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Educagao museal inclusiva: A experiéncia da Pinacoteca de Sao Paulo Gabriela Aidar Graduada em Historia pela USP, especialista em Estudos de Museus de Arte pelo MAC/USP ¢ em Museologia pelo MAE/USP. Master of Arts in Museum Studies pela Universidade de Leicester. Coordenadora dos Programas Educativos Inclusivos da Pinacoteca de Séo Paula E-mail: gaidar@pinacoteca.org.br 475 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 Coma forma de dialogar com os temas levantados na “XIX Conferéncia Imernacional do Movimento para a Nova Museclogia (MINOM) - II Catedra Latinoamericana de Museologia_y Gestion del Patrimonio Cultural ~ I Jornada Latinoamericana de Museologia Social”, propus em minha participacao, sintetizada neste texto, alguns pontos para reflexdo a0 redor de priticas educativas inclusivas dentro dos museus. Para isto, parto da experigncia educativa desenvolvida aa Pinacoteca de Sio Paulo, de modo a promover um intercambio entre a teoria e a pritica Sempre que possivel, ¢ especialmente quando patticipo de um encontro fora do pais, busco dados sobre nosso contexto porque creio que nos dao bases concretas de reflexio, Neste caso, compartilho uma selegio de resultados de uma pesquisa brasileira, feita no ano passado, chamada Pulso Brasil, que faz parte da “Human Rights in 2018 - Global Advisor". Foi realizada pela Ipsos, em abril de 2018, com 1.200 entrevistados em 72 cidades das cinco regides do pais ¢ trata da percepgaa ou relagdo dos brasileiros com os direitos humanos. A pesquisa indica que 63% dos brasileiros (seis em cada dez) afirmam ser a favor dos direitos humanos, enquanto 21% disseram ser contra. Ao mesmo tempo, daqueles que dizem ser a favor dos direitos bumanos, uma boa parte mostra desconhecimento sobre o que esses direitos realmemte significam. Para 66% dos entrevistadas, os direitos humanos defendem mais os criminosos do que as vitimas. Os brasileiros estio entre os que mais concordam com a frase "os direitos humanos nao significam nada no meu dia a dia” (28%), apenas abaixo dos entrevistados da Ardbia Saudita e da India, Mais da metade dos entrevistados (54%) concorda com a frase "os direitos humanos nio defendem pessoas como eu ¢, finalmente, o direito a ser defendido mais citado pelos brasileiros ¢ o direito a seguranga (38%) (CERSOSIMO, 2018; FRANCO, 2018). Esses dados nos ajudam 2 entender alguns aspectos do controverso processo eleitoral que vivenciamos no pais em 2018 ¢ seus desdobramentos futuros, A relagio direta que os brasileiros fazem entre direitos humanos e temas ligados 4 seguranga piblica nos ajudam, a entender a seducio, 0 voto ¢ a eleigia de candidatos advindos das forgas armadas ou policiais. Ou o fleste de parte expressiva da populacio com discursos “linha dura”, de 176 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 carter autoritirio, E nos ajudam a, ao menos, tatear o grande dilema que nos persegue: como compreender um regime democratico que se ataca a si mesmo? Ou, formulado de outra maneira; como considerar um contexto politico verdadeiramente democritico. quando a maioria da populagio ¢ fortemente manipulada pelos oligopélios da midia ¢ por uma enxuzrada de noticias Zalsas veiculadas nas redes sociais de maneica planejada? Tendo esses questionamentos em mente, proponho que anelisemos as experiéncias que apresentarei a seguir, Comecando pela questio dos direitos culturais, faceta dos direitos humanos com a qual lidamos cotidianameate em nossa pritica coro trabalhadores de museus. Esses dircitos nao possuem definig6es consensvais ou definitivas, assim que compartilho uma da qual gosto, formulada por um pesquisador do tema, que afirma: _] direitos culturais sio aqueles relacionadas as artes, 8 meméria coletiva ¢ ao fluxo de saberes que assegusam a seus titulares o conhecimento € uso do pasado, interferéncia ativa no presente ¢ possibilidade de previsio e decisdo referentes ao futuro, visando sempre a dignidade da pessoa humana, (CUNHA FILHO, 2018, p. 28). \s? Como afirma o britinico E qual sua relagio com as instituigdes museoldgi David Anderson: Baseados nas leis internacionais, quais direitos os cidadaos das democracias ocidentais possuem em relagio aos museus? Proponho que todos tém direitos ao: 1} reconhecimento de suas identidades culturais 2) contato com outras culturas; 3) patticipagie em atividades culturais 4) oportunidades para a ctiatividade; e 5) liberdade de expressio e de julgamento critica, (ANDERSON, 2012, p. 224, tradugio minha) Testo original: What rights in western democracies do out citizens have in relation to our museums, based con international law I propose that all have the rights to: (13 recognition oF their own cultural identity: <2) W77 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 Este quinto ponto talvez seja