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TEORIA PURA DO DIREITO Hans Kelsen Martins Fontes ‘ao Palo 2002 xvul ‘eon PURA BO BIREITO ddamensis por ela defnios. Muitos destes conceitas podem ‘evel se demasiodoesreioe, outros demesiad lars, Estou ple hnamente conselnte deste perigo ao fazer a presente fentatvee, ‘portso, opradecre sinerament fda occa que so este a. ‘eto me sea Jet. Tambo esta segundo edao da Teota Pura td Direto nd pretende ser considrad como uma apresentagd0 de resultados defintivos, mas como ura tenttva carci de wrt ‘desenvolvimento a realizar atravs de complementavdese outros ‘perfeigoamentes. O seu fim er sid aleangado se for eonside- ada merecedora de tal desenvolvimento — por ouiros que ndo ‘presente autor, aa ating 0 linte dos seus das. ‘Antepus a esa segunda edicdo o preficio da primeira. Com feito, ele mosiraa sto cent e politica em que o Teoria Pura do Ditto, mo periodo da Primera Quer Mundial e dos abalossociais por ea provocados, aparece, e eo gu ela nid ‘encontrou na literatura, Sob esteaspeto, cosas nao se modi ‘tram muito depoisda Sepunda Guerra Mundiale das conutsdes ‘poiieas que deta resultaram. Agora, comoantes, uma cena Pica obetva ques limita @descrever seu objeto ebarra com {&pertngzoposico de todos aqueles que, despreando os limites ‘entreclénciae poles preseever ao Direto, em nome daguela, lum detorminado contd, quer dizer, erem poder definirum Di ‘lt justoe,conseqentemente, wm erierio de valor para°o Dire {opasiivo. especialmente a renaslda metabiea do Dieto ni ‘ural qu, con etapretens2o, sa aopor-seaopastivismo Jurca G problema da Justia, enquanto problema veloratv,situa- se fora de uma tora do Dirt ques limita a andlise do Dire- to postivo como sendo a reldade Juridica. Como, porém, tal problema éde importinea decisiva para a alia jriica, ro- ‘ure expor num apéndice®o que hia dizer sobre cl de wm pon to de vista clentficee, especialmente, 0 que hd a dizer sobre @ ‘doutrina do Disito natural ‘Devo agradecer eo Sr. Dr. Rudolf A. Métal a elaboracdo da isa dos meus exctos¢ 0 valoso auto que me presou na coreg das prov. Berkeley, Caliiria, abit de 1960. Haws Kise = Be pce — qu con a ego lon — fo pobado po assent si Bt rape ona, Cam 1 Direito e natureza 1A “pureza™ ‘A Teoria Pura do Dircito é ma teria do Diteto posivo — da Direitopostiva em gera node ua ordem jrticaespe- ial E tori geral do Direto,nio interpretacdo de pariculares ‘orias juries, naclonais ou imternacionals. Contd, Tornece tama tcoria da interpretacio, Come torn, quer nie eexcusivarneteconhece 9 eu pr prio objeto. Procara responder a esta quest2o: 0 que & «como Eo Direlto? Mas nao Ihe importa a questo de saber como de- te sero Dieta, ov somo deve ee set fete. Ecincia jurigica ‘nto politica do Dive. ‘Quando asi propria se desigzna como “pura” teoria do Di reito, so significa que ela Se propoe sarantr um conhecimento apenas drigio ao Dtckoeexcluir dst conhecment todo qua. tomo petenga a0 seu objeto, tudo quanto ndo se poss, rigor Samente,determinar como Dizeto. Quer isto dizer que ela pre tende ibertaracincla Juridica de todos os elementos que Ine S10 tstranhos. Esse € 0 seu principio metodoldpco fundamental. Tsto paree-nos alge de pr si evidete. Porém, um relance 4e olhos Sobre a cicia juridca tradicional, al como se dese ‘olveu no decurse dos sits. XIX e XX, mosicaearamente quio Tonge ela esta de satsfzer&exigenia da pureza. De um modo {nteiramenteacrico, a jurisprudenca tee confundido com 3 Pricologa ea sociolopia, com aca ea tora politic. Esta con Fusdo pode porventuraexpliar-se pelo fato de estas clencas se Feferrem a objetos que indubtavelmente tem uma esta cone- io com 9 Direto. Quando a Teoria Pura empreende delimitar © conhecimento do Diteto em face dstasdscplinas, flo nio 2 ‘poRIA pURA bo DIREITO por gnorar oy, muito menos, por nega esa conexdo, ms por ‘ue infens evar um sinretisme metodaigico qu obscurece a ‘Seincia da cena juriica ela os Iimites que 80 impostox pela natureea do seu objeto 2.0 ato € 0 seu significado juridico ‘Sese parte da dsingo entre cincis da naturezae ciacias sociss por consegutt, se distingue ene naturera esocieda Adecomo objets diferentes destes dais tipos de cia, pe se ogo Stqusto de saber sea cdncia jurdiea € uma cincia da natureza fu um ciéneia socal, se 0 Direito ¢ um fendmeno natural ov Sola, Mas esta contraposigdo denature socedase no € pos. sive sem mais, pois a Sociedade, quando estendida como a real ‘ou eletiva corwivncia entre homens, pode ser pensad como parte ‘aida om geral e,portanto, como parte da nature. Igualne- {eo Direto — ou aguilo que primo conspetusecostuma desi nar como fal — pee, pelo menos quatto a uma parte do seu Ser situa se pe dominio de natureza, ter uma ensténea inter ‘mente ratual Se analisarmos qualquer dos fatos que casi tos de jardicos ou que tem qualquer conexdo com @ Diet — por exemplo, uma fesolusdo parlamentar, um ato administra oy uma sentenea judi, um negocio jurdico, um delto, ete. —, Doderemosditingur dois elementos: primeito, um ato que sere Fea no espago e 90 tempo, seasorialmente percepivel, ou um ‘rie de ais 0s, uma manifestardo externa de conduta hua. ‘segundo, a sua sigificagZo juridea, so a sgnifeagdo que ‘to fem do ponto de visa do Ditto. Numa sala encontram se ‘eunidos vos individuos, azem-se dscusos, uns levantam a8 Inloseoutto ndo eso evento exterior Sigificado: fa vote ‘de uma ll criow-se Delo. Nisio reside a distncao familiar aos Surstasente 0 process leaiferante eo seu produto, a eh, Um ‘utta exemple: umn individuo, de habito tala pronuneia, dec ima deum edo, deterinadas palvtas em face de utr indi iduo que se enconira de pea sua Frente. O processo exterior sg rifles jriicamente que foi dtada uma sentenc judicial. Um eo mercantececreve outro uma cata com determinado coated 4, qual este responde com outra carta, Sipifica to gue, do Dont de vista juridco, eles fecharam um contrato. Certo indi. {uo provocs a morte de outro em consequenca de una determi ‘nada ausgio, Jurdiamente isto significa: homicio bmerro e warontea 3 3.0 sentido subjetvo ¢o sentido objetivo do ato ‘A sun auto-enpicago ‘Mas esta sigifiagdo juridica nto pode ser percbida no ato por meio dos sentido, ll como nos apercebemos das qualidades haturais de um objeto, como aor, adureza, 0 peso. Na