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I SERIE —N¢° 138 — DE 23 DE JULHO DE 2022 4659 Fase 4." — Aprovagao dos Limites de Despesa ‘A aprovagao dos Limites de Despesa para o Orgamento Geral do Estado incumbe @ Comissio Econémica do Conselho de Ministros, sob proposta do Departamento Ministerial responsavel pelas Finangas Piblicas. (© Presidente da Repiblica, JoSo Manust, Goncatves Lourenco. (22-5830-C-PR) Decreto Presidencial n.* 20022 23 de © aprovisionamento de diversas tipologias de srs, numa perspectiva de curto e médio prazos, para assegurar a autossuficgncia do Pais para as cuturas do milho, aroz, trigo e soja, assim como reduzir a dependéncia da importa- ¢onestas culturas, constitu’ uma prioridade do Executivo; Hiavendo a necessidade de se promover a acelerago da produgo local, com maior predomindncia para a reaito Leste do Pais, nomeadamente nas Provincias da Lunda- -Norte, Lunda-Sul, Moxico e Cuando Cubango; Convindo garantir « sesuranga alimentar, gerar rendi- ‘mento, promover a competitividade e tomar Angola num grande produtor de gros na Regio Austral e Central de Affica, para assegurar a disponibilidade no mercado, de altos niveis de produso, garantindo a qualidade, o emprego € a utilizagao sustentavel dos recursos natuais; © Presidente da Republica decreta, nos termos da ali- nea b) do artigo 120.°e do n° 1 do artigo 125°, ambos da Constituipio da Republica de Angola, o seguinte: ARTIGO 1° Cprovacioy E aprovado o Plano Nacional de Fomentoparaa Produ de Grios, abreviadamente designado por PLANAGRAO, anexo a0 presente Decreto Presidencial, de que € parte integrante ARTIGO 2° ‘Aambitoy Jlementagdo do PLANAGRAO éde mbito nacional. ARTIGO 3° (@ividas¢ eanissoes) As dhividas ¢ omissoes resultantes da interpretagao ¢ apli- ccagdo do presente Diploma sao resolvidas pelo Presidente da Repiiblica ARTIGO 4° (Entrada em vigor) presente Decreto Presidencial entra em vigor na data’ da sua publicagao, Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 18 de Julho de 2022, Publique-se. Luanda, aos 22 de Julho de 2022 (© Presidente da Repiblica, Joxo Maxust, Goncatves Lounengo. PLANAGRAO. PLANO NACIONALDE FOMENTO. PARAA PRODUCAO DE GRAOS INTRODUCAO E ENQUADRAMENTO 1. Face a actual situago geopolitica global, comprome- tendo uma continua e regular oferta de gris e fertilizantes ‘no mercado intemacional, os especialistas antecipam que, no curto prazo, 0 mercado sera marcado por escassez de ali- ‘mentos ¢ aumento generalizado dos pregos. 2. A escassez de gros nos mercados intemacionai dificuldade de obtengao destes produtos ¢ a escalada dos pre- {908 praticados em 2022, face a anos anteriores (ver indice de Pregos de Gros na figura abaixo), sto condigbes de contexto que apresentam, simultaneamente, um desafio e uma oportu- nidade para Angola apostar no fomento da produsao de gros. Figura 1: Indice de Pregos dos Graos Fonte: International Grains Council 3. A extensio do terrtério de Angola e a existéncia de condigdes edafoclimaticas favoraveis representam um potencial extraordinario para a actividade agro-pecusria semelhianga do que aconteceu com o Brasil na década de 60, quando iniciou o Programa de Desenvolvimento Assicola da, Regio do Cerrado. 4. Anualmente, 0 cultivo de gros em Angola atinge uma quantidade total de 3 026 140 toneladas. Do total de gras, as culturas de milho ¢ arroz representam 98,5% do volume total da produto. 5. Eneste contexto que ¢ elaborado o Plano Nacional de Fomento para a Produsio de Gros — PLANAGRAO que tem como objectivo findamental contribuir para a soberania alimentar e nutricional, seguranga alimentar, aumentando a produto ¢ a produtividade. 6. 0 PLANAGRAO € um plano de fomento a produgao de gros em scala comercial, com as seauintes prioridades: trigo, aroz, soja e milho, com abrangéncia a nivel nacional, com foco nas Provincias do Leste de Angola, em conereto Lunda-Notte, Lunda-Sul, Mexico e Cuando Cubango. 