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‘Terga-feira, 30 de Agosto de 2022 DIARIO DA REPUBLICA ORGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE ANGOLA Prego deste niimero - Kz: 1.700,00 Toh «caren, we Ow NATURA Orgs de a Ta pb cats os Dir ‘relativa a nuncio © assinaturas do «Diario Ano | da Republica 1 ¢ 2." serie ¢ de Kz: 75.00 ¢ pare da Republica», deve ser diriaida & Imprens | a5 es gies Kz: 1675 106,04] 9 3." série Kz: 95.00, ncrescido do respectivo: Nocoml =P, Lind, Hetwsue de Necbeal EP, ou tai Bae He de aie 298018667 | imposto de slo dependendo a publcgto da owtnmensmeit gore End ily, | AZ? sie 51730239 | a7 stie de dmdnopiion itor fingren Avie r111.00968 | aa npr Sain +E SUMARIO mais personalista, que aribui ao particular um tratamnento ae assente ¢ compativel com o principio do Estado Democriitico Assembleia Nacional odeDrdie Lain 3122 Que aprova © Ciigo do Procedimento Administrative, Derreto-Le n° 16-4095, de 15 de Dezembro Ministerio da Administragao Pablica, Trabalho e Seguranca Social Deereta Exeeutvon.* 390-22: stabelece avgéncia do Decreto Executive? 23708, de 6 de Outro, (quecria Cero Integra de Fama 0 Tenolbgica— CINFOTEC. ‘Revoga o Desrdo Exeivo n° 25322, de 21 de Julho, toda 8 Revs © Jexislxa0 qe contac odsposto no presene Diplo ASSEMBLEIA NACIONAL Lein.® 3122 fe 30 de Agosto Alegislagao querege a actuagao da Administragio Publica ‘angolana foi, quase toda, aprovada na década de 1990, altura ‘em que vigorava a Lei Constitucional de 1992, que foi apro- vada nim centexto de transiglo politica em Angola ‘A Lei Constitucional de 1992 consagrou, pela primeira vez, um verdadeito sistema administrative, consagrando a cen Ualidade dos direitos fimdamentais ¢ a obedigncia a0 Dircito, enquanto padrio que definia a actuagio da Administragio Pilbliea A aprovagio da Constitiicio da Reptbliea de Angola, em 2010, trouxe consigo a consagragio de um conjunto de normas apliciveis a Administragio Piblica, conjuntamente com a consegracio da dignidade da pessoa humana como lum dos principios fumdamentais que, naturalmente, vincula a Administragio Publica. Como resultado da entrada em vigor de uma nova Lei Fundamental, as normas constitucionais sobre a Administragao Piblica passaram a consagrar uma dimensio A Administragio Pablica, tal como o Direito, precisa de acompanhar a dindmica da evolugio da sociedade ¢ tomar ‘as providéncias necessarias para que as pretenses cada vez ‘mais complexas colocadas pelos particulares sejam devida- mente satisfeitas Neste sentido, impoe-se adequar as normas que regem a actuagao da A dministragao Publica as exigéncias constitucio- niais €legais, sob pena de inconstitucionalidade e ilegalidade supervenientes, de modo a aproximar os servigos puiblicos 4s populagdes e proceder a desconcentragao administrativa para garantir a eficigncia ¢ a eficacia administrativas, A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos das disposiges combinadas da alinea a) do.n.° 1 do artigo 165.°e da alinea d) don.*2 do artigo 166. arnbos da Constituigso da Repiiblica de Angola, a seguinte LEI QUE APROVA 0 CODIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO ARTIGO 1? (Aprovacto) E aprovado 0 Codigo do Procedimento Administrativo, ‘anexo a presente Lei e da qual é parte integrante ARTIGO 2° esime de transis a0) 0 Cédigo € splicavel a todos 08 procedimentos pro- ‘cesses iniciados € nao concluidos @ data da sua entrada em ARTIGO 3? (eevopacto) 1. E revogado 0 Decreto-Lei no 16-A/95, de 15 de Dezembro, e220 DIARIO DA REPUBLICA 2, As remissoes feitas pata os preceitos revogados con- ideram-se efectuadas pata ax correspondentes normas da presente Lei ARTIGO 4° (Davids «eatssoes) As duvidas ¢ as omissGes resultantes da interpretagio e da aplicagao da presente Lei sto resolvidas pela Assembleia, Nacional ARTIGO s* (CEnirada em vigor, A presente Lei entra em vigor 180 dias apos a sua publicagio, ‘Vista e aprovada pela Assemmbleia Nacional, em Luanda, ‘aos 24 de Margo de 2022, (Presidente da Assembleia Nacional, Rernemdo dla Piedlake Dias dos Senos. Promulgada