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caP{TULO It O ESPAGO Acahamos de teconhecer que aandlise nfo tem odiret ‘de pr, como momento idealmente separdvel, uma matéria do feonhecimento,e que essa matéia, no momento em que a re" lizamos por um ato expresso de reflesdo, jf se relaciona 20 mundo. A rellexio no refaz em sentido inverso um caminho |i percorride pela conatituigt, ea referéncia natural da ma téria aq mundo nos conduz a mma nova concepgio da inten- cionalidade, j& que a concepaio clvsiea', que trata & expe riéncia do mundo coma um ato pure da consciéncia consti- tuinte, s6 consegue fazi-lo na exata medida em que define ‘a consciéncia como nio-ser absolute e, correlativamente,re= fale os contesidos em ma “eamadahilética” que € ser opa~ fo, Agora, & precio apraximar-se mais dirtamente dessa nova ‘ntencionaligade, examinando a nose simétrica de uma for~ ima da percepsio e, particularmente, 2 ngio de espaga, Kant tentou tragar uina linha de demarcasio rigorosa entre 0 es ppago enquanta forma da experincia externa e as eaisas da Gas ness experiéneia. No se ata, bem entendido, de uma relagdo de continente a contedido, que essa relago 36 exis- teentre objetos, nem mesmo de tim relagie de inclusio 1é- sien, como a que existe entre 0 individuo e a classe, j€ que 228 FENOMENOLOGIA D4 PeRcERe.O «espace € anterior 2 uae pretenss pares, que emp so rsrortdas nel O espacio #0 abet Gea oelegn) tr qe aise npoe, mas o mel pela gals pon dave itor iQ der crag nage lo come uma exp de ter mo gua oda a cos meages tha, ou de eoncebélomtarente soma ease ee thes sia como, devemes pens comoa pants un sal de sus eonendes,Portano, ou eu na slit eve hea Cotas e considera vaguneneoespega ora ono vamoens ds oss, ra come su atbarg emu, ov ene swe £, teem oespago em us font, pono sual ses gue ei sa cam ptare, pce ena us sa ‘tem por um sujet que ay trace ea spat, pando aso cipaciainado so capaga cpacilizante, No primero 29, meu corpo e as ean, sat lage cnet segue ako obaxo, aria ea cnjverds proxinacodiees t= podem aparcer-me com oma malice eel so segundo cas, descr nme capac Ge sin valde tras oepage. No pricy cata lide como capee Aico, com sus reid direntementequaleada iy oy undo, ldo com o espago geoméco cues dimensts san substitutes, tenho a epacindndehomngtncne tonne posto pelo menos pensar ua pura mudanga de gt fet tio modifcara om aa om or emg oe poe ‘cn, sina da stand jets em teu conten roter © Sah come esa dt ae cmbaat no plo eps prin saber cent, nas eoncepyden Mader te snes Gostacfamos de cnfonta nq ndo com on itonenag téenics que a en moderna se dew, mam co none eae Stncn do espa, dio natn eps open Ren, de todos os conecimentos refereed capa, Seo ss de que estamos cite de slteratva, ou de yer coe no spac on ent se née efleines, ese eens ater © ae snfcam nose prprieenpvincion) depo o re ome remcenve ma espag come ose indvisvel dos ato de igago que un ‘apt ensuntectena? Aspen do espaol anda sus unidode por una sinese dui expt ncramen ch se sci cia por exemple, nseaexpertnea do “alo” ¢ do “ak a sss cnt ac ela so uns pris isis pre Sho que ns vemos pa guts eseeptonal, em que thas singe raga aos nos lon, por ewe 80 sos de vib sem invert eins, Se ofa um plete ter Seals que viram prs bai at imagens etnang, Pr Imirament a pig inti parece eal iver; no srpundo dn deepens psrecprio nora conga at Fetal, entayia de ue 0 pit tom o sentimente Gk que se propio corpo etd inertia, No dcorer de tina segunda ie de cnperinciar, que dara to da, pr tncamente o abjtos parece invertor, mas meno ital tloque da primeira ve, No wegunco dis paagen nex tf nals inveria, as 6 9 corp que & seta em posgio ting Do eon in iy oP ara eaten e ein parce et on piso ora 2 rede quando parent ex