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Análise de Desempenho no Futebol: Uma Visão Sistêmica

Chapter · July 2022

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Rodrigo Aquino Grégory Hallé Petiot


Universidade Federal do Espírito Santo Laval University
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Análise de Desempenho no Futebol: Uma Visão Sistêmica


Rodrigo Aquino
Grégory Hallé Petiot

Introdução
O futebol é compreendido como um sistema complexo e dinâmico. As equipes, por-
tanto, são entendidas como um microssistema social, de modo que as ações no jogo emergem
da sinergia entre diversas facetas do desempenho esportivo (Balague, Torrents, Hristovski,
Davids, & Araújo, 2013; J. Garganta, 1995). Essencialmente, essas facetas podem ser avali-
adas com o objetivo de fornecer feedbacks contínuos e precisos para os treinadores e joga-
dores 1 sobre o desenvolvimento dos componentes do jogo e da vida (Carling, Reilly, &
Williams, 2008). Pela natureza complexa e dinâmica do jogo, essas facetas sofrem influên-
cias mútuas umas sobre as outras, o que exige dos treinadores um entendimento sistêmico
deste processo (Balagué, Torrents, Hristovski, & Kelso, 2017). Finalmente, como o tempo é
precioso, é necessária uma integração ágil dos dados obtidos no dia-a-dia dos clubes. A ava-
liação deve, portanto, começar com objetivos específicos e propósitos precisos.
Os instrumentos de avaliação devem modelar-se ao contexto e as características dos
jogadores, com foco no desenvolvimento de ações no e para o jogo. Quando realizadas de
maneira sistemáticas, contribuirão para o acompanhamento da evolução dos jogadores e for-
necerão bases para ajustes e melhorias diretas nas intervenções a curto prazo. Os protocolos
de avaliação devem ser consistentes com a noção de aquisição e manutenção do desempenho
em um processo não linear. Nesse caso, a adaptabilidade as demandas do jogo são mais re-
levantes do que a simples aquisição ótima das facetas do desempenho, especialmente no caso
de jovens jogadores.

1
Este capítulo utilizou os termos treinador, jogador, entre outros, no gênero masculino. Contudo, tais atuações
podem e devem ser exercidas por mulheres. O trabalho desempenhado por elas contribui para o empoderamento
feminino em diversas áreas profissionais no futebol ocupadas majoritariamente por homens. No entanto, por
uma questão usual e de convenção gramatical, a opção foi por apresentar os termos no seu gênero masculino.
2

Neste capítulo, conceptualizamos o aspecto sinérgico das facetas do desempenho no


futebol e mostramos possíveis avaliações para cada uma delas. Destacamos também o as-
pecto integrativo e multidisciplinar do desempenho, assim como elementos transversais ao
processo de formação, tais como a idade, sexo, história e cultura esportiva dos jogadores. Por
fim, oferecemos bases teóricas sólidas e soluções práticas para o leitor entender o processo
de avaliação e treinamento respeitando sua natureza complexa e dinâmica.

Facetas do desempenho: como entendê-las?


Tradicionalmente, cientistas do esporte e treinadores buscaram entender as facetas
que compõem o desempenho isoladamente, resultando num empobrecimento da sua natureza
sistêmica e complexa. Isso trouxe muitas consequências negativas no processo de avaliação
e treinamento, como por exemplo o enfoque no monitoramento dos aspectos físicos e técni-
cos descontextualizados do jogo. Nesse ínterim, sobressai-se a importância de um processo
sinérgico de integração das características individuais dos jogadores, tais como: ações tático-
técnicas, aptidão física, recuperação, aspectos psicológicos, estilo de vida, e saúde (Figura
1). Além disso, alguns elementos são transversais a todo esse processo, como a idade, sexo,
história e cultura esportiva dos jogadores.

Figura 1. Relações e sinergias entre as facetas que compõem o rendimento dos jogadores.
3

Ações tático-técnicas
Pautado numa epistemologia interacionista, especificamente na dinâmica ecológica,
entendemos que a habilidade de coordenar as ações com os colegas e adversários são funda-
mentais para o sucesso no futebol (Silva, Garganta, Araújo, Davids, & Aguiar, 2013). Além
disso, as ações dos jogadores são fortemente influenciadas pela identificação e utilização das
informações do jogo. Desse modo, durante a dinâmica do jogo, há de aparecer constrangi-
mentos e possibilidades de ação. Esse processo envolvendo a percepção das possibilidades
de ação leva o jogador a gerir melhor o espaço e tempo, descobrindo e explorando o seu
próprio caminho durante a ação (Woods, Rudd, Robertson, & Davids, 2020). Portanto, po-
demos entender que a ação dos jogadores emerge de um conjunto de restrições do indivíduo
(por exemplo, níveis de força, desempenho tático, etc.), da tarefa (por exemplo, número de
jogadores envolvidos, adversários mais próximos, etc.) e do ambiente (por exemplo, tempe-
ratura/humidade, tipo do gramado, etc.) (Newell, 1986).
Por exemplo, um jogador toma a decisão de realizar um drible. Porém, no “caminho
da ação” um adversário se aproxima constrangendo o portador da bola a não driblar. Simul-
taneamente, seu companheiro avança no centro de jogo em posição clara de receber um passe
em profundidade que poderá gerar uma situação de finalização. Esse cenário possivelmente
influenciará na decisão do portador da bola, ao escolher se deve enfrentar o adversário no 1
vs. 1 ou passar a bola para o seu companheiro. Portanto, “quanto melhor o jogador conhece
os constrangimentos do jogo mais a organização desses constrangimentos lhe proporciona
soluções” (Julio & Araújo, 2005) (p. 166).
Especialmente a partir da década de 1990, tem crescido consideravelmente as pro-
postas de avaliação tática no futebol, dada sua importância no desempenho do jogo
(González-Víllora, Serra-Olivares, Pastor-Vicedo, & Da Costa, 2015). Contudo, destacamos
a necessidade de uma avaliação coerente com os objetivos propostos na condução do pro-
cesso de formação dos jogadores (Leonardi, Galatti, Scaglia, De Marco, & Paes, 2017). A
fim de ilustrar as diferentes possibilidades, dividiremos esta seção em duas principais abor-
dagens de análise: quantitativa e qualitativa.
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Análise tático-técnica quantitativa


Nessa esteira de possibilidades de avaliações, destacam-se os sistemas de observação
utilizando o jogo como atividade avaliativa. Em muitos casos, o formato do jogo é reduzido
em relação ao jogo de futebol oficial. É importante destacar que alguns sistemas recomendam
uma idade mínima e/ou máxima para aplicação dos testes. Podemos visualizar diferentes
propostas disponíveis na literatura científica (Quadro 1). A escolha do instrumento de avali-
ação deve estar intimamente relacionada com o processo de organização, sistematização e
aplicação dos conteúdos ao longo do processo de formação.

