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Ful Diretoria ident As Universidades na Idade Média Tradugio Pilvia M. L. Moretto 045261) wn re rn Jacques Ver Idade Média. Sto Paulo: Editora UNESP, 1990, p. 139- 162. Universidade e sociedade algumas fontes dvida perigoso querer de profissional. Supondo que da Idade Mé gens mui idéia de que 0s univer mestres \esmos € da natureza de seu trabalho. E, et Procuramos reunir abaixo os pontos de referéncia colocados por al- guns trabalhos recentes, RICOS E POBRES As universidades eram sem diivida socialmente to heterogéneas no século XV quanto no XIII. Os contrastes haviam-se mesmo acentua- , P , } , , ; : } , > 140 do. Fendmeno alias ger: do as dificuldades ec breza exprimia-se exclusdo: que se aproxii porque era rara, di itam exemplos para provar que o Jeque social nos meios uni- tes pobres; 0s c pobreza os impedia de tuniversidade, sendo da leg Sar que os estudantes pobres eram particularmente numerosos nas versidades em que as faculdades de Artes haviam permanecid tantes e nas que haviam conservado uma forte caracterist ca. Os e podiam dar acesso a De outro lado, ais, os estudantes pobres portiam esperar obt ibremos que Gerson era o primoz lau de Cusa (que tanto, da universidade de Avignon, no século XV, eles apat goes. Nas universidades italianas, a raridade dos colégios até 0 a Idade Média mostra que a maioria dos estudantes proviam eles pro= s as suas necessidades. Alguns tinham levado, particularmente os que pertenciam & nobrezi dos Gonzaga, es de Mantua, quando seurpreceptore seus gua ‘algunyestudos sobre 05 vam que a despualae ea ae : Waa idkos metres era muito medioare: Na unversidade de PAW aocaesey ao S08 dos metres, sepundo os anos, ganhavam me- ees lorns, ose, 0 saliio Je un operdrio; evidetemente, gra comum € que & PN As Universiades na Hdade Média at acrescentavam a esse magro salario rendas anexas no negligencidveis (a podiam exereer uma pro- le outro lado, os pri- ziam algumas de suas despesas. [sso r um verdadeiro proletariad ja ainda muitos mestres que ganhavam apenas de 50 a 200 flo1 por ano, ou seja, a renda de um artesao funciondrio dae muna. Apenas 20% dos professor 10s de 200 a 600 flo , 5% com ios (de 600 a 1200 florins ¢ até mais) podiam pretender a for cos célebres ou juristas renomados, disputados por todas tinham um padrao de vida suntuoso; ter uma idéia da composigao de sua fortu- .eca colocava-os entre os mais ricos membros dos patriciados ur- , Preocupavam-se com a gesto de seus bens e praticavam jente a agiotagem, No caso da universidade de Louvain, os trabalhos de Jacques Pa- {quet mostraram igualmente a grande proporgao dos salirios medio. eres. Si io entre 150 200 florins, seu valor médio des- cceu rapidamente para 100, 150, ou seja, 0 triplo da renda de um mestre- de-obras; as finangas municipais ndo’podiam suportar mais. imar a fortuna dos mestres que viviam de rendas ecle- as, como os da universidade de Paris, por exemplo. Sabe-se, de fato, que a avaliagao fiscal dos beneficios raramente correspondia a seu valor real. O que pode ser calculado leva-nos a pensar que, neste caso, ibém as desigualdades podiam ser muito grandes e que somente uma ‘acumulando varias prebendas, até mesmo acedendo a um be- ior, era realmente rica. B verdade que a seus rendimentos pro- fe professorais, juristas e médicos, pelo menos, podiam acres- i ‘em Lyon, os dou- juridica, de 8 a 9s dese tipo por més Vemos, portanto, do nivel econdmico dos sitarias & de interesse limitado, Ele quase s6 per grande a diversidade das situagdes. Mesmo assit zes de situagdes provisorias; um estudante pobre, jam sempre fazer fort ou eclesifstico, concluir que era ‘ratava-se muitas ve- professor neces- deixando a universidade por um 142 Jacques Verger AAs Universidades na Idade Média 143 Mais além dessa primeira pesqui de maneira dindmica, as fendéncias s0« versitarios; & necess heiro. D. professores de Pavia es dava fortuna’’!. E em relagao ao conj ‘morais quanto econdmicos, 4) . 