotável de recursos, ao contrário do que se dizia há
algumas décadas. Pelo contrário, cada vez mais percebemos que seu volume não
acompanha o crescimento exponencial da população mundial e que estão cada vez mais
degradadas por diversos contaminantes, sendo necessária a adopção de diversas
medidas para o seu reaproveitamento.

Quando usamos a água para qualquer tipo de função ou uso, suas características
físicas e químicas são alteradas. Esta água que contém substâncias químicas e
biológicas é considerada como águas residuais. Efluentes são aqueles que possuem
grande quantidade de substâncias químicas ou biológicas e que são prejudiciais à saúde
humana. Se nossas águas residuais não forem limpas antes de serem liberadas no
ambiente natural, elas podem danificar o meio ambiente, que então será incapaz de
fornecer água potável suficiente, aumentando assim o risco de escassez. É por isso que a
higienização de nossas águas residuais é essencial para preservar nossos recursos
naturais.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivos Gerais

Apresentar, explicar, exemplificar e caracterizar os diferentes tipos de águas


existentes como: águas residuais, águas pluviais e águas fluviais

1.1.2. Objectivos Específicos

Tem como objectivo específico:


 Definir águas pluviais, residuais e fluviais;
 Apresentar as características físico-químicas;
 Classificar as águas residuais;
 Formas de tratamento das águas pluviais e residuais;
 Apresentar a ETAR da cidade de Maputo;
 Etc;

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1.2. Metodologia

Na realização do trabalho, procurei inicialmente realizar uma ampla revisão


bibliográfica para levantar referências sobre o assunto de pesquisa sobre tipos de água.

1.3. Estrutura Do Trabalho

O presente trabalho foi desenvolvido em IV capítulos, nos quais se abordou os


seguintes assuntos:

Capitulo I – Introdução: Análise da forma como a investigação foi conduzida,


e também faz-se a apresentação do tema a ser abordado, a sua importância assim como
os objectivos a alcançar.

Capítulo II – Conceitos Gerais: É composto de teorias identificadas que tratam


do assunto, para o enriquecimento teórico da investigação.

Capítulo III – Conclusão: Encerra-se o trabalho com a conclusão.

Capitulo IV – Referências bibliográficas: Constituído pelas fontes que


sustentaram na investigação do trabalho.

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CAPÍTULO II: Conceitos Gerais

2.1. Águas Residuais

Entendemos como águas residuais, também chamadas de esgoto, aquelas que


foram de alguma maneira manipulada pelo consumo humano. Esta utilização modificou
a estrutura original da água, que agora conta com a presença de diversas substâncias,
sejam orgânicas (esgoto) ou substâncias químicas diversas Independentemente da
origem da água, seja ela doméstica, industrial, pecuária, agrícola ou recreativa, todas as
águas que foram manipuladas e que não são próprias para o consumo humano, são
consideradas águas residuais.

A falta de tratamento das águas residuais pode acarretar na queda da qualidade


da água dos rios, o comprometimento da fauna e flora, da pesca, da navegação, da
geração de energia.

2.1.1. Classificação Das Águas Residuais

As águas residuais podem ser classificadas em diversos tipos, de acordo com a


sua origem.

2.1.1.1. Águas residuais domésticas

É toda água resultante de uso doméstico como água do banho com resíduos
orgânicos de bactérias do nosso corpo, substâncias químicas de shampoo e sabonete,
além da água suja após lavagem de roupas e louças.

2.1.1.2. Águas residuais agrícolas

São aqueles que se caracterizam por provir do escoamento superficial da chuva


mas que é arrastado pelas zonas agrícolas. Como a agricultura moderna usa grandes
quantidades de pesticidas, fertilizantes de nitrogénio, sais e outros materiais químicos,
essas águas residuais contêm grandes quantidades de sólidos em suspensão e produtos
químicos que são prejudiciais à saúde humana.

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2.1.1.3. Resíduos líquidos industriais

São águas que se caracterizam por ter origem industrial. Sua composição pode
variar muito dependendo do processo industrial do qual se origina. Mesmo para um
mesmo processo industrial, existem diferentes tipos de características que podem fazer
com que esses líquidos tenham diferentes substâncias químicas ou biológicas.

2.1.1.4. Água da chuva

Embora esteja livre de resíduos de intervenções humanas, a água da chuva não é


própria para consumo. Por escoar sobre diversas superfícies como ruas e telhas, essa
água carrega diversos poluentes que acabam por contaminá-la.

2.1.1.5. Águas urbanas

É uma junção de toda a água produzida pelo contexto doméstico e industrial,


geradora de um aumento residual no município.

2.1.1.6. Águas turísticas

São provenientes de regiões hoteleiras ou determinadas áreas ou períodos em


que há um aumento considerável de indivíduos produtores destes resíduos.

2.1.2. Características Físico-Químicas De Águas Residuais

Como já mencionado, as águas residuais podem apresentar características


diferentes dependendo de sua origem e do processo que lhe deu origem. Dependendo da
origem, haverá um manejo adequado da água a ser tratada. A primeira coisa é fazer uma
caracterização das águas. Esse processo é aquele que indica qual tratamento deve ser
aplicado e quais critérios são adequados para a água.

Para estabelecer as características do efluente, os seguintes aspectos devem ser


levados em consideração:

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2.1.2.1. Conteúdo de matéria orgânica

A matéria orgânica é a fracção relevante dos elementos poluentes nas águas


residuais domésticas e municipais. Normalmente essas águas possuem esse alto teor de
matéria orgânica, pois é a causa do esgotamento do oxigénio nos corpos d'água. Sabe-se
que essa água está contaminada e de origem doméstica devido à falta de oxigénio nela.
A matéria orgânica é composta principalmente de carbono, hidrogénio, oxigénio,
nitrogénio e enxofre. Também é feito de proteínas de restos de animais e plantas. Um
dos aspectos que mais polui a água são as gorduras da cozinha e da indústria. Os
maiores impactos dessa água são os surfactantes dos detergentes.