Quadro 1. Exemplos de meios e métodos de avaliação quantitativas das ações tático-técnicas


no futebol (Clemente, Martins, & Mendes, 2016; González-Víllora et al., 2015; Low et al.,
2020).
Nome Idade recomendada Indicadores obtidos
Marcar um gol (finalização): manter a posse da bola, ata-
car o gol do adversário, criar e usar o espaço no ataque
Game performance assess- Evitar que o seu adversário marque o gol: defender o es-
6−14 anos
ment instrument (GPAI) paço, defender o gol e recuperar a bola
Reinício do jogo; lançamento de bola, cobrança de escan-
teio e cobrança de falta
Avalia uma série de indicadores, por exemplo: bolas rece-
Performance assessment in
≥ 12−13 anos bidas, bolas conquistadas, bolas ofensivas, finalizações
team sports (TSAP)
bem sucedidas, volume de jogo ou bolas perdidas, etc.
Princípios gerais:
Procedural tactical
6−12 anos Criar superioridade numérica, evitar igualdade numérica e
knowledge test (KORA)
não permitir inferioridade numérica
Princípios operacionais:
Ofensivos: manter a posse de bola, avançar em direção ao
Game performance evalua- campo adversário e finalizar no gol adversário
6−14 anos
tion tool (GPET) Defensivos: recuperar a posse de bola, impedir o avanço
do adversário, proteger o seu próprio gol e a finalização
do adversário
Princípios fundamentais do jogo:
Ofensivos: penetração, cobertura ofensiva, espaço, mobi-
Sistema de Avaliação Tá-
≥ 11−12 anos lidade e unidade ofensiva
tica no Futebol (FUT-SAT)
Defensiva: contenção, cobertura defensiva, equilíbrio,
concentração e unidade defensiva
Não especificado, mas su- Nível Macro: densidade e coeficiente de clustering
Análise de redes sociais
gerimos a partir dos 11 Nível Meso e Micro: degree centrality, degree prestigie,
(social network analysis)
anos page rank
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Exemplos de variáveis lineares: área de ocupação da


equipe, espalhamento, amplitude, profundidade, índice de
exploração espacial, distância entre setores (defensivos,
Não especificado, mas su- médios, ofensivos), distância entre os jogadores de cada
Análise de dados posicio-
gerimos a partir dos 11 setor, etc.
nais*
anos
Exemplos de variáveis não-lineares: entropia aproxi-
mada, sample entropy, Shannon entropy, vector coding,
etc.
* É possível realizar essas análises a partir de sistemas de posicionamento ou mensuração global/local (GPS/LPS/LPM,
etc.), sistemas baseados em vídeo, visão computacional e processamento de imagens (exemplo: DVIDEO, AMISCO, PRO-
ZONE, etc.)), softwares de análise de vídeo (exemplo: KINOVEA, TacticPro, etc.).

Análise tático-técnica qualitativa


Observar, analisar e interpretar os dados quantitativos são processos importantes na
avaliação das ações tático-técnicas dos jogadores. Contudo, para que este processo seja real-
mente representativo, é fundamental contextualizar esses dados e adotar procedimentos de
análises qualitativas. Para isso, é necessário “aprender a ver para melhor perceber” (I. Teoldo,
Guilherme, & Garganta, 2015) (p. 269).
Didaticamente, o jogo de futebol pode ser compreendido por diferentes fases (ofen-
sivas e defensivas) e momentos (organização ofensiva/defensiva, transições ofensivas/defen-
sivas). Há ainda pesquisadores e treinadores que classificam as bolas paradas ofensivas/de-
fensivas como um quinto momento do jogo. Importa perceber que as ações dos jogadores e
equipes, quando observados várias vezes e no confronto com vários oponentes, são suscep-
tíveis a exibirem características que podem permitir a identificação de padrões de jogo
(McGarry, Anderson, Wallace, Hughes, & Franks, 2002). Além disso, as competências para
jogar futebol podem ser observadas pala estruturação do espaço, comunicação na ação e re-
lação com a bola (J. Garganta, 1995).
Nesse sentido, os analistas de desempenho, também conhecidos como analistas táti-
cos, observadores do jogo, entre outras denominações, têm procurado identificar e interpretar
as ações dos jogadores e suas competências individuais, grupais e coletivas, num nível micro,
meso e macro, de acordo com as ideias, princípios e modelos de jogo fruto das relações mú-
tuas dos jogadores e treinadores (Ribeiro et al., 2019). De fato, é uma tarefa complexa e
delicada.
6

Para contemplar essa natureza sistêmica do jogo, o processo de análise deve ser pau-
tado, sobremaneira, pela faceta qualitativa do jogo. Estudos anteriores sugerem a construção
de sistemas de observação que atendam categorias e indicadores que permitam obter infor-
mações sobre (J. Garganta, 1997, 2000):
1) A organização do jogo a partir de características das sequências de ações da equipe.
2) As sequências que conduzem a determinados desfechos (por exemplo, finalização, gol).
3) As situações que provoquem ruptura ou perturbações nas fases ofensivas e defensivas.
4) As quantidades das qualidades manifestadas nas situações do jogo.

Como forma de exemplificar os processos de observação, análise e interpretação das


ações tático-técnicas por meio de uma abordagem qualitativa, elaboramos o Quadro 2. Espe-
cificamente sobre as análises dos adversários, destacamos a sua utilidade na interpretação
das fraquezas e fortalezas dos jogadores e equipes, auxiliando na elaboração de estratégias
de jogo. Contudo, devemos pautar o processo de treinamento com base nas análises dos ad-
versários? Nosso posicionamento é que não. Os conceitos e ideias da equipe que treinamos
devem ser mutáveis e flexíveis de modo a se ajustar a diferentes circunstâncias do jogo.

Quadro 2. Exemplos de meios e métodos de avaliação qualitativas das ações tático-técnicas


no futebol.
Nome Descrição
Os jogadores assistem, por meio de vídeo, as suas próprias ações (com e sem bola) realizadas em
Autoavaliação dos um treino ou jogo e discutem com os treinadores e colegas os pontos positivos e negativos, to-
jogadores mando como referência os princípios específicos e a estratégia da equipe. A partir disso, gera-se
feedbacks individuais e coletivos.
Os treinadores observam, analisam e interpretam o desempenho dos jogadores da sua própria
equipe em contexto de treino e jogo tomando como referência os princípios específicos em cada
momento do jogo (organização ofensiva/defensiva, transições ofensivas/defensivas, bolas para-
Análise da propria
das ofensivas/defensivas), a estratégia da equipe, os métodos de jogo ofensivo/defensivo, estilo
equipe
de jogo, sistemas/esquemas de jogo, etc. Também é importante considerar as variáveis contextu-
ais nas análises, como: local da partida, qualidade dos adversários, resultado momentâneo, entre
outras. A partir disso, gera-se feedbacks individuais e coletivos.
Os treinadores observam, analisam e interpretam o desempenho dos jogadores da equipe adver-
Análise da equipe sária em contexto de jogo tomando como referência os padrões identificados nos diferentes mo-
adversária mentos do jogo (organização ofensiva/defensiva, transições ofensivas/defensivas, bolas paradas
ofensivas/defensivas), a estratégia da equipe, os métodos de jogo ofensivo/defensivo, estilo de
jogo, sistemas/esquemas de jogo, etc. Também é importante considerar as variáveis contextuais
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nas análises, como: local da partida, qualidade dos adversários, resultado momentâneo, entre ou-
tras. A partir disso, gera-se feedbacks individuais e coletivos.
Nota: alguns softwares podem ajudar na aquisição, análise e interpretação das ações por meio dos vídeos faci-
litando a identificação e visualização de algumas ações por parte dos jogadores e treinadores. Existem softwares
gratuitos (por exemplo, LongoMatch), com preços médios (por exemplo, Tactic Pro) e com altos custos (por
exemplo, AMISCO, PROZONE). * Princípios específicos são pautados nas características singulares de um
modelo de jogo e que determinam a forma de uma equipe jogar. Emerge a partir da interlocução entre os prin-
cípios gerais, operacionais, fundamentais e das ideias de jogo da equipe.