6 portanto necessério que animavam os sar Outros critérios além do do di: -0 € coneluiu seu estudo sobre os salarios dos ‘em matéria de direitos de exame foi especifi- cada e agravada, em 1400, pela adogao de uma escala mével que adap- tava 0 montante desses direitos as flutuagdes monetérias; acentuou tam- bém o rigor com que tais somas eram cobradas, a raridade das dispen- sas € dos prazos de pagamento. E preciso actescentar a isso as festas (bangu 0s) que os novos doutores eram ob: oferecer e as quais pat toda a universidade e grande distingao. O conjunto acabava por indicavam na sociedad weno muito mais am- ‘apenas um dos pro- s de lei € 0s funcionérios tomaram 1po especifico e procuraram def ‘no nasceu do nada, ela inspirou-se Ihe propunha a classe aisgene,« plo que é0 cessos através dos idos para cursos curtos to, apenas podiam pregos mal pagos de preceptores ou teFesse: mostra organizacao do traba- la como um novo grupo social procura apoderar~ se de uma forma de cultura e fazé-la servir & sua definigao. Primeiro aspecto desse fechamento clusio dos pobres. Esta exclusio nunca Seria urgente que. novas pesquisas viessem c 1 importincia e o papel desse proletariado inte- -etual do final da [dade Média, methor do. ri asa ipapeehris. pean ices inspiradas pela biografia misteriosa. de Padua, em Bolonha, estudante pobre por Faculdade, Mas nao foi suficiente repri inscrigdo ¢ de exame. O objet los para fazer desaparecer a pé ir os pobres, dlescjou-se também cercéi- im colégio ou numa pensio mantida por (e, por um bacharel que asseguravs rsidade, Em Paris, foi a reforma do Car. leraveis, foram aumentados mais ai idade de Padua, a regu- 144 Jacques Verger de explicagio; além disso, foi proibido aos estudantes mudarem de pe- dlagogia durante os estudos. Esta reforma tinha, evidentemente, a fi nalidade de melhorar a regularidade do ensino, mas visava sobretudo 2 fixar os elementos mais marginais da universidade e, submetendo-05 ‘uma estrta disciplina, a fazer cessar suas vagabundagens e suas de- sordens. TEnquanto os pobres eram assim mantidos afastados, afirmava-se a aristocratizacao crescente das universidades. Encontramos suas mar- as tanto na evolugdo dos estatutos quanto no que podemos saber da vida cotidiana das escolas. apsosimacdo entreauniversidade ea 10- Inreza aparece por toda a parte. Os universitirios adotaram os valores canobreza e, no proprio meio dos studia, procuraram levar uma vida nobre. Prinieiro valor nobre, cujo sucesso transformou completamente a organizagio material pratica das universidades: 9 gosto do luxo eda pompa. Neste ponto, era completo 0 contraste com 0 século XIN, Guando'os mestres ensinavam no meio dos alunos amontoados, sen- tudos sobre montes de feno, quando as assembléias eram realizadas, tho sabor das possibilidades, na sala de um convento ou na nave de tima igreia JA pentria sucedeu a ostentacao. Esta manifestava-se em todos os aspectos da vida universitéria. Havia, em primeiro luga fostentagdo no vestuario. Os estarutos do final da Idade Média desere- Vem com extrema minicia 0s trajos universtarios que se distinguiam nitidamente do vestuario clerical de que derivavam: cada colégio, ca- dia faculdade tinha sua cor, os ornamentos da capa variavam segundo © grau de seu proprietario, a roupa dos doutores compreendia ele- entos considerados nobres, seda, peles preciosas, longas luvas'de couro. "A ostentagdo tornou-se também a marca das cerimOnias universit rias, Eram estas de todos o: icavam-se. Em primeiro tar, as universidades participav Dliciais; a.de Paris figurava na frente, ao lado do bispo, no cortejo tdos funerais reais. As erOnicas das cidades universitaria estao cheias de interminaveis querelas de precedéncia que explodiam continuamen