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1 Funções reais de várias variáveis reais

1 Funções reais de várias variáveis reais


1.1 Função de duas variáveis
Seja D um conjunto de pares ordenados (x, y). A cor-
respondência f a qual para cada par (x, y) ∈ D atribui
um e somente um valor z ∈ R chama-se função de duas
variáveis definida no conjunto D com imagem em R,
isto é, f : D ⊂ R2 → R, com z = f (x, y) onde x e y
são variáveis independentes e z variável dependente. O
conjunto D chama-se domı́nio de definição, ao conjunto
dos valores de z chamaremos de conjunto das imagens
ou contradomı́nio.

Exemplo 1.1.
p
Consideremos a função definida pela regra p f (x, y) = 1 − x2 − y 2 .
Neste caso, para calcular a expressão 1 − x2 − y 2 devemos impor
às variáveis x e y a restrição 1−x2 −y 2 ≥ 0, isto é, x2 +y 2 ≤ 1. Assim,
o domı́nio da função f é o disco D(f ) = {(x, y) ∈ R2 : x2 +y 2 ≤ 1} de
C(0, 0) e r = 1, qual representa o interior de uma circulo, incluı́ndo
a fronteira.

Exemplo 1.2.
x
Determine o domı́nio da função f (x, y) = arcsin 2 .
y
x
Resolução: A função f (x, y) = arcsin 2 está definida
 y
x x ≤ −y 2
se y 6= 0 e −1 ≤ 2 ≤ 1, ou . Logo,
y x ≤ y2
o domı́nio é uma parte do plano que se situa entre as
parábolas y 2 = x e y 2 = −x, com excepção do ponto
(0, 0).

Exercı́cios

1. Em cada caso identifique e represente graficamente o domı́nio da função z = f (x, y)


p p
(a) z = y − x2 + 2x − y
s
x2 − 1
(b) z =
y2 − 1
p
(c) z = |x| − |y|
(d) z = xey − log(x)

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2 Derivadas parciais

2 Derivadas parciais
2.1 Derivadas parciais de primeira ordem
Seja dada a função z = f (x, y). Sabendo que x e y são variáveis independentes, então uma delas
pode variar enquanto a outra variável se mantém inalterável. Damos à variável independente x um
acréscimo ∆x, e mantemos o valor de y. Assim z recebe um acréscimo que chamaremos acréscimo
parcial de z em relação a x e denotamos por ∆x z, isto é
∆x z = f (x + ∆x, y) − f (x, y).
De modo análogo obtemos o acréscimo parcial de z em relação a y :
∆y z = f (x, y + ∆y) − f (x, y).
Assim , o acréscimo total de ∆z da função z define-se segundo a igualdade
∆z = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y),
se existir o limite
∆x z f (x + ∆x, y) − f (x, y)
zx0 = lim = lim (1)
∆z→0 ∆z ∆z→0 ∆z
chamaremos derivada parcial da função z = f (x, y) no ponto (x0 , y0 ) em ordem á variável z e
∂z ∂f
denota-se zx (x0 , y0 ), fx (x0 , y0 ), (x0 , y0 ) ou (x0 , y0 ). De modo análogo define-se derivada parcial
∂x ∂x
de z = f (x, y) em relação a y :
∆y z f (x, y + ∆y) − f (x, y)
zy0 = lim = lim . (2)
∆z→0 ∆z ∆z→0 ∆z
Deste modo, a derivada parcial duma função de várias variáveis (três ou mais) define-se como deri-
vada duma função a uma destas variáveis, sob condição de que as restantes variáveis independentes
se mantêm constantes. Por isso mesmo, as derivadas parciais da função f (x, y) se determinam as
fórmulas e a regra de cálculo das derivadas de funções de uma variável.

Exemplo 2.1. Determine as derivadas parciais da função z = 2y + sin(x2 − y) + 1.