o que mais uzgentemente tenhamos que fortalecer em nossas préticas dentro dos museus em paises como o Brasil, por exemplo. Seguindo sua proposta, parece-me particularmente interessante a maneira como © autor propée que os museus possam efetivar o exercicio dos direitos culturais por meio de sua pritica: 1) or meio da) compromisso para reduzit as desigualdades no engajamento com a cultura; 2) aceitagao de que a populagio como. um todo € tdo capaz, inteligente © culturalmente experiente quanto os profissionais de museus; 3) acio efetiva para promover maiores oportuaidades de aprendizado © criatividade, 4) participacio de piblicosalyo © personalizagao de servigos do museu para suas necessidades; 5) extensdo de seus servicos para além da instituicdo até as comunidades; 6) investimento continuo em pesquisas de aprendizado e avaliagio para apciar essas agdes; © 7) redirecionamento de pensamento daquila que querem oferecer para a que é necessério para o bem estar individual ¢ comunitario. (ANDERSON, 2012, p. 224, tradugao minha). Podemos afirmar que a maior parte desses pontos ao costumam estar na pauta cotidiana de grande parte dos museus e de suas equipes, especialmente as que dizem respeito & escuta dos pilblicos ¢ ao compartilhamento de sua autoridade. engagement with other cultaces (3) participation in cultural activities: 4} opportunities for ereatvity and (5) freedom of expression and critical judgement. Texto original: (1) a commitment in principle to redressing inequalities in caltaral engagements (2) acceptance that the population as a whole is a6 wise, clever and cxtturally experienced as amaseum professionals; 3} effective action to support more public learning and creativity; 44) participation and personalisation for pritity groups in gallery development, collections work and public programmes; (5) extension and distribution of services beyond the institution into social communities: (6% sustained investment it learning research and evaluation to support all ofthis, nul (7} a refocusing of our thinking away from what we want to offer, vowards what is needed for individual and community wellbeing, 178 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 Apés esta introducao, apresento a Pinacoteca e seu contexto. E 0 mais antigo museu de arte do estado de Sio Paulo, fundado em 1905, # uma instituig’o piblica, pertencente a0 Governo do Estado de Saa Paulo, de gestdo privada, por meio de contratos de gestio com a APAC- Associagio Pinacoteca Arte e Cultura, uma organizagio social de cultura. Possui, atualmente, em sua colegio cerca de 10.000 obras de arte, principalmente brasileira, dos séculos XVI até os dias de hoje, Organiza exposigdes de longa duragio de seu acervo ¢ cerca de 20 exposigdes temporézias anuais de artistas brasileiros ow estrangeiros. Esté localizada na regido central da cidade de Sia Paulo, local que conta com boa infraestrutura e diversos equipamentos piiblicos ¢ privados. Esti denteo de um parque piiblico, o Parque da Luz, viziaha a populagdes de baixa renda e em condigdes precitias de subsisténcia e, também, de importantes areas comerciais, Faz parte de um polo cultural que compreende cinco museus e uma sala de concertos, O museu possui dois edificios: um mais antigo, que abriga as exposigdes de longa duracdo do acervo do muscu, além de exposigdes temporirias. E outro que se chama Estagdo Pinacoteca e recebe exposigies tempordrias de arte e também abriga o Memorial da Resistencia de S40 Paulo, uma instituigo dedicada 4 meméria dos periodos ditatoriais do Brasil, j4 que, nesse edificio, funcionou uma priséo politica por mais de 40 anos, o Departamento Estadual de Ordem Politica e Social de So Paulo DEOPS/S?. Em seguida, apresento uma selecdo de dados de perfil de public espontaneo visitante da Pinacoteca em 2014, os mais recentes que temos (PINACOTECA PESQUISA QUALITATIVA, 2014). Neste caso, 60% dos visitantes eram mulheres. No que diz respeito a faixa etiia, era um pUblice predominantemente jovem, com 69% com idades entre 17 ¢ 30 anos. Com relagao a escolaridade, os niimeros sio ainda mais altos, com nenhum respoadeate ao ensino fundamental ¢ 86% no ensiao superior (completo ou incompleto). Este alto indive de escolaridade pade estar relacionado com o fate de sermos um museu de arte, j4 que, normalmente, a escolaridade nessa tipologia de museus costuma ser acima da média. Isso repercute de alguna forma nas classes sociais, com 53% 179 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 dos respondentes nas classes Ae B. Mas este tltimo & um dado relativo, jd que 31% dos participantes ndo quiseram responder 4 questéo, ou seja, essa porcentagem pode ser ainda maior. O que estae outras pesquisas feitas em ambito regional ou nacional indicam é que a escolaridade ¢ a renda sao os fatores determinantes no acesso aos museus