verdade ‘individuo que, atuando racionalmene, pbe © ato liga a este lum determinado sentido que se exprime de qualquer modo e& ‘entendido pelos outros Este sentido subjeivo, prem, pode coin Sidi som o sinificado objetivo que o ato tem do ponto de vista do Ditto, mas ni tem necessariamente de ser asim. Se algun tise por escrito dose parimnio para depois da more, ose {ido subjevo deste ao €-0 de um tstamento. Objevamete, orem, do ponte de vista do Ditto, noo ¢, por deficincia de Fem. tn vai sc com oto Fr ia de indviduos nosvos,condena & morte um dels, cons- ‘rad um traidor, © manda executar por um fad aguilo que ‘subjetivamente considera edesgna como uma sentenga de co ‘Senagio A morte, objetivamente, em face do Direto,ndo esta- mos peante a exscusio de uma sentenga, mas pera um bom. ‘iio, se bem que o fat exterior ndo se dstinga em nada da exe fugto de uma sentenga de morte ‘Um ato, na medida em que s expesse em palaves faladas cou eseritas, pode ele proprio ate dizer algo sobre a sua uniiea- ‘lo juries. Nisto reside uma pantcularidade do material ofere ‘ido ao conhecimentojurgico, Uma planta nada pode comuni ar sabre si propria a0 investigador da natureza que a procura ‘Sassificarcentificament, Ela nao faz qualquer tentaiva para ‘Sentifleamenteexplcar «si prépria, Um ato de conduta hum: ha, porém, pode muito bem evar consigo uma auto-explicayio Juidia, isto ¢, uma decaracdo sobre aqullo que juridicamente Saifica- Os indviduos reais num parlamento podem expres- ‘Stmentedeclarar que wotam ual. Uma pessoa pode expressa- ‘mente designar como testamento a sua disposieao de lia von fade, Duis pessoas podem devlarar que concluem um negécio jridico, Astim, a conecimento que se ocupa do Direito encon- ‘aj, no proprio material uma auto-explicagao juridica que Co ‘ma a dantira sobre aexplicagdo que ao conhecimento jriico compete 4.4 norma 8) A norma como esquema de interpretacio 0 fatoexterno que, de conformidade com o seu significado ‘objavo, constitu um ato juridico (st ou ite), proses: Seo espago eno tempo, €, por iso mesmo, Um evento Sens Falmentepeceptvel, uma prsca da natureza,dterminada, co. tno tal, pea lel da eausldade. Simplesmente, este evento como tal, como elemento do sistema da natrezs, nao sonst objeto de um conhetimento espcificamentejuridico — alo é, pura e simplesmente algo juridco. O que transforma este fato num ato juridio dieito ou ito) ndo €a sua factiidade, ndo &0 seu ser atural isto seu ser tal como determinado pea lei da cause Tidade ¢encerado no sistema da natureza, mas o sentido objet vo qu est ligado a ese ato, a sgnificasao que ele possul-O sen tido juridico especiico, a sua particular signitiagao jurdia, Feeebe-a 0 fato em questdo por intermédio de uma norma que aces refere com o seu conteido, que Ihe emprestaa signifi {io jurdica, por forma que o ato pode ser interpretado segundo fsta norma, A norma funciona como esquems de interpeeacto, Pr outraspalavas:o julz0 em que se enuncia que um alo de conduta humana constitu um ato Jurdio (ow antijuridio) & 0 resultado de uma interpreta espectic, a saber de uma inter retagdo normativa, Mas também na visualizgto gue oapresents fom um acontecr natural apenas Se exprime uma determinada Imterpretago, diferente da inerpretacio normatva: a interpre ‘ade causal. A norma que empresa go ato o significado de um. ‘at jridico (ou antjuridico) ela propria produzida por um ato Juridico, que, por seu tuo, recebe a sua sgifiapao juridica ‘dem ontra norma. O que faz com que um ato constitu um fexecugto jurdica de uma sentenja de condenacdo a pena capital "endo um homicidio, essa qualidade — que ndo pode ser captada pelos sentidos — somente surge através desta operacto mental naffonto com ocigo penal e com oedigo de processo penal ‘Que a supramencionade roca de carts jurdicamente signiqhe ‘conclusdo de um contato, devese nia eexchsivamente & it ‘unstanca de esta situapofatica car soba algada de eros pre {tos do codigo civil. O ser um documento, um testamento val: {dono sd segundo o seu sentido subjetivo mas também de acor ‘do com o seu sentido objetivo, resulta de le satisfaer as cond DinEITO NATUREZA s Bes impostas por este eign para que poss valer como tests tmento. Se una assembleia de homens consilal umn parlamento seo resultado da sa atvdade¢jurlleamente uma ll vinculan- te — por utraspalaras se estes fatos tm esta significasao —, Iso quer dizer apenas que toda aguelasituacao de fato cores: onde as normasconstituionas. sso quer ize, em sua, que ‘2 conteida de um acontserftio coincide com o conte de ‘uma norma que consideramos valida 1) Norma e producto normatva (0a, o conhecimento juridico drige-s a estas normas que possuer 9 carter de norms juries conferem a determina {Sos atos oeardter de aos jurldeos (ow antjuidvos). Na verda- de, o Dieta, que consul o objeto deste conhecimento, €uma frdem normative da eonduta humana, oss, um sistema de formas que regular o comportamento humana. Com o temo “Shorma’' se quer signfiar que algo deve er ow aconece,espe- ialmente que um homem se deve conduzir de determinada ma- hora Fest seatido que possuem determinadosatos humanos {ue iatencionalmente se ditigem & conduta de outrem. Dizemos {oe se drgem intenconalmenteiconduta de outem nao 6 quan do, em conformidade com ose sentido, preserevem (comandam) essa conduta, mas também quando a permite e, especialmente, {quando conferem o poder de a realizar, isto, quando a outrem atibuido um determinado poder, especialmente o poder de le ‘riprio etablecer normas, Tas aos so ~ enenaidos nese sen ido — stos de vontade. Quando um indviduo, através de qa ‘quer ato, exprime a vontade de que um outro indviduo se co. dduza de determinada maneira, quando ordena ou permite esta ‘conduta ou confere o poder de a realizar, 0 sentido do seu ato ‘io pode enunciar se ou descreversediendo que out secon Alusird dessa maneea, mas somentedizendo que o outro se deve iiconduzir desa manelra. Aquel que ordens ou confere 0 po- ‘er de aur, quer, aquslea quem 9 comando diiido, ou a quem ‘2 auoriagao ot poder de ar éconferdo, deve. Desta forma © verbo “ever” € aqui empregado com uma sgificagao mas, “ample que a usual. No uso corrente linguagem apenas a0 or ‘dena orresponde um "dever" correspondend ao aorea “estar autorizado a e a0 conferircompetencia