ativo, Quando cleat exon ‘id mel em nsf, 0 eopo nda se apresenta sobre ound do aso espace, para pares inv do coe povsitofimdnenperencia dict exqurda conserve "Sins angi, Onan tim ada ver mai Oaspeio dala Deseo quit da, os geo, que Primciranente se dexavio enganar plo novo mad dev Sloe que preenvam er corigios evan em conta as Serotoisua, cama stn sre para un meta As no Yes apardnls visu, que wo iii cstavam alas sre tim fundo de esago atgo, evolves de um Borzote triemtad come san, primetraments (crested) 20 pre 330 PENOMENOLOGIA D4 PERCEREAO fe um esforgo consciemte, em seguida(sétimo dia) sem ne- nhum esforco. No sétio dias localizagao clos sons € corre- {se 0 objeto sonore ¢ visto ao mesmo tempo em que é ouvi- fo, Fla permanece incerta, com dupla wepresentagdo, ou mes ‘mo incorreta, se 0 objeto sonara tifo apareee no campo sual, No final da experineia, quando se retiam os Beulos, 8s objetos parecem sem clivida nao invertidos, mas “bizar. os", ¢ns feagdes motoras estio invertidas: opaciente esters dea mio dircita quando seria preciso estender a caquerda, Primeiramente o psieslogo é tentada a dizer! que, depais da «olocagio dos dculos, o mund visual é dado ao sujet came tamente como se tivessegirada a 180° e, cnseientemcte, ex: ‘éinvertido para ele, Assim como as ilustrades de in Livro os parecem ais avessas se por diversio 0 puseram ‘de cabe- 2 para baixo” enquanto olhdvamos para out lado, a mas. sa de sensagdes que consttuem 0 panorama foi revirada, tam bbém ela posta de ‘eabeca para bixo”. Durante eae perion do, essa cutra massa de sensagdes que & o mundo tl per ‘manecet direta"; ela na pode mais coincidireom o mun do visual e, particularmente, 0 sujeta tem das represeatagbes {inconcilivets de sew corpo, uma que Ihe € daa por suas cn sages tes © pelas‘“imagens vieuais”” que ele pide conser- var do pesfodo anterior & experiéncia, outra sendo a da vie so presente, que te mostra seu eorpo ‘de peenas pata ar” Este conilte de imagens 46 pode terminar se uma das dus antagonistas desaparece. Saber cara uma situagao normal Se restabelece redunda ento em saber como a nova imager ‘do mundo ¢ do compo préprio pad “empalidecer" ou es. locar’* a outra. Observacse que ela consegue tanto melhor quanto mais ativo €0 sujeitoe, por exemplo, a parti do se- undo dia, quando ele lava as mfos?, Sera entio a experiéne ia do movimento controlado pela via que ensinaria 6 i. sito a harmonizar os dados visuais eos dads titel: cle per. ‘eberia, por exemplo, que 0 movimento necessario para al- ‘o.MuNDo PeRcEAIDO 381 cangar suas pemas, ¢ que até aqui era um movimenta para ‘Spa, no novo capticlo visual € representa pr um movimento em direglo aqui que antes era 0 “alto”. Cot sideraces dsse g2nero permitiriam em primeira lugar cor Fig os gestos nadapeados, oranda os dads vsuns por sine pesigns deta, tradsindoon na ingwagem do ant ge espgo, Os dados visu, uma ve trades “habia, Criariam “associagdes™estveis entre as dieses antigas © as novas, que Finalmente uprimisiam as prmeias em bene iio das segundas, preponderantes porqus frnecidas pla vi so, “alto” do campo visual, cm que primeiramente as pernasaparecem, tend sido fregientementeideniicado com Aquilo que para o tao &0 “baixo™, em breve 0 sujeitonB0 precisa mais da mediagao de wn movimento contolado para patsar de um sistema to outro, uae pernascomegam resi dlr naquil que ele denomninava 0 alto” do campo visual, dle no apenas us al, mus ainda as “sent al ef nalmeate quo que antigamnente ina vido 9 ‘alto do cam po vil coma da Gk impeso mio emer uela que pertencia a0 baixa e vice-versa! No momenta cinco tees so tus a ego do ‘carapo visual em que aparecam os pés do sujeto delta de definirse como “o alto. Essa desighagio volta & regio