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MUNDO ATUAL – TEMA


OPCIONAL

Violência no Desporto

Manual de Formação

Stéphanie da Silva Trindade

trindade.stephanie.91@gmail.com

Doc.06.02.v1 1
FICHA TÉCNICA

Objetivos e Condições de Utilização

O/A formando/a deverá complementar os conhecimentos alcançados durante a formação com


a leitura do presente Manual.
Contém todos os temas abordados durante o módulo, devendo ser uma base ao estudo a
desenvolver pelo/a formando/a, bem como um reforço aos saberes adquiridos no decorrer da
formação.
O estudo do presente Manual não revoga que o/a formando/a não aprofunde os seus
conhecimentos, através da consulta da bibliografia recomendada e/ou de outros que entenda
ser proveitosos.

Conteúdos:

Conceito de violência

Tipos de violência

Violência no desporto: atletas, claques, pais, encarregados de educação, entre outros

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Índice

Violência ........................................................................................................................................ 5

Tipos de violência .......................................................................................................................... 5

Violência física ........................................................................................................................... 5

Violência psicológica ................................................................................................................. 5

Violência sexual ......................................................................................................................... 6

Abandono .................................................................................................................................. 6

Violência económica ................................................................................................................. 6

Violência doméstica .................................................................................................................. 7

Como a violência afeta a pessoa ................................................................................................... 7

Consequências físicas ................................................................................................................ 7

Consequências psicológicas ...................................................................................................... 8

Violência no desporto ................................................................................................................... 9

Combate à violência no desporto ............................................................................................... 10

Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho ............................................................................................... 10

Conclusão .................................................................................................................................... 13

Fontes Bibliográficas: .................................................................................................................. 14

Doc.06.02.v1 3
Índice de Figuras

Figura 1 - Contacto da Linha de Apoio à Vítima. ........................................................................... 8

Figura 2 - Violência ZERO. ............................................................................................................. 9

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Violência

A Organização Mundial da Saúde definiu violência como “o uso intencional de força


física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo
ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento,
morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação”.

Tipos de violência

A violência contra as pessoas pode ter várias formas, onde podemos destacar a
violência física, violência psicológica, violência sexual, abandono, violência económica e
violência doméstica.

Violência física

Representa qualquer comportamento que implique agressão física, onde temos o


exemplo de crimes de ofensa à integridade física, maus tratos, sequestro e intervenções.

Dentro dos possíveis sinais de violência física temos:

 Lesões sem explicação como feridas, arranhões, nódoas negras ou cicatrizes recentes;

 Fraturas ósseas ou rutura de ligamentos;

 Lentes ou armação dos oculos partidas;

 Sinais de ter sido amarado.

Violência psicológica

Representa a provocação intencional na pessoa dor, angústia através de ameaças,


humilhações ou intimidação de forma verbal ou não verbal, como por exemplo, insultos,
ameaças, humilhação, intimidação, isolamento social, proibição de atividades.

Dentro dos possíveis sinais de violência psicológica temos:

 A pessoa encontrar-se emocionalmente perturbada;

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 Aparentar isolamento;
 Insónias;
 Medo das outras pessoas;
 Depressão não habitual;
 Recusa inexplicável em participar nas atividades;
 Ameaças por parte da família.

Violência sexual

Trata-se de uma violência onde o agressor abusa do poder que tem sobre a vítima para
obter gratificação sexual, sem o seu consentimento, sendo induzida ou obrigada a práticas
sexuais com ou sem violência.

Dentro dos possíveis sinais de violência sexual temos:

 Nódoas negras nos seios ou genitais;

 Hemorragia genital ou anal sem explicação;

 Roupa interior rasgada, manchada ou com sangue.

Abandono

Representa o ato de omissão de auxílio do responsável pela pessoa em providenciar as


necessidades básicas necessárias à sua sobrevivência.

Dentro dos possíveis sinais de abandono temos:

 Perda de peso, má nutrição, desidratação;

 Falta de condições de higiene;


 Roupa inadequada para a estação do ano.

Violência económica

Representa qualquer prática que visa a apropriação ilícita de património de uma


pessoa e pode ser realizada por familiares, profissionais e instituições.

