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\CAO UNIVERSIDADE DE BRASILIA Crime e costume na sociedade selvagem Lauro Morhy ‘itor: Timothy Martin Mulholland $ ‘a Universidade de Brasilia ee Alexandre Lima tho Editorial ge fo ¢ nte: Elizabeth Cancelli opyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 Evaluation Only. Edited by Foxit PDF Editor ge Conselheiros: Alexandre Lima Clarimar Almeida do Valle Henryk Siewierski IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DE SAO PAULO Diretor-Presidente: Hubert Alquéres Diretor Vice-Presidente: Luiz Carlos Frigerio Diretor Industrial: Teiji Tomioka Diretor Financeiro e Administrativo: Richard Vainberg _ ery Equipe editorial ‘Supervisao editorial: Severino Francisco ‘Acompanhamento editorial: Rejane de Meneses, Preparagao de originais: Mauro Caixeta de Deus Revisao: Gilvam Joaquim Cosmo e Sonja Cavalcanti Editoragao eletrdnica: Fernando M, das Neves Projeto grafico e capa: Alex Chacon ie Supervisao gratfica: Eimano Rodrigues Pinheiro Copyright © 2002 by Routledge Copyright © 2003 by Editora Universidade de Brasfia, pela traducSo Titulo original: Crime and custom in savage society Direitos exclusivos para esta edicao: Editora Universidade de Brastia _Imprensa Oficial do Estado SCS.Q. 2 ~ Bloc C ~n° 78 Rua da Mocca, 1.921 - Mooca Ed. OK ~ 2* andar 0303-902 ~ Sao Paulo-SP 70300-500 ~ Brasa-DF Tel. 16099-9800 tel: (Oxx61) 226 6874 Fax: (ext 1) 6692-3503, fax: (0x61) 225 5611 ‘SAC: 0800 123401 editora@unb,br wow imprensaoficial com. br divulgacaveditorsis@imprensaoficial.com br ‘Todos 05 direitos reservados. Nenfuma parte desta publicagso poderd ser arma- zenada ou reproduzida por qualquer melo sem a autorizacdo por escrito da Editora. Ficha catalogratica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade de rasta Malinowski, Brossaw ~ pest ime & costurma na sociedad sevagem J Sronslaw Malinowski waducso de 0 teraca de Beat SidoU. ras Inprensa Oftcia do Estado, 2003, Tradugdo de: Crime and custom in savage society. ISBN 85-230-0724-5 (Editor Universidade de Brae) Maria Clara Correa COU 39 934092) Gio odepaito legal na BOTS NSConaT (Gain? 1825, de 20/12/1807) Sumdrio Prefacio, Introdugao, Partel Alei primitivaeaordem L A submissao automatica ao costume €0 problema real, IL A economia melanésia ea teoria do comunismo primitivo, HLA forca das obrigacdes econdmicas, IV. Reciprocidade ¢ organizacao du: V A lei,o interesse pessoal e a ambicao social, VL As regras da lei nos atos religiosos, VILA lei do casamento, VIIL © principio das concessdes miituas na vida tribal, 1X. A reciprocidade como base da estrutura social, X. As regras do costume definidas ¢ classificadas, XI Uma definicao antropolégica da lei XIL Arranjos legais especificos, XIIL Conclusao e previsto, 2b 25 2 29 33 35 a7 41 43 47 SL 53 6 E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM Parte Il Ocrime primitivo e seu castigo 1A transgressto da lei ea restauracio daordem, IL Feitigaria ¢ suicidio como influéncias da lei, ILL. Sistemas da leiem conflito, TV. Os [atores de coesao social em uma. tribo primitiva indice, Lista de ilustragoes Fig IL Nativos do interior recebendo liacas de peixes dos pescadores, 1. Canoas pesqueiras ni goa, Figura UL Demonstragao obrigatéria de pesar no ritual de lamentagao, Figura [V.Cerimonia de oferta de inhames, transportados sobre estrados de madeira cuidadosamente medidos, Figura V.Um monte conico de inhamesé colocadodiante do depésitodochefe pelos parentes de sua esposa, Figura VI. Uma ceriméniado kuladianteda cabana dochete,er Omarakana. Aofundo, vé-se abarraca do etnégralo, 20 26 34 Prefdcio O moderno explorador antropol teorias aprendidas, c logico, de problemas, de teresses vai para o campo cheio de alvez de idéias preconcebidas, nao écapaz nemaconselhadoa manter suas observacdes dentto dos limites de fatos concretos ¢ dados pormenorizados, Ha de ter fundam que diz respeitoa uma perspe, algumas conclusdes sobre sea mente esséncia é semell valosde lucidez tao frequentes como yualquer de nés; sea solida al ou se o pagao pode ter como qualquer: 1o€ haturalmente ten- do cla é uma forea t20 interesses proprios ou ser tao Aoredigirseus resultados, tado a actescentar suas ex intangiveis,a suas desericvesd costume, crenca e organizactoce ral da cultura primitiva, Esce -guém que faz 0 trabalho de campo deslize ~se algum houver ~ Neste trabalho as reflexdes © as nos pardgralos descritivos. Por & {worla nao é leita de conjecturas. j ssygplesmente uma tentativade forms < IO Gonceitos precisos ¢ definicoes ASGircinstancias em que esta tese veio a luz ta para a sua forma presente westoes de ena guns lara, mente, o material foi ncipio para resolver tos discutive o,ele hide chegar a eda no: cacao, Para atenuar esse isara grandenecessidade dey mus teoria na jurisprudéncia antropologica, especi nascida do coma eat real com os selvagens. ‘o problema, introdu: isto. presentardetalhesde ndode uma te mente da teoria ar que! jaramente firmar que minba ndonaques- 1 contribuiram reparado e as 8 CRIME £ COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM, conclusoes tiradas em resposta a um conviteda Royal Institution of Great B ordem em uma com fevereiro de 1925. Como acontece mi ‘maos mais materiale mimero muito maior de conchusdesdo que aque- les que caberiam em uma hora de palestra, Tive o privilégio de publi- caralgumasem Nature vide osuplemento de 6 de fevereiro de 1926€0 de 15 de agosto de 1925). A versita completa encontra-se neste pequeno livro Desejo expressar meus ag Institution pela gentileza doc para reproduzi-tos, Sou grato a que me permitiu publicar novam ainda muico pelo auxitio e estimulo d trabalhos Na preparacdo deste volume, recebi a competente assisténcia de Mr. Raymond Firth, que esta fazendo pesquisas no Departamento de Etnologia da London School of Economics, Consegui sett auxilio gra~ as a recursos [ornecidos pe Iman Rockefeller Memorial Ultimamente,a direcao dessa tem dedicado especial aten- gio ao avango da antropologia, como parte de seu interesse pelas citn- Cias sociais. O estudo das racas selvagens ji em proceso acelerado de extingao é um desses deveres da civilizagao ~ hoje tao diligentemente empenhada na destruicao da vida primitiva - que até agora tém sido Jamentavelmente deixados de lado. A tarela nao € tao-somente da mais alta importancia cientifica e cultural, como nao deixa de ter interesse pragmacico, pois pode ajudar o homera branco a governar, explorar ¢ *aperleicoat” o nativo com resultados menas perniciosos para e O Laure Spelman Rockefeller Memori nteresse na antro- pologia como ramo dos estudos sociais, tera a profunda grat bumanistasatuaise fururos, bre mulher en cuja mem percebi que tin! tos ao Conselho da Royal 10 dos clichés e pela permissio tigos mericionados, Devo-lhe ie recebidos em meus primeiros Nova York margode 1926 Introducdo Para a maioria dos leigos ¢ para muitos especialistas, a antropologia ainda éessencialmente objeto de interesse arqueoligico, Ocestado selva- gem continua sendo sinénimo de costumes exéticos, crudis e excéntri- os, com superstigoes curiosas¢ praticas chocantes, A liberdade sexual, 0 infanticidio, a caca de cabecas, a couvade, 0 canibalismo ¢ sabe-se Hi ‘o qué fizeram da antropok atraente para muitose para outros assunto mais digno de curiosidade do que de seriedade académi- ca, Noentanto, hé certos aspectos da antropologia de verdadeiro caracer ntifico que nao nos levam do fato empirico para o reinoda conjectura sem controle, masampliam oconiecimentoda navureza humana e pro- piciam uma aplicacao prat Eu me refiro, por exemplo, a uma questo como a economia pri importance para 0 nosso conheci- mento da disposicdo econdmica co homem ¢ valiosa para os que dese- jam desenvolver os recursos dos paises tropicais, utilizar 0 erabalho dos tivose negociar com estes. O1 ibe, uma questdo como oestudo comparativo dos processos mentais dos selvagens, uma linha de pesqui- sas que