no Brasil, em particular nos museus de arte. E que, portanto, os grupos excluidos desse acesso abrangem aqueles socialmente vulnerabilizados, em piores condigées socioeconémicas e que sto grupos majoritarios no pais. E importante mencionar, entzetanto, que as respostas a esses dados - ou, ae nosso caso particular, as acdes educativas desenvolvidas em didlogo com eles -, nio devem ter coma expectativas de resultados a transformagio desse perfil de publico em termos numéricos, especialmente em instituigdes com uma visitagio espontinea alta, coma & caso da Pinacoteca, mas sim em termos mais simbélicos e qualitatives. O que propomos com nossas agdes educativas nao se restringe apenas a formagae de novos piiblicos para a Pinacoteca, mas se estende ao desenvolvimento de processas educativos que sejam significativos para as piiblicos pasticipantes, independente deles se tornarem frequentadores ou no posteriormente. Ou seja, sua fidelizagio ¢ uma decorréncia ¢ nao o objetivo principal do nosso trabalho. Os programas da Area de Agdo Educativa da Pinacoteca ~ coordenada desde 2002 pela educadora Milene Chiovatto (presidente do CECA - Comité de Educagio ¢ Agio Cultural do ICOM entre 2016 ¢ 2019} -, tém, como ideia estruturante para o trabalho, a segmentagao de piblicos. Assim, temos duas grandes areas de atuagiio estabelecidas de acordo com seus publicos-alvo: a primeira, chamada de Programas de Atendimenta ao Piblico Escolar ¢ em Geral, com programas voltados a piblicos autonomamente visitantes ¢ que deseavolve agées principalmente junto a grupos escolares (professores ¢ alunos}, assim como a grupos familiares ¢ visitantes espontaneos. E a segunda dtea, da qual sou responsivel, que sio os Programas Educativos Inclusivos, voltados a piiblicos nao tadicionalmente visitantes, ¢ para os quais temos que desenvolver agées mais proativas de aproximagio. Neste caso, (0 programas que atuam com pessoas com 180 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 deficiéncia ov em sofrimento psiquico; com grupos de pessoas em situago de vulnerabilidade social; com pessoas com 60 anos ou mais ¢ também com formago continuada des préprios funcionirios do museu, Na sequéncia, compartilhacei algumas agdes realizadas por esses programas, com énfase em quatro exemplos de projetos com impactos sociais mais abrangentes. ‘Mas antes, compartilho um conceito que estrutura ¢ justifica nossa proposta de segmentagio de pilblicos por meio de distintos programas. E 0 conceito de equidade, particularmeate da maneira como ¢ formulado por um grupo de pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas em Educagio, Cultura ¢ Agio Comunizitia (CENPEC), quando afirmam: O principio da equidade ¢ tratar de maneira distinta os que nio esto em condigées ce igualdade, exatamente para que sejam construidas relagbes justas. Em sociedades com longo passado de escravidio, como a brasileira, a sociedade assume papel decisivo na promogio da equidade ¢ reducio das desigualdades. Pessoas em desvantagem econémica necessitam de mais recursos piiblicos do que as economicamente favorecidas para ter garantidos os mesmos direitos, pois foram alijadas do acesso a bens ¢ servicos publicos. Assim como nem toda igualdade é justa quando néo considera as diferengas, nem toda desigualdade ¢ injusta quando visa reduzir a iniquidade. Um tratamento desigual ¢ justo quando beneficia os mais vulneraveis. (CENPEC/EQUIPE EDUCAGAQ E COMUNIDADE, 2005, p. 21) Se tivéssemos que sintetizar isto num esquema, seria o de que os individuos sio diferentes, portanto, suas necessidades sao distintas, mas seus direitos sdo iguais, E justamente nessa perspectiva de equiparag3o de oportunidades © direitos que desenvolvemos nosso trabalho. 181 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 Apresento agora algumas informagées desses distintos projetos, inicialmente no ambito dos Programas de Atendimento ao Publico Escolar ¢ em Geral, primeiro sio as visitas educativas para alunos ¢ 0 piblico em geral e os programas de formagao para professores, Realizamos encontros formativos para educadores a fim de promover sua autonomia ¢ @ uso qualificado do museu, alm do habito pela frequéncia cultural, ¢ publicamos uma série de materiais de apoio a pratica pedagégica para serem usados em sala de aula, distribuidos gratuitamente aos professores, Desde 2014 desenvolvemas o Pinafamitia, um projeto voltado a estimular a interagdo familiar e qualificar sua convivéncia no espaco do museu € no contato com as obras de arte. © projeto propée jogos ¢ atividades lidicas, materiais impressos que estimulam a visita auténoma das familias pela exposigao do acervo, e umespetéculo de miisica-teatco especialmente desenvolvido para o projeto ¢ que dialoga com aspectos da linguagem visual das obras de arte. Para o publico espontaneo, aquele que nao