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Dentro dos possíveis sinais de violência económica temos:

 Obrigar a pessoa a assinar um documento, sem lhe explicar para que fim se destina;

 Forçar uma pessoa a celebrar um contrato;

 Tomar decisões sobre o património de uma pessoa sem a sua autorização;

 Levantamentos significativos da conta de uma pessoa;

 Forçar uma pessoa a fazer uma doação.

Violência doméstica

Representa a punição, de forma continua ou não, através de maus tratos físicos ou


psíquicos, a pessoa particularmente indefesa em razão da sua idade ou dependência
económica que consigo coabite, por exemplo, castigos corporais, privações da liberdade e
ofensas sexuais.

 O crime de Violência Doméstica é público, ou seja, qualquer pessoa que saiba ou


suspeite que uma pessoa está a ser vítima deste crime tem a obrigação de denunciar.
Não Consinta. Denuncie!

Como a violência afeta a pessoa

Ser vítima de um crime é um acontecimento negativo a que qualquer pessoa pode ser
sujeita. Um crime pode afetar-nos de modo diferente porque as pessoas não reagem todas da
mesma forma numa situação de crime.

Reações como pânico geral, o pânico de morrer, a impressão de estar a viver um


pesadelo, a desorientação geral, o sentimento de solidão e o estado de choque, são reações
comuns e normais nas vítimas de crime. Quanto mais violento o crime, maior será o estado de
afetação geral da vítima. Existe um conjunto de consequências de caráter psicológico e físico
que se manifestam após a vitimação.

Consequências físicas

Os efeitos físicos não são apenas os resultados diretos das agressões sofridas pela
vítima mas também respostas do nosso corpo ao stress a que foi sujeito.

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Dentro das possíveis consequências físicas da vitimação temos:

 Perda de energia;
 Dores musculares;
 Dores de cabeça;
 Problemas digestivos;
 Tensão arterial alta.

Consequências psicológicas

A diversidade dos efeitos psicológicos podem levar as pessoas a considerarem a


possibilidade de estarem a ficar loucas ou a perder o seu equilíbrio psíquico.

Dentro das possíveis consequências psicológicas da vitimação temos:

 Dificuldades de concentração;
 Dificuldades em dormir;
 Dificuldades de memória;
 Tristeza;
 Desconfiança face aos outros;
 Diminuição da autoconfiança.

Figura 1 - Contacto da Linha de Apoio à Vítima.

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Violência no desporto

“Violência Zero” é o nome da campanha nacional de prevenção e combate à violência


no desporto, que arrancou no dia 17 de abril de 2019 e que tem por objetivo sensibilizar a
população para o fenómeno da violência, promovendo os valores éticos do desporto, como a
cooperação, o respeito, a solidariedade, o fair play e a tolerância.

Para a campanha “Violência Zero” foram selecionadas cinco pessoas comuns, adeptos
reais, que não se conheciam, e que no momento das gravações, recordaram momentos,
relacionados com o futebol, que os tivessem marcado. Como resultado temos quatro histórias
de alegria, entusiamo, amor e orgulho e, a fechar, o momento que José desejaria não ter
acontecido. Uma história real de violência que põe, imediatamente, fim ao ambiente de alegria
que existe à volta da mesa.

“Há momentos no desporto que marcam para sempre… Não deixe que a violência seja
um deles” é a assinatura e a mensagem-chave desta campanha.

Para além de ter sido partilhado em diversos canais televisivos, a campanha


#ViolênciaZero tem também uma forte vertente digital.

A campanha #ViolênciaZero pretende envolver toda a sociedade civil e no seu


arranque conta também já com o apoio de dezenas de figuras públicas, de vários setores da
sociedade. Desde campeões, medalhados e atletas olímpicos e paralímpicos, a futebolistas,
árbitros, dirigentes desportivos, e até comentadores, jornalistas, apresentadores, atores,
cantores e escritores.

É de referir também que a escola será outra importante aliada desta campanha. O
Ministério da Educação desafiou todos os agrupamentos escolares a fazerem uma “Semana
Contra a Violência no Desporto”, desenvolvendo atividades de prevenção e combate, junto de
crianças e jovens, nomeadamente no âmbito da disciplina de Educação Física.