7. De igual modo, o PLANAGRAO visa contribuir para © desenvolvimento de um Sector Agricola mais equilibrado ‘nivel teritorial, mais competitivo, inovador € amigo do ambiente, num quadro adaptado as singularidades de cada Provincia 4660 DIARIO DA REPUBLICA 8 Espera-se ainda, que PLANAGRAO promova as cadeias de valor dos graos, assim como o fomento da produ- 40 animal e sua cadeia de valor. 9 Do ponto de vista do seu enquadramento estraté- saico, 0 PLANAGRAO est em articulagao com 0 Plano de Desenvolvimento Nacional — PDN 2018-2022, na medida em que materializa a Politica de Fomento da Produgao, Diversificagao das Exportagdes € Substituigio das Importagdes, implementando 0 Programa de Fomento da Produgao Agricola. 10. O PLANAGRAO enquadra-se no conjunto de refor- ‘mas institucionais que 0 Executivo tem levado a cabo, nos lltimos 5 (cineo) anos, que vo desde ofomento da produgao agricola intema, a melhoria do ambiente de negocios e con- corréncia, a melhoria da competitividade e produtividade. 11. As reformas tém permitido a retoma de crescimento da_actividade econémica, estimando-se que 0 Produto Intemo Bruto (PIB), no I trimestre de 2022, tenha crescido na ordem de 2,6%, mantendo-se a dindmica de crescimento iniciada em 2021 (0,76), em fungo de um desempenho robusto do sector nao petrolifero, que tem sido capaz de con- trabalangar a queda sistematica do sector petrolifero. 12. O PLANAGRAO devera promover a transferéncia de conhecimento e inovagao nos sectores agricolas das areas Turais, nomeadamente: 4) Melhorar a viabilidade das exploragbes agricolas empresariais e a competitividade na produc de gros nas reaies com as melhores caracte- risticas edafoclimaticas para a produgio dos _mesmos e promover a uilizagao de tecnologias saricolas inovadorase sustentaveis i) Promover @ organizagio da cadeia alimentar, incluindo a transformagao comercializacio da prodgio animal e vegeta; iii) Restaurar, preservar € melhorar os ecossistemas relacionados 4 agricultura, ‘h) Promover a eficincia dos recursos naturais € incentivar a transigio para uma economia de baaixo carbono, capaz de se adaptar as mudangas climaticas no Sector Agricola; e +) Promover a incluso social, a reduso da pobreza e 0 desenvolvimento econémico nas éreas ruais. 13. Pretende-se que a implementagao do PLANAGRAO_ resulte, fundamentalmente, deuma articulagao e concertagao entre o Executivo ¢ 0 Sector Privado com Estado a criar condigdes como vias de acesso, disponibilizagao ¢ legaliza- 0 de terras, incentives e crédito a juros competitivos para 6 desenvolvimento da iniciativa privada, na operacionaliza- 80 do Plano. 1. OBJECTIVOS 14. 0 PLANAGRAO visa a produgo € aprovisiona- ‘mento das seguintes tipolosias de gros: trigo, aroz, soja e milho, numa perspectiva de curto € médio prazos (2022 2027) para reduzir a dependéncia da importagao destas culturas, ¢ acelerar a produgao local, com maior predomi- naincia para regio Leste do Pais (Provincias da Lunda-Narte, Lunda-Sul, Moxico e Cuando Cubango). 15. 0 objectivo geral do PLANAGRAO € garantir a seguranga alimentar, gerarrendimento e promover a competi- tividade com a intengio de, amédioprazo, tomar Angola num ‘grande produtor de 80s na regio australe central de Aftica. 16. Para o periodo de 2022 a 2027, 0 PLANAGRAO possi 9 objectivos especificos, nomeadamente 4a) Estinnular a produgao de outros cereais, ou outras culturas de consumo da populaglo, nomeada- mente, fij80, sirassol, massango, massambala eamendoim, 'b) Melhorar a produtividade dos solos ¢ consequente- mente arentabilidade das exploragies agricolas; ) Aumentar oniimero de empresérios agricolas (nacio- nais estrangeiros), eo emprego, quer através da criagio de incentivos que atraiam jovens qualifi- cados para a actividade, quer através da atracgl0 do Investimento Directo Estrangeiro — IDE de srandes empresas interacionais, que tragam tec- nologia ¢ know-how para Angola, ) Promover o desenvolvimento interno das cadeias de valor destes produtos, quer a montante quer a jusante, nomeadamente a transformagio dos srfos para o consumo humano (bebidas, éleos alimentares) © animal (rages), assim como 6 surgimento da industria de insumos, alfains aaricolas, © outros produtos derivados como produtos de limpeza, entre outros; €) Promover a estabilidade