Além disso, “o jogo diz-nos tudo... o que lhe soubermos perguntar” – Júlio Garganta.
Pensando nisso, listamos no Quadro 3 uma série de questões passíveis de serem incluídas no
processo de análise qualitativa do jogo, podendo substanciar um roteiro para elaboração do
relatório de jogo.

Quadro 3. Exemplos de questões norteadoras passíveis de serem incluídas no processo qua-


litativo de observação, análise e interpretação das ações tático-técnicas. Adaptado de I.
Teoldo et al. (2015).
Momentos do
Exemplos de questões
Jogo
O estilo de jogo predominante é direto ou indireto?
Qual/quais os métodos de jogo predominantemente utilizados? Posicional, jogo de posição, ata-
que rápido, contra-ataque?
Quais jogadores controlam o ritmo do jogo?
Quais os possíveis padrões da equipe na organização e transição ofensiva no setor de construção,
criação e finalização?
Organização e Como a equipe articula a amplitude e profundidade em cada setor do campo e momento ofensivo
Transição Ofen- do jogo?
siva
A partir de quais zonas do campo criam frequentemente mais perigo?
Quais os canais privilegiados de circulação de bola?
Existem zonas em que as equipes/jogadores são mais previsíveis ou mais imprevisíveis?
Quais os sistemas de jogo predominantes e suas variações?
As ações tático-técnicas ofensivas são influenciadas pelas variáveis contextuais da partida (local
do jogo, qualidade do adversário, resultado momentâneo, entre outras)?
Qual/quais os métodos de jogo predominantemente utilizados? Individual, zonal, misto, pressão
alta em bloco, pressão no centro de jogo, pressão em zona?
Como é a reação da equipe/jogadores à perda da bola em cada setor do campo (forte/fraca; muito
Organização e ou pouco pressionante)?
Transição Defen-
siva Como a equipe articula a amplitude e profundidade em cada setor do campo e momento ofensivo
do jogo?
Como a equipe posicional o bloco defensivo (baixo, médio, alto)? Pouco, moderado ou muito
pressionante?
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Quantos jogadores colocam atrás da linha da bola em cada setor do campo?


Como condicionam o ataque dos adversários?
Existem zonas em que as equipes/jogadores são mais previsíveis ou mais imprevisíveis?
Quais os sistemas de jogo predominantes e suas variações?
As ações tático-técnicas ofensivas são influenciadas pelas variáveis contextuais da partida (local
do jogo, qualidade do adversário, resultado momentâneo, entre outras)?
Nos escanteios, qual o posicionamento inicial dos jogadores e a dinâmica de movimentação?
Nos escanteios e faltas nos setores de criação e finalização, quantos jogadores deixam as zonas
mais recuadas do campo e que características possuem (lentos, rápidos, fortes ou frágeis nas situ-
ações de 1vs.1)?
Bolas Paradas
Que jogadores batem os escanteios e faltas nos diferentes setores do campo? De que modo o fa-
Ofensivas
zem (perna dominante, velocidade, curta/longa, etc.)? Quais zonas privilegiam para o envio da
bola?
Quais os jogadores de referência no jogo aéreo?
Como reagem a perda da bola face ao contra-ataque dos adversários?
Nos escanteios, qual o posicionamento inicial dos jogadores e a dinâmica de movimentação?
Nos escanteios e nas faltas nos setores de criação e finalização, defendem individualmente, zona
ou misto?
Bolas Paradas De- Nos escanteios e faltas nos setores de criação e finalização, quantos jogadores deixam as zonas
fensivas mais adiantadas do campo e que características possuem (lentos, rápidos, fortes ou frágeis nas
situações de 1vs.1)?
Quais os jogadores de referência no jogo aéreo?
Como reagem à conquista da bola? Jogam direto ou indiretamente? São fortes no contra-ataque?

Por fim, é importante que os treinadores avaliem qualitativamente aspectos compor-


tamentais dos jogadores durante os treinamentos e jogos, tais como (Júnyor & Krahenbuhl,
2020):
1) Engajamento dos jogadores/equipes nas ações propostas.
2) Trabalho em cooperação pra o alcance das metas.
3) Comemoração de gols/pontos em equipe.
4) Compreensão e cumprimentos das regras do jogo.
5) Clima saudável e descontraído da equipe.
6) Felicidade e prazer por jogar na equipe.
7) Respeito e diálogo entre os integrantes da equipe.
8) Respeito e diálogo com os adversários.
9) Apreciação e interesse pelo jogo.
10) Liderança e habilidades de comunicação.
9

A avaliação das ações tático-técnicas deve, portanto, ser usada como um meio de
progressão, adaptação ou preparação para o desempenho, principalmente por meio do desen-
volvimento de competências e habilidades. Os modelos de treinamento geralmente são con-
frontados com duas dinâmicas:
1) Os treinadores podem potencializar o desempenho “puxando” do jogo, ou seja, de-
senvolvendo aspectos que os jogadores devem implementar diretamente em seu jogo,
pois precisam deles para melhorar ações específicas (relação mútua do jogador e do
jogo).
2) Os treinadores também podem otimizar aspectos deliberadamente, “empurrando” a
maneira de jogar dos jogadores. Isso consistiria em melhorar aspectos independente-
mente de sua qualidade inicial (relação unidirecional do jogo ao jogador).
No entanto, as facetas de desempenho emergem da integração de características indi-
viduais e ambientais, em vez de serem otimizadas isoladamente. Por esse motivo, “empurrar”
a maneira de jogar pode resultar em perfis de desempenho rígidos e inflexíveis, o que pode
dificultar a formação de jogadores inteligentes e criativos.