Figura 2 - Violência ZERO.

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Combate à violência no desporto

Esta medida de prevenção enquadra-se numa das prioridades do Programa do XXI


Governo Constitucional: a intervenção sobre os fenómenos de violência associados aos
eventos desportivos, com especial incidência na dissuasão das manifestações de racismo, de
xenofobia e de intolerância.

Na Assembleia da República encontra-se também, desde o início de outubro de 2018,


a proposta do Governo de alteração à Lei n.º 39/2009, de 30 de julho. No âmbito desta
proposta, propôs-se o reforço das obrigações dos agentes desportivos associadas às ações de
prevenção socioeducativas, o aumento dos limites mínimos das coimas, o encurtamento dos
prazos processuais, a aplicação obrigatória de algumas penas e sanções acessórias, a criação
do cartão de adepto para se aceder a certas zonas de determinados espetáculos desportivos, a
obrigatoriedade da venda eletrónica dos títulos de ingresso para o acesso a estas zonas, entre
muitas outras medidas.

Para além disso, foi ainda constituído um grupo multi-institucional, no âmbito da


Comissão Permanente do Conselho Nacional de Desporto, cuja missão é abordar regularmente
e de forma concertada estas temáticas.

Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho

COMBATE À VIOLÊNCIA, AO RACISMO, À XENOFOBIA E À INTOLERÂNCIA NOS ESPECTÁCULOS


DESPORTIVOS

Estabelece o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância


nos espectáculos desportivos, de forma a possibilitar a realização dos mesmos com segurança.

CAPÍTULO II
Medidas de segurança e condições do espetáculo desportivo
SECÇÃO I
Organização e promoção de competições desportivas
Artigo 5.º
Regulamentos de prevenção da violência
1 - O organizador da competição desportiva aprova regulamentos internos em matéria de
prevenção e punição das manifestações de violência, racismo, xenofobia e intolerância nos
espetáculos desportivos, nos termos da lei.
2 - Os regulamentos previstos no número anterior estão sujeitos a registo junto do Instituto
Português do Desporto e Juventude, I. P. (IPDJ, I. P.), que é condição da sua validade, e devem

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estar conformes com:
a) As regras estabelecidas pela presente lei e disposições regulamentares;
b) As normas estabelecidas no quadro das convenções internacionais sobre violência
associada ao desporto a que a República Portuguesa se encontre vinculada.
3 - Os regulamentos previstos no n.º 1 devem conter, entre outras, as seguintes matérias:
a) Procedimentos preventivos a observar na organização das competições desportivas;
b) Enumeração tipificada de situações de violência, racismo, xenofobia e intolerância nos
espetáculos desportivos, bem como as correspondentes sanções a aplicar aos agentes
desportivos;
c) Tramitação do procedimento de aplicação das sanções referidas na alínea anterior;
d) Discriminação dos tipos de objetos e substâncias previstos na alínea d) do n.º 1 do
artigo 22.º
4 - As sanções referidas na alínea b) do número anterior podem consistir em sanções
disciplinares, desportivas e, quando incidam sobre promotores do espetáculo desportivo, na
interdição de recintos desportivos ou na obrigação de realizar competições desportivas à porta
fechada.
5 - A não aprovação e a não adoção da regulamentação prevista no n.º 1, pelo organizador da
competição desportiva, bem como a adoção de regulamento cujo registo seja recusado pelo
IPDJ, I. P., implicam, enquanto a situação se mantiver, a impossibilidade de o organizador da
competição desportiva em causa beneficiar de qualquer tipo de apoio público e, caso se trate
de entidade titular de estatuto de utilidade pública desportiva, a suspensão do mesmo, nos
termos previstos na lei.
6 - As sanções mencionadas no número anterior são aplicadas pelo IPDJ, I. P.