Resolução: Temos de determinar duas derivadas parciais, nomeadamente zx0 e zy0 , dados em (1)
e (2). Temos
0 0
zx0 = 2y + sin(x2 − y) + 1 x = (2y)0x + sin(x2 − y) x + (1)0x
 

= 0 + (x2 − y)0x cos(x2 − y) + 0


= 2x cos(x2 − y)

0 0
zy0 = 2y + sin(x2 − y) + 1 y = (2y)0y + sin(x2 − y) y + (1)0y
 

= 2 + (x2 − y)0y cos(x2 − y) + 0


= 2 − cos(x2 − y)

Exemplo 2.2. Calcular as derivadas parciais no ponto P (1, 3) da função f : R2 → R definida


por f (x, y) = 3x2 + 5xy − 4y 2 .
Resolução: Para calcular as derivadas fx (x, y), fy (x, y) no ponto P, primeiro obtemos as ex-
pressões das derivadas e em seguida avaliamos essas derivadas no ponto desejado, assim
0 0
fx = 3x2 + 5xy − 4y 2 x = 6x + 5y e fy = 3x2 + 5xy − 4y 2 y = 5x − 8y.

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2 Derivadas parciais 2.1 Derivadas parciais de primeira ordem

Portanto,
fx (1, 3) = 6 · 1 + 5 · 3 = 21 e fy (1, 3) = 5 · 1 − 8 · 3 = −19.

O gráfico da função z = f (x, y) é sempre uma certa


superfı́cie. O gráfico da função z = f (x, y0 ) é uma linha
resultante da intersecção desta superfı́cie com o plano
y = y0 . A derivada parcial fx (a, b) mede a inclinação da
recta T, tangente à curva de intersecção da superfı́cie
z = f (x, y) com o plano y = b, isto é, tan(θ) = fx (a, b).

Seja z = f (x, y) uma função definida numa certa vizinhança do ponto M (x, y), se o seu acréscimo
total desta função no ponto M :

∆z = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y).

Definição 2.1. Diremos que a função z = f (x, y) é diferenciável no ponto M (x, y), se o seu
acréscimo total pode representar-se na forma

∆z = A∆x + B∆y + α∆x + β∆y, (3)

onde α = α(∆x, ∆y) → 0, β = β(∆x, ∆y) → 0, quando ∆x → 0, ∆y → 0.

A soma das duas parcelas da igualdade (3) são a parte principal do acréscimo da função. A parte
principal do acréscimo da função z = f (x, y) chamaremos de diferencial total desta função e denota-se
pelo simbolo dz :
dz = A∆x + B∆y. (4)
As expressões A∆x e B∆y chamaremos de diferenciais parciais. Para as variáveis independentes x e
y consideramos ∆x ≈ dx e ∆y ≈ dy. Deste modo, a igualdade (4) podemos reescrever na forma

dz = Adx + Bdy. (5)

Teorema 2.1. Se a função z = f (x, y) é diferenciável no ponto M (x, y), então ela é contı́nua
∂z ∂z ∂z ∂z
nesse ponto e possui derivadas parciais e sendo =Ae = B.
∂x ∂y ∂x ∂y

Como consequência do Teorema 2.1 obtemos a fórmula para o cálculo do diferencial total. Assim,
a fórmula (5) reescrevemos na forma

∂z ∂z
dz = dx + dy. (6)
∂x ∂y

Teorema 2.2. Se a função z = f (x, y) possui derivadas parciais contı́nuas zx e zy no ponto M,

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2 Derivadas parciais 2.2 Aplicação do diferencial total

então ela é diferenciável nesse ponto M e o seu diferencial total expressa-se pela fórmula
∂z ∂z
dz = dx + dy. (7)
∂x ∂y

2.2 Aplicação do diferencial total


Apartir da definição do diferencial da função z = f (x, y) segue que, para valores suficientemente
pequenos de ∆x e ∆y tem lugar a aproximação ∆z ≈ dz. Tendo em conta que o acréscimo total
∆z = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y), então

∂f ∂f
f (x + ∆x, y + ∆y) ≈ f (x, y) + ∆x + ∆y. (8)
∂x ∂y
Esta fórmula aplica-se quando se pretende fazer o cálculo aproximado.

Exemplo 2.3. Calcule aproximadamente 1.023.01 .