2.1.2.2. Oxigénio dissolvido

É outro parâmetro importante que deve ser usado para analisar águas residuais.
O oxigénio é usado como um indicador de contaminação da água.

2.1.2.3. Demanda de oxigénio bioquímico

A água é uma medida indirecta da quantidade de matéria orgânica que contém. É


utilizado para conhecer o consumo de oxigénio que os microrganismos fazem para
degradar os compostos biodegradáveis presentes na água.

2.1.2.4. Demanda de oxigénio químico

É outra medida indirecta da quantidade de matéria orgânica na água. Ao


contrário do anterior, este teste usa um oxidante forte em meio ácido em vez de
microorganismos.

2.1.2.5. Sólido

A matéria orgânica está geralmente na forma de sólidos. As saídas podem ser


suspensas ou dissolvidas. Você também pode encontrar sólidos voláteis que podem ser
fixos ou inorgânicos.

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2.1.2.6. Azoto

É o principal componente das proteínas e é um nutriente essencial para algas e


bactérias que vivem na purificação de águas residuais.

2.1.3. Soluções Tecnológicas De Tratamento De Águas Residuais

Para projectar uma estação de tratamento de águas residuais, é necessário


conhecer com bastante rigor as características iniciais do efluente a tratar, e a qualidade
final do efluente pretendido (relacionada com o seu grau de contaminação), para
permitir uma selecção adequada dos métodos de tratamento a adoptar, tais como físico-
químico ou biológicos (Meireles, 2011). Os tratamentos biológicos utilizando
microrganismos, são os processos mais utilizados no tratamento das águas residuais.
Em resumo, as soluções tecnológicas de tratamento de águas residuais, devem
ser escolhidas tendo em consideração os seguintes requisitos:

i. Os custos de investimento envolvidos na instalação,


ii. A operação,
iii. Manutenção;
iv. Simplicidade;
v. Sustentabilidade da instalação de tratamento;
vi. As características e disponibilidade do espaço;
vii. O tipo de clima;
viii. A exigência em termos dos recursos de mão-de-obra especializada,
energia, água, reagentes, equipamentos e pessoal técnico especializado.

Também é necessário saber qual a qualidade do efluente que se pretende tratar,


dependendo dos parâmetros de qualidade a definir, em função do meio receptor
(Arceivala, 2008). As águas residuais não tratadas, podem causar impactos negativos na
sociedade civil assim como no meio aquático. Como consequência, verifica-se por um
lado a diminuição de Oxigénio Dissolvido (OD) no ambiente aquático e por outro
observa-se o aumento de matéria orgânica na água, a Carência Bioquímica de Oxigénio

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ao fim de cinco dias (CBO5), e uma maior percentagem de metais tóxicos e de
nutrientes (azoto, fosforo) que podem causar o efeito da eutrofização das águas.

2.1.3.1. Tecnologias de tratamento centralizadas

Tecnologias de tratamentos centralizadas, são infra-estruturas com capacidade


de realizar o tratamento de águas residuais provenientes de diversas povoações, em
apenas um local de tratamento. Este tipo de tecnologia é muito complexa, isto é, implica
a colecta e transporte das águas residuais, desde o local de origem até ao local de
tratamento, através de redes de colectores ou outros meios de colecta e distribuição
(exemplo camiões adequados) (WHO, 2006). Este tipo de tecnologia é mais aplicado
nos países desenvolvidos, nomeadamente no caso de elevadas densidades
populacionais, com consumos de água (capitação) relativamente altos (Alaerts, et al.,
1990).

De seguida descrevem-se algumas tecnologias de tratamento de águas residuais.

 Lamas activadas (biomassa suspensa)

Lamas activadas ou processo de tratamento por biomassa suspensa é uma técnica


de tratamento de águas residuais que é talvez a mais utilizada nos países desenvolvidos.
O processo de tratamento é feito em condições aeróbias. Este processo pode ser
efectuado em três fases.

Na primeira fase, a matéria orgânica dissolvida e coloidal existente na água


residual, é degradada (através da acção bacteriana) no tanque de arejamento ou vala de
oxidação nas condições aeróbias. O arejamento favorece a dissolução e a distribuição na
água do oxigénio presente no ar, fundamental para o desenvolvimento dos
microrganismos aeróbios. Devido ao arejamento, os sólidos não se depositam no fundo
apenas passam para o decantador (Metcalf & Eddy, 2003). Na segunda fase, a mistura
sofre um processo de decantação e as lamas acumuladas no fundo do decantador (lamas
em excesso), são removidas para posterior tratamento (na linha de tratamento da fase
sólida); a remoção das lamas é essencial para se garantir a manutenção do sistema

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(Metcalf & Eddy, 2003). Na terceira e última ocorre o processo da recirculação da parte
restante das lamas, para manter o processo de degradação biológica do sistema.

Vantagens desta técnica

 Tem eficiência muito elevada em termos de remoção de poluentes,


 Ocupam áreas relativamente reduzidas,
 Suportam elevadas cargas orgânicas
 Os sistemas convencionais de lamas activadas tem sido a solução em muitos
países desenvolvidos por falta de espaço para construção de sistemas mais
simples e naturais, como os sistemas de lagunagem ou de zonas húmidas
construídas.

