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PIERRE GRIMAL DICIONARIO DA MITOLOGIA GREGA E ROMANA ‘Teatugto do Vitor labile 5? edigdio B ERTRAND BRASIL “Tilo egal: icuomate la Mihai Gece Romaine sans Inpro no Bras Printed rac 1 Mag no ~ Dini Tale “Todos os dios reseraos pl: EITORA BERTRAND BRASIL LTDA, ug Apo, 171 ~ andar ~Sip Casino 2i924-~Rde anto-P Ta: OO) ABSA Fue (DOR) 2887 ‘ioc emia oul et cheap gue nog sma pein rea po eso & Esher Atendemes polo Reembotso Postal INTRODUGAO A EDICAO PORTUGUESA ‘un myteet peru comme mye pa ut eer, in eons ener Euiado pela primera vez em 1951", © Diciondrio da Mitologia (Gregae Romana, que ora se apresenta. 20 piblico itor da lingua por- ‘uguesa, mantém actuals os princpios que orientaram asuaelabora fo. Come afirma, na wlntrodugo»,o Autor, Professor Piette Gri- ‘nal um dos mais emérts classiisas Frances contempordneos, sta ‘bra ambicionavaconstuir «um reportério cémodo das lendas¢ dos mitos mais ctados ou uilizados na literatura antiga». De fact, © Diciondrio da Mitologia Gregae Romana, obra de consulta correnic, ‘cumprecabalmente a fungdo esbosada eproporciona, de uma forma breve mas correcta, a apresentagdo das linha definidors dos prin- ‘pais mitospregos romanose,complementarmente, fornece a 00- 48esindispensiveis compreensio dos textos dos autores elissieos, tao rcos em conteddo mitoldsico. [Nao se tratando de uma obra de toria ou de critica, © Diciond- rio surge como um intrumento de consulta para quem pretenda Aocumentar-se sobre as figuras eos temas das mitologas pega ero- ‘mana ou, também, como um insirumento de esclareimentor4pido de pormenotes micas. Nesta pespestiva, 0 interes da obra n80 fe crcunsereveexcisivamente aos etudiosos das iteraturas antiga be expresso grcgac lta; todos os que no seu prcurs cultural se confrontam com 0 cenéro, 0 enredo, 0 epsOdi0, a cena, @alusdo, ft personagem, a metsfora, o nome, oepiec, 0 smabon oa 9 rele Fente da mitologaclssica encontrar nesta bra uma primeca res posta para satisfazera sua curiosidade, A apresentag descritiva © ‘quae ausncia de solugdesinterpetativas coavidam 9 unizagéo do ‘Diciondrio peo letor nao espeializada embora, por outr lado, 8 lapresentacdo de uma bibiogrtia elemenrar (Fontes etsdos} posse Dice a sua exploracao como obra de referénca bises (O eitoriterestado em aprofundar os seus coahecmnentos da te mética mitelbgica poders recorrer, complementarmer'e, a outras ‘obras. Para alem dos tradicionais Dictionnaire lustre dela Mytho- lopie et des Antquits Grecques *, de P. L2vedan, ox do Dietion- naire des Annigutés Grecques et Romaines pres is textes et les ‘monuments contenant explication des termes qu se rpportent aux Imocurs, ux sitions ala rligion,e! en genera Tove publique (er privée des anciens', de C. Daremiberg, E. Saglio e E. Poster ‘bras actuaizadas, quanto &informacao mivoldsica, pelo Dicio- nario de P. Grimal —, ou, 8 um nivel mais exigente de pesquisa, a indispensivel Rewl-Eneyclopadie der Kiassischen Aitertumswis- senschaft, de Pauly, Wissowa e Krol, oinirumento de eeferéncia fundamental numa pesquisa mitol6gica aprofundada continua a set obra publceda por W.-H. Roscher, 0 4ufuriches Lenton der Grie- chischen und Romischen Mythologie. Advionese a esas obras 0 ‘ctualizaisimo ej inispensivel Lexicon fconosraphicum Mytho Topiae Classica (LIMC)*, obra cotestiva ern cutso de pubicagdo © complemento natural, com: grande copia de documenta iconogré fica, das obras de refertn'a anteriormerse cada ‘Seno momento da publicagdo da primera edo fren ‘ue, ainda consequtecia dos exageros de algimas i rada com descor/iar'¢ deseré dito — o seu periodo de recuperasto ede airmarte como citi fa verdade€ qe, no momento actual, asua eplastacioe aetag30 so inguesionavels. Correntes de investgacZoe de opto apenas ‘sbogadas ov em fase de desenvolvimer'o Na época de reducga0 do Dicionario acabaram por comprovar a sua efcdca cone 0s resulta 4s obtidos. Tomando como ponte de partida cronci6gico 0 final ‘Minis sa Aes sae a a 4d Guerra Mundial, podemos — seauindo actasificago proposta por Edmond Leach” e ainda gevalmente aceite, apesar da difculdade tristenteem sstematiar um conjunto de lishas de ap-oxmagao tiversas — agrupar em Us erandestipos as teoras que fundamen- tam as pesquisas miticas contemporineas: 1. eonasfancionalistas; 2. teoras simbolistas; 3, tora extruturlisias. Segundo estas prs pectvas, a mitologiaafirma-se como uma verdadera cnc, recor endo a metodologias propeias.operando em direeyes muipias © apouando-se em outas discplinas(pscoioea, socioloia,etnologa, histéria das relgies, ingusuia, gnosologa, antropolaga, et.) (Os mits ~ reacydo positva as interpretagdes «pan-comparaivitay (Gobretudo anteriores I Grande Guerra) — sto entendidos como ex. plicagdes diferentes da Flovoia ov da eéncia,resando-e, pos, Sua classificagdo como expresso de mentaidade primiiva. Em odo ‘© processo de evolugdo e implantagdo da wcigncia dos mitos» pa tentea importncia dos estudos sabre as mtologas sre e romana, ‘Bronslav Malinowski* (1884-1942) €o autor que pode resumit as posigdes