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Domingo 28 de Maio de 1939 Nota,—Foi publicado um suplemonto ao Didrio to Govérno n 122, do 21 do corrente, insoringo o soguinte diploma: Ministério da Justign : Deereto-lei n.* 29:686 —Concedo amnistia a diversos crimes © Tnfraegdes de diroito comum o introduz modifieagdes sdbre cam ‘rimento de pena correccional — Altera vérios artigos do Cédigo do Prooesso Pena MINISTERIO DA JUSTICA Decreto-lei_n.* 29:637 Usando da faculdade conferida nt 22 do artigo 109.* da Constituigio, o Govérno de- eretae eu promulgo, para valer como lei, 0 seguinte: Antigo L° E aprovado 0 Gédigo de Processo ‘Civil, que faa parte da prosonte lei. ‘Art. 2.° 0 Cédigo comegaré a vigorar om todo 0 con- tinente e ilhas adjacentes no dia 1 de Outubro do corrente ano ‘Ant. 8." A partir do inicio de sua vigéncia fica re- vogada toda a legislagio anterior sdbre provesso civil e comercial, e Wlesignadamente 0 Cédigo de Processo Civil de 8 de Novembro de 1876, 0 decreto n.° 4:618, de 13 de Julho de 1918, o decreto n.* 21:287, de 26 de Maio de 1932, 0 decreto n.* 21:694, de 29'de Se- tembro de 1932, ‘0 Cédigo de Processo Comercial de Id de Dezembro de 1905 ¢ 0 Osdigo de Faléncias, apro- vado polo decroto n.° 25:981, de 26 de Outubro de 1935. § iinico. Fics salva a legislagdo de processo contida no Oédigo do Trabalho e no Codigo da Estrada, bem ‘como a legislago especial de processo sobre liquidagio ds casas Danas o atbre expropriagdes por wilideds riblica. Platt, 4° Todas as modificagies que de futuro se fze- rem sdbre matéria contida no Cédigo de Processo Civil serfio consideradas como fazendo parte déle ¢ inseridas no lugar proprio, devendo essas modificagées ser sem- pre efectuadas por meio de substituigio dos artigos al- ferados, supressio dos artigos imiteis ou pelo adiciona- mento dos que forem necessirios. Art. 5.¢ Compete & Procuradoria Geral da Reptiblica, receber todas as exposigies tendentes ao aperfeigoamento do Cédigo © propor ao Govérno todas as providéncias que para ésse fim entenda convenientes. ela 2.* parte do sins 0 1 Série —Nimero 123 GOVERN PREGO DESTE NUMERO—19950 (© pro dos untelon(paguesto adit) 6 cy 20 8 isha, acrnice do ropes ssi iyteaseee Art. 6.° Fica 0 Govérno autorizado a tomar 0 Cédigo de Processo Civil extensivo ao Império Colonial, com as modificagdes que as eircunstincias especiais das colé- nias exigirem. Publique-se © cumpra-se eouno néle se contém. Pagos do Govérno da Reptblica, 28 de Maio de 1939." Awndmr0 scan or Fnacoso, Canaoxa—~ An- tinio de Oliveira Salazar — Mario Pais de Sousa — Manuel Rodrigues Jiinion — Manuel Ortins de Betten- court — Duarte Pacheco — Francisco José Vieira Ma- chado — Anténio Faria Carneiro Pacheco — Joao Pinto da Costa Leite — Rafael da Silva Veves Duque. Cédigo de Processo Civil LIVRO I Da aceao ‘TiTULO 1 Da accdo em geral CAPITULO ‘Das disposicdes fandamentais Artigo 1° A ninguém 6 permitido restituir-se a0 exerelea do seu difeito por sua propria forga ¢ autor dade, salvo nos ensos ¢ denizo dos limites declarados na ei. ‘Art. 2.° A todo o direito corresponde uma acgio, des- tinada a fazé-lo acautelar ou reconhecer em juizo ea torné-lo efectivo, excepto quando a lei expressamente determinar o contrétio. Art. 3.° O tribunal nao pode resolver o conflito de in- terésses que a acgio pressupde sem que a resolugio lhe seja pedida por uma das partes e a outra seja devide- mente chamada para dedusir oposigio. Mas em casos excepcionais previstos na lei podem tomar-se provi- déneias contra determinada pessoa sem que esta seja préviamente ouvid: Art. 4° As acgdes aio de simples apreciagio ou de- claragio, de condenagio, conservatérias, constitutivas executivas. Tém por fim: a) As de simples apreciagio, obter inicamente a de- claragdo da existéncia ou inexisténcia dum direito ou dum facto; b) As de condenagio, exigir a prestagio duma cousa ou dum facto; 0), As conservatérias, acautelar um prejuizo que se receia 4) As constitutivas, autorizer uma mudange na onlom juridica existente ; 2) As executivas, dar realizagio efectiva ao direito aeclarado. 420 1 SERIE — NOMERO 123 CaPiTULO It Das partes seogio 1 Personaldade © capacdade juiiéria Art. 5." A personalidade judicidria consiste na sus ceptibilidade de ser parte. Quem tiver personalidade ju- ridica tem personalidade judiciéria. ‘Art. 6 A heranga cujo titular ainda nfo esteja de- terminado e patriménios auténomos semelhantes, as as- sociagies legalmente existentes © as sociedades civis nio familiares podem ser partes, embora ao teaham personalidade juridica ‘Art, 7.* As suoursais, agéncias, filisis ou delogagbes podem demandar o ser demandadas quando a acgo pro- ceder de acto ou facto praticado por elas. § tinico, Se a administragio principal tiver a sede ou © domicflio em’ pais estrangeiro, as sucursais, agéucias, filiais ou delegagdes estabelecidas em Portugal podem demandar ¢ ser demandadas, ainda que a accdo derive de acto ou facto praticado por aquela, quando a obriga- gio tiver sido contraida com um portugués. ‘Ast. 8.° As sociedades @ associagées que nio se acha~ rem legalmente constituidas, mas que procederem de facto como se 0 estivessem, nfo pederéo opor, quando demandadas, a irregularidade da sua constituigao ; mas pode também a accdo ser proposta contra as pessoas que, segundo a lei, tenham responsabilidade pelo respettivo acto ou facto. § tinico. Sendo demandada a sociedade ou a associa- go, éthe licito deduzir reconvengao. Art. 9.° A capacidade judiciéria consiste na suscep- tibilidade de estar, por si, em juizo e tem por base © por modida a eapacidade do exereicio de direitos. ‘Art, 10. Os ineapazes s6 podem estar em juizo por intermédio dos seus representantes, excepto nos actos que sio admitidos a exercer pessoalmente. § tinico. Se houver conflito de interésses entre o in- capax e 0 set representante ou o cénjuge, ascendentes ou descendentes déste, ser o incapar representado na, causa por um curador especial. Sucederd o mesmo quando o conflito surgir enixe varios incapazes que te- nham o mesmo representante. Neste caso a cada grupo de interessados em conflito seré nomeado um curador. A nomeagio do ourador pertenceré ao juiz da causa, ouvido o Ministério Publico. ‘Art, 11° Quando o ineapaz nio tiver representante, poleri requerer-se a nomeagio déle ao tribunal comps- tente. Pode também requerer-se ao tribunal da causa a nomeagio de um curador provisdrio, havendo urgéncia na proposigio da acgio. Neste wltimo caso, logo que a acgdo seja proposta, provocar-se-é, no tribunal. compe- tente, 2 nomeagio de representante geral, que viré ocupar no proceso a posicdo do curador provisério, J nico. As nomeages a que se referem ésto artigo € 0 § tinico do artigo antecedente devem ser requeridas pelo Ministério Piblico ow por qualquer parente até a0 sexto grau, quando o incapas tenha de ser antor; quando haja de figurar como réu, sero requeridas pelo autor. Art. 12° Pare a proposigdo de acgdes carece o tutor de autorizagio do conselho de familia © o curador de autorizgio judicial, salvo se a acco fér meramente conservatéria ow se da demora da sua instauragio puder resuliar a extingao do direito ou de qualquer gavantia. ‘Art. 13° Os menores ndo emancipados com mais de catore anos e os interditos por prodigalidade serio admitidos a intervir nas acgGes em que sejam partes 6 dovem ser citados quando tiverem a posigto de réus. § nico. Se o menor perfizer os catorze anos no de- curso da causa ¢ depois da citagio do seu representante, nfo tem de ser citado, embora seja xéu, mas pode inter- vir por sua iniciativa. Art. 14° As pessoas que por qualquer das cirouns- tancias indicadan nos §§ 1", 210 3 do artigo 230° se encontrarem de facto impossibilitadas de receber a citagio para a causa serio ropresentadas nesta por ums ‘rador gomendo nos terms do mesmo artigo. § 1" Cossaré esta representagio quando for julgada desnevessiia ou quando se juntar documento que prove ter sido declarada a interdigio. A desmecessidade da curadoria sera apreciada sumiriemente, a requerimento do curatelado, que pode produzir quaisquer provas. § 2° Tendo sido decretada a interdigio, sera imedia- tamente citado o tutor para vir ocupar no proceso o lugar do curador, Art. 15.° Se o ausente em parte incerta ou o sew representante ou o representante do incapas no deduzir gualauer oposigio, inoumbiré ao Ministério Publico a dos direitos do incapaz ou ausente, para o que seré devidamente citado, correndo novamente o praso para a contestacio. Quando o Ministério Puiblico re- presentar o autor, ser momeado um defensor oficioso. § tinico. Cessaré a representagio do Ministério Pi- Dlico ou do defensor ofcioso logo que o ausente com- parega ou_o seu representante ou 0 do incapas con: titua mandatério judicial. Art, 16° Quando a accio seja proposta imicar contra incertos, serio estes representados pelo Mini tério Publico. Se o Ministério Publico representar o autor, send nomeado defensor oficioso para servir como agente especial do Ministerio Piblico na representagio los incertos. § rinico. Cessard esta representagio logo que se apre- sente, para intervir como réu, alguma pessoa cuja legi- timidade seja reconhecida por sentenca. Art. 17° 0 marido pode, sem outorga da mulher, propor quaisquer acgdes, excepto as que tonham por fim fazer recouhever a propriedade perfeita ou imper- feita de bens imobilidrios comuns on préprios da mulher. Art, 18." A mulher casada tem a mesma capacidade judicidrie activa que 0 marido, quando, por auséncia ‘ou impedimento déste, the pertenga a administragio dos bens do casal. te Emquanto o marido exereer a sdministragzio, a mulber 88 poderd propor acgdes destinadas a fazer valer os seus direitos préprios ¢ exclusivos do natureza extra-patri- monial, para o que néo carece de autorizagio marital § nico. Nos casos provistos no artigo anterior ¢ na primeira parte déste artigo a outorga da mulher ou 2 autorizagio do marido, quando necesséria, soré su- prida judicialmente se fér recusada sem justo motivo ou nio puder ser pedida. ‘Art. 19.° Serdo propostas contra o marido e contra a mulher LY As aogdes emergentes de actos ou factos praticados por ambos os conjuges ; 2. As acgGes emergentes de acto ou facto praticado por um dos cdnjuges, em que pretenda obter-se sen- tenga que venha a executar-se sobre bens comuns ou sobre bens prdprios do outro cénjuge; 3.° As acgdes reais imobiliérias e todas aquelas que tenam por fim fazer reconhecer ou constituir qual- quer 6nus sobre bens imobilidrios de um ou de ambos 0s cOnjuges ou extinguir énus constituidos em beneficio dos mesinos bens. Art, 20.° Autorisada a separagio de pessoas e bens, cada um dos ednjuges adquire plena capacidade judi- , como se 0 casamento estivésse dissolvido. No ‘caso de simples separagio judicial de bens, a mulher pode demandar © ser deiandada, sem auto- rizagdo nem intervengio do marido, desde que se trate de acgbes relacionadas com o exereicio da sua admi- nistragiio. Em tudo .o mais se observani o disposto nos artigos 17.* a 19.° 28 DE MAIO DE 1939 421 Art. 21° 0 Estado é representado pelo magistrado do Ministério Publico que funcionar junto do tribunal ‘competente para a causa. § tinico. Se a causa tiver por objecto bens ou direitos do Estado, mas que estejam na administragio ou frui- gio de entidades auténomas, podem estas constituir advogado que intervenha no ‘processo juntamente com 2 Ministério Pablic, para o quo serio citadas quando o Estado"seja réu. Havendo divergéncia entre o Mi- nistério Puiblico ¢ 9 advogado, prevalecers a opinidio de primeiro, “Art. 22.° A representagio das outras pessoas colecti- vas sera exercida por intermédio dos érgios designados na lei ou no pacto social. Na falta de disposigio, a re- presentagio pertencerd Aqueles a quem incumbir a Sdministragdo da pessoa colectiva § tinieo. Se houver conflito de interdsses entre a pes- soa coleetiva e o seu representante, ou se a pestoa edlec- tiva nfo tiver representante, quem substituir éste nas suas faltas e impedimentos poders demandat ou ser de- mandado em nome da pessoa colectiva. Nao havendo substituto, o juix nomeara, de entre os membros da pes- toa colectiva, um representanto especial, cujas fungBes cessardo loge que @ zepresentayie sea assumida por fuer for designado pela. pessoa colectiva, ‘WN homengio dar-ce-s loge publicidade pels ssasto de ‘um aviso na porta do tribunal e na porta da sede da admi- nistragSo da pessoa colectiva, quando seja conhecida, pela insergie de amtinoio em dois niimeros do jormal Foals lido da localidade a que a mesma sede pertencer. "Art. 23.