As desvantagens

 Elevado consumo energético,


 Alguma complexidade de operação
 As lamas produzidas no processo, precisam de ser estabilizadas e
desidratadas.

 Leitos percoladores (biomassa fixa)

Leitos percoladores/ filtros biológicos ou processo de tratamento por biomassa


fixa, são filtros preenchidos com pedras ou filtros de enchimento rugoso ou de gravilha
(de material plástico ou de natureza cerâmica especialmente adequados para o efeito), a
que se acrescentam em regra decantadores onde ocorre a separação da fase sólida e a
fase líquida; o processo de degradação da matéria orgânica é feito pelos microrganismos
responsáveis pelo processo biológico. O reactor pode ser circular ou rectangular, sendo
os tanques circulares mais utilizados pois permitem maior controlo do sistema de
distribuição e a sua manutenção é mais simples (Gray, 2005). A classificação dos leitos
percoladores é feita de acordo coma a taxa hidráulica e orgânica e podem ser
classificados em baixa carga, carga intermédia, alta carga ou afinação final.
(Tchobanoglaus etal. 2003)

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Os leitos percoladores de baixa carga são simples e mais fiáveis, produzem um
efluente com uma qualidade consistente, mesmo havendo variações na composição de
entrada e nas zonas mais profundas desenvolvem-se bactérias nitrificantes responsáveis
por transformar amoníaco em nitrito e este em nitrato. Os leitos de carga intermédia são
periódicos com os de baixa carga, mas a alimentação é realizada em contínuo e existe
recirculação. Os leitos de alta carga são projectados para cargas muito superiores aos de
baixa carga e a recirculação presente permite controlar a espessura da camada de
biofilme visto que ocorre a reintrodução de microrganismos viáveis
(Tchobanoglaus et al., 2003).

Os leitos percoladores, circulares apresentam na parte superior um distribuidor


rotativo, através da qual é feita a distribuição das águas residuais provenientes do
tratamento primário de forma a percolar, promovendo a humidade máxima do meio. O
leito deve proporcionar uma maior área superficial para permitir o desenvolvimento dos
biofilmes e da microfauna necessários para o tratamento das águas residuais. O meio
filtrante deve permitir arejamento suficiente através dos poros, para assegurar que o
processo aeróbio ocorra. Deve permitir o máximo contacto entre o filme desenvolvido
pelos microrganismos e o efluente liquido a tratar (Gray, 2005).

O líquido escoa pelo suporte entrando em contacto com os microrganismos


existentes nos biofilmes responsáveis pela decomposição da matéria orgânica presente;
depois, a matéria orgânica é adsorvida pela pelicula microbiana ficando retida durante o
tempo suficiente para a sua estabilização. Durante o funcionamento do filtro, placas do
biofilme desprendem-se devido ao grau de estabilização do biofilme e à tensão de
cisalhamento causada pela velocidade de escoamento do líquido entre os vazios do meio
filtrante. Depois é removido nos decantadores de modo a obter efluente final clarificado
e com baixa concentração de sólidos em suspensão (Sperling, 1995). No entanto, a
recirculação nos leitos deve ser feita de preferência a partir do efluente tratado do
decantador secundário, pois neste caso a matéria orgânica encontra-se diluída e, por
conseguinte, não ocorre o risco de o leito percolador sofrer colmatação dos espaços
vazios de enchimento.

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Vantagens desta técnica

 Exigem baixo consumo de energia (ventilação natural e escoamento


gravitacional);
 Possuem elevada eficiência de tratamento; funcionamento simples; são mais
tolerantes a picos de concentração de substâncias tóxicos com origem
industrial; não exigem manutenção qualificada e são mais versáteis perante
oscilações de caudal e mudanças nas características das águas residuais.

As Desvantagens
 O sistema é menos flexível e exige baixa carga orgânica e hidráulica,
 Em particular, em relação às lamas activadas, possuem menor eficiência de
remoção, envolvem elevados custos de instalação, bem como necessitam de
maior área para a sua implantação. (Gray, 2005).

 Sistemas de lagunagem

Os sistemas de lagunagem (lagoas de estabilização), consistem no tratamento em


lagoas, sem necessidade de intervenção de meios mecânicos. As lagoas classificam-se
em aeróbias, anaeróbias, maturação e facultativas, consoante as características de
degradação da matéria orgânica; quanto à natureza do efluente, os sistemas podem ser
primários ou secundários (Sousa, 1981). É dos sistemas de tratamento mais utilizados
nos países em via de desenvolvimento, por ser uma das técnicas que exige menos custos
de investimento e manutenção.

Esta técnica baseia-se na simbiose de algas e bactérias que têm a capacidade de


estabilizar a matéria orgânica. Na presença da energia solar, as algas produzem oxigénio
que vai permitir às bactérias efectuarem a degradação da matéria orgânica existente no
meio, em condições aeróbias (Sperling, 2002).

De segunda apresenta-se uma breve descrição dos tipos de lagoas de


estabilização (Sousa, 1981).

i. Lagoas Anaeróbias: São utilizadas para tratamento de efluentes com


elevada carga orgânica e sólidos suspensos em condições de ausência de
oxigénio. São lagoas geralmente profundas com área superficial reduzida; os
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sólidos mais pesados decantam no fundo da lagoa, onde sofrem digestão
anaeróbia libertando metano e o dióxido de carbono.
ii. Lagoas Aeróbias: são lagoas com profundidades reduzidas e com grandes
áreas de superfície, para permitir o desenvolvimento das algas fotossintéticas
que produzem o oxigénio utilizado no processo da degradação da matéria
orgânica; necessitam de arejamento para manter as condições aeróbias e de
mistura.
iii. Lagoas de Maturação: São utilizadas como tratamento terciário ou de
recuperação antes da descarga do efluente no meio ambiente, ou seja são
utilizadas para o tratamento de afinação do efluente: os microrganismos são
removidos e o azoto é transformado em nitrato. Estas lagoas são menos
profundas para permitir a penetração da radiação ultravioleta e o tratamento
é feito em condições aeróbicas.
iv. Lagoas Facultativas: Combinam os dois processos anaeróbios no fundo da
lagoa e aeróbia na superfície da lagoa, simultaneamente. Devido à
sedimentação de lamas, são geralmente menos profundas em relação às
lagoas anaeróbicas.