Resolução: Consideremos a função z = xy . Então 1.023.01 = (x + ∆x)y+∆y , onde x = 1, ∆x =
0.02, y = 3 e ∆y = 0.01.
Assim, zx = yxy−1 e zy = xy ln(x). Aplicando a fórmula (8), temos

1.023.01 ≈ 13 + 3 · 13−1 · 0.02 + 13 · ln 1 · 0.01 = 1.06.

2.3 Derivada da função composta


Seja z = f (x, y) uma função de duas variáveis x e y, que por sua vez dependem da variável t :
x = x(t) e y = y(t). Neste caso a função z = f (x(t), y(t)) é uma função composta de uma variável
independente t.

Teorema 2.3. Se a função z = f (x, y) é diferenciável no ponto M (x, y) ∈ D e x = x(t), y = y(t)


são funções diferenciáveis, então a derivada da função composta z = f (x(t), y(t)) determina-se
segundo a fórmula
dz ∂z dx ∂z dy
= + , (9)
dt ∂x dt ∂y dt
conhecida como regra de cadeia.

dz
Exemplo 2.4. Calcule , dada a função f (x, y) = x2 −y 2 , onde para t 6= −1, sejam x = 1/(1+t)
dt
e y = t/(1 + t).
Resolução: Aplicando a fórmula (9), temos:

∂f ∂f dx 1 dy 1
= 2x, = −2y, =− , =
∂x ∂y dt (1 + t)2 dt (1 + t)2

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2 Derivadas parciais 2.4 Derivada implı́cita

e pela regra de cadeia, obtemos


dz −1 1
= 2x · 2
− 2y ·
dt (1 + t) (1 + t)2
2 −1 2t 1
= · 2
− ·
(1 + t) (1 + t) (1 + t) (1 + t)2
2
=−
(1 + t)2

Seja z = f (x, y), onde x = x(u, v), y = y(u, v). Então z = f (x(u, v), y(u, v) é uma função
∂z ∂z
composta das variáveis independentes u e v. As suas derivadas parciais e determinam-se
∂u ∂v
segundo as fórmulas
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + (10)
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + (11)
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v

∂z ∂z
da função z = ln x2 + y 2 ,

Exemplo 2.5. Determine as seguintes derivadas parciais e
∂u ∂v
u
onde x = uv e y = .
v
Resolução: Aplicando as fórmulas (10) e (11) temos:

∂z 2x ∂z 2y ∂x ∂y 1 ∂x ∂y u
= 2 , = 2 , = v, = , = u, = − 2.
∂x x + y2 ∂y x + y2 ∂u ∂u v ∂v ∂v v
Assim,
 2
y2

∂z 2x 2y 1 2  y 2 x 2
= 2 2
·v+ 2 · = 2 xv + = 2 + =
∂u x +y x + y2 v x +y 2 v x +y 2 u u u
 2
y2 2(x2 − y 2 )

∂z 2x 2y  u 2  yu  2 x
= 2 · u + · − 2 = 2 xu − = − =
∂v x + y2 x2 + y 2 v x + y2 v2 x2 + y 2 v v v(x2 + y 2 )

2.4 Derivada implı́cita


A função z = f (x, y) chamaremos função implı́cita se ela é dada pela equação

F (x, y, z) = C, C ∈ R (12)
∂z ∂z
não resolvivél em ordem a z. Vamos determinar as derivadas parciais e da função implı́cita
∂x ∂y
z, dada pela equação (12). Para tal, colocando na equação no lugar de z a função f (x, y), obtemos
a identidade
F (x, y, f (x, y)) = C.
As derivadas parciais em ordem a x e y, da função F são:
∂ ∂F ∂F ∂z
F (x, y, f (x, y)) ≡ + = 0, considerando x constante,
∂x ∂x ∂z ∂x
∂ ∂F ∂F ∂z
F (x, y, f (x, y)) ≡ + = 0, considerando y constante
∂y ∂y ∂z ∂y

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2 Derivadas parciais 2.5 Derivadas parciais de ordem superior

donde
∂z Fx ∂z Fy
=− , =− (13)
∂x Fz ∂y Fz

Exemplo 2.6. Determine as derivadas parciais da função z, definida pela equação ez + z − x2 y =