j'se mostrou férail para ressadosem educar ou: das diversas forcas que contribuem para a orcem, a gmilormidade ea ‘coesao em uma tribo selvagem. Oconhecimento dessasforgas deveria ter sicioa base das teorias antro~ pologicas da organizacao primitiva e deveria ter fornecido os principios orientadores animalescosdo pagao” eram producode uma lei firmeede uma tradigao rigorosa, exigidas pelas necessidades bioldgicas, mentaise sociais da na- tureza humana mais do que pela emacio desenfreada ou por excessas irrestritos’A Teieaordem permeiam os usos tribais dasracas primitivas, 10. CRIMI nos aos mais ia,ajurisprudencia atengao, Nem sempre aa todos de sua ad thos dados de antigos etnégrafos amadores - 0 moderno trabalho de “campo do especialista, feito oe conhecimen to dos probl m tema tao abs tratoe comp observacées do “amador ina Os primeiros estudiosas alemaes c exatamente coma seu co fora prejudicado por sua r No continente europeu, a maioria dos esforcos dénciaantropolégica estava ditecionada ~ou mel na tarefa de provar que as teat o estudo da jurispr of, era desperdlicada » direitos individuais e da res, Subjacente a todas essas idéias est dacies primitivas 0 .ado pelo grupo ~ idade, as suas tra 0 pal cia ser- |, fascinada e submissa. Esse pressuposto, que da toque dominance ,% a.certas modernas discusses sobre a mentalidade e a sociabilidade 4” dos selvagens, sobrevive na escola francesa de Durkheim, na maioria i dos trabathos americanos e alemaes em alguns textos ingleses. 2 exagerada e.acrescentarei logo, equ Siege id INTRODUCAO. IL naterial ¢ por infundadios pre: supostos, aantiga escola de jurisprucéncia antropologica foi lévada a u estérels Conseqientemente, mostroi looinceresse pelo assuntodespencou~ rade, desapareceu quase inteiramente ~ depois de uma primeira explosaode vida curta, Aparec m ou dois livros impor- antes sobre a matéria ~ as investigacoes de Steinmetz sobre a origem da punicdo, a andlise de Durkheim sobre a lei criminal e civil primi va ~ mas, de modo geral, esse prim: ntropdlogos modernos, na teoria ¢ no campo, nao 0 levam em consideragao. No manual padrao Notes a inchropolagylNotase q entosem antropol do aparece no Sumari vo € poucas linha sito dedicadas sob o tiv "e, por excelentes que se- na a importéncia do assunco. he releréncia do autor, Essa lac presente deixad. I Asubmissdo automdtica do costume eo problema real temor dizem que “essesgrilhsessio aceitos por ele (selvagem),comoalgo natu equeele nunca proc evemos protestar. Nao ser con trdrio 4 nacureza humana aceitar como natural qualquer coergao, ¢ 0 bomem, civilizado ou sel regulamentose tabus desa- gradaveis, opressivose cruéissem sera isso compelido? E compelide por alguma forca ou motivo itresi “decada membro da tr Iinvestigacao da ordem primitiva e da ade: travel espe mencionado, fala de vida social”, que,segundoele,¢ cicio da autoridade, asst propriedade coman cerioso “sentimento de elo comu- lace sexual! Isso parece wm paraiso bolchevigque. 1s sociedades melanési nismoe p mas certamente mio € correro autor, wn socid- Iquer outro antro- foi ex pressa por um tercel logo que talvez tenha contribuido mais do que q pélogo vivo para a nossa compreensto da organizagio dos selvagens no que diz respeito & evolucao mental e social. O professor Hobhouse falando sobre tribos de nivel muito baixo de cultura, afirma que tais saciedades tém obviam nes que, sem diivida, sto consideradosobrigetdrios por seus membros, masse entendemos por lei um conjunto de regras reforcadas por wma autoridade indepen- dentemente de lacos pessoais de parentesco e amizade, semelhante VAEAORDEM 17 werdicom 1915, p.73). nos per cocultando o verdadeiro problema, lagto a certas regras, nao haveria sntoscom- plexos? Severas pratbicoes, deveres pesados e responsabilidades muito penosas e mor transformados em algo obrigatorio, mos de saber mais sobre essa valio- mplesmente a da por assentada, sem ss atl questionacla. A del parece muito restrita € nao acent hormasde conduca nassociedadessely: jente. Tomanda posigao so- investigandoa natureza das forcas gar a resultados muito mais lemas de autoridade, governo e entre um selvagem ntre umn melanésto e um provedimento arriscado; de ser omados de modo muito geral, sob risco de perclerem sentido. Ofaca é que nentruma sociedade pade funcionar mente se as leis nao lorem abedecidas de modo “voluntacio e es co", Aameaca de coereto ¢ o medo da punigao rio afetam o ho~ mem comum,seja ele selvagem ou civilizado,enquanto, poroutro lado, 18 CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELY. sdo indispensaveis em qualquer sociedade em relacao a certos elemen- tos curbulentos oucrim isso, hs um certo naimero de lets, tabus e obrigacoes em toca cultura humana que muito pesa sobre to- dos 0s cidaditos, exigindo grande 10,que € obedecido por razdes morais, sentimentais ou reais, embo neiclade” Seria facil multiplicar as afirmat misao automética ao costume domina toda 3 mitiva, Com toda a franqueza, por was na teoria € na observagao deve e armadilhas das quais essa questao est. J, Penso que a ext "muito complexa e difusa das forcas que constituem a lei primitiva Habituados como estamos a um mecanismo definide de ordenacao, administracdo e cumprimento da lei, procuramios algo andlogo em u indo nenhum arranjo por essa misteriosa pro~ | comunidade selvagem e, ; concluimos que toda lei pensao do selvagem 2 obedec r Parece-nos que a anteo perada por Tylor em sua * jorcasda lei cm termosde policia, devemos chegar a conclustio de que em uma comuntdade pri- mnitiva a lei ndo precisa sex imposta, ¢ obedecida espontaneamente Oselvagem as vezes transgride a ei, embora rara ¢ ocasionalmente ja tema sido registrado por observ. wo ein conta pelos funda dores da teoria ancropolégica, a timica lei dos selva melhor das hipoteses, condicional, 2 Gimposta por nenhum motivo indis 20 Ow a submissao geral a todas as tradigoes, mas por incentives psi Cologicos ¢ sociais muito complex o isso € uma situacao que até agora a moderna antropologia deixou completamente de lado. No relato a seguir, procurarel fixar esse ponto em uma provincia exnografica, 0 noroeste da Melanésia,¢ mostrarel as raz6es para esten- der minhas observagoes a outras sociedades pata que tenhamos algu- ma idéia sobre suas condigoes legais Abordaremos os fatos com uma concepyio muito eldstica eampla do problema, Procurandoa “lei” eas forcas legais, centaremossimplesmente omoomedo da puni- ALELPRIMITIVA EAORDEM 19 descobrir ¢ analisar todas as regras concebidas e seguidas como obriga- torias, para clescobrir a nacureza das forcas que as unem e paca classi car essas regras segundo as maneiras pelas quais foram validadas, Vere-\ mos que, por um exame inclucivo clos Fatos feito sem quale concebida ou definicao prévia, poderemos chegar a uma classilicacao satisfatoria das normas ¢ das regras cle uma comunidade primitiva, a uma clara distingaoentrea lei pr e a. uma nova concepgao, di Uma vez que os fatos da lei pri registraclos 11a Melanésia, area classica de “comu de”. de “sentimento de grupo”, de *solidariedade de cla" e de “obediéncia espontanea”,as conclusdes que poderemos extrait - contendo esses titt- lose tudo o que eles sigaificam ~ serao de especial interesse. II A economia melanésia e a teoria do comunismo primitivo : 22. CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM, téin em uma série de obrigacoes e deveres d “que se torna uma equipe de trabalho. As condigées torniam-se ainda mais complexas em virtude do fato de proprietirios e membros da tripulacao terem odireito de translerit seus privilégios a qualquer patente ou amigo Isso é comum, mas sempre por uma compensagdo ou uma remuneragao, Para um observador que nao indo um grupo cada transagao, essa situagao é int parece ser proprieda usada por toda a comunidade. De fato,o Dr. Rivers nos diz.que “um dos objetos da cultura melanésia acanoa", mais adiante, referindo-se a essa declaragao, ele fala sabre