° 08 patriménios aut6nomos serlio represen- tados pelos sous administradores, salvo se a lei dispuser de modo diverso. ‘As sociedades @ associagSes que no tiverem persona- lidade juridica, as sucursais, agéucias, filiais ou dele- gagdes sero ropresentadas pelas pessoas que proced rem como directores, gerentes ou administradores. iArt, 24° A falta de personalidade, a incapacidade judiciéria e a imegularidade da representagéo tm o mesmo efeito que @ ilegitimidade da parte; mas as duas Ultimas podem ser supridas pela intervengio ou ciiagdo do representante legitimo ou do e6njuge. ‘Se estes ratificarem os actos anteriormente praticados, © proceso segtird como se 0 vicio allo existisees m0 cago conirario, ficard sem efeito tudo quanto se tena processado a partir do momento em que « falta ou a irregularidade se cometeu. . § tinico, O juiz pode, oficiosamente ou a requerimento da parte, fixar o prazo dentro do qual hdo-de ser supri- daca ineapacidede ou a irregularidade. Se o ndo fixar, 0 suprimento pode ter lugar a todo o tempo. ‘Art, 25° Sea parte estiver devidamente represen- tada, ‘mas faltar alguma autorizagio ou deliberagio exigida por Ie, designated pram dentro do qual 0 ropresontante deve obter a respectiva autorizagio ou de- liberagio, suspendendo-se entretanto os termos da causa. ‘Nifo sendo a falta sanada dentro do prazo, o process ficaré sem efeito, quando 9 autorizagdo ou deliberagio devesse ser obtida pelo representante do autor ; se era ‘20 represontante do réu que incumbia prover, 0 processo seguir como se 0 réu nilo deduzisse oposiga ‘rt. 26. O disposto no artigo anterior 6 aplicével a0 caso de um dos cdnjuges carecer da outorga ou da auto- Fizagao do outro, ou do respectivo suprimento judicial, para estar em juiao como autor, sEogio 1 Legitimidade das partes Art. 272 O autor é parte legitima quando tem inte- résse directo em demandar; 0 réu é parte legitima quando tem interésse directo em contradizer._ O interésso em demandar exprime-se pela utilidade derivada da procedéncia do pedido ; 0 interésse em con- tradizer pelo prejuizo causado por essa mesma proce- déncis Azt. 28.° Quando o interésse disser respeito a mais de duas pessoas, a questio da legitimidade das partes seré rosolvida om conformidade das regras seguintes: a) Se a lei ou o contrato exigirem expressamente. a intervengdo de todos os interessados, a falta de qual- quer déles seré motivo de ilegitimidade; 5) Se a lei ou o contrato permitirem que o direito comum seja exeroido por um s6 ou que a obrigagio comum seja exigida de um s6 dos interessados, basta que um déles intervenha; 2) Se a lei ou 0 contrato nada deolararem, pode a accio ser proposta por um sé ou contra um 36 dos varios interessados, devendo porém o tribunal conhecer tnica- mente da quota parte do interésse ou da responsabilidade dos respectivos interessados, ainda que o pedido abranja a totalidade, Gessa_o disposto na primeira parte desta alinea quando, pela propria natureza da relagéo juridica, 0 necessitia a intervengdo de todos os interessados para que a decisio a obter produza o seu efeito vitil normal. § winico. Qualquer sécio, herdeiro ou comparte em. cousa comum ou indivisa pode pedir a totalidade desea cousa em poder de terceiro, sem que éste possa opor-lhe que ela nio Ihe pertence por inteiro. Art. 29.° B permitida a coligagio de autores contra wm ou varios réus e 6 permitido a um autor demandar con- juntamente varios réus, por pedidos diferentes, quando ' causa de pedir seja a mesma e tinica ou quando os pedidos estejam entre si numa relagio de dependéncia. § tinico. Cessa 0 disposto nesto artigo quando aos pedidos correspondam formas de processo diferentes ou a cumulagdo possa ofender regras de competéncia em razio da matéria ou da hierarquia; mas no impe- dirs a cunmlagio a diversidade da forma de processo que derive anicamente do valor. Art. 30.° Podem também coligar-se vérios autores ou demandar-so conjuntamente varios réus, embora a causa do pedir soja diferente, quando a prooedéncia dos pedi- dos principais.dependa essencialmente da apreciacéo dos mesmos factos ou da interpretagio e aplicagio das Imesmias regras de direito ou de elausulas de contratos perfeitamente analogas. § nico. Se o tribunal, oficiosamente ou a requeri- mento de algum dos réus, entender que, nfo obstante a verificagto de qualquer dos requisitos indicados, 6 pre- ferivel que as causas sejaun instruidas, discutidas e jul- gadas em processos separados, assim o declararé a0 despacho saneador, ficando o processo sem efeito. Neste 16280, $6 as novas acgdes forem propostas dentro de trinta dias'a contar do trinsito em julgade do despacho que ordenar a separagio, os efeites civis da proposigio da acgio e da eitagio do réu retrotraem-se & data em que estes factos se produziram no primeire processo, Art. BL.” No caso de litisconséreio necessério, deve en- tender-se que hé uma tinica acgo com pluralidade de sujeitos. ‘No caso de litisconsércio voluntério, deve entender-se que ha uma acumulagio de’ acgies, conservando cada Htigante a sua independéncia em relagdo aos seus com- partes seogto ur Patrcinojudcirio Art. 32° O mandato judicial s6 pode ser exercido por advogados e solicitadores. Quando seja conferida a 422 pessoas que nio pertengam a alguma destas categorias, envolvo necessiriamente 0 poder © a obrigagao de subs- tabelecer o encargo em advogado on solicitador. ‘Art. 38.° E obrigatéria a constituigio de advogado ras causas em que seja admissivel recurso. Mas 0s soli- citadores @ as proprias partes sio admitidos a fazer re- querimentos em que se no levantem questées de direito Se a parte nfo constituir advogado, nfo cera recebido © primeiro articulado e, sendo-0, o tribunal, oficiosa- mente ou a requerimento da parte contréria, faré no- tificar a parte para, dentro de prazo certo, constituir sdvogado, sob pena de Sear sem efsito a acgio ou a de- § 1° Nos inventirios, seja qual far a sua natureza € valor, s6 6 indispensével a intervengio de advogados para se suscitarem ou discutirem questdes de direito. § 2° Quando na comarca nio haja advogado, pode 0 patrooinio ser exercido por solicitador. ‘Art. 34° Nas causas om que nffo soja admissivel re- curso podem as préprias partes pleitear por si e ser representadas por solicitadores ‘Art, 35.° O mandato judicial pode ser conferido: 1.* Por meio de procuraggo publica ou havide por piblica; 2° Pela a inatura da parte, em seguida & assinatura do, mandatario, na petigéo inicial ou no articulado de defesa. Neste caso a assinatura da parte tem de ser feita erante notério que assim o certifique e reconhega a Sdentidade do mandante. | | ‘Art. 36.° Quando a parte assinar o primeiro arti- culado nos termos do artigo anterior, entender-se-6 que confere poderes ao mandatario para a representar em todos os actos e termos do processo principal ¢ respec- tivos incidentes, mesmo perante os tribunais superiores, § nico, Nos poderes a que se refere éste artigo in- clue-se o de substabelecer. ‘Art, 37." Quando a parte declarar na procuragio que 4 poderes forenses ou para ser representada em qual- quer acgio, 0 mandato teré a extensio definida no artigo anterior. Art. 88.° Os mandatérios judiciais s6 podem confes- sar a acgio, transigir sobre 0 sen objecto e desistir dela ou da instincia quando estejam munidos de prooura- ‘s%0 que, individualizando a causa, os autorize expressa- mente a praticar qualquer désses actos. ‘Art. 39.° As afirmagoes © confissBes expressas de fac- tos, feitas pelo mandatério, vinculam a parte, salvo 3 forem rectificadas ou xetiradas dentro de cinco dias ‘Nii podem ser retiradas as confissGes feitas na audién- cia de discussio e julgamento, mas podem ser reetifi- cadas até ao encerramento da discussao. ‘Art. 40." A revogagio ¢ a remtincia do mandatodevem ser requeridas no proprio proceso ¢ notificadas, tanto a0 mandatirio ow ao mandante, como & parte contr Os efeitos da revogagio ¢ da remincia produsem-s a partir da data da notificaglo, salvo nos processos em que 6 obrigatéria a constituigio de advogado, porque nestes a rentincia s6 produs efeito depois de constituido novo mandatério, § tinico. Se a parte, depois de notificada da rentincia, se demorar a constitnir novo advogado nos processos fein que a constituigio € necessaria, pode 0 mandatério alge eee eae eee sem a parte ter provido, considerar-se-4 extinto o man- dato © a parte ficaré na situagio de revelia. ‘Art. 41° A falta, a insuficiéncia e a irregularidade do mandato podem, em qualquer altura, ser angitidas la parte contréria e suscitadas oficiosamente pelo tri- yuna. O juiz marcaré o prazo dentro do qual deve ser suprida a falta ou corrigido o vicio e ratificado 0 pro- ssado. Findo éste prazo sem que esteja regularizada a situagio, ficara sem efeito o que tiver sido praticado 1 SERIE — NOMERO 123 pelo mandatério, devendo éste ser condenado nas custas respectvas ¢ na indemnizagzo dos prejuzos a que tiver dado causa. Art, 42° Em casos de urgéncia, pode um advogado ou um solioitador exercer 0 patrocinio judiciério como gestor de negécios da parte. Mas se esta nio ratificar & gestio dentro do prazo que for assinado, seré 0 gestor condenado nas custas a que deu causa e na indemniza- gio das perdas e danos que tiver feito sofrer & parte contréria ou & parte cuja gestio assumi Art. 43.° Quando no processo se suscitarem quest@es, de natureza técnica para as quais o advogado nfo tenha a necossiria preparagio, pode éste fazer-se assistir, durante a produgio da prova e a disoussio da causa, de pessoa que possua competéncia especial. para se coupar das referidas questées. 7 Aié oito dias antes da audiéneia de disoussiio e jul- gamento 0 advogado indicaré no processo a pessoa que escolheu e a questo ow questdes para que reputa con- veniente a sua assisténcia; dar-se-d logo conhecimento do facto ao advogado da parte contréria, que poders, dentro de cinco dias, usar de igual direito ‘A intervenggo pode ser reousada quando se julgue desnecesséria, § tinieo. Em relagdo as questes para que tiver sido designado, 0 técnico teré os mesmos direitos e deveres que os mandatérios judiciais, mas deve prestar 0 seu Concurso sob a direojo do respective advogado. Art. 44.° Se a parte nfo encontrar quem aceite vo- luntiriamente o seu patrocinio, poderé dirigir-se ou 20 presidente do conselho distrital da Ordem dos Advo- gados ou A respectiva delegagio, para que lhe nomefem advogado. ‘A nomeagio serd feita sem demora e notificada ao nomeado, que poderé alegar escusa dentro de quarenta ¢ oito horas. Na falta do escusa ou quando esta nfo seja julgada legitima por quem fes a nomeagio, deve o advogado exercer o patrocinio, sob pena de’ procedi- mento disciplinar. § tinieo. O que fica disposto neste artigo aplicar-s a nomeagio de sclicitadoy, sendo porsm exercides pelo juiz as atribuigdes cometidas ao presidente do conselho Gistrital e A delegagio. Ao juiz pertencerd também a nomeagio de advogado quando o presidente o no faga dentro de cineo dias ow nos casos de urgéncia. ‘riTULO 11 Da acgao executiva CAPITULO 1 Do titalo exeeutivo Art, 45° Toda a execugio teré por base um titulo, pelo qual se determinarao o fim eos Himites da acgio executiva, A execugiio pode ter por fim ou o pagamento de quantia certa, ov a entrega de cousa certs, ot a pres- tago dum facto. : ‘Art. 46.° Podem servir de base & exeougi 1.” ‘As sentengas de condenagio; * Os autos de conciliagio; 8 As escrituras puiblicas; 4° As letras, livrangas, cheques, extractos de fac- tura, vales, facturas conferidas e quaisquer outros es- critos particulares, assinados pelo devedor, dos quais conste a obrigagio de pagamento de quantias determi- nadas; Os titulos a que pur disposiggo especial for atri- buida forga exeoutiva. ‘Art. 47° Para que a sentenga seja titulo executive & necessario que tenha passado em julgado ou que o recurso interposte tenha efeito meramente devolutivo. 28 DE MAIO DE 1939 § nico. A execugdo iniciada na pendéncia de re- curso extingue-se ou modifica-se em conformidade com 8 decisio definitiva comprovada por certidio. Emquanto a sentenga estiver pendente de recurso, niio pode o exe- qiente ou qualquer credor ser pago sem prestar caugio, Art. 48.° So equiparados as sentengas, sob o pouto de vista da forga executiva, os despachos e quaisquer outras decisdes ou actos da autoridade judicial que condenem no pagamento de uma quantia, na pritica de um acto ow no cumprimento de qualquer outra obri- gagio. Art, 49.° As decistes proferidas pelo tribunal arbi- tral silo exeqiliveis nop mesmos termos em que 0 0 a8 decisdes dos tribunais comuns. ‘Art. 50.° As sontengas proferidas por tribunais ou por, Sebitzos em pais_esirangeiro 66 podem servir de ase A execucio depois de revistas confizmadas pela Relagio, § rinico: Nao carecom de revistio para ser exeqitiveis os titulos exarados em pais estrangeiro. Art. 51.