−1.
Resolução: Temos que F (x, y, z) = ez + z − x2 y, deste modo Fx = −2xy, Fy = −x2 , Fz = ez + 1.
Usando as fórmulas obtidas em (13) obtemos:

∂z 2xy ∂z x2
= z , = z . (14)
∂x e +1 ∂y e +1

2.5 Derivadas parciais de ordem superior


As derivadas parciais zx (x, y) e zy (x, y) chamaremos derivadas parciais de primeira ordem. Podemos
considerar estas derivadas como funções de (x, y) ∈ D . Estas funções ter derivadas parciais que
chamaremos derivadas parciais de segunda ordem. Elas definem-se e denotam-se do seguinte modo:
∂ 2z
 
∂ ∂z
= = zxx : derivada parcial de segunda ordem em relação a x
∂x ∂x ∂x2
∂ 2z
 
∂ ∂z
= = zxy : derivada parcial de segunda ordem em relação a x e y
∂y ∂x ∂x∂y
∂ 2z
 
∂ ∂z
= = zyx : derivada parcial de segunda ordem em relação a y e x
∂x ∂y ∂y∂x
∂ 2z
 
∂ ∂z
= 2 = zyy : derivada parcial de segunda ordem em relação a y
∂y ∂y ∂y
De modo análogo definimos as derivadas parciais de terceira, quarta, e etc ordens. As derivadas
parciais zxy , zyx chamaremos de derivadas mistas.

Exemplo 2.7. Determine zxy e zyx para a função z = x4 − 2x2 y 3 + y 5 + 1.


Resolução: Temos que

zx = 4x3 − 4xy 3 zxy = −12xy 2


zy = −6x2 y 2 + 5y 4 zyx = −12xy 2

Conclui-se que zxy = zyx .

Teorema 2.4. Se as derivadas parciais de primeira e segunda ordens da função z = f (x, y) são
contı́nuas, então zxy = zyx .

Seja z = f (x, y) uma função que admite derivadas parciais de segunda ordem contı́nuas. O diferencial
de segunda ordem define-se segundo a fórmula d2 z = d(dz). Vamos determinar de forma geral:
 2
2 ∂z ∂z
d z = d(dz) = d dx + dy
∂x ∂y
∂ 2z 2 ∂ 2z ∂ 2z 2
= dx + 2 dxdy + dy
∂x2 ∂x∂y ∂y 2

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2 Derivadas parciais 2.5 Derivadas parciais de ordem superior

conhecida como fórmula de diferencial total de segunda ordem. O diferencial total de n-ésima ordem
é dado por:  n
n ∂ ∂
d z= dx + dy z.
∂x ∂y

Exemplo 2.8. Determine d2 z para a função z = x3 y 2 .


Resolução: Temos que, zxx = 6xy 2 , zxy = zyx = 6x2 y, zyy = 2x3 . Assim,

d2 z = 6xy 2 dx2 + 12x2 ydxdy + 2x3 dy 2 .

Exercı́cios

1. Em cada caso, calcule as derivadas parciais zx , zy :


y
(a) z = 3x2 + y 3 (c) z = arctan
x
2 +y 2
(b) z = xyex (d) z = sin(xy) + log(x2 y)

2. Em cada caso, calcule a derivada parcial indicada a função z = f (x, y).


  p
1 (c) z = x2 + y 2 ; fx (1, 0)
(a) z = x arcsin(x − y); fx 1,
2
xy
(b) z = e sec(x/y); fy (0, 1) (d) z = xy log(x/y); fy (1, 1)

xy 2 ∂z ∂z
3. Mostre que a função z = 2 2
satisfaz à equação diferencial x +y = z.
x +y ∂x ∂y
dz
4. Calcule nos seguintes casos:
dt
(a) z = yex + xey ; x = t e y = sin(t)
(b) z = log(1 + x2 + y 2 ); x = log(t) e y = et
p
(c) z = x2 + y 2 ; x = t3 e y = cos(t)
(d) z = u2 v + vw2 + uvw3 ; u = t2 , v = t e w = t3
∂w ∂w
5. Calcule e nos seguintes casos:
∂x ∂y
(a) w = u2 + v 2 ; u = 3x − y e v = x + 2y
2 2
(b) w = log(t + s ); t = x3 + y 2 e s = 3xy

