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EOE Sim 0 estresse como nds 0 conhecemos para o cérebro, Mas descobrir 0 que fazem of ho tuma vez aleangado 0 cérebro,e quando esses prog Prejudiciais levaria muitos anos. Ainda estamos ta levantando novas questdes, ¢ tudo isso seri dig detalhes no capitulo 7.No entanto, por volta de indicava que tinhamos comesado a fechar o 1 Guillemin, Schally ¢ Vale haviam mostrado co _perceber um evento estressante e iniciar as rea [ajudar 0 corpo a enfrenté-lo. Agora as pesquisas comecavam ¢ nh gue o cérebro, por sua ver, podia ser influenciado por essa made Ea revelaeio de que o cérebro podia ser 0 alvo, assim como o inn. dor, da reagio ao estresse abriu a porta para a compreensio de = dos problemas e doengas associados & carga alostitica, FMEDIOS do extra, S808 So siteis ttn balhando nisso ¢ até cutido com maions 1970, nossa pesquisy lago. Harris, Mason, MO © cérebro podi, Ses hormonais para Carga‘alestatica: quand a pretecde a lugar ae dane N. final da década de 1980, 0 Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglés), sob pressio de ativistas dos direitos dos animais, sugeriu uma mudanga nas diretrizes dos cui- dados com animais de laboratério, que 0 USDA supervisiona. © de- partamento propés que macacos de pesquisa alojados individualmemte (para cumprir os requisitos da pesquisa em que estavam) a partir daf ppassassem cerca de uma hora por semana em um cercado maior, com outros macacos. Pensava-se que essa seria uma boa mancira para 0s animais relaxarem, socializarem-se € divertirem-se. “Na verdade, essa € uma boa maneira de provocar um ataque car diaco em um macaco”, diz Robert Sapolsky, da Universidade Stanford. Quando macacos estranhos se conhecem, precisam de tempo para brigarem e testarem-se entre si até, finalmente, estabelecerem quem é quem. E umas poucas horas por semana nio seriam suficientes; os animais voltariam as suas gaiolas individuais antes de chegarem a um ‘entendimento. Dai, a hora social se transformaria em uma briga sema- Car ituro 4 * : I BY | | nal jamais resolvida, recomecada a cada vez que os macacos se juntas- 80.1 0 fim d eee coma iy 1 M85 0 concen nes alostitica pode virar a casaca ¢ transformar-se e do ativada com freqtiéncia excessva, quando umes um a mal & submetido a estresse repetido, nio alivi ‘ lado ou continuo. I Por si s6, nio implica um mau funcionamento; mesmo a reagio estresse mais bem ajustada, no mais saudivel dos individuos, pode co- megar a causar dano se for ativada repetidamente durante um longo periodo. Em outras palavras, pode provocar doengss, tga ocongio enacts eee te ons maton deflagrando processos que podem levar 4 diabetes e outras doengas crdnicas. E, como Sapolsky diz no preficio de seu livro, sob cones de estresse extreme ¢ inusitado (em alguns zool6gicos, por exemplo), as zebras podem ter dlceras, nis yuase imediatamente 0 cora¢ao. Quanilo fe Tuta ou fuga entra em agio, uma das coisas mas imo res que 0 animal (ou a pessoa) deve fazer mn eee IEntio, o primeiro dos horménios do estresse, a ere eae para os gras quando Roteiro de carga alostatica sistema nervoso simpitico para acelerar a freqtiéncia c ando a pressio sangtiinea para enviar mais oxigénio P!P risculos das pernas e dos bragos. Mas esses surtos repen Cang lsttca: quando apr di apr ao dao / 81 ativados a: CD: vasos sangiiineos nas artérias coronarias. Nos locals danshicados as artériasficam obstruidas Jo agregado aderente que prepara o terreno para a aterosclerose. , ae sores humanos, demasiado aumentosrepentinos da presio sangiinea podem deflagrar infartos do miocirdio (ataques cardiacos) em vasos sanggiineos que ficaram obstruidos. Estudos sobre primatas mostram que 0 estrese pode agravar o proceso de obstrucio Jay Kaplan, da Universidade