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EFFIENT

EMENTA: AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO Tutela antecipada


parcialmente deferida Fornecimento gratuito de medicamento
necessário para o tratamento de enfermidades que acometem o
agravante Documentação que comprova a necessidade do uso dos
fármacos - Impossibilidade financeira do paciente Prescrição por
profissional idôneo Obrigação de fornecimento pelo SUS Garantia
constitucional (Art. 196 da CF) Competência do Município Presença
dos requisitos do art. 300, caput, do CPC Recurso provido.

Consoante a petição inicial da ação (fls. 21/34), o agravante é


portador de doença coronária, tendo sido submetido a angioplastia
com implantação de stent. Aduz que necessita dos medicamentos
Effient 10mg, Aspirina Prevent 100mg e Pantoprazol, para o seu
tratamento. Alega que não tem condições de custear os
medicamentos. A tutela antecipada foi concedida parcialmente,
apenas para determinar apenas o fornecimento do medicamento
Pantoprazol, sob o argumento de que não há provas de que o
medicamento Clopidogrel é ineficaz para o caso do recorrente.
Respeitada a posição adotada, outra é a solução que se impõe,
porque presentes os requisitos para o deferimento da antecipação
dos efeitos da tutela (art. 300, caput, do Código de Processo Civil).
Conforme ensina CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO (A Reforma do
Código de Processo Civil, Malheiros Editores, 2ª ed., pág. 143/145),
ainda sob a égide do Código de Processo Civil de 1973, a
antecipação da tutela, entre outros requisitos, deve estar fundada em
um juízo de probabilidade do direito alegado pelo autor:

“A primeira delas sugere o requisito do periculum in mora,


ordinariamente posto em relação à tutela cautelar. Reside no
“fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação” (art. 273,
inc. I). As realidades angustiosas que o processo revela impõem que
esse dano assim temido não se limite aos casos em que o direito
possa perder a possibilidade de realizar-se pois os riscos dessa
ordem são satisfatoriamente neutralizados pelas medidas cautelares.
É preciso levar em conta as necessidades do litigante, privado de
bem a que provavelmente tem direito e sendo impedido de obtê-lo
desde logo. A necessidade de servir-se do processo para obter a
satisfação de um direito não deve reverter a dano de quem não pode
ter o seu direito satisfeito senão mediante o processo (Chiovenda).
No juízo equilibrado a ser feito para evitar a transferência para o réu
dos problemas do autor, o juiz levará em conta o modo como a
medida poderá atingir a esfera de direitos daquele, porque não lhe é
lícito despir um santo para vestir outro. O grau de probabilidade de
existência do direito do autor há de influir nesse juízo certamente.”
(pág. 145).

A questão central que deve ser respondida diz respeito aos critérios a
serem adotados quando o jurisdicionado, ao ver recusado seu pedido
pela Administração (fls. 47), procura guarida junto ao Poder
Judiciário. Esta relatoria tem adotado a posição no sentido de que,
não obstante os pedidos sejam feitos em face da dramática urgência
do medicamento, deve o Judiciário acautelar-se no acolhimento do
pleito, sob pena de conceder remédio a quem pode adquiri-lo, ou
simplesmente por ser um medicamento suplementar, dispensável, ou
ainda importado em substituição a similares existentes no País,
quebrando assim o princípio legislativo do SUS de atendimento, em
primeiro lugar, da população mais carente.
No caso, o recorrente comprovou adequadamente a necessidade dos
medicamentos, prescritos por profissional idôneo, o que confirma a
sua necessidade e adequação (fls.43/44), não possuindo condições
de arcar com seus custos, pois é hipossuficiente, conforme a
declaração de pobreza digitalizada em fls. 36. Especificamente com
relação ao medicamento Effient, é certo que o profissional que
acompanha o caso do recorrente justificou adequadamente a opção
por seu uso, em detrimento do Clopidogrel, fornecido pela rede
municipal de saúde, pois, segundo estudos, é mais eficaz à
prevenção da trombose que acomete pacientes portadores de stent.
Deste modo, não cabe ao Judiciário questionar a adequação de
receita emitida por profissional médico que confirma e justifica sua
necessidade. TJSP - AgIn 2077393-11.2016.8.26.0000 - 6ª Câmara
de Direito Público - j. 1/8/2016 - julgado por Reinaldo Miluzzi - Área do
Direito: Civil; Processual

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