te entre magistrados municipais¢ funciondrios da universidade. De ou- Tado, a universidade possuia suas prOprias cerimnias is quais eram idados personiagens de grande distingao: missas, procissoes, fune- s reeepgoes de um novo doutor. Estas iltimas merecem mais parti- fereter nossa afengao: com muita frequéncia, no final da Idade favam de muito perto 0 da ecebia das mos do chance- uma insignia cujo simbolismo ambiguo evocava ao mesmo tempo areléncia e a cavalaria, barrete, anel, ecinto de ouro ¢ mesmo, na Es- panha, esporas de ouro ¢ uma espada; depois os homens trocavam ee seseseB...= AAs Universdades na Idade Média 14s beijo®. Ja falamos dos divertimentos dispendiosos de que eram io tais cerimonias; dissemos que 0 ato traduzia ao mesmo tem- ‘a avidez dos examinadores ¢ 0 desejo de afastar os pobres dos graus super basta. Diante do luxo ¢ do custo inauditos de certas festas de que as crOnicas conservaram a lembranga, € preciso admitir que nos encontramos aqui no dominio da “despesa’’ pura, que é munificéncia e prodi, smo o nobre, de- ve saber gastar sem contar. Na Espanha, omovidos orga- zavam corridas de touros, Em Padua, apés sua eleigio, 0 reitor da jversidade de Artes convidava todos os membros da universidade para im gigantesco banquete, depois oferecia 0 espeticulo de um torneio para o qual devia fornecer 800 langas ¢ a verba para os prémios. Naturalmente, algumas regulamentagdes suntudrias procurars tals excessos inuiu-se o niimero de festas no dério de algumas fixou o mimero, ainda considerdvel, de 3000 grandes torneios para 0 maximo das despesas que poderia fazer um novo doutor quando de Sua inceptio; para muitos, devia ser o equivalente da renda de varios anos. Apesar disso, nao parece que tais regulamentos tenham sido muito respeitados. Em Bolonha, mais sensatamente, a universidade contentou- se em criar, em favor dos reitores, uma indenizagdo que os ajudava fa suportar os custos de seu cargo. ‘Um outro aspecto de luxo que invadiu as universidades no final da Idade Média: 9 prédios. Até .0 era ministrado em salas igadas ou emprestadas, em conventos ou nas proprias casas dos pro: fessores, No século XV ia das universidades preocupara-se em é reunides e suas aula. Foi por volta ¥y School para os te6logos. Salas de au const as o Arquiginasio atual data ‘apenas do século Xvi, Em 1470, a faculdade de Medicina de Paris ad- uiriu um paldcio na rua da Bdcherie para nele se instalar, Quanto as novas universidades, ndo mais se imaginou que se pudesse deixar de doté-las, desde sua fundagdo, de prédios e de rendas regulares. A de Leipzig recebeu dos fandgraves da Turingia duas casas na cidade e vas- tas propriedades em terras, compreendendo varios burgos ¢ quarenta fe duis vilas (1409); antes de outorgar sua bula de fundagao a universi- 1456), © Papa Calisto 111 exigiu que fossem ga- jente a verba anual de dos casos, 0s prédios universi- rantidos pela mu pelo menos 1000 ducados. Na maior five da mesma ordem: em 1414, na abertura iversidades adotaram brasoes & semethanga dos ropriamente ditos permaneceram, contudo, relativamente mo- destos em comparagao com os dos colégios, dos quais vol alids, a uma necessidade prat comecavam a ser providas a versidades no século XV. Por volta de 1445 foi necessario acres- ¥y School para abrigar a bil as, que acabava de Ihe legar o duque Humphrey de jdge, foi o Arcebispo de York, Tomas Rothe: de 1440-1460, financiou a cons equea dotou de uma bi joteca da universidade foi aberta em 1465 e ja em 1474 construcao respond as bibliotecas de qi yeca. Em Salaman- Mas isso transformou tam- ado num ambient: 6s estudantes estavam ago com sua toga ma- i dominus e dava suas (0s de aparato. Um ‘usavam voluntariamente € cheios de admiragio; mui far uma vida nobre era para os ui = _———— ds ios © primeiro paso As Universidades na Idade Metta por dar um segundo, se em casta