em ‘que aparece a eabega; a dos pés vole a sero balsa Mas essa imerpretacko ¢ inintligivel. Bxplicarse a ine ‘versio da pisager, depois retro vio norm, spon dla que oalieobaix se confondeme vaiam com adres, apazente da eabega e des pés dads manage, qe eles ex30, por assim diet, indicados no campo sendoral pela cate io eetva das sensagbes. Mas em caso algun — sano in Cio da expericia, quando o mundo est “invertido”, ja no final daexpericia, quando eles “prota” — a.orien- taco do campo pode sr dada pl cones qual spare cem, eabeca e pés. ois, para poder dla ao campo, seria 332 PexoueNozocu ba pencercio preciso que esses contedidostivessem cles mesmos uma (io. Em si “invertido”, em si “direito” evidememente nia sigoificam nada, Responder-se-&: apés a imposigla dos écu= os, o campo visual parece invert em relago ao eampo tit corporal ou em relagio ao eampo visual habitual, dos quais dizemos, por definigia nominal, que s8o “direitos”. Mas 8 ‘mesma questio se apresenta a propésito desses campos-refe- sncia: sua simples presenca nio basta para proporcionar wma direcdo, qualquer que ela seja. Nas coisas, bastam dois pon tes para definir uma directo. Todavia, nés nfo estamos nas coisas, ainda $6 temos campos sensorais que aii so aglo= smerados de sensaiespostosdiante de ns, ora “a eaboca para ‘oato", ora “a cabega para baixo”, mas sistemas dle apart cas euja orientagio varia no decarrer da experiéncia, mer- ‘mo sem nenhuma mudanca na constelagso dos estinlar, © tuata-sejustamente de saber que se passa quande esas apa nia Mutuantes repentinamente se ancoram e se scuasn do ponto de vista do "lta" edo “*baixo", seja no infcia da ex- periéneia, quando o campo tel-eorporal parece 'dreito”” © ‘9 earpo visual “inverido", sea na seqiéneia, quando a pri- imeiro se inverte enquanta o segundo se aprumna, sea enfim ta termo da experiéncia, quando ambos estio quase “dire "Nao se pode considerar © mundo e a espago orientado como dados com as conteidos da experincia sensvel ou com 0 corpo em si, jf que a experiéncia mostra justamente que ‘0s mesmios conteclos podem estar oriestadosalternadamen- teem uma diego ou na outra, e que as relagBes objetivas, registradas na retina pela posigdo da imagem fisca, nfo de- terminam nossa experiéncia do “allo ¢ do “balsa”; trata se precisamente de saber como um objeto pode parecer-nos “gireito"” ou “invertido’', e-0 que querem dizer estas pala as. A questo no se imp apenas & um pscologa emp Tinta, que tata a percepeo do expage como a recepgio em rns de um espaco real, a arientagio fenomenal dos objetos| OMwNDO rencemio 333 como um relexo de sua orientacio no mundo, mas também se impde a uma psicologia intelectualista, para a qual od reito” eo “invertido” sia relagSes e dapendem dos referer ais @ que nos repartamos. Como oeixa de coordenalases- calhido, qualquer que sea, novamente s8 esti stuada no es ‘avo por suas rolagSes a um outro relerencial, e assim por lite, a determinago do lugar do mondo € indeGinidaren tedifericia, 0 “alto” €0 “*baixo” perdem todo sentido deter- iminével, a menos que, por uma eontradigle impossivel, se reconbiega a eertos eontetidos o poder de se instalasein a si -mestnos no espago, @ que leva ao empirisme e x suns difcul- dades. £ cil mostrar que wma diregio sé pode existe paca tum sujeto que a traga, e um esphio eonstituinte tem em nnentemente 0 poder de tragar todas a8 disegdes no espaco, ‘mas atualmente ele no tem nenhuma ditegEa e, por conse: juinte, neahum espago, ns falta de um ponto de partida efe- tivo, de um aqui absolute que possa, pouce a poi, dar urn sentido a todas as determinagSes do espago, O intelectualis: ‘mo, tanto quanto o empirismo, permmanece aquém do pro- blema do espaco orientado, parque