um “poder” 6 ‘eomia PURA DO DiRErrO Aqui, potém, empregas verbo “dever para sigificar um ato {ntencional dildo a conduta de outrem. Nese "deve" ¥20 i ‘uidos o ter permissio” © o “poder” (ter competénia). Com feito, uma norma pode ndo s6 comandar mas tambem perme, especialmente, conferi a competncia ou 0 poder de agit de era manera. Se aquele a quem ¢ordenada ou peemitida um ‘eterminada condota, ova quem ¢conferido o poder de eal ‘essa conduta, perguna pelo undamento dessa ordem, permis: ‘Sto ou poder (endo pela origem do ato através do qua se pres ‘reve, permite ou coferecompetncia), apenas o pode fazer desta Format por que devo (ou tambam, no sentido da inguagem cor rente: sou autorizad, poss) conduzt-me desta mania? "Nor mma" €o sentido de um ato através do qual uma conduta € pes. ita, permitida ou, especialmente, facltada, no sentido de a- Judicada& competdaca de alguém. Neste poito importa saien- tar que a norma, como o sentido espeifce de um a0 intenio. nal dsigido & conduta de outrem,e qualquer coisa de diferente do ato de vontade cujo sentido ela constitu Na verdade, a nor mma ¢um dever ser eo ato de vontade de que la constitu 9 set ‘do Gum ser, Por iso, astuago ftic perante a qual nos encon- ramos na hipétse de tal ato tem de ser descrita pelo enuncado Seguinte um indvidoo quer que o outro se conduza de deter nada maneira. A primeira parte referee a um sr, 0 set fatico do ato de vontade; a segunda parte referese a um deverser, a ‘uma norma como sentido doo. Por iso nao corrto din ‘como mutes vezes sedi, que o dever um individuo fazer algo nada mais sigifea sendo que um outro individuo quer algo — ‘que cquvaleria a dizer que o enunciado de um deverser sede sa'reconduzir 20 enunciado de Um Ser 'A lstngao entre sere dcvr-ser no pode ser mas aprofun- dada, E um dado imediato da nossa consitnci’, Ninguem po Ae negar que o enunciado: tal coisa¢— ou se, o enuneiado aa. ‘és do qual descrevemos um ser fatico —sedistingue esenal mente do enunciado algo deve ser ~ com o qual descrevenos lima norma ~~ que da circunstncia de algo ser nlo se se2ue ‘que algo deva ser, assim como da ctcunstania de que algo deve Se se no sepue que algo sea 'No entanto, este dualismo de sere deverser no signitica ue sere deverser se coloquem um ao lado do autre sem qual- ‘Quer reagso. Diz-se: um ser pode coresponder um deverser, (que sigifice que algo pode er da maneira como deve ser. Afi. inerTo & NaTUREZA 7 masse, por euro lado, que o dever-ser¢iraida™ a um ser” ‘A-expessio: “um ser correspande a um deve ser” no inte ‘amente correta, pois ndo € 0 ser que cortesponde a0 dever-ser, ‘mas € aquele “go”, que por um lado “é", que corresponde fqucle “algo”, que, por outro lado, "deve see que, gua: ‘vamente, pode er dsignado com conte dose como Cn teido do deverser. Também podemos exprimir ito por outras palavrasdizendo que um determinado quid, especialmente uma ‘Seterminada conduta, pode tera qualidade de ser ov a qualidade de deverser. Nests duasproposigoes: a porta sera fechad © & porta deve ser fechada,o "fechar a port’ ¢, no prmeir cts, fenuneiado como algo que é, no seaundo cas, como alga que Seve er. A condata que €e a conduta que deve ser no io ie ica. A conduta que deve ser, porém, equiva & conduta que em toda a medida, exesto no que respeita& cirunsténea (mo. us) de que uma ¢¢ a outa deve ser, Portanto a conduta esta ‘és numa norma como devida (como devendo ser) tem de se di tinguida da cortespondente conduta de fata. Porem, a conduta ‘statulda na norma como devia (como devendo sr). ¢ que cons tui o eonteido da norma, pode ser comparada com a conduta Ge fatoe, portanta, pode sr julgada como correspandendo ou ‘io correspondendo & norma (so , ao conteddo da norma). A conduta devida e que constitu o contetdo da norma nao pade, fo entanto, sera conduta de Taro correspondente norma, ‘Apesat de tudo também costuma designar-se eta condita correspondent norma e, portant, uma condata que ¢ (da oF dem do ser), como uma conduta devida (que deve set) — com Isso pretend signiticar-se que ela & como deve se. A exprestio| “conduta devia’ ambigua. Tanto pose design condita que, ‘na norma, enquantocontesdo da norma, posta como dev que deve ser mesmo quando se nlo ponha em ser ou realize! ‘como também aconduta que de ato € ou se reaiza 0 conte da norma. Quando sedizque odever-er ‘um ser, a norma a uma condtaftia(efstiva),querse signi fara condota de fato que corresponde ao contcado da norma, ‘© conteddo do ser que equival ao conteddo do dever ser, con fduta em ser que equiva condita posta na norma coma dvida (Gevendo ser) ~ mas que se no identifica com ea, por forea ds dliversidade do modus: et, num easo, dever-ser, no outro ‘Os atos que tem por sentido uma norma podem ser reali os de diferentes maneitas.Atraes de um estos assim, com tm eterminado movimento de mao, snalecoordena que pares, ‘om outro, ue avancemos. Atavés de outros siibolos: asim tims ive vemelha significa para © automobilsaa ordem de pa Far, utna luz verde significa que deve avanvar. Através da pals ‘ra falada ou escra: uma ordem pode ser dada no modo erams. tical do imperativo, v. = Cal-te! Mas também 0 pode ser sob 'Torma de uma proposieio: Eu ordeno-te que teas. Sob ea forma podem também ser concedidasautorzaoes ou conferidos Doderes, Ha enunciados sobre 0 ato cujo sentido & 0 comando, § permisio, a aribulgto de um poder ou competéncia. O seni- dd desstsproposies, porém, nao € o de um enunciado sobre ‘am fato da order do Ser, as uma norma da ordem do dever. fer, qer dizer, uma ofdem, uma permissio, uma atibuigio de ‘ompetencia. Uma let penal pode contr a proposio: 0 futo ‘er punido com pena de pristo.O seatide desta proposito no {moo $0 tor verbal parece suger 2 enunciao teu acon tect ftco, mas ina norma: uma ordem ou uma aribulgdo de ‘competénla para puni fur com pena de piso. © proceso Tepferane€constuldo por uma see de atos, que, na Sua tota- lidade, possuem o sentido de normas. Quando dizemos que, pot meio dem dos atosacima referidos ou através dos ato do pro edimento lpiferante, se “pradur” ov "poe" uma norma, s- to ¢ apenas uma expresio figura para traduair que o semido (0 significado do ato ou dos atos que constituem o procedi ‘nto leiferanteé uma norma. No entanto, ¢ preciso distnguir ‘sentido sbjetivo do senido