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NA PONTA DA LINGUA, 1. Estrangeirismas — guerras em torno da téngua Carlos Alberto Faraco [org.], 3" ed. 2, Lingua materna — letramento, variagio ¢ ensino “Marcos Bagno, Michael Stubbs &: Gilles Gagne, 3* ed 3. Historia concisa da tinglstica Barbara Weedwood, 4* ed. 4. Sociolingiistica — uma introduc critica Louis-Jean Calvet, 2° ed 5. Histéria coneisa da eserita Charles Higounet, 2° ed. 6, Para entender a lingitstica — epistemotogia clementar de uma disciplina Robert Mastin, 2* ed 7. Intradupdo aes estudos culturais Armand Mattelart, Erik Neveu 8. A pragmatica Frungoise Armengaud 9. Histéria concisa da semistica ‘Anne Hénault 10, Historia concisa da semintica Iréne Taruba-Moce UL. Lingiistica computacional — teoria & prética Gabriel de Avila Othero e Sérgio de Moura Menuzzi 12, Lingistia histirica — Uma introdugdo ao esto da his- tia das tnguas Carlos Alberto Rarnco 13. Lutar com palavras:coesio ¢ coeréncia Irandé Antunes Robert Martin para entender a LINGUISTICA epistemologia elementar de uma disciplina WEN ‘Traducao Marcos Bagno ‘Til rina: Compre a tingisique — Epstoopemeeie de pine Presses Universes de Fanos, 2002 ISBN: 213.052565-2 sez ‘artin, Rabest ar entonder a linge: epistemelaga element de tua dscitina / Robert Matin; tedugo Marcy Bago. — ‘Sto Paulo: Parola Eitri, 2003, = a pont da lingua 6) ISB 85-88456.087 1. Ling, L ‘Tio. Bago, Mazo, u te go, Maren, I, Si. cpp. 410 Dinstos neaenvanos & Paniwous EOrORIAL ‘04218-060 S40 Pauto, SP Fone: (11) 6014-aga2 Fru (113 6218-2696 tos tein, ov neces nema foecorn enstgioy oy row exciton Pandnts Erni one |50K: 65-00486-06-7 2 ReImPREssko:asosro 2008, (© Panfoots Ebon, 8 Pauto, uD oF 2008 SUMARIO Inrnopugdo. ns vireo 1: A uiNetistica DEScRITIVA.... 7 1, Que objetos coletar?... 17 2, One procedimentos descritivos? 31 3, Como estruturar a descrigdo?.. 44 Caniruio 2: A unacistica TERICA .. 51 1. Da lingstca descriva a Inga teoica 58 2, Teoria e fungao preditiva. 57 8, Teoria e fungao explicativa 65 Cariruo 8: A uinaiistica GERAL 5 1. As finalidades da lingiiistica geral . : 7s 0s uuniversais fancionais 3. 0s universais conceituais Cawtrovo 4: A MLoSoFIA Da tmycuacEs. 1, Sobre a natureza da linguagem 2. A linguagem ¢ a realidade wnevowene 112 3. A linguagem e a verdade.. san 120 4, A Tinguagem € 0 pensament0 semnennne 126 5, A linguagem ¢ 08 atos 132 Carirove 5: A uNctisrica misrénica 135 1, Justificativa da Hingiistica histérica ..... 138 2, Métodos da lingitstca histérica. 3. A explicagio historic... 143 147 Capéruto 6: A uinodismica APICADA ... 161 1. Da diditica terapia .. 161 2. O planejamento lingiistico 166 3. A lingiistica computacional... 172 181 185 189 INTRODUGAO ‘B uma obra bem modesta que se propde aqui nfo algum tipo de iniciagio a lingiistica (uma iniciagio se limita as questdes mais simples), me- ‘os ainda wm compéndio (um compéndio € feito 1m 08 que jé sabem): queriamos apresentar sim- plesmente, a quem pacer se interessar, sem reque- rer conhecimentas prévios, nas palavras de todo undo’, as finalidades que olingsta se coloca, os Lipos de questo que ele levanta (mesmo as mais Aifiovis)e 08 caminhos diversos que ele toma para (cazer algunas respostas, Em suma, tentaremos dar uma iia to justa quanto possivel de uma discipi nna complexa, de seus objtivos e de seus métodos. Jim termos eruditos, isso se chamaria uma “episte- ‘mologia da Lingistica”: a epistemologia diz.o que tuma eiéneia se propbe e de que maneira ela proce- . Mas aqui se