(c) w = 3u + 7v; u = x2 ye e v = xy

(d) w = cos(t + s); t = x + y e s = xy

6. Calcule as seguintes derivadas zxx , zxy e zyy


p y
(a) z = x2 + y 2 + 1 (c) z = arctan
x
2 +y 2
(b) z = xyex (d) z = sin(xy) + log(x2 y)

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3 Extremos de funções de várias variáveis

7. Achar d2 z, se z = exy .
x
8. Achar dz e d2 z, se z = uv , onde u = e v = xy.
y
9. Achar d2 z, se z = f (u, v), onde u = xey , v = yex .
p
(a) 3 0, 98
(b) (0, 95)2,01

3 Extremos de funções de várias variáveis


As derivadas parciais são frequentemente aplicadas em problemas de Optimização. Com efeito con-
sideremos, como exemplo, a seguinte função de duas variáveis:
1
z = 2x + y − (x2 + y 2 ).
6
Assumindo o domı́nio desta função como sendo todo o plano X0Y . O nosso objectivo agora é achar
o máximo e/ou mı́nimo da função z.

3.1 Máximo e mı́nimo das funções de duas variáveis

Definição 3.1. Seja z = f (x, y) uma função de duas variáveis definida em uma região R contendo
o ponto P0 = (x0 , y0 ). Diz-se que z = f (x, y) admite um máximo ou máximo relativo no ponto
P0 se f (x0 , y0 ) > f (x, y) para todos os pontos P (x, y) suficientemente vizinhos do ponto P0 , mas
diferentes deste ponto.

Definição 3.2. Seja z = f (x, y) uma função de duas variáveis definida em uma região R contendo
o ponto P0 = (x0 , y0 ). Diz-se que z = f (x, y) admite um mı́nimo ou mı́nimo relativo no ponto
P0 se f (x0 , y0 ) < f (x, y) para todos os pontos P (x, y) suficientemente vizinhos do ponto P0 , mas
diferentes deste ponto.

Ao máximo e ao mı́nimo duma função chamam-se extremos dessa função. assim, diz-se que uma
função admite extremo num dado ponto, se ela tem nesse ponto um máximo ou mı́nimo.

Condições necessárias e suficiente para a existência de extremos de uma função de duas


variáveis

Teorema 3.1. [Condição necessária] Se a função z = f (x, y) admite um extremo num ponto
P0 = (x0 , y0 ) então, cada derivada parcial de primeira ordem da função z = f (x, y) anula-se nesse
ponto ou não existe, isto é, zx (P0 ) = 0 ou não existe; e zy (P0 ) = 0 ou não existe.

Os pontos, referidos no teorema 3.1, isto é, os pontos onde zx (P0 ) = 0 ou não existe; e zy (P0 ) = 0 ou
não existe, chamam-se pontos crı́ticos da função z = f (x, y).

Teorema 3.2. [Condição suficiente] Seja a função z = f (x, y) de duas variáveis definida num
domı́nio que contém o ponto P0 = (x0 , y0 ) e cujas derivadas parciais são contı́nuas até à terceira
ordem inclusivé, suponhamos, além disso que o ponto P0 seja um ponto crı́tico da função z =

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3 Extremos de funções de várias variáveis 3.2 Otimização condicionada

f (x, y, ) isto é, se zx (P0 ) = 0 e zy (P0 ) = 0; e se



zxx (P0 ) zxy (P0 ) 2
D(P0 ) = = zxx (P0 ) · zyy (P0 ) − zxy (P0 )
zxy (P0 ) zyy (P0 )

onde A = zxx , B = zyy e C = zxy , então, temos que, no ponto P0 a função z = f (x, y) :

1. Tem um Mı́nimo, se A · B − C 2 > 0 e A > 0

2. Tem um Máximo, se A · B − C 2 > 0 e A < 0

3. Não tem um Mı́nimo nem Máximo, se A · B − C 2 < 0

4. Nada se conclui, se A · B − C 2 = 0.

Exemplo 3.1. Estudar os máximos e mı́nimos da função dada por z = x2 − xy + y 2 + 3x − 2y + 1.