Aptidão Física
Este aspecto foi por muito tempo prioridade no desenvolvimento científico aplicado
ao futebol. Certamente, bons níveis de aptidão física são fundamentais para dar suporte e ter
um espectro mais amplo de possibilidades tático-técnicas em diferentes momentos do treina-
mento e competição (Gamble, 2013), além de reduzir o risco de lesões e promover um pro-
cesso de recuperação mais rápido (Dvorak et al., 2016).
A aptidão física no futebol tem sido avaliada por meio de diferentes testes laborato-
riais e de campo (Aquino et al., 2020; Paul & Nassis, 2015). Contudo, na busca por uma
maior validade ecológica, citaremos os principais testes de campo utilizados na literatura e
prática profissional:
1) Testes de corrida incrementais e intermitentes – 30-15 Intermittent Fitness Test (Martin
Buchheit, 2008) e Yo-Yo Intermittent Recovery Test (Bangsbo, Iaia, & Krustrup, 2008).
10

2) Teste de habilidade de sprints repetidos – Running based anaerobic sprint test (RAST)
(Andrade et al., 2015).
3) Testes de mudança de direção – Illinois test (Cureton, 1970), T-test (Semenick, 1990) e
5-0-5 teste (Draper, 1985).
4) Testes de potência de membros inferiores – saltos verticais (por exemplo, countermove-
ment jump; squat jump; drop jump) e horizontais, ambos realizados de maneira unipodal
e bipodal (Bosco, Luhtanen, & Komi, 1983; Meylan et al., 2009).
5) Testes de velocidade linear – 0-5 metros, 0-10 metros, 0-15 metros, 0-20 metros, 0-30
metros e 0-40 metros (Paul & Nassis, 2015).
6) Teste de velocidade em “curva” – sprint realizado em curva n “arco” da grande área
(Fílter et al., 2020).
7) Mobilidade e estabilidade do aparelho locomotor – Functional Movement Screen (FMS)
(Cook, Burton, Hoogenboom, & Voight, 2014a, 2014b).

Estes testes são importantes para o otimizar o controle e prescrição do treinamento


físico, além de serem, em grande parte, de baixo custo e fácil aplicação. Além disso, outras
medidas são potencialmente obtidas por meio de avaliações antropométricas e corporais, tais
como (Jukic et al., 2021): o tamanho do corpo e seus segmentos; proporções relativas entre
os segmentos do corpo; composição corporal (por exemplo, massa magra, porcentagem de
gordura, densidade mineral óssea); estrutura muscular interna (por exemplo, tipos de fibras
musculares, arquitetura muscular); somatotipo.
Contudo, muitas vezes os clubes não possuem os equipamentos necessários e o tempo
disponível para aplicação desses testes. Com o avanço tecnológico no esporte, medidas de
controle de cargas no ambiente de treinamento e competição, por vezes “em tempo real”,
ganharam notoriedade no campo científico e profissional do futebol. Especificamente, a
quantificação, monitoramento e regulação das cargas internas (por exemplo, percepção sub-
jetiva de esforço - PSE, frequência cardíaca) e externas (por exemplo, distâncias percorridas
em diferentes velocidades obtidas por um sistema de vídeo e posicionamento global/local e
acelerômetros) tornaram-se práticas diárias em clubes de base e, especialmente, na categoria
profissional (Impellizzeri, Marcora, & Coutts, 2019).
11

Porém, o acesso a essa diversidade de métricas gerou outra questão: Quais são as
variáveis mais úteis durante os treinamentos e jogos? Algumas pesquisas produzidas nos úl-
timos anos podem nos ajudar com essa resposta. Para causar um impacto substancial na prá-
tica, é aconselhável focar nas variáveis que são simples o suficiente para serem compreendi-
das pelos treinadores e jogadores e que são válidas e confiáveis o suficiente para auxiliarem
nas decisões diárias.
Em relação a carga externa, sugere-se 3 níveis de análise (Martin Buchheit &
Simpson, 2017):
1) Nível 1 – distâncias típicas percorridas em diferentes zonas de velocidade (fornecida por
todas as tecnologias). Exemplo: 300 metros percorridos acima de 19,8 km/h (distância
em alta-velocidade).
2) Nível 2 – todos os eventos relacionados a mudanças na velocidade - acelerações, desa-
celerações e mudanças de direção (fornecidos com mais ou menos sucesso por todas as
tecnologias). Exemplo: 30 acelerações acima de 3 m/s2, para uma distância total de 130
metros.
3) Nível 3 – todos os eventos derivados dos sensores/acelerômetros inerciais (apenas mi-
crotecnologia, portanto, indisponível nos sistemas derivados de câmeras). Exemplos: 9
impactos acima de 6 g e PlayerLoad2 de 150 unidades arbitrárias.

Estudos mostram que as variações nas demandas de corrida durante os treinamentos


e jogos são mais dependentes de questões táticas e contextuais (isto é, regras, intervenções
dos treinadores, local da partida, qualidade dos adversários, resultado momentâneo) do que
pela aptidão física dos jogadores (Carling, 2013).
Por esta razão, as variáveis relacionadas aos níveis 1 e 2 podem não ser adequadas
para o monitoramento do estado do treinamento físico dos jogadores. Em contraste, os tipos
de variáveis no nível 3 têm menor influência das questões táticas e contextuais. Portanto,
podem ter um maior potencial para o monitoramento da aptidão física e fadiga (Martin

2
PlayerLoad é a soma das acelerações em todos os eixos (X, Y e Z) do acelerômetro triaxial durante o movi-
mento. Ele leva em consideração a taxa instantânea de mudança de aceleração e a divide por um fator de escala
(dividido por 100) (Boyd, Ball, & Aughey, 2011).
12

Buchheit, Gray, & Morin, 2015). É importante notar que quando as variáveis de nível 3 não
estão disponíveis (usando câmeras semiautomáticas ou algumas marcas de GPS que não for-
necem tais variáveis), algumas informações relevantes ainda podem ser obtidas com as vari-
áveis de nível 1 e nível 2, mas apenas no contexto muito específico de exercícios altamente
padronizados (por exemplo, exercícios analíticos) (M Buchheit et al., 2013).
Em relação a carga interna, o cálculo do impulso de treinamento (TRIMP) diário e
semanal (intensidade x volume), assim como os índices de monotonia e tensão obtidos pelo
TRIMP, são ótimas opções para controlar a carga prescrita e realizada, assim como a varia-
bilidade e distribuição desta carga ao longo do tempo. Para isso, sugerimos a utilização do
método da PSE (CR-10 ou CR-100) (Fanchini et al., 2016; Foster et al., 2021; Foster et al.,
2001) e o método de Edwards (utilizando o tempo em cada zona da frequência cardíaca má-
xima) (Edwards, 1993). Especificamente no método da PSE, é importante que os jogadores
estejam familiarizados com as escalas e entendam a importância de uma resposta confiável
para que o processo de controle das cargas seja preciso e útil. Além disso, pode ser interes-
sante a utilização de ferramentais digitais para esse fim (por exemplo, a plataforma gratuita
G-Suite), evitando a influência dos colegas nas respostas e facilitando a dinâmica de coleta
diária, uma vez que no protocolo original recomenda-se a aplicação do método da PSE ~30
minutos após o treinamento ou competição.
Para além do controle diário das cargas de treinamento, é possível pensarmos na uti-
lização desses indicadores durante protocolos de avaliação em contexto de jogo, garantindo
em maior grau o princípio biológico da especificidade e o princípio pedagógico da represen-
tatividade. A partir dessa reflexão, um grupo de pesquisadores brasileiros propuseram a uti-
lização de um jogo reduzido no formato “Goleiro + 5 vs. 5 + Goleiro”(Gr+5vs.5+GR) para
jovens jogadores (sub-11 até sub-20) como indicador das demandas de corrida das partidas
oficiais (Aquino et al., 2019). Este jogo é realizado em contexto de treinamento e é composto
por 6 séries de 6 minutos com 90 segundos de recuperação ativa entre as séries (tempo total:
43 minutos e 30 segundos; tamanho do campo = 49 x 25 m). Durante o jogo todas a regras
oficiais são aplicadas, com exceção do impedimento e utilização de cartões.
13