Artigo 8.º
Deveres dos promotores, organizadores e proprietários
1 - Sem prejuízo de outros deveres que lhes sejam cometidos nos termos da presente lei, e na
demais legislação ou regulamentação aplicáveis, são deveres dos promotores do espetáculo
desportivo:
a) Assumir a responsabilidade pela segurança do recinto desportivo e anéis de segurança,
sem prejuízo do disposto no artigo 13.º;
b) Incentivar o espírito ético e desportivo dos seus adeptos, especialmente junto dos
grupos organizados;
c) Aplicar medidas sancionatórias aos seus associados envolvidos em perturbações da
ordem pública, impedindo o acesso aos recintos desportivos nos termos e condições
do respetivo regulamento ou promovendo a sua expulsão dos mesmos;
d) Proteger os indivíduos que sejam alvo de ameaças e os bens e pertences destes,
designadamente facilitando a respetiva saída de forma segura do complexo
desportivo, ou a sua transferência para setor seguro, em coordenação com os
elementos da força de segurança;
e) Adotar regulamentos de segurança e de utilização dos espaços de acesso público do
recinto desportivo;
f) Designar o coordenador de segurança, nas situações previstas na lei.

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g) Garantir que são cumpridas todas as regras e condições de acesso e de permanência
de espetadores no recinto desportivo;
h) Relativamente a quaisquer indivíduos aos quais tenha sido aplicada medida de
interdição de acesso a recintos desportivos, pena de privação do direito de entrar em
recintos desportivos ou sanção acessória de interdição de acesso a recintos
desportivos:
i. Impedir o acesso ao recinto desportivo;
ii. Impedir a obtenção de quaisquer benefícios concedidos pelo clube, associação
ou sociedade desportiva, no âmbito das previsões destinadas aos grupos
organizados de adeptos ou a título individual.
i) Usar de correção, moderação e respeito relativamente a outros promotores dos
espetáculos desportivos e organizadores de competições desportivas, associações,
clubes, sociedades desportivas, agentes desportivos, adeptos, autoridades públicas,
elementos da comunicação social e outros intervenientes no espetáculo desportivo;
j) Não proferir ou veicular declarações públicas que sejam suscetíveis de incitar ou
defender a violência, o racismo, a xenofobia, a intolerância ou o ódio, nem tão pouco
adotar comportamentos desta natureza;
k) Zelar por que dirigentes, técnicos, jogadores, pessoal de apoio ou representantes dos
clubes, associações ou sociedades desportivas ajam de acordo com os preceitos das
alíneas i) e j);
l) Não apoiar, sob qualquer forma, grupos organizados de adeptos, em violação dos
princípios e regras definidos na secção iii do capítulo ii;
m) Zelar por que os grupos organizados de adeptos apoiados pelo clube, associação ou
sociedade desportiva participem do espetáculo desportivo sem recurso a práticas
violentas, racistas, xenófobas, ofensivas ou que perturbem a ordem pública ou o curso
normal, pacífico e seguro da competição e de toda a sua envolvência, nomeadamente,
no curso das suas deslocações e nas manifestações que realizem dentro e fora de
recintos;
n) Manter uma lista atualizada dos adeptos de todos os grupos organizados apoiados
pelo clube, associação ou sociedade desportiva, fornecendo-a às autoridades
judiciárias, administrativas e policiais competentes para a fiscalização do disposto na
presente lei;
o) Fazer a requisição de policiamento de espetáculo desportivo, quando obrigatória nos
termos da lei.
2 - O disposto nas alíneas b), c), i), j) e k) do número anterior aplica-se, com as devidas
adaptações, aos organizadores da competição desportiva, que têm também o dever de
aprovar os regulamentos internos em matéria de prevenção e punição das manifestações
de violência, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos.
3 - O disposto na alínea e) do n.º 1 aplica-se, com as devidas adaptações, ao proprietário
do recinto desportivo, nos casos a que se refere o n.º 1 do artigo

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Conclusão

A violência deve ser prevenida e evitada, assim como denunciada. Particularmente no


desporto, deverá ser cumprida a legislação em vigor e sensibilizar todos, especialmente os
mais jovens.

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Fontes Bibliográficas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia
https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/
https://www.violenciazero.gov.pt/pt

http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1326&tabela=leis&so_miolo=

Autora:
Stéphanie da Silva Trindade

Doc.06.02.v1 14

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