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APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO 1. Objectivo O presente texto tem por objectivo descrever as condigdes técnicas operacionais para a realizagéo de servicos de preparacao e aplicagdo de bet& projectado estrutural 2.Definigdes Beto projectado: betéo pneumaticamente transportado através de uma tubagem e projectado sob pressdo, a elevada velocidade e em simultaneo com a compactagao, sobre uma superficie adequadamente preparada. Beto projectado estrutural: bet&o projectado cuja finalidade € conferir capacidade resistente ou durabilidade a uma dada estrutura ou elemento estrutural Mistura_seca: mistura devidamente proporcionada de cimento, areia, brita - de granulometria adequada - e, eventualmente, de adigdes e adjuvantes em po. Mistura humida: mistura devidamente proporcionada de agua, cimento, areia, brita - de granulometria adequada - e, eventualmente, de adigdes e adjuvantes. Via seca: processo de aplicac4o do betdo projectado que consiste na alimentagéo, com mistura seca, da maquina de projeceo, sendo a mistura, ainda seca, transportada por toda a extenséio da mangueira, até @ extremidade, onde entéo, por um anel especial, acoplado ao canhao de ejecedo, é introduzida a agua, de maneira uniforme e em quantidade necesséria e suficiente para promover a hidratacao da mistura (Figura 1) [Figura 1- Esquema genérico do sistema de via seca para d projeceao de betiio (CROM, 1966) Via himida: processo de aplicagao do bet&o projectado em que a mistura humida 6 introduzida na maquina, como se de betéo convencional tratasse. A massa 6 entao transportada pela mangueira, sob pressao; até’o cantiao ejector, onde é introduzido ar adicional, por forma a aumentar a velocidade de projeccao (Figura 2). Via semi-himida: processo de aplicagao do beto projectado em tudo semelhante & via seca, com uma Unica - e fundamental - excep¢ao, que consiste em introduzir a gua num ponto distante cerca de 50 cm do canhao de ejecc&o, onde apenas é introduzido ar adicional ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 1 1. S. T, - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO [Figura 2 -Esquema do sistema de via humida para a projecgao de betao (CECW-EG, 1995) Canhdo: acessério final de qualquer equipamento de projeceao de betdo, através do qual se dé a ejeccao do material. E feito de metal, algumas vezes com a extremidade em borracha, sendo antecedido de um anel, na ligagdo com a mangueira, pelo qual é introduzida 4gua (via seca, fig. 3a, ou semi-huimida, fig. 4) ou ar (via humida, fig. 3b). Figura 3a - canhao ejector para sistemas de projecao de betdo por via seca (ACI, 1991) (COBRE- JIMTA, Figura 3b - canhao ejector para sistemas de projecgao de betao por via hamida (ACI, 1991) Curso EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 2 1. S. T, - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Manqueira: tubagem transportadora da mistura, desde a maquina de projeceao até o canhéo ejector, normalmente constituida de borracha especial, com revestimento interior anti-abrasivo, por forma a reduzir o desgaste, que é particularmente notavel no caso de via seca. Anel: pega metélica, dotada de furos igualmente espacados (sequencialmente desfasados, em relacdo ao eixo central, no caso de ser anel para agua) por forma a que, ao ser acoplado a ligago mangueira - canhdo (vias seca e htmida, figuras 3) ou a uma certa distancia do canhao (na via semi-huimida, figura 4), propicie a adicao de ar e agua (vias seca e semi himida) & mistura. No caso da adigao de agua, esta é feita uniformemente, e sob forma de aspersdo, a uma pressao superior & de transporte da mistura, que, a partir desse ponto, passa a ser uma massa hidratada Figura 4 - Canhao ejector para sistema semi-himido de projeccao de betao (APG, 1985) Cimenteiro: manejador do canh&o, é 0 técnico directamente responsavel pela operacéo de projeccao do betao. Qperador_de mdquina: é 0 técnico responsavel pela operacdo da maquina de projeceao, devendo garantir, ao cimenteiro, abastecimento continuo de mistura, de agua e de ar. Auxiliar de cimenteiro: 6 0 técnico responsdvel pela limpeza prévia do ricochete, durante a operagao de projeccao de betdo, devendo estar habilitado para substituir, em caso de necessidade, quer 0 cimenteiro, quer o operador de maquina Mdauina de projecedo: equipamento para a recepdo, pressurizacao e distribuigao da mistura, 2 qual pode ser introduzida de duas formas: descontinua, caso das maquinas de cémara dupla - fig. 5a - onde a conversao em distribui¢&o continua é feita pela consonancia no trabalho entre as duas camaras, ou continua, caso das maquinas representadas:nas figuras 5b (mistura seca) e 6 (mistura huimida). Figura Sa - Maquina de camara dupla- via seca | Figura 5b - Maquina de alimentacao (CROM, 1966) continua - via seca (MAHAR et al, 1975) CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 3 IS. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO. Ricochete: betdo projectado jé hmido que nao adere & superficie receptora e cai. A quantidade de material de ricochete é fungao de varios factores, entre os quais se destacam a pericia do cimenteiro, a quantidade de obstaculos 4 projecgao do betao - vardes de armadura, em especial - a posigao da superficie receptora, doseamento de gua (razao dgualligante) e composigao da mistura. Figura 6a - sistema convencional para projecgao de Figura 6b - sistema duplo de eto por via hamida (RYAN, 1973) projeccao de betdo (APG, 1990) Painel de ensaio: 6 0 receptdculo para betdo projectado utilizado para o controlo das caracteristicas do material. Usualmente tem dimens6es de 600 x 600 x 120 mm®, com fundo em madeira resistente - por forma a suportar o impacto do betao - paredes laterais em barras de ago e rede em malha metalica, por forma a propiciar a fuga do material ndo aderente (ricochete), como se pode observar na figura 7. renee [Figura 7 - Painel de ensaio para controlo das caracteristicas do betdo projectado Curso EM DURABILIDADE, REPARACAO E REFORGO DE ESTRUTURAS. is LS. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO 3. Introdugo a tecnologia © recurso & projeceo sob presséo como meio de colocac4o do betao resulta, primordialmente, da acco conjunta de quatro propriedades * dispensa do uso de cofragens; + auto-sustentabilidade, mesmo em aplicagdes em superficies horizontais invertidas; + compactagao em simulténeo com a aplicacdo; * possibilidade de utilizacdo mesmo em situages de dificil acesso. Outras propriedades se podem ainda destacar, tais como menor permeabilidade e porosidade e grande capacidade de aderéncia A superficie sobre a qual é projectado, aspectos que tornam o material apropriado @ reparacao de estruturas, mesmo no caso daquelas em que o meio ambiente seja agressivo. Em resume, tais caracteristicas resultam da forca do impacto de uma mistura bem doseada sobre as superficies receptoras. Esta forea provoca a compactacéo da matriz da pasta do betéo contra as irregularidades de superficie, 0 que implica o aumento da capacidade de adesao imediata e, em consequéncia, a produgao de uma camada de material de alta densidade. Assim, e em sintese, 0 beto projectado pode ser entendido como um material resistente e duravel, que apresenta excelentes caracteristicas de aderéncia a betées mais velhos - armados ou nao - ao aco, a pedra e até mesmo, em determinadas situagdes, a outros materiais, e mesmo se langado de baixo para cima Quando bem aplicado, 0 bet&o projectado atinge desempenhos comparaveis ou mesmo superiores aos de um betéo convencional de idéntica composi¢o. Por outro lado, se for aplicado com inctiria, pode criar condigdes extremamente deficientes, tanto em termos de resisténcia quanto de durabilidade, Hoje em dia, tanto a via seca como a humida sao largamente utilizadas, quer em construgdes novas - em especial aquelas que apresentam geometria nao convencional - quer na reparagao de betéo degradado, para além de varias outras aplicagdes - conteng&o, refractérios, esculturas, etc - que no sdo objecto da presente instrugao, A conveniéneia da utilizagao ou nao do betao projectado emana, directamente, da conjugagdo simultanea dos aspectos relacionados com o custo do material e com a certeza da habilitagéo da equipa responsdvel pela aplicagao do mesmo - adequabilidade do equipamento incluida - ou seja, por outras palavras, da andlise do confronto garantia de qualidade x custo. Esta andlise serd feita, em conjunto, pelo Dono da Obra e pelos) especialista(s) - Consultor, Projectista e Empreiteiro - que sero os responsaveis pela decisao final. As maiores criticas & utilizago do beto projectado, em especial por via seca, vao para a grande dependéncia que a qualidade do resultado final tem do cimenteiro, facto que é mais sensivel ainda nos trabalhos de reparacao de betéo armado, particularmente no que se refere garantia do perfeito envolvimento das armaduras por um meio alcalino, Esta dependéncia resulta do facto de ser o cimenteiro quem deve responder directamente pela correcta aplicagéo do material, pelas espessuras de betao definidas no projecto, pelo maior ou menor indice de ricochete e, nos casos de via seca ou semi-hiimida, pelo doseamento da quantidade de agua a introduzir, através da regulagao da valvula de controlo, junto ao canhao, ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 5 |. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO Portanto, para garantir a qualidade do produto aplicado, 0 cimenteiro - e também os seus auxiliares - tem que demonstrar, cabalmente, durante a execugao dos ensaios prévios, proficiéncia na alimentac&o, projeceao, e controlo da maquina, sendo fundamental que esteja acostumado com a maquina que vai operar e que tenha a certificagao exigida para o caso, que é obtida de acordo com os parametros da ACI ou da Concrete Society. encarregado é 0 responsavel pelo estabelecimento e controlo do sistema de comunicacao entre 0 operador de maquina e o cimenteiro, sem 0 que a operagao poderd estar condenada ao insucesso, especialmente no caso de projeccéo de bet&o por via seca. 4.Os processos de aplicagao Os processos de aplicagao do betdo projectado podem, basicamente, ser reduzidos a dois, via seca e via hUmida, podendo-se considerar a via semi-himida como uma alternativa muito particular & via seca. A via semi-himida é utilizada, normalmente, quando questdes de ordem ambiental - principalmente - ou operacional exigem a minimizago da poeira expelida durante 0 proceso de projeceéo da mistura, na boca do canhdo. Entendendo-se que a escolha do processo a aplicar é fundamental para o sucesso técnico e econémico da utilizagéo do betéo projectado, sera util a observagao do Quadro |, onde so confrontados métodos executivos e resultados médios a obter, num e noutro proceso. ‘Quadro 1 - Comparacao entre os processos de via seca e de via himida, ‘ASPECTOS VIA SECA VIA HUMIDA, [iTipo de Mistura fstura seca [Mistura humida, Passagem da misfura da maquina & mangueifa |impulso a ar comprimido, alAr comprimido jonar roda_dentada ou F rotor de alimentac3o "Transporte istura seca 8 —arfMistura_homida a al mprimido. mprimido [j/Passagem da mistura da manguelra ao canho fe introdugao de @gua|Com adigao de ar, par reso superior @ deaumentar a presséo. di ransporte da massa rojecgo do material [5 ProdugSo de posi Elovada Discreta, [e.Ricochete do material Elevado. [Discreto. ‘Garantia de envolvimento total das armaduras [Grande ‘Dependéncia da mo de obra [Elevada [Discreta ‘Controlo da gua introduzida IEm muito dependente dojidentico ao do _ beta kimenteiro [convencional [10 Distancia maxima de transporte Horizontal: 350 m es 150m jestical: 150 m. jertical: 30m liiProdugso [Baixa (= 1mm) Normal (4 a 5 @v7n) [12 Custo de impeza e manutengso do equipament]f6abxo [elevado [13 Possibilidade de interrupe0 do proceso (Sim. ‘fRaramenta | [14-Resisténcia inickal levada JNormal | I1S.Capacidade de aderéncia & superficie receptora [Elevaca, [Normal [16 Permeabilidade Baba jormal 5. Tipos especiais de betao projectado 5.1. Beto projectado com fibras, Da mesma forma que para o beto convencional, a adicao de fibras de aco, vidro ou sintéticas traz ductilidade ao betdo projectado, propiciando a melhoria de algumas caracteristicas ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 6 1. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO Neste dominio, hé maior experiéncia na utilizagéo de fibras de polipropileno, em especial a Fibermesh Harbourite 320, tendo vindo a obter-se bons resultados, que se reflectem em beneficios para 0 betao projectade, tais como: ‘aumento da compacidade; + inibigao da fissuracdo por assentamento plastico e por retraceao; ‘aumento da resisténcia a traccéo; «aumento da dureza e da resisténcia a abraséo; + excepcional aumento de homogeneidade da mistura, com plena capacidade de redistribuigao das tensdes localizadas. Em qualquer caso, a adigao de fibras a mistura implica uma ligeira adaptagao nos canhées, por forma a que, preferencialmente, o ponto de inserg&o das fibras ocorra muito préximo do de ejecgao (figura 8a). No caso da mistura humida, é mais comum a manutengao do equipamento convencional, observando-se, normalmente, alguma redugdo na pressao de ar necesséria, e, por outro lado, o aumento da possibilidade de aglomeracdo de unidades fibrosas e, consequentemente, do entupimento da mangueira. Figura 8 - Introdugao de fibras na aplicagao do betdo projectado (HENAGER, 1980) Na via seca, é promovida a ja citada alteracéo do canhao, para que as fibras possam ser introduzidas & uma disténcia de, aproximadamente, 40 a 50 cm do anel de Agua (figura 8b), devendo preferir-se a projecc4o em sistema de via semi- humida. Como referéncia, a razéo maxima recomendada para adi¢o de Fibermesh a mistura é de 0.9 kg/m? 5.2. Beto projectado aditivado com latex A incorporagao de polimeros ao bet&o projectado pode ocorrer com a substituigao total ou parcial da agua de amassadura. Quando a substituig&o é total, ao invés de gua tem-se uma emulsao polimérica (normalmente o butadieno estireno) dispersa na mistura, deixando ent&o de existir cimento hidrdulico e sendo formada uma matriz polimérica, pelo que 0 produto assim constituido é chamado “cimento Portland polimérico’ A adigao de latex possibilita 0 aumento da capacidade de resisténcia a tracgdo e flexdo e confere maior resistencia & penetrag&o e difusao de ides cloreto, pelo que é Tecomendavel para a reparagao de estruturas marinhas, A razdo emulsao/égua dependeré de cada formulacdo, e maioria dos fabricantes sugere a utilizagao de latex no processo de via seca, Sao tomados cuidados especiais na formulacéo da emulséo, para prevenir a formagao de um filme polimérico denso e impermedvel na interface entre o betdo projectado e a superficie receptora, 0 que poderia inibir ou mesmo impedir 0 desenvolvimento da aderéncia entre os dois betes. Curso EM DURABILIDADE, REPARACAO E REFORCO DE ESTRUTURAS 7 I. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO 5.3. Beto projectado aditivado com microsstlica A microssilica @ um material pozolanico, muito fino, constituido de silica amorfa (Si 02), em pequenos glébulos, com diémetro da ordem de 10 mm. Devido & forma e a extrema finura das particulas, a adic&o de microssilica & mistura altera algumas propriedades do betdo projectado, ao aumenter a capacidade de aderéncia ao substrato e as resisténcias compressao e a tracgo, ao reduzir a permeabilidade ¢ a porosidade e ao inibir a penetracao e difusao de ides cloretos. Existem outros aspectos vantajosos para a utilizagao de betdo projectado aditivado com microssilica, tais como a redugao do ricochete e uma maior resisténcia & lavagem do bet&o por égua corrente, quando em idades ainda jovens. No caso de betdo projectado aplicado por via seca, a quantidade de microssilica cifra-se entre 10% a 15% do peso do cimento, sendo adicionada a mistura antes da introdugdo desta na maquina. S40 tomados cuidados adicionais nesta operacao, para prevenir a perda de finos. 6. Materiais componentes O beto projectado é um composto de cimento, agua e inertes, podendo, em casos especiais, receber adigées (microssilica, latex, fibras, etc) ou adjuvantes (incorporadores de ar, aceleradores de presa, etc), sendo o recurso a estes tltimos mais comum no caso de via humida. Assim, os materiais componentes do betao projectado atendem, basicamente, as especificagdes habitualmente adoptadas para © bet&o aplicado convencionalmente, contando apenas com as necessarias adaptagées, decorrentes da propria forma de aplicagao. O cimento a ser utilizado para a aplicag&o de betao projectado 6, normaimente, o Cimento Portland Normal, com classe de resisténcia e tipo indicados no Projecto. Em particular, a substituigéo parcial de cimento por cinzas volantes ndo deve ultrapassar os 15%, considerando sempre as implicagdes do retardamento que causa no desenvolvimento da resisténcia em idades mais jovens e obedecendo ao prescrito na prNP 4243, em termos de especificagées e de controlo da qualidade, No caso de betéo projectado, no é usual a substituicao parcial de cimento por cinzas volantes aquando de via seca. Ja por via humida, este procedimento aumente a trabalhabilidade, a resisténcia ao ataque dos sulfatos e a compactacao sob pressdo - permite trabalho em distancias de transporte maiores - diminuindo a expans&o causada por reaccées alcali - silica ‘A reacgo da microssilica, quando adicionada a mistura, é mais rapida que as de outras adig6es com propriedades pozolanicas, devido & sua superficie ser muito maior que @ do cimento. Assim, e em fungdo de tal finura, torna-se essencial um adequado estudo da composicao a adoptar, complementado com ensaios sobre as caracteristicas que tal adigdo interessara incrementar, por forma a que, em fungao da finura da mistura, nao haja necessidade de se promover um grande aumento na raz&o agua / ligante. Particularmente, no caso de aplicagao de beto projectado por via humida, s&o adicionados plastificantes redutores de agua, para prevenir tal inconveniente. A adic&o de microssilica resulta na melhoria de diversas caracteristicas do betdo projectado, tanto em termos de resisténcia, como em relacao & durabilidade, Por causa de sua extraordindria finura, as particulas de microssilica preenchem os espacos microscépicos existentes entre as particulas de cimento, reduzindo a permeabilidade e aumentando a densidade do beto projectado, Curso EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 8 |. S. T, - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Na adiggo de latex as misturas de betdo para projeceao por via seca, chama-se a atengao para 0 facto de no existir regulamentagao nacional sobre 0 assunto, pelo que se recomenda a observacdo da especificagao ACI C595-82 A.utilizago de incorporadores de ar fica restrita a via htimida, posto que o processo de mistura requerido para a formacdo de bolhas de ar ndo ocorre na via seca. Da mesma forma, o recurso a plastificantes redutores de agua também nao se aplica a via seca, devido @ ineficacia do produto quando aplicado, misturado 4 agua, no canho. Nao é admissivel 0 recurso a retardadores de presa Adjuvantes aceleradores de presa sao largamente utilizados em betéo projectado, sendo normalmente adicionados, sob a forma liquida, junto ao canhao, quer na via humida como na via seca, podendo, para esta ultima, ser incorporado, sob a forma de p6, & mistura seca. Esta hipdtese, normalmente, nao é recomendada, pela dificuldade que apresenta na garantia do correcto doseamento e da adequada homogeneizacdo com o restante da mistura, pela propria forma como esta se da, Relativamente incorporaco de fibras a misturas de bet&o para projeceao, chama- se a atenco para 0 facto de que tal utilizacdo esté condicionada a realizado prévi de ensaios que comprovem a obtengo das caracteristicas desejadas. 7. Critérios para o estabelecimento da composigéo 7.1. Generalidades De uma forma geral, a tecnologia comumente adoptada para a determinagao das composig6es para 0 betao convencional pode ser também aplicada para o betéo projectado, devendo-se, no entanto, analisar, em cada caso, as caracteristicas que se deseja atingir, os condicionantes locais e o equipamento disponivel E de se levar em consideragao, por outro lado, que devido a rejeicao natural das porgées nao aderentes, que retornam apés impacto contra a superficie receptor, as dosagens prévias do bet&o projectado normalmente no sejam reproduzidas, fielmente, no material constituinte das superficies betonadas, pelo que os ensaios a partir de carotes tirados do bet&o aplicado sao parte importante para o conhecimento da composigo do material efectivamente existente, O estudo da composigao de uma mistura para betdo projectado busca atender, em simultaneo, requisitos que garantam o melhor desempenho, nao sé quanto a resisténcia e durabilidade, mas também quanto a trabalhabilidade e indice de ricochete do material, factores estes directamente regulados pela agua introduzida & mistura. Por outro lado, 0 desgaste do equipamento e a garantia da penetragdo do betéo projectado por entre os vardes da armadura existente so aspectos directamente dependentes da granulometria dos inertes utilizados. 