° As escrituras publicas tém férga executiva quando sejam o instramento de constituigio de qual- quer obrigagio: § tinico. As escrituras de abertura de orédito, de con- trato de fornecimento © quaisquer outras em que se convencionem prestagdes futuras podem servir de base & execugio, desde quo se mostre, por documento pas- sado em conformidade com a escritura ou revestido de forga probatéria segundo a lef, que em cumprimento do contrato foi efectivamente emprestada alguma quan- tia, realizado algum fornecimento ou feita alguma pres- tagaio. Art, 52° A assinatura do devedor nas letras, livran- 88, cheques © nos outros escritos particulares, excep- tuado 0 extracto de factura, deve estar reconhecida por notério. Basta o reconhecimento simples se 0 montante da divida nfo exceder 10.000§; quando fer superior a éxte quantitativo, é necessirio que o notario certifique que 8 assinatura foi feita na sua presenga e que reconhera 2 ideatidade do signatério. Art. 53.° Contra o mesmo devedor pode o credor cumular execugées fundadas em titulos diferentes, seja qual fr 0 valor, excepto: « Soo taibunal competente para todas as exeougios nao fr 0 mesmo; $ Se as execugées tiverem fins diferentes ; * Se a alguma das execugies corresponder provesso especial diferente do quo deva ser empregado quanto ds outras. § 1° Quando 2 alguma ou algumas execugies cor- responder processo sumario ou sumarissimo © a outra ou outras processo ordinério, empregar-se-é, quanto a to- das, 0 processo ordindrio. Cumulando-se vérias exe- cugdes sumérias ou sumarissimas, a forma de processo a observar sera determinada pela soma dos pedidos. § 2.° Se todas as exeougdes forem fundadas em sen- tengas, a aceio executive seré promovida no proceso de maior valor, a0 qual se apensario os outros pro- ‘cessos. Se houver outros titulos executivos, encorporar-se-40 xno provesso em que haja de ser promovida a execugio, segundo a regra da alinea anterior. Mas se algum dos titulos for de valor superior, os processos ein que fe- nham sido proferidas as sentencas apensar-se-Zo a0 pro- cesso formado com base no titulo de maior valor. § 5° Emquanto uma execugio nfo f6r julgada ex- tinta, pode o exeqiiente requerer no xespectivo pro- cesso a execugdo de outro titulo, desde que no existem os obstéculos mencionados nos n."* 1.° a 3° e & nova execugio corresponda, sob o ponto de vista do valor, a forma de processo émpregada na execugio pendente, 423 Art. 54° As certiddes extraidas dos inventérios va- leap como isulo exeentive, desde que contenaa: 2) A identificagio do inventario pela designagao do inventariado e do inventariante; b) A indicago de que o respectivo interessado tove bo processo a posigio de herdeiro ou legatiri 2) 0 teor do mapa da partitha na parte que disser respeito ao mesino interessado, com a declaragao de que a arta foi julgada por sentenga; : ) A descrigtio dos bens que forem apontados, de entre 98 que tiverem cabido ao requerente. § Le Se a sentenga de partilhas de 1.* instincia tiver sido modificeda em recurso e a modifieagio afectar & quota do interessado, a certidio reproduzira a decisio definitiva, na parte respeitante & mesma quota § 2.° Se a certido for destinada a demonstrar a exis- téncia de um crédito, 36 conteré, além do requisite da alinea a), © que do processo consiar a respeito da api vagiio ow verificagio do crédito e forma do seu paga- mento. (CAPITULO I Das partes Art, 85° A execugio tem de ser promovida pela ess0a que no titulo executivo figurar como credor, © leve sé-lo contra a pessoa que no mesmo titulo tiver a posigio de devedor, salvo 0 que vai disposto nos dois ar- tigos seguintes. ‘Art. 56.° Tendo havido sucesso no direito ou na obrigagio, no requerimento para a execugio deduzir-se-i @ habilitagto do sucessor. A pessoa ou pessoas citadas podem contestar a habilitagio, observando-se em tudo © mais 0 disposto no axtigo 878.° : Se a habilitagto fOr contestada, fioar%o suspensos, até & decisto definitiva do incidente, todos os prozos ¢ termos do proceso de execugio. § 1° A execugio hipotecria seguird sempre contra, 9 possuidor dos bens hipotecados, qualquer que éle se, m necessidade de habilitagzo. § 2° A execugio fundada em sentenga nio pode ser promovida contra o adquirente so a acgio estava su- jeita a registo e a transmissio foi registada antes de feito o registo da acgio. Art. 57." Se a sentenga de condenagéo tiver for de caso julgado, nfo s6 contra o vencido, mas ainda contra outra pessoa, pode a execugiio ser promovida con- tra esta, independentemente de habilitagio. Art. 58° Podem varios credores comuns coligar-se contra 0 mesmo devedor quando as exeougées tenham por fim o pagamento de quantia determinada e nio se ‘verifiquem as excepgies previstas nos n." 1." e 3." do artigo 63. Se alguna das quantias for iliquida, a coligagio 56 pode ter lugar depois da liquidagto. § tinico. B aplicivel a éste caso 0 disposto no § 2." do artigo 53.° ‘Art. 59.° 0 Ministério Publico tem legitimidade para promover # execugiio por multas impostas em qu: ‘quer proceso, bem como a execugi por custas ou quais- quer, importincias devidas ao Estado, cofzes, Ordem ios Advogados ou Camara dos Solicitadores. Art, 60.° As partes tom de fazer-se representar por advogado nas execugdes de valor superior a 10.0008; @ nas de valor inferior a esta quantia, mas excedente & algada do tribunal de comarca, desde que sojam opos- tos embargos ou surja algum incidente que siga termos semolhantes aos do processo de declaragio. | Art. 61.° 0 oredor que sébre os bens penhorados tiver privilégio ou preferéncia, mesmo baseada em penhora on hipoteca judiciéria, pode promover o andamento da execugo quando o exeqiiente nao soja diligente em a fazer seguir os termos respectivos. 424 LIVRO IL Da competéncia e das garantias da imparcialidade caPiTULO 1 Das disposigbes gerals sdbre-compettneia Art, 62° Os tribunais portugueses tém competéncia internacional quando se verifique alguma das cireuns- tancias mencionadas no artigo 6: ‘Na ordem interna o poder jurisdicional distribue-s pelos diferentes tribunais, em regra, segundo a matéria eo valor da causa, a hierarquia judicidria e 0 ter- ritério, Em casos excepcionais atende-se também qualidade do éu. "Art, 63." A competéncia fixa-se no montento em a acgio se propde. Sio irrelevantes as modificagdes de facto que ocorrerem posteriormente a ésse moment sko igualmente irzelevantes as modificagdes de direito, excepto se fér suprimido o érgio judicidrio a que a causa estava afecta ou so deixar de'ser competente em razio da matéria e da hierarquia. ‘Art. 64.° Nenhuma causa pode ser deslocada do tri- bunal competente para outro, a niio ser nos casos espe- cialmente previstos no lei. capiTULo 11 Da competéncia internacional Art, 65." As cirounstancias de que depende a com- peténcia internacional dos tribunais portugueses sio “2) Dever a acgfo ser proposta em Portugal segundo as regras de competéncia territorial estabelecidas pela Jel, portuguesa; 4) Ter sido praticado em territério portugués o acto ou facto de que a acgfo diretamente emerge; ¢) Pretender realizar-se, em beneficio de algum por- tugués, o principio da reciprocidade; 4) Nao poder o direito tornar-se efectivo senio por meio de.acg%o proposts em tribunais portugueses. §1* Quando para a acco soja competente, segundo a lei portuguesa, o tribunal do domicilio do réu, os tri- Tunais portuguases podem exercer a sua jurisdigio desde que o réu resida em Portugal hi mais de seis mses ou se encontre acidentalmente em territério por- tugués, contanto que, neste ultimo caso, a obrigagio tenha sido contraida ‘com um portugués. § 2° As pessoas colectivas estrangeiras consid domiciliadas em Portugal desde que tenham aqui cursal, agéncia, filial ow delegagio. carfruLo 1 Da competdncia interna seogio 1 Compténsia em rarto da matéria Art. 68° As causas que nfo forem atribuidas pela lei a alguma jurisdigio especial so da competéncia do tribunal comum. ‘Art. 67. O tribunal comum 6 0 civil. A plenitude da jurisdigdo civil pertence, em primeira instancia, ao tribunal de comarca, : ssogio tt Competéncia em rarto do valor Art. 68.° Os tribunais inferiores conhecem das causas que a lei submete & sua jurisdigio, até ao limite de Yalor expressamente desigiado. 1 SHRIE — NUMERO 123 Art. 69,° O tribunal de comarca conhece de todas as causas, seja qual for o valor, quando no haja tribunais inferiores, e das que excedérem o valor mareado como Yimite & competéncia déstes, quando os haja. seegko m Competéncia em raxao da herarquia Art, 70.° Os tribunais de comarca, conhecem dos re eursos interpostos dos tribunais inferiores, dos notari dos conservadores do registo e de outros que por lei de- vam ser para éles interpostos; julgam as acgdes de par- 4as ¢ danos propostas, por virtude do exereicio das suas fungBes, contra os tribunais inferiores e magistrados do Ministério Pablico junto déles e contra os funcionérios judiciais da respectiva comarca; ¢ resolvem os conftitos de competincie entre es autoridades judicinis da co- ‘Art, 71° As Relages conhecem dos recursos e das causes que por lei sejam da sua competéneia, e nomes- damente: ‘a) Dos recursos interpostos dos tribunais de comarca; b) Das acgies de perdas e danos propostas, por causa do exercfoio das suas fungées, contra os juizes de direito € respectivos magistrados do Ministério Publico ; ¢) Dos confiitos de competéncia entre tribunais per- tencentes a comarcas diversas, mas ao mesmo distrito judicial; 4) Da revisio de sentengas proferidas por tribunais ou drbitros estrangeiros. Art. 72.° 0 Supremo Tribunal de Justiga conhece dos recursos ¢ das causts que por lei sejam da sua compe- téncia, ¢ nomeadamente : a) Dos recursos interpéstos dos ¢ribunais de comarca ¢ das Relagi b) Das acgdes de perdas e danos propostas, por cause do exercicio das suas fungies, contra juizes da Relacéo edo Supremo © contra magistrados do Ministério Pé- dlico junto de qualquer déstes tribunais; ¢) Dos conflitos de competéncia entre as Relagies entre tribunais pertencentes a distrito judicial dife rente, spogio 1v Conpetencia territorial Axt, 13." Deve ser proposta no tribunal da situagto dos bens a acgio que tenha por objecto fazer valer direitos roais sobre imévei Serio propostas no mesmo tribunal as acgdes posses- sérias, a de posse judicial avulsa, as acces para arbi- tramento, as de despejo, as de preferéncia sobre iméveis " ag de reforgo, reduoto » expurgagdo de hipotecas ‘Mas as acgdes de reférgo, redugio e expurgacio de hipotecas sdbre navios, automéveis ¢ aeronaves seréo instauradas ma circunseriggo da respectiva, matricula Se a hipoteca abranger méveis matriculados em cir cunscrigées diversas, poderd o autor escolher qualquer delas. § tinico. Se a acgio tiver por objecto ums univer dade de bens, ou bens méveis e iméveis, ou iméveis situados em circunscrigdes diferentes, seré proposta no tribunal da situagdo dos iméveis de maior valor, de- vendo, para éste efeito, atender-se a matriz predial; 86 o prédio estiver situado em mais do que uma cirouns- cricko territorial, podera ser proposta em qualquer elas. ‘Art, 74° A aogfo destinada a exigir o cumprimento de obrigagdes seré proposta no tribunal do lugar em que, por lei ou convengio esorita, a respectiva obrigacio devia ser cumprida, Mas se a acgio derivar de facto ilfcito, seré compe- tente o tribunal do lugar onde o facto foi praticado. 28 DE MAIO DE 1939 Art, 75.° Seri competente o tribunal do domicilio ou da residéncia do autor para as acgées de divércio e de separagio de pessoas © bens. ‘Art, 76.° Para a acgio de honoririos de mandatésios judiciais ou téenicos © para a cobranga das quantias Adiantadas a0 cliente, sera competente o tribunal da causa em que foi prestado o servigo, devendo aquela corver por apenso a esta. “Art, 77" O taibunal do lugar da abertura da heranga eeré_ competente: ‘L? Para o inventério; 2» Para a habilitagio de uma pessoa como herdeira ou represontante de outra. § 1" A heranga de individuo falecido fore do Pais, sm néle ter domicilio nem bens imobilivios, abre-se no Tngar em que existir 8 maior parte dos bens mobilidrios. 4.2. A hobilitagdo seré requerida no tribunal do do- micilio do habilitando quando a heranga se abrir em pais estrangeiro. ‘$8.2 0 tribunal onde se proceden a inventério por Sbito de um dos enjuges é 0 competente para o inven- ario a que tiver de proceder-se por dbito do outro con~ juge, excepto se o casamento foi contratdo segundo o Tegime da separacio absoluta de bens. Quando se tenha procedido a inventério por dbito de dois ou mais odm- Juges do autor da heranga, a competéncia seré determi ada pelo ‘iltimo désses inventarios. ‘Art. 78.* 0 tribunal do pérto onde for ou devesse ser entregue a carga de um navio, que sofveu avaria grossa competente para regular e repartir esta avaria, ‘Art. 79.