aos 15 de Agosto de 2022. Publique-se. (© Presidente da Repiiblica, Joo Maser. Goxcatves Lourego. CODIGO DO PROCEDIMENTO. ADMINISTRATIVO PARTE Prinefpios Gerais CAPITULO I Disposicdes Preliminares ARTIGO 1° (Objects) © presente Codigo estabelece os principios e resras a observar no exereicio da actividade administrativa, visando a realizagao do interesse piblico, no respeito pelos direitos subjectivos ¢ interesses lezalmente protegides dos particula- res ¢ das pessoas colectivas. ARTIGO 2° Deinia0) 1. Entende-se por Procedimento Administrativo a stces- so ordenada de actos ¢formalidades tendentes & formagao, manifestagio © execugio da vontade da Administrapa0 Pablica, bem como o dever de execucao administrativa das decisdes urisdicionas, tendo sempre como limite respeito pelos direitos subjectivos e interesses legalmente protegidos dos particulares e das pessoas colectivas. 2. Bntende-se por Processo Administrative o conjunto de documentos etn ques traduzen os actos eformalidades que tegram 0 Procedimento Administrativo. 3. todo o Procedimento Administrative deve necessa- riamente corresponder um processo, que € representado por uum conjunto de documentos e informagses que correspon dem a sua componente fisica, sem prejuizo da tramitagao electrénica ARTIGO 3° ambito de aplieagno) 1. As disposigdes deste Cédigo aplicam-se a todos os Grados da Administragio Piblica que, no desempenho da actividade administrativa de gestao piiblica, estabelegam relagoes entre eles out com os particulares, bem como aos ‘actos em materia administrativa praticados pelos érgaos do Estadoque, emboraniointegradosniaAdministragao Publica, desempenhem fimgSes materialmente administrativas. 2. Sao Orgtos da Administragao Publica, para efeitos deste Cédiga: @) Os éreiios do Estado que exergam fungdes adini- nistrativas, b) Os éraos dos instinutos publicos; 6) Os 6mttos das entidndes administrativas indepen- dentes; ) Os érgiios das Autarquias Locais, 6) Os érgios das associag des publicas; BH Os Sigsos das Autoridades Administrativas ‘Tradicionais que, em virtude de costume cons- titucionalmente reconhecido ou por lei, exergam poderes piblicos ou cumpram deveres piblicos; 8) Os érmaios de quaisquer entidades privadas que, por acto do Estado, desempenhem actividades admi- nistrativas de gestio publica, nomeadamente as entidades concessionarias ou as que exergam com base na delega¢o de poderes, 3. 0 regime instituido pelo presente Cédigo é também aplicavel aos actos praticados por entidades de direito pri- vado ctiadas por actos do Estado ou outra pessoa colectiva de direito publico, ou com participago de capitais puiblicos ‘ou, ainda, cuja administragao ou fiscalizago permanente pertenga, por lei, regulamento ot pelos estatutos, a quais- ‘quer 6ratios ou entidades publieas 4. Os principios gerais da actividade administrativa constantes do presente Cédligo ¢ as nomas que coneretizem preceitos constitucionais sto aplicaveis a toda © qualquer actuagao da Administrago Publica, ainda que meramente técnica ou de gesttio privada 5. No dominio da actividade de gestao publica, as restantes disposigdes do presente Codigo aplicam-se suple- tivamente aos procedimentos especiais, desde que néo envolvam diminuigao de garantias para os particulates. 6. aplicagao do presente Regime as empresas piblicas| éfeita de forma subsididria, sendo a preferéneia atribuida & legislaeao especifica ¢ aos diplomas lesais que regem a sua ‘crganizacao ¢ fimcionamento. SECCAOL Conceitos Operacionals ARTIGO 4? (@eesons elective pbs) 1. As pessoas colectivas publicas sto entidades constitui- {das por actos de poder pibtico para prossesnirem o interesse piblico e dotadas, por isso, de poderes e deveres piblicos. I SERIE — N° 164 —DE 30 DE AGOSTO DE 20: au 2.0 acto que constini a pessoa colestiva publica deve identificar a sua natureza © o consequente regime juridico aplicivel ARTIGO s* (Orgion das pessoas eects pilien) 1. Os draaos tem a missto de esteriorizar a vontade das pessoas colectivas publicas onde esto inseridos, devendo praticar os actos necessérios e adequados a concretizagiio das suas atibuigdes 2. 