You are on page 1of 158
MINISTERIO. DA EDUCACGAO E SAUDE. Estados Unidos do. Brasil SINFONIA #20" FF exp: em sol menor Alberto Nepomuceno (1864- 1920) COLEGAO DE MUSICA BRASILEIRA Publicacéo de ESCOLA NACIONAL DE MUSICA da Universidade do Brasil Rio de Janeiro 1938 ALBERTO NEPOMUCENO Sinfonia em Sol Menor Movimentos: I — Allegro con entusia mo. Il — Andante quasi Adagio. III — Presto Intermezzo. IV — Allegro con Fuoco Foi com Alberto Nepomuceno que a msica brasileira comegou a adquirir conscigncia de seu proprio valor. Artis: fa de transigio, acentua Luiz Heitor “entre 0 espitito do século XIX, na ‘musica brasileira, que era o de serviddo. A Europa e do século XX que era o da libertagéo”, Nepomuceno é considera- do efetivamente 0 verdadeiro patriarea desse movimento emancipador por ter em 1894, em Berlim, contando Nepo- muceno 30 anos de idade, s6 foi con- luda cerca de um ano mais tarde, em Paris ¢ revisada a instrumentagio de- pois de seu retorno ao Brasil. A parti- tura € dedicada a Leopoldo Miguéz, seu grande amigo e protetor, e a estréia, verificou-se num dos Concertos Popu- lares, a 19 de agosto de 1897, sob a re- éncia do proprio autor. Na Sinfonia, € como se a prepoté cia da forma e seus problemas ineren- tes afastassem a possibilidade de uma preocupario temdtica nacionalista, mais facil de obter nas eriag6es livres, de cariter rapsédico, que por sinal pre- dominam sempre na primeira fase de todas as escolas regionalistas emergidas dentro do romantismo. De qualquer modo, essa experiéncia de Nepomuce- no reflete o intuito de conceder & mi: sica sinfonica de nosso pais um cunho de seriedade e profundidade, adotando uma forma sélida como meio de ex- pressio, o que € significative sobretu- do numa época em que prevalecia uni versalmente a tendéncia a repsédia, & fantasia, a0 poemasinfonico descriti ‘Obra de juventude, a Sinfonia em Sol Menor é um trabatho modelar no enero, elaborado com uma unidade indissolivel do primeiro a0 iltimo tempo. A construgfo é clara, a inspira fo fluente e 0s temas se sucedem uns pds outros, todos eles de marcante apelo melédico. ‘A harmonia ¢ clissica, um pouco compacta como soe ser a de um orga nista, Alids, o misico cearense era exi- mio intérprete do instrumento predile to de Bach ¢ assim como Bruckner, Cesar Franck e outros, sua harmoniza- 0 deixa transparecer aquele peso ma- igo do clima organistico. Quanto 4 instrumentagio € a de um mestre, que sido em sua ép0%a 0 nico a acreditar na autenticidade de uma arte genuina- mente maths} suave do emprge sistematico das constantes ritmico-me- Aédieas do nosso populirio. Ele impri- iu um novo sentido estético aos re cursos nitidamente europeus da lin- suagem musical ¢ no conjunto de sua obra imensa chegou a realizaglo inte- gral dessa afirmativa, principalmente fem seu magnifico cancioneito, que do Ponto de vista histérico-evolutivo de fossa misica etudita representa um avanco considerivel, Nio obstante muitos de seus traba- hos apresentarem>caracteristicas alhsias essa tendéncia, ela predamina na produgo de Nepomuceno, como apesar de jovem, jé era senhor absol to de uma técnica aprimorada. ©. primsiro_ tempo, ALLEGRO CON ENTUSIASMO, encerra um pen- samento altivo. Iniciz-se com 