° A acgio de perdas © danos por abalroagio de navios pode ser proposta no tribunal do lugar do aci- Gente, no do dometlio do dono do navio abalroador, no do lugar a que pertencer ou em que for encontrado dese navio e no do lugar do primeiro porto em que en- tear © navio abalroado. Art, 80." Os salérios devidos por salvagio ou assis toacia de navios poderto ser exigidos no tribunal do ugar em que 0 facto ocorreu, no do domieflio do dono dos objectos salvos e no do lugar a que periencer ou onde for encontrado 0 navio socarrido. ‘Art. 81° A-aogo para ser julgado livre de privi- légios um navio adquirido por titulo gratuito ou oneroso tere proposta, no iribunal do porto onde 0 navio se achaste surio no momento da aquisigi. ‘Art, 82° Para a declarasfo de falencia 6 competents © twibunal da situagio do. principal estabelecimento , na falta déste, 0 do domicilio ou da sede do argiide. Deve considerar-se principal estabelecimento agnele em ‘que 0 argitido exerce maior actividade comercial { tinico, O disposto neste artigo 6 aplicével ao caso de um comerciante ou sociedade estrangeira ter em Portugal qualquer estabelecimento, eucural ou repre zentagdo, Mas o tribunal portugués s6 pode declerar a faléncia em conseqiéncia de obrigacdes contraidas em Portugal e que aqui devessom ser cumpridas, sendo também a liquidagio restrita aos bens existentes em territério portugués ‘Axi, 83." Quanto a processos preventivos e consers: térios e a diligéncias anteriores & propesigio da acgio, observar-se-a 0 segutinte: 2) A imposigdo de selos, o arrolamento e as outras providéncias conservatories de bens sujeitos a extravio Serdo requeridos no tribunal do lugar onde os hens se encontrarem e, se houver bens em vérias comareas, em qualquer deles; 2), Para o embargo de obra nova seré competente © tribunal do lugar da ob 6) As diligencas antecipadas de produgio de prove serio requeridas no tribunal do lugar em que hajam de cefectuar-se5 _ 4) Para os outros processos preventivor ¢ conservaté- rios seré competente o tribunal em que deva ser pro- posta a acgio respectiva, § tinico. O processo dos actos e diligéneias a que se refere éste artigo seré apensado ao da acciio respectiva, para o que deve scr remetido, quando se iorne neces- sério, ao tribunal em que esta for proposta. ‘Art. 84," As notificagdes avulsas servo sempre roque- Jidas 20 tribunal em en dren residir a poston a not ‘Art. $5.° Em todos os outros casos aiio_previstos nos artigos anteriores ou em disposigBes especiais 6 com- petente 0 tribunal do domicilio do réu § 1° Se o réu nfo tiver residéncia fixa, seri deman- dado no lugar em que se encontrar. Se tiver mais que ‘uma residénoia onde viva alternadamente ¢ mio houver escolhido uma delas para domicilio, seré demandado naquela em que se encontrar; nio se encontrando em* nenhuma, poderé ser demandado em qualquer delas, & escolha’ do autor. § 2.° Se o réu for iicerto ow estiver ausente em parte incerta, seré demandado no tribunal do domietlio do autor. Mas a curadoria, proviséria on definitiva, dos bons do ausente sera requerida no tribunal do witimo domicilio que o ausente teve em Portugal. § Be Se o réu tiver o domicilio e a residéncia em pais estrangeiro, seré demandado no tribunal do lugar fem que se encontrar; nio se encontrando em territério portuguas, seré demandado no do domicilio do autor; quando éste domicilio seja em pais estrangeito, serd competente para @ causa o tribunal de Lisboa, § 4° Se o réu for o Estado, ao tribunal do domictlio do véu substituir-se-a 0 do domicflio do autor. Seo réu for outro qualquer corpo eoletiv, ser demandado 20 tribunal da sede da administragio principal ou no da- fede da sucursal, ogénoia, filial ou delegagao, contorme a acgio for dirigida contre aquela ou contra esta. Mas ‘a acgio contra pessoas coleotivas estrangeiras que te- mham sucursal, agéncia, filial ou delegacao em Portu- gal pode ser proposta no tribunal da sede destas, ainda que seja pedida a citagdo da administragéo principal. ‘Ant. 86." Havendo mais de um réu na menua causa, deverio todos ser demandados no tribunal do domictlio do maior mimero. Se for igual o mimero nos diferentes domicilios, poderé o autor escolher o de qualquer déles. § vinico. Cessa o disposto neste artigo quando se cumularem pedidos que estejam entre si numa rela- gio de dependéncia. Neste caso seré competente para 3 acgiio o tribunal do domioilio do réu contra quem for deduzido o pedido do qual todos os outros dependam. ‘Art. 87° Os recursos devem ser interpostos para fo tribunal a que esté hierirquieamente subordinado aquele de que se recorre. ‘Art, $8." Para as acgdes em que for parte o juiz ae dirt, sua mulher, oy algum seu ascendente ox dos cendente por consangilinidade e que devessem ser pro postas na comarca em que ésse juiz exeroe jurisdipio, Serd competente o tribunal da comarca mais préxima, entendendo-se por comarca mais préxima aquels cuja sede estiver a menor distinoia da sede da outra comarca § 1° Se a acco f6r proposta na comarca em que serve 0 juiz impedido de funcionar ou se éste for af colocado estando ja pendente o causa, serd 0 processo remetido para a comarca mais préxima, por iniciativa fg juiz ou a requerimento das partes. A remessa pode sex requerida en qualquer estado da causa até-a sentenca § 2+ O juiz da causa podera ordenar e praticar na comarea do juiz impedido todos os actos mevessérios 20 ‘andamento ¢ instrugio do processo, como se f0sse juiz dessa. comarca. § 3.° O que fica disposto nfo tem aplicagko nas co- maroas em que houver mais de um juis. 426 I SERIE — NOMEKO 123 Art. 69.° Quando seja parte um juiz inferior, sua mulher, ou algum seu ascendente ou descendente por consangttinidade, sero propostas no tribunal da respec tiva comarea, ow sero para af remetidas, nos fermos do § 1 do artigo anterior, as acgdes que, segundo as Te gras normais de competéneia, teriam de correr na ci cunscrigho em que serve ésse juiz inferior. sxogio v Disposgdesexpeias sdbre exeougios Art. 90.° Para a execugio que se fundar em sen- tenga proferida por tribunais portugueses, seré compe- tente o tribunal de 1 instineia em qué a causa foi julgada. A execugio correré nos préprios autos, ou no traslado se o processo tiver eubido em recurso. Art. 91° Se a acgao tiver sido proposta na Relagio ou no Supremo Tribunal, a execiigio seré promovida fo tribunal da comarca do domicilio do executado, salvo o caso especial do artigo 88.° ‘A execugdo corrers nos préprios autos ou no tras- lado, que para ésse efeito baixario ao tribunal de 1." instancia, Art, 92." As execuydes por custas, multas e indem- nizagdes impostas em qualquer processo sero instau- radas nesse mesmo provesso, autuando-se a certidio da citagio e seguindo por apenso os mais termos. Subindo em recurso qualquer dos processos, ajuntar- ~se- ao da execugio uma certidio da sentenga ou des- pacho que se executa, Art. 93." Quando a condenagio em custas, multa ow jemnizagio tiver sido proferide na Relagio ou no Supremo, a execugio tord por base uma eertidio do acdrdéo ¢ correré no tribunal de 1." instancia em que © processo foi instaurado, salvo se o exeoutado fr em- pregado da Relag&o ou do Supremo, porque neste caso 8 execusilo correrd sempre na comarca sede do tribunal -# que o-empregado pertencer. Art. 94." Pundando-se a exeouglo em sontenga pro- ferida por tribunal estrangeiro ow em titulo diverso de sentenga, sera competente: a) 0 tribunal do domicilio do executado, se a exe- cugio tiver por fim o pagamento de quantia certa, salvo tuntando-se de execugto por erédito hipoteoirio, para a qual serd competent o tribunal da sitnagio dos bens hipotecados; 2) O tribunal do lugar onde a cousa se encontrar, se a exeoucio fér para entrega de cousa ceria 2) 0 tribunal do lugar em que o facto deve ser pres- tado, se a execugio tiver por fim a prestagio de um facto. § L* Se 0 exeoutado nfo tiver domicilio nem residén- cia em Portugal, mas tiver aqui bens, seré competente para a execugio por.quantia certa o tribunal da situa- ‘90 da maior parte dos bens. § 2." Se ja nfo existir a cousa que devia ser entregue, regra de competéncia para a execugio por cousa certa serd a mesma que para a execugio por quantia certs, { 8." A execugio fundada em sentenga estrangeira, revista e confirmada, eorrera no processo de revisio, ow xno respectivo traslado, que para ésse efeito baixario a0 tribunal de 1.* instincia que for competente. Ant. 95.* Se 9 exeougtio se fundar em titulo diverso de sentenga © houver de comegar pela liquidagio, os jjuizes municipais s6 tervio competéncia para a exeougio quando o pedido nao exceder 5.000$. cAPEreLo Iv Ba extensio © modifleagves da compotineia Art, 96." © tribunal competente para uma acgiio nos termos das disposigdes anterfores é também competente para conhecer de todos os incidentes que nela se levan- farem e de todas as questdes que o réu suscitar como meio de defesa. A detisio destas quesides incidentes nfo conti ‘uiré caso julgado fora do processo respectivo, ex- @) Se alguma das partes requerer o julgamento com ca amplitude © 0 tubunal for ‘competente para decidir em razio da matéria ¢ da hierarquia ; 2) Se o conhecimento da questio ou do incidente im- plicar 0 conhecimento do objecto da acgio. Art. 97.° Se o conhecimento do objecto da acgiio de- pender da verificagzo da existéncia ou inexisténcia de um facto eriminoso ou da apreciagio da validade © contetido de um acto administrativo, pode o juiz sobres- tar na decisdo até que o tribunal criminal ow o tric ‘bunal administrativo se pronuncie. § tinico. A suspensdo ficard sem efeito se a acgio pe- nal ow a acgdo administrativa no f6r exercida dentro de wm més ow se o respectivo processo estiver parado, por negligéncia das partes, durante 0 mesmo prazo. Neste caso o juiz da acgio decidiré a questo prejudi- cial, mas a sua decisio nfo produziré efeitos fora do rocesso em que fér proferida. ; Art. 98° O tribunal da acgio & competente para as questdes dedusidas por via de reconvengio, desde que tenha competéncia para elas em raxio da matéria © da hierarquia, embora a nao tenha‘em razio do valor ou do ternitério. Nao tendo aquela competéncia, ficard sem efeito a reconvengio. Art, 99.° Nao 6 valido o pacto tondente a privar de jurisdigao os tribunais portugueses, nos casos em que les a tém segundo o artigo 65.°, salvo se os pactuantes forem estrangeiros e se tratar de obrigagio que, devendo ser cumprida em territério estrangeiro, nfo se refira a bens sitos em Portugal. Art. 100." As regras de competincia om razio da ma- téria e da hierarquia nfo podem ser alteradas por vou- tade das partes ; mas 6 permitido a estas modificar, por convengio expressa, as regras de competénoia em razio do valor © do territério. 0 aedrdo hé-de satisfazer aos requisitos de forma do contrato, fonte da obrigagio, contanto que soja escrito, ¢ deve designar a questio ou quesises & que se refore € 0 tribunal que fica sendo competente. ‘A competéneia fundada na estipulagio 6 tam obri- gatéria como a que deriva da lei § nico. A designagiio das questdes abrangidas pelo acérdo pode fazer-se pela especificago do acto ou facto jurfdico susceptivel de as originar. capituLo v Das garantias da compettncta seogko 1 Incompeténcia absoluta Art. 101° A infracgio das regras de competénoia in- temnacional ¢ das regras de competéncia em razio da matéria e da hierarquia determina a incompeténcia absoluta do tribunal Art. 102° A incompeténcia absoluta pode ser ar- Hida polas partes ¢ devo ser suscitada ofciosamente pelo tribunal em qualqiter estado do processo, emquanto no houver sentenga com trinsito em julgado profe- sida sdbre o fundo da causa. § tinico, Exceptua-se 0 caso de a acgio ser da com- peténcia de tribunal especial e ter sido proposta perante © tribunal de comarca. Neste caso a incompeténcia 36 pode ser argitida e suscitada em officio até a0 momento de ser proferido o despacho saneador. 28 DE MAIO DE 1939 Art, 103° Sea incompeténeia for argitida durante 0 periodo dos articulados, pode conhecer-se dela ime- diatamente ou teservar-se a apreciagio para o déspacho ge for argaida Aespacho, a Je fOr argitida postoriormente a éste despacho, deve conheoer-se logo dela. 86 pode deixar-se para a sontenge final a apreciagio da incompeténcia absoluta quando o julgamento dela estiver absolutamente dependente da instragio © dis eussio da causa Art, 104.* Nio tendo sido argiilda a incompeténcia absoluta antes do despacho saneador, deve o juiz neste despacho certificar-se de que 6 competente para conhe- cer da causa em raztio da nacionalidade, da matéria e da hicrarquia, Mas 0 caso julgado s6 se verifica em rolago is quostées concretas de competéncia que hajam sido deoididas. Art. 105.° Reconhegida a incompeténoia absoluta do tribunal, o processo ficaré sem efeito. ‘Mas sea incompeténcia for julgada depois de findos os articulados, podem estes aproveitar-se, estando as partes de acirdo, Neste caso 0 autor requererd que 0 rocesso seja remetido ao tribunal em que hé-de correr 2 nova acgi Art. 108.