0s actos praticados pelos éraios sao imputaveis 4s pessoas colectivas onde eles estao inseridos. 3. 05 actos praticados pelos Oraitos Administrativos contrarios as aribuigdes das respectivas pessoas colectivas piblicas ni sao imputiveis a estas ARTIGO 6° (trices cempetenctas) 1. As pessoas colectivas publicas sao eriadas para pros segnir determinados fins que, 20 mesmo tempo, definem a sa capacidade de exercicio de direitos 2. Os ératos das pessoas colectivas piblicas no podem praticar actos que estejam fora das suas atribuigdes ou do seu substrato. 3. As competéncias dos éraios so sempre definidas por normas juridicas e exercidas com a finalidade de realizar 0 interesse public. ARTIGO 7° (Gterarquia admiistratva) 1. Hintre 05 Orados Administrativos inseridos no mesmo servigo é estabelecido um vineulo juridico que confere a0 superior © poder de direcedo © a0 subordinado 0 dever de obediéneia 2. Aiierarquia resulta sempre de uma norma juriica que, de fonna express identifica 0 superior e 0 suberdinado. 3, Excepcionalmente, a hierarquia pode ser presumida, quando existitem dois éraios inseridos no mesmo servigo, um superior ¢ outro subordinado, mesmo que nao haja ‘norma expressa que estabelega a relago entre ambos, ARTIGO 8° @ever de obedienciny 1, $6 ha dever de obediéncia nas situagses em que a ordem preencher cumulativamente os seguintes requisitos: a) Existéncia de relagao hierarquica: ) Materia de servigo, ) Forma juridicamente estabelecida, que em regra é a escrita 2. Nao existe dever de obedineia nas situages em que cesta implicar a pratica de um crime. 3. Se o supetior insistit ¢ obrigar o suberdinado a prati- caro acto em desrespeito ao que vem consagradono ntimero anterior, este exerce o seu direito de resisténcia, tentando demover 0 superior de praticar tal acto. 4, Caso © mecanismo descrito no nimero anterior niio| surta os seus efeitos, o superior deve por escrito, reforgar a sua orientacio e o subordinado deve cumpri-la 5. 0 acto executado, nos termos do mimero anterior, cexime o seu executor de qualquer tipo de responsabilidade, nos termnos da ei AKrIGo 9" Almpusnaci ads fut 1. Os partculares com legitimidade podem requerer a declarapao de invalidade de uma decisio administrativa ou {de qualquer acto praticado pela Administragio Pablica 2A impusnago administrativa éconcretizad por via da reclamagzo ou doreewrso perante os OrgiosAdministrativos. 3.A impugnagio judicial é interposta nos tibunais, nos termos do Cédizo do Procedimento Administrative lesis- lagao aplicéve. ARTIGO 10° {tela adits) 1. As pessoas colectivas publieas intesradas na Administragio Auténoma esto sujeitas & tela da Tes lidade da sua actuagio, efectuado pelo Titular do Poder Exccutivo, 2. Os poderes da entidade que exerce a tutcla adminis- trativa constam do diploma legal que constitu a pessoa colectiva piblica e tem cemo limite a sua autonomia admic nistrativa,financeira ¢regulamentar. ARTIGOI* (Supevintendéneiay 1. As pessoas colectivas piiblicas inseridas na Administracio Indirecta do Estado estao sujcitas a0 poder de superintendéncia, exercido pelo Titular do Poder Executivo. 2. A superintendéncia consiste na definigao dos objecti- ‘vos € condugao da actuaao das pessoas colectivas piblicas inseridas na Administragao Indirecta do Estado. 3. A superintendéncia respeita # autonomia administra- tiva, finaneeira ereaulamentar de entidade superimtendida ¢ nio deve interferirna gestio de assuntos correntes 4. Para efeitos do presente Codizo, consideramese assin- tos correntes os que integrarem as actividades didias da cntidade superintendida, CAPITULO IT Prineipios Gerais agtigo 12° ‘@rinipio da Constituent) 1.A validade das normas, actos, contratos e operagées praticados ou emanados por radios de entidades publicas ou privadas sujeitas a este Cédigo depende, antes de mais, da sia conformidade ecm a Constinsigao. 2. Os actos da Administragao Pablica que violem a Constituigao da Repiblica de Angola sio nulos, ARTIGO 13° Prine da June) 1. A validade dos actos da Administragio Publica esté dependente da sua conformidade com o dircito. 