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ou nio quiserem reformular a configuragio. les podero — como aconteceu em grande part a CRISES DE EFICACIA, LEGITIMIDADE |) DE “PRESENCA” DO ESTADO DEMOCRATICO: BRASIL 4 hewt 1 He Gr gales ole se paises sul-europeus ¢ sul-americanos que analisamos neste li- | «4 foi o que teve maiores dificuldades para consolidar a demo sin em comurn com os demais seis pafses o mesmo tipo de regime *2~ um regime autoritério — de modo que essa ndio pode ser a raziio da dares Diferentemente da Espanha ¢ de varios pafses da Europa Oriental, 0 nha problemas significativos de estatalidade, portanto essa varid- licativo para a crise de consolidagio.' Com 0 hile e a Argentina, esse pafs compartilhava as extremamente de- ‘conseqiiéncias da crise internacional da divida, mas embora tendo a | {da total entre todos os paises do mundo, fora os Estados Unidos, sua ‘a0 longo de toda a década de 80, foi substancialmente me- 0 da déeada de 90,4 gy lo administrar melhor suas crises da divida.” As origens =| ‘a em um regime militar hierarquicamente comandado ti 1meras conseqiiéncias nefastas para 0 processo de democrati avaliaremos a seguir. No entanto, o Brasil nfo chega a ser to {LIDAGKODA DEMOCRACIA Ries DEEFICACIA,LEOIMMIDADE DE -PRESENGA" DO ESTADO DEMOCRATICO ols leas Le Anos be 1 : Seer Cue igo, além de desnecesséi vez que todos os movimentos guerti- s esquerdistas jd haviam sido eliminados. Eles deram entao inicio a uma weio controlada, mas, seguir, comegou um longo proceso, jé ado por Stepan como sendo a dinamica de “concessdes do regime e con-| s da sociedade”.5 A transigio democrética no Brasil s6 se completou ol fos posse do primeiro presidente eleito, Fernando Collor de Mello, em 15. ¢/ argo de 1990. Essa transicdo de dezesseis anos é quase duas vezes mais Caste que a transigao portuguesa (que foi a mais longa de nosso conjunto sul- +55 eu). A duracao da transi¢Zo brasileira é ainda mais impressionante se, iderarmos que 0 regime autoritério, no Brasil, comegou apenas em 31 de Lwar- A :mbora jamais tenha sido plenamente institucionalizado, era hierarquica- ;” controlado por uma organizagao militar que detinha poder suficiente ;, acl ‘ontrolar o ritmo da transigio e para extrair um alto prego por se retirar do De fevereiro a junho de 1984, 0 Brasil viveu 0 mais longo e amplo -0 de sua hist6ria — a campanha pelas Diretas J4. As princi- as das sociedades civil e politica queriam eleigdes diretas. Na verda- jum grupo importante da sociedade civil, o empresariad\ (ou-se contra as eleigdes diretas.” Os militares, contudo, * Como aconteceu em alguns comunistas que examinaremos mais adiante (por exemplo, a Russia) ficacia politica teve um efeito corrosivo sobre cada uma das dimensdes ‘comunidade p i que nunca foram fortes na altament queceram-se mais ainda. A longa crise econdmica diminuiu a capacid: cal e moral do Estado para desempenhar um papel integrador na socieda para fomnecer servicos bésicos aos cidadios. A autonomia ¢ o valor cont as instituigdes da sociedade politica tornaram-se cada vez mais t@nues. C\ © Estado retirava-se de cena, e a sociedade politica no era capaz de for apoio politico continuo em torno de qualquer alternativa torou-se cada vez mais anémica, e o valor da cidadania entrou em d Nossa anslise do Brasil divide-se em seis partes. Primeiramente, ¢ de breve, colocaremos os primérdios da transigao brasileira num context can dns Msi Es, ~z Qe $, de nossos paises, quer no Sul da Europa, quer na América do S © lugar, examinaremos alguns dos problemas mais sombrios ¢ di que essa prolongada crise gerou para a cidadania, para o Estado e para a nidade politica, ¢ analisaremos algumas reformas necessatias e plausivei sexto lugar, faremos uma breve avaliagao de como os brasi _ encontravam-se diante do abismo, comecaram, em. 1994 apoio a planos mais promissores, que tinham como obj tiplas crises brasileiras. 