grande extensao em que os sentiments comunistas relacionados pro priedade dominam o povo da M (Socia! organization, p.106- sobre “o comportamento socia- de sociedades como as da Melanésia” isequivocado do que essas direitos Iquer sistema composto e d ude utile miodko algun partithart wataeza doe ‘Sudo “comtnismo” Se assim fosse. uma cooperativa moderna, analogamente poderia muito bem s "Para falar a verdade, qualquer dese Oiinico procedi de fatoconcreto. Assi ‘robriands considetado pelo grupo de homens que a praduziu e detém sta posse Omestre da canoa que,ao mesmo tempo atua como chefe da equuipe e como magico pescador, antes le mais nada tem de finenciar a constru- ‘aode uma nova embarcagao.quandoa velhaestiver imprestavel,e tem de manté-la em bom estado, no que é auxiliado pelo restante da tripu- lagao. Nisso, eles permanecem sob obrigacto miitua entre si, cada um ocupando seu posto,enquanto cada cana ¢ obrigada a participar sem pre que una pescaria comunal € organizada legal em termos oa de pesca nas Ih AORDEM 23 No uso da embarcagio, todo sécio-proprietario tem di minado lugar nela e participa dos dever corrences. Ele tem seu posto na cani ticulo correspondente - é 0 “mestre". 0 “pi “guarda das redes oo “vigia do peixe”, Sua posicio e seu sao determinados por uma combinagao de classe, idade ¢ destreza, Cada canoa também tem seu lugar na frotae um papel a desempenhar nas manobras da pesca ria comur. Assim, num exame mais acutrado, descobrimos que nessa ocupagio ha um sistema definido de dlivisao de fungoes e um sistema e ito a deter rivilégios ¢ beneficios de- uma tarefa a realizar edetém o inceresse proprio, dos privilégiose dos benelicios. A edade nao pode, pois.ser definida por expressoes como “com individualism: encia 20 sistema de “coo} 8 fatos concretos e pelas legiose reciprocidades que liga os sécios-y uso. Fasoma de deveres, pri proprietirios entre si e 20 objeto Assim, em relagao ao primeiro objeto gf, canon nativa -, x bun alu nossa a 05 privilégios de ma cle obrigagdes bem desenvolvido. Ico ~ a dose III A forca das obrigacées econdmicas Para nos aprofundarmos na navureza dessasobrigagdesaglutinadoras, acompanhemos 0 pescador a praia, Vejamoso que acontece com a di sio da pesca, Na maioria dos casos, s6 uma pequena proporcao perma hece com os aldedes, Normalmente, encontraremos pessoas de alguma comunidade do interior esperando na praia. Estas recebem lotes de pei xe dos pescadores e levam-nos para casa, contramos um acordo ias corn forneeeTegitieése verdurasaos pescadores, ea ein peixes. um arranj basicamente econo -cto cerimonial na traca, a qual deve ser fe des mauas que for¢a o pescador a retributr sempre que recebe tim pre~ «sente do parceiro do interior e vice-versa, Nenhum dos parceiros pode e Tecusar um presente, ser parcimonioso com Seu presente de voltae nem pode se atrasar, Qual éa forca motivadora por tris dessas obrigagoes? A aldeia coste ra ¢ ado interior tém de confiar uma na outea para o supricnenzo de 1entos, Na costa, os rtativos nunca tem legumes em quantidade su- 4°. ficiente,enquantoo povod ior tem sempre necessicade de peixe. af Adel came requer osta,todasas manifestagdescerimo- : niaise distribuicdesde alimentos, que formam um aspecto importantis= simo da vida p) ivos, sejam [eitas com certa variedade especialmente g: ada de (rutas, legumese verduras,que dao somente nas planicies [érteis do interior. La, por sua vez, o produto in- -dicado para a distribuicao € 05 festejos é 0 peixe. Assim, além dos ou- tos motivos para valorizar o alimento respectivamente mais raro, arescenta-se uma dependéncia articial’e culturalmente criada de um SELVAGEM IV Reciprocidade e organizacdo dual Figural. Nativosdo recebendo liagas de peixes dos pescadores rocas nao sio realizadas a esmo, com dois individuos quaisquer comerciando, entrestaoacaso, Aocontrario,cada tum tem seu parcelro permanente na trota,¢08 dois tém de trat porafinidade,amigosdec! ‘comnunidade,os pa te, troea estabelece , muitas vezes uo, grupo de pa- uum sistema combinados com outros lacos entr rentescoe grupo de par Revendoas relagdes ceber que 0 cada regra aio um du tfocain servigose funcoes,cada um su corregio da conduta do outro. O mest bigdes estao ligados a si internas entre os membros da ico € 05 representa externamente. Acle cada membroda sua tripulacdoesta ligadodesde a construcao para sempre e depois, quando a cooperagao for nevessiria Reciprocamente,0 mestre tem de dar a cat na festa oferece sangao para «0: dois grupos que nandoocumprimentoea ys inceresses e nas transagoes batcoe tem de provide m receba sta justa quota da pescaria. Nessa e em todos os iniimeros aspectos das atividades de or dem econdmi vos basela-se na co cessao miitua m ence conferida ea longo prazo, e ma dispensa em massa de de veres ou aceitacao de privilégios, nenkum menosprezo “comunista” a rotulose marcas. A maneira livre e facil como sto feitas todas as tran- ‘sagoes, as boas maneiras de todos, que encobrem quaisquer obstécules ou desajustes,dificultam para oobservador superficial perceber 0 vivo interesse ¢ ocAlculo vigilante que perpassam tudo, Para quem conbece wilente oS nativos. Hada é mais patente is tse Omesino con 16) trole que’o Mestre exeroe em sua canoa, eassumido dentro da comuni- dade pelo chefe que, em geral, ¢ sambém o fei “ie a ciro hereditério. ee ® “af Vv ; A lei,o interesse pessoal ea ambicdo social -quase desnecessario dizer que, além ca caercao das obrigagées reci- procas, ha outros motivos que mantém os pescaciores em sua tarela A utilidade da ocupacio, odeseig de uma alimentagao boa e fresca e, {alee Aetna de uado,a acraesbrelo que ¢ para os nativos um esporte intensamente fascinantéétffitpelem de maneira mais obvia, mais ciente c mais fortemente do que o que dlescrevemos como obfigacao le- gil. coercao social, o respeito pefosdireitos em vigor e pelas relv cagoes dos outros predominam sempre, tanto na mente dos nativos bem indispensivel assegurar 0 harmonioso funcionamento de suas ituigdes. A despeito de todo o ent edas atracdes, em cada ocasio ha alguns individuos indispostos, ma orados, obcecados por algum interesse estranho - muitas vezes por alguma intriga -, gostariam de fugir as obrigacoes, se pudessem. Quem quer que sail como€ dificilimo,se nao impossi upode melané até mesmo para uma ocupagao r njunta, e como eles proncamente trabal mentos costumeiros, podera imaginar a fur compulsio, porque o nativoesté convencido de que outro homem afir~ ma direitos sobre o seu trabalho. Ha ainda outra forga na as obrigagdées mais coercivas. Ja men- nei o aspecto ceritnonial das transagdes, Os presences de alimentos nosistema de trocas descritoanieriormente devem ser oferecicos segun- ‘Go rigorosas formalidades, em estrados especiais de madeira, a serem cartegados e apresentados da manei ‘em procissao cerimo- nial, com 0 sopro de bazios, Nada tem mais ascendéncia sobre amente dos melanésios do que a ambicgo ea yaidade, associadas 2 oubleande alimentos e de riqueza. Addar presences e na distrbuicao do excedente, eS Seiten waits Manifestagao de poder e uma elevacao da personali- 30. CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM casas mais bem feitas e ‘abana de moradia. Para dade. O wobriandés guarda seus alimentos ¢ inais profusamente ornamentadas do que ele,a generosidade éa maior virtude,ea riqueza, elemento essencial de influénciae classe. A associaghode uma transagdosemicomercial a ce- imonias pablicas definidas é outra forea coerciva de realizagao, por neiode umn mecanismo psicologicoespe reversncia pela riquezt cao do alimento. obtivemos alguma percepgao d: za das forgas mentaise is que tran . n leis compu <> A lorca coerciva nao é supérilua, Sempre que pode se furtar as obriga~ 1 cbes sem perda de prestigio ou sem a perspectiva da perda de luctos, 0 | nativo co faz, exatamente como o faria -addo. Quando se escuda maisde perto a “isura automatica” nas obrigagoes, tantas vezes atribuidazos