hereditéria. Essa tendéncia nao Ihes era propri todos os homens de lei ¢ 0s funcionérios a conheciam. As eleigOes no século XIV, a venalidade dos cargos no século XV foram para eles meios de assegurar a cooptagao de seu grupo ¢ a permanéncia dos cargos pii- blicos nas mesmas familias. Habeis pi is, compras de terras permitiram reforgar a coesao des tunas, A posse de graus univer ‘dos meios desse fechamento 30% ver os fillhos sucederem aos pais ou, quando se tratava de sobrinhos aos tios, Para facilitar tais stucessdes, comecou-se por dis- pensar 0s filhos e sobrinhos de doutores dos direitos de exame; dado Seu custo muito elevado, era uma vantagem mais do que aprecidvel, decisiva. Em Bolonha, onde a comuna e os professores ja se haviam ido para que 0 Colegio dos doutores fosse praticamente aberto apenas aos cidadaos da cidade, foi decidido em 1397 que, a cada ano, somente seria conferido o doutorado a um bolonhés, mas que esta re- gra ndo seria vilida para os filhos, irmaos e sobr isso significava praticamente estabelecer a her Nesses mesmos anos, na universidade de Pi dade dos exames e dos Em outros lugares, essa evolu non, foi por volta de 1450 que a dispensa 109s filos de professores tornou-si tariedade foi, evidentemente, menos marcada nas da Europa, onde muitos mestres efam ainda cl também. ‘Uma certa renovacio do corpo professoral fava contudo pos sivel, pois a ascenso social de certas familias podia continuar. Via-se as vezes, ao fim de duas ou trés geragbes de professores, o tiltimo re~ presentante da dinastia abandonar o ensino e aceder a cargos mais ele- vados, a servigo do rei ou num Parlamento. O estudo da politica fami- liar dos regentes de universidade no século XV ainda nao A composicao de repertorios biograficos de mestres ¢ de estudantes, a reconstituigéo da drvore geneal6gica de certas familias deveriam per- mitir elucidar esse problema colocado pela prépria evolugao dos esta~ tutos univer F certo, em todo caso, que esse fendmeno teve conseqiiéncias im- portantes. Sem falar da provavel queda do nivel do ensino, ele trans Tormou a atitude dos professores diante de seu saber e de seu oficio. jedade das catedras. jua, concedeu-se a grat ica. Essa tendéncia a heredi- -sidades do norte gos, mas ela 148 oceues Verger ianga no valor fecundo da discussao desapareceram c, com pela qual haviam. de que todo homem que fosse capaz de fazé-lo tinha o di i: Bir, Dormant, saber sel considera come pose e tsoure 4 ‘mesmo modo que as casas, as terras, os livros, ele se tornara um do: rd sua situacio pes: partidas de uma tal atitude. Se pudermos arriscar esta metitfora eco- némica, ao professor-produtor sucedeu o professor-que-vive-de-ren- imentos. ‘Ao tender para a nobreza, por seu sistema de valores ¢ seu modo de vida, 0s universirios terao também consegu nla real- | ‘mente, como 0 fez a categoria superior dos togados? Nao falamos aqui | dos enobrecimentos que tenham podido obter indvidualmente alguns sraduados, nao em geral como professores, mas tendo em tos cargos que ocuparam em seguida a servigo do Estado. Mas os uni- versitarios procuraram desenvolver, no final da Idade Média, a idéia de uma equivaléncia de dircito entre doutorado e cavalaria, ciéncia e nobreza: iguais em importdncia e em dignidade, para a boa ordem da sociedade cris, e ‘mos privilégios. Esse tema é comum ni obras emanadas — como a de Froissart — dos meios aristocraticos, pois estes também encontravam vantagens nessa reivindicagao intelec- tual que era uma justificativa a mais de suas prerrogativas. Encontra- mos freatientemente nos do- cumentos - ‘antes a expresso esponti- i da autoridade que tais homens adquiriram’ jam de sua propria dignidade. Conhecemos a doutor bolonhés do século Xv: imperador Carlos certos casos, esta reivindicacao das qualidades da nobreza foi ofici mente admitida: em Bolonha, o reitor recebeu 0 direito de usar a espa- da e de ser acompanhado por soldados armados; em 1420, o rei de Ara- 820, Alfonso V, outorgou a nobreza aos graduados da cidade de Va- ia. Na Franga, foi Francisco 1 que, em 1533, concedera a cavala- ria aos doutores da universidade. 