's de eleigdes indiretas. Para piorar as coisas, 0 popular, embora leito Tancredo Neves, morreu antes de tomar posse, € 0 vice-presiden- -scolha fez parte dos acordos negociados, José Samey, entao presidente lo pr6-regime, foi presidente da Republica pelos cinco anos seguintes, jem 1988, trés entre quatro brasileiros quisessem i (0.8 As condigdes restritivas impostas pelo regime deixar o poder, afetaram niio apenas as origens do novo govern ambém seu desempenho. Em toda uma gama de assuntos de importincia, jeses, compartilhava a soberania com os José Sarney! \ ‘Uma transigSo longa e cerceada a PE ‘A transi¢Ao brasileira partindo d \ cl ivas, refletindo o poder de facto das insti XY cbes ¢ forgas néo-demoeréticas”. Os militares, por meio de uma engen! OP combinagio de ameag: clin y> a maioria das cléusulas Constitucionais que te1 ge mia militar"®.O fo mais impressionante do envolvimento militar na Sy presidente da Repiblica, visando evitar 0 que teria sido o primeiro expe yw to latino-americano de parlamentarismo, ou, o que seria mais provavel, de nha da Quinta Repiiblica francesa. O aj , uma forma mais parlamentarista de governo, em meio aos membros sembléia Constituinte, era tamanho, que os primeiros setenta e sete foram redigidos e aprovados em forma final, numa linguagem que toma | certo que a forma bésica de governo seria parlamentarista, e nao presidenc (No‘entanto, imediatamente antes da crucial votagao do artigo 78, que t abelecido de maneira explicita uma forma parlamentarista de govern \ |, 08 militares ajudaram a alterar a balanga de poder. O president > retamente eleito, José Saney, que nfo queria ver reduzidos nem seu “7 hem seus poderes, ¢ 0 Exército, que néo queria submeter-se a0 voto ck & g confianga do Parlamento, e que, além disso, queria conservar sua relaca com o presidente, juntaram forcas. O presidente Sarney e os wih langaram um poderoso contra-ataque, combinando ameagas ¢ inte AV cientetistas através da destinagdo de verbas as bases ele © tase 0 presidlencialismo triunfo do na Assembléia Constituinte."" vote numa mudanga de tl A combinagio de fragilidades constitucionais, foie wake date sceatat dacs Esse repentino uso do poder presider jara a fragilidade constitucional década de 90, 0 pafs tentou c: bros da As SSENCA" DOESTADO DEMOCRATICO. 207 orgamentérrias, nao pode — exceto por decreto — governar com qualquer grau le eficécia sem contar com um forte apoio parlamentar.' No entanto, o presi- lente Collor, 0 exemplo cléssico do politico antipolitica e antipart mo € a televisdo podem produzir, i fraca como essa representam para a consolidagao democrética. Num cho- ante contraste com a Espanha, onde 0 acordo de estabilizagaio — o pacto de Moncloa — resultou de complexas negociagdes partidarias e foi formalmente © plano do presidente Collor foi anun- do para uma nagao perplexa, sem qualquer consulta prévia aos -08 ou ao Congresso. Havia comegado um perigoso jogo de -0 ou de intimidagao por parte do presidente." Duas “medidas, importantes logo tiveram sua constitucionalidade questionada pela ica, foram retiradas. Mas o presidente ameagou 0 Congreso com a iza¢do das massas em apoio a seu plano, “Nao ha diivida de que eu tenho relacio fntima e profunda com as masssas pobres”, anunciou ele. Ele rtiu o Congresso de que os parlamentares “tém que me respeitar, porque ‘ou 0 centro do poder”. Até mesmo um dos mais fortes defensores do idente Collor, o influente e conservador ex-ministro da Fazenda, senador sto Campos, lamentou: “Isso é truculéncia juridica, que destr6i a con- ga no plano Collor”.'