necessarlamenie deseja uma visita acompanhado de um educador, temos os Dispositivos para Autonomia de Visita, que so recursos educativos nao presenciais, que buscam tornar 0 museu cada vez mais autonome em seus processes educativos. Temes jogos disponiveis para empréstimos ao publico ¢ uso autnomoe nas exposighes, espacos para a interagdo ¢ maior participatividade do ptiblico presentes no préprio circuite da exposicio do acervo, como uma Sala de interpretagdo, que aprofunda aspectos da educagio patcimonial e da educagao em arte. Além disso, desde 2017 desenvolvemos textos de parede educativos nas exposig6es temporirias e materiais para a visitacdo auténoma de grupos familiares a essas mesmas expasigdes, de cariter Iidico e investigativo. Antes de apresentar o que fazem os Programas Educativos Inclusivos, gostaria de apontar alguns de seus pressupostos metodolégicos comuns, uma vez que cles particularizam as agdes desenvolvidas e,em alguns pontos, se diferenciam das abordagens mais tradicionais da educagéo museal, O primeiro deles é 0 desenvolvimento de agoes a partir dos perfis, repertorios, experiencias, interesses ¢ demandas dos geupos, ou seja, 182 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 da elaboracdo de percursos singulares para cada grupo, em oposicio 4 ideia de coteiros educativos prédeterminados, bastante comum na educagio museal e nas visitas educativas a grupos escolares, por exemplo. O contato com os piblicos-alvo se dé por meio do estabelecimento de parcerias com organizagdes, projetos e coletivos com os quais estejam vinculados, Entre as organizacées parceiras encontram-se desde aquelas de carter mais institucionalizado, como as de educagio nio formal, de assisténcia social ou de saiide, até movimentos sociais, Séo essas parceiras que garantirio a continuidade dos processos educativos desenvolvidos. Os programas atuam prioritariamente de maneira continuada com os educandos, o que permite 0 aprofuncamento das estratégias ¢ das relacdes ¢ vinculos com os grupos ¢ entre eles. [ss0 possibilita que os préprios educandos definam o que serd interessante no contato com o muscu, dada sua maturidade ¢ familiaridade com a Pinacoteca ¢ as demandas advindas disso, Outra ago comum sio 08 cursos de formagio para profissionais que atuam com os piblicosalve, em stia maioria profissionais da assisténcia social, satide ou educagiio inclusiva. Um dos exemplos que abordare! adiante trata de um desses cursos, Assim, temos o Programa Educativo para Pblicos Especiais, que atua com pessoas com deficiéncia fisica, sensorial ou intelectual e, também, com pessoas em sofrimente psiquico. O programa realiza visitas educativas aos grupos por meio do uso de recursos educativos multissensoriais, que estimulam 0 uso de outros sentidos além da visio, Conta também, em sua equipe, com uma educadora surda que realiza as visitas em. Libras (Lingua Brasileira de Sinais} com os grupos de surdos, O programa ainda desenvolve um curso de formagao para profissionais que atuam com grupos de pessoas com deficigacia ¢ em sofrimento psiquico: agdes extramuros com os piiblicos-alvo ¢ editow algumas publicagdes adaptadas em dupla leitura— com letras ampliadas e Braille, além de um CD de audio. Esse mesmo programa desenvolveu uma Galeria ‘Tatil de Rscultiras Brasileira, com 12 esculturas em metal oziginais do acervo da Pinacoteca, disponiveis ao toque orientado por meio de um audio guia desenvolvido especialmente para este fim, voltada 8 visitagio auténoma de pessoas com deficiéncia visual 183 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 Passamos agora a0 Programa de Inclusio Sociocultural, que desenvolve agdes educativas continuadas junto a grupos de pessoas em situagao de vulnerabilidade social, muitas do prdprio entorno do museu, como adultos em situagao de rua, pessoas que fazem uso problenatico de drogas em tratamento de satide, entre outros, Esse programa desenvolve, desde 2008, uma agio extramuros com grupos de adultos em situacdo de rua do entorno do museu e, desde 2005, um curso de formacde para educadores sociais, que sio outros dois projetos que aprofundarei adiante, O Programa Meu Museu atua com grupos de idosos, ou seja, pessoas com 60 anos ow mais, por meio de visitas educativas com abordagens especificas para responder as necessidades dessa faixa etiria, Também desenvolve, desde 2013, um curso de formagao para educadores ¢ outros profissionais que atuam com idosos Por fim, temos 0 Programa Consciéncia Funcional, que desenvolve agdes de formagéo continuada dos préprios funcionérios da Pinacoteca, em particular das areas de recepcio eatendimento a0 piiblico e prestadozes de sezvigo, como as equipes de seguranga € de limpeza, ou seja, profissionais som uma formagio técnica nas areas especificas do muscu, como patriménio, arte cultura, por exemplo. © programa