0 ataque franco e decidido do tema principal emgol menor, 20 qual se sucede um ‘num acompanhammento de trompas que nos leva a um segundo tema — enérgi- co ~- em si bem, nas cordas. Obsorva- se curta preparagio, até atingirmos 0 climax deste movimento, um espasmo sonoro de toda orquestra, que em tr nnados nos faz chegat novamente, 20 te- ‘ma inicial, enquanto trompetes ¢ trom bones silenciam paulatinamente. A co- da € cheia de dor e paixio. O movi- mento conclui magestosamente. © ANDANTE QUASI ADAGIO, fem compasso quaternério, € um dos mais belos ¢ inspirados movimentos lentos de Alberto Nepomuceno, Con- tém uma frase larga, profunda e gene rosa, que penetra em nosso intimo. A melodia, apés ampla exposigfo do te- ‘ma, deslisa nas cordas dos violinos em sraciosos voluteios. O segundo tema imbuise de uma frase poliritmica de grande poesia. Ressurge 0 motivo ini cial, apés preparagio descendente de Quidlteras nos violinos em divisi, ep quanto violoncelos ¢ contrabaixos re- forgamse mutuamente, numa ascen: do grave como que ‘nfo querendo despegarse do solo, 0 que produz sur- preendente efeito “de dramaticidade, enquanto 0 belo adigio ressoa nos me- tais, entoado por toda a massa orques- tral em fortissimo, como se fora um hhino de liberagdo. Seguese um mosso (acelerado) que conduz 20 final, pri- meiramente com 0s violinos em surdi- 1na, depois com o clarinete e por fim a flauta, terminando © movimento com prova de uma coragem, perseveranga e fe inabalivel, par do seu grande amnor a tera AA Sinfonia em Sol Menor é uma das mais importantes critgdes de Nepomu- e2n0 no terreno sinfonico, elaborado em moldes tradicionais. Tratase da Sinica obra plasmada nessa forma musi eal que nos legou, muits embora hou- vesse em 1899 eibocado 0s dois pri melros tempos de uma nova sinfonia, na tonslidade de ré maior. Infelizmen- te no dew prosteguimento.d iia, f- cando o trabalho inacabado como mais uma das muitas tentativas embrioni- tias do mestee. A Sinfonia em Sol Me- ‘ot data do perfodo em que 0 compo- sitor.estudava na Alemanha. Iniciada SY um acorde sustentado em pianissimo guido pelos soprose violinos. O PRES- TO.INTERMEZZO “é um delicioso Scherzo com finuras de filigcana”. Ha uma alegria contagiante nessa pagina deliciosa. Tudo brinca, pula, vibra, nao obstante os acentos graves e severos que procuram 2 todo instante pertu bar aquela doida euforia. Um s6 mot vo em 3/4 saltita por sobre quase to- dos 0s naipes orquestrais. O Intermez- zo que se centralize no Presto, nada mais é do que o “trio” comum a forma sinfonice clissics. Encera uma frase brejera, totalmente distinta do restan- te da ‘partiturs. © slkimo tempo, ALLEGRO CON FUOCO, possui um calor magnifico. A orquestea engrossa- da de novos instrumentos, se delonga em interessantes episédios que se suce- dem ora em movimentas cxométicos, ora em movimentos diatnicos, Uma Marcha de ritmo sugestivo inaugura es se derradeiro quatro. O segundo tema € um motivo jovial rendithado pelos Violinos e contestado ascendentemente pelas flautas,seguindo-se uma coda de- rivada do tema principal. A seedo final comeca com uma fanfarra, que leva a repetigZo da coda em outra tonalidade, até nova literaglo da fanfarra, que dos metais passa 