As vantagens de sistema de lagunagem

 Elevada eficiência de tratamento,


 Sistema auto-suficiente e ecologicamente equilibrado,
 Economicamente viável
 Suporta alterações de carga orgânica e hidráulica,
 Necessidades muito limitadas de mão-de-obra especializada,
 Nas zonas com altas temperaturas, promove o aumento da evapotranspiração
e aumenta a velocidade de reacções bioquímicas,
 Reaproveitamento do efluente tratado para a irrigação ou limpeza urbana e
das lamas estabilizadas para a agricultura, por fim,
 Apresenta elevadas taxas de evaporação de água, aumentando a concentração
de sais na água.

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As desvantagens

 Ocupa grande área no terreno,


 Tem grande dependência das condições climatéricas,
 Apresenta grande perda de metano para atmosfera e
 Produz odores desagradáveis,
 Por outro lado a elevada taxa de evaporação de água pode ser uma
desvantagem quando se pretende reutilizar posteriormente o efluente tratado.

 Tratamento de águas residuais no solo

O tratamento no solo consiste no tratamento das águas residuais pelo próprio


solo, ou por plantas através dos processos físicos, químicos e biológicos. Comparando
com as outras técnicas de tratamento convencionais, esta depende muito mais das
características locais (clima, geologia, topografia, físico-químicas, hidráulicas do solo e
qualitativas e quantitativas das águas superficiais e aquíferos subjacentes) e da área
onde se pretende realizar o tratamento (Matos, 1985a). Os sistemas de tratamento são,
usualmente, implantados a jusante das instalações de pré-tratamento, incluindo
especialmente uma extracção por gradagem dos objectos volumosos ou resíduos que
viajam com as águas residuais.

De seguida descrevem-se os três tipos de sistemas mais aplicados neste tipo de


tratamento.

i. Sistema de infiltração lenta no solo: Consiste na aplicação das águas


residuais na superfície do solo com vegetação; à medida que circula na
matriz do solo e através das raízes das plantas, vai adquirindo tratamento
significativo. O sistema tem melhores resultados do que os outros sistemas
(rápida e superficial), porque a remoção dos SST, ocorre por infiltração na
superfície do solo enquanto, nos outros ocorre quando a água residual
percola na matriz do solo. Este tipo do sistema precisa no mínimo de uma
camada de enchimento de 0,6 a 0,9 m de espessura do solo, dependendo do
tempo de retenção, das bactérias e do desenvolvimento das raízes das plantas
(WPCF,1990).

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ii. Sistema de infiltração rápida no solo: Consiste na aplicação da água
residual pré-traçada no solo altamente permeável (arenosos), por intermédio
de espalhamento superficial em bacias projectadas para o efeito (Matos,
1985b). O líquido é depurado promovendo a percolação ao longo de varias
camadas e contribuindo para a recarga de massas de águas subterrâneas. O
perfil deste sistema consiste numa lagoa em que a água passa através dos
vazios do terreno por percolação descendente. Esta técnica requer mais
manutenção e procedimentos de operação do que as outras. A profundidade
necessária para proceder ao tratamento varia entre 1,5 a 2,5 metros abaixo da
superfície da lagoa (WPCF, 1990). A água tratada é recuperada através do
escoamento hidráulico, por drenos subterrâneos e por poços (Qasim, 1999).

iii. Sistema de escoamento superficial no solo: Consiste na aplicação da água


residual no topo de um talude inclinado, permitindo que lâmina líquida flua
em toda a superfície revestida por vegetação, para posteriormente ser
recolhida em depressões existentes nos vales. Neste processo o principal
responsável pelo tratamento são as plantas dado que o solo apresenta uma
fraca contribuição. Por outro lado, também requer a utilização de solos com
baixa permeabilidade (argilosos e siltes). A topografia deverá ser escolhida
de forma a atingir a inclinação dos taludes, compreendidas entre 2% a 8%
(WPCF, 1990). As inclinações superiores, por um lado podem dar origem a
fenómenos de erosão, criando assim caminhos preferenciais e um tratamento
inadequado, por outro lado, caso sejam inferiores corre-se o risco de se
formarem zonas estagnadas.

2.1.3.2. Tecnologias de tratamento descentralizadas

Tecnologias de tratamentos descentralizados são tecnologias de pequena escala,


incluindo a colecta, o tratamento e descarga de águas residuais. Permitem a gestão das
águas residuais nas proximidades dos locais de produção, não sendo necessária a
existência de uma rede de colecta e transporte para estações de tratamento distantes e
são adequados para tratar caudais entre 1 e 500m 3/dia (Sasse, 1998). Este tipo de
tecnologias é mais utilizado nos países em desenvolvimento.

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Para a escolha de uma solução tecnológica do saneamento mais viável, é
necessário ter em atenção os seguintes factores determinantes:
i) Número da população a servir,
ii) Densidade habitacional,
iii) Capitação,
iv) Perspectivas de crescimento da população,
v) Disponibilidade financeira da população,
vi) Tipo do solo,
vii) Profundidade do nível freático,
viii) Permeabilidade do solo e
ix) Averiguar a periodicidade de cheias na zona.