desenvolve médulos formativos que discutem temas especificos do muscu ¢ de suas atividades ¢ outros claborados segundo a demanda das proprias equipes, como os mais recentes de consciéncia corporal, que foram uma solicitagao das equipes de atendimento que trabalham varias horas por dia em pé nas salas de exposigo, senda todas alividades em horitio de trabalho dos funcionarios, Desenvolve ainda algumas atividades de participagdo voluntaria como oficinas de experimentagao plastica, e atividades anuais para os filhos dos funcionarios, para que se aproximem do ambiente de trabalho de seus pais Antes de passat aos exemplos citados, gostaria de compartilhar uma discussio que me parece relevante no contexto da confezéncia ¢ das reflex6es que proponho a partir da nossa pratica educativa na Piaacoteca, que éa das difereacas ¢ relagdes entre as propostas de democratizagao da cultura e de democracia cultural, Esta discussio e termos nio sio 184 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 novos, na verdade se originam na implementagio de politicas piblicas de cultura na Europa, mais pacticularmente na Branga, entre as décadas de 1950 e 1970. Mas ainda assim acredito que nos possibilitam ideias que sto, todavia, relevantes na peatica museolégica quando pensamos na relagaa das instituigées com seus publicos. O termo “democratizagio da cultura” surge ao final des anos 1950 aa Branca, quando da criagdo do Ministério dos Assuntos Culturais naquele pais, com 0 propésito de desenvolver processos de populatizagdo da cultura erudita, paca ampliar os publicos da cultura, por meio da ofecta de servigos culturais 4 populagio, Nesse sentido, § uma proposta que pressupée uma concepeio hierarquizada de cultura (dividindo-a em “cultura ecudita”, “cultura de massas” © “cultura popular”). Os servigos oferecidos baseianr-se numa concepgao descendeate de transmissio cultural, elaborada por téenicos € especialistas a partir de uma visio homogenetzadora do piiblico. Sua forga motriz é a ideia de incentivar o consumo cultural Por sua vez, a “democracia cultural” nasce justamente da critica as propostas e resultados das ages de democratizagao da cultura, que demonstraram sua baixa eficicia no engajamento da populacio a oferta de consumo cultural. A critica se bascia na unilateralidade da proposta, na sua baixa possibilidade de participacdo ena sua concepgao clitista da cultura, Na tentativa de construgio de uma proposta alternativa, a democracta cultural prope © acesso 4 pradugdo cultural por parte dos pablicos e, consequentemente, a descenttalizagao do controle dos mecanismos de produgao cultural. Seus objetivos baseiamrse na ampliagdo do capital cultural de uma coletividade, o que implica na aceitagdo da pluralidade de pablicos, de culturas ¢ de relagdes com as obras culturais ¢ na consequente aegagio dos usos hierarquizados da cultura, Assim, € uma coacepgao ascendeate de ago cultural, a partir das necessidades e aspiragdes das populagées, que tem como forca geradora a ideia de participaggo cultural. (COELHO, 2012, p, 162-163; LOP2S, 2009). Ainda que seja natural pensarmos numa clara dicotomia entre as duas propastas, & possivel - © até mesmo comum - vermos, aa vida cotidiana das instituigdes 185 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 museologicas, tendéncias e agdes que combinam as duas possibilidades simultaneamente, especialmente quando estamos dentro de instituicdes de cardter mais tradicional. Dessa forma, € possivel termos no mesmo museu agbes voltadas & popullatizagio de sua cultura oficial, 20 mesmo tempo em que se implemeatam projetos desenvolvides a partir das demandas de gcupos particulares, Refiro-me assim ao interessante artigo do pesquisador portugués Jodo Teixeira Lopes sobre aspectos da democracia cultural, quando cita outro pesquisador, Anténio Firmine da Costa, ao propor [..] uma mudanga profunda nos modos de relagio das pessoas com as instituigées [...] que consiste, justamente, numa passagem. do estatuto social de leigos ao estatuto social de piiblicas — isto é, de uma relagio mista de distancia ¢ subakernizagio, de alheamento ¢ ignorincia, de reveréncia ¢ descontianga perante essas instituigdes, a uma relagio com elas de cardcter mais complexo, mais préximo, mais informado, mais exigente, mais diversificado (COSTA, 2004, p. 13). Como afirma Lopes, ‘Trata-se, afinal, ndo s6 de facilitar @ familiarizagdo com a obra de arte através de uma nova cultura organizacional, mas de plasmar © respeito pelas apropriagdes ¢ usos dos espacos ¢ equipamentos culturais, nomeadamente através das mltiplas interpretagdes ¢ pontos de vista que a relagao com as obras suscita [..] (LOPES. 