funcionolisas, que partem de uma realidade que deriva dda expenéncia: 0 papel deserpeahado pelos mos nas socedades em ‘gue permanecem vvoxeactusntes,O funcionalisma no procure des- obriro significado espirital og inelectual das nacraivas micas, nas, im, ealyar a funcio social que desempenbam na vida comuni- tari, O mito fundamenta or usose as normas basicas do convio, ‘ropondo uma justiiagao narrativa tradcionalmente aceite por: ‘dos: «Estudado vivo, © mito, [..] nda € simbolio, ndo € uma ex- reso directa do interes Cietofico, mas uma rescureigio narra ta de uma realidade primoria, conta para satitago de itengdes relpiosasprofundas, de dsejos mora, de submissdes soci, de ce terase, até de neessidades pris, O mito cumpre, na cultura pe- mitiva, uma funcdo indspensavel expres, aventsae coca & ‘renga; prtepeeefosaa moral: vgia acacia do ritual edecertas regraspriticas para a orientacdo do homer. O mito ¢, asim, um ingrediene vital da civiizaylo humana; ro € ura fabula va, mas lum Tore eiadora activa; ndo € uma expiaydo intelectual 04 uma [ig ti aay aie Shc a tai Ria roi ‘ed napaptin mre, ian, Une o in Po ‘Aman en a ek Rk 3 Mae imagem artistic, mas ¢ um prviéglo pragmtico da primitva e dda sabédoria moral.» ‘Sem se pretender afiemar wma relagHo directa e imediata com 0 funcionaismo de Malinowski, ¢ possivelveriicaraproximacdes na importante obra de M. P. Nilsson (1874-1967) (tengo renovada fem relagdo 0 aspect cultural do mito e sua repercussfo na vida {Sos Antigos) ena corrente designada por «teora do mito © doris ‘wal, representada, por exemplo, por J. E. Fonterose! ou Theo dor H. Gaster™. Na linha dos grandes estudiososalemes da reli feito eda mitologia antigas dos finais do século XIX edo inicio do Seculo XX — L, Preller, C, Robert ou 0 jf referido M. F. Nils ‘son —, Walter Burkert™ (0, 1931) analsa os mitosrealgando asim Dlicagdes socials ea sua coesd com o ritual, valorzando a actuagdo funcional. Burkert considera 0 mito, que prtence ao nivel ing tico, um conto tradicional aplicado a algo de Intresse para acolec- tividade, transferindo, assim, a sua imporiincia nfo para © mo- ‘mento da eragdo, mas, sim, para 0 da transmisso e presevagio. onto tradicional atuallzado como experiencia verblizaa, o mito define as suas proprias marcas histércas: «A narratva tradicional ‘sti sempre pressuposta como forma verbal no proceso do ouvir €| {do contar de novo e 56 pode sobreviver como forma estanda ‘ada, Nesta medida, o mito € uma sinese a prion. A alias. Felagdo com a realidad, € secundaria e a maior parte x6 parcial mente cera: & narragdo tem 0 seu “sentido proprio” »™ «Mites io estruturas de sentido.»"™ Mek Men Pte plese Ma, rand on ad Get Regi, No oC net Pre 1 Gs de rece noe 7k a heey On he Ga ihe {Der pes Uae of aria Pr Ca My Oa Pein ta Ge, Lan ero, Cet Paty Ne Yr aan Ce th A ty of pc myth ed oie, ey ety of aoe Fh TG ese La ag ate ef a Pr ‘haut eyo ih ees area Pe, se Hon Ns oe Ag, eo Uy Pe, Se ‘Sivan yn Get lg edu bers Soe, Unie af Ce ‘renner och mt can Ein dL Posen, sO mt, Cmte, le rm 89. Entre as perspectivas simbolistas da analise mitolésica, ‘onsideram-se os autores que encaram 9 mito como um modo dife- Fente de exprimir 0 pensamento, a cultura ea forma de obsewvar 0 ‘mundo, Tomando como referentesedrcos os trabalhos de Creviet fe de Schelling, autores tao diferentes como E. Cassirer, 5. Freud, C. G. Jung, K-Kereny, W. F. Oto, M. Eliade, P- Ricoeur (00 G. Durand tém em comum 9 admitiem o simbolo,tautegrico, ‘que se afirma asi préprio,implcando a interven de reagBes fun: damentis, como a actividad isica ea vontade. Trata-e de um ou- tro tipo de inguagem, colestva, mais emotivae rca, exprimindo © ‘que no pode ser expresso diectamenteno falar cortente. Os mitos diigem-se, pois, ndo apenas 20 entendimento, mas, também, fan tasiae a realidad, E, Cassie (1874-1945), sobretudo em Philosophie der Spmbo- {sche Form, aimase com um pensadorprofundoe orginal numa base de hermenéutica Mosca eo seu pensamento, apes dea sua ‘bya er sido escrita em periodo anterior ao que esta meteer a nossa ‘atenedo, va ser actuanteposteriormente.O mito apoia-e sobre uma, fore postva da figrasdo da imaginagdo, mais do que sobre uma tespcie de dficiéncia do esprit, sendo, asim, forma que cri sig- aificado. Forma de pensamento, forma deintuio e forma devia, ‘mito pode apenas ser histériaverdadeica, mesmo que o sea name Aida em que estabelece uma relagdo om 0s elementos formas est ticos da experiéaca, os nicos aque é postive aibuir a qualfca (io, relative, de objectividade, Mas do que consequénca de uma Seficitncia da linguasem, o mito € considerado, a luz da actividade fermadera que Ine € propria, milagre do espirio enigma. Cassiver considera 0 mito como uma ndo pefeta distingio entre simbolo e ‘objcto do simbolo:o mito surge espritualmente sobre o mundo das ‘coisas materiais como expresso colectva,podtica e primordial die- Fente do pensamentoligico Entre os sepudores de Cassie refirmn- se W. M. Urban (a mitologia €0 Fundamento da relgiao, que usa ‘linguagem do mito para simbolizar uma relidade nao mitologica, ‘eum