*'A decisiio s6bre_incompeténoia absoluta de um tribunal, embora transite em julgado, no tem xalor algum fora do processo em que foi proferida. Mas 0 autor pode provocar um acérdio que fixe, de modo definitive, o tribunal competente para @ causa, nos termos do, artigo seguinte. Art. 107.° Se um tribunal se julgar incompetente, em razio da matéria ou da hierarquia, para conhecer de uma causa, ¢ a decisio f6r confirmada pola Rela- 2,9 autor, no recurso interposte para 0 Supreme Tri. mal, pode requerer que se deoida qual é o tribuval competente. Neste caso seré sempre ouvide 0 Minis tério Publico. Se 2 Relagio tiver julgado incompetente o tribunal civil por a causa pertencer ao contencioso administra- tivo, 0 recurso destinado a fixar o tribunal competente seré' interposto para o tribunal dos conflitos entre as antoridades judiciais © administrativas. Ses mestia sogio jé estiver pendente, aplicar-se-4, na fixagio do tribunal competente, o regime dos con. Atos. seogio 1 ‘ncompeténca relativa Art. 108° A: infracgiio das regras de competéncia, fundadas no valor da causa © das regras estabelecidas nos artigos 73.° a 89.°, e semelhantes, determina a in- competéneia relativa do tribunal. Art. 109.° A incompeténeia relativa «6 pode ser ar- giiida pelo réu e o prazo de argiligio conta-se da cita- ‘qo. Deduzida a excepgio, o juiz mandard esponder parte contréria, . B aplicdvel 0 disposto nos artigos 307°, 308." ¢ 309° § tinico. Nos processos em que nfo fér admitida a primeira citagio, 0 prazo conta-se da primeira notifi- cago feita ao réu. - Art, 110.° A dedugio da. incompeténoia no suspende ¢ andamento regular do processo. Mas se os articulados findarem antes do julgamento da excepgio, ficardo sus- pensos os termos da causa até que seja decidida defini- tivamente a questo da incompeténcia, Art. 11 Se 0 autor nfo responder ow aceitar a ex- cepgio, seré logo julgado incompetente o tribunal e remetido 0 processo para o que for designado pelo réu como competente, Se 0 autor contestar, proceder-se- & produgio de prova nos dex dias seguintes e decidir-se-6 qual é 0 tri- 427 bunal competente para a causa. A decisio que tran- sitar om julgado resolveré definitivamente a questi de competéncia, § 1.” No é admissfvel prova por arbitramento nem qualquer diligéncia a efeotuar por carta. § 2° Se a exoepgdo for julgada procedente, 0 processo seré remetido para o tribunal competente. Art, 112.* Havendo mais de um réu, a sontenca pro- duriré efeito em relagdo a todos. Mas quando a excep- so for dedusida 6 por um, podem os outros contestar, para o que serfo notificados nos mesmos termos que 0 autor; neste caso é necessario que nenhum dos notifi cados conteste para que se observe o disposto na pri- meira parte do artigo anterior. Art. 113.° A incompeténcia pode fundar-se no facto de se ter demandado um individuo estranho & causa para se desviar o verdadeiro réu do tribunal territorial- mente competente. Neste caso a sentenga que julgar incompetente o tribunal condenaré sempre o autor em multa'e indomnizagio como litigante de ma 16. Art, 114° O prazo para a argiligfo da incompeténcia do tribunal de recurso conta-se da primeira notificagio que The for feita ou da primeira intervengo que tiver no processo. Ao proceso © julgamento da excepgio aplicam-se as disposigdes dos artigos anteriores, feitas as necessérias adaptagies. seogio m Contos de jrisdiotoe conpetdacia Art. 116.° Hi confiito de jurisdiggo quando duas on mais autoridades, pertencentes a diversas actividades do Estado, ou dois ou mais tribunais de espécie dife- rente, se srrogam ou declinam o poder de conhecer da mesma questio. 0 conflito 6 positive no primeiro caso © negativo no segundo. Ha conflito, positive ou negative, de competéncia quando dois ow mais tribunais da mesma espécie. se consideram competentes ou incompetentes para conhe- cer da mesma questio, § tinico. Nao ha sonflito emquanto forem suscepti- veis de recurso as decistes proferidas sobre a compe- téncia. Art, 116° Os conflitos entre as autoridades perten- centes ao foro comum serfo reslvides, na forma dos artigos seguintes, pelo tribunal de menor categoria que exercer jurisdigdo sdbre todas as autoridades em con- ito. Art. 117 A decistio do conflito pode ser solicitada por qualquer das partes ou pelo Ministério Piblico, mediante requerimento em que se especifiquem os actos que constituem o conftito § tinico. Com o requerimento se indivarfo as teste- mmunhas, quando queira usar-se desta espéoio de prova. Art. 118.° Se o juiz ou o relator entender que nfo hé conflito, indeferira imediatamente. No caso contré- rio, faré notificar as autoridades em conflito para que suspendam 0 andamento dos respectivos processos, muando 0 conflito seja positive, para que respondam Gatto do prazo que for designado. § tinico. A notificagiio seré feita polo correio, em carta registada. O prazo para a resposta comegard a contar-se trés dias depois de expedida a carta, salvo se esta tiver , de passar o mar, porque neste caso designar-se-f 1 dila~ fo atendendo & Sotmora normal das comunicagoes por” fais. Art, 119° As autoridades em eonflito responderio em oficio, confiado ao registo do correio, podendo jun- tar quaisquer certidées do processo. § ‘tinico. Considera-se apresentada em tempo a res- posta que fr entregue na estagio postal respectiva den tro do prazo fixado. 428 I SERIE —NOMERO 128 Art, 120.° Recebida a resposta ou depois de se veri- ficar que j4 no pode ser aceita, seguir-se-4 a produgio da prova testemunhal, se tiver sido oferecida, a vista 2 Ministério Puiblico ¢ 0 exame aos advogados cons- titutdos e por fim se decidir § iinieo. Se o conflito houver de ser resolvido pela Relaggo ou pelo Supremo Tribunal, a prova testema- mhel serd produzida, por meio de carta, na comarca em jue 6 localiza 0 facto que se pretende averiguar; ¢ da. @ vista © 0 exame seré 0 conflito julgado como 0 agravo. “Art, 121." O que fica disposto nos artigos 117.° a 120.* aplicar-se-d a quaisquer ontros confiitos que devam set resolvidos pelas Relagdes ou pelo Supremo Tribunal & ‘também: 4) Ao caso de a mesma acglo estar pendente em tri- bunaie diferentes e ter passedo o prazo para serem opos- tas a excapgio de incompeténcia a excepgio de litis- pendéncia; 2) Ao caso de a mesma acqio estar pendente em trie bunais diferentes © um déles se ter julgado compe- tente, néo podendo jé ser argitida perante o outro ou outros nem a excepedo de incompeténcia nem a excep- fo de litispendéncia; ¢) Ao caso de um dos tribunais se ter julgado in- competente e ter mandado remeter 0 processo para tribunal diferente daquele em que pende a mesma causa, no podendo jé ser argiidas perante éste nom a excepgio' de incompeténcia nem a excepgio de litis- pendéncia, caviruto vr Das gavantias da imparcialidade, secgXo 1 Impodimentes Art, 122.° Nenhum juiz poderd exercer as euas fun Bes, em jurisdigdo conitenciosa ou em jurisdigio volun- téria: 1* Quando for parte na causa, por si ou como re- presentante de outra pessoa, ou quando estiver, a res- peito do objecto da causa, na mesma situagio em que se encontra qualquer das partes; 2° Quando fdr parte na causa, por si ou como repre- sontante de outra pessoa, o seu cdajuge, algum seu des. cendente, ascendente, irmio on afim mos mesmos graut 3. Quando tiver intervindo ma causa conio mandaté- rio ou perito ow quando houver de decidir questio sdbre que tenha dado parecer ou se tenha pronunciado ; 4° Quando tenha intervindo na causa como mand: tério judicial o sex cénjuge ou um seu descendente, ascendento, irmio ou afim nos mesmos graus ; 5 Quando ae trate de recuro interpote de decisio proferida por éle ou por algum sou parente, por con- Siugtinidade ow afialiede, om linha reote ot uo gundo grau da linha transversal; 6.° Quando soja parte na causa a pessoa que contra le propés acgiio civil por perdas e danos ou que contra @le dedusiu acusagdo penal, em consegiiéncia de fac- tos praticados no exercfcio das suas fungdes ou por causa delas, ou quando seja parte o cdnjuge dessa pes- soa ou um parente dela, por consangiiinidade ou afini- dade, em linha recta ou no segundo grau da linha transversal, desde que 2 acgio ou a acusagio jé tenha sido admitida; Z Quando houver deposto ou tiver que depor como testemunha. § nico. O impedimento do n° 4° 6 se verifice quando 0 mandatirio ja tina, comegado a exercer 0 mandato na altura em que o juiz foi colocado ma res- pectiva circunserigio ou no respectivo circulo. Na hi- pétese inversa, é 0 mandatério que estd inibido de exe: cor o patrocinio. ‘Nas comarcas em que houver mais de wma vara ou perante os tribunais superiores nfo pode ser admitido Como mandatario judicial o cénjuge, ascendente, des- condente ou irmio de um juiz que, por virtude da di tribuigto, haja de intervir no julgamento da causa runs 66 cue pessoa jd iver reuerido ou slegado no processo na altura da distribuigo, seré o juiz que ficard impedido de funcionar. ‘Art, 123.° Quando se verifque algum dos casos pre- vistos no artigo anterior, deve logo o juiz, por despa- cho nos autos, declarar-se impedido e passar @ causa 20 substituto ou, nos tribunais superiores, ao imediato. Se o ni fizer, podem as pattes requerer, até & sentenga, me le se declare impedido, Fica salvo o disposto no Le do artigo 88.° Art, 124." Nao podem intervir simultineamente 0 julgamento de tribunal colectivo juizes que sejam pa- Tentes, por consangiiinidade ou ‘afinidade, em linha recta ou no segundo grau da linha colateral. Tratando-se de tribunal colectivo de comarea, dos juizes ligados pelo referido parentesco interviré dnica- mente o juiz da causa; e se o impedimento dis peito sdmente aos adjuntos, interviré o m ‘ratando-se de tribunal superior, 26 interviré o que for chamado em primeiro lugar, segundo a ordem por que deverem votar. ‘Art, 125° Aos magistrados do Ministério Publico é aplicével o que fica disposto nos 2.” L*, 2.° e 6.° do ar- tigo 122.° Esido também inibidos de funcionar quando tiverem intervindo na causa como mandatérios ow pe- ritos constituides ou designados pela parte contréria Aquela que teriam de representar ou a que teriam de prestar assisténcia. ‘os funcionérios de seoretaria ¢ aplicivel 0 disposto nos *, 2° @ 8.° do artigo 122.°; e também nfo podem funcionar se tiverem intervindo na causa como randatérios ow peitos de qualquer das parts § tinico. O magistrado do Ministério Pablico ou 0 funcionério da secretaria deve acusar o impedimento e pedir a substituigéo, sob pena de responsabilidade disciplinar. Se assim no proceder, podem as partes re- querer a declaragéo do impedimento émquanto o m: Eistrado ou o funciondrio estiver em circunstincias de Intervir no processo. secgko Suspeigios Art. 126.° 0 juiz no pode declarar-se voluntaria- ruonts suspeito; mas pode pedir que seis. dispeneado de intervir ua causa quando se verifique algum dos eas0$ previstos no artigo seguinte e além disso quando, por outras circunsténcias ponderosas, entenda que pode Suspeitar-se da sua imparcialidade. 1. O prazo para o pedido contar-se-é da data do cho que ordenou a citagdo do réa ou da data da primeira intervengio se esta for posterior ao ri despacho. Quando os factos que justificam o pedido forem supervenientes, o prazo correrd desde a data em que ésses factos tenham chegado ao seu conhecimento. § 2° O podido conteré a indicagio precisa dos factos {que 0 justificam e seré dirigido ao presidente da Relagao rospectiva, que poderé colhér quaisquer informagies ¢ deferiré ou indeferira sem recurso. Se juis pertencer 30 Supremo Tribunal, o pedido sera dirigido ao seu presidente. § 3° Quando o pedido tiver por fundamento algum dos factos especificados no artigo seguinte, o presidente ouvird, se o entender conveniente, © parte que poderia, 28 DE MAIO DE 1939 opor a suspeigto, mandando entregar-Ihe o6pia da ex- posigio do juiz. § 4° B aplicével a ste caso 0 que vai disposto no artigo 132 * As partes e6 podem opor suspeigto a0 juin por algom dos fundamentos sepuintes 1.° Se existir parentesco, por consangitinidade ou af- nidade, no tereeiro ou quarto grau da linha transrer- sal, entre o juiz ou sua mulher e alguma das partes; 2. Se houver causa em que soja parte o juiz ou sua mulher, ow algum parentp de qualquer déles, por con- tanguiuidads ou ataidade, ent linha recta, alguma das partes for juiz nessa causa ; 3.° Se houver, ou tiver havido nos trés anos antece- dentes, qualquer causa, nao compreendida no n.° 6." do artigo 122.*, entre alguma das partes ou o seu cOnjuge @ 0 juiz ou sua mulher, ou algum parente de qualquer déles, por consangilinidade ou afinidade, em linha recta; 4.° 80 o juiz, sua mulher, ow algum parente de qual- quer déles, por consargitinidade ou afinidade, em linha recta, fr oredor ou devedor de alguma das partes; 5.