melanést oessempre hg encrencas, mente um homem se sente das contas,a parcer! \G0es, pois a i interesse ¢ em nentos sociais. Tome-se 0 verdadeiro selvagem,cios0 em se furtar aos deveres, fanfarrao e gabota, quando os ¢ eco" do antropdlogo, que servilmente segue os costumes e obedece « texas as normas. Nao ha a mais remota semelhanca entre os ensinamentos da antropologia sobre a.Comecamosa ver comoodogma 1e 0 obser vadlor enxergasse os itiva. Compreen equivocamente es. Podemos tam- parte em obed bem ver que a lei.civil inais desenvolvida do que o cori tudo exclusi miais importantes de sua vida legal “Taftibém esté claro que embora o tipo de regras que estamos discutin- do sejain indiscutivelmente regras compullorias da lei, elas nao cm 0 ate de mandamentos religiosogesabelecidos de mod gabsefurd OBE deeidos rigid Thtegralmente. As regras aqui descritas sao essehcial Wgnte elésticas ¢ ajustavels, deixaido um consideravel éspaye né qual Bouse sues: seu umprimento € considerado satisfatorio, Liacas de peixe, medidas AL MITIVA EAORDEM 3} de inhame ou m izes 56 podemn ser avaliados por aproxima- a0,e,naturalmente,as quantidades trocadas variam conformea abun- dancia oua escassez da temporada de pesca ou da colhetta. Todos esses aspeecos so levados em conta, somente & sovinice,o desleixe ou uma preguica obstinada sao considlerados qucbra de contrato. Como a ge- nerosidade é caso de honra e tivo usaré todos os recursos _ Para se mostrar prédigo em sua medida. Ademais, ele sabe que qual quer excesso de zelo e de generosidade sera recompensado mais cedo ou mais tarde Vemos agora que uma concepeio estreita ¢ rigida do problema - uma definigao da “lei” como mecanismo para fazer justiga nos casos de trans- F gressao ~ deixuria de lado todos os fendmenos a que nos referimos. Em todos os fatos descritos, oelemenco ow o aspecto da lei de efet social consiste nos complexos arranjes que fazem as pessoas se at suas obrigagoes. Entre eles, o mai transagbes estac ligad VI As regras da lei nos atos religiosos recebera mais pa- subsequentes do luto, Também se deve ter em VII A lei docasamento . CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SE los inhames do marido da ita; os VII ek os vee e as admiram. Todo esse O principio das concessdes muituas na vida tribal ragio numa turma de pescadores,a troca de asaldeias dointerioreasda costa ecertos deveres cerimoniaisdo luto, Esses exern~ fim de ressaltar ‘no: 05 meninos devern em todos os fazem direta- Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 Edited by Foxit PDF Editor For Evaluation Only, 1921eem Argonaut volume trata de assun fhos entender oaspecto da | ¢. Bra.gem cealgar exager: adeveres reciprocos. c presente ~ por isso, €ainda maisnotavel ose: ido descrevo uma categoria de oferendas come Edited by Foxit PDF Editor - 2010 2003 Corporation, 3 é = = z 2 5 zg é & mn Only, For Evaluatio 38 CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM, mulher edo pai para os ilhos, evidencemence estou cometendo umexto. Cai entdo, de fato, no erro mencionado anteriormente, separando 0 ato de seu contexto, sem ter uma visio suficientemente ampla da cadeia de transagoes. Concud imnplicita de meuer Tho € consideradlo {pelos nativos) homem com a mae’ (p.179), Frise er também sto baseados na mesma id mente correta da situacdo - tanto do ponto de Seondmico ~ deveria abarear todo o siste matuos beneficios trocados entre 0 marido, de A versao verdadeira~ legal quanto do de presentes, deveres m lado, ea mulher, os \ssim, nas idéias nativas, ue osistema esta baseado etn concessoes mcuas bastante complenas jue @ longo prazo os servicos matuos se equilibram./1/ ‘A verdadeira razao pela qual todas essas obrigacdes econdmicas s40 io escrupuilosamente respeitadas, €que a falta decum- welea tibiezaem seu ‘Qhomem que persistentemente de 10s, logo se encontra forada ordem econdmica e social -e ele tem perleita consciéncia disso. Sao citados hoje exemplos de muitos nativos que, por pregutica, por ex- lade ou por espirito arrojade nao-conlormista, preleriram des- z a R critos e par Ocida geval abstratoou apresent a, todos tem consciéncia de sua existenc! sequéncias em cada caso concreto. e podem preverascon- compares vambsen a ape mpc ~ de rmaisagrasivel dose Ge modo independence aos mesmos resultados Func ona késine PRIMITIVA EAORDEM 39 las magicase religiosas,além de seus pagamento ou servigosem croca,estipulados pela tradicao.A mo suas fe stituigto pablica em que o eeiro da comunidade, um offcio hereditario, tem de oficiar em nome de todoogrupo, Isso acontece na magia das plantagoes,da pescaria,cla guer~ ra, do tempo e da construcao das cantoas. Conforme as necessidades, na estagao propria ousobcertascircunstincias,oleiticeirodeve realizar sua mi nento. Por isso, ele € pago em pequenas oferendas feitas no em geral, incorporadas 20s rituais. Nao obstante, a verd 0, no poder € nos privilégios conferi- dbs por sta posigao /2/ En eases de magias de merorimortnla ou s,como encantaifigntes de amor, ritos de cura, magia para dot zzadas em nome de ca relagdoentre oclientee oprotis: locostume. Do pontode vista da ofato de que todos os atos de ma- guém,clevem ser muito bem paga jonal se baseiacm c geral heredicarioe ‘gio. Um homem pode renunciar & tern o dever de cumprir suas obrigagoes e, em troca, a comunidade deve dar tudo o que Ihe édevido, Todos os atos que normalmente seriam considerados mais v more e de luto, veneragao das al miticos - tém um lado legal cuais funerdrios citados. Todo ato importance de natureza religiosa é coneebido como cbrigacao moral para com 0 objeto, a alma, oespirita otto poder reverenciado; também satislaz qualquer desejo emocional Edited by Foxit PDF Editor CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM, |, considerado por uma terceira pessoa ou pessoas como divida a assistida e page ou tetribufda em esp dasalmasassuasaldei m parente morto, seu davida, também seu apetite es itual do alimento; provavelmente, o sentimento para com o ente wentos devem ser correspondidos e, nial, que se natre da substancia it Corporation, 2003 - 2010 z . : : 5 ido morto também é expressado. Existe ainda uma obrigago so- “cc e ze as 3 oF 1osa sem algum Ba o desse tipo, mais ou menos di- fy nenteassociadoa principal jiosa do ato, Sua importan- 0B eside no fato de fazer do ato uma obrigacio social, além de ser um “dever religioso. continuar 0 exame de algumasoutras fases da vida tribal ndamente oaspect ateriormente, entrar nas reciprocidades €. Creio que ja esta cla- te nao S40 CaSO is0- dos grandes empre roque asdetalhad lados excepciona cada passo na vida nativa IX A reciprocidade como base da estrutura social ie c+) Denovo, reformulandotoda a nossa perspectiva.e observandoas ques- (ay t8esdo ponto de vista sociolégico, isto é tomando um aspecto da cons £61 Aituigdo da tribo depois do outzo, em vez de exaiinar os diversos tipos 1 de suas atividades tribais, seria | s ativi ribais, seria possivel mostrar que toda a estructura da socieclade das las Trobriands se fundamenta no princIpiodostatiis legal. Entéride por isso qui os direitos do. fe sobre os homensdo povo, hos e viee-ver Até mesmo o chele, cuja posigao é heredi itolégicas altamente venerdveis, cercado de uma admiracao semi giosa realcada por um cerimonial p ipesco de distanciamento, bur idas € softe restrigoes legais. Quando deseja declarar guerra organizar uma: festivida deliberar c buto, 0s servigos seguncio uma escala definida /I/ Ba nar aqui o que jt foi dito anteriormente sobre o status sociologico do casamento, das relagdes en- tremaridoe mulher ¢ do statusentre os parentes por psychology of sex in se habrilde 1924 CPsycho= ancito de 1925 (Complex and soos quntsforam deserts mltos ited by Foxit PDF Editor Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 & RIME £ COSTUME NA SOCIEDADE SELYAGEM. as de natureza local eem comuni- sistema de servigos reciprocos em satus, ‘que talvez seja mais nota a legal