trata de uma epistemologia“elemen- 7 No decotrer da obra, #o introdusias diversas noses, sempre eukdosmente dfinids, Redusidas ao minim, eas o- ‘kv ter depois reutizadas sem que se volte defini, mas 0 fide a ecole todas e permite faciinentereenconteddas, em ‘so de esquseimento om de div tar”, isto ¢, formulada na linguagem de todos, tio facil quanto possivel, ainda que busque ir tao longe ‘quanto o autor for eapaz de ir ‘No fundo, todos nds somos mais ou menos lin- silistas. Certamente, a competéncia na lingua ndo é suficiente: por mais que se domine uma lingua com excepcional sucesso (8 maneira de um grande escri- tor), por mais que se seja perfeitamente bilingtie, até mesmo plurilingiie (poliglota), nem por isso se é lingiista, O lingista ¢ aquele que possui um saber sobre as linguas ¢ sobre a fun¢ao da linguagem. No entanto, nossa atividade dria se parece freqiiente- ‘mente com a do Hingitista: quando abrimos um dicio- ndrio (um “dicionério de lingua”, exjos objetos sa0 as palavras e ndo as coisas as quis as palavras re- ‘metem, como nos “dicionérios enciclopédicos”) ou. ‘quando consultamos uma gramética. Que significa tal voedbnulo? Como exprimir tal coisa? Essa cons- trucdo sintética pode ser usada em portugués — ou. serd um decalque do inglés? Essas so questoes de ingiista, Nos todos também exereemos, ao falar, 0 que se chama de “controle epilingtistico”: nds vigia- ‘0s 15S8 mianeira de dizer as coisas, nos interro- gamos sobre a adequagio de nosso dizer aquilo que quetemos dizer. E wm milagre se se pode dizer; um milagre, por assim dizer; wma espécie de milagre. E na verdade um milagre! E wm verdadeiro milagre! Paradoxalmente, na verdadee verdadeivo significa aqui, justamente, que no é verdadeiramente um milagre, Se sinto a necessidade de autenticar 0 “mi- 8 rnougto Ingo” em questo, 6 porque a pertinéncia do voes- Inulo pode suscitar alguna diivida. Na verdade e ver- dladeiro sao aqui “epilingisticos” (nfo se do mes- ‘mo com uma pérola verdadeira, que se opde a wna pérola falsa, uma pérola artificial). Quantas vezes 0 tliseurso (0 que dizemos) néo é pontuado de incisas que apreciario sua adequacdo lingitistica: se posso tne exprimir assim, se couber a palavra...? & perfei- {amente, no cotidiano, um ponto de vista de lings lu. Ja nfo nos pronuneiamos sobre as eoisas, mas sobre as palavras que dizem as coisas. Quem nunca ‘cmpacou numa dificuldade lingiistica? A promtin- cin é [18] ou [ted] para o que se escreve tém?E (tél, mnonossilabo, porque o acento circunflexo € um mero recurso grifico para distinguir, na escrita, o verbo tio singalar (tem) do plural (tém), que devem apre- sent, na fala, a mesma prontincia. Bis uma questo de lingistica: a palavra ficou “opaca”, cla nfo remete ‘no mundo, mas a si mesma. Em todo tratamento Tingistico, seja ele operado por qualquer pessoa ou por aquele que se diz “ingQista”, o signo perde tran- sitoriamente sta “transparéncia”: ele para de reme- ter a outra coisa que nfo a si mesmo. E tio logo 0 signo seja tratado na opacidade, n6s nos colocamos ‘na posigao do Tingitista : ‘Alguns, mesmo assim, so mais “lingitistas” ‘que outros. Mas quem legitimamente pode se apre- sentar como “lingiista”? A questo é mais delicada do que se pensa, Aqui, como em outros lugares, 03 limites sio extremamente fluidos. Vamos mudar de 9 rasa moss A uncer dominio por um instante. O pianista é aquele que saber tocar piano. Tudo bem. Mas que competéncia € necesséria para que se possa dizer que alguém é pianista? Que saiba tocar, com um ou dois dedos, 0 Atireio pau no gate? E: muito pouco. Que possa dedi- thar Para Elisa (“minha vizinha 86 sabe tocar iss0...”)