2. Os Oreos da Administragao Piiblica nao podem pra- ticar actos sem habilitago normativa, e222 DIARIO DA REPUBLICA ARTIGO 14 (vinci da Legalidade) 0s Oraiios da Administragio Publica devem agir em obe- digncia lei, dentro dos limites dos poderes que thes forem cconferidos e em conformidade com os respectivos fins ARTIGO 15° (Principio do ¥stado de Necesidade Administration) 1, Nas situages de perigo iminente ¢ actual para o inte- tesse publica causado por circunstancia excepcional nao provocada pelo agente, a Administragao Piblica € conferido © poder para praticar os actos necessérios © urzentes para repor a situagao ¢ evitar dantos maiores 2, Os actos administrativos e operages materiais pratica- dos ou executados em estado de necessidade, com preterigao das rearas estab elecidlas neste Codigo, sto vidos descle que os seus resultados nio tivessem podido ser alcangados de outro modo, tendo os lesados dieito a ser indemnizados nos termos gerais da responsabilidade civil do Estado e demais entes prilicos, ARTIGO 16: (Principio da Prosseccto do Tnteesee Pablo do Respeto Pelos Diets e Interests Legalmente Protegdos dos Particulars) 1. 5 Orados Administrativos, em todos os seus domi- niios de actuagao, devem prosseguir o interesse piiblico, no respeito pelos direitos ¢ interesses legalmente proteaidos dos particulars. 2.0 sacrficio dos direitos ¢ interesses legalmente prote- ‘gidos dos particulares, em nome do interesse puiblico, deve set devidamente findamentado pela Adiinistrago Publica deve ser sempre a tiltimia alterativa dentro do leque de opgdes que esta tem para prosseauir 0 interesse puiblieo, 3, Na prossecuicao do interesse piblico, a Administracao Publica deve atender aos interesses privados relevantes que estejam directamente ligados ao fim piiblico conereto, ARTIGO 17° (Principio da tgualdade) ‘Nas suas relagdes com os particulares, a Administragao Pablica deve reger-se pelo Prineipio da Iaualdade, nao podendo privilesiar, beneficiar, prejudicar, privar de quale quer direito ou isentar de qualquer dever nenhuuma pessoa emrazio deascenclencia, sexo, raga lingua, ter s2e1, religio, conviegdes politicas ou ideolbaicas, Instrugio, situa gio econémica ou condo social ARTIGO 18: (@rincipo da Proporcionaidade) 1. As decisGes da Administrago Publica que colidam com direitos subjectives ou interesses legalmente protesi- dos dos particulares s6 podem afectar essas posigoes com ‘base na lei, em termos adequados ¢ através de meics propor cionais aos objectivos a realizar. 2. Aactungio da Administrago deve respeitar os seguin- tes criterios 4) Set adequada ao fim que se pretende atingit, dentre as varias altemativas que forem colocadas: ) A medida deve ser a que menos sacrificios causar 05 direitos ¢ interesses legalmente protegidos dos paticulares; ©) A medida deve ser portadora de beneficios que superam os prejuizos ou perdas de outras alter- natives, @) Asmedidas mais sravosas, para os direitos ¢ inte resses dos particulares, s6 podem ser aplicadas depois de esgotadas as alternatives. ARTIGO 19° (Principio da Impardaidade) 1, No exercicio da sua actividade, a Administragio iiblica deve tratar de forma imparcial todos os que com ela ‘entrem em contacto, 2. A Administragaio Piblica deve tratar os particulares «seus respectivos assumtos com isengo, objectividade € transparéncia, sendo proibidas quaisquer formas de dis. minegao na relagaio entre ambos. 3. A Administragto Publica nao pode deixar de realizar ‘ interesse piblico em nome de interesses privados injustifi- ‘eados ¢ infimdados. 4. Havendo conflito entre o interesse publico © 0 inte- resse do fimcionario piblico, este deve privilegiaro interesse piblico, eriando todas as condigdes para a sia prevalencia. 5. A Administragio Pliblica deve avaliar todos os aspec~ tos relevantes antes de tomar uma decisao, 6. A violagto deste principio da lugar @ anulagao dos actos que o ofendam ¢ & efectivagao da responsabilidad

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