2009). Dessa forma, tendo a pensar que o que desenvolvemos na Area de Agio Educativa da Pinacoteca est mais alinhado as propostas de democracia cultural, como veremos nos exemplos que apreseatarei adiante, Mas antes de compartilhi-los, gostaria de esclarecer a sua escolha para a conferéncia, De acordo com Jocelyn Dodd ¢ Richard Sandell, dois pesquisadores da Universidade de Leicester, a0 Reino Unido, que se dedicam aos 186 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 impactos sociais dos museus, existem trés niveis de ado possiveis para que as institui culturais promovam mudangas sociais positivas. O primeiro deles se dé no ambito individual, por meio do desenvolvimento, nos participantes das acdes culturais, de sta autoestima, do fortalecimento de sua identidade ou da aquisicio de novas habilidades. Estes esto entze os impactos mais clarameate perceptiveis das agdes da educagio museal. © segundo aivel € 0 comunitirio © tem a ver com o incremento na autodeterminagao dos grupos, com a participagdo em processos de tomadas de decisoes © em estruturas democraticas, Neste caso, o exemplo mais benracabado ¢ 0 do trabalho dos museus comunitirios, ainda que instituigdes mais tradicionais também possam colaborar neste sentido, quando se abrem para que demandes comunitarias sejam representadas, O terceiro nivel &0 social e tem a ver com a contribui¢do especifica que os museus podem dar aos processos de transformagao, por meio de sua autoridade intexpretativa, ou da criagdo de narrativas sociais legitimadas com a construcio ¢ difusio do conhecimento. As narrativas construidas pelos muscus podem ser excludentes (e em grande parte das veres © so) ou, a0 contririo, inclusivas, no sentido de promover o incremento nos sentimentos de pertencimento e afirmacio de identidades para grupos marginalizados (DODD; SANDELL, 2001; SANDELL, 2002} Os exemplos que selecionei de nossa pratica educativa na Pinacoteca enguadram> se nesse iltimo ambito dos impactos mais abrangentes que atingem outros grupos além dos participantes diretos das agées. © primeiro deles foi de um curso e, posteriormente, uma exposigio de fotografias, feitas por pessoas com deficiéncia visual, O Curs de Fotografia para Pessoas com Deficiéncia Visual foi realizado em parceria com o forégrafo Jodo Kulcsir, contou com a participagaa de 10 educandos ¢ foi desenvelvido no museu em nove encontras, entre agosto ¢ outubro de 2015. 187 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 A cada encontro exam abordados aspectos téenicos da fotografia ¢ as possibilidades de se fotografar com baixa visio ou auséncia dela, assim como experimentagées fotogrificas com recursos multissensoriais utilizados pelo Programa Educativo para Publicos Especiais ¢ com as proprias obras do acervo do musev. Cada participante elaborou uma pequena série fotografica tendo 0 muscu, suas obras ¢ seu entorno como tema, selecionando uma imagem paza fazer parte da exposigao. A exposigio, intitulada ransver - fotograftas feitas por pessoas com deficiéncia vviswal ficou em cartaz na Pinacoteca de novembro de 2015 aabril de 2016 ¢ sua expografia contou com uma série de recursos de acessibilidade, tais como reprodugio em relevo das fotos, ctiquetas em Braille, audiodescrigdo, cédigo QR para acesso a videos com depoimento dos autores ¢ acessibilidade fisica a cadeiramtes. Fotografia L: Exposigio Transver- fotografias feitas por pessoas com deficiéncia visual eg Fonte: Area de Acao Educativa da Pinacoteca de Sio Paulo Com esse projeto foi possivel promover a oportunidade de pessoas com deticigncia visual conhecerem ¢ se expressarem por meio da criagio de imagens 188 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 fotogrificas, aproximarem-se da Pinacoteca, trocarem experieacias enquanto grupo ¢, com a exposigao, serem valorizadas e representadas dentro do muscu, nio pela sua deficiencia, mas pela sua poténcia criativa. © segundo exemplo € de uma acto educativa extramuros, que é um dos nossos mais antigos projetos, desenvolvida desde 2008 junto a dois grupos de adultos em situagao de rua, frequentadores de instituigdes de assisténcia social préximas ao muscu. Ela se compée de oficinas de producio plastica semanais, com énfase nas técnivas graficas ¢ na xilogravura, conduzidas pelo artista e educador Augusto Sampaio. A acto estruturase por meio de oficinas nas duas organizacdes de origem dos pasticipantes ¢ de vistas regulates 4s exposigdes do muscu. A opeio por trabalhar com esse pulblico-alvo dialoga diretamente com o entorno da Pinacoteca, uma vez que as populagoes em situagao de rua normalmente circulam pelas regiGes cenirais da cidade. Assim, nosso interesse é estabelecer relagdes mais proximas ¢ produtivas com os grupos em situagde de rua do nosso entorno, uma vez que estamos geogeaficamente proximos, mas socialmente distantes. A opcdo por oficinas de produgio plistica deu-se por sabermos da quase inexisténcia de oferta desse tipo de atividade para essa populagda e, por fim, a escolha pelas