? Que produza uma sonata vagamente atr- uivel a Mozart? Que toque convenientemente duas ou trés sonatas, mais algumas outras, todo um pe- ‘queno repert6rio? Se a interpretagao é a do concer. tista, nenhuma devida possivel. Mas em que momen- to, precisamente, alguém pode se dizer “pianista”? ‘Como quem nio quer nada, levantamos af uma questdo eminentemente lingiiistica: que condigdes dovem ser satisfeitas para que uma denominacao se aplique? Percebemos que tais condigées formam. habitualmente conjuntos um tanto vagos. Devemos zos espantar, quando sabemos que a propria reali- dade tem quase sempre a aparéncia do continuo? ‘Veiamos 0 continuua das formas de vida (passa-se insensivelmente do mundo vegetal para o mundo animal); 0 continuuyn das idades bioligicas (em que momento 0 embriao se torna feto?); 0 continuum do espectro solar... A linguagem ope o dia e a noite. Mas em que momento faz dia? Impossivel dizer. As palavras se aplicam as coisas sem fronteiras preci. ‘88, porque as préprias coisas ndo as tém. Vejamos sinda o exemplo bem conhecido das aves: algumas aves so, se podemos dizer, mais “aves” que outras; © pardal é mais ave (mais tipicamente) do que agali 0 interop ih (que no voa), que é mais ave que o pingtiim (que : oe ea ace 0 omitélogo pode, sem jxar convenientementecritéris precisos para ‘a clase de vertebrados de que se acupa — ras a Hngua no procede assim. Dotada de uma es- pantosa maleabilidade sberta a todas as futuagbes ea {ovdasas metiforas (posso até mesmo dizer que agazela ‘um psssaro, pois ela corre tdo depressa que parece voar..) 2 Hinge se aplica as coisas com uma jrluosidade e uma invengéo estonteantes. “Na vetomun oo noo eta Hoist Nava impede de defini-o por meio de propriedades convencionalmente admitidas. Fagamos como para ‘os médicos. Afina, todos nés também somos mais mnos médicos; sabemos eurar em n6s mesmos toda sorte de pequenos males, ¢ 08 eonhecimentos :nédicos, como todos os conhecimentos, variam in- sivelmente de um individuo para outro. Mas convencionalmente chamamos de médico aquele que 6 titular de um diploma de medicina (de aleance cientifico tio desigual quanto se quiser, mas reco- nnhecido por uma instituicgo) ¢ que é inscrito no Conselho de Medicina. Na Franga, a profisso so beat mesmo se proteger magniicamente: os mi cos estrangeiros ao so médicos por lé, Deverto, niio € assim do lado dos lingiistas: nfo ha exereicio ileal da ingen! Muito pelo contro, Quanto nas amplamente angie for conbecida «pra ticada, maior o jubilo do lingtista, Mas ali tam! cexistem diplomas apropriados (inclusive o doutora- nw dhivida, olin rae auennen Anson do, as vezes bem mediocre, as veves de grande va- lor), Lingiiistas profissionais atuam nas universi- dades (onde a lingitistica 6 ensinada principalmen- te nos departamentos de linguas e de letras, ds vezes — powco demais — nos departamentos de informé- fica). Algumas empresas se voltam para a lingiistica aplicada — cujos objetivos veremos mais adiante. Em ‘suma, os lingitistas existem, mesmo que seja obriga- toriamente pelo artificio de uma convencdo, Este Hivinho foi produzido por um “lingiista” assim entendido, Quanto mais progredimos na Hin: Litistica, mais pereebemos nossas ignorancias: aqui como alhures, nunca se conhece mais do que uma infima parte das coisas. O que torna a lingiistica tao

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