* Ao contrério do presidente Fujimori, no Peru, 0 idente Collor nao tentou um “autogolpe”, mas nem a metade de seu man- havia-se passado quando seu isolamento da sociedade civil e da socieda- ; a acrescentaram-se a0 fato de que ele hi m disso, atolou-se pessoalmente em escdindalos regime democrético, hé sempre o risco de um: le 1992, o Brasil enfrentava uma crise de governo aguda. A questo ‘pal, para a democracia, € que uma crise de governo seja resolvida de répida, antes que se transforme numa “crise do regime”, 2 y, we vee antes da crise da corrupgao e do impeachment que vimos di 208 ATRANSICA DNSOLIDACAO DA DEMOCRACIA, governo, ele, quase que titufdo por alguém capaz No sistema president guir uma troca de governo foi o impeachment do presidente Collor, proc politicos importantes contemplavam a po: dente de antecipar as pressas a data estipulada para o referendo sobre ‘mentarismo ¢ onde comentaristas influentes e a maior parte da opini queriam a reniincia do presidente, que, no entanto, insistia em compl mandato.!” Embora os militares nao tivessem tido culpa idagdo democratica do Bi | posta em risco por um conflito tao intenso entre o leg como o que ocorreu durante o mandato presidencial de 1990-94. Fel diante dessa crise, a sociedade civil e a sociedade politica brasileiras forgas e conseguiram realizar o primeiro impeachment da América século XX. No entanto, Itamar Franco, o vice-presidente fraco que presidente em exercicio, para por fim assumir a presidéncia, f incapaz quanto o presidente Collor de implementar uma pol coerente. Attitudes ambivalentes perante a democracia eo Tendo em vista esse contexto, seria de surpreender se 0 povo livesse atitudes tdo favordveis & democracia quanto as encontradas fi cracias consolidadas da Espanha, de Portugal, da Grécia ou do Un verdade, as vésperas do segundo aniversério do governo Collor — pesquisa de opiniaio abrangendo todo o pais revelou que a aos brasileiros perante a democracia eram ni das nas quatro dem (CRISES DE EFICACIA, LEGITIMI {ENGA” DO ESTADO DEMOCRATICO 209 seis vezes, no Brasil, entre 1988 ¢ 1992, por quatro organizagdes dife- s, usando amostragens cas de pesquisa de opinido ligeiramente a brasileira, em todas as pesquisas, 0 Itados inferiores aos da Espanha, Portugal e Grécia, em cada las principais perguntas (tabela bela 11.1. Comparacie do apoio dem cas consolidadas do Urugua io sobre a forma de governo preferida (992) (4991) (4985) (1985) _ (1985) racia€ prefrivel a qualquer outa forma a 2 Bb mM 8 7 casos, um governo nlo-democrético ia ser preferivel a democracia" 2 ow wo 9 5 como eu, um governo democrtico ovemo nio-demoeriticysioamesmacoisa” 24 «8 6 sem rspost| 1a aa Para o Uragui,« mesma da tabela 10.1, Para a Espanta, Portugal ea Gréia a '82,Parno Brasil, dados da “Avaligo do Governo Collorap6s dois meses de mandato”, Dataflha Sto Paulo, fevereiro de 1992), amostragem nacional de 2.500 pessoas. (So Paulo de 1992), amostrag pes + ole teede 4 Art No periodo entre 1986 ¢ 1992, 0 pont mais alto do apoio & democracia, ocorreu em dezembro de\1989, imediatamente apés as primeiras es diretas para presidente ap6s vinte e nove anos.”” Jé em 1991 ¢ 1992, ido, esse apoio havia decrescido a niveis mais baixos que nunca. Os re- tabelas 11.1 ¢ 11.2 sdo to claros que, por si s6, é indicariam que cracia brasileira encontra-se longe de estar consolidada. Jé afirmamos poio A democracia tem que ser avaliado em comparagdo com outras s. No caso do Uruguai, verificamos que havia um grave hiato eficé- dade, O fato de que os partidos politicos ocupavam grande parte ico, e de que 0s militares nao eram aceitos como alternativa, 210 A TRANSIGAO E CONSOLIDAGAO DA DEMOCRACTA os governos civis. Em 1989, em cinco de sete itens, 0s cidadios afirm a situacdo era melhor sob o regime militar vigente entre 1964 ¢ 1985 ‘nos quatro primeiros anos de governo democritico civil (tabela 11.3) ‘Tabela 11.2, Evolugio das attues relatives & democracia no Brasil, 1988-1992 Percentage das respostas na mice en de gore Smet sti dente man set rida 19881989 198919901991 A democraca épreferivel a qualquer ‘outa forma de governa”™ ae ery oem “Bam alguns casos, um over no democracia” 21 testes asda, tpg 17 “Para gente como eu, um governo demoertico ov um governo no Muitos desses problemas, no Brasil, so exacerbados pelas crises Por exemplo, a Academia Nacional de Policia, que poderia