Bowman Gray. tansformou em experimento a rup- tura social proposta pelo USDA para macacos de laboratério. Apés semanas € meses misturando os grupos, forgando os macacos a brigar pela posicio repetidamente, as elevagdes de pressio sangiiineas resul- tantes aceleraram 0 processo de aterosclerose € elevaram 0 risco de atagues cardiacos. (Sapolsky e outros cientistas citaram o trabalho ~ de Kaplan em seu protesto contra a sugestio do USDA.) Estudos sobre a rupeura social em macacos tém paralelos no mun- do das aces humanas. Um exemplo notivel foi observado no Servigo Pablico Britinico (um manancial de informagGes sobre doengas rela- cionadas com 0 estresie) durante 0s anos de privatizagio sob 0 co- ‘mando da entio primeira-minista Margaret Thatcher/Em uma série lissica, denominada “os estudos de Whitehall”, revelou-se que a pres- Go sanglines cm muls basa ente oF Rincionirot mais graduados ¢ is ala ence 08 que pena a quem acm “dita que o estresse 56 atormenta os yuppies de vida agitada). Mas ami “estado focalizou um departamento que estava sendo privatizado du- ante os anos de Margaret Thatcher. Nesse departamento os pesquist~ “Gres detectstam cia tono, incidéncia de acidentes vascularescerebrais €solestez0l] CW dior de peivatizagio betinico for mais radial do que qual- jento no indice de massa corporal, caréncia de {quer coisa que tenha acontecido nos Estados Unidos. Thatcher tomou alyumus entidades grandes que haviam feito parte do governo, inclu- sive a companhia telefnica e of servigos de eletricidade, ¢ transfor- rmou-as em empresa privadas, wendendo agGes a investidores © cor tando todos o: lagos com o servigo piblic. Antes, eses grupos eram Salo aS iisiiern ene oa eae conbee administrados como burocracias com uma tivos e penalidades tipicos do servico py emprego vitalicio para quem trabalhasse S850 PSblica,com jp niblico — basicamente = P direito nio ¢ i) ‘io [Depois, eram empresas privadas . '0 chamasse ate, acionistas, com incenti ia fisted 05 luctos € faga tudo, do — aumente ‘Safzago havia, sencialmente, mpelido os funcionirgn ee PE jun stuagio muito semelhante denffentada pelos macs, e dos sobre ruptura social. A ordem social conhecida, onde nS _Sabiam seu lugar e o lugar de cada um era segu 8 Pessous 10, dissipou-se como fumaga. Repentinamente, os famcionirios tinham de competi ¢ te dlzir,freqiientemente pela primeira vez na vida profissional Algo semelhante ocorreu na Rissia e na Europa Oriental apés 9 colapso do comunismo em 1989, Um estudo que examinava indies de morbidez e mortalidade (isso &, enfermidade e morte) mostrou um aumento impressionante em ambos os indices em praticamente todos ( paises da Europa Oriental. Doengas cardiovasculares e hipertensio foram responsiveis por muitas mortes, mas, interessante, os indices de suicidio e de homicidio também aumentaram. Na antiga Unifo So- viética a mudanga foi muito impressionante; a expectativa de vida par 0s homens caiu de 64 para 59 anos. Mais uma ver, o status quo for violentamente remexido, e as pessoas nio tinham mais certeza de ss empregos. seus lares, seu governo ou! seu lugar na sociedad. Naturalmente, a situa¢io na Europa Oriental e na Riisia difere em muitos pontos da verificada no Reino Unido, dificultando uma iden tificacio precisa de causas exatas| No Reino Unido, todos os func” nrios pablicos tinham emprego,¢ acewso a servisos.d,side.0 SY ng.era o caso. na Rissa ena Europa Oriental-Além disso, 202? “causas de mortalidade eram examinadas em estudos europens Ott tas, doencas cardiovasculares € alcolismo tinham posgfo mE Mas, 0 que é interessante, constatou-se também mortes POF 20° assassinato ou suicidio. A"™ 10 Soviticn por violéncia, seja sob a forma de i poderia argumentar que, nos escombros da antiga Uni Gare lsc: quando a prt