forma bastante elevada de conhecimento) e Susanne Langer™ (embora também com ntidasinfugncias de A, Whitehead e da se- rmitiea de Ch, Morris. Paap ae mtn Forme non Le pena ds ome to es Peron in tat New Rene Vee Pr Bt Scan hore amano, en Yr Dass (2 pa te Rn, PRs |W, Oxto™ (1874-1958), um fltogo clisico, exprime uma con: epee inovadora da itoogia eda fligit ao afirmar que os deu- Ses regos, como sie apresentados, por exemplo nos Poemas Home. ‘reas, sio imagens simbolicas de ua intugao vital no taduzivel ‘eoutro modo. E através dles que se exprimea visio reliviosa, oe ticaemitca dos gegos. O mito €0 que. homem apreende da divin dade eo culto éa adapiagio a diferenga entre o humanoe odivno, “A ovientacio pscanaitica, devenvolvida a partir da teorizaga0 «dos estudospionstos de S. Freud (1856-1939), continua a ocups ‘om lugar de destaque entre as correntes«simbolicas» de interpreta- {fo do mito. 14 em carta ao Dr, Fliessdatada de 15 de Outubro de {so4, Freud referencava a tragidia Ret Eaipo de Sfocles como exem- plo caractrizante da matrlalizaeao do complexo nuclear da teria Psicanalitca, O mito € consderado, sob 0 posto de vista filogent: fico, 0 que 0 sonho € sob o ponto de vista individual. Se 0 sonto se texplca pela ibdo pessoal, © mito — sono de um povo — expica ne pela libido colectva. ‘Os continuadores de Freud, disipuls e dissidents, insstram 1a utiliza do material mitldgico como referente e como corpus base de trabalho. Ein termos de teorizagio, merece referencia desta cada C. Jung? (1876-1961) ea sua teria des argueipas Para Jung, ‘os arqutipos soos herdetos do mais antigo passado; sto os ago Tornados hereditarios das primeias experincias ensenciais do ho- tem perante natureza, prante os oulfos homens e perantes pro- pri. Mais tarde, Jung encare os arquétipos como modos de com- portamento universal ipco, que correspandem a formas de conduta| bolic, a prineipios regulamentadores ou, nda, a formas «prior! Thee wh han fer Nen York, Bogen a, 1 Thema cf. New Yor a P. 1 The ty He, Boson Beco. 3 Lami vere arma, Pn Pama 198. 2 teagan 2. ° Homapdae he ot id mat an PnP. 1s Leena darren Ger a eo, Ors Aen Ee ‘pak ie aint, La a, ere rente inerente poesa (s dominjos das duas chocam-s), uma arte ‘com dados materasparicularesv™. Existe uma materia especial que ondiciona a arte da mitologi «é uma soma de elementos anigos, \wansmitidos pela radicdo, watando de deusese de eres divine, de ‘combats de herds ede descidas aos infernos, elementos contids nas farrativs conhecdas, masque, contudo, nao excluem qualquer mo- Gelagem mais ompletay”-A mitologia informa a vida socal do ho- ‘mem antigo e € um trago basco da sua vida comum. Essas imagens ‘04 elementos narratives, que surgem na narrativamitica com valor ‘imbbico fundamental, sio designados por miologemase to cor ‘Sderados expressto da psyche colectiva do povo que criou a mitologia™. Os mitologemas correspondem, de certo modo, aos ar- ‘quétipos de Jung. A mitolgia informa a vida social do homer an- igo € um tago bsico da vida comum. A ands mitolgica pode, nesta perspeciva, reir sobre acomparacdo entre as represen de uma mesma imagem mica, isto €, as materialzacdes de urn mi tologema em mitolopiasdstintas. Esta perspectiva de letra do mito ‘exemplficada por trabalhos virios: Jang e Keren, na obra cta analsam o tema do menino e menina divinos; 0. Rank”, odo nas Cimento do herdi;J- Campbell, © do whersi com mil rostos ‘0 pensamento de Georges Gusdorf (1912), sebretudoo expresso ‘ng obra Meet metaphysique. Inroduetion la pilosophie™, ex plora uma concepedo simbdlica, que, derivada do exstencialsmo de ‘Kar Jaspers, considera o mito como pré-hstria da filosofa, pr _mcir conhiecimento que o homem adauire sobre ee prbprio e sobre fo meio; o mito € a estutura desse conhecimento™. Para Gusdorf, a consiéncia mitica que permite aloalizasdo da rardo na exstén ci, que insre a rardo na sua totlidade — porque, abandonada a Si prdpria, permaneceria como suspensa no abstfacto, sem integra. ‘0 no mundo real. Sea mitologia uma primeira metafisica, a me- {aflsica deve ser compreendida como uma mitologia segunda’. Roger Calli" (1913-198), a lina do pensamepto de O. Rank (Godas as histrias de nascimento de herds — Moists, Ei, REmulo, ‘Tisto ou Lohengrin — seguem sensivelmente a mesma sequénc Sop aan ‘ern bth, Nw Yor Londn, Base — Rau so a Pal ‘empha br ofr New Ne, Ng ay, BAP Dan Um a at Cee Pha Pay Cali, WO tematica“), considera que o hero nase de uma resolugdo imagind- fia de certos confitos interiors, como os provocados pea rev do filho contra es abus imposts plo pal. Maso individvo nao pode ‘sontentar-secom um soho, mesmo realzador:pretende indentiicar se com 0 hero, rardo pela qual o ilo se concretiza sempre num ‘ital, A nivel pricoldgico hé uma ruptura entre o onto ea ac¢40; has sociedades, pelo eonteirio, os mites gram comportamentos ‘A cxemplifcagao pode set feta a parti de casos contempordncos ‘onazismo ea Ku-Klux-Klan. A teria psicanaiica conver, asim, a: hd um ponto deencontro ene as situagaes Soca eas que resultam dos complexos da libido. Os mites, como instrumentos do saprado,sio abslutamentesimétricos com a5 ra- Tidades animals (compare'se, por exemplo, as mascaris que asumiem ‘a morfolopa do nsecto 0 canbalisme amoroso do iastinto do louva- ade). “Mircea Eliade (1907-1986) tenta, numa base simbolist ¢com= parativistaperspecvada a partir dos trabulhos de Jung e enrique: fda com a fenomenologia de Huser, definiro fenémeno mic. [Apresentando-s como shistoriador das religiey», M. Ehade afiema ‘ue 0 mito tem uma funsao rlgiosapossve e€ a base de um ss tema hermendutico", 'M. Eliade define mito do seguinte modo: «.. 