3. R. Cazelles, La société politique eta crse dela p29, (sous Philippe de Valls, Pa ‘As Universidades na fdede 149 social das uni- wabou de reforcar seu carter aristocratico. Ainda ndo 8 precisos, mas parece, realmente, que 0 luxo crescente ria, a exclusio dos pobres, o modo de vida aristocré- ido cada vez mais para as universidades nobres de antiga nobreza, le grandes familias. Bem rece- identemente, providos de privilégios especiais ¢ de direito de os jovens nobres vieram com a maior boa vontade para’ res. Sem duivida, tal fendmeno estava tambéi da cultura douta na aristoc acentuou ainda m: Sou uma queda no nivel ena regularidade dos estudos, po nados, habitualmente violentos, dispensados da obrigagao de residi- rem nos colégios, os jovens nobres eram muitas vezes tanto quanto os ‘martinets, fomentadores de desord Para termi das univers Em Avignon, por cxcmplo, por voka de 1400, para um ef de 200 a 250 estud: sobretudo das faculdades de Artes e de Teologia, Neles, a dis- ia era severa mas sobreiudo moral e religiosa, pois nelas 0 en- 10 reduzia-se a pouca coisa. No final da Idade Média, tudo se ( contraste ja podia ser visto na mudanga da aparéncia dos pré- dios. Os colégios do século alguns quartos € uma adotagio de Roberto de Sorbon, para colégio que to- XIV € XV haviam- t= tomas cuntoean o elie dap Beant an Mabon oan sios de Oxiord e Cambrid ye, uma idéia das di- mensoes e do luxo que haviam adq) nal da Idade Média, ‘ prédios dos col © recrutamento também mudara A exigencia de pobreza ‘atenuara-se consideravelmente. No colégio dos Espanh nha, os estudantes podiam ter rendas pessoais de $0 flor percebe-se que alguns colégios, violando seus es- ‘que recebiam bene! ima parte ou mesmo feservada aos estudantes de Direito, que no eram year cada vez maior na orga ios priticos haviam-se mul (Oxford) dos tutors, ‘a criagdo no New College yee de Navarra; da ater como tinico papel o de orgs Essas transformagdes merecem tanto de Salamanca, Valladolid e Al e povoar com seus al deviam dominar as igos membros os conselhos do rei, FULLER ER EELEEEREE ELE EEE EEREREEERID dd século xin a0 XV" A preocupacio earidosa de manter “pob Figos" passou para o segundo plano. O que contava agora era, antes estudos de Di- orto que thes ser \sOes aparecem atra- vvés das proprias disposigdes dos estatutos; estes previam, para os mem- dios espagosos € agradaveis, uma alimentagio abundante, todo um conjunto de eriados. Cada col rica dotagio em bens de raiz e em rendimentos de tipos diversos. To- ‘memos, entre uma dezena de outros, o exemplo do colégio de Péri- laclores de colégios nos séculos XIV ¢ XV ico por exceléncia, fundado em 1379 pelo que inaugurou delibe- jado em toda a par- havia um patio redor, uma capela de belas dimensdes, AVTELELEEEEEEE ERE EEE EEEEELEEELERED? 152 Verger salas de aula e de reuniao, uma biblioteca, os apartamentos do diretor 05 quartos dos alunos; uma torre dominava o conjunto; do outro la- do, as dependéncias de servigo, 0 jardim, o cemitério. Esse tipo de pla- nno é encontrado nao somente em todos os grandes colégios posteriores, mas mesmo em construgdes mais modestas, como o colé- tuniversidade e aos “visitantes”” designados pelo fundador variava de ‘caso a outro; da mesma forma a participagdo dos membros na ges- 140 do colégio ao lado do diretor (geralmente eleito) ¢ dos capelaes, ‘conjunto, observa-se que a disciplina foi reforcada nos colé- tgios no final da Idade Média, que sua administra¢ao tornou-se menos democritica, que 0s exercicios religiosos foram se tornando mais im- ana era freqiientemente mais, rovido de vastos apartamen- de vida de um