dé Iga 2 dan / 83 servigos de sade € de emengénciaestavam desordenados, tornando a ‘morte por tas c2usas mais provivel do que em um pas estivel como © Reino Unido (apesar da Margaret Thatcher). Permanece 0 to, oo edie, Diminuigao de resisténcia 4 doenca . . A i cereciesealderatecnerina beast estava sob estresse € sempre parecia estar se resfriando. Iso no & ape- nas imaginacio. A conexao entre 0 estresse cronico e a suscetibilidade a infecgbes do trato respiratorio superior tem sido bem explorada por cientistas. Em ocasides de estresse agudo repentino, a atividade do sistema imunoldgico é aumentada a fim de preparar-se para lidar com @ Conte sese eto nem sempre © temporiro, dependendo ex tamente de quio crénica sea a depresio. Sheldon Cohen, da Univer- sidade Carnegie Mellon, pediu a cerea de wezentos voluntirios que preenchessem um questionirio sobre eventos estressantes em suas vi- das, depois inoculou-os com virus do restiado comum e observou-os para ver quem comecaria 2 apresentar sintomas] Os que adoeceram foram os que hava selaado estrese com durgio de um mes or ‘Mais, geralmente sob forma de desemprego ou diliculdade continua Conn familia ou com amigos. Es, com ese crnico.apesen: “Gin uim co sslor de peper exodo compandon a micios ave _ilitiram estsse com menos de um més de duracio, “Trabalhando com Jay Kaplan, Cohen estdou a mesma condo fem primatas. Macacos cinomolgus machos eram designados aleatoria~ ‘mente para condigSes socias estiveis ou instiveis ¢, ao fim de 15 me~ Ses, eram expostos a um adenovirus, um dos virus do resfiado co- ‘mum, Diferentemente dos resultados dos experimentos de Kaplan com Pree j { 54.1 0m do exe come ms 0 coneemas acas candiovasculares, dessa ver 0s resfriados nig ruptura social € doc : rota a grandes mudangas; 08 animais dos grupos foram uma reagio dit spetveisnio eram os que tinham mas probabilidade de ficar infectados, Mas sim os que tinham status social inferior em ambos os grupos. ‘Obviamente, entio, a ativagio excessiva freqiiente da reagio ao cexrese pode subjugar a capacidade do corpo para administr-la ade quadamente |Pessoas que sofferam estresse em EXCESS na vida, medi- ot vin termes de cpisddios miltiplos de viver na pobreza, demons. is_depressio.¢.uma. decadéncia premarura tanto das Fungdes fiscas quanto, das mentzis. E.individuos gue sofreram abusos quando criangas.correm.um tisco.maior.de.de- tram envelhecimento precoce, presto, suicidio, uso excessivo de drogss, além de doenca.¢. precoces causadas por uma ampla fa de enfermidades. Roteiro de carga alostatica ‘Também hi situacdes nas quais, embora o estresse em si nio seja longado nem severo, 0 corpo reage de um modo inadequado. Fre- giientemente percebemos uma situacio como estressante, no porque ‘poe em perigo nossa sobrevivéncia, mas porque desconhecida e um. tanto desafiadora — um emprego novo, talvez, ou uma posicio re- ém-adquirida de lideranga na comunidade, No momento em que © alarmante torna-se trivial, paramos de ativar as seqiiéncias de luta ou fuga. Em algumas pessoas, contudo, quando uma experiéncia inicial- mente a amearadora torna-se corriqueira, a reagio ao estresse no en— tende a mensagem. —— Kirschbaum e colegas da Universidade de Trier sujeita~ = ee oe vinte eee do sexo masculino a alguns dos rede a sess imaginveis— falar em publica e fzer ait rntal diante de uma platéia durante cinco dias consecutivos. Or inves SC SiN ORREORS crm amostras de saliva Carga alsa: quando prt db lar ao dane / 85 tiradas dos sujeitos a cada dia. Nos dias 1 e 2, verificou-se que a maio- ria foi a0s poucos se sentindo confortivel no palco e que seus niveis de hidrocortisona foram, até 0 dia 5, diminuindo conforme mais mais confortiveis se sentiam. Mas sete deles no mostraram nenhuma diferenga discernivel nem