0 mito conta uma histéria sagrada;relata um acontecimenco que ive lugat no tempo primordial, no tempo fabuloso das origens, Por outas alata 0 ‘ito conta como, grapas aos actos dos eres sobrena: ura, uma ea. lidade teveexstincia, quer seja a realidade total, o Cosmo, ou ape- ‘nas um fragmento; uma ha, uma especie vegetal, um comperamesto| human, uma instuicdo E pois, sempre uma narativa de uma cia (Ho: conta-se como qualquer coisa ft produrida, como comecou @ Ser. O mito nto faa endo naguilo que aeonteceuremente, naguild| ft {ets psd ran, at Gata 97 ipaapy aoe Fate ‘Gta Le mn rc Pi Canc 9% Mme ese ‘ime oer mance Paar Thar ea {que se manifestoy completamente s personagens do mito so Seres Sabrenaturaisy" ‘Para Eliade, o her epete um gstoarquetipicoe, desse modo, ‘home, infegrado na sociedade suporou, durante séulos, psa Gas presses histricas sem desesperar, sem recorer 20 susiio nem ‘ira exterlidade espritual. No etemo presente converge fatalmente ‘passado eo futuro, Os acontecimentos hstricos justifiam-se como tim eterno reforno, um renovar perene do mito 04, por outro lado, como uma sucesso, de teofanias. ‘Gilbert Durand (a. 1924) pode ser encarado como 0 ponto dé partda tedrico de uma nova pespectva de andlsesimbolista. {roncando 0 seu pensamento em Gaston Bachelard esofrendo as fuéneas de Tune, Kern, Fade, Dumézil e Henry Corbin", G. Du ‘and remete-nos para a anise do Imagindrio— «sto, 0 conjunto (as imagens e da relagdes de imagens que constituem o capital So pensamento do homo sapiens». G. Durand considera que as ima~ fens humanas se aprupam segundo os tr reflexos fundament A postural, o digestivo © 0 limico —, que, por sua ver, se inte- tram em dois, de facto, U8, grandes regimes, agrupamentos mals bers de estrturasvizihas, anallsados em Siructures Anthropolo- igues de Tmaginalre. O regime diurno (0 da gestaépica) diz es- ‘eto a dominante postural, a tecnologia das armas, 4 socologi ma- triareal do soberano mago e guerrero, aos rituals de elevagdo e de purificagto;o regime nocturno — que 60 regime misicoe simboliza corte ¢ todos os simbolos de intimidade ~ subdividese em duas dlominantes a digestive e a cca. A dominante dgestiva reine as téenieas do recipientee do habitar, os valores alimentars diesti- vor, asociolopiamatrarcal eda alimentagio; a ceia agrupa a ée- nicas do cielo, do calendiro agricola e da indstria txt, 0 simbo- Toe naturais ou artficiais do regresso, os mitos € os dramas ‘strobioldgicos", Estes reflenose repies manifestam-se em estrur turas gerais mais ou menos comuns @individuos da mesma época © ‘44 mesma cultura, Consierando 0 mito como «uma narrativa (is- ‘curso mica) que pe em cena personagens, cenéros, objects sim- ‘mcmahon apa Pr Bs 18 Le rte scm ars ona ea PU a ‘brace moe rs Bera 8 mc hp ‘Stare Soper nea, Ltn. eo a fo on Cimon eee tn suf tn Pat Pano. Lure owen mai. "Rasmus Pere» bolcamentevalorizados, seementive em sequéncas ou mals peque- nas unidades seménticas (mitemas) nas quals se investe obrigaoriamente uma crenca(contrariameate &fabula e 20 conto) ‘hamada presndnciasimbolica(E. Casier)»™, G. Durand admite {gue © pensamento humana se move dentro de quadros miticose, Conscientemente ou no, esses quados esti presentes nas manifes- tagdes do Imaginaco. Bo mito que, narealidadeexstencial das cul- tras € da vida dos homens, distribui o papel da historia. G. Durand propdevirios nives de andlise mia, A mitoertica Eo wemprega de um método de erica lteréria ou atstca que foca- liza o proceso compreensivo sobre anarrativa mia inereate, como Wesenschow, x0 significado de toda a narraivay"™. Com a mitand- lise, edefine um metodo de andlseciemtiica dos mitos com fim de iar deles nao 560 sentido pscolgico (P. Diel J. Hillman, Y. Du- and), mas tpbém o sentido socoldpco (Lévi-Strauss, D. Zahan, G. Durand)». Se mitocriica € uma proposta de letra da obra Iiterria esa mitaalise se debruga sobre a soviedade, a mitodolo- sia, tereir estidio de ands, € apresentada como a realdade ul- Tima, a grande explicagdo que est para além da epsteme. ‘Oesirunwalismo,designacio gral entendda sobretdo como cop sequéncia dos tabathos de V. Prop" e de Claude Lévi Strauss, ‘marca ainvestizacdo mitoldgca e pode ser encarado como um dos Tactoresresponsives pela definiao de uma citncias dos mitos. Um dos principas obreiros desta alirmagdo da mitologia é Georges ‘Dumézil™ (1858-1987), que, ao fundamentaro su estudo compara- Morne cas Morph Ft, Aut Lno Une roel inna Pt F, 00To r {9 Amr Sca I, an 197% Eman er PP "oman aris davon, efor fd mt ne componente co Gres Dal aces an ‘Comat este pte compres Fora P UF: Mier at rreroenatam ndorepeont ares, PP UT py os ‘Quin ns nena eoptrnSoeie mere Far Clim 3" Me Eo Pll. Whe Lae ‘rami iP Ps ie a Pk 1 man aac a oa ag moe, Pe amas tivo as religides dos povosindo-europeus num conjuntoaticulado ‘de conceitse segundo uma perspectva propia de pesquisa das for tes de representagio ¢ da ideolosia da mentlidade antiga indo- “Curopeia ns relator miticos, deve ser consderado um estrutualsta ieterodoxo, A andlise dos materias possbiiteuIhe conclu que as Sociedade indo-evropeias, pelo mens em peiodos remotos, eram {aracterizadas por uma ordem hierarquizada, uma orBanizagao so- Gal trpartida, em que cada estato era colectvamente epresentado hho mito ena pica por um conjunto adequado de deuses ede hers, ‘Acconchusio de que existiam tres esteatos socials — sacerdotes, mil fares ¢ produtores (pastors agricultores) — ¢ acompanhada pela ‘oneepsio de que cada um deses grupos contribu de uma forma, ‘species, par a consolidasio do sistema socio sobrenatural. Tam bpm os deuses compdem uma triade com valor funcional represen tando a soberania, a forgacombativae a fecundidade (a wade pr mitiva Jupiter, Marte ¢ Quirino atesta em Roma o sistema, ttfuncional,E 9 sstema wifuncional ~ suporte da «nova mitlo- ‘ia comparada»*® — que permite consderar o pensamento de G. Du {mézi como estruturalst. A triparticdo funcional da sociedad pri- ‘mia indo-europeiarefectese, com mulls variants, nas heranas| Imiicas dos diferentes povos, com maize e temas proprios a cada tum, porque &histéria, go particularizar-se, pode modificar a repre senagdes 'G. Dumézl considera que a religidessio conjuntos pelos quais se distribu toda a expergncia aman. O estudo de uma religion ‘ode assim, inci sobre fatossolados, mas deve ter em conta con- Juntos relades de elements. O sistema religoso de wma sociedade ‘exprime-se numa esiutura conceptual primeto e em segvida em mi- tos que representam e fazem agir esas relagesinteectuais funda- ‘mentais. Or mitos, finalmente, actuelizam, mobilizam e ulizam as tmesmas relagdes,O objetivo fundamental deve se, deste odo, de- {erminar a extrutaraenguanto tal. O mice €ceniro privilepiado que permite descobrir everiiear as relages conceptuas fundamentas ‘© mito é definido por G. Dumézit do seguinte modo: «© pais que no tem leas, dizo poeta est condenadoa morret deri. E muito possvel. Mas seum povo ndo tivesse mito, j#estaria mort. A fun ‘lo da classe particular de lendas que sd0 0s mitosé, com efeto, a Se exprimir dramaticamente a idelogia de que vive a Sociedade, de tev dvdr omen erp Cr Phen compete roa. ‘anonbrpcger etme of ne ears of 6 Dan, ry, Uy a ‘Sean, Canc Lane ed} Min In uae Ait eh. ‘manter na sua consiéncia no sos valores que ela reconhece e 08 | ideais que persgue de goragio em geracio, mas, principalment, 0 fuser ea sua propria sutra, os elements, os vncules, os equ bros, as tensdes que a consitem,jusificar, no fundo, as gas €| as pitas racials em as quas tudo 0 que seusedspesaia.» 'A obra de Georges Dumeil marcou praticamente todos os que sem debrucado sobre a mitologia ea religido da Grecia ede Roma fm particular ede todos os povosindo-europeus em geral:refiram “se, entre os estudiosos que se fm debrugado sobre a mtologia ea religito classicas, E. Benveniste, Stig Wikander, Lucien Gruschel, TW, Powel, Jan de Vries, J. Duchesne-Gullemin, Francis Vian, Raymond Bloch, Jean Baye, J. Prsluski, Atsuhike Voshida, Jean Pavel Robert Sciling Claude Lévi-Strauss (n. 1908) quem, em meados do nosso sé- cul, Inga investigagdo mitolgica numa linha de pesquisa inova- dora econereta, Uizanda os conhesimentos metodologios da Es: cola Linguistica de Praga, em partieular de Roman Jakobson, © 0s trabalhos de V. Propp, Lévi Straus surge como o grande investiga- or do esiraralismo. Aandlise estrutual dos mitos acompanka um twabalho mais vast de inventaragdo dos determinantespsicolaicos, jogia de estrururas entre as diversas ordens de lingusticos, E posiveldstinguir no mito dois sent- dos: 0 imeditamenteperepivla pari da nara;lo eum outro sen- tido,escondida, que ndo ¢conscente, E este segundo sentido que o| ‘mitdlog, com o linguist, pode ating, O mito no € uma narativa ‘Que desenvolve asa cadea sintagmatica segundo um exo diacro- nico de um tempo irreversvel, do mesmo modo que as plavras se Sseguem na cadea do discurso de sujet falante; tal como a lingua, ‘mito € um arranjo ordenado de elementos que, no seu conjunto, {ormam um sistema sinrSnico, que constitu o espago semntico a partir do qual se produz a narrativa ‘Segundo Lévi-Strauss, existe dos nves de letra, como vimos: 6 nivel narrative manifsio eo nivel mais profundo, que 86 se pode atingir através da eferenciagdo do elementos constitutives da nar- rativa mica. Em Anthropologie Structurale, Lévi-Strauss afiema 41." como todo ser linguistio, © mito € formado por unidades onsttutivas: 2.” esas unidades constiutivas implicam a presenca ‘daquelas que intervém normalmentenaesutura da prépria lingua, ‘saber, os fonemas, os