Segundo a OMS e a UNICEF, as tecnologias de tratamento descentralizados


incluem as “tecnologias melhoradas” (fossas sépticas, latrinas de fossa simples, latrina
de fossa ventilada e a latrina de descarga de água), e “tecnologias não melhoradas” que
inclui latrinas secas ou balde e latrinas abertas (suspensas, directamente no solo). Neste
âmbito, é necessário levar em conta as soluções tecnológicas mais adequadas para
resolver os problemas de drenagem e saneamento. Isto é, devem ser consideradas as
soluções “on-site” ou “off-site”, conforme as características urbanas e populacionais de
cada local, face à disponibilidade e ao consumo da água per-capita (Barroso, et al.,
2015).
“On-site” o tratamento é feito no local e envolvem menos gastos energéticos e
em termos de transportes, percorre-se menos distâncias com o efluente a tratar (soluções
latrina e fossas);
“Off-site” implica a construção de ligações a rede de drenagem da cidade e
justifica-se para locais onde a densidade populacional e a capitação são elevadas (fossa
séptica e rede de colectores).

2.1.3.3. Tratamento de águas residuais na Cidade de Maputo

A ETAR de Infulene fica localizada na Cidade do Maputo, no vale do Infulene,


próximo do Bairro do Jardim. Foi projectada em 1984 pela DHV Consulting Engineers,

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tendo entrado em funcionamento 1987 (Júnior, 2015). A ETAR utiliza tecnologia de
tratamento por Lagunagem.
O sistema de tratamento do Infulene tem capacidade limitada, uma vez que
originalmente foi projectado para servir 90 000 habitantes. Actualmente, não está a
funcionar na sua total capacidade, isto porque a duas estações elevatórias que levam
uma parte significativa das águas residuais não estão em funcionamento. Apenas as
águas residuais do Sistema 2 é que são direccionadas para a ETAR. As águas residuais
por tratar são descarregadas graviticamente no mar, à semelhança do que acontece na
zona baixa da cidade de Maputo (Sistema1), (Engidro, Hidra, Aquapor,2015).

A ETAR foi dimensionada para uma capacidade máxima do caudal de 2000


m3/h (555 l/s), e é composta por duas lagoas anaeróbicas com uma área superficial de
310 m2 cada uma e um volume aproximado total de 15 000 m3, onde ocorre o pré-
tratamento, com uma probabilidade de redução de carga orgânica de cerca de 45%; de
seguida, duas lagoas facultativas com uma área de 3400 m 2, cada uma, e volume
aproximado total de 115 000 m3, onde ocorre o tratamento final (remoção da matéria
orgânica (expressa em CBO5 e CQO) e eliminação de outros poluentes contidos nas
águas em tratamento (exemplo de SST)) (Engidro, Hidra, Aquapor,2015).

O funcionamento da ETAR de Infulene é descrito em três fases:

i) A primeira fase, onde de 1987 a 1990 a ETAR funcionava como um


todo, mas a partir de 1990 através de um estudo realizado por
especialistas na ETAR, constatou-se que a carga orgânica das lagoas
anaeróbicas era muito inferior ao esperado a partir o dimensionamento da
ETAR. Decidiram parar uma das lagoas, passando só a operar por uma e
única lagoa (Esquema 2).

ii) Segunda fase, que funcionou de 1990 a 2000. Nesta Fase, a ETAR
passou a operar com uma lagoa anaeróbica, uma lagoa facultativa e a
outra foi adaptada numa lagoa de maturação, com o objectivo de
aumentar a eficiência e melhorar a qualidade do efluente tratado.
Devidos às cheias de 2000, a lagoa anaeróbia e a lagoa facultativa, que se
encontravam em funcionamento, ficaram soterrados com sedimentos.

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iii) A terceira fase, correspondente a Esquema 3, representa o período de
2000 a 2012, devido a cheias referidos no parágrafo anterior, durante o
período referido, a ETAR teve de parar uma linha de funcionamento, e
passou a funcionar por uma única linha de tratamento.

A partir de 2012 até aos dias de hoje, a ETAR voltou a funcionar na sua
totalidade, apesar da grande diferença em termos de distribuição do caudal que chega a
ETAR, entre as duas linhas de tratamento, isto é, é influenciado pelas descargas directas
das lamas provenientes do esvaziamento das fossas sépticas e das latrinas da área
Metropolitana da Cidade de Maputo e Matola (Engidro, Hidra, Aquapor,2015). Como
consequência, fica reduzida a capacidade de resposta da ETAR visto ser a única que
acolhe e trata as águas residuais da Cidade do Maputo.
A partir do financiamento do Banco Mundial, o Programa de Água e
Saneamento conseguiu em Agosto de 2013 contratar uma equipa de especialistas para
fazer registos médios diários de descargas efectuados na ETAR, durante uma semana e
constatou-se que por dia cerca de 120 camiões-tanque de diferentes entidades,
descarregavam na ETAR (Engidro, Hidra, Aquapor,2015).

2.1.3.4. Tratamento de águas residuais em restantes regiões do País

As restantes regiões do país com excepção do Songo e Beira, de momento não


dispõem de ETAR. O tratamento do esgoto é feito pelas fossas sépticas e latrinas.
Atendendo que a maioria das capitais provinciais se localiza nas zonas costeiras ou
próximo de grandes rios, onde a densidade populacional é mais acentuada, as áreas
urbanizadas (cidade de cimento), dispõe de redes de colectores das águas residuais e
pluviais; nestas áreas são direccionados para o mar ou para os rios através de
emissários, sem nenhum tratamento.