no desconforto relatado nem nos niveis de hhidrocortisona entre os dias 1 e 2; verificou-se apenas uma diminui- 0 muito ligeira ao chegar o dia 5.Talvez nio por coincdéncia um questionirio sobre personalidade revelou que os homens ainda estressados tinham autoconfianga € auto-estima baixas. Em resumo, rio eram capazes de se habiruarem 2 uma experiéncia que j no era mais novidade. Embora nem doengas nem sintomas especais tenham sido associados a esse grupo (que Kirschbaum classificou como “de alta reacio”), € provivel que estivessem expondo excessivimente seus corpos a horménios do estresse no dia-a-dia, em circunstincias que ‘outras pessoas nio considerariam estressantes. E sabemos, por exem- plo, que saltos freqiientes na pressio sangiiinea trazem risco de docn- gas cardiovasculares. Um estudo revelou uma correlagio mais préxima ence os niveis de estresse de pessoas no laboratério ¢ em suas vidas diirias, Karen Matthews e colegas, da Universidade de Piesburgh, estudaram um grupo de homens ¢ mulheres de meia-idade que tinham emprego. Novamente, os voluntirios sofreram a tortura de falar em pablico em uum laboratérie enquanto estavam ligados a equipamentos que ‘monitoravam seus sinais vitais. Nas 24 horas seguintes, os participantes tusaram um punho que registrava sua pressio sangilinea 2 cada meia hora; ao mesmo tempo, eles relatavam como se sentiam. Aqueles cuja pressio subiu muito durante 2 prova de falar em piiblico mostraram a mesma elevagio quando relataram sensagdes de estrese no decorrer do dia, Mas em outros dias, quando no se sentiam estressidas, as mes- ‘mas pessoas nio mostravam elevagio de pressio durante o teste. As 2 forma como reagimos a situagdes depende muito do nosso sta ‘emocional no momento ¢ do que também estamos experimentan 186 / O fim do etree como nds 0 conecemes Roteiro de carga alostatica 3: use todos nds provavelmente podemos lembrar de reviver uma dis. cussio oa outra cena estresante, repetidamente, ficando agitados de novo, até que nossos amigos se cansaram de ouvir falar naquilo. Para algumas pesoas 82 condigio € cr6nica; continuam a montar uma reacio alostitica muito depois de 0 evento estressante ter acabado, ¢ niso ha indicios de que os genes talvez desempenhem um papel. Bill Gerin ¢ Tom Pickering, do Centro de Hipertensio da Universidade Cornell, deram um teste de aritmética a mais de quinhentos universi- tirios voluntirios, medindo a freqiiéncia cardiaca e a pressio sangii- nea antes, durante e depois do teste. Estavam interessados em verificar se diferencas na reagio cardiovascular podiam ser atribuidas a um his- térico de hipertensio dos pais, a0 sexo ow 4 raga dos alunos. Foi reve- Jado que nenhum desses fatores tinha qualquer coisa a ver com a rea- fo cardiovascular enquanto o teste acontecia. Posteriormente, porém, uma porcentagem dos estudantes ainda demonstrava pressio sangiif- nea elevada. Embora, terminado o estresse, seus sistemas nio tenham sido capazes de recobrar-se ¢ voltar & linha de base. A maioria deles tinha ambos os progenitores com hipertensio, o que sugere que eram geneticamente indispostos a abandonar uma situago estressante. we _Debur de desligar 0 sistema nerveo simpitice € 0 eixo hipotali- ‘mico-pimitirio-adrenal (HPA) quando apropriado talvez também seja uma funcio do envelhecimento, como estudos em animais demons- ‘tam, embora haja menos evidéncia disso em seres humanos, Em al- Suns animais de laborat6rio que estio envelhecendo, secre¢es, tanto de hidrocortisona quanto de adrenalina, induzidas pelo estresse vol- a eo de base mais devagar do que em animais normais. Nos 'manos, os efeitos do “feedback negativo” da hidrocortisona (pelo a abrandar alguns aspectos da reagio 20 qual ela diz 20 cérebro pa ¢stress) nlo funcionam tio bem nos idosos, Carge