48 madeira e cordas, de- pois és cordas somente ¢ por fim a0 fagdte, 0 qual com os timpanos repete sacraticainente o ritmo primitivo sobre um pedal dos contrabaixos. Apés uma descida vertiginosa da orquestearetrea- da pelo ritmo surdo do bombo por so- bre o trémulo de violoncelos e baixos, a sinfonia chega 20 seu brilhante final, ‘com toda a orquestra arrematando no vibrar pomposo dos trombones, trans- pirando ligeiros impetos wagnerianos. ¢ iE ak SINFONIA — y SYMPHONTE, EM SOL MENOR v EN SOL MINEUR fi I, Alberto’ Nepomuceno, p * Berlim 1894, ‘0, Comenthiusiasmo, ‘£ Elautas Oboes Clarinetes B Fagotes Cornos F (Cors) Trombetas F (Trompetes) + Trombones A Tuba simpanosS= Triangulo Gran Cassa Piatti TS Violinos IIS Violinos Violas ‘Violoncellos Contrabaixos Viola 3 : Sub, ‘ the eiee vada 1S ‘Tap, Viol ello on. [BE Fi, ov. ctr, Fag, Con trp Th. Taba| ¥. 0b. Fag, Cor. Tp, ‘rb. Tuba, Tmp. Viol. Viola. Cello os, BEAM 12 Fl. legato o>. Fag, Cor, Trp viel} ola cn, DALEY ERE UT PERT bh xrrr FRREUT f x 19 Solo gat iii = i ¢ SS SS aS & Soe SSS Set ETS [eaowas posses pease J [bd 16 Con calma 1 Fl, on. ctr, Trp, ‘Tuba. ‘Tm. Viol Viola os, con mola expression Glarino in La dallargando poco HL 0b. Gir. ee Cor, Tp. Trp, ‘Tuba Tap Viol. Viola Cello} os, tempo 22 Viola a ron | $ | ! Viola Viel Ss nat =e ClRC 26 28 FL on. cr, Fag. Cor, Trp. Stee. Tubs Viol. $8 solo erese 30 32 Fi. ob. car. Fag. Cor. Tp. 1. ‘Tuba. Imp Viol. Viola Cello oR. Viol. | Viola Colle} 8. a4 Fl. ob. cir, Viol, Celto.| co : ob. legato FP cresc, molto Viol jehalo eresc. molto s- r en, rT eresc, male Cree. z a. £~, Fl. ob. clr. Fag. erese, molto Cor. Tp. os atdmpo az. Fl, ov. cnr, Fag. Cor. Trp. ‘Tb. Tuba Tmp,| Viol. “Tiola Soll’ Energica ‘arco Y / J aoa p a. @ A mL. >. cir, Cor, ‘Trp. Tidal Tp, ~— Vy oe Viol. ‘ . : ; Leyprece” HE ain Shp er ao ~ rs Viola pew a7 FL, 0b, ctr, Fag. Cor, Tp. Trb, Tuba ‘Tap. ‘Viol, ‘Viola rr oe PrPPr errr a. T 50 —T PER er 2 Ti a at Ot [es mt Se PF FP My erese, molto crese, molto (i eresc..molto erese, molto resc, motto 1" crest = rE FI ob. Viol. o.B. C1 Ls eo e Siesta ee ee a eee a a simile 2 ; simile on. Clr. Fag. Cor, Trp. Trb, ‘Tuba Tmp. Viol. Viola Fi, on, Fag. 8 Ft PHF RF RT rr F > Viel Viola ello 56 Flautas Oboes Clarinetes B Fagotes Le I tas F Ie Trombones Trombone Bas. Tuba Timpanos 18S Violinos TS Viotinos Violas Violoncellos Contrabaixos 87. CESE ~ ~ ~~ ff > Jb. Tb, ‘Tmp. “tol. “iota ello pv. Mh ~ p sui ot Un poco pit moss YL 2. Cor. Trp. Trb. Tuba. ‘tmp. [E = ———— Ga poco pit mosso Viol. Viola Gallo 62 Fi. Gon pasitone mb on. wy { a om. mag, Cor, Tb. ‘Tuba ‘Tmp, Viol. Viola ello OB. «on passione Be = thea Tempo I LZ, [ sargsitio ob, cr. Pag. Cor. Trp. Tre. Tuba Tmp | ‘Viol, + Viola Gallo ox] tng. fl ve. stringendo poco a pace stringendo poco a peco Viol. ” uP SSS SS SSE : SSS Viola | — fe # = tel oS = See yt SS on |S == = Teo t _ Baty SS === =e i t f 67 tema. = rall:mollo an pelts i Sf 7 > ratt.nato Jaron rall.molto 68) Fi. Ov. cis, Fag Cor. ‘Trp. Tr. Tuba, ‘tmp, Viol. Wiola Colts oR. Ua poco pur mosso P Un iis Un. poco-pil- mosso 69 Denia bo b did Bl we aT ling mb. vas, rp arb! vba mp | vol. No. 11] Solo WS? Tp. Fl ob. oir, Fag. Cor, Tp. Tr. Tuba, ‘tmp, Viol. Viola