técnicas grificas deu-se pela nossa experiéncia prévia com esses grupos e conhecimento de alguns de seus repertérios culturais, ligacs a tradicdo popular das estampas de xilogravura da literatura de cordel, uma publicagao bastante popular nos estados do Nordeste do pais, regito de onde boa parte da populagéo migrante de Sio Paulo vem, Além disso, a xilogravura utiliza matetiais e pracedimentos mais préximos ao cotidiano de alguém que jé tenha trabalhado na construgao civil ou com marcenaria, por exemple. Como esse € um projeto muito longevo, jd teve uma série de desdobramentos materiais, como expasigdes na Pinacoteca; a primeira chamada Convivéncia, que apresentou a produgio dos participantes, acompanhada de fotos das atividades, textos explicativos e depoimentos dos autores dos trabalhos, em caztaz em 2009. Nessa ocasiao, contamos com a participagio de alguns autores dos trabalhios em visitas educativas que fizemos 4 mostra. Também realizamos xilogravuras em grandes formatos que foram 189 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 impressas em uma grafica de cartazes lambe-lambe e posteriormente foram coladas nas janelas da fachada lateral do museu, em frente ao Parque da Luz, que € bastante frequentado pelos grupos vulnerabilizados do centro da cidade, Esses painéis ficaram expostos entre dezembro de 2011 ¢ julho de 2012. Essas mostras permitiram ao visitante da Pinacoteca ¢ do parque vizinho conhecerem o projeto, a0 mesmo tempo em que possibilitaram a visibilidade social positiva de pessoas em situagdo de rua que sto alva de uma série de estigmas sociais. Outras exposigdes também foram organizadas fora da Pinacoteca, como itinerdncias em cidades do interior ¢ litoral do estado de So Paulo, ou em outros lugares pilblicos, como paineis de xilogravura sobre tecido que foram expostos durante aproximadamente 6 meses num coreto vizinho ao prédio da Pinacoteca, dentro do Parque da Luz, em 2017, Neste caso, a escolha dessa técnica grafica - a xilogravura sobre tecido - assim como do local de exposigio dos painis foi dos participantes do projeto, que optaram por ter seu trabalho exposto em local puiblico e de livre circulagao. Fotografia 2: Impressio de xilogravura sobre tecido Fonte: Area de Acao Educativa da Pinacoteca de Sio Paulo 190 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 Fotografia 3: Painéis de xilogravura sobre tecide expostos em coreto no Parque da Luz Fonte: Isabella Matheus Por fir, projeto gerou algumas publicagées, desde uma de carater documental ¢ avaliativo, até outras com a producdo dos participantes, como liveo Plural, que retine imagens ¢ textos potticos por eles elaborados, ¢ os trés fanzines Desenhadeira, Essas publicagdes so distribuidas aos participantes do projeto, as instituicdes parceiras ¢ a pesquisadores e profissionais de areas afins. © terceiro exemplo tem a ver com um processo formative que resultou na publicagio de um livro de carder avaliativo, Trata-se de um curso de formagio para educadores sociais, que sio profissionais que atuam principalmente nas areas da educagio nfo formal, assistéacia social e satide, ¢ desenvolvem projeto socioeducativos junto a grupos de pessoas em situagao de vulnerabilidade social Esse curso chama-se Ages multiplicadoras: 0 musew ¢ a inclusdo sociocultural, e tem como abjetivo compartilhar subsidios para a elaboracdo, execugio ¢ avaliacdo de 1971 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 projetos educativos em arte ¢ cultura valtados a inclusio sociocultural dos grupos com os quais atuam os participaates, a fim de potencializar sua pritica secioeducativa. O curso tem 28 participantes por edigito e periodicidade aaual, sendo cealizado desde 2005. Ja participaram dele mais de 400 educadores sociais, O curso tem como estrutura 30 horas, divididas em 17 aulas semanais. As aulas possuem carater tebtico-prético, com discussdes mais formais no auditério ¢ outras aulas mais vivenciais nas exposi¢des do musev. Apés LL anos desse curso, em 2016, dedicamo-nos a elaboracio de um livro intitulado Fntve « agdo cultural e @ social: musew e educadores em formagdo (AIDAR; CHIOVATTO; AMARO, 2016}, que se debraga sobre essa experiéncia formativa, a fim de promover reflexdes que articulem os quatro campos da educagao diretamente relacionados a0 curso: 0 da educagio museal; da educagio ndo formal da educagio em arte ou da arte-educagio; e da educagdo social. Essa € uma publicagao de carater documental e avaliativo sobre nossa experiencia na formacio de educadores sociais cujo objeto central de anilise € 0 curso Ages multiplicadoras, Batre os anos de 2005 ¢ 2015, petiodo analisada na publicagéo, por ele passaram 306 educadores de 287 diferentes organizagdes que desenvolvem projetos socioeducativos junto a grupos de pessoas em situagio de vulnerabilidade social. Dados a abrangéncia