ter-se transfor do, por iniciativa do novo governo democratico, numa fonte de novas pesqil sas, de socializacao e de treinamento, est fechada, desde 1985, devido 4 ldades fiscais.2* ~~ mo O'Donnell flz uma observacdo de import sobre 0 tema que estamos discutindo. Ele afirma que se pudéssemos col um mapa de verde, nos locais onde o Estado e o governo democritico es efetivamente presentes; de cinza, onde esto apenas intermitentemente pre sentes; deixando em branco os locais onde nao se sente a presenga de s dagio deveria ter areas cada vez mais verdes. Infe corrupgao, de inv (CRISES DE EFICACIA, LEGITIMID/ FSENGA" DO ESTADO DEMOCRATICO 215, ~ossibilidade de qualquer mudanga construtiva antes que um novo presiden- viesse a tomar posse, em janeiro de 1995. Diversos politicos e um grande imero de cidados expressaram o mesmo medo de que as eleiges presiden- © presidente Itamar Franco talvez renunciasse, si (que poderia gerar uma crise politica e constitucional.® Foi nesse contexto que um dos jomalistas de maior influéncia no Brasil esereveu o seguinte editorial, na maior revista semanal do pafs: “A marcha rumo a um golpe” ‘Segue abaixo uma curta lista de afirmat bre as quais parece razosvel supor que exista algum consenso, no Brasil. 1 O pais estd sem moeda. 2. A economia brasileira esta passando pela pior crise deste século, e nao ha esperanca de recuperacdo nos préximos dois anos. Menos ainda, recupera~ «fo dentro das atuais regras do jogo. 3. A crise dos servigos de seguranga piiblica das grandes cidades fez com que os cidadaos tenham medo de sair & mua. 4. O poder executivo entrou em colapso hi dez anos. 5. O poder legistativo eaté desprestigindo. Eposstvel viver com algumas dessas pra- {248 por muito tempo, ou com todas as cinco por algum tempo, mas é im- possivel suportar a todas indefinidamente, O Brasil esté a caminho de um golpe de Estado. Essa situago nao pode durar mais dois anos. Como 0 golpe vird, 6 dificil dizer. Dependendo dos resultados das eleigdes para a presidéncia do préximo ano, ¢ da conduta do vencedor, ele poderd parecer- se mais com 1937 (um golpe com o presidente) do que com 1964 (um golpe sem 0 presidente)... Dizer que no ha perigo de golpe porque as forcas armadas esto fora da politica € bobagem. As pessoas que fazem os golpes, no Brasil, so as velhas raposas da vida civil... Nio hd um gotpe a caminho. O que hi é uma situacio que far com que a classe média e os ‘empresérios caminhem em direco a um golpe.”” a, acreditamos ter apresentado provas mais 216 ATRANSIGA cracia consolidada discutidas por nés na tabela 1.1: uma sociedade civi mica, uma sociedade politica relativamente aut6noma e valorizada, o Es de direito, um Estado utilizével e uma sociedade econ6mica institucion Estaré a democracia, no Brasil, fadada ao fracasso ou haverd ainda al oportunidades possiveis, no sentido de Hirshman? _ ewer O campos democraticos no Brasil: |. % ve reestruturagiio possivel? ‘Tomemos primeizamente a questi do Es em inglés se exprime pela palavra “accountal tanto para a moderna teoria quanta para a pratica do controle de Estado. Infelizmente, no h4, em portugués, uma A palavra mais préxima é responsabilidade, que da a idéia de que, excepcionalmente errado, a pessoa no comando assumiré a respons: Na pratica democratica modema, contudo, accountability tem conoti amplas. Implica que todos os registros financeios serao rotineirament tos A inspego, e que todos os funcionérios no controle das verbas tém a obrigagio de usar de procedimentos transparentes. Cada vez conceito é usado para ajudar a tracar os limites entre 0 uso aceitavel de plblicas para objetivos piiblicos e 0 uso inaceitavel de verbas pibl objetivos privados. Os burocratas ¢ as autoridades que tratam o erdri como se fosse seu “patriménio” serdo responsabilizados * e podem: por isso.2 Como vimos, uma das grandes razes para o fato de 0 E: € que = autoridades 8, € a primeira grande te6rico, o impressionante no processo