morfemas ¢ os semantemas. Mas elas estio, fm relagdo a ests titimas, tal como esto elas proprias em relagdo ‘40s morfemas,e estes em relagdo aos fonemas. Cada forma difere {da que a precede por um mais alto grau de complexidade. Por esta razio, chamaremos 20s elementos que rlevam no préprio mito (& ‘gue so os mais complexos de todos) grandes unidades consitut- vase", Estas grandes unidadesconstiutivas do os mitemas*. ‘0 esquema de andise apresentado — andlise do mito «a ameri cana "foi aplicado 20 mito de Edipo", num texto bastante ‘ritieado®, Posteriormente, Levi Straus propde uma outa anise ‘semplar. Em «La piste de Asiival>™, verifeaseuma divisto do mito fem segmentos, a atibuido a esses sepmentos de valores semdnticos Sem elado directa com a ordem dos exose dos planos que vo relear ‘a warmatura mitiea, 0 conjunto de paralelisms eoposides que r= ‘em, em homologia, uma plralidade de cdigos e que recore a0 a ‘lio de informagbesextrldas do contexo cultural eetnogfico. Do ‘mesmo modo, em Myrhologiques, Levi Straus analist 0s mitos ame- Finds recrrendoa elementos culturas enquadrantes. Neste conjunto de obras, acentua-s um aspecto: a importénca que tem, dentro da mesma comunidade, arelagdo dos mitos uns com os outs. Os mi- tos si constituidos por unidades, transformadase permutadas, se- ‘undo rearas gers eindependentes — ou quase — da vontade hu- ‘mana. O mito tem, assim, uma esfera de exstncia ede sigificasao independent, deni da ual se verific atuagio devarags, 88- sociagBes, de montagens ue si auténomss.Entendido como ima ‘ategoria do noso pensamento que ulizamos arbicariamente para Feunir sob unt mesma voedbulo tentativas de explicasdo de fendme- nos naturais, obras de literatura oral, especulacBesfls6ficas eca- Sos de emergénca de process linguistics a onsetnca do sujeto»®, ‘mito acaba por se eda, devido ao jogo de regras de transforma” ‘0 e de permuta, um conjunto quaseabsiracto que se presta a um Teatamentolgico-matematico. A relagao mito/lteraura €encarada, €ultrapassada, com aintrodugdo do conceito de mitismo: was obras indviduais sao todas mitos em poténcia, mas €a sua adopsao sob ‘forma colestva qu actualiza, se se der © caso, 0 seu mitismon*® "As teorias de Levi Srauss no slo universalmenteacltese (&m surpdo eriteas, nomeadamente em relagdo a pretensio de encontrar za leitura erutural ds mitos uma dnica Fungo e de poder analisar ‘sss narativas segundo um método analitio conjugado com uma, ‘combinagdo de mitemas enquacreda pelo reportio dos mesmos. tered rts {A principal critica" localiza-se na excessiva generaliagio das suas ‘onclisdes (ranseréncia de um corpus mitcacoatempordneo © ofa para um antigo e escrito). Eze ox evicos, refira se Pal Ricouer™, G.S. Kirk™ Jean Pierre Vernant, ‘Jean-Pierre Vernant™e Marcel Detitane™ — nicteo da «Escola ‘de Parisn — uilizaram 0 magisterio de Lévi-Strauss eaplicaram 0 Seu mezodo a mitlogia grea, apoiando-se (essa €a marca de or- finalidade) em profunda fundamentasdo hstricaefillogica, de- fenvolvendo, por outro lado, as corelaées socials. Em Ilia, so, bretudo em Roma, autores como A. Brelich”, Dario Sabbatuci® ‘0 Giulia Pocagula, desenvolveram uma invetiga;do mitica de her- rengutica baseada na antropolopia histrica™ "Tomand como vector nial os rabalbos de V. Proppe de Lévi- -sirauss, 0s estudlosos do discursolterrioatenaram,tambérn, no fiscurso mio. Roland Barthes (1915-1980), em «Le mythe, ue jurd’huin,relacona o mito com Knguggem e informasao, cons- ‘derando a mitologia come parte da semiolopa: we mythe est une pa- olen". Esta parole € uma mensagem”. A intensa0 da anise & ‘elarecer a correlago do mito enquant sistema semistico secundé- Fo ou como metalinguagem: 0 que sino nalinguagem transforma se fm sigifleate no mito, o que correxponde a uma reprssio to Sen- sia Paton, eee ‘ome {+ hdan soning nd function nance he ars, Behe ~ Los ANB econ Ueno nea Var Pam, rane Ge Nome eB ‘Siehirigms to Ma Gr Pun Map Coane rd: Lemp rn ate Cate, nw Pa ase, Lie Ope, ts aia, 9%, oe ons Open ih tido (sens) para forma (forme), se, contudo, se erifear a sua com pletadestaish. © mito fo iia, sonorzado pela idea, pelo cor feta na medida em queestee historia, ntencional eennguecid pea Situaglo. As ideas mies 40 vag, porque do Tormuladas por aso Ciasio;oseifiada do mito, a contraro do da lingua, noe, asi ‘rari mas pareamente motivo por aalogas Come dz Barthes", “mito nfo eeonde nada; asa funedo€de deforma, no de faze de Saparecern. Sendo a actuaidade o campo pivleyado para criss titica, Barthes propde, para combate atendénia para mitlogza {oa riagdo de um mito alifical sob a forma de sistema semisico teraz (a inguagem mitlogica em Bouvarle Pécouchet de Fauber ‘A.J. Greimas (n 1917), empreendendo uma tentativa de sine zara paradimatica de Li Strauss ea snagmaac de V. Prop. pat ‘ularmente o que respeia & sua apcagdo go mito propde uma nox imerpreaso sinetizadora. Aps edz a vinta tina © uma funes (actor geerizados da personagem) de Popp ede as reunite pares or mo deconarosemsnica de posto e neat dbo um modo ‘ceruurl: 0 modelo atonal! desnador