e o pioneirismo dessa a fapesar de seus mais de dez anos de existéncia), nos detivemos sobre ela ¢ olhamos para alguns de seus aspectos, tais como 0 universo de trabalho dos educadores sociais participantes, os impactos da formagao em suas priticas € junto a seus piblicosalvo e, em contrapartida, nas agdes do proprio museu, A publicagio relaciona a experiéncia desse curso com 0 contexto da educagio nao formal no Brasil na atualidade, em particular a articulagdo dessas priticas educativas com a educagdo em museus, especialmente nas de arte. Ambos so campos tedricas e priticos ainda em consolidagao no pais, dai a relevancia de uma reflexio como a que propomos com esse livro, Para finalizar os exemplos, compartilho um que ¢ extero 4 nossa pritica, mas relacionado a ela. Trata-se da elaboragio de politicas piiblicas de cultura nos museus do 192 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 Estado de Sio Paulo, que percebemos como construidas em didlogo com as agdes educativas que estamos desenvolvendo desde 2002 na Pinacoteca O modelo adotado pela Secretaria de Estado da Cultura de Sao Paulo desde 2006 € 0 de estabelever coatratos de gestio com organizagdes sociais de cultura para a gestio terceitizada dos equipamentos culturais publicos desse Estado, com isto 0 patriménio piiblico & geride por uma entidade privada, Esse é um modelo bastante controverso eno € minha intengao defendélo ow discuti-lo aqui, apenas compartilhar trechos de um documento que orienta organizacées sociais de cultura que queiram participar do processo seletivo para a gestdo de trés equipamentos piiblicos do Estado entre os anos de 2019 a 2023, processe em andamento em 2018 para o Museu de Arte Sacra, o Museu da Imagem e do Som ¢ 0 Pago das Artes, os trés na cidade de Sdo Paulo No item 4 desse termo de referéncia, relative ao programa educativo, indicam-se come objetivos especificos da proposta a set apresentada: Desenvolver ¢ execurar projetos e agdes que promovam a incluso social, trazendo para 0 muscu ou levando @ muscu a lacais onde se encontram grupos saciais diversificados, marginalizados ¢ com maior dificuldade no acesso a equipamentos culturais (tais como pessoas com deticiéncia, idosos, pessoas em situagie de vulnerabilidade social) ou que estejam no entorno da museu, © mesmo Programa Educativo, em sua apresentacao, deve prever, entre outras agbes,a Realizagio deagdes educativas que contribuam com o trabalho de consciéne funcional; acessibilidade por meio da estouturagio de programas ¢ projetos que promovara a inclusio social ¢ cultural a grupos sociais diversificados, marginalizados ¢ com maior dificuldade no acesso a equipamentos culturais. (SAO PAULO, 2018, p. 42, 66,67). 193 LUGAR COMUM Rode Jsneia, n 56, derembrode 2019 Tanto a terminologia empregada no documento, quanto os piblicosalvo indicados, encontram ressonincia direta nos programas ¢ projetos educativos que desenvolvemos 20 longo da tltima década e meia na Pinacoteca,o que torna evidente para nds 0 quanta nosso trabalho educativo de longa duragdo ultrapassa os limites da propria instituig3o ao servir de referéncia on inspizagdo para a construcio de politicas publicas da area museologica em terimos regionais Para finalizar, retorno ao inicio do texto quando compartilhe! alguns questionamentos relatives aos resultados do tiltimo processo elextoral brasileiro, Ainda que tena clareza do alcance relativamente limitado das ages de educagio museal que desenvolvenios em nossas instituigSes, é inevitavel, neste momento, a muitos de nés profissionais que trabalhamos na rea da cultura e da educacio no Brasil, wma sensagio de fracasso coletivo, Mas junto a ela acompanha-nos um sentimento de urgéncia, como se nosso trabalho nunca tivesse feito tanto sentido e fosse tio necessdria como agora. Nosso desatio, portanto, & sobreviver institucionalmente, continuar ¢ aprofundar tais projetos. Referéncias bibliograticas AIDAR Gs CHIOVATTO, M; AMARO, D. (eds.) Entre a ago cultural e a social museu ¢ educadores em formagio, Sido Paulo: Pinacateca de S40 Paulo, 2016, Disponivel em: Acesso em junho de 2019. ANDERSON, D. Creativity, learning and cultural rights, In SANDELL, Ry NIGHTINGALE, E. (eds. Museums, equality and social justice. London & New York Routledge, 2012, p. 216-226. CENPEC/Equipe Educagio ¢ Comunidade. A infincia ¢ adolescéncia no Brasil; a diversidade como meio de promover a equidade. In CARVALHO, M. (coord.) Avaliagao: construindo parametras das agdes socioeducativas. Sto Paulo: CENPEC, 2005, p. 13-23, CERSOSIMO, Danilo. 6% dos braskies so a fiver dos dicts hummos In Acesso em junho de 2019. 194 LUGAR COMUM Rode Janeia, n 56, derembrode 2019 COELHO, T. Diciondrio critico de politica cultural: cultura € imaginario. Sio Paulo: Huminuras, 2012. COSTA, A. 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