ols: quando «prt dé lgar ao dno / $7 Overdose de horménio do estresse Os trés casos descritos envolvem exposi fato de que ‘a ‘Os horménios do —, mais do que elevar a presao sanguinea e reprimir o sistema imunol6- gico. Por exemplo, a hidrocortisona muitas vezes mostra-se cronica- mente elevada na depressio,e algumas mulheres com uma historia de doenga depressiva tém densidade mineral éssea diminuida. Iso por- que a formagio éssea é um daqueles haxos em longo prizo negligen- ciados como parte da reagio de luta ou fuga;a hidrocortisona real- mente interfere nos processos de formacio de ossos. Verificou-se que a exposicio prolongada a esse horménio cria carga alostitica em mu- lheres submetidas a treinamento atlético intensivo; embora a atleta possa nao considerar 0 exercicio estressante, ele eleva tanto o sistema nervoso simpatico quanto o eixo HPA quando levado a um extremo abusivo. Os resultados podem incluir perda de peso, auséncia de mens- truagio e anorexia, uma condi¢io muitas vezes associada ao exercicio cxagerado. Hidrocortisona cronicamente elevada também pode amortecer os efeitos da insulina, e, realmente, o estresse crnico — definido como sensagis de fadiga, flea de energia,icrtabildade, deinimo ¢ hostii- dade — tem sido ligado ao desenvolvimento de resistncia 3 insulina, ‘um fator de risco para a diabetes tipo II, ou seja,a diabetes no depen- dente de insulina. ‘Também é possivel que a ativagio excessiva da reagio a0 estresse no decorrer de toda uma vida possa enfraquecer todo 0 processo da propria alostase, fazendo os sistemas se desgastarem ¢ Bicarem exauri- dos. Um elo especialmente vulnerivel € 0 hipocampo, que ajuda a desligar 0 eixo HPA apés o estresse € que é, também, um nexo de meméria e cognigio. Como o hipocampo é rico em receptores de 188 / On do esesie como mis 0 confeemes idrocortsona, wando niveis desse horménio pata desempenhar sey papel de controle ma reacio 20 estes cle & wm dos Primitosalvoy juando os niveis de hdrocortsona ficam elevados demas, Segundo a Shamada hipétese de cascata glicocorticdide, quando a regio do hi. pocampo do cérebo éinundada por hidrocortisona o desgaste resul- tante leva tanto 20 mau funcionamento do eixo HPA quanto a dimi- nuigio da capacidade cognitiva © papel importante do hipocampo em memérias episédicas € de- clarativas significa cue ele esti envolvido na lembranga de eventos informacdes didrias, como listas de compras, nomes de pessoas, lugares ¢ objetos. O hipozampo & também importante para a meméria contextual — a hora € 0 local de eventos, especialmente os que tém grande significado emocional. Niveis excessivos de horménios do cestreseinterferem ra formagio e recuperagio dessas memérias, inclu- sive nas asociadas 20 contexto. sso pode aumentar ainda mais o estresse, 20 bloquear o input de informacio necessirio para decidir que uma situagio nio & uma ameaga. Por exemplo, imagine alguém avesso 4 politicagem no trabalho em uma situagio dificil durante uma nego- ciagio perigosa. Altos niveis de hidrocortisona podem torné-lo inca- paz de lembrar quem provavelmente estari do seu lado € quem nio estard,e quais os nomes que correspondem a que rostos. (A hidrocor- ‘isona funciona em outra parte do cérebro também: a amigdala cere~ belar, que desempenha um papel importante na formacio de mem®- rias de longo prazo associadas a eventos terriveis ou traumiticos. A amigdala cerebelar também se envolve no que podemos chamar de angst antecipatério, os temores ansiedades que sentimos, haja ou ni0 oe de preocupagio. Assim, niveis aumentados d¢ rao a na amigdala cerebelar podem nos levar a uma Finlmente¢ ae © estresse que jé estamos sofiendo.) 