de PRESENGA” DO ESTADO DEMOCRATIC’ ngresso Naci assumiu, de forma investigagdes aprofundadas. O Estado eras manifestagdes de massa, exigiu que a sociedade do impeachment e contra a impunidade. Em hora ner com a economia, Uma das principais tarefas a serem ‘iedade politica democrética é a agregagao dos in 08 governos eleitos possam desenvolver poder demo ar, de forma eficaz, de muitos dos grandes problemas en! sade. Como jé mencionamos, o fracasso de sete plan 1985 ¢ 1992, foi um dos muitos sinais da falta de 0, no Brasil no era uma economia em completa 1992, enquanto 0 Méxic grande parte devido a sua crise ram incapazes de angariar apoio para qualquer \ 1 tragmentado e populistae de presidentes voluntaristas. Os sistemas ma woe or 218 ATRANSIC \CAODA DEMOCRACIA de 1985 a 1993, niio quiseram ou ndo conseguiram atacar a c fiscal e estabilizar a economia. O prego do apoio legislativo era, quase ser um acordo no sentido de que a reforma fiscal nao fosse colocada na agenda, de que fossem oferecidos subsfdios especiais para os eleitores dos congressis, tas ou dos governadores. Muitas coisas contribufram para essa situago, mas certamente boa jelas se deveu & combinagio, verificada no Brasil, de um sistema part tidérios fragmentados e o presidencialismo formam uma combinacio pot simo propicia a uma democracia duradoura.® Essa é uma das muitas 1 para acreditarmos que a adocdo do parlamentarismo, no plebiscito de 21 abril de 1993, teria conferido um valioso grau de liberdade ao fr democratico brasileiro. Permitam-nos elaborar a afirmagao de qui do parlamentarismo, em abril de 1993, foi lamentével. Os governos, « sistema parlamentarista, ndo podem se formar, ¢ ndio conseguem perth pelo menos, a concordancia da maioria. © parlamentarismo, portal tempo, acaba por desenvolver uma série de incentivos para a geragao de rias colig ‘presidencialismo apresenta um niimero muito menor tivos que induzam a formagao de coalizées.** Devido & maior facil criar maiorias duradouras a partir de coaliz6es multipartidérias no patl rismo, este tem maior capacidade do que o presidencialismo de arcar grande nimero de partidos legislativos. De fato, entre 1979 ¢ 198: 0 indice Laakso/Taagpera de contagem de pattidos cias parlamentaristas consolidadas contavam com trés a sete partidos “efetivos” em seus legislativos.°° Em nitido contraste, nenfuma das d cias presidencialistas de longa durago contava com mais de 2,7 pa cos “‘efetivos” em seus parlamentos. Com base no mesmo fn tado (ou menos agregado) que qualquer das democracias preside! solidadas de longa duracdo do m com seus fortes incentivos & disci seus interesses. Uma vez perdid rica de mudar de um sistema p 'SENCA" DO ESTADO DEMOCRATIC Tabela 11.6. 0 indice LaaksovTaageper continuas parlamentat Presidencialistas 3 ou mais meno partidos par Parlamentaristas “3 ou mals menos que 30 partidos partidos 30 on mais menos que 30 parties partidos No Canad 20 Franga 3.2 Postugal 3,6 CCRISES DE EFICACLA, LEGITINIDADE E DE “PRES! IEMOCRATICO 221 aby pe Stays ",€ niio uma votagdo partidaria. O Brasil pratica aberta. Os pro- -gislativos podem punir ou nao os membros que trocam de parti- ier natureza."° Um pais pode optar por onceder aos partidos hordrio gratuito nos meios de comunicagao, duran- 1s eleigdes; conceder hordrio gratuito apenas aos maiores partidos; ou con- hordrio gratuito a todos os partidos registrados, por menores que eles A legislagao em vigor no Brasil dé duas horas anuais de hordrio gratui- ‘m cadeia nacional de rédio ¢ televisdo, e uma hora de horario gratuito nas omissoras estaduais de radio e televisio, para todos os dezessete partidos ados.4! tmeohms A bowed de cA DOEST € mesmo com a Arget lades partidarias fracas. Mi seja muito importante, os incentivos espectti inibem ou premiam a prolifera¢o de partidos também o so. Nesse vel defender a idéia de que o Brasil possui um dos conjuntos eleitorais, partidérias e de normas regimentais de deliberagao parlament