You are on page 1of 6

Eletricidade estática e sua ação em

dispositivos eletrônicos
Por Marcos Elias Picão março 18, 2013
Artigos
Compartilhe Tweet Google+ +

Quem trabalha no ramo da eletrônica e da computação de baixo nível sempre ouve


recomendações para prevenir a eletricidade estática, descarregá-la ou utilizar pulseiras e
embalagens antiestáticas. Realmente muito se fala a respeito, mas diversas pessoas
ligadas à computação não possuem um conceito correto sobre este tipo de eletricidade e
o que ela pode causar, por conta disso veremos alguns pontos importantes em relação ao
assunto.

O que é?

Eletricidade estática pode ser considerada um excesso ou uma falta de elétrons (para
entender o que é elétron consulte este artigo) em algum corpo ou local. Quando isso
ocorre dizemos que este corpo ou local está carregado, seja positivamente (com falta de
elétrons) ou negativamente (com excesso de elétrons) e está carga fica como que
armazenada e quando tem uma oportunidade migra para outro corpo ou local tentando
manter o equilíbrio elétrico entre as partes.
 

Como ocorre?
 
Todo corpo conforme entra em contato com outros corpos e até mesmo com o ar realiza
troca de elétrons em si, em alguns materiais estes elétrons não podem se movimentar
livremente entre os átomos e por assim dizer ficam quase parados (na verdade está em
movimento, mas sem sair de sua órbita) na órbita do núcleo dos átomos sem passar de
um átomo a outro. Por isso o termo “eletricidade estática”, a corrente elétrica existe a
partir do momento que é criada uma diferença de potencial e então os elétrons fluem do
ponto com excesso (negativo) para o ponto com falta de elétrons (positivo, mas por
convenção se considera o fluxo do positivo para o negativo) e essa corrente se mantém
até que seja estabelecido um equilíbrio entre as partes, ou seja, ambas possuam a mesma
quantidade de elétrons. Quando utilizamos o termo “estática” para nos referir a
eletricidade nos referimos a uma condição em que um corpo está carregado, ou seja,
está com um número diferente entre prótons e elétrons pelo simples fato de ter perdido
ou ganhado elétrons no contado com o ambiente. Isso causa uma necessidade de
descarga para que o corpo volte a ser eletricamente equilibrado ou neutro. O problema é
que quanto mais este corpo carregado entra em contato com meios não condutores ele
armazena ainda mais carga, por exemplo, uma pessoa com excesso de elétrons cada vez
que anda por um carpete se carregará ainda mais, visto o carpete não ser condutor
elétrico e não permitir que os elétrons “fujam” do corpo da pessoa, e ao contrario
transmitirá ainda mais elétrons pelo contato direto que é feito com ele. Essa pessoa
então estará transportando uma enorme quantidade de carga negativa (eletricamente
falando) e quando tocar em algo condutor, que possa retirar parte dessa carga e
equilibrar o potencial elétrico isso será feito de forma muita rápida equilibrando os
prótons e elétrons do corpo.
 
A descarga eletrostática 
 
Uma pessoa pode carregar consigo em seu corpo e em suas roupas uma pequena
quantidade de elétrons a mais o que por sua vez possibilita uma corrente muito pequena
da ordem de alguns miliamperes, mas em compensação a diferença de potencial em
relação a outros corpos pode ser da ordem de alguns milhares de volts, para o ser
humano isso não passará de um pequeno choque ao tocar no carro ou em uma maçaneta,
mas ao entrar em contato com um componente eletrônico que funciona com alguns
poucos volts e com baixa corrente poderá ser catastrófico.
 

O nome desse efeito é chamado em inglês ESD (ElectroStatic Discharge) ou descarga


eletrostática. Imagine que seu corpo está com uma carga de uns 1000 volts, a corrente é
muito baixa para que você sinta alguma coisa, mas quando toca num módulo de
memória todo esse potencial será descarregado no módulo, especificamente no ci que
você tocar, pois existirá uma diferença de potencial entre ambos. Você não perceberá
nada, mas o circuito provavelmente será comprometido. Você só sentirá um pequeno
choque com descargas superiores a 3000 volts, mas por muito menos um componente
que funciona a 1,5 volt como processadores, memórias e até mesmo transistores e
circuitos integrados sofrerão graves danos.
 
Raios e tempestades
 
Não é possível falarmos de eletricidade estática sem mencionarmos as maiores
demonstrações delas no planeta, os raios. Quando vemos nuvens escuras carregadas é
quase certo que veremos raios, principalmente entre uma nuvem e outra, mas também
ocorrem em direção ao solo tanto de cima para baixo como o contrário também é
possível. Isso ocorre com o mesmo principio do acúmulo de eletricidade estática com
um corpo qualquer, duas nuvens com uma diferença de potencial imensa de uma para
outra a ponto de conseguir quebrar a resistência do ar entre ela (ruptura do dielétrico) e
os elétrons fluem de uma para outra por meio de um raio equilibrando o potencial entre
ambas. O mesmo ocorre em relação ao solo, a terra fonte de elétrons pode tanto receber
o raio com elétrons como enviar o raio com os mesmo e neutralizar a nuvem. Estes
fenômenos são da ordem de milhões de volts.
 