Celio oR n” 72 Imp. ion § i I; © I Viol. f a ~ Viow | RESTS SE ae Cotte fd See = 2 on, ov. cir. Fag | Cor. Tb. ‘Tuba ‘Tmp. res Viols. ms Viole Viola Cello ce. CIE, (est0s0. a string. string. string. string. string. string wirtsg, string Tri. & wlentando rr rt SS SL ee stentcnto slentande “alentando Hlentando 78 nm Ov. cin. Fags Cor, ‘Trp. Tr. Viol, Colle. os. Con sordino 0b. or. Fag, Cor. Tp, Tr, ‘Tuba ‘Tmp. Viol. Viola Cello cB. 80 Ii. Flautas Oboes i Clatineres Si [A Fagotes Cornos in F TOS Violinos IIS Violinos Violas st Fi Ht ur. Basns Cor. ‘Tmp. Viol. Alt. 3 cB FL. Hib. chr. Tmp. Viol. Cello os. 5% vi, Ht. cnr. Fag. Cor, ‘tp. ‘Tp. Viol. Alt. Catto oR. a. ob. el. Cors m1. Gor Gor, Trp. Viol. Viola Celle ATEN 1 ce SRERTE SR SEE RAMEE PRS FL. Ob. Trp. Wol, Viola Cello ox, 88 tmp. Viol. Viola. couto 9 2 — + = I ct n A as ee et A n mm Toba =e Se ae on. Qr Fag. Viol. Viola Cello cB. ‘90 FL. Ob. cr. cor. Trp. Twp, Viol. Colla ov. ar. Fag. Cor. Tp. ‘tmp Viol. Viela| Cello oR, 96 FI, ov. a. Fag. Cor. Tap. Viol. Viola Calle CB. Fl. 0b. Gin. Fog. Cor: 1p ‘Tp. Viol. Viola Cello oB. 98 100 Segue Intermezao 106 Andante Intermezzo 0 g2: doSeterzo (em 9) Fle Ee igitato ob. clr. Fag. Con. Trp. 7 ‘Trp. f= = Apdantd agitato dds ao Senerda Viol, Tiolas| on. FL. ob: cir. Fag. Cor. trp ‘tmp Viels. ‘Violas Cetls| cB. 107 108 Fi. cls Tmp,| YViols. ‘Viotas| Cette FI. ob. Trp. Viol. Viola Cello o.B 310 Clarinetas # Fagotes Trombones Trontbone Bas, Timpanos ‘ fiatri ARN SnEsR 18S Violinos MOS Violinos Violas Violonceltos Contrabaixos FL. ov. Fag: ‘Tuba IS Tmp, Viol Viola HEF Solo, — st ioe rc Flim Fl Ob Cor ‘wep ‘Tuba. Viol Viola Cello 114 Ftim, FI, ob cr. Tuba Tap, Viol. Viola| Cotte. o.3, Ftim, FL ‘Taba, ‘Tmp. Viol. ‘Viola Cello Hi. cr wag. | Cor. ‘Tp. Tb, ‘Tbe Trip. Viol. Viola Cello on pp | staczato i 2p fh Bp] staccato Fim FI o> clr Fag. Cor T ‘Tuba ‘Tmp Viol Viola Cello cB Phin, ri, ob. oir. Cor. ‘Tp, 3 Taba ‘mp. Viol. Viola Cello tat 122 Ftim! Fi, Ob. or, Fag. Cor. ‘Ne Trp Tr Taba Viol. Viola Cello cB. Flim, Fl, on. Taba. Viol, Viola Cello OE 7 © : Le iE Propara SOL (@) 124 Ftim FI ov. cir. Fag. Cor. Trp. Tb. Tuba, Viol. fiola lle OB, i 125 Oh, Pag. erese| molto Cor. Trp. Trb, ba Viol, Viola Cello cx, ‘Ftim| vi. Ob. clr] ‘rb. Viol. Viola Cello cz, ‘schertando Je\ tim Fl 0». Trt. Tuba tmp, Viol. Viola Cello ca, yoo Poo wo ff 2 Fl. ob, crr,| Pag, Con, Tp, Tx, cuba tmp, vello 2.8, Fr. on. ‘om Pag trp Tr. cuba mp. iol.| ola allo 2 B 133 184 Ftim Fl Ob. clr. ag Cor. Tr. “Tubs [2 Tp. | i frarcat Viol. Viola Cello} 435 Flim Fl. ob. ar. Fag) Cor, trp tr ‘Tubs| tmp A sampreP Viol. sempre p Viola Colo cB Ft staccato i a tina] Fi, ob. Tuba Tap, Viel. Viola conto SFE 138. Pl, ‘Tuba! tmp fe Viol, Viola Cello 0. eee Top. Phim, Fi, on. Perse. Sole. ?—— Tuba Viol. Viola] Colo Ee PAS cette a ch Ftim, FI. ov, cin, Trp, ‘Taba Tp, Viol, Viola Cello 0.8, ar Ftim, Fl ov. cir. Viol Viola Cello c.B a) Fim] Fl. Ob. ‘Viol, Viola Cello Ftim, Fi. ob. ol. Fag, Cor. Trp. Trb.| Tuba Viol. Viola Cello. o.B,| Cor. Tepe Tr, Viol. ‘TRIANGULO GR. TASSA Prim] Fl. ov. or. Tp. Tr. ‘Tuba Tmp.| Tre, Gr.c. Viol. Viola Colo CB, ay tim, Fi. ob. Viol. Viola Celle ©.8, eI £Fok og g 232823! 23:

You might also like