2.1.4. Problemas Causados Pelas Águas Residuais

Em diversas partes do mundo, especialmente em países em desenvolvimento, o


esgoto é liberado directamente para o mar ou para corpos de água doce, sem qualquer

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tipo de tratamento da água. Os efeitos disso, de águas residuais tratadas ou parcialmente
tratadas podem ser classificados da seguinte maneira:

2.1.4.1. Ecossistemas E Águas Residuais

Todos os tipos de ecossistemas estão conectados e todos dependem da água. Da


mesma forma, toda a água (superficial e subterrânea) também pode estar conectada. Isso
significa que a descarga de águas residuais pode ter algum efeito adverso. Um efeito
comum das águas residuais é a eutrofização de corpos de água doce e oceanos.

2.1.4.2. Na Agricultura, Pescas E Turismo

Águas residuais podem conter produtos químicos inadequados e maiores


concentrações de nutrientes. As águas residuais usadas para a criação de animais podem
conter substâncias nocivas e produtos químicos. Os animais podem não sobreviver e há
chance de que os seres humanos também possam ser prejudicados. Em alguns lugares, o
esgoto fecal é descarregado directamente no mar. Isso contém patógenos e substâncias
químicas dissolvidas prejudiciais que podem afectar a pesca e toda a biodiversidade.
Além disso, o cheiro, aparência e esse comportamento acaba não favorecendo o turismo
nessa área.

2.1.4.3. Saúde Das Populações Urbanas E Rurais

Em praticamente em todo o mundo, as águas residuais são um grande problema


de saúde, pois transportam muitas doenças e enfermidades.

2.1.4.4. Poluição Da Água

As massas de água doce e as águas marinhas nas quais as águas residuais são
descarregadas podem ser poluídas e serem inseguras para uso humano. Dependendo do
que é descarregado, todo o ecossistema aquático também pode ser prejudicado.

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2.1.4.5. Segurança Da Água

Água é algo escasso em muitas partes do mundo. As águas residuais


descarregadas nas terras podem infiltrar-se em lençóis freáticos subterrâneos e
potencialmente contaminar os aquíferos e a água subterrânea tornando as fontes de água
impróprias para uso.

2.2. Águas Pluviais

Ao contrário do que muitos pensam, águas pluviais não são consideradas esgoto.
Os sistemas de esgoto e de águas pluviais funcionam de maneira separada. Em geral, as
cidades possuem sistemas que garantem serviços básicos à população. Entre eles, estão
os sistemas de distribuição de água, energia eléctrica, sistema viário, tratamento de
esgoto e drenagem urbana. A drenagem é a responsável pelo recolhimento da água da
chuva, as águas pluviais.

Esse sistema é muito importante, visto que as cidades estão cada dia mais
impermeáveis. Ou seja, águas pluviais são as águas da chuva. Estas, ao não serem
absorvidas pelo solo, precisam de um sistema que as direcciona aos rios e córregos mais
próximos. Existem diversos problemas que envolvem a falta de drenagem urbana.

2.2.1. Importância das redes de águas pluviais

Com o desenvolvimento das cidades, o betão das construções e dos asfaltos


modificou a capacidade de absorção do solo e a temperatura, o que interfere tanto na
dinâmica das precipitações quanto nas características dos terrenos. Desse modo, o
sistema de redes de drenagem de água pluvial foi desenvolvido e desempenha um papel
importante para o ciclo do saneamento, com impactos positivos nas bacias e no dia-a-
dia das cidades.

Exemplo disso é a época de chuvas. Com a impermeabilização do solo, a água


não é absorvida, então ela precisa escoar para algum lugar, certo? Do contrário, há
grandes riscos para a população, como alagamentos, enchentes e até deslizamentos de
encostas.

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De modo geral, as redes de drenagem de água da chuva são sistemas que
integram os serviços de saneamento, capazes de receber e transportar líquidos
superficiais por meio de tubulações, compostos de canais conectados entre si. Elas são
um equipamento público, de responsabilidade da prefeitura dos municípios, que facilita
o escoamento das águas de chuva.

Depois de captada pelas galerias pluviais, essa água é lançada em cursos d’água.
Por ser simplesmente água pluvial, ela não passa por nenhum tratamento antes de ser
direccionada para a natureza.

Justamente por isso, é importante destacar que não é permitido que a água da
chuva e o esgoto se misturem. Quando o esgoto é direccionado para a rede de água
pluvial, ele acaba chegando aos rios sem receber o tratamento adequado, poluindo as
águas. Já quando os ralos externos e as calhas estão ligados à rede de esgoto, a
tubulação não apresenta capacidade para sustentar o volume de água gerado pelas
chuvas, o que causa graves transtornos aos moradores e consequência para o meio
ambiente.

2.2.2. Perigos do mau uso das redes pluviais

É importante também diferenciar o que são as redes pluviais em relação ao que


são as redes de esgoto residenciais. São sistemas distintos, que quando confundidos ou
mal utilizados geram uma série de problemas aos municípios e suas populações.

A maior parte desses problemas é comumente vista nos dias de chuva em


grandes cidades: enchentes, entupimentos de bueiros e valas, entre outros. Esses
problemas trazem uma série de malefícios às pessoas que vivem nestes locais e
dificultam o destino das águas pluviais. Os principais estão listados abaixo, de modo
que devem ser evitados a partir de medidas preventivas ou com a contratação de uma
desentupidora de esgoto.

i. Qualidade da água: a qualidade da água dos rios e lagos, que podem prejudicar
em toda sua extensão, inclusive outras cidades e populações ribeirinhas que
vivem às suas margens também são prejudicadas. Isso traz mais custos para o
saneamento básico e prejudica populações que dependem dos rios para
sobreviver.