Os autores verificaram fortes associações entre as distâncias percorridas em alta-ve-


locidade (> 60% da velocidade máxima atingida durante os jogos oficiais) durante o proto-
colo “Gr+5vs.5+GR” e as partidas oficiais. Além disso, este protocolo discriminou as dife-
rentes categorias de idade, de modo que o aumento das distâncias percorridas acompanhou o
avançar das categorias (sub-20 > sub-17 > sub-15 > sub-13 > sub-11).
Portanto, por se tratar de um protocolo de avaliação com tarefas que também podem
ser consideradas como um estímulo de treinamento, integrando aspectos tático-técnicos e
físicos, sua utilidade no campo profissional é facilitada em comparação aos testes físicos
tradicionais. Além disso, esse protocolo pode ser usado para sinalizar possíveis déficits na
aptidão aeróbia dos jogadores. Por exemplo, quando verificado que determinado jogador
apresenta valores muito baixos de distância total percorrida e distâncias em alta-velocidade
durante o protocolo, os treinadores podem submeter este jogador a testes físicos complemen-
tares (por exemplo, 30-15 Intermittent Fitness Test), sem ter que testar todos os jogadores.
Para que esta proposta seja um bom indicador de desempenho físico e possa ser uma
alternativa ou complemento nos períodos de avaliação de jovens jogadores, sugerimos 7 re-
comendações:
1) O incentivo consistente dos treinadores deve ser dado em todos os momentos durante o
protocolo “Goleiro + 5 vs. 5 + Goleiro”, pois isso pode melhorar a análise da reproduti-
bilidade.
2) Embora os jogos reduzidos sejam melhor padronizados do que os jogos oficiais (por
exemplo, menos dependentes de posição), recomendamos que os jogadores usem a for-
mação de equipe 1–2–2–1 (isto é, goleiro – zagueiro + lateral – meio-campista central +
meio-campista externo – atacante).
3) Nas comparações do desempenho físico entre dois ou mais momentos, as equipes devem
ser compostas pelos mesmos jogadores (por exemplo, teste: equipe A vs. equipe B; re-
teste: equipe A vs. equipe B).
4) Todas as regras oficiais devem aplicadas com exceção dos cartões (vermelho e amarelo)
e impedimento.
5) Os treinadores e cientistas do esporte devem formar equipes equilibradas em relação ao
nível de desempenho.
14

6) Os jogadores devem estar familiarizados com a estrutura de “Goleiro + 5 vs. 5 + Goleiro”


em suas rotinas de treinamento.
7) Durante a avaliação, os goleiros podem se envolver com o jogo, mas restrito a um tempo
máximo de 3 segundos com a posse de bola.

Recuperação
A tolerância do jogador a diferentes tipos de fadiga (periférica, central; muscular,
mental) e a capacidade de recuperar durante e após o exercício são as bases para a criação de
um perfil de recuperação (Kellmann et al., 2018). Cada jogador deve ter seu próprio perfil de
recuperação que serve de base para a criação de protocolos de recuperação personalizados
(Calleja-González et al., 2018). Por exemplo, há uma forte discussão na literatura sobre a real
eficácia de estratégias de recuperação usando a crioterapia (Hohenauer, Taeymans, Baeyens,
Clarys, & Clijsen, 2015) e a liberação miofascial (Wiewelhove et al., 2019). Especificamente
em relação a esta última, o conjunto de evidências até o momento mostra que este método
desempenha um papel importante na diminuição da percepção subjetiva da dor muscular. Ou
seja, está mais atrelado a um efeito psicológico do que fisiológico, uma vez que não foram
observadas grandes influências dessa estratégia nos indicadores físicos, como a velocidade,
força e flexibilidade.
Além disso, essas estratégias de recuperação podem ser mais responsivas para um
jogador e menos para outros. Isso reforça a necessidade do desenvolvimento de perfis de
recuperação e a implementação do processo de recuperação personalizados. Para isso, suge-
rimos considerar os seguintes itens:
1) Tolerância individual a diferentes tipos de fadiga (física e mental).
2) Dinâmica de recuperação durante o treinamento e competição.
3) Dinâmica de recuperação após o treinamento e competição.
4) Os meios e métodos mais adequados de recuperação durante e após o treinamento e
competição.
5) Aplicação de doses ideais dos meios e métodos de recuperação selecionados para cada
jogador.
15

Aspectos Psicológicos e Estilo de Vida


Aspectos psicológicos, motivacionais e o estilo de vida dos jogadores podem exercer
forte influência no desempenho em campo. São muitos os segmentos que compõem essas
facetas. Nesta seção, iremos abordar alguns que destacamos como fundamentais.
Estudos anteriores mostram que aspectos psicológicos, como traços de personalidade
e as qualidades das pessoas ao enfrentar a vida, têm impacto (in)direto na qualidade das de-
cisões (Samulski, 2009). Além disso, a motivação, que diz respeito à energia, direção, per-
sistência e equifinalidade, tem sido considerada um aspecto central no campo da psicologia,
por estar no cerne de questões biológicas, cognitivas e de regulação social (Ryan & Deci,
2000). Garantindo maior motivação, espera-se maior produção.
As ações dos jogadores no futebol, e na vida, são movidas por diversos fatores, com
experiências, oportunidades/informações, conhecimento e consequências altamente variadas.
Estudos clássicos mostram que ao comparar pessoas cuja motivação é autônoma (literal-
mente, de autoria própria ou intrínseca) e aqueles que são controlados apenas externamente
para uma ação (motivação extrínseca), normalmente revelam que os primeiros, em relação
aos últimos, têm mais interesse, entusiasmo e confiança, que por sua vez se manifestam com
desempenho aprimorado, persistência, criatividade, autoestima e bem-estar geral (E. L. Deci
& Ryan, 1991, 1995). Ou seja, as relações mútuas dos treinadores e jogadores devem pro-
porcionar, sempre que possível, motivações intrínsecas.
Apesar dos humanos serem liberalmente dotados de tendências motivacionais intrín-
secas, a manutenção e aprimoramento desta requer apoio. Diversas teorias e subteorias psi-
cológicas contribuem para isso, como por exemplo a teoria da autodeterminação (Ryan &
Deci, 2000) e da avaliação cognitiva (E. Deci & Ryan, 1985). Essas pesquisas mostram que
eventos sócio contextuais, tais como feedbacks construtivos/interrogativos, comunicações e
recompensas que conduzem a sentimentos de competência, acompanhada por um senso de
autonomia durante a ação, pode aumentar a motivação intrínseca. As relações interpessoais
com amigos, colegas, familiares, treinadores, entre outras pessoas também influenciam a ex-
pressão da motivação intrínseca, principalmente por meio do apoio. Além disso, pesquisas
em pedagogia do esporte contribuem, sobremaneira, na discussão de abordagens e modelos
de ensino e treinamento pautadas no jogo e centradas nos jogadores que potencializam a
16