das relagies sociais ¢ a teciprocidade, o principio das concessoes muttuas, camber reina erananoclaen ida no grupo mais préxime de parentes. Como FB imos.ar seus sobrinhos,as relagoes entre SG 205,01 entre um homem § wirma ici dos ser os Justamente esse gr .cusado de “comunismo itive", Q cla em geral €descrico como dnica pessoa legitima, enti- F le e corpo dihico, na jirispruden va. “A unidade nao € 0 Bi ividu -0.0 individuo é ape 5 srupo" Certamente uma verdade, © ‘vamos ett conta ia social em que o grupo de 20 jogoda Eo que dizer acerca owaclasse ~ parentesco ~od “feciprociciade em opos da unidade perfeita dentro do cla? Aq sal do “sentimento gi mente difundido nessa parte do mundo que nos interessa, habitada por grupo como o que move os m-nosa solucio ga Nogrupode pare mo mais aguclo florescer ¢ dom rei mais adi ndencia das rela- ©, pois sao necessé-~ esse mito cendéncia essuscitado f que assim corre certo riscode se tornar moeda corrente. a nossoargumento cultura e toda a sspectos da psicol hamente. Os dois i represion in savage saciety\Sexae repressde xX As regras do costume definidas e classificadas satuais que atribuem ao ho- cia ad lei. A esse pressuposto sto eaté agora funestas ao est lugar, se as aa todos os costumes, antrop wativa de ordenareclassificar: ME E COSTUME Na SOCIEDADE SELVAGEM CARTER 1ST OS LE REGARS ney Harcland expressa liicida ¢ moderadamente 03 vigentes sobre a "mentalidade pré-logica primitiva’, ca configuragao geral da cultura joes cobrem apenas um lado da questdo, uma -verdacle ~ no tocante a Tei, 05 pontos de vista citados nao sto cos. Os selvagens tém uma classe de regras compulsorias, sem. uum carater mitico, nao enunciadas “em nome de Deus” nem im- 's por nenhuna sangao sobrenatural, mas providas de uma forca neradora puramente social lestgittinosa somac esedlos modelosde com- mentocomoo conjuntodos costumes, nao ha ciivida nenkuma de nativo sence tum forte respeito por todos eles, tende a fazer oque os 's fazem, 0 que todos aprovam e, se nao lor directonado ou impelido ro rumo pelos proprios desejas ou interesses, seguira as ordenss do me e nao qualquer outta A forca do habito, a reveréncia, pela autoricacle tradicional e um apego sentimental a isso, o desejo de io pitblica ~cuclo se combina para fazer com queocos- | tume seja obedecido pelo proprio mérito. Nisso, 0s “selvagens” nao dife~ rem de nenhuma comunidade fechacla com umm horizonte limitado, seja um gueto da Europ Oriental, uma faculdade de Oxford ou uma comu- X, nidade fundamentalista do Meio-Oeste norte-americano, O amor pela + tradigao,o conor a” pareialiménte pela obedién oS camponeses ¢ os junkers itando-nos mais uma vez estritamence aos selvagens, ha entre os trobriandeses uma série dere comooferecer seu produto. O esas regras sav abedecidas se formismo geral do selvagem! onfusas iva. Essas opi ight (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 Edited by Foxit PDF Editor For Evaluation Only, Copyri as maneiras, muito complexos erigorosamente observados r ésia. Ha mais regras ainda que es- tabelecem a conduta em jogos, esportes, diversoes ¢ lestividades, regras que séo a esséncia ea alma da diversdo ouda ocupagao,e sao respeitadas. porque se sabe e se admite que qualquer falha no jogo o prejudica, mor~ mene quando se trata de uma competicao. Note-se que nisso tudo nao IPRIMITIVA EAORDEM 45 pessoal ou mesmo de inér- m de seu cumprimento E muito fécil seguir uma regra ou desobedecé-la; uma vez envolvida em uma atividade esportiva ou simplesmente prazerosa, a silmente conseguid aprecti-la se obedlecer a toclas as regtas~ arte, do jogo ou das boas mane! também normas relativas ao que é sagrado e importante, regras do ‘ual magico,da pompa funerériaealins Basicamente,essas sto respal- dadas por sangoes sobrenaturais ¢ pelo forte sentimento de que nao se deve brinear com as questoes sagcadas, Uma forca moral igualmente paderosa sustenta cleterminadas regras de conduta pessoal em relacao gs parentes proximos que integram o ambiente domésticoe outros por quem se nutrem grandes sentimencos de amizade, lealdade ou devocao, que resguardam os ditames do cédigo social. Essa breve enumeracdo nao é uma temtativa de classificacao, mas ten- ciona indicar claramente que, ao lad grasa lei, hd muitos outros tipos de normas e mandamentis t: i5 poiados por [orgas ou cia que se oponham a qualquer regra 0} we concentrada no me: eunao pretendis 1 que todas as regras sociais S20 + legais, mas, ao Contriria, eu queria mostrar que as regras da [el i lem apenas uma categoria bem definid: Edited by Foxit PDF Editor Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only, “na combinacio desses d T att na definicao oe tropolégica da lei: das obrigagdes cle uma pessoa e nao por um simples motivo p definido de forca compuls6r ndén- ia mettua e realizado no arranjo equivalente de servicos reciprocos ¢ itosem correntesde agdes & nda mais Portanto, podemos, fi de grapo forca que assegura legal Espirit de corps,sol discutivelmente existem entre os melani potleria ser mantida sem esses elementose uinferior Desejosomente invocar um a Gnica ou a pl 9 torna ob a ordem social superior cla generosa, impessoa ‘de toda a ordem sox upoa pedraan- ager no é individualisca” ~ nie nbos. va nao consiste eccitos negativos também, ‘ontudo, sustenta-se geral- i¢do, exaure-se a questo mente que, com a descri¢ao do crime e da da jurisprudéncia no que tange as comunidades selvagens. De fato, 0 dogma da obediéncia automatica, isto ¢, da absoluta rigidez das regras do costume, implica uma énfase excessiva da lei cricainal nas comuni- dades primitivase uma correspondente negacao da possibilidade da lei (CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM Regras absolutamente rigidas nao pod vandidas ou adap: 4 vida, clas néo precisam ser reforcadas ~ mas podem ser sgredidas. Mesmo os que acteditam numa superlegalidade primi- devem adini ne € 0 aitico problema legal a ser estuclado ‘omunidades primnitivas;naoexiste lei civil entre osselvagens, nem Jurisprudencia civil para preocupar a antropologia. Essa idéia lesde Sir Henry Maine até as bhouse,o Dr Lowie J que nassocieda- Corporation, 2003 - 2010 Iney Hartland, Assim, primisivas"o Amago da | le rabus” e que “qua- dos 05 codigos antigos consistem em oes" (Primitive law, 4) Emais uma vez!" A erenca geral na certeza do castigo sobrena levesfriamentoda solidariedade de seus companheirosgeram uma asfera de terror mais de que suliciente para eviter uma quebra dos umes tribais."(p.8- ogrifoé meu), Nao existe nenhuma “atmosie~ Fade terror” ~ exceto talvez no caso dle muito poucas regras sagradas ¢ 4 + excepcionaisde rituaiseda religiao, jo,aquebra doscostt- mes tribais é evitada por um mecanismo especial, cujo estuddo € 0 ver~ dadeiro terreno da jurisprucencia pi Harlan = = 6 € 2 3 2 3 a 5 :, Edited by Foxit PDF Editor 3 é = = z 2 ¢ zg é & isso, Steinmetz, em sua ervdita ¢ competence analise da pun va, insiste no carater criminal da jurisprudéncia ant ida, indireta e involuntaia das penalidades aplicaciase em sua base religiosa. As opi rides dele sao plenamente endossadas pelos grandes socidlogos frat céses Durkheim e Mauss, que ainda acrescentam mais uma clausula: que a responsabil yganga ¢, de [ato, tod ram na psicol o na do ind: mo socidlogos bem int Hobhouse e 0 Dr Lowie,este vagens, parecem seguir a tcl 0 geral,em seus de resto jos sobre a justica nas soctedades primi .bencontramos mandam transgressio é penelizada mas nao punida, ¢ essa mecanica nao pode serestendida por nenhuin método sel além da linha que separa a lei civil da criminal. Se temos de encontrar um rdtulo moderno ~ tigos devem ser chamacas de conjunto d de um conjunto de obi reconhecidas como dever pelo oute ra de sua soviedade. Es mo determinade de re iprocidade imento Seu To pelos native: ambicao,a vaidade, oorgutho,o MITIVA E A ORDEM dos 49. us das lei formal que rege todas as fases da vida tribal, consiste \¢6es