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ii. Vazamento da rede: uma rede sobrecarregada, pode facilmente entupir.
iii. Doenças: como é de se esperar e do conhecimento público, um deles é a
proliferação de doenças, predominantemente ligadas a infecções intestinais. O
tratamento inadequado favorece um ambiente propício a seres como as bactérias.
Os serviços de uma desentupidora de esgoto são primordiais nesse caso.
iv. Inundações: quando há o problema acima, surgem outros efeitos negativos,
como as tão conhecidas enchentes. Elas podem ocorrer em áreas urbanas e
ribeirinhas, em bueiros urbanos e em toda extensão de rios.

As redes de esgoto são estruturadas para funções bem específicas e, via de regra,
de pouca demanda de volume e de utilização momentânea. Descargas do vaso sanitário,
água da pia e do tanque, da máquina de lavar roupa, chuveiro, entre outros, são
exemplos. São utilizados apenas em determinados períodos e sem demandar tanto desta
rede. Quando a água decorrente da chuva também é ligada indevidamente a essa rede,
há uma potencial sobrecarga dessas tubulações, ocasionando em danos para o
município, para as casas e, claro, para os próprios cidadãos.

A rede pluvial é aquela que realiza a drenagem da água até os rios e córregos.
Elas são feitas por sistemas distintos, para que não se misturem as águas. É de suma
importância que se evite obstruí-las através de boas práticas: não descartar por essa rede
restos de comida, lixo, bitucas de cigarro, preservativos, pedaços de papel ou remendos
de pano, etc.

Uma alternativa económica e ainda pouco explorada, é a reutilização dessa água,


fazendo com que o destino das águas pluviais seja a sua própria casa. Algumas
empresas e residências fazem projectos desse tipo, ambientalmente sustentáveis. A
consequência básica da falta de tratamento de esgoto é que há uma drenagem de águas
pluviais ineficiente. Em outras palavras, isso quer dizer que os efluentes são lançados
directamente na rede de esgoto.

Além disso, o contrário que também não pode ser feito. A água da chuva não
pode ser despejada na rede de esgotos domiciliar, de indústrias e de comércios. Caso
essa prática seja feita, contribui para que a rede pública de esgotos fique entupida. Isso
causa até mesmo outra possível intercorrência, que é o refluxo pelos ralos e vasos
sanitários nos ambientes particulares e pelas valas em vias públicas. Com isso, afecta
todo a rede de abastecimento de esgoto e as estações de tratamento. Por isso, essa é uma

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prática proibida por leis estaduais, que pode gerar punições para quem fizer,
dependendo da região de domicílio. Em resumo, o esgoto doméstico não deve ser o
destino das águas pluviais.

Para efectuar uma boa educação ambiental da população, algumas medidas


normalmente são recomendadas. Abaixo estão pontuadas algumas medidas de bom uso,
elas têm como objectivo evitar que se entupa a rede de esgoto com a correta drenagem
de águas pluviais. Caso isso ocorra, é necessário que se chame um profissional que
saiba lidar com o problema, como é o caso de uma desentupidora de esgoto e drenagem.

 Jogar os restos de comida na lixeira antes de lavar a louça


 Não jogar objectos como cigarros, fio dental, preservativos e outros no vaso
sanitário ou ralo
 Usar ralos
 Ter uma caixa de gordura e realizar sua limpeza de vez em quando
 Não descartar na pia óleo
 Não ligar à rede de esgoto o escoamento das águas provenientes da chuva
 Não realizar o descarte de resíduos sólidos nesta rede de escoamento, para
evitar problemas como enchentes e falta de abastecimento

2.2.3. Desentupidores

A responsável por remediar essa série de problemas decorrentes do mau uso e da


sobrecarga dos sistemas de esgoto pluvial são as desentupidoras. Elas que irão saber
como fazer a drenagem das águas pluviais e o que é o correto destino das águas
pluviais. As etapas desse processo passam pela colecta, pela condução, pelo escoamento
superficial e vão até a rede de colecta municipal. Quando vem do telhado, são feitos
ralos e bocas de lobo ou caixas com grelhas. As actuações das desentupidoras são assim
listadas:

 Limpeza em geral: um dos trabalhos mais comuns é a limpeza de fossas,


calhas, caixas d’água, caixa de gordura e caldeiras.
 Caminhão limpa fossa: a conhecida sucção que faz a limpeza ocorre
através da chamada bomba de vácuo utilizada pelo caminhão limpa
fossa. No passado esse trabalho era feito por encanadores manualmente.

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No entanto, isso foi ultrapassado, com o serviço das desentupidoras
habilitado a fazê-lo de modo mais eficiente e sem expor os profissionais
directamente aos resíduos. Eles fazem a limpeza para evitar que haja
entupimento, mas o correto é deixar sempre pelo menos 10% do volume
ainda lá dentro.
 Desentupimentos: como o nome sugere, essa é uma actuação comum da
desentupidora de esgoto – desentupir. Ralos, pias, esgotos, vasos
sanitários e canos estão entre os trabalhos mais comuns.
 Hidro jateamento: por esse processo, há a limpeza, o desentupimento e a
desobstrução. É feito com a saída da água em forma de jactos.

Com esses serviços feitos de forma periódica ou quando for necessário, o


cidadão faz um bem a si mesmo, evitando esses problemas, e à sua cidade. Isso porque
se cada um estiver pronto para dar o destino correto às águas da chuva e a ter boas
medidas de comportamento para evitar problemas maiores, todos ganham. Menos
entupimentos, enchentes, doenças e mortes decorrentes das chuvas. A prefeitura
certamente deve cumprir a sua parte, assim como cada morador.