ele nfo pode nem mesma caloear a questio. Com o empirismo, tatava-se de saber co- ‘mo a imagem do mundo que, em si, estéinvertida pode a prumar-se para mim. O intelectwalismo na pode nem mes- mo admit que a imagem do mundo este invertida apés a imposigio dos Geules. Pois para um espfrito constituinte no ‘hd nada que distinga as duas experiéncias antes © depois da Jmposigdo dos éeulos, ou, ainda, nada que torae incompat veis a experiéneia visual do corpo ““invertido” « a experién- cia til do corpo “direito™, jd que ele nda considera o espe~ culo depart alguna e jd que todas as relages objetivas entre © corpo ¢ a circunvizinhanca esto conservadas no novo es peticule. Vé-se entfo a questio: de hom grado o empiristo se concederia, com a orientacKo efetiva de minha experin- cia corporal, este ponte fixa de que precisamos se queremos 336 FENOMENOLOGHA D4 PERCEREO ‘compreender que para nds existam dizesSes — mas a expe- vitncia assim como a rellexdo, mostra que nenhum eonted- do é por si orientado. O inteleetuaisma parte dessa rlativi- dade do alto edo baixo, mas nio pode sar dela para dar conta ‘de uma percepgio eetiva do espago, Portanto, nto podemos ccompreender a experincia do espago nem pela consiceraeo dos contetidos, nem pela consideragio de uma atividade rade lgagio,¢ estamos em prescnga desta tereeira espa dade que iit pouco previamos, que no € nem a das coisas no espago, nem a do espago espacializante e que, desse mo~ do, escapa & andlise kantians e¢ pressupasta por ela, Prec ssamos de uin absoluto no relative, de um espago que no es ‘corvegue nas aparéneias, que se ancore nelas exe faca soli rio a elas, mas que, todavia, nio sja dado com elas & mane ‘2 realistae posta, come mostra a experiéncia de Stratton, sobreviver 8 subversio das aparéncias. Precisamos investi- {gar a experiéncia originéria do eapaga para aqui da distn= ‘io entre a forma e 0 contetdo, Se se dispde para gue um sujeto #8 vaja quarto onde se encontra por intermédia de um espelho que a relita ince nnando-o a 45° em relagio A vertical, primeiramente o sujelto vo quarto “obliquo’’. Um homem que ali se desoca pare= ce caminhar inclinado pars o lade, Um pedago de papelio aque cai av longo da guarnigio da porta parece eair segundo Uma diregio obtiqua. O conjunte & “estranho". Apés alguns ‘minutos, intervém uma mudanga brusea: as paredes, 0 hor ‘mem que se desloca no e6modo, a diregio de queda do pa pello tornam-s vertiais!. Rasa experiéneia, andloga a de Stratton, tem a vantagem de pér em evidéncia uma redisti- buigio instantdnea do alto e do baixo, sem nenhua explo- ragio motora. Jé sabfamos que nio hi nenitum sentido em dizer que a imagem obligua (ow invertida)teaz consigo wma nova localizago do alto € do baixo, da qual terfamos conhe= cimento pela explorasio motors do nova expeticulo, Mas ve~ (0 MUNDO PeRCEBIDO 335 ‘mos agora que essa exploragaio no Gnem mesmo necesséria que, conseqiientemente, a arientasko é constituida por um ato global do sujeito perceptive, Digamos que, antes da ex- periéncia, a pereepoo admitin um certo nite! espacial em re- lagio ao qual o especiculo experimental primeiramnente par recia oblique e que, no decorrer da experiéncia, esse espeti- culo induz um outro nivel em relagio ao qual a conjunto do ‘campo visual pode novamente parecer direito. Tudo se pase 3 como se certs abjetos (as patedes, as portas¢ 0 corpo do hhomem no quarto), determinados como obliquos em relacto ‘um nivel dado, pretendessem fornecer por sas ditesdes pri vilegiadas, strafsem para si a vertical, desempenassem o papel de “pontos de ancoragern"™ e finestern 0 nivel prece: dle B See continus a aclerarou a dimen cadet, { movimento earoboctpien termine torae das ras Ituldnas on das ago