motivação intrínseca (Côté, Erickson, & Abernethy, 2013; Machado et al., 2019; Scaglia,
Reverdito, Leonardo, & Lizana, 2013).
Contudo, com o avançar das categorias de formação, muito do que os jogadores fa-
zem não é, estritamente falando, intrinsicamente motivado. Portanto, a verdadeira questão
sobre as práticas motivadas não intrinsicamente é como os jogadores adquirem a motivação
para realizá-las e como essa motivação afeta a persistência, autonomia e bem-estar. Sempre
que uma pessoa (pai, treinador, amigo, fisioterapeuta, médico, etc.) tenta promover determi-
nadas ações com menor grau de autonomia por parte dos jogadores, essas ações podem variar
de uma “amotivação” (falta de percepção de competência, falta de valor, geralmente acom-
panhada de um baixo desempenho e bem-estar) para uma integração (congruência, síntese e
consistência das identificações, geralmente acompanhada por alto desempenho e bem-estar)
(Figura 2). Além disso, por meio do monitoramento diário utilizando o questionário exposto
na Figura 3, os treinadores poderão acompanhar os níveis de humor e estresse dos jogadores,
que podem estar estritamente relacionados com o estilo de vida, relações sociais, entre outros
fatores.
Em síntese, é necessário que os treinadores avaliem esse processo por meio de uma
reflexão crítica durante as sessões de treinamentos, e que contribuam para uma conscientiza-
ção dos familiares sobre a importância do contexto social que o jogador está inserido, flores-
cendo ambientes caracterizados por uma sensação de segurança e relacionamento saudável
(Ryan & Deci, 2000). Para isso, sugerimos:
1) Promover tarefas de treino representativas pautadas no jogo e ajustadas as características
individuais dos jogadores.
2) Criar ambientes que promovam uma motivação autônoma em detrimento de uma moti-
vação controlada.
3) Valorizar que os jogadores tenham uma vida, familiar, social, íntima e hobbies com di-
versão e entretenimento.
4) Promover constantemente a autoavaliação, incluindo aspectos inerentes à personalidade
(por exemplo, resiliência: veja o estudo de (Gonzalez, Moore, Newton, & Galli, 2016).
17

5) Realizar reuniões individuais/grupais/coletivas com os jogadores, objetivando potencia-


lizar as relações treinador-jogador, conhecer as individualidades cada um e estabelecer
relações afetuosas.
6) Envolver os jogadores nas decisões e não pressione o engajamento.
7) Estimular as habilidades de comunicação, foco, resiliência e controle emocional.
8) A atividade deve ser a própria recompensa para os jogadores.
9) Evitar linguagens de controle (“deve”, “tem que”, etc).
10) Estabelecer metas de curto, médio e longo prazo.
11) As comparações entre jogadores podem ser utilizadas com o objetivo de reflexão das
possibilidades e não para definição de “padrões” pré-determinados.

Figura 2. Continuum de autodeterminação para auxiliar a avaliação dos aspectos motivaci-


onais dos jogadores. Fonte: Adaptado de Ryan and Deci (2000).

O sono é outro componente relacionado ao estilo de vida que muitas vezes é negli-
genciado pelas comissões técnicas. Uma suficiente qualidade e quantidade de sono é consi-
derada vital para a recuperação, bem-estar e rendimento dos jogadores (Roberts, Teo, &
Warmington, 2019). Estudos mostram que um mínimo de 7-9 horas de sono por noite, com
ao menos 85% de eficiência (porcentagem do tempo total de sono), é recomendado para pro-
mover uma melhor saúde e função cognitiva (Ohayon et al., 2017; Panel et al., 2015). Além
18

disso, atletas que dormem menos de 7 horas por noite podem ter uma maior probabilidade
em obter lesões (Milewski et al., 2014; Roberts et al., 2019).
Alguns fatores podem afetar o sono dos jogadores, tais como o cronótipo (ritmo cir-
cadiano de um indivíduo), a carga de treinamento/jogo, o horário da prática do exercício
físico, luminosidade, alimentação prévia a hora de dormir, entre outros fatores (J. A. Costa
et al., 2019; J. A. Vitale et al., 2017). Por exemplo, um estudo realizado com a Seleção Na-
cional Portuguesa feminina, durante nove dias de um torneio internacional (Algarve Cup
2018), verificou uma redução significativa do tempo total e da eficiência do sono após o jogo
realizado à noite (19h00) em comparação com os restantes jogos realizados durante o dia
(15h00) (J. Costa et al., 2019).
Deste modo, é de fundamental importância o monitoramento dos hábitos e percepções
sobre o sono dos jogadores, por meio de medidas subjetivas e/ou objetivas. Dentre as variadas
formas de monitorizar objetivamente o sono (por exemplo, polissonografia), destaca-se a ac-
tigrafia, que usa acelerômetros inseridos em dispositivos portáteis para registar movimentos
que estimam a qualidade e a quantidade do sono por meio de algoritmos (Ancoli-Israel et al.,
2003). Também se recomenda os “diários do sono” para registrar a data e hora de início e
término do sono nos períodos noturno e diurno (sestas diárias) (Halson, 2019). Além disso,
um destaque tem sido reportado acerca da utilidade de ferramentas subjetivas que quantifi-
cam o sono e outros indicadores importantes para classificar o bem-estar dos jogadores, con-
forme exposto anteriormente na Figura 3 (Aquino & Gonçalves, 2019; McLean, Coutts,
Kelly, McGuigan, & Cormack, 2010). Recomendamos a utilização de ferramentais digitais
para esse fim, como por exemplo o formulário da plataforma G-Suite que está disponível
gratuitamente. Isso permitirá que os jogadores respondam esse formulário pelo celular e tam-
bém evitará a influência dos colegas nas respostas.
Por fim, uma boa higiene do sono é essencial para assegurar a qualidade e quantidade
de sono necessária. Sugerimos atenção aos 10 itens expostos abaixo (Costa, 2020; Halson,
2014; Nédélec et al., 2015; Stepanski & Wyatt, 2003; K. C. Vitale, Owens, Hopkins, &
Malhotra, 2019):
1) O quarto deve estar escuro e silencioso, com uma temperatura adequada (geralmente
entre 18-20 ⸰C).
19