2.2.4. A estrutura do sistema de drenagem e manejo de águas pluviais

A estrutura do sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas são


compostas pelos seguintes elementos:

i. Guia ou meio-fio: é a faixa longitudinal que separa o passeio da rua;


ii. Sarjeta: trata-se do canal localizado entre a guia e a pista, reservada para o
recebimento e condução das águas que escoam superficialmente até os pontos de
colecta;
iii. Bocas de lobo ou bueiros: são dispositivos, gradeados ou não, utilizados para
drenagem da água pluvial, de forma a evitar alagamentos e água parada nas
cidades. Elas são instaladas pontualmente nas sarjetas, ao longo das vias
urbanas. São compostas por matérias altamente resistentes, como alvenaria ou
concreto, e direccionam as águas para o subsolo, onde estão as galerias de água
pluvial;
iv. Galerias: são as tubulações destinadas ao transporte das águas captadas nos
bueiros até os pontos de lançamento, em rios e córregos.

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v. Poços de visita: são câmaras fixadas em pontos da rede previamente
estabelecidos, destinados a permitir a checagem e limpeza dos condutos
subterrâneos;
vi. Trecho de galeria: é a parte da galeria situada entre dois poços de visita
consecutivos;
vii. Bacias de amortecimento: são reservatórios desenvolvidos para armazenar
temporariamente a água das chuvas, liberadas gradualmente.

Com relação às peças utilizadas nos projectos de drenagem, a Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é responsável por estabelecer directrizes que
garantam a qualidade e a resistências dos materiais utilizados. A utilização do tubo de
concreto, por exemplo, é uma alternativa eficaz para esse tipo de obra, por apresentar
como vantagem a oportunidade de ser empregado para qualquer nível de carga.

A institucionalização da drenagem de água da chuva como um serviço público e


universal, a capacitação técnica de gestores urbanos e investimentos na qualidade dos
serviços são alguns dos desafios a serem vencidos. Cabe ressaltar que as redes de
drenagem pluvial são uma infraestrutura de saneamento de responsabilidade das
prefeituras.

2.3. Aguas Fluviais

Águas fluviais querem dizer basicamente águas de rios. Em noticiários, por


exemplo, é comum o uso das expressões “bacias fluviais”, “transporte fluvial” ou
semelhante, que remete exactamente a esse termo. Ou seja, onde o termo fluvial está
empregado, logo pode ser depreendido que se faz alusão a um rio.

Em tempos passados, como na época da colonização de Moçambique, a


principal forma para que se percorressem grandes distâncias era justamente a navegação
fluvial como a frota portuguesa chegou a Moçambique.

A importância das águas fluviais para os seres humanos está directamente


relacionada ao papel de abastecimento, alimento, uso doméstico, irrigação, produção
industrial, fonte de energia, e meio de transporte.

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2.3.1. Origem das águas fluviais

Elas nada mais são do que as águas decorrentes das chuvas. Na maioria das
vezes, um rio nasce depois de chuvas em regiões montanhosas. As águas do rio, que
ainda está para nascer, escorrem pela superfície ou se infiltram no solo através dos
espaços vazios entre as rochas, até encontrarem uma área impermeável, formando um
lençol freático.

O lençol freático flui subterraneamente acompanhando o desenho do relevo,


mas, com o tempo, alguns pontos da superfície ficam muito desgastados pela erosão,
permitindo o brotamento das águas subterrâneas, que é quando nasce o rio.

Alguns acidentes geológicos, como os terremotos, também fazem o lençol


aflorar na superfície, dando origem a um manancial ou olho-d’água. Quando um rio
chega perto do final do seu percurso, ele flui lentamente, já que o terreno é plano e a
água não tem força para carregar pedras, apenas areia, quando finalmente, desagua no
mar.

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CAPÍTULO III: Conclusão
As águas pluviais fazem parte de um grande sistema cíclico da água no planeta.
A actual conformação das cidades por vezes interrompe ou dificulta esse ciclo. O
sistema de drenagem que é implantado nas cidades impede alagamentos. Contudo, ele
leva a água até os rios, ao invés de permitir que essa água seja absorvida pelo solo.

Quando mais áreas verdes e sistemas de absorção de água, melhor será a


drenagem desta cidade. E menos ela irá impactar nos ciclos da água.

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CAPÍTULO IV: Referências Bibliográficas
PORTILLO, Alemão. Aguas Residuais. Renovável-Verde. Disponível em:
https://www.renovablesverdes.com/pt/aguas-residuales/. Consultado em 05 de Setembro
de 2022.

JH Desentupidora. (2018). As águas pluviais e sua definição. JH Desentupidora e


Detetizadora. Disponível em: <https://jhdesentupidora.com.br/aguas-pluviais/>.
Consultado em 05 de Setembro de 2022.

BRK. (2020). Rede de água pluvial e sua importância para as cidades. BRK-
Ambiental. Disponível em: <https://blog.brkambiental.com.br/rede-de-agua-pluvial/>.
Consultado em 05 de Setembro de 2022.

OSTIPOSDE. Tipos De Águas Residuais. OsTiposDe. Disponível em:


<https://www.ostiposde.com/tipos-de-de-aguas-residuais/>. Consultado em 05 de
Setembro de 2022.

JANE, A. Francisco. (2017) Tratamento de Águas Residuais e Gestão de Lamas Fecais


em Moçambique: Ponto de Situação, Desafios e Perspectivas. Instituto Técnico de
Lisboa. Disponível em: <file:///C:/Users/DONALD/Downloads/Tese_Assucena
%20Jane.pdf.> Consultado em 05 de Setembro de 2022.

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