permissivos do mundo. Essas leis e normas oferecem incentivos amplos. tangiveis para que os empreendedores politicos se comportem de fi nanciosa”,criando partidos para serem usados como bens negocisiveis, uma maneira de burlar a disciplina partidaria®” ue Lugo ‘Ha imtimeros pontos de entroncamento na “fvore decis6ria’ 20, que podem incentivar ou desincentivar a proliferagao de pat das principais decisdes diz respeito ao tipo de si ‘uma nagao para determinar a composig&o de seu legislativo. Aqi geralmente se faz entre um { representacio propor {U2 | sejam considerados m: ros”, no sentido de que eles 3 | Teproduzir, no parlamento, o peso relativo das forgas politicas exis \ | Pals, esses sistemas tendem também a produzir um legis * " tado. Os sistemas majoritarios e os distritos de representante tin * Yv rio, visam produzir um parlamento que represente apenas as prin: s do pais, que, em termos eleitorais, so as mais fortes. O ia, portanto, tende a produzir um ntimero menor de slativo.** Embora este tiltimo sistema possa niio parecer tao “rept ms ‘vo" das diversas forgas politicas existentes na sociedade (em comy \\> ARP) cle, apesar disso, incemtiva a formagio de um le 47075 partidos majortétios e desi ai v Em cada um desses , 08 atuais representantes democraticos, caso eles . imero de partidos para dimensdes mais manejé- ina partidaria no legislativo, t8m a seu dispor uma s. Se esses representantes fizerem uso feigoando a capacidade da sociedade izmente, deixou-se passar essa oportunidade. Se uma a simples da Assembléia Constituinte o tivesse decidido, o sistema bra- de incentivos poderia ter sido alterado de diversas maneiras, de modo a rajar a fragmentaco dos partidos. Por exemplo, se tivesse sido esco- sistema eleitoral misto de estilo alemio (meio RP com um patamar ‘e meio distritos de representante tinico), o Brasil, muito provavelmente, (er cortado pela metade seu indice de partidos. Mas, como mostra a 6, embora esse seja um nimero perfeitamente aceitavel para um sis- col Bu presemtato no Cone a °° Com rel a m ATRANSIC: DAGAO DA DEMOCRACIA privatizagao séria e eficaz, paradoxalmente, exige um aparato de regulament fo governamental razoavelmente forte.*? O objetivo de tal estraté; \¢dio coordenada pelo Estado é reestruturd-lo, de modo a super: |, aumentar a receita piiblica e fortalecer a economia de merc: geral. Essa estratégia implica esforgos simultaneos de estreitar a ale: Estado, vender empresas indust que o setor privado nao se veja indevidamente sobrecarregado, e para capacidade do Estado de se desincumbir de suas responsabilidades nas areas de satide, educagio, lei e justica, seja fortalecida. Tanto as quanto as novas democracias, de diferentes maneiras, tentam resolver maior ou menor sucesso, essa dupla e dificil tarefa. icaram a corrupgao do presi io entanto, acreditamos que do a privatizagao ocorrida no governo Collor for estudada de forma si ca, os dados mostraréo que a combinagio de uma sociedade po fragmentada e de um presidente voluntarista produziu um estilo de pri radicalmente sub-timo, com conseqiléncias perigosas. Por exemplo, ‘as estimativas mais sérias mostraii que o valor em délares d: fiscal € maior que 0 valor em délares dos tributos recolhidos, o presi Collor, em sua pressa de enxugar 0 funcionalismo puiblico, levou a redugdo do mimero de fiscais da receita, que j4 havia comegado com do petréleo de 1979. No Brasil, em 1979, havia 12000 fiscais da Recei ral. Em 1992, havia apenas 5700.* E o que é pior, a combinagiio da corr do presidente ¢ de uma série de reformas econémicas aleatérias, s politica continua, levou os contribuintes a se revoltarem. O inadimpléncia tributaria entre as pessoas juridicas que haviam dec [oes do imposto de renda por elas devido (nao sendo, portanto, somuns, mas, ao contrdrio, “declarantes desafiadores”) cresceu di 1988 (0 ano anterior a eleicdo de Collor) para 50,7% em 1991 (s« completo na presidéncia).