ceo, Poreat, apreepto dhs ponies cad na undo nvr da poerpeo do ovine to, Podewe até mesmo mostrar que o movinento munca € 2 ccupagio sucessva, por um mb de todas ts poset 8 feadas entree ds extemon, See utzam para mov Inenoextboscpieo figuras cosas o Braves sabe wn fando ng, em neakum momento 0 copazo ne qual tende o movimento €luminado ou colorido por de. So, ow treas poses eatemas A eB ae ntereala un bastncteC, tin nenhurn momento o basionete€ completa pelo movi ‘neato qu pasa i), No sete uma" pasagem do oe 368 FeNoueNOLOGH pa PeRcEEEIO s0"", mas wma pura “passagem”. Se se opera com wn tae ‘quistosepo, lieqdentementeosujeitopereebe umn raovimenta sem poder dizer de que existe movimiento, Quando se tata de movimentos reais, a situagio no ¢ diferente: se bservo ‘penis que desearregan tm catninho langando tijolos um Para 0 outro, vejo@ brago do operisio em sua posicao inicial ‘© em sua posicfo final, alo 0 vejo em nenhuma posicao in termediéria,¢ todavia tenho wina percepgao viva de seu mo- viento. Se passo rapddamente um lépis diate de wma for tha de papet na qual marquei um ponto de referéneia, em ‘oenfiu momento tenho cansei@ncia de que 0 kipis se encon- tra acima do ponto de releréncia, nfo vejo nenhuuma das po sigGes imermedidrias e todavia tenlo a experiéneia do movi mento. Reeiprocamente se diminuo 0 mevimento e consigo info perder olépis de vista, neste momento mesmo aimpres- io de movimento desaparece"*. O movimento desaparece ‘ho momento mesmo em que é 9 mais canforme & definicio que dele dé o pensamento objetivo. Assim, podemese obter fendmenos em que o mdb s6 aparece apreendido no movi- mento. Para ele, mover-se ndo € passar alternadamente por lumi série indefiniia de posiges, ele 96 & dado comecando, prosseguindo ou terminando sew movimenta, Conseqitente- ‘mente, mesmo nos casos em que o mel € visivel, © movi= ‘mento nfo é2 seu respeita uma denominagio extringea, uma io entre ele € 0 exterior, e poderemios ter movimenos sem referencia. De fa, se projetamas a imagem consecuti+ vvade um movimiento em un campa hamoggneo, sem nenhum objeto e sem nenhium conterno, o movimento toma posse de todo 0 espago, & todo o campo visual que se move, como na feira em Gasa Mal-Asnombrada. Se projetamos na tela a ps- imagem de uma espiral girando em torno de seu centro, na auséncia de qualquer quale fixo, & 0 prprio espago que vi bbrae se dilata do centro & periferia™, Enfim, coma 0 mov ‘mento nio & mais um sistema de relagies exteriores a0 pr 2 apo PEncentve 365 prio mébil, agora nada nos impede de reconhecer mavimmen- tus absolutes, como a percepgia eletivamente os dia nds & cada momenta ‘Mas sempre se pode opor a essa descrigzo que ela ‘quer dizer nada. O psicslogo recusa a andlise raconal do’ mo- vYimento e, quando the fazem ver que todo movimento, para ser movimento, deve ser movimento de algo, ele responde que “igo no esta fundado na descrigo psieoldgiea"”. Mas, se € um movimento que o psicéloge descreve, & preciso que ele seja reportado a um algo de id2ntien que se move, Se pono ‘meu relfgio na mesa de meu quarto ¢ repentinamente ele de saparece para reaparecer alguns instantes depois na miesa do quarta vizinho, nfo diret que houve movimento™, s6 hi mor ‘vimento se as posghes intermedirias foram eleivamente oct padas pelo reldgio. O psicélogo pode mastrar que o movi= ‘mento estroboseépico se produ sem ena intermedi en tne as posigdes extremas, ¢ mesmo que o trago luminoso A, nfo viaja no espago que o separa de B, que nenbuma luz € percebida entre A'e B durante o movimento estraboscépico, «cenfim que no vejo 0 lépis ou 0 brago do aperirio entze as ‘duas posigGes extremas; todavia 6 preciso, ce uma maneira fou deoutra, que 0 mébil tenia estade presente