abade. Esse desenvolvimento do luxo nos colégios provocou algumas rea: {gBes: Joao Standonck, diretor do colégio de Montaigu et 1483 4 1504, iniciou em seu colégio o restabelecimento de um: na ascética, mas tal austeridade, que desgostou Erasmo, foi pouco imitada. ‘A semelhanga com as antigas abadias acentuow-se ainda mais quan- do alguns colégios obtiveram privilégios judiciarios. A Sorbonne tornou- se um dos “enclos judiciaires"” de Paris. Em 1449, o King’s College (Cambridge) foi subtraido, por uma bula pontificia, ao mesmo tempo A jurisdigdio episcopal ¢ a do chanceler da universidade. Nao se padem negar 0s aspectos positives do papel dos colégios. Numa época perturbada, eles mantiveram uma certa regularidade no| ensino, embora nio tenham estado ao abrigo de todos 0s avatares po- liticos: 0 colégio de Navarra foi saqueado pela multiddio quando do motim anti-armanhaque de maio de 1418. Tiveram sobretudo 0 to de ser os primeiros a constituir, e muito mais do que as universida- des, grandes bibliotecas abertas ao piblico, com catdlogos, mesas pa- ra os leitores, etc.; a partir de 1338, o inventario da biblioteca da Sor- bonne possuia 1722 mimeros; tais volumes eram divididos entre a “‘gran- de biblioteca" (sala de trabalho), onde se encontravam as obras de re- feréncia presas ais escrivaninhas por correntes, a “pequena biblioteca” (reserva) ¢ 0 servigo de empréstimos; foi nessa biblioteca que Guilher- me Fichet instalou em 1470 a primeira imprensa parisiense. Em Erfurt, a biblioteca do Collegium Amplonianum (fundado em 1433 pelo a go reitor Amplonius Ratingk) continhia numerosos clissicos da At As Universidades na Idade Média 153 jidade assim como obras contempordneas (de Gerson, por exemplo) co desenvolvimen jos era também io das universidades. Nao somente contribuiam para a ru fe agravavam a divisao entre uma elite de estudantes forma- 1s em boas condigdes € 05 Outros entregues a si mesmos, mas‘esta- vam fundamentados ncepgdes pedagdgicas totalmente opostas porais, desconhecidos nas universidades medievais, ios no século XV1) € de um constante acompai nto; era tam- a de que a comunicagao intelectual somente podia ser fecun- da no interior de um grupo restrito, formado de pessoas escolhidas. Concebe-se que tais prineipios aristocraticos tenhiam agradado aos go- vernos. Os reis e as rainhas da Inglaterra 0 mostraram fundando eles ‘mesmos varios colégios importantes em Oxford (Oriel em 1324-1326, ‘Queens’ Hall em 1341) e em Cambridge (King’s Hall no inicio do séeu- Ip xiv, Kings College em 1441, Queen’s College em 1448); em Paris, ‘o colégio de Navarra, criagdo de uma rainha da Franga, conservou sem- pre 0s favores reais: Carlos vill, varias vezes, nao desdenhou assistir pessolmente a inceptio d ele mesmo seu barrete. Por razoes dava também a balho conforme a idéia que possuia a atmosfera de dinamismo, de abert que haviam nascido as universidades medievais. iparecerdo n0s cO- CIENCIA E TRABALHO 'A afirmacdo do papel das universidades a servigo da Igreja e dos Estados, o deci ia, sua evolugao social, tudo isso transformou ‘ham os proprios un trabalho, De Abelardo a Sigério de Brabi mento das universidades foram acompanhados de uma ia da especificidade do trabalhi 3 do de de do estado de de monge; © 184 Jacques Verger ntes. No século XY, elas se haviam tornado completamente cach cas, Bra sob perspectivas bem diferentes que os universitiios encara- vam agora seu trabalho, perspectivas que, de maneira geral, tinham tendéncia de ignorar seu cardter especifico. Entre essas concepedes pd nspiravam-se essencialmente ¢ nes- te caso € fornecido por Gersor iX0, sem génio particular, as claro e preciso, o chaneeler da universidade de Paris da ct teuma boa ‘a opiniéo média de muitos de seus colegas, sobretudo entre os regentes de Teologia. Numerosas passagens de su obra ilustram a idé ha da vocagao da universidade