°’ Se o juix for protutor, herdeiro presumido, dons- tério ou amo de alguma das partes e se fr membro da direogao on administragdo de qualquer corpo colectivo, parte na causa ; 6.* Se o juiz tiver recebido dédivas antes ou depois de instaurado 0 processo e por causa déle, se tiver acon- selhado alguma das partes sbbre o objecto da causa, ou se tiver fornecide meios para xs despesas do pro e880 5 7 Se houver inimisade grave ou grande intimidade entre o juiz ¢ alguma das partes. § 1° 0 disposto no n.* 3.° abrange as causas orimi- nais quando as pessoas af designadas sejam ou tenham sido ofendidas, participantes ou argiiidas. § 2° Nos casos dos n.% 3.° ¢ 4.° sord julgada impro- codente a suspeigto quando os circunstancia’ de facto convengam de que a acco foi proposta ou o crédito foi adquirido para se obter wn motivo de recusa do juiz. ‘Art. 128.° A suspeigio nfo pode ser oposta quando 0 juiz tiver usado da foculdade que o artigo 126.° the concede. Se o juiz nao tiver feito uso dela, 0 prazo para a dedugio da suspeigio contar-se-a da data até a qual era Heito ao juiz formular o pedido de escusa, salvo se ésse prazo expirar antes de torem decorrido cinco dias sdbre a data da citagdo do réu, porque entio pode éste argilir o juiz de suspeito denivo de cinco dias apés a eua citagdo, 41." Be o juir de 1." instancia no tver intervindo to processo deste o comégo, o prazo para a dedugio da Teotsa nunca terininard antes ge decorrerem cinco dits sbbre a notificagmo do primeizo acto em que intervier 0 novo juiz, : § 2." Se 0 fundamento da suspeiggo ou o conhécimento ale for euperveniente, a parte denunciard o facto ad juiz logo que teuha couhecimento déle © deduziré a Suspeigéo se 0 juiz nfo usar da faculdade reconhecida pelo artigo 126." O, juiz, quando nfo tenha formulado © pedido de escusa, sera admitide a provar que o Te cusante conhecia, ha muito tempo, o fundamento da tuspeigio ou que ® sositou como jeis dopais de conbeoar dase fundamente, devendo em qualquer déstes casos ser julgada extempordnea a suspei x. 129." O recusante indieara com toda a procisto 08 fundamentos da suspeigio e o provesso serd logo con- sluac ao juis recusndo pare responder. A falta de ves- posta importa confissio dos factos alegados, devendo 0 Processo do incidente ser remetido imedintamente a0 Presidente da Relagio. ‘Se o juie contestar a suspeigdo, serd facultado o exame do incidente ao advopado da paris conttirs co reourente para dizer 0 que se the oferecer. 429 Se houver prova testemunhal a produzir, o processo serd concluso ao juix substitute, que procederé imedia- tamente inguirigao das testemunhas oferecidas. Nao so admitidas inquirigSes por carta, § 1? 0 incidente cord autuado por apenso, B aplicével o disposto nos artigos 307.*, 208.* Art. 180.* Conelufda a inquiriggo ou quando néo hou- ver lugar a ela, 0 processo do incidente ser desapen- sado e remetido ao presidente da Relagio, que deoidira 0 presidente pode, antes de julgar a suspeicao, requi- sitar das partes ou do juiz recusado os esclarecimentos que julgar nocessdrios. A requisigfo seré feita por off- cio dirigido a0 juiz recusado, ou ao substitute quando 0 esclarecimentos devam ser fornecidos pelas partes. “§ imieo. Se os documentos destinados a fazer 8 prova dos fundamentos da suspeigao ou da resposta nao pude- rem ser logo oferecidos, 0 presidente admiti-los-é pos- teriormente, quando julgue justificada a demora. Art. 131.° Se a suspeigfo fr oposta a juiz da Rela- qo ou do Supremo, seré julgada pelo presidente do respectivo tribunal, ‘observando-se, na parte aplicével, isposto no artigo antecedente. As testemunhias cero inguiridas pelo proprio presidente. Art, 132.° A causa principal seguiré os seus termos, intervindo nela o juiz eubstituto ; mas nem o despacho saneador nem a décisto final serao proferidos emquanto niio estiver julgada a suspeigio. ‘Nas Relaydes e no Supremo, quando a euspeigho for oposta ao relator, servird de relator o primeiro adjunto € 0 processo ind com vista ao juiz imediato ao sltimo adjunto; mas no se conheceré do objecto do feito nem se proferira deciséo que possa prejudicar ésse conhe- cimento emquanto nfo for julgada a suspeigio. ‘Art. 183." Julgada procedente a escusa ou a suspei- sao, continuaré a intervir no processo o juiz que fora chamado em cubstituigo, nos termos do artigo ante- Se a esousa ou suspeigio fOr desatondida, interviré na’decisio da causa o juiz que se escusara ou que fora averbado de suspeito, ainda que 0 proceso tenha jé 0s vistos necessarios para o julgamento. § tinico. Quando o presidente do tribunal superior julgar improcedente a suspeitio, apreciaré: sempre se a parte vencida procedeu de mé £6 ‘Art. 134° Podem também as partes opor suspeigio 08 funciondrios da secretaria com os fundamentos in- dicados nos vézios niimeros do artigo 127, exeeptuado om. 2° Mas 0s factos designados nos n."* 3.° ¢ 4. do mesmo artigo 36 podem ser invocadas como fundamento de suspeigio quando se verificarem entre o funciondrio ou sua mulher e qualquer das partes. Ast. 135.° 0 prago para a dedugdo da suspeigdo con- tar-se-4 do recebimento da petigio inicial na secretaria ou da distribuigio, quando oposta pelo autor, e da cita- go ou da distribuigho, quando oposta pelo xu. Sendo stperveniente a causa da suspoiglo, o prazo contar-se-4 desde que o facto tonha chegado ao conhecimento do in- teressado, . Art. 186.° O incidente ser processado nos termos do artigo 129.*, com as modificagoes seguintes: 1 O exame para resposta seré facultado tmicamente a0 récnsado. O advogado da parte contréria ao recusante nao tera intervengGo no incidente; * Emquanto aio fér julgada a suspeigio, 0 funcio- srio nfo poderd intervir no proceso ; ‘3. O juiz da causa provers a todos os termos 6 actos do incidents © decidiré, sem recurso, a suspeigio. Art, 137. Julgada procedente a suspeigio, o xecusado Aearé inibido de intervir. 430 LIVRO DI Do proceso ‘TITULO I Das disposicdes gorais CAPITULO 1 Dos actos processnais snogio 1 ‘Aotos om goral Art. 138.° Nao é licito praticar no processo actos imi- tis, A forma dos actos, quando nfo esteja expressamente regulade no lei, ajustarso-6 ao fim gue se tem em vista » Timitarse-é do que for indispensivel para 0 conse- guir ésse fim, § sinico. Incorre em responsabilidade disciplinar 0 funcionario que infringir 0 disposto neste artigo. Art, 139.° Nos actos judiciais usar-se-4 sempre da Iingua portuguesa, Mas os estrangeiros, quando hajam de ser ouvidos, podem exprimir-se em lingua diferente, se no conhecerem a portuguesa, devendo nomear-se tum intérprete, quando soja necessério, para, sob jura- mento de fidelidade, estabelecer a comunicagio. A intervengio do intérprete seré limitada ao que for estritamente indispensével. ‘Art. 140.° Quando se oferecerem documentos escrites em lingua estrangeira, desacompanhados de tradugio feita por notério, pode o juiz ordenar, ec officio ou a re- querimento da parte contréria, que o apresentante junte tradugio autenticada pelo funcionério diplomético ou consular do Estado respectivo, salvo se no tribunal hou- ver tradutor oficial. ‘Na falta de funcionério diplomético ou consular do Bstado respectivo seré o documento traduzido por perito nomeado pelo tribunal. ‘Art. 141.* Tendo de ser ouvido um surdo, um mindo oa um surdo-mudo, a palavra soré substituida pelo os crita na medida em que for necessdrio e possivel. Em xiltimo caso interviré um intérprete, que sob juramento transmitiré, por sinais, as preguntas ou as respostas ow. ‘mas e outr: Art. 142. Os actos processuais siio regulados pela lei yue Vigorar no momento em que se praticarem. ‘MAT 143° Os actos judicial nfo podem ser pratice- dos nos domingos nem em dias feriados nem durante as férias. Exceptuam-se as citagdes, notificagies, arre- matagdes ¢ 0s actos que se destinem a evitar dano irre- parével. § tinico. Quando fér feriado o dia destinado a sessGes ow actos judiciais a praticar em dia designado por lei, terdo éles lugar no primeiro dia util que se seguir. Art. 144° 0 prazo judicial ¢ mareado pela lei ou por despacho do juin. ‘Art. 145,°°0 prazo judicial 6 continuo. Comega a correr independentemente de assinagio ou de qualquer outra formalidade ¢ corre seguidamente, mesmo du- rante at férias @ nos domingos o dias ferisdoy, salvo as disposigdes especiais déste Cédigo. Art. 146.° O prazo 6 dilatério ow peremptério. O de- curso do prazo peremptério faz extinguir o direito a praticar 0 acto respectivo, salvo caso de justo impedi mento. § 1. Ge o prazo percmptério findar nas férias, em do- mingo ou em dia feriado eo acto nifo puder, por sua natureza, praticar-se nesse dia, o térmo do prazo trans- ferir-se-é para o primeiro dia ‘étil que se seguir. I SERIE — NOMERO 123 §.2. A parte que alegar o justo impodimento ofere- cori logo as provas. O juiz, quvida a parte coutraria, admitiré o requerente a praticar o acto fora do prazo se julgar verificado o impedimento © reconhecer que a Jarl te apresentou a requerer logo quo le exston. 36 80 consideraré justo impedimento o evento impre- visto e estranho & vontade da parte e que @ coloque na impossibilidade de praticar 0 acto por si ou por man- dataris. ‘Art. 147. O prazo judicial é improrrogével, salvos 08 casos previstos na Tei. Art, 148.* Nio se conta no prazo, ainda que seja de horas, o dia em que comegar, mas conta-se aquele em que findar. § 1° Quando um prazo peremptério se seguir a um prazo dilatério, os dois prazos consideram-se um 66 para © efeito da aplicagdo déste artigo. 2." O prazo de més é sempre de trinta dias. O prazo de ano finda em igual die do mesmo més no ano respeo- tivo. Art. 149° Os actos judiciais realizam-se no lugar em. que possam ser mais ‘eficazes; mas podem realizar- em lugar diferente por motivos de deferéncia ou de justo impedimento. ‘Quando nenhuma raziio imponha outro lugar, os actos, realizam-se no tribunal. sop-scogio 1 Art. 150." Os requerimentos podem ser eseritos ¢ assi- nados pelos interessados, salvo quando a lei exija a assinatura de advogadg ou de solicitador. Nao sendo os interessados conhecidos no tribunal, ode ser-lhes exigida a exibigio do respectivo bilhete ie identidade ou, se 0 no tiverem, o reconhecimento, por notério, da sta assinatura. Art. 151.° Os articulados so as pegas em que as par- tes oxpiem, quer por artigos quer sem dependéncia Giles, bs fundementos da aceto eda defoza e formulam 0s petidos correspondents. FP inico, "A dedusio por artigos e6 6 obrigatéria quando a lei expressamente a exig Art, 152.° Os articulados serio apresentados ma secre- taria judicial em duplicado, sem o que ndo poderdo ser recobidos. Quando o articulado seja oposto a mais de uma pessoa, oferecer-se-io tantos duplicados quantos forem os interessados que vivam em economia separade, salvo se forem representados pelo mesmo mandatério. § nico. Além dos duplicados que hio-de ser entre- gues a parte contrisia, Gevem as partes oferecer ma ‘tim exemplar, em papel isento de sélo, para ser arqui- vado ¢ servir de base a reforma do proceso em caso de descaminho. Art. 153.° Nas alegagies, orais ou escritas, as partes Brocuram sustentar a sva posico na causa. Art. 164° Na falta de disposigio especial, seré de cinco dias o prazo para as partes requererem qualquer acto ou diligéncia, argitirem nulidades, deduzirem in- cidentes, exercerem, em suma, qualquer poder proces- sual; e seré também de cinco dias 0 prazo para a parte osponder ao que for dedurido pela parte contréria rt, 155.° Os advogados © solicitadores que, por es- orito ow oralmente, se afastarem do respeito devido as instituigges vigentes, as leis ou ao tribunal serdo adver- tidos eom urbanidade pelo presidente, que poderd, além isso, mandar riscar quaisquer expresses ofensivas on retirar-lhes a palavra, tudo sem prejuizo do disposto na legislagao penal. Se o advogado nio acatar a decisio que Ihe retira a palavra, pode o presidente fazé-lo sa da sala do tribunal ou do local em que 0 acto se realiza Quando ao advogado tenha sido rotirada a palava @ no caso de expulsdo, sera dado conhecimento do facto 28 DE MAIO DE 1939 & Ordem dos Advogados, especificando-se os excessos cometidos, para que a Ordem possa exercer a sua jus Tisdig&o disciplinar. ; Dos desmandos cometidos pelos magistrados do Mi- nistério Piiblico seré dade conhecimento ao Conselho Superior Tudiciario para que éste decida o que tiver por conveniente. Sendo o abuso cometido pelas préprias partes ou por outras pessoas, pode o presidente aplicar-Ihes as mes- jes que aos mandatérios judiciais ¢ pode ainda em multa, conforme a gravidade da falta § 1° Nao se consideram ofensivas as expressdes @ imputagdes necessarias a defesa da causa. ; § 2° Nos processos pendentes nos tribunais superio- res 66 por acérdfo se poderé mandar riscar o que estiver escrito ou aplicar a pena de multa, § 3° Das decistes, da 1.* ou 2.