7.2.Via seca Na aplicagao de betdo projectado por via seca hé, sempre, um factor “ptimo” de Agua a incorporar, posto que se a quantidade de agua é pouca, a percentagem de ricochete é exagerada e se, por outro lado, é adicionada’agua em excesso, a massa ‘escorre por sobre a superficie; em qualquer dos casos, o resultado 6 mau, pois a aderéncia é reduzida. A expectativa é a de trabalhar-se com uma razo agualligante inferior a 0,40 Em termos de inertes, existem algumas granulometrias sugeridas na vasta bibliografia existente sobre o assunto, merecendo particular destaque a constante da ACI 506-R-90, que a seguir se reproduz (Quadro Il). Curso EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS: 9 1. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGCAO, ‘Quadro Il- valores limites para as percentagens de inertes passantes - via seca (ACI, 1990) | Taina dos peneiros | _argamassas betes (um) (camadas finas) | _(camadas espessas) 1st 100 100, 12.7 100 100 9.52 100 ‘90 - 100 4.76 95 - 100 70-85 2.38 ‘80-100 ‘50-70 1.19 50-85 35-55 0.59 25-60 20-35 0.297 710-30 8-20 0.149 2-10 2-10 Os valores indicados no Quadro Il sao entendidos como referencias, se bem que a experiéncia, em Portugal, tenha demonstrado a sua validade. Em qualquer caso, s&0 ajustados 4s condigdes locais e 20 equipamento, buscando-se, sempre que Possivel, uma curva granulométrica continua. No caso do betdo projectado por via seca, a adaptacao de curvas tradicionais de referéncia para a composigao é complicada, pela ja citada dificuldade em se avaliar o valor efectivo da razdo gualligante (fortemente afectada pela quantidade do ricochete) e porque o betao assim conseguido no pode ser considerado plastico, pelo que a compacidade da mistura sera mais determinante, na composigao, do que a razao AIL. PRUDENCIO (1993) sugere a adopgao de uma metodologia para o calculo da composigao de betdes projectados aplicados por via seca baseada na comparagao entre a resisténcia média esperada e a relagdo inertes/cimento efectiva, teoria que se tem mostrado bastante adequada. O Quadro III mostra a variacao introduzida no valor da relagao inertesicimento, se, para uma mesma aplicagdo, for calculada na mistura seca e, depois, no betéo que foi projectado, considerando-se uma situagéo com indice médio de ricochete. Quadro Ill - Valores limites para a razAo ligante/inertes no betéo projectado aplicado por via seca (ACI, 1985) ‘mistura seca ‘material aplicado (razao teérica) (fazio efectiva) 1:3,0 1:20 1:35 1:28 1:40 1:33 1:45 1:36 jes) 1:38 16,0 14d Seja qual for 0 método a aplicar para o calculo da composigao do betdo, é importante a realizaco de ensaios em obra, em especial para a avaliagao do endurecimento inicial do bet&o, o que pode ser conseguido, com razoavel preciso, através do recurso a utilizagdo do penetrémetro de agulha de Préctor. 7.3.Via Himida beto projectado por via htimida, devido as exigéncias do processo de projecc&o, apresenta caracteristicas semelhantes aos betdes plasticos convencionais. Desta forma, a razdo agualligante é o parametro determinante para as caracteristicas de resisténcia e durabilidade do betao a obter, estando condicionada ao tipo de equipamento disponivel. CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO & REFORGO DE ESTRUTURAS 10 |S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO Assim, 0 proceso de calculo da composigao para os betdes a aplicar por via humida comega pela determinacdo do consumo de cimento necessario ndo para a obtencéo da resisténcia caracteristica, mas sim para a garantia de aderéncia da massa projectada a uma parede ou tecto, 0 que leva, normalmente, a consumos da ordem de 450 a 500 kg/m*, admitindo-se uma raz4o égua/ligante inferior a 0,45 (Quadro IV- valores limites para as percentagens de inertes| passantes - mistura hamida (ACI, 1990) ‘malha dos peneiros betdes (mm) (camadas espessas) 19.4 100 12.7 80-95 9.52 70-90 4.76 50-70 2.38 35-55 1.19 0.59 0.297 0.149 Em termos de inertes, tal como para a via seca, hd que procurar uma granulometria continua, recorrendo-se, como ponto de partida, as sugestdes da ACI 505-R-90 (Quadro IV), para situagdes de Bmax = 19.1 mm. 8.Equipamentos 8.1.Via seca Os equipamentos para aplicagdo de betdo projectado por via seca podem ser de camara dupla (figura 5a), de cAmara Unica (j4 em desuso, em funcéo da impossibilidade de operacéo ininterrupta), ou de alimentagao continua (figura 5b). As maquinas de c&mara dupla permitem operacdo continua, porque a propria diferenga de presséo entre a camara superior e a inferior garante a vedacao necessaria para promover a adequada homogeneizacéo da mistura e a ejeccdo do material para a mangueira, como ilustra a figura 9, na pagina seguinte. As maquinas de alimentagéo continua utilizam uma cavidade no rotor como segunda camara, sendo a vedagao garantida, 2 espagos, por um anteparo, em forma de placa, por sobre o rotor. Assim, a mistura seca cai, por gravidade, da tremonha para o rotor, pasando por furos estratégicos existentes, a intervalos, nas. placas vedantes, Este “abre e fecha’ é aproveitado, temporalmente, para que a cavidade inferior receba ar sob pressdo e ejecte a mistura para a mangueira transportadora (figura 10). Em qualquer caso, a maquina a adoptar é dimensionada para atender as exigéncias do trabalho, sendo capaz de propulsionar a mistura seca, através da mangueira, até a extremidade do canhao, onde a projecgao deve acontecer sem interrupsdes, ‘A méquina permite 0 controlo da presséo de ar que movimenta a mistura e da pressdo de agua que penetra no circuito pelo anel, junto ao canhéo. Todo 0 equipamento é rigorosamente limpo, ao final de cada betonagem, sendo igualmente objecto de manutengdo cuidada, em especial dos pontos criticos, tais como as conexées, a parede da mangueira, o anel d'dgua, a tela interna das maquinas de alimentagao continua e as valvulas-cone das maquinas de cdmara dupla CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS "1 LS. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICACAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO Figura Ga - 1° estagio [Figura 9b - 2° estagio la) - valvula - cone inferior fechada, pelala) - cdmara superior caregada e pressurizada ldiferenca de pressdes entre as cimaras |b) - abertura da valvula - cone inferior com al b) - camara inferior pressurizada lequalizagao de pressies c) - exaustdo na camara superior \c) - passagem da mistura para a cdmara inferior ld) - abertura da valvula - cone superior Figura 9 - Sequéncia operacional em maquinas de camara dupla para aplicaco do betio projectado por via seca (TEICHERT, 1979) 10a - sec¢ao transversal damaquina| Fig. 10b - placas vazadas acopladas aos rotores [Figura 10 - Maquinas de aplicagao de betio projectado por alimentagao continua (APG, 1985) 8.2, Via hémida As maquinas comumente utilizadas para a aplicac4o de betdo projectado por via hdmida so as de alimentagao pneumatica, em que quantidades da mistura so introduzidas na mangueira por ar comprimido, que é injectado adicionalmente, no canhao de projeceo, para aumentar a velocidade de saida (figura 6a). ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 12 I. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Mais recentemente, comegaram a ser utilizadas maquinas de duplo uso, ou seja, que permitem tanto a utilizacao da via seca como da via humida (figura 6b). 8.3. Equipamento auxiliar Betoneiras: Na grande maioria dos casos, os componentes para bet6es aplicados por projeceéo sao doseados e misturados em equipamentos que podem ser deslocades com facilidade. Como a influéncia de composicao € muito grande no resultado dos servicos a obter, dé-se preferéncia a que a medigéo dos comprimentos seja feita a peso. O importante, quanto a dosagem e mistura, 6 que 08 procedimentos garantam a continuidade da operacao. A betoneira é limpa ao final de cada grupo de operagdes, sendo tomado o maximo cuidado para que seja prevenida a perda de finos, nao sé pela alteragao que implica na composigao , como pela poluicao ambiental que inevitavelmente provoca Compressores: E utilizado um compressor de ar devidamente dimensionado para manter as operagdes dentro de padrées satisfatdrios, suprindo ar limpo, seco, isento de dleo e capaz de manter velocidades adequadas para o material ejectado pelo bico, enquanto simultaneamente fornece ar comprimido para outros equipamentos. A quantidade de ar requerida varia de equipamento para equipamento, tendo-se em conta que a vazao devera é ajustada em funcdo da idade do compressor, da altitude do local, da producao de beto e do tipo de mangueira, O Quadro V (ACI 85) fornece relagdes médias entre débito de ar requerido e a produgdo maxima de betdo, em fun¢ao do diametro interno da mangueira utilizada, Para projeceao de beto por via seca, assumindo-se, no quadro, os valores base de 45 m para disténcia horizontal e de 7,5 m, acima da maquina, para altura de projeccao, Em qualquer caso, o compressor de ar tem que poder suprir, no minimo, 2,8 m*/min de ar, por cada canhao, sendo a pressao mantida constante, sem oscilagdes. Geralmente as pressées de trabalho so aumentadas 40 Pa para cada 15 m adicionais de mangueira ou para cada 7,5 m adicionais de elevacao. ‘Quadro V - débitos de ar requeridos - via seca (ACI, 1990) ‘capacidade do compressor, a] __diametro interno da pprodugao maxima 0,7 MPa (am'/min) ‘mangueira (mm (mm) 10 25 34 2 32 6 14 38 69 20 44 78 25. 50 a2 28. 63 15 Dependendo da humidade ambiental, pode ocorrer depésito de dgua - vapor - no fiuxo de ar comprimido, 0 que é evitado pela instalagao de um filtro, na saida do compressor. ‘A betonagem por via htimida exige menos caudal de ar do que @ via seca, mas o compressor opera, normalmente, com capacidades superiores, O didmetro interno das mangueiras de ar que ligam o compressor as maquinas deve ser pelo menos igual ao da mangueira de transporte do material, tendo dimensées suficientes para gerantir o volume de ar apropriado as operagSes. As mangueiras para ar admitem coeficiente de seguranga 2,0 (aguentam, no limite, pressdes iguais ao dobro das de trabalho), so resistentes aos dleos e & abrasdo € sao flexiveis. CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 13 I. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Suprimento de aqua: A press&o de agua é constante, sendo suficiente, no caso da mistura seca, um fluxo de 45 min bombeado por 0,6 MPa. A pressao de agua, no canhao, 6 superior & do ar comprimido, para assegurar uma hidratacéo adequada da mistura (figuras 11). Existem manémetros de facil acesso e de leitura imediata, para controlo da pressao. ‘As mangueiras de agua devem ser compativeis com a pressdo aplicada, sendo o diémetro minimo admissivel igual a 20 mm. Fig. 14a - projecgao adequada (ALIVA, 1978) _| Fig. 14b - projecqao incorrecta (ALIVA, 1975) Manqueiras: As mangueiras para transporte de material tém diametro interno pelo menos igual a trés vezes 0 maximo diametro do inerte, De uma maneira geral, as mangueiras devem ser leves e flexiveis, revestidas com material interno resistente & abrasao, sendo acopladas a um fio terra, quando existir a hipdtese da ocorréncia de electricidade estatica As tarefas de manuten¢do devem incidem, especialmente, nas conexdes e sobre mangueiras j4 com muito tempo de utilizacdo. 9. Metodologia de aplicacao para betao projectado A aplicagao do betao projectado 6, no caso da via seca, um trabalho poluente, em especial pela poeira agregada ejeccao da mistura e pelo ricochete do material, pelo que deverdo ser tomados todos os cuidados com a protecgo das construgées existentes, de equipamentos e bens que estejam préximos, assim como dos operarios envolvides no trabalho. Antes do inicio de qualquer trabalho de aplicag4o por projecso, a composi¢ao do betéo deve ser devidamente estudada, o que inclui a execugao dos ensaios de campo para avaliacéo prévia das caracteristicas desejadas para o material, em especial, e, pelo menos, as de resisténcia a compressao e de permeabilidade. Deve ser dada preferéncia @ medigéo e dosagem em peso dos componentes do betdo a projectar. Os equipamentos de pesagem e mistura devem ser capazes de manter um fluxo adequado e continuo de material homogénes, ficando as particulas de inerte perfeitamente revestidas com material cimenticio. No caso mais comum, em que as misturadoras so betoneiras de pequena dimensdo, o tempo minimo de mistura no pode ser inferior a dois minutos. Apés a mistura na betoneira, o material deve ser aplicado no prazo maximo de 1 hora, e de uma sé vez, ou seja, tanto a betoneira como a maquina de projecao tém que descarregar todo o produto de cada vez, sendo ambas limpas pelo menos uma vez ao dia. No caso de via seca, a mistura é tal que fii sob ritmo constante pela mangueira, cuidando-se em especial da humidade dos inertes, para que nao haja excessos que Possam provocar entupimentos, mas para que, por outro lado, seja garantida a melhor ades&o entre agregados e ligantes e sejam prevenidas descargas electrostaticas. O ricochete nunca é reutilizado CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 14 I. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO, Ao iniciar 0 trabalho, é introduzido apenas ar pela mangueira e, apés a comprovagao do correcto percurso até a saida do canhdo - informagdo a prestar pelo cimenteiro - e do controlo da pressao introduzida - tarefa da responsebilidade do encarregado / operador de maquina - a mistura é entdo gradualmente introduzida, por forma a que seja possivel um correcto equilibrio entre mistura e material, em fluxo ininterrupto até 0 canhdo. Seguidamente, o cimenteiro controla 0 volume de agua a introduzir, sendo a pressdo orientada pelo encarregado, até se ter a certeza que a projeceao esta a ser feita da maneira mais indicada, ou seja, a promover a hidratac&o necesséria do material, como se pode ver no esquema representado na figura 11a. Uma interrupgao no processo envolve a ejecgo de todo o material existente na maquina, Apés esta operagao, sao ejectados a ague e, finalmente, o ar acumulado, No caso de utilizagao de via humida, os procedimentos de partida e interrupgo do proceso s4o semelhantes aos adoptados para o betéo convencional bombeado. Nesse caso, 0 cimenteiro controla o fluxo de ar, mas a quantidade de agua e a consisténcia j4 foram controladas durante a mistura. Da mesma forma que na via seca, 0 fluxo e 0 volume de saida do material so controlados pelo cimenteiro. Nas aplicagées de betéio projectado por via seca, somente a agua necesséria a hidratagao da mistura é introduzida, pelo anel de agua junto 4 conexao mangueira - canhao. O cimenteiro é 0 responsével pela regulacdo da quantidade de agua necessaria, possuindo experiéncia suficiente desta operacao e conhecimento especifico do trabalho em questo, para que possa julgar, adequadamente, a vazdo e a pressdo de Agua necessarias, admitindo-se, como referéncia, uma presséo no canhao em tomo dos 150 kPa acima da pressao de aeracao. A importancia do controlo da quantidade de agua adicionada exige a presenca de contadores e manémetros, assim como a assidua execucdo de ensaios Nas aplicagées por via himida, a Agua de amassadura é adicionada e controlada de forma semelhante @ do bet&o convencional, admitindo-se um "slump" entre 40 e 75 mm, abaixo do que ha excesso de ricochete e acima do que a aderéncia ao substrato nao esté garantida, para além de existir grande possibilidade de ocorréncia do entupimento da mangueira. A velocidade de impacto do material sobre a superficie receptora é um factor fundamental na definicgéo das propriedades do bet&o projectado. Em situacdes correntes, em que a projeceao é feita a uma distancia de 0.5 m a 2.0 m, a velocidade da mistura projectada a saida do canhao e a de impacto sao muito semelhantes. No caso de aplicagéo por via seca, os parémetros que determinam a velocidade de ejecgao do material so 0 volume e a presséo do ar introduzido, o diametro e o comprimento da mangueira, 0 tipo e 0 comprimento do bocal do canhéo, a compacidade da mistura e a produgdo final do trabalho - em termos de volume de betéo projectado - 0 que implica um largo espectro de velocidades aplicaveis, exigindo avaliagao judiciosa, caso a caso. O julgamento final ¢ feito pelo cimenteiro, que sabe que o aumento da velocidade de ejeccdo tem como consequéncia, sempre, 0 aumento do ricochete. No caso das misturas humidas, 0 controlo final também é do cimenteiro, mas sendo a variag&o muito menor, posto que a quantidade de agua é pré-determinada, em fungdo da trabalhabilidade desejada. Curso EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 1s |. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO — Figura 12 - Exemplos orrecta execugao da projecqao de betdo (CROM, 1984) A distancia optima entre a extremidade do canhéo e a superficie receptora esta situada entre 0.5 m © 2.0 m, a depender de cada caso, em particular. Quando se aproxima muito 0 canhdo, o ricochete aumenta, a menos que se use uma mistura mais himida, 0 que sé sera conveniente no caso particular de necessidade de envolvimento de armaduras. Por outro lado, quando se afasta muito o canhao, a rea atingida pelo jacto é maior, reduzindo-se a compacidade do material e aumentando-se as perdas. As superficies planas so, sempre que possivel, betonadas com o canh&o a 90° (figura 12), nao sendo admissivel que esse angulo seja inferior a 45°. Quanto menos ortogonal for a incidéncia, maior o indice de ricochete (figura 13) e menor a compacidade do betao aplicado, Fase GC MGS | row 14-Movimenarie do canara consequente ricochete de material (ACI, 1985) eet ee) A aplicagao do jacto 6 feita segundo uma sequéncia uniforme de ovais e circulos (figura 14), no mesmo sentido, em cada passagem, e sem que haja recuo ou avango do cimenteiro em relag&o ao obstéculo, o que alteraria a consisténcia do material e provocaria maior ricochete, em fungao da alteracdo da velocidade de impacto. A grande maioria das aplicagdes de bet&o projectado implica a garantia do envolvimento de varées de armadura, por forma a permitir a formacao de um ambiente alcalino. Nesses casos, os varées so encarados como um obstaculo a ser vencido com a pericia do cimenteiro, que move o canhao em angulagdes diversas, contomando a periferia mais externa do varo, por forma minimizar 0 efeito de acumulagéo do ricochete, e para facilitar a limpeza do mesmo, previamente a nova aplicacdo, CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 16 .S. T, - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO E natural que, para envolver as armaduras, e com 0 intuito de reduzir 0 ricochete, o cimenteiro "pega mais agua’, ou seja, trabalhe com uma mistura mais plastica Figura 15 - Exemplos de envolvimento da armadura, correcta (em cima) e incorrectamente (em baixo) (CROM, 1984) Todo 0 cuidado é tomado para evitar 0 efeito de parede (fig. 15), que ocorre pela criagdo de espagos segregados ou de vazios por tras dos vardes @ armadura, como consequéncia de uma aplicacéo a muita distancia ou a pouce pressdo ou ainda quando 0 canhao nao assume a necesséria inclinagdo. Nesses casos, 0 assentamento plastico da camada de betéo de recobrimento das armaduras € facilitado, sendo inevitavel a formagao de fissuras. Quanto maior for a densidade da malha da armadura, maior 0 cuidado e maior 2 pericia exigida ao cimenteiro, que, tem que ser muito experiente e altamente qualificado Figura 16 - Sequéncia para Figura 47 - Critério para a betonagem de cantos betonagem de cantos (ROM, 1984) (ASCE, 1995) Os cantos horizontais e/ou verticais so os primeiros a serem preenchidos, para eliminar possiveis areas de actimulo de material indesejavel (fig. 16). A betonagem dos cantos atende igualmente a sistematica especifica e de preven¢do quanto ao aprisionamento de ricochete, pelo que, nesses casos, o canhao é apontado para a bissectriz do angulo formado (figura 17). Curso EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORCO DE ESTRUTURAS. 7 1S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO, Para 0 caso de betonagens de paredes espessas, ou em situagdes de juntas de betonagem, uma técnica apropriada é a de criar um talude de betdo projectado, a 45°, de forma a que o ricochete seja mais facilmente evadido (fig. 18). Figura 18 - Sequéncia para betonagem | Figura 19 - Limpeza do ricochete em simultaneo & de paredes espessas (CROM, 1984) aplicacdo de betao projectado (ASCE, 1995) Ainda em termos de cuidados para os casos de existéncia de vardes de armadura, cabe referir a vantagem de se proceder a limpeza, por sopragem de ar comprimido, feita por um auxiliar de cimenteiro, imediatamente antes da aplicagdo do betéo projectado (figura 19). Esse procedimento ndo sé garante que a projec¢ao do betdo no incorpore material solto, como reduz a possibilidade de formagdo do efeito de parede, para além de, paralelamente, possibilitar que o auxiliar esteja a aprender a arte de cimenteiro, sendo co-responsdvel pela qualidade final do servigo (figura 20) VaROES DA ARNADURA Figura 20 - Trabalho em conjunto do cimenteiro de do seu auxiliar (ACI, 1985) ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORCO DE ESTRUTURAS 18 LS. T, - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO A utilizagao de bet&o projectado na reparagao de pilares de betéo armado, em particular nos casos em que ha necessidade de recomposigao de toda a secgdo transversal, exige cofragem adequada, que nao sé funciona como quia para a betonagem, mas que também garante obediéncia as espessuras de cobrimento das armaduras e as dimensées da secoao transversal fixadas em projecto. Nesses casos, a técnica mais adequada para que possa haver escoamento do ricochete é a mostrada na figura 21, onde se identifica, no plano horizontal, sistemética muito semelhante a do enchimento de painéis de ensaio. Hetepa 4 Reger 2etps Fetepa profecgio nes\| —_remogéo ds cottegem e lacenparalcles|) projecgae nes oobas 1aces 3 cafagem jura 21 - Procedimentos para a betonagem de pilares (RYAN, 1973 O betao projectado é sempre aplicado em camadas, cuja espessura 6 variavel, entre 25 mm, para as situacdes de aplicagéo em superficies horizontais invertidas, e 50 mm, no caso de aplicagao em paramentos verticais. Tais limites so ajustados, caso a caso, para que a aderéncia seja garantida e nao se formem bolsées, nem ocorra queda de material. Cada camada é formada por varias passagens do canhao por uma mesma seccdo, sendo desejavel que a totalidade da espessura da secgao seja conseguida com a aplicagdo de uma sé camada, reduzindo, assim, a possibilidade de formagao de juntas frias. Quando hé necessidade de aplicagdo de mais de uma camada para uma mesma secgdo, espera-se tempo suficiente para que a camada aplicada jé tenha iniciado a presa, certificando-se de que esta limpa de sujidades, de qualquer material solto e de ricochete. Se necessario, procede-se a limpeza pela aplicacdo de jactos de areia, agua e ar, sob presséo. CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS: 19 LS. T. - 96/06/24 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECCAO A superficie receptora tem que estar previamente encharcada, mas sem que haja lugar a zonas de agua acumulada 0 ricochete é consequéncia de varias causas. E dificil definir 0 indice de ricochete expectavel, e mesmo os valores indicados nos mais respeitaveis regulamentos costumam pecar por serem muito optimistas. A experiéncia mais recente aponta, especulativamente, para valores de indices percentuais préximos dos indicados no quadro VI, que admite a existéncia de vardes de armadura e onde se relaciona a massa de ricochete medido com a de betdo passado na maquina ‘Quadro Vi- indices percentuais de ricochete [Tipo de aplicagao, fia seca [Via hamida [De cima para baixo 5-45 2-6 INa_ horizontal, ou parali5- 35 la- 12 linctinagdes até 45° INa_ vertical, ou paral35- 60 0-25 linctinagées superiores a 45° ‘Se medido temporalmente, com a progressdo dos trabalhos, identifica-se que o ricochete tende a diminuir, depois de ser mais alto no inicio dos trabalhos. Assim, 6 normal que, em qualquer trabalho, a primeira camada a aplicar seja de espessura muito fina, resultado de uma s6 passagem do canhéo, para funcionar como almofada para as seguintes camadas, para além de evitar que o material solto proveniente do ricochete seja confinado entre o betao que esta a ser projectado e o existente. Encarando cada camada como uma camada de anteparo 4 subsequente, ¢ mais facil entender-se que a primeira camada 6 a que deve provocar maior indice de ricochete. 10.Protecgao e cura do betdo projectado 2 A aplicagdo de betéo projectado € objecto de cuidadés adicionais, para além dos que normalmente so tomados com 0 bet&o convencional. Tais precaugées incidem, principalmente, em nao se projectar betéo durante ‘periodos de chuva, neve ou vento forte. E de fundamental importancia que, apés a projeccdo e Igo que o beto atinja 2 presa, seja dado inicio ao processo de cura, que deve atender, basicamente, aos métodos sugeridos para o betdo convencional. Dé-se preferéncia cura por aspersao continua de agua ou, caso seja impossivel, pela aplicaao de membranas anti-evaporantes, aplicadas de tal forma que cada litro do produto nao seja usado em uma extensdo superior a 2,5 m?, A cura do bet&o projectado deve prosseguir, com a mesma intensidade, por um periodo minimo de sete dias, ou até que seja atingida a resisténcia média desejada, tendo-se em mente que esta tensdo é alcangada de forma mais rapida do que a tensdo de aderéncia entre os dois materiais, facto que implica a exigéncia de cuidados ainda maiores. 11. Regularizagao de superficies Os trabalhos de aplicagao de betao projectado devem ser inspeccionados logo que a projecgo termine, tarefa da qual se incumbem o prdprio cimenteiro e 0 encarregado, por forma a que seja pesquisada a existéncia de 4reas de execugao deficiente, a apresentar betéo segregado, ninhos, delaminagées, vazios, bolses de areia, etc. ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 20 I. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Caso tais anomalias sejam constatadas, a reparacao deve ser imediata, antes do betdo iniciar 2 presa, devendo o material defeituoso ser removido e de novo aplicado betdo projectado. No entanto, se ocorrerem situagdes mais gravosas, como fissuragéo por assentamento plastico ou retracgdo do betdo, ou ainda resisténcia inferior a desejada, por exemplo, o trabalho deve ser objecto de andlise mais apurada, por forma a determinar a intervenedo de reparacéo mais adequada. Ateng&o especial deve ser dada as cavidades ‘eventualmente criadas como consequéncia da retirada de carotes para a realizacéio de ensaios. Nesses casos, tais espagos néo devem ser completados com bet&o projectado, mas sim com argamassa cimenticias nao retracteis, aplicadas manualmente e devidamente compactadas. 42.Acabamento de superficies © aspecto naturalmente assumido pelo betéo projectado, que é o de um chapisco grosso, 6 0 acabamento preferivel, quer em termos estruturais, quer quanto a durabilidade. Qualquer outro tratamento adicional pode causar o deslocamento de inertes, afectando as condigdes de aderéncia entre o betdo projectado e os varées de armadura ou entre duas camadas subsequentes do proprio betéo projectado, podendo mesmo vir a ocasionar fissuragao, ainda que apenas como consequén de talochamento, vide figura 22 DE BETAO PROJECTADO Figura 22 sSuragao superficial provocada por talochamento (RYAN, 1973) No entanto, em muitos casos, n&o 6 aceitavel, particularmente do ponto de vista estético, a apresentacéo de uma superficie final to rugosa, pelo que ha que proceder a um tratamento adicional, observando-se 0 conjunto de intervengdes que seguidamente se descreve. Logo 0 apés 0 betao ter iniciado a presa, todo 0 material considerado excedente - referido, por exemplo, ao limite de guias que tenham sido previamente deixadas para orientacdo e controlo da betonagem - 6 removido, o que pode ‘ser conseguido através da passagem cuidadosa de uma talocha, ou de uma plana ou ainda de uma régua de madeira apropriada, como se pode ver na figura 23. |p 5 Figura 23 (ao lado) > primeira etapa do acabamento superficial do betio projectado: remogao do material excedente (ACI, 1985) ‘CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 1. S. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICACGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Em muitos casos, este primeiro alisamento é 0 suficiente. Em outros, no entanto, hd que aplicar, sobre a superficie previamente alisada, uma fina camada - 5 mm de espessura - de argamassa projectada, normalmente executada com o canhao a uma distancia ligeiramente maior que a da aplicacao do betéo (cerca de 50 cm a mais), distancia esta a ser ajustada para cada caso particular. Esta camada adicional, que requer muita pericia na aplicagao, € entéo acabada manualmente, normalmente por um pedreiro Figura 2é-acabamenieda | oPeriente, @ manejar uma talocha, como se superficie projectada (acl, 1986)| DServe na figura 24 Em tese, pode existir um tempo quase ilimitado entre a projecgao do betdo (remogao do material excedente incluida) e a aplicagao da camada final de regularizagao e acabamento. Tal facto permite, consequentemente, que no caso de betonagem de reas extensas, se possa tirar partido de um grande conjunto de vantagens, como, por exemplo: *eliminar, visualmente, as juntas entre betées projectados aplicados em dias diferentes, encobrindo, assim, a sempre inestética diferenga de textura e coloracao; caso se queira pigmentar 0 betdo, adicionar o adjuvante apenas na camada complementar, o que sera técnica e economicamente mais interessante; *garantir, mais facilmente, e até eventualmente corrigir, a espessura de recobrimento das armaduras, pois nao haverd necessidade de remogao das guias metalicas, que virdo a ser cobertas pela argamassa. 43.Controlo de qualidade O controlo de qualidade do betdo projectado deve ser exercido nao apenas sobre 0 material, mas também sobre o processo de aplicacao, em especial no que conceme a0 equipamento e, muito em particular, quanto ao indice de ricochete, parametro que pode ser considerado como uma referéncia de qualidade para todo o trabalho. Importa referir, portanto, a necessidade do conhecimento das pressées de insuflago do material, de aerag&o e de introducéo de agua, assim como o controlo de quantidade de agua introduzida, especialmente para a via seca © controlo de espessura de betéo a projectar também & importante, e pode ser feito através da prévia insersdo de guias metalicas (varées de 0.8 mm, interligados, na extremidade mais exposta, por um arame, como na figura 25). Caso a’ extensao a projectar seja grande, admite-se que tais guias venham a ser colocadas'com espacamento médio entre 0.5 mi 61.0 m, Figura 25 - Guias metélicas para controlo na espessura de betdo a aplicar (ACI, 1985) Curso Em DURABILIDADE, REPARACAO E REFORCO DE ESTRUTURAS: 22 LS. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Caso 0 tipo de trabalho a executar mostre ser mais adequado, ao invés das guias metdlicas poderéo ser usadas réguas de madeira, dispostas de tal forma que condicionem o alinhamento da superficie final e a espessura de cobrimento das armaduras. Em termos de tolerancia dimensional, WARNER (1995) sugere que estas sejam pelo menos 50 % superiores as adoptadas para betonagens convencionais. controlo da aderéncia do betéo projectado ao substrato é feito, de uma maneira geral, através de um ensaio tipo “pull-out’, em que a rotura deve acontecer, nos casos de boa aderéncia, fora da interface de contacto entre os dois betdes. RYAN (1973) sugere 0 ensaio representado na figura 26, em que uma laje de 5 a7 cm de beto projectado, convenientemente armada, é betonada de encontro 20 betdo existente, sendo a area de contacto - uma circunferéncia de 225 mm de didmetro - previamente demarcada, através da interposic&o de um isolante (material betuminoso ou papel “kraft’). O arrancamento so é efectuado apés o betéo projectado ter atingido a res7isténcia desejada, 0 que normalmente acontece aos em sete dias. rotura no bets Sea isolsds com papel "krah” Samad superticte de contacto entre os belies de aderéncia do betdo projectado a superficie receptora (RYAN, 1973) | igura 26 - Ens: Em termos de materiais, e para além dos ensaios jd especificamente referidos para cada componente, ha que se proceder ao controlo das caracteristicas do betdo, quer a nivel prévio - determinacao da composigao - quer quanto ao material aplicado, destacando-se a resisténcia & compresséo e a permeabilidade, caracteristicas a controlar através de ensaios a efectuar nao sé sobre amostras (carotes) retirados do préprio bet aplicado, mas também, e principalmente, a partir de painéis moldados com o betdo que se estiver a projectar. Esses carotes equivalem, em termos do conirolo de qualidade para o betdo convencional, aos cubos utilizados para os ensaios de compressao. CURSO EM DURABILIDADE, REPARAGAO E REFORGO DE ESTRUTURAS 23 LS. T. - 96/06/21 - Thomaz Ripper APLICAGAO de BETAO ESTRUTURAL por PROJECGAO Os ensaios de determinagao das caracteristicas do betdo projectado, por moldagem dos painéis, comegam com 0 inicio das operagées de betonagem, correspondendo um painel a cada 40 m* de bet&o preparado ou ao trabalho de um dia. Os painéis de ensaio so colocados nas posigdes nas quais se esté a trabalhar, por forma a tentarem reproduzir, ao maximo, as condigSes da obra. Assim, s&o executados painéis horizontais invertidos (‘over-head’), na vertical ou inclinados, consoante cada caso. Os ensaios a compressdo - e também para determinagéo do coeficiente de permeabilidade - so feitos de forma semelhante & que se costuma fazer para o eto convencional, sendo executados, pelo menos, aos 7 ¢ aos 28 dias. No caso de controlo da resisténcia & compress&o, so ser retirados, de cada painel, 5 carotes, .uniformemente distribuidos em uma regiéo central do painel, para que no haja interferéncia do material projectado para os cantos dos painéis, conforme se pode observer na representagao constante da figura 27. Em termos de ensaios para avaliagao do coeficiente de permeabilidade, 0 mais corrente € a utilizagao do especificado na ISO 7031, 0 que implica, também, a utilizagdo de carotes retirados de painéis de ensaio, que, neste caso, correspondem, no maximo, a uma semana de trabalho. Figura 27 - Distribuigao dos carotes a retirar de um painel de ensaio Assim, de um dado painel moldado para control da resisténcia a compressao, retira-se um carote adicional, a ser fatiado em bolachas 30 mm de espessura, sendo tais fatias submetidas a presséo de uma coluna d'égua de 5 m - ver figura 28 - durante 48 horas, esperando-se que, para um betdo projectado que se pretenda durdvel, 0 coeficiente de permeabilidade assim medido seja inferior a 10-12 mis e que a penetracao média da agua nao ultrapasse 20 mm. bombs menue de site presse ov coluas de ‘igus ow sr ane! de cecatte tages |_| reciente em 00 feria} Cases Alvla De Laren eee [Figura 28 - Ensaio para a determinagao do coeficiente de permeabilidade (RYAN, 1973) CURSO.EM DURABILIDADE, REPARACAO E REFORGO DE ESTRUTURAS: 24 I. S. T. - 96/08/21 - Thomaz Ripper

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