e dos dev: tes dos universitarios. Os textos mais significativos sao sem duivida stias cartas aos estudantes do colégio de Navarra, suas arengas aos novos licenciados e seu grande sermao Vivat rex (1405). Primeiro ponto a ser observado: ndo havia nenhum desprezo em Ger- son nem pelos estudos nem pel sao logo atingidos: se dep! \de puramente técnica de certos nominalistas, se aconselha- va reavivar a Teologia universitaria pelo exer (0 reservadlo diante da exalt templativos renanos ou flamengos. Para ele, o estudo era indispensi- vel a vida r iversidade de Paris per senhora da verdade, clara luz da Igreja e da crist 08 aspectos propriamente técnicos, profissionais, da ie desagradavam. Como chanceler, seu trabalho administrativo Ihe pesava e teria desejado li fessor, recusava deixar-se encerrar em su: lade de ensino: ““Alguns dizem: em que se intromete a universidade, em lugar de estudar e de trabalhar em seus livros? E uma concepeao por demais acanhada; para que serve a cién- cia sem aplicacao pritica (operatio)?”” Sabemos que ele mesmo dedi- cou uma grande parte de seu tempo as suas atividades pastor assim como a preparagao do concilio. Quanto a universidade en- corporagao, pensava ele que ela devia desempenhar um papel ativo na sociedade do tempo: papel na Igreja, um vive (1413): “0 clero deve... pregar € denunciar: uns pela autoridade, como os prelados; outros pelas dou- 6 Testo em Jounnis Gersonié opera om), 1.V, Anvers, 6 E. du Pin 1706 cl 553.022. o As Universidade na Idede Média ha do rei, mae dos estudos, € universal: aos tr2s aspectos \gue, © aspecto corporal (1), © aspecto civil ico (2), 0 aspecto espiritual (3), corresponde o ensino das diver- sas faculdades, Medicina (1), Artes ¢ Direito (2), Teologia (3); ela pos- ia portanto 0 direito, para este ‘co! nterrogar e de falar em nome de tod: “nao representa el le Ihe vém — ou poderiam vir — ia e sabedoria”. E, ao tema ygenita do rei da Franga’ translati esta reconstrugdo mitica da historia da universidade fazia dela nao, como foi o caso, a criago original de um meio e de uma época, mas uma instituieao imemorial que, ao longo da histéria, passara dos Hebreus aos Egipcios, dos 3s a Atenas, de Atenas a Roma, de Roma, entim, a Paris. O sentido desse mito era claro: a universidade estava integrada a obra da Providéncia; sua translatio con- ra.em seguir, a0 longo dos séculos, os deslocamentos stcessivos do centro do pod uum Lago indissol jentamos mostra que digo, on ios desejosos de Paris co- Gerson justapunha 0 ficava que a curio dade cientifica nao poderia justificar perigosas inovago muitas provas de seu conservadorismo; deplorava o rel sligenciar os antigos, ete. certa ordem, social e' jo era a de subverter essa pelo contrario, a de conservé- funcionar da melhor maneira possivel, esclarecendo com, seus conselhos as autoridades leigas ¢ rel “A verdadeira paz, ‘© bom governo, 0 regime agradavel a Deus sera precisamente quando todas as coisas permanecerao em ordem, cada uma em seu lugar. esta ordem que deveis ensinar’”, declarava sem rodeios aos futuros cenciados em Direito; e, em Vivat rex precisava que, se a universidade se alrevia a falar ao rei com franqueza e a dar-lhe conselhos era por- SALELEEEEEEES SESE SEEEEEE EEE EaES. 158 Jacques Verger Nas universidades espanholas, inglesas, alemas, a penetracdo do nu- manismo também ndo se realizou antes de 1475-1480. Mas isso nao quer dizer que certas id hhavia muito, tocado 0s mieios universit ‘ou nao cram mais membros da universidade: jeu seu ensino de 1397 a 1425 para 0 iberdade indispensaveis smo na soliddo, das iam nas cartas de. colhidas pelos universitar @ expansio da dado algumas e: de merpullar aoe desastres da guerra civil oestranscira: Proc perar o século XVI para dar esse novo passo no caminho da aristocra- tizacao. Mas 0 certo € que o oficio de professor, que possufa suas exi