* instincia, que man- darem riscar quaisquer expresses. ou condenarem em multa cabe sempre agravo com efeito suspensivo. Pode também agravar-se da decisio que retize a palavra ou ordene a expulsio; neste caso, interposto 0 agravo, suspender-se-d a audiéneia ow sessio até que o recurso soja definitivamente julgnd § 4.° Se o excesso fr cometido numa alegagio apre- sentada no tribunal recorrido, 6 ao tribunal superior jue compete exercer o poder disciplinar, salvo no caso qe ageavo, em que foe poder competa sempre ao tribu. nal recorrido, A desisténcia ou a desergio do recurso néo obstam a que se corrijam os excessos de linguagem cometides nas alegagdes, competindo nested casos a repressio av tribunal perante o qual se encontrar 0 processo no mo- mento da desisténcia ou da desergio. § 5.° Quando seja aplicada a pena de multa, taria deve logo dar vista do ‘processo ao Minis Dlico para que éste promova a respectiva execugio, son-secgio Actos des mapstrados Art, 156.° Os juizes tam o dever de administrar jus- tiga, profetindo despacho ou sentenga sobre matéria pendente e cumprindo, nos termos da lei, as decisées dos tribunais superiores. § tinico. Cabe a designagio de sentenga ao acto pelo qual 0 juiz deoide a causa prinoipal ou algum incidents que apresente, segundo a lei, a fgura de wma causa. As sentengas dos tribunais colectivos tém a denomins- Go especial de acérdios. . ‘Art. 157.° Os despachos, sontengas # acérdos sero escritos pelos respectivos juizes ¢ devem conter sempre a data eo assinatura, com o nome por inteiro ou abre- vindo, de quem os proferiu. §.1° Em ver de escrever todo o despacho ou sentenge no processo, pode o juiz entregar na secretaria, para ser reproduzido nos autos por meio de cépia dactilografada, © original do relatério e dos fundamentos, devendo neste caso o juiz fazer a revisio euidadose da e6pia, res- salvar as emendss e rubricar as félhas.respectivas A decisio ¢ a assinatura sero sempre do punho do ju. 2° Os despachos e sentengas proferidos oralmente noldecuro de noe de que deva lavrar-se auto ou acta serio ai reproduzidos. A assinatura do auto ou da acta, por parte do juiz, garante a fidelidade da reprodugio. § 3° As sentengas © acdrdfios serio registados em livro especial. “Art, 168. As decisdes proferidas sbbre guelauer ps dido controvertido ou sdbre alguma diivida suscitada no processo serfo sempre fundamentadas, quer defiram quer indefiram. A justificagio nfo pode consistir na 431 simples adesto aos fundamentos alegados uo requeri- mento ou na oposicgo. Aut. 159.° Na falta de disposigGo especial, todos os despachos que no sejam de mero expediente serdo pro- feridos dentro do prazo de cinco dias. Este prazo nto corre durante as férias do Natal, do Carnaval e da Pés- coa. Os despachos de mero expediente serio proferidos imediatamente. Art. 160.° As promogdes do Ministério Publico certo dadas dentro do prazo de trés dias, salvo se outro pravo for fixado pela lei ou pelo juiz. Actos a sacrataria Art. 161.* Os termos © autos do processo em que in- tervenham o juiz ou o magistrado do Ministério Publico serfio escritos ou dactilografados pelo chefe da eccre- taria ou sob a sua direcgao. § 1° Quando os termos ¢ autos sejam dactilografados, deve a revisio ser feita com todo o cuidado. § 2. E admissivel o uso de modelos impressos, que sero completados.pela pessoa a quem compete escrever 08 autos e termos. Ant. 162.".Os termos, autos © cortiddes judiciais nao conteriio espacos em branco que no sejam inutilizados, nem entrelinhas, rasuras ou emendas que nfo sojam ressalvadas. Nio se faré uso de abreviaturas o serio sem- pre escritas por extenso as datas e todos os ntimeros a que andem ligados direitos ou responsabilidades. Art. 163." Cada auto.e térmo deve dar a conhecer, #6 pelo seu teor, o acto respectivo, sem que se torne ne- cessério recorrer a outras pegas do proceso. Art. 164.° Os autos e termos serio vilidos desde que estejam assinados pelo juiz ¢ respectivo funciondrio, Se no acto nfo intervier o juiz, basta a assinatura do fun- cionério, salvo se o acto exprimir a manifestagao de von- tade de alguma das partes ou importar para ela qual- quer responsabilidade, porque nestes casos 6 necesséria também a assinatura da parte on do seu representante. § tinico. Quando seja necesséria a assinatura da parte e esta nfo possa, no queira ou néo saiba assinar, o auto ou térmo seré assinado por duas testemunhas que reco- nhegam a parte. Aut. 169.° O chefe da seoretaria é obrigado a rubriear todas as folhas do processo em que nfo houver a: sua assinatura; ¢ os juises rubricardo também as félhas rela- tivas aos actos ém que intervierem, exceptuadas aque- Jas em que assinarem. § nico. As partes e seus mandatarios terio o direito de rubricar quaisquer félhas do process. Art, 166.° A secrotaria deve fazer os provessos con- clusos, continus-los com vista ou faculté-1os para exame, assar 03 mandados ¢ praticar os outros actos de expe- diente no prazo de dois dias, salvos os casos de urgéncia Art. 167." Os processos pendentes ou arquivados po- dem ser examinados, na secretaria, pelas partes ou por quaisquer advogados ou solicitadores. Mas os processos de anulagio do casamento, divéreio, separagio de pes- soas e bens ¢ impugnagio de paternidade legitima 56 podem ser mostrados as partes e seus representantes; 6 08 processos de interdigdo por prodigalidade antes de publicada a sentenea, de arresto, imposigdo de selo arrolamento e semelhantes, antes de concluidas as dili- géncias respectivas, s6 podem ser facultados as pessoas que 0s tiverem requerido ¢ @ seus mandatdrios. Art, 168.° Os advozados constituidos pelas partes podem requerer que os processos pendentes Ihes sejam confiados para exame em sua casa. § 1° No requerimento o advogado declararé sempre, pela sua honra, que se compromete a entregar o pro- Gesso dentro do praso que f2r dosignado pelo ju, sem © que o requerimento seré logo indeferido. I SERIE — NOMERO 123 rorrogado. ‘Art. 169.° A entrega dos autos aos advogados seré registada em livro especial, indicando-se o processo de que se trata, o dia o hora da entrega e 0 prazo por que € coneodido'o exame. A nota seré assinada pelo edvo- gado ou pelo seu empregado devidamente autorizado por escrito, Quando o processo for restitufdo, dar-se-é 4 respectiva baixa ao lado da nota de entrega. ‘Art. 170.° O advogado que faltar a0 compromisso tomado nunca mais poderd requerer a concessio a que se tefere o artigo 168.° e incorre, sem necessidade de qualquer notificagio, na pena da suspensio por um més, e multa se nfo fizer a entrega dentro de cinco dias ¢ no débro destas penas se deixar passar dez dias sem fazer a entrega. Se ao cabo de dois meses ainda nio tiver entregado 0 processo, 0 Ministério Publico, ao qual se dard conhecimento do facto, promovers contra le procedimento criminal pelo cxime de desobediéneia e faré apreender o proceso. ‘Art. ITL? 0 disposto nos artigos antecedentes 6 apl cdvel aos casos em que, por disposigio de lei, aos advo- gados das partes tenha sido marcado prazo para o exame do processo na secretaria, devendo entio o requerimento ser sempre deferido, salva a hipstese prevista no artigo anterior. : § 1* Havendo prazos distintos marcados a cada uma das partes, 0 cespectivo advogado s6 pode usar da fa- culdade concedida neste artigo durante o prazo rela- tivo a0 seu constituinte. Se o prazo for cumulativ dividi-lo-é o juiz pelas partes, de maneira que o réu + ow .o recorrida seja o ultimo a aproveitar-se déle. § 2° No caso de o advogado niio entregar o processo nos cinco dias seguintes ao térmo do prazo, além de incorrer nas penas cominadas no artigo anterior, per derd também o direito de juntar quaisquer alegagdes. Art. 172.° Os agentes do Ministério Puiblico e 0s advo- gadlos nomeados oficiosamente tém direito a examinar ‘au su casa os processos pendentes em que intervierem, independentemente do compromisso de honra a que se refere 0 § 1° do artigo 168." O pedido «6 sera indeferido se a entrega dos autos causar embarago grave ao anda- mento do processo § tinieo. Nao sendo os autos restituidos dentro do prazo, observar-se-& quanto aos advogados o disposto nos artigos anteriores. ‘Art. 173,° Tratando-se de processos findos, os aay: gallos que poderiam esaming-loy as seretasis argu os podem também requerer a entrega nos termos do artigo 168. $iinico, A secretaria nfo pode recusar aos magis- trados do Ministério Puiblico o exame ou a entrega do quaisquer processos findos. A entrega seré feita me- diante simples requisigao escrita, independentemente de despacho. ‘Art, 174° A seoretaria deve, sem preced@ncia de des- pacho, passar certidées, narrativas ou de teor, de todos 08 actos e termos judisiais, quando Ihe sejam pedidas ou pelas partes respectivas ou por quaisquer advogados ¢ solicitadores, § nico, Tratando-se dos processos a que se refere a {iltima parte do artigo 167.*, emquanto estiverem na Fase de segrédo, as certiddes s6 podem ser passadas aos requerentes ou seus mandatérios. Quanto ao8 pro eessos que 86 podem ser mostrados as partes © seus representantes, nenhuma certidiio se passaré sem prece- der despacho sébre justificagio, em requerimento es- crite, da necessidads da certidio; o despacho deter- minaré os limites da certidio, de forma que, sem privar bs interessados dos meios de fazer valer os seus direitos. salvaguarde, quanto possivel, a natureza reservada dos referidos processos. Art. 175." As cortiddes sero passadas dentro do prazo de cinco dias, Quando a secretaria recusar ou demo- rar a certidao, a parte requereré ao juiz que a mande passar. Se éste, ouvido o funcionério, julgar legitima a recusa, indeferind 0 requerimento; se julgar justificada ‘a demora, marearé o prazo dentro do qual hé-de ser pas- sada a certiaio; se considerar irregular 0 procedimento do funcionério, adverti-lo-d ou aplicar-The-6 pena dis- ciplinar mais grave, conforme as circunstincias, e man- daré passar a certidio dentro do prazo determinado. § tinieo. Em casos de urgéncia pode o interessado re- querer que Ihe seja passade a certidio em prazo in- ferior a cinco dias. eun-szceio ¥ Comune don cote Ant, 176. A pratica do actos judiciais pode ser orde- nada ou solicitada por meio de mandado, carta, oficio ou telegrams, Emprega-se o mandado quando 0 acto deva ser prati cado dentro dos limites tertteriais da jurisdigao do tr- bunal ou da autoridade que o ordena. Emprega-se a carta quando o acto deva ser praticado fore deeses Inmites. A garta ¢ precatoria quanto o ecto seja solicitado a um tribunal ou um cOnsul portugués, ¢ rogatéria quando o acto soja solicitado a uma auto- ridade estrangeira. Se o acto ou a diligéncia for ur- gente, pode ser ordenado ou solicitado por telegrama. ‘As citagdes, as notificagGes e a afixagio de editais po dem ser solicitadas, mesmo a autoridades estrangeiras, por simples oficio. Pode,também, por simples oficio ou telegrama, sus- tor-se o cumprimento de uma carta precatéria ja expe- dida, ainda que o cumprimento jé tenha comegado, § nico. O que nos artigos segnintes ce dispée quanto a cartas apliea-se igualmente aos offefos ¢ aos telegra- mas. Ant. 177 As cartes servo dirigidas ao tribunal de comarea em cuja drea jurisdicional houver de praticar- se 0 acto; mas se vier'a reconhecer-se que ¢ outro o lu- gar em que o acto tem de ser praticado, deve a carta ser cumprida pelo tribunal de comarca désse lugar. Os tribunais de comarca podem fazer cumprir pelos tri- bunais de pas as cartas, os offcios e telegramas para citagies, notificagdes e afixagio de editais § 12 Podem requisitar-se direotamente ao tribunal municipal as citagdes, as notificagdes ea afixagio de editais. Podem também requisitar-se directamente a0 mesmo tribunal quaisquer outras diligéncias, desde que a requisigdo seja feita por juiz municipal ou emane do processo compreendido na’ competéneia dos tribunais municipais. § 2° A carta para citagio, notificagao, exame ou de- poimento de juiz em exercicio, de sua ‘mulher ou de algum seu ascendento ou descendente por consangilini dade serd divigida ao tribunal designedo nos artigos 88." ¢ 89." Ao mesmo tribunal serio dirigidas as cartes para outras diligéneias quando emanem de proceso em que soja parte alguma daquelas pessoas. ‘Para o cumprimento da carta o tribunal tera compe téncia igual A que Ihe ¢ atribuida no § 2.° do artigo 8 rt. 178.° A carta sera xedigida com a maior sim plicidade e sé conteré o que for estritamente indispen- sével para quo possa efectuar-se a diligéncia. Art. 179.° Existindo nos autos algum autégrafo, ou alguma planta, desenko'ou grifico que deva ser exami- nado no acto ‘da diligéneia polas partes, peritos ou testemunhas, remeter-se-4 com a carta ésse papel ou uma reprodugto fotogrifica dele 28 DE MAIO DE 1939 Se for remetido o original, seri a carta expedida devolvida oficialmente, Neste caso pode qualquer das partes, antes da expedigio, fazer fotografar o original, mas sem que o processo haja de ser-he confiado para asse efeito. Art. 180.