consideradas corretas por um grupo e mantida em vigor por um meca- desejo de aperfeigoamento pessoal pela exibicao, zade, dedicagao. lealdade aos parentes. E quase desnecessario acrescent descrevemos ¢ 05 defi nd monativode esq dace sem sofrer por isso no futuro. ' ar que a e publicidade seasuat erente a esteutur sao eldsticas e tm certa as nao apenas aptesentam penalicades pelas falhias, mas (Ce550 NoseucUM| assegurado pela de m de apego, ami- " € 08 “Lenomenos da lei’, mos em uma parte ntes A leia tes representa umn lodesuaestrucura, maisdoque Alei ndoresideem umsistema espe mas de contravei sultado da configuragio de ponsabi- cdo © prove njo a @ Edited by Foxit PDF Editor Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only. IX sooifisadsa sips] soupy Edited by Foxit PDF Editor Copyri ight (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only, DADE SELVAGEM CRIME E COSTUME NA SOC) gamentos, sem nenhurna interferéneia com os recebimentos, visat- varibém a uma acumulagao de objetos valiosos antes de uma gran- distibuigdo cerimontal. Qurro importante aspecto caracteristico & nial, denominado kayasa /2/ Aqui, 0 ler de uma expedigao, o mestee dle una festa ou um ett presirio de yom seror faz uma geancle dis 10 cerimonial. Os que dela par- ipam e se beneliciam de sua gentetosidade obrigamse a ajudar 0 Ii- rem todo oempree! Todas essas instituigdes, kaydsa, Raytapaktu e kaytubutabu, trazem slo conseqiténcia ligacdes especiaisde obrigagoes. Mesmoassirn, elas tosao exclusivamente logais Seria um grande equivoco tratar da ques oda lei com uma simples ehtumeracdo desses poucos arranjos, nos laiscada um promove um certo fim ecurapre uma fangao muito par- al. A principal esfera da lei esta no mecanismo social, quese encontea Sfunclo de todasas obrigacoes teaise abrange uma vastissima porcao de seus costumes, embora de modo algum todos, como sabemos. aa espécie de contrato cer 2 Argonautas. Nea. ' XUI Conclusdo e previsdo 1 Melanésia,e as conclussesa Trarei aqui somente de uma provinci quecheguei tem naturalmente um alcance limicado. Contude,e5Si8¢n- clusées sto baseadasem fatos obser vados por ura método navoe sob um novo ponto de vista, de modo que venham a estimular outros observa dores a tomar uma linha semelhante de estudo em outras regides do mundo Resumiremos agora o contraste entre as idéias atuais sobre esse tema € 05 fatos aqui apresentados. Na jurisprudéncia antropolégica mocer- na, pressupde-se universalmence que todoo costume é lei para selva gem e que ele nao tem outta lei todos 05 costumes sio obec! elodasregras p flagrant. into, a mode: é nega explicit squer motivos ‘ena antwopologia esquece e as vezes da categoria de costumes por motivos puramente sociais, Segundo Hartland e codasas outras autoridades.as sangoes religiosas, os castigos sobrenacurais, responsabilidad, a solidariedade do grupo, o tabu ea magica sto 0s elementos da jurisprudéncia entre os selvagens Como ja indiquei, todas essas controvérsias sao completamente erra- das ou verdadeiras apenas em parte ou, no minimo, pode-se dizer Gue sicuam a realicacle da vida nativa em wma perspectiva false, Talvez nao haja nenhuma necessidade maior de afirmar que nenkum homem, par, mais“selvagem" ou ‘primitivo" que sefa,instinti vamerite agita contra seus instincos, ou involuntariamente obedececa a uma regra a que se sinta inclinado a burlar astuciosamente ou a desafiar proposicadamente; ou Edited by Foxit PDF Editor Copyright (c) by Foxil it Corporation, 2003 - 2010 CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SEIVAGEM espontane de modo contrario a todos os seus © inclinagdes, A funcao essencial da lei é reprimir certas pro~ joes nacutais, limitar e controlar os instintos humanos e impor um portamento compulsério e ni eo ~ em outras palavras, gurar um tipo de cooperagao baseadlo em miivuas concessbes ¢ 52- ‘clos para un fizn comum. Deve estar presente uma nova forga, di nato @ espontineo para desempenhar essa tarela. rmento de e conisiste realmente € € mostramos em q natureza compt regras das leis primitivas. discutivelmente, o melanésio da tegido aqui focalizada tem 0 maior seito por seuscostumese tradigées ribais, Assim, para comecar, pode~ (zer muitas concessdes as antigas idéias, Todas as regras de sua tribo, For Evaluation Only, S40 por ele acatadas com rever docosturme, oencantoda trad m os ditames do ples sangaoda tradigao~ conform adorismo = muitas vezes funei junciona sozinha para fazer respeitaras boas maneitas, copiblicoem todososcasosem que sio necessétiasalgumas regras para estabelecer o inecanismo da vida comurm ¢ da cooperacao, como tam bem para permitir a conduta obediente ~ mas onde nao hi nenhuma necessidade de abusar do interesse proprio da inércia, de incicar agoes desagradaveis ou de feustrar propensoes inatas, Ha outras regras, ditames € "vos que requerem e possuern seu po especial de sano, alem do simples encantoda tradigao. Os nativos da parte descrita da Melanésia tém ce se sujeitar, por exemplo, a um tipo muito rigoroso de ritual religioso, especial mene nos enters ¢ no Tuto. mperativosde comportamento entre os parentes. Por fi existe a sancao do castigo tribal, em razao de wma reagio raivosa ¢ in- dignada de toda a comunidade. Por essa sancao,a vida humana, 2 pro- priedade ¢, por tilcimo, mas nao menos importante, a honra pessoal sto resgniardadas, ¢ também instituigoes, como a chefia, a exogamnia, a posicao social e 0 casamento, que desempenham papel de realce ern sua constituicto tribal. Cada categoria das regras que acaba de ser enumerada distingue-se das dethaig por suas cargoes e por sua relagao com a organizagio social da dir as centagoes do anseio ou proprio. Asi ALEL IVAEAORDEM 55, las nao constituem essa massa amorfa de usos tribais ou “bolo de costumes”, de que tanto j4 ouvimes falar. A altima ‘das regras fundamentais que protegem a vida,a propriedade lade, constitui o que poderia ser descrito como a“lel eri= ja com exagero pelos antropslogos, fal- 10" e da “autoridade central da de seu devido contexta de outras tegras almente cl 105 20 ponto mais impor- mente associada ao p ¢ invariavelmente arra + legais, Existem - ¢ aqui { | oats entre 9 parentes, os ho- am as relacoes econom magia, o status do marido, da mu! (73 respectivas lamilias, Fssas sio as regrasde uma comunidad melanésia 7° | que correspondem a nossa lei civil Nao ha superst sua quel ral. As forcas que tornam essas regras: das ~ descobriremos qu mples iasserdo por noste mente del rm conceito, mas S10 ‘da Melanésia seraoencontradas das obrigagées, no fatode serem acranjacas em cadeias de servicos miituos, em uma série de concessdes mituas que se estende por longos periodos e cobr obrigacoes legaisdl vaicade e amor proprio, a0 gosto pelo exibicionismo. Assim, a forca} mental inerenté ao in-! ;Smcnos legais do mesmo tipo dos encontrados no noroeste da Melanésia, Nao ha duivida de que o costu- me nao esta baseado somente numa [orca universal, indiferenciada, as sociedades uma categoria de regras suficientemente praticas para se- rem respaldadlas por sangoes religiosas, 0 bastante incomodas para acrescente sua cota de influéncia a outra coereao. Deve haver em todas serem deixadas para a simples boa vontade, por demais pessoalmen- Edited by Foxit PDF Editor - 2010 2003 Copyright (c) by Foxit Corporation, For Evaluation Only, CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM sitais para os individuos para serem impostas por qualquer organi- ao abstrata, Esse ¢ odominio das regras iegais, ¢ atrevo-me a predi- que se descobrira que a reciprocidade, 494005 principais iva. See copeve rd, 3 herenng rte Deasere eae le Edited by Foxit PDF Editor Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only, I Atransgressdo da lei ea restauracdo daordem Esta na natureza do interesse cientifico, que nado é senao refinada ;nteressar-se mais proncamente peloextraordinarioesen- sacional do que pelo normal ¢ rotineiro. Inicialmente, em uma