* ‘Muitas das reformas visando 0 enxugamento do Estado concebidas pelo gabinete presidencial que el centes, Partes fundamentalmente imy :NGA"POESTADO DEMOCRATIC 223, CCRISES DE EFICACIA, LEGITIMIDA forma anéloga, no Ministério da Agricultura, um importante servigo de ‘pecio de rebanhos sofreu cortes drasticos, o que veio a enfraquecer 0 con- le de qualidade por parte do Estado, de importancia vital tanto para a admi- ‘rago sanitéria quanto para a promogao de exportagdes. E, por fim, muitos melhores funcionérios de Brasflia abandonaram o servigo piblico, ap6s 0 irios piblicos foram quase que imediatamente recontratados por outros 's do governo, recebendo agora dois contracheques a cada més. Muitos ros ou abandonaram o servigo piblico ou permaneceram em uma situagdo moralizante.*° Se os privatizadores tivessem usado de maior seletividade, 's poderiam ter economizado dinheiro e capacidade cerebral, reduzindo de ais eficiente o pessoal excedente ou improdutivo. As reformas neoliberais podem ser executadas de maneira a sas piblicas desnecessérias, por fim & crise fiscal aumentar 0 s governamentais na drea social, bem como seus investimentos em infra- rutura. Entre 1986 e 1990, dois governadores reformistas do estado do Ce- rasso Jereissati e Ciro Gomes, cortaram os gastos com salérios de 152000 1000 (cortaram salérios, mas ndo necessariamente pessoal, uma vez guns funcionérios recebiam, antes, até sete contracheques), ¢ reduziram ‘com pagamento de pessoal e com o servigo da -ard aumentou seus investimentos em infra-estrutura e em servigos soci- isicos. Nesse processo, o Ceard criou um programa de satide de medicina iva de base comunitéria que seria premiado. Esse programa reduziu a ma ATRANSIG'AO E CONSOLIDAGAO DA DEMOCRACIA Permitam-nos concluir com um comentério a respeito da “sociedade ci 10 longo de toda a sua hist6ria, teve um dos piores padroe: cficaz, mas também os mais pobres dentre os pobres tém que se tomar capa de expressar suas reivindicagdes de forma mais eficaz, para que eles t um maior acesso aos direitos da cidadania e para que seu peso potenci elevado seja rotineitamente incorporado aos célculos decis6rios da cl Itica. Dois estudos recentes sobre partici maior acesso & educagdo. Um estudo sobre a organizagao social mostra dividirmos 0 Brasil em cinco regides, cada uma dessas regides com trés de escolaridade, em catorze das quinze observagdes realizadas, quanto fosse a escolaridade de uma pessoa, maior seria sua probabilidade de ingres em uma organizagtio de algum tipo.** Um estudo de opinido piblica cultura politica, abrangendo varios anos, também mostra que quanto escolaridade de uma pessoa, menos critica ela era com mais distanciada da politica (uma mii ‘governos nao-democraticos sem sensi dores bragais, quanto maior a escolaridade de uma pessoa, mais c em relagao aos servi¢os piblicos, embora seja mais favoravel a parti leis e de justiga aos quai capaz.de di (CRISES DE EFICACIA, LEGITIMID DIE DE “PRESENCA”DO ESTADO DEMOCRATICO 225 Iha onde a adogdo de determinadas politicas poderia melhorar a situagao. Nem colapso nem a consolidacao sao pré-determinados. No entanto, a nao ser que ja mudangas importantes na maior parte dos cinco campos democriticos que acabamos de discutir, a margem de erro, para a politica democritica, de- crescerd e as chances dle um colapso aumentaréo. Brasil 1994-1995: Deixando para tras a desconsolidagio da democracia Em 1993, como vimos, alguns analistas de grande influéncia discutiam a lade de um colapso da democracia no Brasil. No entanto, num con- xto em que os militares ndo eram aceitos como alternativa de governo legiti- we vidvel, e onde o zeitgeist ainda era propicio & democracia, nenhum grupo iportante, no Brasil, dedicou esforgos significativos & mobilizacdo do apoio possivel golpe. Numa jo marcada pelo medo da hiperinflagao crescimento da inquietacao politica, embora ndo houvesse qualquer alter- ‘a ndo-

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