objetivo. "Dever ser” € sentido Subjetiva de todo ato-de vontade de um inividuo que inten- ‘lonalmente vies aconduta de outro, Porem, nem sempee um tl ‘totem também objetivamente este sentido. Ora, somente qua {do exe sto tom também objetivamenteo sentido de deverser€ ‘que designamos 0 deverser como "aoa" ‘A counstania de o""dever ser" consi também o set do objetivo do ato exprime que a conduta aque o ato intencio. ‘nalment se dig ¢consderada como obrgatria (vida), 20, fpenas do ponto de Vsta do individuo que pe o ato, mas tam: ‘bm do pono de vita de um eresrodesneressado ~ sso mui- oemborn o querer, cjo sentido subjetivo€ 0 dever ser, tenka ‘einadofaicamente de eis, na ver que, com vontade, nao ‘esaparece também o sentido, o dever-ser uma vez que 0 dever ‘Ser "vale" mesma depois dea vontade er estado, sm, uma vez ‘Que cle vale ainda que o individuo cuja conduta, de acordo com inerro e warurszs ° © sentido subjetvo do ato de vontade, ¢obrigat Sra (devia) na dasaa dsse ato edo sea sentido, desde que tal indvidua és ‘do como tendo dever ovo dccito dese conduir de conforma fe com aquele devese. Endo, e 6 endo, 0 deverst, como tdeverscr “objetivo uma "norma valida” ("vigeme"), vi cilando os destinatéios, F sempre ese o aso quando ao ato de ‘ontade,cujo sentido subiedivo¢ um deverse, empestada ese Sentido objetivo por uma norma, quaado uma norma, que por isso vale como norma “superior aribui alguém competenca (ou poder) para esse ao, A ordem de um glngster para que Ihe Seja eneegue uma determinada soma de dinero tem 0 mesmo Sentido subjetivo que a ordem de umn funcondrio de finangas, Saber, que o individue a quem a ordem & diraida deve entresar ‘uma deteroninada soma de diel. No entanto, 36 2 order do Funcionaio de inaneas, eno aordem do gangsier, tem 0 snt o de uma norma valid, vinculante para 9 destinalro; apenas ‘alodo primeiro, endo 6 do segundo, €um ato produtr de uma ‘orma, pos ato d funciondrio de fnangas€fundamentado nu- ‘male ical, enquanto que o ato do gangster sendo apa em qual- ‘gucr norma que para tal Ie sribua competence, Seo ato lai Tatvo, que subjtivamente tem o sentido de dever-sey, em am ‘bém abjeivamente este sentido, quer dizer, temo sentido de uma norma vlia,¢ porgue a Constiuicdo empresa ao at leislativo ‘te sentido objetivo. O ato criado da Consttuig20, por seu tr ho, tem sentido normaivo, ado s6 subjeiva como cbjetivamen- te, desde que se pressupoata que ns devemos conduzir como 6 autor da Consttuigao preceita. Se um homem que se encont fm estado de necesdade exge de um outro que Ihe preste aux lio, o sentido subjtivo da sua pretenséo €0 que o euro Ihe deve prestar aux. Porém, uma norma objtivamente vida que vi fue ou obrigueo outro s6 existe, nesta hipdtese, se valea norma feral do amor do peoximo,eventvalmenteestabelecida pelo fn fdador de ume reigto.F sta, por seu turno, apenas vale como ‘objeivamentevineulante quando se pressupbe que nos devemos onduzir come o fundador da elisiopreceltuou. Un a press post, fundante da vadadeobjetiva sera designado aul por nor ‘a fundamental (Grundnorm)s Portanto, nto € dose atico de lum ato de vontade dingo & conduta de outrem, mas € ainda lpenas de uma norma de deverserquc defi a validade — sem entido objetivo — da norma spundo a qual ese outrem v deve ‘onduzirem harmonia com o sentido subjetive do ato devontade 0 Teoma PuRA bo DIREITO As normas através das quais uma conduta é dterminadaco- ‘mo obrigtra (como devendo Se) podem tambem ser estabele- ‘ss po aos que constituem o Tato do costume. Quando os Sividvos que vivem juntamente em sociedade se conduzem dt ‘ante certo tempo, em igus condgdes, de uma manera igual, ‘itge em cada indigo a vontade de se condi da mesa ma nea por que os membros da comuniade habitualmente secon ‘dazem, O sentido subjetivo dos alos que consttuem #stuaedo Fata do costume no € logo e desde 0 inicio um dever-se. So mente qoand ests tos se repettam durante um certo tempo Sure no individuo a ida de que Se deve conduzit com cost ‘mam conduaiese os membros da comunidad ea vontade de que também os outros membros da comunidades comport da mes mma maneia. Se um membra da comunidade e no conde pela orma como os outros membros da comunidade se costar con luni, a sua conduta é censurada por esses outros porque ee ndo Se condus como estes querer. Desta forma astuasaofatica do Costume iransform-se mma vontade clea cujo sentido sub Jeti ¢ um deverser. Porém, o sentido subjetivo dos atos cons tutivos do costume apenas pode ser interpretado como norma ‘objetvament valida se costume ¢assumido como fato produ {or de norms por uma norma superior, Visio o fato do costume Ser constituide por ats de conduta humana, também a norms produrias pelo costime s40 etabeleldas por aos de conduta hhumana e, portant, norma posts, so &, norms positives, tal ‘como as norma qu 30 sentido subjeive de tos lesslativos. ‘Rtravs do costume tanto podem ser produsidas normas morals ‘como normas juridias. AS normas Juridcas sao mormas pro ‘duds pelo costume sea Consttuedo da comunidade assume ‘ costume — um costume qualificado — come fato criador de Dire. Finalmente deve nocarse que uma norma pode ser no 56 «9 sentido de um ato de vontade mas também — como conteido fdesentido —o contesdo de um ato de pensamento, Uma norma ode nao 36 ser querida, come também pode ser simplesmente Densada sem ser querida. Neste cas, ela nao € uma norma pos ‘a, uma norma postiva. Quer isto dizer que uma norma nfo tem de serefeivamente posta — pode estar simplesmente pressupos- ‘a no peasamente’ inerro # warune24 ©) Vigénciae dominio de viggncia da norma ‘Com a paavea“vigtncia” devignamos a existécia espe cade uma norma. Quando descrevemoso sentido ou o signi do de um ato normatvo demos que, com oatoem quest, uma, ‘qualquer conduta humana precituada, rdenada, reseia exi Bide, protbid; ou entdo consenida, peeniida ov falta, fomo acima propusemos,cmpresarmos a palavra “deve sr fnum sentido que abranja iods ests signiicacdes, podamos ex: primis avigencia alidae) de uma norma dizendo que eta cos fleve ou no deve ser, deve ou nao ser feta. Se designarmos a tistenciaespsifca da norma como a sua “vigncia, damos des "a forma expresso & manera particular pela qual 3 norma — tierentemente do ser dos fates naturis — nos ¢ dada ou se n05 