20 estou. Resuinio aa Seca rarer e pecernoma cain im dano a essa estrutura cerebral pode enfi- para perceber que algo nio é verdadeiramen~ OE Cares alot: quando «proto dé bor ao dno / 49 te estressante € impedir que a eagdo a0 estese sea suspense clevane do, conseqiientemente, ainda mais os nives de extrese Roteiro de carga alostatica 4: caréncia é tao ruim quanto excesso A idéia de controles na rea¢io 0 estresseleva-nos 3 maneita final em. ue os sistemas protetores da alostase podem deflagrar 0 dano da carga alostitica: quando a reagio ao estresse & insuficiente, resultando na subprodugio de horménios do estrsse, especialmente da hidrocorti- sona (ver quadro na pigina 91). Cemo isso pode acontecer? Certa- ‘mente, se nio houver horménios do estresse,nio deve haver estes e, conseqiientemente, nio deve haver renhuma doenga relacionada com © estresse. Mas, como a maior parte da fsiologia humana, nio é tio simples assim. A hidrocortisona age um pouco como um termostato; na verdade, ajusta sua propria produgio, Desacelera a producio de dois horménios que desencadeiam 0 eixo HPA: o fator liberador de corticotrofina no hipotilamo e © horménio adrenocorticotréfico na pituitéria. A hidrocortisona também reffeia 0 sistema imunologico € reduz inflamagio e inchacio resultantes de dano aos tecidos. Quando um dos participantes de um sistema de controles nio cum- pre sua tarefa, 08 outros podem exagerar no cumprimento da sua, Em ‘lgumas pessoas, a carga alosttica apresenta-se sob a forma de uma reagio lenta por parte das adrenais, om falta subseqiente de hideo~ cortisona em quantidade suficiente. O resultado mais imediato € que 6 sistema imunologico, sem a ago estabilizante desse horménio, des- controla-se e reage a coisas, de fato, 130 ameagadoras para 0 corpo. As alergias sio um exemplo desse processo, Na maioria das pessoas, 0 sistema imunologico nio coloca coisas como poeira ¢ pélo de gato no ‘mesmo nivel de bactérias patogénices (causadoras de doenga). No en- tanto, em pessoas propensas aalergas,o sistema imunologico entra em alerta vermelho na presenga dessus substincias geralmente inécuas, ¥ ‘90 / © fim do ests come is cones itantes: espirtos incontroliveis para xa para envolvé-os, twando tudo que tem contra os ifn ores, secTegio MUCO chacie de células sangiiineas brancas na érea infectada, mento geral. Todos esses sintomas reduzem-se cexpular 0s invas provocada pelo inflaxo dor, vermelhidio € so pela acio da hidrocornsona, ‘Outro exemplo é a asma,na qual os pequenos tubos nos pulmdes, ‘chamados bronquioles, incham ¢ contraem-se. Mais uma vez, 0 siste. ‘ma hipersensbiizado tenta repelir coisas que nio sio realmente per- stcicio etc), nesse caso barrando os por- nicious (como poeira, tais de acesso aos pulmies. Alergias € asma sio ambas consideradas doencas indamatérias, ¢ io sinais clssicos do tipo de carga alostitica carcterizada pela subprodugio de hidrocortisona. As pessoas que so- fiem dessa condigdes notam seus sintomas piorarem quando estio sob estrese. Outros tipos de transtornos inflamatérios sio as chamadas doengas auto-imunes. nas quais 0 sistema imunolégico falha em sua diretiva primordial — distinguir 0 “eu” do “nio-eu” — e ataca 0 tecido corporal da propria pessoa. Essas condigdes também sio nor- malmente evitadas pela hidrocortisona (e, muitas vezes, tratadas com cla pelos médicos). Erupgdes cutineas sio um excelente exemplo do sistema imunolégico atacando pele saudivel; um tipo, a dermatite atépica, em criangas é sinal tanto de estresse como de um eixo HPA de reacio fraca. Outras enfermidades auto-imunes, muitas vezes exa- cerbadas pelo estrese,sio a artrite reumatdide, em que as juntas ficam sronicamente inflamadas, e a esclerose miiltipla, uma doeng2 degeneratva em que o sistema imunol6gico destréi uma parte do sistema nervoso conhecida como bainha de mielina. ‘Uma reacio fraca do HPA muitas vezes pode se manifestar