de rendimento dos pro- dutores, através do envolvimento da Reserva ExtratéaicaAlimentar REA, na compra de parte da produgao interna, ou até mesmo das compras da produgao nacional pels Insitugdes do Estado (Compras instinacionais), criando condigSes para 0 cescoamento da produga0 a presos justos; J Aumentar a investigagio cientifica e melhorar os padrées de qualidade, controlo de pragas, produ- tividade dos solos e sementes melhoradas 8) Promover o desenvolvimento azricola (através do desenvolvimento de inga-estnuturas de base), com a disponibilizagio de terrenos, que apre- sentem condigoes edafoclimaticas favoraveis a0 desenvolvimento destas culturas, contribuindo desta forma para um desenvolvimento econd- ico equilibrado destas resides, 1h) A médio prazo, eriar condigdes para a exportacao destes produtos, quer para a Regio Austral de Africa, quer mesmo para outras regies alta- mente exigentes em termos de normas e padres de qualidade; 4) Aumentar a resliéncia de Angola a choques exter- nos, como o$ recentes conflitos geopoliticos ou pandemias, bem como a resiliéneia climatica, tomnando 0 Pais mais autossuficiente do ponto de vista alimentar. 2. DIAGNOSTICO DA PRODUGAO E CONSUMO DE GRAOS EM ANGOLA 17. Em termos globais, verificou-se um aumento de 24% na produgio de gros desde 2017 até 2021, com especial des- taque para a produgo de milho (+259) e de arroz (+12%) I SERIE —N° 138 — DE 23 DE JULHO DE 2022 4661 Figura 2: Produgao de arroz, milho, trigo e soja (2017-2021) novo - wingdo—Yatige si Comcast Gag) fon) fn) fon) in) gant ott __ ova) _gevran sus 969 oma toste ate romoser 272618 Tue RIT DM EHH a ako sm soon 5887 o Ta % Ce MS ee eC ee) 18. Em relagio ao consumo, Angola apresenta um grau de 60% do valor referente a 2017. Destes produtos, 0 trigo de dependéncia significative da importagao destes produ- foi o que mais pesou, com 39% do total, seauindo-se 0 arroz. tos, tendo representado em 2021, USD 791 milhoes, mais com 33% Figura 3: Importagao de arroz, milho, trigo e soja, 2017-2021 (000° usp) Figura 4: Importagao de arroz, milho, trigo e soja, 2017-2021 (toneladas) Total 4662 DIARIO DA REPUBLICA 19. Devido implementago do Programa de Apoio a Produgo, Diversificagao das Exportagbes ¢ Substituigao das Importagdes — PRODESI, no tiltimo ano verificou-se ‘uma redugio das importagbes destes produtos (inclusive do arroz, representando a maior taxa de crescimento nos ulti- ‘mos 5 anos dos produtos em referéncia) Figura 5: Projeccdes de consumo de arroz, milho, trigo e soja (toneladas) oe Coa tae ee ‘ie ‘Culturas seleconadas = 2021 2 me 20 ms 1026 1007 ze : a a @ fe = = = a i a a * o~ seeegepesE* On soe ee ee = @- os 8 o@ 6 @ 8 @ * a a ee 20. Até 2027, projecta-se um crescimento médio anual do consumo destes produtos na ordem dos 6%, fruto do cresci- ‘mento da populagio ¢ dos habitos de consumo, Deste modo, espera-se que com a implementagao do Plano, a procura seja maioritariamente satisfeita com produglo intema, Para tal, faz-se necessitio adoptar um conjunto de medidas e de nvestimentos direccionados para a produgiio. Figura 3. ANALISE SWOT'DA PRODUCAO DE GRAOS 21. O actual desafio da economia nacional é investir na produgao de gros em grande escala com vista a contibuir para o processo de diversificagto da economia, Importa, por isso, analisar para a produgto de gros, quais as forgas e fraquezas, as oportunidades ¢ ameagas da estratégia a ser addoptada, através da andlise SWOT apresentada no quadro abaixo. Andlise SWOT | STRENGTHS - FORGAS ‘* Existéncia de mao-de-obra jovem * Existéncia de instituigdes de investigagao e formagao agro- pecuéria a nivel nacional Existéncia de recursos hidricos comerciais prima da agricultura Existéncia de condigdes edafoclimaticas favoraveis Existéncia de instrumentos financeiros a nivel dos bancos Isen¢do parcial de pagamento de taxas aduaneiras para a matéria- I SERIE —N° 138 — DE 23 DE JULHO DE 2022 © Baixa produtividade das culturas de graos | WEAKNESS - FRAQUEZAS | * Pouca mecanizagao no processo produtivo, processamento e transformacao # Alto nivel de acidez dos solos | « Sementes de