nova ha de pesquisas ou num ramo nov de nte quebra da lei na mentais, Isso ndoq ser banido da realidade p fhoso, transformou-se nesse meio tempo pela iencia. A contemplagao das linhas grandiosas do mun- do, 0 mistério dos dados imecliatos ¢ clos icado dla “evolugao criadora” fazem a real mos, 0 lade sufictentemente 2.0u para vestudante ir sobre o somatorio de seus conheci- isemogdes em um acidente inesperado, nenhuma sensa~ a0 isolada vista de uma paisagem nova edesconhecida na explora¢ao da realidade. Cada nova descoberta 6apenas mais um passoadiante nesse ‘mesmo caminho, cada novo principio apenas amplia ou desloce nosso horizonte anterior Edited by Foxit PDF Editor Copyright (c) by Fo: Corporation, 2003 - 2010 tr do controle do interesse pré entes de olevecer solucoes extcemamente simples € ao mesmo tem sensaciona masda cultura continuem clomina~ josidade sudo da lei primitiva, percebemos asad mas definido, de jue Elvageria nao é regida por caprichos, por emocoes incontrolivels ¢ joacaso, mas pela tradicao ¢ pela ordem. No entanro, mesmo ai pet~ inece algo do velho interesse “sensacionalista” na énlase exagerada justica © atenicao dedicada as transgressbes da let ¢ sua nigio. Na antropolog nda équase exclusivamente sadada em suas manipulagdes nais.em casosde ‘mes sangrenttos seguicios de vendetta tribal, nos relatos de leitigaria adultério, quebra de tabu ow m do dramtico sabor picante dos acon~ que pode, descobrir certos ososd For Evaluation Only, minosa com retaliagao 0 assassinato. Fm tudo isso, 0 pede, ou pen: « Como reagad co osc a 9s fatos da nds pelo outro extremo. Co- as gular dale obedecida és permanentesem sua vida is Do relato dado, pude concluir stabelecidas sobre a lei civil, mo refinada e rege (0 icamos também que ela & im de todos 0 outros ti dos 08 aspectos da of claramente percep’ ipo do tada ‘Sidney Haran Igual auroridade, poder es sna para um espe ss sho quivocadas Compare Ghagoes na Pare Lsagbesi eX. 1 {briot Aqui e ios citados, tentei abordar =* © CRIME PRIMITIVO ESEUCASTIGO 61 lutas ou emitidas em nome divino, sto mantidas pelas forcas sociais, compreendidas como racionais ¢ necessarias, clasticas ¢ adapraveis Longe também de serem exclusivamente wna questdo do grupo, os di- reitose os deveresem esséncia sto preocupacaa do individwo, qj perfeitamence como tratar de seus cumprir suas obrigagées, Descobt sabe esses ¢ compreende que tem de 19s que a atitude do nativoem rela- Gio aodevereao p jo € quase a mesma vigente em uma comuni- dade civilizada ~ a ponto de que cle nao somence interpreta, mas as vezes também it Esse assunto, ainda ndo discutido, recla- ara nossa at mm panorama muio uaila- Ida lei nas t ras fossem mostradas apenas fosse descrito apenas em equili- ‘mostrei que 2 lei funciona apenas de modo bastante imperfeito, ha muitos acertos € muitas falls, mas € neces descrigao completa das questoes: te quando funciona be 1as Trobriands se as r ia uma Ha ainda urn m dem na vida a sao governadas por uma série de prine! desses é 0 direito da mae, que estabel perto a desor- somente a no poder e nas prerro~ 1a heranga econdmica, nos iagao ao cla tovemico, O statusent treos sexose seu relac rondo e irma, as relagdes en- doe pablicoem geral sao lei matriarcal. Os deveres casadae seu lar cons: a lei. Todo o sistema iacao, em algumas as crencas magico-r es da tribo. Porém, muito perto do sistema dle direito da mae, por sua sombra, existem outros sistemas menores de regras da lei. A letdo. casamento, que define 0 status de marido e de mulher com artanjos patrilocais,com limitada masclara outorga de autoridade ao homem e de turela sobre a mulher eos filhosem determinadas questées, esté ba~ seada em prineipios independentes do direito da mae,embora em mut- tos pontos esteja a ele entxelacad e ajustado. A constituigao de uma comunidade alded, a posicdo de chefe em sua aldeia e chefe em seudis- Edited by Foxit PDF Editor ight (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 Copyri F CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM 0s privilégios e deveres do feiticetro pablico sao sistemas legais lei primitiva nao ¢ perfeita, surge 0 ogéneode sistemas soba pr ema € harmonico dentro de se sm em seus limites ou tende a = ‘entao que os sister ne co? Qual 5 river des 2 Nesse ponto, 1 vez temos de recorrer § elementos os ¢ desleais da comuni © os fornecam 1 resp az nos fornec: P 2% 3 ssaremos ~ que serdo dados coneretamente e com a 0 ~ teremosem mente os principais problemas ain- 5 idos: a natureza dos atos ci imi relacdes com a lei principais fatores que ajudam o ento ce FiguraV. Um monte cénico de inhames € colocado diante do depésito do chefe pelos parentes de sua esposa (ver pagina 35) PRIMITIVO E SEU CASTIGO. explosio ocorrido ui tum ponto pelos ho de uns deze coqueiro. acontecera ¢ ja enco se mavara, 8, e5arr40 ited by Foxit PDF Editor Edi CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM \cdo de dois crimes comuns,o rouboe o sinato,cabe aqui uma rapida digressio sobre eles. Nenhum cesses la dos nativosdas Illas Trobriands, ubo € rar”), palavra aplic: ferramentas, utensil roubados porcas ou aves. mento mai alimento robriand ir pelo ato que estava em apuros ta ihacao coneebivel. Além disso,com de questao, pois estes sdo todos ident dais nao pod ir perda sensive ‘um desses casos, 0 castigo seria a vergonha e or ‘ ponto de roubar, €a maior ‘0 roubo de valores esta quase Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only, fas ou por menores. Privar a homem certas mer justamente acabo de contar, somente estada, de wer, lo sub-repti em cefesa de um, tores arma 540 contados al collide em fl mugas. Natu ro Merto po! s casos de morte como punica wsultos a pessovs de aka cate tica s$€ considerada obrigatéria nos casosde homens adultos, de cate {goria ou importancia; mesmo assim, considerada dispensavel quando Olalecido teve esse destino pela propria culpa. Em outros casos, quan- "YC. a obeacitada do autor, Argonautasdo Pacifico Ocidemtal PRIMITIVOESEUCASTIGO 9h 2 depois de uma guer~ se dava ao adversario uma compenscso pi do. Quando era cometido w culdades, A situagao r 1, examinada por completo ¢ perfeicamente en- j tendida, : ‘0 complexa, cheia de contradigses aparentes ¢ também em especial] nas fases ceri a unidade do cla domina tudo e, em casos de ede compericao aberta, ela estar acima de todas | e,sobcond i ; representa oasp ‘ mente convencionalizado da atitude ja em expresses claras.e formulas legais de acivo oq) naguele caso, ele diz, | Eye gy que deveria fazer, apresenta 0 modelo da melhor conduta past uando acua como informante de um antropélogo em campo, Wa € custa déscrever minuciosainence o Ideal da lei, Ele reserva para o comiportamento na vida real os Seus sentimentos,suas propensdes, seus Edited by Foxit PDF Editor vAGEM DRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SEI aceitos,seu.comodismoe também sua tolerancia com asfalhas dos * 1 Ainda que realmente agisse assim, nem para sl mesmoele de bom ‘admitivia que algum dia houvesse agico abaixo do padraoda | -olado,océdigade cond € 05 usos nao legais sdo revel o, que observa diretamente a ida do nativo, registra 0s fatos, vive Jer nao apenas 2 lin- rtamento tha de conduta esponténea raramente 1 loi. A “antropologia de orelha’, ou “antropologia do ouv' recorre orisco de desprezaro lado menos agradével da vida selva~ Sem exagero, pode-se dizer que esse ladoexiste e é oleracoenqua daparece descaradamente,expresso abertamente em palavraseas- esafiado. Isso talvez tenha a ver com a velha teoria do “selvagern que ngo tem costumes, de compor ‘oanimalesco, As auto jades cjue nos passaram essa versio conheciam muito bem ascom- plexidades e as portamento do nativo, que de modo algum se atém ura da douteina | dor de campo faz dedugaes sem maiores esforgos a partir do que The é contado pelo informante nativo, ma ignorance com as imprecisses que anatureza humana deixa nesse esboro tedrico. Por isso, ele