° Nas cartas para citagio iré declarada @ dilagio, que néo pode ser prorrogada. ‘Nas cartas para notificagao pessoal indicar-se-é 0 dia em que o notificado deve comparecer. Tendo-se em conta a distancia ¢ a facilidade das comunicagdes, a dilagto seré marcada dentro dos limi- tes seguintes: ‘) Entre trés e oito dias quando 0 processo correr no continente ¢ a citagio tenha de efectuar-se também no continentes . 6) Entre trés ¢ dex diad quando o tribunal da acgio for numa ilha adjacente e a citagio tenha de fazer-so na mesma ilha; ¢) Butre oito e trinta dias quando um dos locais seja no continente e o outro numa das ilhas, ou quando os dois locais sejam om ilhas diferentes, ou quando a cita- gio tenha’ de efectuar-se em pais estrangeiro, dentro da Europa, ou nas colénias da Guiné, Cabo Verde e 8. ‘Tomé ; d) Entre trinta sessenta dias quando a citagio te- nha de efectuar-se em Angola ; 6) Entre trinta dins« quatro meses quando a citagfo tenha de efectuar-se nalguma outra colénia ou nalgum outro pais estrangeiro. Observar-se-Zo as mesmas regras pafa a fixagio do dia do comparecimento do citado. Art. 181° Nas cartes para outras diligéncias de- Blarar-s-6 0 prago dentro Bo qual dovem apreventar-se cumpridas. Este prazo corre desde a entrega ou expedicio © nfo se contam néle os dias em que nfo podem praticar-se actos judiciais, Atendendo-se & disténcia, & facilidede das comuni- cagées e A natureza da diljgéncia, sera fixedo o prazo dentro dos limites seguintes| a) Kintre des. quarenta dias quando o tribunal depre- cante e 0 deprecado tiverem as sedes no continente ou _ ma, mesma itha; 6) Entre trinta © moventa dias quando um déles ti- ver a sede no continente e o outro nume das ithas, ow quando as sodes forem em ilhas diferentes, on quando a diligéncia tiver de efectuarse em pais estrangeiro da Europa 5 ¢) Entre sessenta dias © quatro meses quando a dili- géncia houver de efectuar-se nalguma des colénias da ‘Africa Ocidental ; 4) Entre sessenta dias © seis meses quando a dili- géncia houver de efectuar-se noutra coléaia ou noutro pais estrangeiro. § 1° Quando se mostrar, por certidio, antes de fin- dar o pruzo designado, que a carte ufo pode ser cum- rida dentro déle, conceder-se-é prorrogagio. Q térmo lo prazo nko obstaré a que a carta seja recebida, se ainda nfo houver decisio sébre a matéria de facto §2.° Se dentro do prazo assinado para o cumprimento se fizer a prova do extravio da carta, passar-se-d se- gunda via Art, 182.° As cartas precatérias extraidas de proces- 63 orfanolégicos serio expedidas pela secretarie. AS extraidas de outros processos serio igualmente ex- pedidas pela secretaria quando digam respeito & produ- so de prova ; nos outros casos serdo entregues @ quem as tiver solicitado, salvo so a lei exigir que a expedi- ‘fo se faga oficialmente ou se a parte interessada assim © requerer. ‘As cartas rogatérias, seja qual f6r 0 acto a que se destinem, serio expedidas pela secreteria e dirigidas 483 directamente & autoridade ou tribunal estrangeiro, salvo tratado ou convengio em contrario. A expedigf0 far-se-6 pela via diplomética ou consular quando a r0- gatoria se dirigir a Estado que s6 por essa via receba cartas; se 0 Estado respectivo ndo teceber cartas por via oficial, a rogatéria seré entzegue ao interessado. § tinico. A parte contréria seré notificada da expedi- fo ou entrega da carta para acto de produgdo de prova. Art, 183.° A expedigzo da carta ndo obste a que se prossiga nos mais termos que nio dependerem absoluta- mento da diligénoia requisitada ; mas a disoussfo e jul- gamento da causa nfo poderdo ter lugar sendo depois de apresentada a carta ou depois de ter findado o prazo do seu cumprimento. Art, 184° O tribunal a quom for dirigida a carta preeatéria 66 poderd deixar de a cumprir quando se Yerificar algum dos casos seguintes : Se tiver difvidas sbre a autenticidade da carta; 2° Se nio tiver competéncia, em razio da matéria ou da hierarquia, para o acto requisitado ; 3.° Se a requisigéo f6r para acto quo a lei profba absolutamente, Art, 185.° O cumprimento das cartas rogatérias sera recusado n0s easos mencionados no artigo anterior 0 ainda nos seguintes : 1? Se a carta nio estiver legalizada ; 2 Se o acto fér contrario a ordem publica portu- guesa ; 3.° Se a exeougio da carta for atontatéria da sobera- nia ‘ou da seguranga do Estado ° Se 0 acto importar exeougio de decisto de tribu- nal estrangeiro sujeita a reviséo e que so no mostre revista © confirm Art. 186.° As cartas rogatérias emanadas de auto dades estrangeiras serio recebidas por qualquer via, salvo tratadlo ow convengio em contrario. Recebida rogatéris, darse-é vista, ao Ministévio Pablico para opor ao cumprimento da carta o que jul- ger de iateréese publico © om eoguita decidirend se deve ser cumprida, U Ministério Publico poder agravar do despacho de cumprimento ¢ ste agravo teré efeito suspensivo. Art. 187.° B ao tribunal deprecado ou rogado que compete regular, de harmonia com a lei, o cumprimento da carta. Se ma carta rogatéria se pedir expressaménte a obser- vincia de determinadas formalidades que no repugnem A lei portuguesa, dar-se-i satisfagio ao pedido. Art. 188.° Cumprida a carta precatéria, sem ficar traslado, seré logo devolvida ou entfogue, devendo 0 chefe da secretaria indicar, por cota, as distancias dos caminhos, quando 05 haja, - ‘A conta seré feita no tribunal deprecante, na altura devida. Tunta a carta ao processo, seré a jungio comunicad: & parte contréria por aviso postal, salvo mo caso de ci- tacdo, notificagio ou afixagio de editais. Us prazos que dependerem do cumprimento da carta contamse do dia seguinte ao da expedigGo do aviso. Art. 189.° Os mandados servo assinados pelo chefe da seoretaria, por ordem do jui ‘Art. 190.* Nio se passaré mandado: 1.° Quando o acto for ordenado em papel avulso ; * Quando 0 acto nio fer praticado pelos oficiais de diligénoias. Art. 191 © mandado 6 conteré, além da ordem do juiz, as indicagdes que forem absolutamente indispen- sdveis para o seu cumprimento. Art. 192.° Os actos delegados no juiz municipal ow de paz sero executados por via de mandado do respec- tivo juiz de direito. 434 I SERIE — NOMERO 123 0 juiz delegado langaré 0 seu despacho no mandado, que Berd ovalvido ua tbunal a momarce depois de cumprido. . utdades cos sets Art. 193." B nulo todo 9 proceso quando fér inepta a petigo inicial. Deve considerar-se inepta a. petigio: @) Quando nao puder saber-se qual é 0 podides i] Guando no puder saborse' qual 6/2 causa de pedir; ¢) Quando o pedido estiver em contradiggo com a causa de pedir; d) Quando se cumularem pedidos incompativeis. § 1° Se o réu argitir a ineptidio com fundamento nag alineas a) e b) e contestar, nfo deve julgar-se pro- cedente a argaigao quando, ouvide o ator, eve ficar que o réu interpretou correctamente a petigdo inici § 2° No caso da alinea d) a nulidade subsistiré, ainda que um dos pedidos fique sem efeito por incom- peténcia do tribunal ou por érro na forma do pro- ‘Art, 194.° B nulo tudo o que se processat depois da petigao inicial, salvando-se smente esta: 1. Quando o réu no tiver sido citado 2.° Quando nifo tiver sido citado, logo no inicio do processo, 0 Ministério Publico, nos casos em que deva intervir como parte principal ; Quando houver érro na forma do proceso e nada se puder aproveitar além da petigio, nos termos do ar- tigo 199.° ‘Art, 195.° Ha falta de citagio: 1° Quando o acto tenha sido completamente omi- tido 5 Quando tenha havido érro de identidade do ci- 3° Quando so tenha empregado indevidamente a ci- tagio edital ; 4° Quando a citagio tenha sido feita com preterigio de formalidades essenciais, § \inico, Sao formalidades essenciais: a) Na citagio feita na pessoa do réu, a entrega do duplicado e a assinatura do citado na certidao ou a in- tervengio de duas testemunhas quando o citado nfo assine ; b) No caso da terceira parte do artigo 296.°, a afixa- #0 da nota no lugar e com os requisites que o texto exige ¢ a expedicfo da carta registada nos termos do § 22 do artigo 243.5; 2) Na citagio feita em pessoa diversa do réu: que esta pessoa seja a designada pela lei; que se verifique precisamente o caso em que a lei permite a substitui- gio; a entrega do duplicado ; a assinatura da mesma pessoa na certidio ou a intervengio de duas testemu- nhas, ¢ a expedigao da carta registada nos termos do § 2." do artigo 243." 4) Na citagdio postal de conformidade com o ar- tigo 244.", a assinatura do aviso de recepgdo e a on- trega do duplicado; ¢) Na citagdo edital, a afixagGo de um edital ou na porta da casa do regedor ou na porta do tribunal 1 pectivo e, se a lei exigir também a publicaggo de amin ios, a publicagio de um antincio num jornal da loca- lidade em que devia ser publicado. Art. 196.* Se o réu ow 0 Ministério Puiblico intervier no processo sem argiiir logo a falta da sua citagio, con- sidera-se sanada a nulidade. ‘Art. 197.° Havendo varios réus, a falta de citagio de um déles terd as conseqiéncias seguintes: 4) No caso de litisconséreio necessétio, anular-so-é tudo 0 que se tiver processado depois das citagGes ; 6) No cato de litisconséreio voluntério, nada se anu- laré; mas se 0 processo ainda nao estiver na altura de ser desigaado dia para a discussio e julgamento da causa, pode o autor requerer que o réu seja citado. Neste caso nifo se faré a discussio sem que o citado seja admitido a exercer, no processo, a actividade de que foi, privado pela falta de citagio em tempo. ‘Art, 198 E aula @ citagdo quando, observadas as formalidades essonciais, tenha havide preterigio de outras formalidades preseritas na lei. © prago para a argitigo da nulidade conta-se desde a citago; mas a argitigdo 06 Sera atendida se a falta cometida puder prejudicar a defesa do citado. § tinico. Se a irregularidade consistir em se ter in- dicado para a defesa prazo superior ao que a lei Ihe concede, deve a defesa ser admitida dentro do prazo indicado, a ndo ser que o autor tenha feito citar nova- mente o réu em termos regulares. ‘Art. 199.° 0 érro na forma de proceso important Anieamente a anulagio dos actos que néo puderem ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem estri- tamente necessitios para que 0 processo se ‘aproxime, gquanto possivel, da forma estabelocia pela lei. Mas nfo levem aproveitar-se os actos j4 praticados, se daf resul- tar uma deminuigao de garantias do réu. § tinico. A petigao inicial seré sempre-aproveitada, ainda que nfo corresponda & forma legal. ‘Art. 200.° A falta de vista on exame ao Ministério Piblico, quando a lei exigir a sua intervengio como atte ecessria, considera-se sanada desde que a enti- lade a que devia prestar assisténcia tenha feito valer 0s seus direitos no proceso por intermédio do sou representanie. Se a causa tiver corrido & revelia da parte que devia ser assistida pelo Ministério Publico, 0 processo seré anulado a partir do momento em que devia ser dada vista ou facultado 0 exame. Art. 201° Fora dos casos previstos nos artigos an- teriores, a pritica dum acto que a lei nfo admita ea omissio dum acto ou duma formalidade que a lei presoreva a6 produsirfo nulidade quando a lei express. mente o declare on quando a imegularidade cometida possa influir no exame ou na decistio da causa. Quando um acto tenha de ser anulido, amular-se-o também os termos subsoqitontes que déle dependerem absolutament Art, 202." Das nulidades mencionadas nos arti- g05 193.°, 194°, 199. © 200.° pode o tribunal conhecer Ofciosamente, & nfo’ser que devam cousiderar-se sa- nadas. Das restantes 56 pode conhecer mediante recla- magio dos interessados, salvos os casos especiais em que a lei permita 0 conhecimento oficioso. Art. 203.° Nao pode argiiir a nulidade a parte que dew causa a ela ou que renunciou & argitigio, expressa ou ticitamente. Art. 204° As nulidades dos artigos 193.° ¢ 199.° 6 podem ser argitidas até & contestagio ou nesta. As nulidades dos a.% 1.° © 2.° do artigo 194.° e do ar tigo 200 podem ser argiidas om qualquer estado 4o processo emquanto nfo devam considerar-se sanadas. Art, 205.° Quanto as outras nulidades, se a parte estiver presente, por si ou por mandatério, no momento em que se cometerem, podem ser argiiidas emquanto © acto ndo terminar;’se iver, 0 prazo para a argiligio conta-se do dia em que, depois de cometida a aulidade, a parte foi notificada para qualquer térmo do processo ow interveio em algum acto néle praticado. Argitida ou notada a irregularidade durante a pri- tica de acto a que o juiz presida, deve éste tomar as providéncias necessérias para que a lei seja cumprida. § rinico. Se o processo fér expedido em recurso antes de findar 0 prazo marcado neste artigo, pode a argiligio

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