icas, que ndo proporcionava for o implicava o sentimento de uma em sua escola vai suceder 0 académico em seu gabi cortesto Conclusdo ‘Tendo chegado ao termo deste panorama de culos de hist6s como foi par iversidades nao pode ser feita sem referén: do period mos mas também estudadas em relacdo aos inizag4o propostos pela sociedade da época. se de procurar a significacao poltt wwra) escolhida necessariamente por contentar¢ em analise seu recratamento socal egeogtéfico em es {abelecer a proporsdo decada categoria. Beclo'saber que pape! de? sempenharam as universidades e os universitdrios nas sociedades me- dievais. As idades nao cram grupos humanos esti posieo podeia se estudada. Finalmente eram apen xdos. O problema é, portanto, saber que us stados, Igreja) € os diversos grupos sociedade faziam dessa instituigé ta nhe-ae spr | 160 dacs Yee 4 Unies ete Me 11 gundo uma seqiiéncia linear (desenvolvimento) apogeu, decini rece pouco oportuna. Evidentemente, ndo porque as universidades no basta mencionar a reforma pela qual o Papa ersitérios entre os bened! {ieee promover os estu | os cistercienses (1335-1336); mostrando, se tenham profundamente modificado. Mas pareceu-nos pret | rotulie das matriculas e por sondagens em alguns acervos de arquivos tudar cada momento des como um todo e no monésticos, 0 pequeno nimero de monges nas universidades, as ret: relaco ao que precedeu ou segui. Para o século diivida nao trard demasiadas objegdes. Sdo sobretudo os sé dos abades em pagar aos estudantes as pensdes previstas por ‘as dispensas obtidas por muitos para estudar Direito e nao ‘para serem titeis 20 seu convento”, etc., que se dé uma idéia s monasticos diante das universidades. 2a: quem ia para as universidades? 8? Que cargos Ihes eram cot aspectos de se! idades? E, por outro lado, o re .¢ haviam acumulado na época preci do século Xitl ¢ pela evolucao g fica sobretudo que € preciso evitar estudai I da Idade Média como réplicas decadentes das grande época. O hi ides souberam desempenhar seu pape! na 10 deste estudo social das \cdes da idéia de jentemente con rudems coloca alg | fevcapta A mator originaidade das universidades medievais 6, ez, ade terem sido am imenso esforgo para fazer passat a ertos ramos da cultura) do-mundo do laer ex para o mundo do trabalho. Sem divida, podemos jul delidade aes ‘mas ver as novas funcdes as quant : “io nos novos grupos sociais, nascidos dess ant caracteres proprios, seu papel especifico; elas merecem ser est por si mesmas pois representam uma nova fase de io da hi Mesmo assim, tal equi inda, a evolugao his cio. Porém, se esses espe JOcagao Pi snoravam sua dignidade e suas © séncias préprias, se aspiravam por sua vez atingir 9 mundo dos iosos, ent 0 projeto fracassava. E talv se uma profunda mutacdo, e, parece-nos, na segunda metad arde segundo 08 paises. Nesse aparecem novamente como enfraq stamento entre 0 ensino esclerosado variagdes da “con: que a universidade mediev | ma’ (J. Le Goff) que seguimos me surva de seu dest SALELTEEEEERESRLELELERLRERLEGLELES SSS SSCS SF. GSES SSSSSCSSSSssesseese 162 Jacques Verger elas interessem 0s his ‘uma riqueza documentari talmente, na segunda metade do século XV. Seria um trabalho com- pletamente diferente estudar as universidades do século XVI. Bastar~ BIBLIOGRAFIA Esta bibliografia & duplamenteseetiva, De um lado, dela excluimos as obras que tratam exclusivamente de histria da Filosofia, do Direito ou das Citnias.Assinaleros adas is universidades nas princpais colesdesgerais rill, pariclarmente na stare de Else, cles finda pr A Fiche lions ecelésiastques de lachréienté md |, FOREST, A.; VAN STEENBERGHEN, F.; GANDILLAC M. Ver também: RASHDALL H. — The Universities of Europe 2) OBRAS SOBRE UM PROBLEMA ESPECFICO KIBRE, P.— The Nations inthe Mediaeval Universities, Cambridge, Massachus

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