As conseqüências da ESD

Quando um dispositivo é danificado por uma descarga ESD, diversos sintomas poderão
ocorrer desde um mau funcionamento esporádico até mesmo à queima do dispositivo, o
que determinará será a forma e a intensidade com que a ESD ocorreu. 
Normalmente os componentes mais afetados num computador são os módulos de
memória. Estes possuem em cada um de seus circuitos vários milhões de transistores e
capacitores que possibilitam o armazenamento dos dados e a realimentação destes. Cada
um destes componentes é microscópico e alimentado por cerca de 1, 5 volt, uma
descarga ESD pode não comprometer todo o módulo somente alguns destes
componentes internos, se alguns milhares forem danificados, a memória ainda será
reconhecida e o computador ainda inicializará, mas as telas azuis e resets aleatórios
serão constantes, pois sempre que um destes componentes danificados precisar ser
utilizado, o resultado será um erro. 
 
Outro problema com a eletricidade estática é o seu acumulo nos aparelhos eletrônicos,
principalmente causado pela falta de aterramento elétrico da rede. Este problema é
muito comum em computadores ligados em rede, a equiparação elétrica entre os
dispositivos, simplesmente faz com que a rede não funcione ou apresente mau
desempenho. Neste caso a falta de aterramento faz com que os gabinetes tanto das cpus
como de switches armazenem carga e por meio dos cabos e placas de rede estes acabam
trocando esta carga entre si até chegarem ao equilíbrio o que impossibilita a
comunicação de rede que necessita de uma diferença de potencial para ocorrer. 
Este problema chega até mesmo impedir que o equipamento ligue, quando pressionado
o botão power da CPU por exemplo não existe a diferença de potencial necessária para
que a fonte arme e coloque o equipamento em funcionamento, pois desde algum
componente interno equiparando o potencial das saídas da fonte ou até mesmo na
conexão com a rede elétrica em que o potencial da máquina pode ser igual ao da tomada
de alimentação, apesar de uma corrente muito menor, potencias iguais em sua entrada
impedem a fonte de armar. 
 
Isso é confirmado quando se retirando o cabo de força do equipamento e pressionando
novamente o power a máquina liga por alguns instantes com a energia que estava
armazenada em seus capacitores internos que não descarregaram por conta da
eletricidade estática, após isso conecta-se novamente à rede elétrica e tudo volta ao
normal. O mesmo acontece com a placa de rede ethernet quando o computador liga, mas
não se comunica com a rede, ao se desligar o equipamento da rede elétrica e pressionar
o power descarregando-o completamente, ao religá-lo tudo volta ao normal. Parece
balela, mas quem trabalha com suporte sabe do que se trata.    
 
Como evitar problemas com a ESD
 
Tendo conhecimento acerca do que é e como ocorrem as ESD´s e as conseqüências no
funcionamento dos dispositivos eletrônicos podemos nos prevenir de problemas
causados por ela, nada que técnicos e profissionais da área com alguma experiência já
não saibam, mas é bom salientar:

 Aterramento elétrico essa deveria ser a prioridade em qualquer instalação


elétrica, mas não é o que vemos em nosso país, a falta dele gera principalmente
pequenos choques e eletricidade estática em equipamentos sensíveis. 

 Ao manusear equipamentos eletrônicos utilizar a pulseira antiestática, ou na sua


falta de tempos em tempos tocar em alguma parte de um algo metálico (se não
existir aterramento, fora do local onde você está trabalhando, pois senão você só
estará aumentando o diferencial elétrico entre o local e o equipamento em
trabalha) 

 Nunca tocar nenhum componente diretamente em seus circuitos, segure pelos


lados da placa ou dispositivo.
 Mantenha as placas em suas embalagens antiestáticas, não utilize sacos plásticos
comuns, pois estes são grandes acumuladores de eletricidade estática e poderão
danificar os componentes por eles guardados.

 
Finalizando
 
Para alguém experiente na área de manutenção e suporte a computadores e eletrônicos
este assunto já é mais que conhecido, assistências técnicas e profissionais técnicos
normalmente levam em consideração todos estes itens, pois caso contrário o prejuízo
seria enorme. 
O problema (se é que pode ser considerado um problema) é que na maioria das vezes os
defeitos causados pelas ESD´s não são atribuídos a ela e sim a defeitos inerentes ao uso
ou até mesmo raios (que não deixam de ser eletricidade estática em proporções
colossais) e com isso é deixado de lado toda essa orientação acerca da ESD porque na
concepção de muitos quase não causa problemas, mas conforme vimos neste artigo ela
existe e se não levada a sério poderá causar muitos danos e funcionamento problemático
da infraestrutura computacional  seja de uma empresa ou até mesmo no uso doméstico. 
Seguindo estas práticas simples dificilmente você terá algum problema causado pelas
ESD´s no manejo e reparo de equipamentos sensíveis como componentes de
computadores e reparos em dispositivos eletrônicos.

You might also like