2) Evitar ver televisão, utilizar tablets e celulares, pelo menos 1 hora antes de ir dormir.
3) Manter um horário regular para ir deitar e acordar, ou seja, criar uma rotina do sono.
4) Tirar “sestas” curtas (~30 min), evitando realizá-la ao final da tarde.
5) Realizar um lanche leve antes de dormir.
6) Evitar a ingestão de muitos líquidos antes de dormir, pois pode levar com que o sono
seja interrompido para idas ao banheiro.
7) Evitar a ingestão de café, álcool e nicotina.
8) Evitar exercícios físicos perto da hora de dormir.
9) Evitar tempos prolongados na cama.
10) Em vez de tentar cada vez mais adormecer durante uma noite ruim, ascender a luz e fazer
outra coisa pode ajudar a pessoa que se sente zangada, frustrada ou tensa por não conse-
guir dormir.

Figura 3. Questionário para medida subjetiva do estado de fadiga, recuperação, estresse, humor, dor muscular e sono
com escalas de 0 a 5 pontos (Aquino & Gonçalves, 2019; McLean et al., 2010).
5 4 3 2 1 Resultado

Muito descan- Mais cansado do


Fadiga Descansado Normal Sempre cansado
sado que o normal

Totalmente re-
Recuperação Recuperado Normal Pouca recuperação Nenhuma recuperação
cuperado

Sentindo-me es-
Níveis de estresse Muito relaxado Relaxado Normal Altamente estressado
tressado

Geralmente Menos interessado Irritado com os


Muito bem hu- Altamente irritado e para
Humor com bom hu- em outros e/ou ati- companheiros, fa-
morado baixo
mor vidades habituais miliares, colegas

5 4 3 2 1 Resultado Local da dor

Me sentindo Me sentindo
Dor muscular Normal Aumento de dor Muito dolorido
ótimo bem

5 4 3 2 1 Resultado Horas de Sono

Muito descan- Dificuldade em


Qualidade do sono Bom Sono agitado Insônia
sado adormecer
20

Saúde
O valor fundamental da vida humana é a saúde. No futebol, é comum os treinadores
e jogadores classificaram a saúde apenas como a ausência de doenças e lesões. Contudo, não
podemos desconsiderar as outras dimensões conceituais da saúde, como o aspecto psicosso-
cial e espiritual (Larson, 1996). Certamente, a ausência de jogadores devido a lesões e/ou
doenças afetam seriamente os resultados competitivos e bem estar dos jogadores (Hägglund
et al., 2013), sendo as lesões no aparelho locomotor as mais frequentes, como nos músculos,
ossos, tendões, fáscias e articulações (Ekstrand, Hägglund, & Waldén, 2011).
Além disso, é muito importante cuidar da imunidade dos jogadores e saúde respira-
tória/metabólica. Altos níveis de estresse competitivos, depressão, fadiga contínua dos trei-
nos, jogos e viagens comprometem o sistema imunológico dos jogadores, o que pode levar a
uma série de doenças (Keaney, Kilding, Merien, & Dulson, 2018). Portanto, a saúde mental
deve também ser considerada.
Devido a todo o exposto, é de fundamental importância criar um perfil de saúde de
cada jogador por meio do acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médicos, psicó-
logos, nutricionistas, fisioterapeutas, preparadores físicos, etc.). Esse perfil deve conter
(Jukic et al., 2021):
1) Histórico de lesões e doenças.
2) Déficits locomotores.
3) Déficits imunológicos e metabólicos.
4) Conhecimento sobre a frequência, riscos e mecanismos das lesões e doenças típicas e
mais comuns no futebol.
5) Protocolos e diretrizes personalizadas para prevenir e minimizar o risco de lesões, assim
como para tratá-las e possibilitar um retorno seguro para os treinamentos e jogos (“return
to play”).
21

Aspectos transversais as facetas do desempenho


O desempenho humano é influenciado por questões transversais que atravessam a
formação dos jogadores de futebol, tais como a idade, sexo, história e a cultura.

Idade e sexo
A idade e sexo são características imutáveis dos jogadores. Contudo, respeitar suas
especificidades pode, em grande medida, tornar o processo de avaliação e treinamento mais
seguro e eficaz (Balyi, Way, & Higgs, 2013; Lloyd & Oliver, 2012).
No Brasil, é evidente que as meninas e mulheres possuem menor oportunidades de
práticas do futebol em comparação aos meninos e homens. Em pleno século XXI, muitas
pessoas se surpreendem ao verem uma menina ou mulher jogando futebol. Embora seja uma
prática do cotidiano, são atos de resistência (Martins & Wenetz, 2020). A extensão do tema
sexo/gênero e esporte atinge esferas sociais, econômicas, políticas e biológicas (Gregg &
Gregg, 2017; Rubio & Simões, 1999) e torna essencial considerar isso no processo de avali-
ação e treinamento das jogadoras. Temos que entender as especificidades de cada sexo e
ajustar o processo de avaliação e treinamento as necessidades delas e deles. Também deve-
mos oportunizar para elas ambientes de prática, visibilidade e possibilidade de representação
social no esporte. Porém, com sentidos e significados que elas merecem, sem destacar aspec-
tos relacionados a sua aparência, mas sim, registrando seu protagonismo em forma de empo-
deramento por meio do esporte (Aquino & Vieira, 2021).
Em relação a idade, muito se discute sobre protocolos de avaliação e treinamento
mais adequados para cada faixa etária. Além disso, especialmente durante a adolescência, é
importante que os treinadores considerem dois aspectos: 1) a idade cronológica (data de nas-
cimento) e; 2) a idade biológica dos jogadores (por exemplo, estágio maturacional usando o
pico de velocidade de crescimento: Mirwald, Baxter-Jones, Bailey, and Beunen (2002); es-
tágios de Tanner: Tanner (1991).
O entendimento sobre o que é talento é outro aspecto importante que devemos consi-
derar quando tratamos do processo de avaliação e treinamento de jovens jogadores de dife-
rentes idades. Muitos treinadores pautados em uma visão de mundo inatista e mecanicista,
22