presenta, A "‘exitencia™ de uma norma posiiva, a sua Vgen ‘ia, ¢ diferente da existencia do ato.de vontade de que ela € 0 Seniido objetivo, A norma pode vale (ser igen) quando ost de vontade de que ela constitu o sentido jdrndo existe. Sim, ela ‘6 entra mesmo em vigor depos de o ato de vontade, cao seti- do ea constitu cer deixado de exis. 0 individue que, com 0 Seuato intencionaldirgio &conduta de outrem, crow uma nor- ma judi, no precisa continua a querer essa conduta para que 2 norma que constitu o sentido do seu to val (sea vigente), Os indviduos que funcionam como dredo lesslativo, depois de aprovarem ura lei que fepuladaterminadas matérat © de apo Fem, portanto, em vigor, dedicam se, tas suas resligSes, 47 tulementacdo de outras matérias — eas les que eles puseram fm vigor (aque eles deram vigecia) podem valet mesmo qua fo estes indviddos je tenham morrido ha muito tempo & pot tanto, nem sequersejam eapazes de querer. F erOnic carter 2a a norma em geral ea norma jriica em particular como “von lade" ou "comando” — do egslador ou do Estado —, quando por "yontade" ou "comando” se entenda o ao de vontade ps ‘Como a viggncia da norma pertence a ordem do deverser, nfo 8 ordem da se, deve também ditnguirse a vigenca da horma da sua efi, isto, do fato real de ela ser efetvamente aplicedae observada, da civcunstaneia de wma condita humans onforme norma se verificar na otdem dos fates, Diger gue um forma val (€vigente) radu algo diferente do que se diz qyan- do se afirma que cla ¢cfetivamenteapicadaerespeitada, se ben 2 Te0RIA PURA DO DIREsTO ‘que entre vigéncia eiecia pos exis wma cert conexdo. Una Norma juries €consierada como objeivamente via apenas ‘quando a conduta humana que ela regula The corresponde ele ‘mente, peto menos numa certa medida, Uma norma que nut fcacem parte alguma é aplicada erespeitada, into ¢, uma norma ‘que — como costuma dizer-se ~ ndo ¢eficaz em uinaceta me- ida, mio sea considera como norma via vigent). Um mi nim de eficicia (como si dizerse)€a eondigao da sua vigen fia, No entanto, deve exis a possibildade de uma conduta em ‘desarmonia com a norma. Uma norma que preceituasse um et te evento que de antemao se sabe que neessarimente se tem de ‘voficr, sempre eem toda 8 parte, pot foga de uma ei natural, Seria to absurda como uma norma que precetuasse um cert ato ‘Que de antemao se sabe que de forma slaumna se poder veri ar, igualmente por forea de uma Ie natural. Vigéncaeeficicia de ima norma jurdica também no coincidem cronologicamnen- te, Uma norma jurdica entra em vigor antes ainda de se tornar fica, isto €, antes de ser seguidae aplicada. Um trlbunal que Splice uma le mum caso concretoimedhatamenteapds asa pro ‘mulgaydo — portanto, antes que tenba podido tornar-se eficaz splica wma norma jridica valida. Porém, uma norma ju a deisard de er considera vida quando permanece duradou: ramen inefiea. A eficica€, nesta medida, condigao da vigen ia, visto ao estabelecimeato de uma norma ster de seguir sua ficica para que ela ndo perea a sua vigncia.E de nota, no fentanto, que, por efidcia de uma norma jridica que liga a ma ‘eterminada conduta, como condo, uma sangio como conse ‘autnciay — assim, quaifica como delto a conduta que cond ‘ona a tanedo —, se deve entender no so fato de esta norma Ser aplicada pets bs jurdicos, especialmente pelos tribunals “So ¢,0 fio dea sang2o, num caso concteto, ser ordenada «aplicada —, mas também 6 fato de eta norma ser respetada pelos individuos subordinadoe& ordem jurdca ~ isto, 9 fat0 feseradotada a conduta pela qual se evita asangao. Na medida fm que aestatulcao de sangoes tem por fim imped (prevensio) a conduta condicionante da sangio — a pratia de delitos —, fncontetmo-nos perant a hipoese deal da vgenia de uma nor tna juridica quando esta nem sequer chega a ser aplicada, pelo {ato de a representacdo da sangao a excutat em aso de deito ser tornado, rlatvamente aos individuossubmetdos A ordem jus, em motivo para dekarem de praticar odelto, Nesta inerro # NaTuREzA B potese,aefleica da norma juridica reduz-se& sua observinla Ro entanto, a observancad «por outtos motivos, de f € bropriamente a epresetagdo da norma juvidica mas a repre. Sentai de uma norma relpios ou moral. Mais tarde volar ‘mos anda afar desta tio importante conexdo entre a viene a chamada efeéia da norma Juric? ‘Se, com a expresso: a norma refere-se a uina determinada condita se quer slgnficar a conduta que consti o conteudo dda norma, eno a norma pode eeferc-Se também a Tats ous. tuagdes que ndo constituem conduta humana, mas iss sna me ida em que esses fats ou stuacdes si condigoes ou efeitos de onditas humanas. Una norma juriica pode determinar que, fom caso de um eatacliamo da natreza, aqueles que por cle no forem imediatamente atingidos esto obrigados a prestarsocoe +0 vitimas na medida do possvel. Quando uma norma ju ‘a pune 0 homiidio com a pena capital, o tipo legal daliiude, sim como as conseqitacas dogo, no consistem apenas mu mma determinada conduta humana, ov sea, no comportamento ‘deum indivdo dirgido & morte de outro, mas também num ee to espesficg desta conduta’ a morte de um bomen, que ¢ um process fsiolgieo,e no uma acéo humana. Visto a conduta ‘humana, assim como as suas condigbe ¢ efeitos se procesarem no espago eno tempo, 0 espagoe 0 tempo em que 0s fates des crits pola norma decorrem devem set fisadoso eonteado da ‘mesma norma. A vigecia de todas as notmas em gta ve re Jam a conduta humana, e em particular a das norms Juridica, uma vigtnciaespayo-emporal na medida em que a normas (em por conteide processosespago-emporals. Der que ua not ‘a vale significa sempre dizer que ela vale para um qualquer ex ‘ago ou para um qualquer periodo de tempo, isto @, que ea se ‘efere auma conduta que somente se pode verfiar em um cto ugar ou em um certo momento (e bem que porventura nao ¥e ‘ha de Tato a vorificar sc). A relerécia da norma 20 espago e 20 tempo & 0 dominio 4a vigeneia espacial e temporal da norma. Este domino de i ‘incia pode se limita, mas pode ambem ser imitado. A nor. ‘na pode valer apenas para um determinado espao e param ‘eterminado tempo, fkados po ela mesmo por uma oar noe ‘ma superior, ou sea, regular apenas fats que ve desenolam den- ‘to de um determinsdoespajo eno decuso de um determinad periode de