Resolução:

(i) Primeiro-estudar os pontos crı́ticos.


Com efeito tem-se
x = − 34
  
zx ≡ 2x − y + 3 = 0 2x − y = −3
⇔ ⇔ 1
zy ≡ −x + 2y − 2 = 0 −x + 2y − 2 = 2 y = 3

 
4 1
(ii) Assim, conhecido já o ponto crı́tico , isto é, − , , vamos calcular as derivadas parciais
3 3
de segunda ordem, isto é, zxx = 2, zxy = −1, zyy = 2. Assim, A · B − C 2 = 2 · 2 − 1
2
= 3 >0.
4 1
Ora, de acordo com a condicão do Teorema 3.2, em causa, conclui-se que o ponto − , ,
3 3
a função em causa, tem um mı́nimo.  
4 1 2
Com efeito, o valor da função neste ponto é z − , = .
3 3 3

Exemplo 3.2. Investigue os extremos da função z = x3 y 2 (6 − x − y), x > 0, y > 0.


Resolução:

3.2 Otimização condicionada


Em diversos problemas de maximização ou minimização, existem restrições que limitam as soluções
possı́veis. Veremos, aseguir como implementar soluções para problemas de otimização na existência
de restrições de igualdade.

3.2.1 Multiplicadores de Lagrange

Definição 3.3. Dada uma função f (x, y) e uma restrição φ(x, y) = 0, podemos escrever a
lagrangeana
L(x, y, λ) = f (x, y) + λϕ(x, y)
onde λ recebe o nome de multiplicador de Lagrange.

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3 Extremos de funções de várias variáveis 3.2 Otimização condicionada

Teorema 3.3. Dada uma função f (x, y) e uma restrição ϕ(x, y) = 0, podemos maximizar essa
função, mediante a restrição (quando isto for possı́vel), derivando a lagrangeana L(x, y, λ) com
relação às variáveis x, y e λ e igualando essas derivadas a zero.

Exemplo 3.3. Determine os extremos condicionados da função f (x, y) = 4 − x2 − y 2 quando


x + y = 1.
Resolução: Seja a lagrangeana L(x, y, λ) = 4 − x2 − y 2 + λ(x + y − 1), temos as seguintes
derivadas parciais de primeira ordem,
  
 Lx = 0 ⇔ −2x + λ = 0 λ = 2x   λ = 1
2x = 2y

Ly = 0 ⇔ −2y + λ = 0 ⇔ λ = 2y ⇔ ⇔ x = 21 .
2y = 1
Lλ = 0 ⇔ x + y − 1 = 0 x+y = 1 y = 12
  

 
1 1
Deste modo, o ponto crı́tico é , , 1 . Vamos agora calcular as derivas parciais de segunda
2 2
ordem, isto é, zxx = −2, zxy = 0, zyy = −2. Assim, A · B − C 2 = 4 > 0, como A < 0, este ponto
crı́tico representa um máximo.    2  2
1 1 1 1 7
Com efeito, o valor da função neste ponto é f , =4− − =
2 2 2 2 2

Exercı́cios

1. Ache os extremos locais das funções dadas

(a) z = f (x, y) = 2x3 + xy 2 + 5x2 + y 2 .


(b) z = f (x, y) = x3 y 2 (12 − x − y), x > 0, y > 0.
50 20
(c) z = f (x, y) = xy + + , x > 0, y > 0.
x y
2x 2

(d) z = f (x, y) = e x + y + 2y .
3 3
(e) z = f (x, y) = x2 + xy + y 2 + + , x 6= 0, y 6= 0.
x y
2. Encontre os extremos condicionados das funções dadas

(a) z = f (x, y) = 2xy − x3 − y 2 , x + y = 0.


(b) z = f (x, y) = x2 y + xy 2 , x + y = 2.
(c) z = f (x, y) = x2 + y 2 − 2x + 4y, x2 + y 2 = 5.
(d) z = f (x, y) = x2 + y 2 − 12x + 16y, x2 + y 2 = 25.
(e) z = f (x, y) = x3 + y 3 , x 6= 0, y 6= 0, x2 + y 2 = 8.

Licenciatura em LASIR & LDS 10 G. Disciplina, 2022

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