batea qualidade ou de qualidade néo certificada |» Fraco controlo de pragas e doencas * Fraco aproveitamento dos recursos hidricos * Inexisténcia de seguro agricola e crédito especializado * Recurso a importagao da maioria dos insumos agricolas e factores de producao * Insuficiente capacidade instalada para o processo de demarcagao de terras e concessao de titulos | @ Inexisténcia de um cédigo de denominagao de origem | Défice de investimento no sector agricola | | | { * Mercados de commodities agricolas e cadeias de valor imperfeitos afectam tanto a lucratividade da fazenda quanto a seguranga alimentar | ® Alacuna de hal lucratividade idades na agricultura limita a produtividade e a © O sector agricola actualmente falha em maximizar a contribuicao e 0s beneficios para mulheres e jovens * Inexisténcia de pregos de referéncia para os graos DIARIO DA REPUBLICA OPPORTUNITY - OPORTUNIDADES * Insergdo na Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral | (SADC) e Comunidade Econémica dos Estados da Africa Central (CEEAC) com um mercado consumidor de mais de 200 milhées de habitantes e uma zona eminente de comércio livre RelagGes privilegiadas com os Paises Africanos de Lingua Oficial Portuguesa (PALOP) e Comunidade de Paises de Lingua Portuguesa (CPLP) com mais de 250 milhées de habitantes O crescimento econémico do sector nao petrolffero esté a criar | mercados internos e regionais para uma gama cada vez maior de produtos agricolas angolanos Uma populacao relativamente jovem sera incentivada ao | empreendedorismo | | © A inovacao agricola pode ajudar a melhorar a seguranga alimentar, | aumentar a renda dos agricultores e proteger os recursos naturais | | * Subida generalizada dos pregos dos graos a nivel mundial | Disponibilidade de terras araveis « Disponibilidade financeira para investimento no sector nao petrolifero pelo aumento das receitas petroliferas THREATS - AMEAGAS — "© Dominio das cadeias de distribuigao por parte dos importadores Morosidade e dificuldades no acesso ao crédito agricola Rede de infra-estruturas de apoio a produgao e distribui¢ao precarias e/ou em construgao | © Escalada dos precos e escassez dos insumos agricolas nos mercados internacionais Exigente quadro normativo e de certificagao para a exportagao | para Europa e EUA Alteragdes climaticas SERIE — N° 138 — DE 23 DE JULHO DE 2022 4665 METAS A ALCANCAR 22. 0 PLANAGRAO visa alcangar, para as exploragies| agricolas empresarias, um conjunto de metas relacionadas com: 1 O aumento da quantidade ¢ qualidade dos gris referenciados, substituindo, desta forma, 0 recurso as importagoes, ii) A melhoria da produtividade, utilizando a terra dis ponivel de forma mais eficiente e com melhores iti) O aumento da terra cultivada, com maior escala, em particular nas Provincias do Leste do Pais, 23. No quadro seguinte, apresentam-se as projec- es das metas a alcangar até 2027, tendo em atengto que serdo criadas todas as condigSes favoraveis ¢ colmatados os constrangimentos actuais enffentados pelos produto- res do Sector Agricola, no émbito da implementaao do resultados; € PLANAGRAO. Figura 7: Metas de produsao m 2 ‘rea Semeads AeeuCobida en Producto Produtdade Aes Sermeda Aven lhida em Praducde Podetividade a_i oe en etn) ta ot Qe = om » | a wm me 6 Q« mss) TD @« om om ass tae “— @ % = 7 ow a | oo mo im ow Total ma La 2ocom = a0 ta 24. Assim, perspectiva-se atingir uma produgao. iti) Investimento publico no desenvolvimento de total 5 002 282 toneladas dos aros referenciados da fileira dos cereais com um aumento de 279% da taxa de produtivi- dade, 1 102 000 toneladas de produso de gros da cultura seleccionada da fileira das leguminosas com um aumento de 182% da taxa de produtividade, perfazendo uma produ- ¢o total aproximada a 6 104 282 toneladas. 25. Relativamente as reas de cultvo para alcangar estas ‘metas, sero necessirios cerca de 2 miles de hectares, comparanco com os 244,361 hectares em 2021 26, Tendo em conta as pricridadesestabelecidas para cada ‘um dos produtos, 34% desta area devera ser alocada & pro-

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