tempo. Pode, porém, vale também — de harmonia fom o seu sentido — em toda a parte e sempre, it , referirse {eterminadosfatosem geal, onde quer que e quando quer que Se possam verifier E ese ose sentido quando ela mio epatem ‘qualquer determinacio espacial e temporal enenhuma outa nor ‘ma soperiordelimtao seu dominio espacial ou temporal. Neste as, ela nao vale aespacialeintemporalmette, mas apenas su ede que ndovigora para um epacodeterminado e para um pe Flodo de tempo determinado, iso &, ox Ses dominios de vigea {Sa espaciale temporal ndo sto lntaos. O dominio de igznca ‘de uma norma éum elemento do seu contetda,e ese conteido ode, como mais adianteveremos, er predterminado até certo onto por uma norma superion Relaivamente ao dominio da vlidade temporal de uma nor- ima postiva, devem disingulr-so perodo de tempo posterior © © periodo de tempo anterior ao etabelesmento da norma Em feral, as normas referem se apenas a conduas fturas. NO et tanto, podem eferr-setambem acondutas passadas. Assim, uma rorma jurdica, que liga produsio de dterminado fato um ato oeritivo com sane, pode determinar que um individu ae tena adocado deverminadaconduta, antes ainda dea norma ju Fides se editada, sia unio — desta forma tl conduta ern ‘er qualfcada como delta, Die endo que a norma tem for fa rtroatva. Mas também quanto a0 ato coeritvo que, como onseqhéncia, ¢estatuldo pela arma jurdcs, pode esta visar nao S60 futuro como também o pasado. Com efit, ela pode de- tenminar nao s6 que, sob certs condides, verifiadas antes da Sua entrada em vigor, se deve —no futuro — exceutar um ato de coereto, mas também que um ato de eoeredo que, no passt- fo, fol efetvamenteexccutado sem o deve ser, sto é, sem ter ‘carder de uma sn, devera er sido realizado (ness mesmo passado), de forma que, de agora em diane, ele valrd como se fora devo, sto, com saneio. Asim, por exemplo, sob ore- me nacional socalista, na Alemanha, cetos aos de coero que, 0 tempo em que foram execitados,constiuam juridicamente homicide, foram postriormentelsmadosreroaivamente co ‘mo sangbes eas condutas que os determinaram foram posterior ‘mente qualfeadas como deios. Ua norma jrdica pode ret far, com fore retrotva,validade @ uma outra norms juridica ‘ae fora eitada antes da sua entrada em vigor, por forma aque ‘os ato de coersa0,executads, como sang, sob © dominio da ae binerro & waruReza 1s norma anterior, percam o seu cariter de penas ou exeeuges, € 9s fatos de conduta humana que os condicionaram sejam des dos posteirmente do seu carat de deltos, Assim, por ext Plo, pode a lei de um governo que congustou o poder pela via Fevoluciondra rear a validade, retroaivamente um lied tad pelo governo anterior e segundo a qual cetas aes pratca das pelos Sequazes do partido revalucionari foram punidas co mo crimes politics, Everdade que aquilo que Ja aconteces nto pode ser transformado em nao acontetido; porém, o significado Formative dagulo que ha um longo tempo aconteceu pode ser Posteriormente madiicado através de normas qu 80 postas em Vigor apds o evento que se trata de interpretar. “Alem dos dominios de valdade espacial e temporal pode ain da dstinguir-se um dominio de valdade pessoal e um dominio 4evaldade material das normas. Com eft, a conduta que pe las normas é reglada ¢ uma conduta humana, condita de ho mens, pelo questo de dstinglrem toda a conduta fixads numa rorma’ um elemento pessoal e um elemento material, o homer, Aue se deve conduzir de certa mane io ou forma por Ave ele se deve conduit. Ambos os clementos eso liad en tee spor forma inseparave. Importa aqui notar que no ¢ on Aividio como tat que, visado por uma norma, Ihe fica submet do, mas o € apenas e sempre una determinada conduta do indi viduo. O dominio pessoal de validade referee a0 elemento pes Soal da condutafiada pela norma. Também este dominio de va- Tidade pode ser limitado ou iimitado. Ua ordem moral pode ‘manifestar a pretensio de valer pare todos os homens, ito esa onduta determinada pela normas deste ordenamento ¢2 20 Auta de codos os homens ¢ nao simplesmente de detrminados homens quaiicados pelo mesmo ordenamento. Exprime se ha bitualment esta iia dioendo que exte ordenamento se diige todos os homens. A condula kaa pelasaormas de un ordena mento jridco cstadual ¢ apenas a conduta de homens que vi ‘vem no terttéio do Estado ou ~ quando vivem em ovtra gual Auer parte — slo eidadios dsse Estado, Ds-se que a ardem ju Fide estadual apenas cissplina a condita de individos por es "a form detesminados, que apenas estes individuos esto sub- metdos&ordem jurdicaesadual, ou sea, que o domino pessoal de valdade & init a estes individuos. Pode flare anda de tum dominio material de valida tendo mm conta os diversos as estos da conduts humana que se normados: aspect econ, 16 [EORIA PURA DO pIRETTO ‘isos, politico, etc. De uma norma que discplinaaconduta 0 ‘nba dos individuos diz-s que ela regula a economia, de uma ‘norma quedsciplinaa conducaeligiosadiz-se que claregula are Tito, ete. Falamos de diferentes materia ou bets de regula eauremos rade com 0 0s diferentes aspectos da ‘onda iad elas normss. Oque as normas dem ordenarmen- torepulamé sempre uma condutahhumana, pois apenas aconduta humana ¢egulvel staves das normas. Os outros fats que ‘lo condula humana someate podem coastuirconteide de nor- mas quando estejamem conexdo com urnaconduta humana — 0, ‘como janotamos, apenasenquanto condigioouefeto de umacon ‘data naman O coneeto de dominio material de valdadeencon- traaplicacto, por exemple, quando uma ordem jurdia global — ‘somo no sao de im Estado federal ~ se desembra em Varas orden juriicaspaciiscujos dominios devaidade so recipro- ‘mente delimitados com refergncia as matris que hes cade re ular por exemplo, quando as ordens jurdias dos Fstados- ‘iembror apenas podem replat materia bem dterminadas, emu ‘meradas na Constivieio ov ~ como também secostuma dizer — ‘quando apenas a regulamentagao destas matrias se engoadra na ‘Sompetncia dos Estados-membros, ea epulamentacdo de todas fs outra matris¢reservada& or dem jurdia do Estado federal {Guctambem consti apenas uma ordem juriic parca), ou, por ‘tras palavras, cal 3 aalgads ou no dominio de competncia ‘do Esta federal O dominio material de validade de uma order Juridica pobal porém, ¢sempreilimitad, ramedidaemqueura {al ordem urdiea,porsuapropriaesnca, pode regular sob qu ‘quer aspect aconduta dos individuos qu ne esto subordinados () Regulamentgio positina e negativ: ‘ordenar, conferr poder ou competénia,permitr A conduta humana discipinada por um ordenamento nor- ‘mati ou € uma ago por este ordenamento determinads, ou & ‘mised de tl ag30, A repulamentacdo daconduta humana por ‘im ordenamento nocmatio procesta-se por una forma postiva ‘por wma forma negative. A conduta humana éepulada posit ‘mente por um ordenamento positive, desde logo, quando a urn Indiv € pesca a ealizaedo ou a omissio de um determinado ineiro & aruneza v ato. (Quando éprescrita a omissio de um ato, ss ato & poi ‘do, Ser a condita de um indviduo presrita por ama norma ob Jetivamente via €equivalente a ser esse individ brigado a ‘ss conduta. Seo individuo second tl como 4 norms pres ‘reve, cupre a sua abrzagao, observa a norma; coma condata norma, 04,0 que vale o mesmo, asa obiga- (Ho. A'conduta humana & ainda regulada num sentido posto {Quando a um indviduo ¢conferido, pelo ordenamento normal ‘Yo, © poder ou competéncia para produsir, através de uma de- terminada auacdo, determinadas consequéncas pelo meso oF ‘denamento normadas, especialmente — seo ordenamento re laa sua propria eriagdo — para produzir normas ou para inte vir na produgdo de normas, O cao € ainda o mesmo quando © ‘ordenamento juridico, estauindo atos de coer atribut a um individuo poder ou competéncia para etabelecer esses atos coer itvos sob as condigesesatuidas pelo mesmo ordenamentojo- ridico. A mesinahipétse de repulamentagao positiva se verfica também quando uma dterninada conduta, que € em geal pro ida, € pecmitida @ um indviduo poe uma norma que lita 0 dominio de validade da outra norma que peoibe essa conduit. ‘al suede, por exemplo, quando uma norma probe, de forma absolutamentegenérica, 0 emprego da Torea por ut individu ontra outro, e uma norma particular 0 permite em cao dees. tima defesa, Enquanto um individuo pratca as agdes para que tua norma the confere competencia, ou se conduz tal come Ihe € postvamente conenido por uma norma, apica a norma. Con petente por forca de uma ls, que ¢ uma norma geval, para dec fir os casos coneretos, o juz com a sua devsdo — que tepresen ‘a.uma norma indvideal~ apie ale a um caso coneteto. Com petente, por fora da decisio juiial, para executar uma deter. fminada pena, o brgio de execu Aecisio Juical. Ao faze-se uso da leitima dees forma que postvamente permite 0 emprego da fora. Apia ‘0 de uma norma, contudo, € ainda ojuizo através do qual ex Drimimos que um individuo se conduz ou se no conduz tl co- ‘mo wma norma iho presereve ou positivamente consente, ou que fle age ou ndo age de acordo com o poder ou competenia que {uma norma Ihe aril ‘Num sentido muito ampo, toda a conduta humana que é ada num ordenamento normative como pressuposto Ov CMO conseqénia se pode considerar como autorizade por ese mesmo ‘ordentment¢, neste sentido, como postivamente repulada, Ne ‘tativamente repulada por um ordenamento normativo € a con uta humans quando, nao see probida por aquele orden to, tambeanndo ¢postivamente permitide por ima norma dl Imitadora do dominio de validade de uma oura norma prosbiiva ‘Sendo, assim, permitida num sentido merament ngativo. Essa angio meramente negativa da permissio deve ser distinguids da angio postive, pols exta consiste num ao positive. O carter postive de ua permiso sobesa especialmente quando se ope- ‘Fo uma limitacio de uma norma probiva de determinada con- Ata, através de uma outa norma que permite aconduta pro ‘4a sb condigao de esta permisso ser concedida por um oreo ‘da coletividade que par al em sompetenci A Fungo — tanto ‘negatva como posiva ~ da permisso est assim, exsencialmen {e ligada com a da prescrigdo. Somente nos quadros de um orde hamnento normative que prescrevedeterminada conduta humana pode set peritda uma determinada conduta humana "A palavra “permit €tambem utlizaa no sentido de “con- fericum drt”, Quando, mira rlado ene eB, se reser ea Ac dever de saportar que bse conduc de deteminada ma- rsa, dzse que a B& permit (st &, que ele tm o direito de) onduzir-se dessa maneira.F quando se preseeve @ A 0 dever de prestar aB um determinado quid, dizse que @B €permitido (sto ¢, que le tem o direto de) receberagueladeterminada pres tact de'A. No primero caso, a proposicdo:€ permitido a B ‘ondurese de determinada maneia, nada mais iz que esta ow tra: €preserito a Ao dever de suporar que B se conduza de de {erminada maneia.F, no segundo caso, a proposicdo: € per {ido a B receber aguela determinada presacao de A, no signif ‘hsendo.o meso que ela: €impostaa Aa obrigaao de prestar {Bum determinado guid. O “ser permit” da conduta de B apenas um reflexo da ser prescrito da conduta de A. Este “per "no € uma Tung da ordem normatva diferente do “pres- (9) Norma e valor ‘Quando uma norma estat ume determinada conduta co smo devia (no sentido de "peseria), a conduta real (Ftc) pode ‘orresponder & norma ou contrarié i. Corresponde norma, sro E NaTUREZA 0 ‘quando € tal como deve ser de acordo com a norma; cotraia 4 norma quando nao € tal como, de acordo com a norma, deve fia se, porque ¢ 0 contrario de uma conduta que ortesponde ‘norma O jue segundo o qa uma conduta real al como deve er, de acorda com una norma objetivamente via, € um julzo de'vaor , este caso, um juito de valor postive, Sign. aque a condita real é “boa”. juzo, segundo 9 qual uma con- uta real nao @tal como, de acordo com uma norma vis, de ‘veia ser, porque €oconirrio de uma sonduta que correspond 4 nocma,€ um juizo de valor nepativo. Sinica que a conduta teal ¢""ma”. Uma norma objtivamente valida, queixa ua con ‘uta como devia, constitu’ um valor postive ou neva. A con ‘uta que corresponde & norma tem um valor positiv, a conduta ‘que contrat a norm tem um valor negative. A nina consie- ada como abjetivamente valida funciona como media de valor ‘elaivamente conduta real Os julzos de valor segundo 0s qua luma conduta real corresponde a uma norma considerada objet ‘vamente vide, neste sentido, éboa, ist ,valosa, ou conta. tia tal norma e, nese sentido, ¢ ma, isto € dsvaiosa, dever ser Aistnguidos dos Juzos de realidade que, sem referéacia a uma, ‘norma consderaaobjetivarnente