reinventou oselvagem, transformando-o em win modelo de iegalidade. A verdade 6 uma combinagao das duas versdes, nosso conbe revela que tanto velha comoa nova ficcao sdo sirm| positadas de uma sicuagdo bastante complicads, Esse, como tudoo $rema logico coerent fem conflito dent ae calvez seja om Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only, auma se noquie entre 0 interesse matt importante. Em seguida vem, por um lado, discrepaneia entre a solidariedade torémica to cla e, por outro, os lagos de farnilia ou os preceitosdo interesse, A luta do principio hereditérioda posi¢ao social com as influéncias pessoais da bravura, do sucesso eco némico e das artes da feiticaria também tem importancia. A feitigaria como instrumento pessoal de poder merece atengao especial, pois frequentemente o feiticeiro ¢ um temivel rival do chele ou do lider Se 0 espaco permitisse, eu poderia dar exemplos de outros conf litos de uma natureza fortuita, mais concreta ~a historicamente comprovavel gradu~ al disseminagao do poder politico do subcla Tabalu (do cla Malasi), em © CRIME PRIMITIVO FSEUCASTIGO 93 kewasisiga), em © prestigio € 0 poder mais forte, 0 De nosso ponto de vista, o [ato mais importante nessa nos forcar a refundir comple eordem nascomunidades seb temosde aband essionando rigidamente de fora toda a super aordem surgem das mesmos processos que a regen ~ ase ndosedevem an 1a inéxcia ou molde perma 8 : é nente, Aocontr: nao apenas dle rigorosa eo uso legaliz tradligao mais oes pessoais e nos cemcertos s também pode haver jade, colacandlo essas regrasem coda mae, 0 10% Com isso, chega a0 fim nossoexame da lei e das: eis, mas fortes, que is desenvolvidas; sobre 2:ih fluencia da reciprocidade,da saingao pirblica da leie da sistematica ing déncia desses tipos de obrigagao, que proporcionam sua principal orca unificadora; sobre as regras negativas da lei, as proibicdes ¢ os tabus Edited by Foxit PDF Editor RIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVA que descobrimos serem tao Nexiveis e adapeiveis quantoas re- ygmaticas, embora cumprindo funcao diferente, Conseguimos ni sugerir uma nova cl co, uma definicao revisa yscostumes ¢ para i as re it Corporation, 2003 - 2010 es fz za FB. & tia principal, por meio de usos legal mente toleracos, 2s nbar da lei, Tivemos também de EB entre umasérie de siscemnas distintos que se juntam ao conjanto BF tribal ~ como o direito da mae ¢ 0 amor do pai, a organizugao . a istermas que as vezesentram em con Bs ma solugdes cont sc reajustes, Nao ha nenhuma ne- oe ar em maiores deta « (os pi rrutivos foram o esturdo de situacdes reais. ada pelos envol las sto pastas em pracica. Muito ins- we pedem uma dada reg os, a reaco da corn mar de contexto cultural de um ate ~ senedo mais im s jrris native sideragao, Tudo isso, que se pocleria cl sistema primitivo de regras, € igualmente impor portante qu: les enumeracao de um codificado postas, no Com isso, estamos pectindo 1 antropologia: o estudo, pela observacao direta, das regras do cost como {uncionam na vida real. Um estucdlo desse tipo revela que os may dosen: TOIRIGS Revela a ‘2a consiste nos muitos tentaculos que lanicam no contexto d que somente existent na cadeia das transacées sociais em que sto apentas um elo. Alirmo que a waite desarticulada pela qual é leita 4 mialotia dds relatos da vida tribal de informacoes imperfeitas e é realmente incompativel com 0 carater geral da vida humana e com as exigéncias da organizacdo social. Uma ‘ribo nativa, igada por um cédigo de costumes inorganicos desconexos, cairia em pedacos debaixa de nossos olhos. Podemos apenas implorar que desaparecam rapida e complecamente ho de campo os liens fragmentados de costumes, le crengas e de regras de conduta que pairam enas no papel, com a com; vida, Com isso, 05 antropologia. pod! as incerminaive coes alinhavadas que fazem que nds, 03 antropél mos idiotas, e os selvagens parecerem ridiculos. Fume r enumeragoes de homemencont onativo aesvazia com procurar outta" = e assim por de modo que as afirmagoes is.) ante. (Estou citando de me: aproximadas, emb comega n ao que de ser ou como se diz que acantece. Muieos dos dadeiro problema ndo é estudar como a vida humana se submete as regras ~ cla simplesmente nao se submete -, 0 verdaceiro problema € comoas yegras se adapearam A vida, Em relagdo a nossas a igoes tedricas, a_andlise da lei nas thas ‘Trobriands nas proporcionou uma visio clara das lorgas de coesto. em uma sociedade primitiva, baseada na solidariedade dentro do grupo eg” também na avaliacao do interesse pessoal, A oposigdo entre o primitivo GF “sentimenco de grupo” a “personatidade comum’,a “absorcao do cla” Edited by Foxit PDF Editor CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM juigaode objetivos cial e indil. Neahuma sociedade, por mais pri- radia que scja, pode escar baseaca em uma invengao ou it Corporation, 2003 - 2010 jégica da nacureza humana. ¢ ensaio apontain para mais uma moral. Embora eu z.. ‘Ges ¢ a0 relato de fatos, alguns desses natu 5 fz BS los, Entrecanto, em tudo ag pétesés, a quaiscuer tipos Or goes dacs aqui consis #3 mples e no tragado BB lagoes entre esses el também fo} possivel 2 acionarosaspectos da culeurae mostrar qual afuncaode cada um & 5 nocultural, A relacdoentreodireito da maeeo principioda pater~ oe ambos, como e,eoconflito p mos, explica uma série 10s, tipos de heranga ede noe ‘sticasde sua vida monial das obriga- n relacioname: de deveres: na série de t forgas coei acao entre o prestigio hereditirio, o pod da feiticar , como os encontramos nas thas Tr de cada principio, respectivamente. Per ‘em terreno estriramente empitico, foi- icar todos esses Latos e aspectos, mi se tipo igagdes a ic exclusiva ou predominante sobre a antropologia. Ja estéi mais de que na hora em que 0 estudioso do Ho- mem diga hypotheses non fingo 27a relago entre o diceco matern eo amor do pa édiscutida em maior profundidad na obra ciada Sexand repression insonoge society, Indice Adultério, 65,75-76, punigio, 73,90: nmarcas no cadiver, 71, € crianga Ban i¢40, 30-3, 49, 5-56, em horti- cultura, 35 An 15-16, 38, 42, 47 (w. também Co: ‘munismo, Costume, ete) Casamento, 35-36, Oentre mer do cla, 67 (. Maridoe mulher} Kos 52, 88-89; chefe, 41, 54, 61°62: por i¢80, 71-73, 0filho,80- Coesio, forgas na tribo, 87-92 29-30, 90 Cooperagio, 21-23, 28 Costume, obediéncia automatica, Parte I, Cap. 110,30, 43-44, 97,53° 56, forca do, 54: regras do Edited by Foxit PDF Editor imi primi > Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 For Evaluation Only, E (cuss com, OF sg0es, 29-30; dos yoda ei, 64 63-64, 65-67 Exumagao, 70-72 Guerra na Europa, visto 66n wara, pau tabu, 52, Sin natives, Hartland, Sidney, 53,600; sobre oco- munismo, #2; sobrea lei criminal, RIME E COSTUME NA SOCIEDAD! IAGEM house |, T,48;sobre ocostume dda obrigagao, 16-17 Kohler, 10 Koust (w Kula, comércio com o ultramar, 28, 51,65, 72,82, 85 Roubo) Kwap smbros do cla, 64-65, vento do crime, 65 33,35, 37-38, 61,75. 76,84 (v. também Casamento) Mauss, M. Marcel, 38 48, Mentalidade primitiva, 9, 43-44 Métodos do trabalho de campo, 91+ 92,94-95 sta paraosespiritos, 400 INDICE 99 Normas de conduta (v. Ca gras do) Post, Lo Presentes, 38 Producto da horta, distcibuigao da, 35-36 Edited by Foxit PDF Editor RIME F COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM 605, 48, 64, 65-66, 77 (w tam ov Crime) Sceinnetz, 48, 480 Copyright (c) by Foxit Corporation, 2003 - 2010 = pecto egal do, 74-76 2 a da exogamia ( 2 a da exogamia Cv = 3 2 : 6,33, 36,56, Parte 1, Caps. 1M 5 cx elagoes eco pescaria, feosiadeo 5-26 Religtao, 33; saneao. 45, 64; sean Troca, 25, 26, 28 (v também Kula) 55(v cam= 'w( Roubo) Resumo, me € 93-96 Ritos funersrios, 33,39-40,45,70-72, 8B de grupo, 16, 42, mitiva, LO Roubo, 90 fissens- Sagal, festas, 88 Sangdes para regras de conduta, 43, 95, 47,54, 04-65, Sexo, 38, #1n-42n, 73 | | | |

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