ojecto-desinatriovadj- ‘onesujio-oponete. Os aatos de Greimassbo desemotios ea cados & mitologia clissica com grande éuto por Claude Calame™ Exrutualsm, simbolismo, funcionaismo, semiotca, genera tivsmo, anise computaconal: es algumas das formulas coterpo- "Hineas de o homem se aproximar do mito ede o tentarcompreender (Os progrestos so evidents e enormes e o concsito alargou-se, acwalizou-se, desenvolvewse. Mit jd no ¢apenasa historia dos dev. Sse herois da Greviae da Roma antigas; 0 mito, reinventado ou, Smplesmente recordado, faz parte do nosso quotidiano come reali- dade ov, apenas, como referente. Mas oqueé, defacto, o mito? Uma forma de homem, & boa manera socrtia, se conhece asi prS- prio ou, como dina Pewsoa, apenas «0 nada que € tudor Com a edisio portuguesa do Diciondrio de Mitolopi Grezae Ro- ‘mana, preendet-e realizar nfo apenas um wabalho de tradueao de ‘Uma obra bsica mas, também, apresenar uma publicardo adequada fos leitres da lingua portuguesa. Assim, os nomes proprios stenos € latinos foram transcrtos de acordo com os princiios lingulsticos portugues, O instrument Bisco para esse rabatho de ransricéo i, bus ran Kine, 00 CF en Cade Cs ‘esa ema ano Eo excelente Vocabulrio da Lingua Portuguesa, de Francisco Re bela Gongalves. No caso dos muitos nomes nao resstados no Voea Duldrio,seguiramse as reras de ransrigo ede tansliteragao. A ‘umas formas portuguesa poderdo parecer dstanciada do orginal fm particular os nomes gros, que. de acordo com 0s prinipiosfi- Tologicosadoptados, passaram sempre pea translteragioe ubord ‘nagdo a acentuagdo latina antes de passarem para portgus a partir, da forma de acusatvo, excepto nos casos i consagrados pelo vulgo. ‘Transcrevems também, depois des nomes em portguds, 0 espe tivos nome em grez0 em atm, mesmo nos casos nao referidos 20 fginal, ;excluindo-se naturalmente, os que no tim atestagio antiga "As ckagBes dos nomes e dos titulo das obras dos autores ant 208 sequem,normalmeate, 6 modelo proposto ns obras consagra- {as (Année Philologique, Lexikon Greok-English, de Liddel Scot, «Thesaurus Linguae Latina). Em casos especais, endo em consi ‘eravio a pico heteradono a que se dig esta edigao do Diciond ‘ro, pious, por exemplo, por formas de abrevatura mais transpa enter em porugués, Aceitando emboraascriicas numa perspectiva de rigor centifico,consideramos que, deste modo, &possive evar ‘mais longe a exporagao do Diiondro como aba derefeencia camo convite letra complementar das fotes. Em anexo a esa «lntto- Adugio a edigdo portuguesa», apresentase a relagio das abreviaturas ‘uilizadas para os nomes dos autores antgose dos ttulos das obras. Procedeuse, de uma forma ponderada, sempre que a qualidade das obras jusifcav ede acordo com os prncipos ue orentarar ‘a ediedo portugues, & actuaizacio da bibliogratiareferda em 10> ‘ape, mantendo,natwralmente, toda aque constana edo frances. ‘A edigdo portuguesa do Diciondrio da Mitolopa result de wm trabalho colecvo eatradugio ficou a dever-seaum grupo de docen- tes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Por io ser demas realgarasua grande compencia,dediapiocentsiasmo,que- remos deixar express agradecimento aos coleas Cristina de Sousa Pimentel, Cristina Neprio Abranches, Arnaldo do Espirito Sano e Manuel José Barbosa. Tambem &de siientar com aprecootrabalho do senor Pedro Dourado, que, paraalém dolabor da esto, apoiou ‘a execugdogriffca da obra. Una ultima palavea de agradecimento para o Editor, que compreeadeu intersse da publicayioem port buts desta obra, ¢ para os competenteseatentos compositore im Dressores. A todos se devem as aspectes positives desta edi do Dicionério da Mioiopia Grega ¢ Romana; os aspectos neativas € a8 opseserradas so por nos intiramenteassumnidos, Victor Jabouille RELACAO DE AUTORES E OBRAS ANTIGAS, E RESPECTIVAS ABREVIATURAS sr ire PREFACIO Terd alguma ver 0 leitorreparado nas insriges que, no baixo- -relevoassinado por Argue de Prene econservado no Museu Bri- ico — ume apoteose de Homero celebrada a presenca de dots so- beranos ldgidas, na corte de Alexandria ou, talvez, nas suas roximidades, num dos dries da famosa Biblioteca — acompanham ‘certs personagens da represenacao? ‘No resto inferior, Homero etd entronizado entre as represen- tages alegérias das suas duasepopeias. De pe, por detrs do asento do poeta, Crono, 0 Tempo, e Ecumena, a Terra habiade, represen {adosteatralmente pelo proprio easal dos principe enantes, consi {ram a gloria do mortal aedo, A alqurta distant, rene ao erapo, ‘proximo dem altar, ¢ oferecido um sacrfelo religiaso. Ladeando fste boos, um Jovem sustem piedosamente wma endcoa para als ‘bogdoe wma mulher espahaincenso sobre ofogo. Léem-seaqul dois nomex o jovem acto ¢o Mio ea socerdotisapersoniicaa Histria. (Creo que, nesta escultura,datada, segundo parece, de cerca de 205 a, C., 0 Mito tomou, pela primeira ver, forma humana na arte ‘ta Grécia, sempre pronta a divinzar 0 sere’ pensamento. O Mito fe também, em face dele, a Hist6rie, no momento preciso em que 0 ‘movimento da vida uneictual em Atenas, em Alexandra e,poste- ‘rormente, om Pérgamo, ii consagrar por todo 0 lado a disoci (fo das lendas, quando jd einiclara a sua tansformaszo em floso- Gia e histria’ Se refletirmos um pouco mais sobre a presenga ‘ia Uneven, tftp del mi, Mi, ‘essencial de Homer, perante o quel, no relevo alexandrino, Mito e Uistéria preparam, desta vex em comum, 0 seu sacrifico para um ‘poeta, poderemos formular algumas observavdes de certo modo decisive. ‘Sob a sua forma mais evoluiday, esreve P. Grimal, que, com tanta ditgénciae modest, defini ¢realizou o presente trabalho, sto Mito desenvolsewse a0 longo de todo 0 Helenismo.»