percorrem diversos locais do Brasil em busca de jogadores tidos como talentos inatos (as
“pedras preciosas”), acreditando que a melhor maneira de viabilizar os altos desempenhos é
escolhendo os melhores e rejeitando os menos bons.
Este ponto de vista gera várias consequências negativas no processo de avaliação e
formação de jovens jogadores, como a tendência de classificar como talentosos os jogadores
com maior tempo de exposição à prática, também conhecido como efeito da idade relativa
(Israel Teoldo & Cardoso, 2020).
Por exemplo, um jogador da categoria Sub-11 nascido em janeiro pertence a mesma
categoria de outro jogador nascido no mesmo ano, porém em dezembro. Ambos os jogadores
disputam as mesmas divisões, mas possuem ~11 meses de diferença de idade cronológica.
Isso pode impactar substancialmente na idade biológica dos jogadores e um possível favore-
cimento não só no aspecto físico, por parte do jogador nascido no início do ano, mas também
no acesso a oportunidades de formação e competição. Por fim, esta visão inatista gera uma
predisposição para não considerar o treino como processo principal de desenvolver e atuali-
zar o talento dos jogadores (Júlio Garganta, 2009).
Recomendamos uma reflexão crítica dos treinadores sobre o arcabouço teórico que
sustenta seu processo de organização, sistematização, aplicação e avaliação das atividades de
ensino e treinamento do futebol. Uma visão de mundo interacionista, considerando a natureza
complexa, dinâmica e sistêmica desse processo, favorecerá a formação global dos jogadores,
entendendo que as habilidades e competências requeridas para o futebol são, sobretudo,
aprendidas, e as condições ambientais e culturais favorecem ou inibem a desenvolvimento
de talentos.

História e Cultura
É no âmbito da cultura e da história que se definem as identidades sociais, as quais
constituem os sujeitos. Essas identidades têm o caráter fragmentado, instável, histórico e plu-
ral (Louro, 1999). No Brasil, destaca-se ainda a presença do futebol enquanto meio de trans-
missão ideológica e elemento cultural, tais como o carnaval, a arte, a religião, a música, entre
outros. Enquanto prática social, o futebol brasileiro se constitui num meio pelo qual os sujei-
tos expressam determinados sentimentos (Daolio, 1997).
23

Devemos considerar esses elementos quando pensamos o processo de avaliação e de-


senvolvimento de jogadores. Além disso, o engajamento pessoal nas atividades (jogos, brin-
cadeiras, exercícios, etc.), a qualidade das relações (interações com os treinadores, pais, co-
legas, adversários, etc.), os ambientes micro e macro em que as atividades e relacionamentos
estão acontecendo (por exemplo, campo, arena, clube, cidade, estado, país) e as mudanças ao
longo do tempo (idade, desenvolvimento, etc.) fazem com que todo esse processo de forma-
ção seja dinâmico (Bronfenbrenner, 1977).
Por exemplo, um estudo realizado no Brasil mostra que os jogadores nascidos em
cidades com taxa demográfica de até 10.000 habitantes e um Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) acima de 0,501, têm maior probabilidade de jogar no nível mais alto (Série
A) (Israel Teoldo & Cardoso, 2020). Esse efeito do local de nascimento também foi verifi-
cado em outros países, como EUA, Canadá, Austrália, Finlândia, entre outros. Além disso,
nesses últimos países também se verificou que a participação de jovens em programas espor-
tivos é maior em cidades pequenas. Por que isso ocorre?
Podemos levantar algumas hipóteses. Estudos mostram que nas idades infantis, am-
bientes com “poucas pessoas” aumentam o grau de envolvimento em diferentes papéis e pro-
movem maior engajamento e esforço pessoal (Barker, 1978). Além disso, a maior integração
do sistema esportivo com a família, escola e a comunidade favorece um ambiente positivo
de aprendizagem (NRCIM, 2002). Por fim, o próprio ambiente das cidades menores (ruas,
“campinhos”, etc.) por vezes pode favorecer a realização de uma diversidade de jogos
organizados pelos próprios sujeitos com a finalidade de satisfazer seus desejos em jogar
futebol (jogo deliberado) (Balish & Côté, 2014; Côté et al., 2013), entendido como um
improtante contexto de aprendizagem3.

3
De acordo com Côté et al. (2013), podemos entender esses contextos de aprendizagem da seguinte forma:
racional, caracterizado por atividades estritamente estruturadas e organizadas pelos treinadores na tentativa de
potencializar os níveis de performance dos seus jogadores (prática deliberada); emocional, caracterizado por
uma prática pautada no jogo, organizadas por um treinador, procurando motivar seus jogadores por meio da
utilização de uma diversidade de jogos (prática do jogo); informal, caracterizado por atividades organizadas
pelo próprio sujeito na busca da melhora de um componente especifico de desempenho (prática espontânea);
criativa, caracterizado por uma diversidade de jogos organizados pelos próprios sujeitos com a finalidade de
satisfazer seus desejos em jogar futebol (jogo deliberado).
24

Frente a isso, algumas questões norteadoras podem ajudar os treinadores a entende-


rem melhor alguns aspectos esportivos históricos e culturais dos jogadores, orientado todo o
processo de organização, sistematização, aplicação e avaliação (Jukic et al., 2021):
1) De que tipo de ambiente esportivo e cultura o jogador vem?
2) Por qual processo de treinamento o jogador passou durante sua carreira até agora? Quais
contextos de aprendizagem foram predominantes na sua iniciação esportiva?
3) Que tipo de processos de treinamento o jogador teve nos últimos meses?
4) Qual é a história competitiva do jogador?
5) Como podemos entender as experiências pessoais anteriores dos jogadores em diferentes
ambientes e culturas?

Considerações Finais
Os caminhos que levam ao desempenho no futebol requerem organização, sistemati-
zação, aplicação, avaliação de um conjunto de ideias e conceitos. Além disso, a paixão, resi-
liência, saúde, bem-estar, motivação, recuperação, engajamento, e uma série de outros fatores
são bases para atingir um desempenho global. Sua natureza, portanto, é complexa, dinâmica
e requer uma visão interacionista da vida. As sinergias entre essas facetas devem se integrar
para constituir uma unidade única que é o desempenho.
As bases conceituais apresentadas ao longo deste capítulo fornecem os subsídios teó-
ricos e práticos necessários para os treinadores criarem seu próprio modelo de avaliação do
desempenho, com base nas suas experiências, nos seus jogadores, o contexto e cultura que
estão inseridos. Por isso, mais importante do que dominar as diversas metodologias sobre
“como” analisar, é o entendimento do “o que”, “por que”, “onde” e “quando” devemos ob-
servar, analisar e interpretar o desempenho dos jogadores. Este processo não é fácil e requer
não só conhecimentos profissionais, mas também intra e interpessoais.

Agradecimentos
As agências de fomento, Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do
Torcedor (SNFDT), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP;
25

processos: 2014/16.164-5; 2017/12142-5; 2019/17729-0), Fundação de Amparo à Pesquisa


e Inovação do Espírito Santo (FAPES; processo: edital No 04/2020) e Coordenação de Aper-
feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES; código de financiamento 001), pelo au-
xílio financeiro nas pesquisas realizadas pelo nosso grupo. Aos membros do Grupo de Estu-
dos e Pesquisa em Ciência no Futebol da Universidade Federal do Espírito Santo (GE-
CIF/UFES) pelo apoio nos estudos apresentados pelos nosso grupo.

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