por condigdes nem sempre imediatamente associadas ao sistema imunol6- 80. fbromialgia, por exemplo,é uma condigio de dor crdnica que ar st considera psicossomitica (e alguns considera Lents oma Pacientes certamente nio a considerem assim). Sistema imunolégico e a hidrocortisona torna-se clara quando cor ‘Mando consderamos que a dor faz parte da reagio inflamatérits Carga alsttica: quando a prt dé lugar ao dono / 91 a dor avisa-nos que hi um problema e estimula-nos a deixar a rea afetada em paz até que 0 problema seja resolvido. Mas em muitos cstados de dor crénica, assim como em outras enfermidades inflama- torias, nio hé ameaca aparente. Pelo contririo,o sistema esti reagindo de um modo mal adaptativo que o suprimento de hidrocortisona é baixo demais para impedir. Doengas associadas & superproducio e subproducio de hidrocortsona Superpoducao Swbprodagso Sindrome de Cushing Depresio atipica/sizonal Depressio melancblica Sindrome de faiga enica Diabetes Fibromalgia Privagio de sono Hiposreoidismo [Absanéncia de nicotina ‘Ante reumatbide Alergias ‘Anorexia nervos: Exercicio excessivo Tranatorno obsesivo-compulivo Sindrome do pinico ‘Asma “Alcoolismo ative crénico [Abuso fisico e sexual na infincts Doenga gastrinessanal funcional Hipertizeoidsmo Influir no processo da alostase — para o bem ou para o mal £ importante lembrarmos que a carga alostitica € mais do que a expe- riéncia de estar sob estresse. ‘Lambém reflete nosso extilu de vida € nossas maneiras de enfientar a vida diiria. O que comemos, se fuma- mos, se dormimos bem e se nos exercitamos, tudo isso leva ao cami- nho final comum que é a producio da hidrocortisona, adrenalina € ‘outros membros do elenco do roteiro alostitico. [Até certo ponto, nés mesmos podemos determinar se a alostase vai resvalar para a carga alostitica pelas maneiras com que enfrentamos 0 estresse. Se fizermos escolhas mediocres, podemos inclinar a balanga em favor de doengas relacionadas com o estresse. Por exemplo, pe (uma linha de frente de defesa para muitos) eleva a pressio sanguinea ¥ 92 1 0 fim do esse come mis 0 conbecemes e acclera a obstrucio das artérias coronirias, aumentando, assim, 9 isco santo de ataques cardiacos quanto de acidentes vesculares cere. brais. Procurar consolo em petiscos ricos em gordura, como donuts ou, batatafrtas, também pode levar a problemas de satide. Una dieta rica Jo de hidrocortiso~ em gordura acelera a aterosclerose ¢ eleva a sect na que, por sua vez, clevada, acelera 0 acimulo de gordura corporal, ‘um fator de risco para doengas cardiovasculares, acidenites vasculares ccerebnais ¢ diabetes. Por outro lado, se contrabalangarmos © estresse com uma cami- nnhada vigorosa ou uma visita a uma academia de ginistica, inclinamos 1 balanga em nosso favor. © exercicio impede o aciimulo de gordura corporal, protege contra doengas cardiovasculares ¢ reduz a dor e a depresio crénicas. Também podemos nos proteger pela procura de companhia e apoio, Sheldon Cohen, estudioso do relacionamento entre o estrese e doengas do trato respiratério superior, relatou que pessoas com muitas conexdes sociais pegam menos resfriados. Ronald Glaser ¢ Janice Kiecolt-Glaser, da Universidade Estadual de Ohio, comprova~ ram que o isolamento pode solapar a atividade do sistema imunolégico. (Com tantas maneiras de funcionar mal, talvez parega que a reagio de lut ou fuga seja uma coisa frigil, mas é, na verdade, bem resiliente. Nos sltimos dez anos, pesquisas sobre os efeitos do estresse nos siste- mas cardiovascular, imunolégico € nervoso tém demonstrado em de- talhe 0 que pode acontecer quando a alostase fica fora de forma, 20 ‘mesmo tempo indicando exatamente 0 quanto esses sistemas so real- mente capazes de se recuperar.

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