em cada pon to do trajeto para que © movimento aparega, e, se ele nia est presente sensivelmente ali, € porque ele € pensado ali. Ocorre como movimente come com a transformagi:quan~ do digo que o faquir transforma um ovo em lengo, o que © migieo se transforma em um pissaro no teto de seu palicio, nfo quero dizer apenas que um objeto ow um ser lesapareceu e foi instantaneamente substtwida por um ott two. E preciso haver uma relago interna entre aquilo que se aniquilac aquilo que nasce; & preciso que um e outro sejam suas manifestagdes ou das aparigdes, duns etapas de ue met ‘mo algo que alternadamente se apresenta tob essus duas formas'?. Da mesma maneira, & preciso que a chegada do 365 PENOMENOLOGLA D4 PERCEREAO ‘movimento a um ponto seja uma e « mesma coisa que sua partida da ponto “contiguo",e isso a6 ovorre se existe um :mbil que, de um $6 golpe, abandana urn ponte e oeupa um outro. "Um algo que € apreenclide come circu deixaria de valer para nds como Ia como onto fx exer obarco em movimento, Eatio dainoe roo lg? De frm agua, psec qe © ‘movimento € um ferneno de entrutura nia 6 zr que ee rte”. Arlo mult parr que € consttvn o movment no en nr eer, eons 800 psclago ni ivoca ea detaove mute melhor quewlgieo, A ata ‘esa sob nota cow ve conserva or os ses am tals, c€ otra que se nave se oltames cata, Neco. fade, ene doi posts Tunome, ua inl ¢ our om Imoviment, aqucle gue Rsamoe com os olhos parse em Imovment® A nuvern Ya aca do compantro eo acho isis pt a an gu non (camaro ea ataver do ta pont desea sobre Um Sach liven campru spot a tana © je dé awina parte do enmpo valor dem, 3m ira fae vir emis és nc pe ul etecomes nates elaiea com clas poo ato do ober, A peda vou po 2, oque sigan ca pales vento que aos barns talaga caneorad norm, € sad pla peda por tsi cae, pox sus Ancor? A rg do mobil a eu Fano pss por noun corpo, Coma conser era eg di corpo? De one powéon qu lage ds cios com ‘Xe pom determine como inves ou como em repens to? Nott corp nde ¢ um objeto endo preci ee neo determina ob asec do reponsa eda movment? Fre ant PewoweNotocis o4 PeRCEReIO dilentememte se diz que, no movimento dos alhos, 08 objetos permanccem iméveis para nés porque levamas em conta o rento do elho e porque, encontrando-o exatamente 308 pela imo- bilidade dos objetos. De fat, se na temos cansifneta do des Jocamento do olho, como no mevimento pastiva, e objeto par rece mover-se; se, como na paresia dos mgculos Geulo- motores, temo a iso de um movimento do alho sem que a relagio dos abjetos no nosso olho parega mudar, acreitar ‘mes ver um movimento do objeto. Primeiramente parece que a relagdo do objeto 20 nosso olho, tal cama ela se insereve na retina, sendo dacla& eonscincia n6s obterfamos por sub tragdo 0 repouso ou 0 grau de movimento dos objetos, fazen- do entrar em consideracdo © deslocamento ato respaisa de nosso oho. Na realidade, essa anslise 6 inteiraniente artf- ial e propria para esconder-nos a verdadeira relagfo do cor- po ao espeticule. Quando transporte meu alhar de um obje- oa outro, nfo tenho nenbuma eonscigneia de meu alho en ‘quanto objeto, enquanto globo suspenso.na ébita, de seu des- lacamento ow de seu repouso no espago objetiva, nem do que result dso na retina. Os elementos do supostoedlulo no ime sio datos. A imobilidade da coisa nfo & deduzida do ato do olhar, ela € rigorosamente simultinen; 0s dois fendmenos envolvem-se um ao gutra: eles nfo sia dais elementos de wina somnaalgébrica, mas dois mementos de wma onganizagia que fsengioba. Para mim, meu olha é una certa poréncia de al- ‘cangar as coisas, nfo uma tela onde elas se projetam. A rela- fo entre meu olhe © 0 objeto nio me & dada sob x forma

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