vida o que, em ima and lise, quer der: sem referencia na norma fundamental pres. suposta — enunciam que algo € ou como alga él ‘A conduta teal a que se refere 0 juiro de Valo ¢ que const tui o objeto davaloragdo, que fem um valor positive ou ne 0, € um fato da ordem do ser, exstente no terpoe 0 expa59, lum elemento ou parte da realidade. Apenas um fato da ordess dd ser pode, quando comparado com uma norma, set juleado ‘alioso ou desvaliosa ter um valor positivo ou neato. Ea ea Hidade que se avalia™ Na medida em que as normas que const tem o fundamento dos ulzos de valor sto esabelecids por atos de uma vontade humana, endo de uma vontade supra humana, 105 valores através delasconstiuidos do arbiterion. Atraves de ‘outros atos de vontade humana podem ser produzidas outras or mas, contrrias 2s primeiras, qu consttuam outros valores, opos tos aos valores que estas constiuem. O que segundo aguels,€ bom, pode ser mau segundo estas. Por iso, as norms legiladas pelos homens —e nao por uma astoriade supa-humana —ape fas constuem valores elativos. Quer ito dizer que tvigencla de uma norma desta espéie que prescreva uma deteruinada con: Auta como obrigatéria, bem come ado valor por ela contigo, 2 TEORIA PURA DO DIRErTO ‘io exclu a possibilidade de vigincia de uma outra norma que presereva a onduta oposa e consttua um valor oposto. Assim, {Inorma que proibeosuicidio ou a mentiraem todas e quaisquer ‘Sreunstinsas pode vale o mesmo que norma que, em certs. ‘insti, permits ovate prescreva.o sia ova ment, sen ‘que seja possvel demonstra, por via raconal, que apenas uma Pode er considerada como vida endo a outa. Podemos cons erat como valida quer uma quer outra — mas alo as duas 20 mesmo tempo. ‘Quando, porém, nos representamos a norma constitutva de cero valore que presreve determinada conduta como procedente de uma auoridade supra-humana, de Deus ou danatureza ci ‘da por Deus, ela apresena-se-nos com a pretensio de exci 8 postibilidade de vigencia(validade) de uma norma que prescreva eonduts oposta. Quaifia-se de absluto valor constido or uma tal norma, em contraposiao ao valor ensttuido ara ‘és de uma norma lepslada por um ato de vontade humana. Uma ‘eoria cenifica dos valores apenas toma em consideragdo, no en tanto, as norms exabeleidas por alos de vontade humana eo: Valores por elas consttuldos. 'S¢0 valor €constituldo por uma norma objetivamente val firma que um quid eel, uma conduta humana isa, ou "ma isto, desvaiosa, ex Prime ctaduz gue ela € conforme a uma norme objeivamente Vilida ou Sea, que deve ser (Lal como €), ou que contradiz uma horma objeivamente vida, quer diet, ndo deve ser (al como 8-0 valor, como dever-se, coloca-seem face da realidad, co to ser; valorerelidade ~ tal como o deversit ¢0 set — per tencem a doas esferas diferentes ‘Se chamarmos & proposgio que afrma que uma conduta humana ¢cogforme a uma norma objetvamente vida, ov 3 con trai um juzo de valor, ent o juizo de valor deve se dist buido da norma consttutiva do valor. Comte jui2o, pode tl pro posieto ser verdadera ou falsa, pos feferese noima de um or. ‘enamento vigente-Ojuo sepundo 0 ual é bom, de acordo corn ‘2 Moral erst, amar os amigos coda os inimigos, einverdico Scuma norma da Moral rst vigenteexige que amiemas no $8 (6s amigos como também os inimigos. O julz, segundo o qual conforme ao Direto punir um ladeio com a pena de morte € falso quando, de conformidade com o Diretovigente, um lado deve ser punido com a privagao da iberdade, mas no com a pr Dinero & warureza a ‘vagto da vida, Peo coneiro, uma norma nao éverdadira ou Fals, mas apenas valida ou invalid. ‘Ochamado "julz0" judicial ndo é de forma alguma,tam- ‘pouco como a lei que aplica, um juzo no sentido loco de pala ‘ra, mae uma norma — uma norma individ, imitada na sa ‘aldade aum caso conereto, dferentemente do que sucede com ‘norma geral, designada como "le ‘Deveros dstinguir do valor constvuido através de uma nor ‘ma considerads objtivamente vada 0 valor que consist, no ns elagao com uma al norma, mas na flag de um objeto com ‘desejo ou a vontade de um ou de varios individuos ata obje0 ‘irisda, Conforme o objto cortesponde ou ado a este desejo ‘0 vortad, tem um valor positive ou nezaivo, € “bom” ou “mau”, Se designarmos como juizo de vloro juizo através do qual deierminamos 2 relaao de um objeto com o desejo ou vor: {ade de um ou varios indviduosdiiida a ese mesmo objeto e, esse modo, considerarmos bom o objeto quando correspond guete deseo ou vootade, e mau, quando contradiz aquele dese tad, est inode val nfo se dstingue de ui jizo lade, pois que stabelece apenas a relat ente dots fa tos da ordem do se eno arelasdo de um fato da ordem do ser ‘om uma norma da ordem do dever-ser objtivamente vida, CConsttul apenas um particular juizo de reaidade ‘Sea afirmacio de algoém de que algo ¢ bom ou mau consti tui apenas a imeiataexpresto do seu desejo desse ao (04 do Seu contritio), ess afirmacio nie ¢ um “ju20" de valor, visto ‘no corresponder a ua fungao do conhecimento masa uma fue (Go dos components emocionais da conscienia. Quando aque Ta manifestacio sedge condut ala, come expresso de uma aprovacio ou desprovacio emocional, pode traduit-se pores lamagdes como “brave!” ou pf!" ‘Ovalor que consist na rela de ui objeto, especialmente de uma condita humana, com 9 deseo ou votade de um ou v Fiosndividuos, aquele objeto diida, pode ser designado como ‘alr subjetivo — para distinguirdovalor que consist na ela ‘Ho de ima conduta com uma norma cbjeivamente valida e que ode ser designado como valor objetivo. Quando o juizo segun- fd o qual uma determinada conduta humana ¢ boa apenas sgn fica qu ela €deseada ou querida por uma outra ou vias ou- tras pessoas, ¢ 0 juizo segundo o qual uma conduta humana & ‘mt apenas raduz que a conduta contrria€deselada ou qutida n ‘eORIA PURA bo DIREITO or uma outra ou varias outras pessoas, ent 0 valor “bom {0 desalor "mau" apenas exstom pars aguela ou aquelas pes ‘Soas que desejam ou quetem aquela onda ou a conduta op 1a, emo para a pessoa ou pesoas cua conduta € desea ov ‘querida.Diversamente, quando 0 julzo segundo 0 qual una Je- terminada condita humana é boa trad que ela corresponde @ tuma nerma objetivamente valida, e julzo segundo 0 qual uma

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