? Realea, ‘inde, a rigueza do Seu desenvolimento. Ora, ¢ precsamente na ‘epopeia de Homero que se dexam antever, pelo menos por elses Aispersas, a5 primeiros incios tangles da comemoraedo mutica (0 sdbio compilador das genealogias divinas consignadas, mas tarde, ema Teogonia, quem quer que tena sido, forum erudio que trabalhou sobre uma documentapao sacerdotal: assim, ndo é sur- ‘preendente que ele para fer mais conhecimenios sobre as teoma- ‘quase as cosmogonias orienta. Homero esova mais proximo do ‘Pensamentoprimitivae das tendénciasprofundas da aima helenca, ‘que sempre gosow de adornar a expressdo das suas ieias com 0 ‘eu das imagens e dos simbolos. Na verdade, fora anes dele’ que {se reunira o fetxe das recordasdes maravilhosas que toda a human dade, até aos nosos dis, dainféncia &velhice, tem considerado luma necesidede, visto que vivemos todos do ensino que é minis: trado através das fébulas. © papel organizador da Grécia micénica ppoderia ter sido copia. certo que 0 Oriente, da Mesopotamia & Feniie, do Exlpto do Delta ds caaraas, ambém sustentou a Sua limaginacdo ea fé nas aventura, unas vezesbruais, ouras gran halidade, Estes contibitos divertos — wsubsttato» latino, wesc plinan etruse’,impregnagiosabéica — peemitiram ao pensameno omano infest a sua evolucao num deterrinado sentido, diferente {do da mitologa helenica, ineomparavelmente mals ric. Verifica- ‘Se com as leas @ mesmo que com a estatuara ou a pintra ou a lrguitectura, que se desenvolveram em Roma grayas a ténicos heenicos: nto Tov um desenvolvimento qualquer, emo foi etamente ‘que teria sido em Alexandra, em Pérgaro ou em Ate. A muito {atde, sob lmperio, sertcase una inflendo somana ds temas en {irios;octstinismo oeidental do €dBntco ao cestianismo de in [gua grepa ese €verdade que 0 pensamentomitico,consierando-o| Aistinto do pensamentorliziso, the serve, por vezes, de suport, a texistécia autGnoma de um pensamento religio romano autoriza- “hos a postular uma autonomia semelbante para as lenda e para os 'A mitologa helénica resulta dt acpio de influgncias anda mais diversas entre as qua o papel dos elementos indo-europes parece bastante imitado, Fo em todo o caso receberto por conisbulgOes| es avoir Speemnaeoes fie Se are feos ree itmis Satnceamenee pe SeaRRNTe Toe pee cecindinmeine: Reeicec davon iboiehise | Se Pumsdeniecotasevs Seis Series ic ES Sane icistcs cerium | Oecata or Piieceetsos ee rd Ro EAMENNON omen | [APRODITE. Aqui Ate teu | Suns as pares cm Aire An ‘fem ic ia bua | por am tes in eh aa et cn aa iiretaeeennee Eee aed sits vnc fin | Eee een | i v i i a | tearepree eres iat aus |S Soi tent ete Reuse Agu | hme Primo SBOE z | Butecwesreco I ee reuse eters AO es arent | Se Fitton teu comere ieuneile,| “AGRON Caype)Ss adece uu techs canes ata, eet Bhs Ago alia 3.700. Ey ‘nga pose he Grn Ore) hae neem Raasianceeere Sams asec hpacta eae nes | Sct an Arca ol SREREaRE ERE Tes Sven ee ias| ae eee AIA io Tog (4g) Ain 308 Haier curd been tags anette | te ‘Ste dere merom oer iormiaieteerecrs, Ec ceacanienke Sites tee acs Eis piacere Siigrecittacs é ‘Seecoo'ut aan: Zeta peared eeeeoerteas vaio Sai arsrc=Mepa ‘Siar neem tome! eet aor Se eee | Scenes Heston Cucmgirengaanpuienre: | roumrdae Mea caneatds ts . fee aoa ape wae te So separesamas = el S| J sisdatezest sa Cm Sea eS | A i i ae ‘pean sina ou Be, sR sii aces Sorcery Sa ie iia es. tbe aes eR Sis Sipeaat anaes gate oc Rs Seve ei Sere | eee cramer um tear SxiSi Se se eas See —— a CARS Contender | See eaneenes ‘Bite. sees Fs seer sls amare et ott | Exenvepe econ oro goua Geans Penna | eer rete Amico ie psRucheers direc Sin| ferken sed She son see, Nass See eect ee pater | eet Bese ine Die hs Gibaces | Baer tineras coca Se caeeoneme Seesaw as | Samo, rede ote ce Sriarctitgecsciar rates SNe gris |meteneSe eee a ene as, OS Seren dr ce iqmied an ito se eure gaps" | Po Lar Eoncer parapet i2S | ANFHNOCO Chun) Dus enn “fess Sedan gna’ Sa es a ee ae ee fc Seen | eters sat porns ae, Afireu emp | Tho de Alon «Se Ma go ports ve tne Chine diaS se eS Ee Sieh | MS i ocr So SS eo Adel Sept | ARIES ase os hale, See seemraeraita WM sroserccumeast pummaneene =o os Bess eae a eee mist — eg AAS crane | aaa oa AS Shee ire a at 7 a ee ESR see 2a pss, SST hag rm sae TSE i ae SOE Ast. ce pee. ea ea tn So ona meena ee nana ea Sa sbi tamer RES Seeee eat tau mame Saas nee etter rereiacomues, | coraurvicactr etre re eB isegpa hem Ie Snare cme AQUERONTE. 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