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f
gr
então uma primeira aproximação polinomial f(x0)
de f perto de x0 é o polinómio de grau 0 y=f(x0)
p0 (x ) = f (x0 ).
x0
É claro que p0 (x0 ) = f (x0 ) e, além disso, limx →x0 f (x ) − p0 (x ) = 0.
Neste caso, é claro que p1 (x0 ) = f (x0 ) e p10 (x0 ) = f 0 (x0 ). Em particular,
sabe-se já que p1 e f têm o mesmo «tipo de monotonia» perto de x0 .
f (k) (x0 )
Pn,x0 ,f (x ) = a0 + a1 (x − x0 ) + · · · + an (x − x0 )n , com ak = (k 6 n)
k!
ou seja,
I Exemplos:
1. Se f (x ) = p(x ) é uma função polinomial, então, tal como vimos atrás,
Pn,x0 ,f = p, ∀x0 ∈ R, ∀n > grau p.
Mas, por exemplo, o polinómio de Taylor de ordem 1 no ponto x0 = 0 de
p(x ) = x 2 é p1,0 (x ) = 0 (tem grau 0).
p(x ) = 2x 3 + x 2 + 1 ⇒ p(1) = 4
0
p (x ) = 6x + 2x 2
⇒ p 0 (1) = 8
p 00 (x ) = 12x + 2 ⇒ p 00 (1) = 14
p 000 (x ) = 12 ⇒ p 000 (1) = 12
logo,
14 12
p(x ) = 4 + 8(x − 1) + (x − 1)2 + (x − 1)3
2! 3!
= 4 + 8(x − 1) + 7(x − 1)2 + 2(x − 1)3
3. (continuação)
Note-se que
f (x ) − Pn,0 (x )
(∀n > 0) : lim = 0.
x →0 xn
(aplicando-se a regra de l’Hôpital para reduzir ao caso anterior).
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 9
4. Aproximação polinomial e séries
Teorema 4.1. Seja n ∈ N, seja f uma função real de variável real e seja
x0 ∈ dom f tal que existe f (n) (x0 ). Suponha-se que f , f 0 , . . . , f (n−1) estão
definidas num intervalo aberto contendo x0 . Então,
f (x ) − Pn,x0 ,f (x )
lim = 0.
x →x0 (x − x0 )n
f (x ) − pn (x ) f (x ) − qn (x )
lim = lim = 0.
x →x0 (x − x0 )n x →x0 (x − x0 )n
pn (x )−qn (x )
Então, limx →x0 (x −x0 )n = 0.
Pn
Se pn (x ) 6= qn (x ), pode-se escrever pn (x ) − qn (x ) = i=k ai (x − x0 )i com
ak 6= 0. Mas então
pn (x ) − qn (x ) pn (x ) − qn (x )
ak = lim = lim · lim (x − x0 )n−k = 0,
x →x0 (x − x0 )k x →x0 (x − x0 )n x →x0
x3 x5 (−1)n x 2n+1
P2n+1,0 (x ) = P2n+2,0 (x ) = x − + + ··· + .
3! 5! (2n + 1)!
4. (continuação)
p (x) = p (x) = x
1,0 2,0
y=sen x
3
p (x) = p (x) = x-x /6
3,0 4,0
Considerando agora g(x ) = log(x + 1), tem-se g (k) (x ) = f (k) (x + 1), logo
g (k) (0) = f (k) (1), ∀k ∈ N, e portanto
n
1 1 (−1)n−1 n X (−1)k−1 k
Pn,0,g (x ) = x − x 2 + x 3 + · · · + x = x .
2 3 n k
k=1
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4. Aproximação polinomial e séries
1 − x n+1
1 + x + x2 + · · · + xn =
1−x
ou seja,
1 x n+1
= 1 + x + x2 + · · · + xn + .
1−x 1−x
Em particular, substituindo x por −x 2 , obtém-se
1 2n+2
2 4 n 2n n+1 x
= 1 − x + x + · · · + (−1) x + (−1) .
1 + x2 1 + x2
6. (continuação)
Considere-se p(x ) = 1 − x 2 + x 4 + · · · + (−1)n x 2n . Usando a igualdade
anterior, resulta que
1
f (x ) − p(x ) 1+x 2
− 1 + x 2 − x 4 + · · · − (−1)n x 2n
lim = lim
x →0 x 2n x →0 x 2n
(−1)n+1 x 2n+2
= lim = 0.
x →0 x 2n (1 + x 2 )
f (x )−p(x )
Como o grau de p é menor ou igual a 2n e limx →0 x 2n
= 0, pode-se
concluir imediatamente que p(x ) = P2n,0 (x ).
I Nota: podemos usar o mesmo método para determinar os polinómios de
Taylor de funções racionais do mesmo tipo.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 18
4. Aproximação polinomial e séries
n
X
P2n,0,f 0 (x ) = 1 − x 2 + x 4 + · · · + (−1)n x 2n = (−1)k x 2k
k=0
logo,
Z
P2n+1,0,f (x ) = f (0) + 1 − x 2 + x 4 + · · · + (−1)n x 2n dx
x3 x5 x 2n+1
=x− + + · · · + (−1)n
3 5 2n + 1
n 2k+1
X x
= (−1)k
k=0
2k + 1
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4. Aproximação polinomial e séries
-1/x2
y= e, x=0
/
p (x) = 0, ∀n
n,0
Sejam f uma função real de variável real e x0 ∈ dom f tais que existe
f (n+1) (x ), para x num intervalo aberto contendo x0 . Escreva-se
Rn,x0 ,f (x ) = f (x ) − Pn,x0 ,f (x ).
A função Rn,x0 ,f chama-se o resto de ordem n de f em x0 e tem-se, pelo
teorema 4.1,
Rn,x0 ,f (x )
lim = 0.
x →x0 (x − x0 )n
f (n+1) (c)
Rn,x0 ,f (x ) = (x − x0 )n+1 , para algum c entre x0 e x .
(n + 1)!
2. (continuação)
Em particular, para todo o n > q conclui-se que
n!p n! n! n!
n!Rn,0 (1) = − n! + n! + + + ··· + + 1 ∈ Z.
q 2 3! (n − 1)!
|{z} | {z }
∈Z ∈Z
3
Mas, por outro lado, de 0 < Rn,0 (1) < (n+1)! resulta que
3
0 < n!Rn,0 (1) < n+1 , ∀n ∈ N, logo 0 < n!Rn,0 (1) < 1, ∀n > 2; portanto,
n!Rn,0 (1) não pode ser inteiro.
Chega-se assim a uma contradição e fica provado que e não é racional.
ec
Rn,0 (1) = , para algum c ∈ ]0, 1[.
(n + 1)!
1 e
Como 1 = e 0 < e c < e 1 = e e limn→∞ (n+1)! = 0 = limn→+∞ (n+1)! ,
obtém-se, por enquadramento,
Isto significa que o valor de e pode ser aproximado com grau arbitrário de
n n
X 1 X 1
precisão pelas somas Pn,0 (1) = ; ou ainda, que lim = e.
k=0
k! n→+∞
k=0
k!
3. (continuação)
Neste sentido, escreve-se
∞
X 1
e= .
n!
k=0
Esta série, que pode ser vista como uma série de funções, chama-se a série
de Taylor de f no ponto x0 .
Seja (an )n∈N uma sucessão de números reais. A série gerada por (an )n∈N é
uma expressão formal ∞
X
an
n=0
que intuitivamente representa a «soma com um número infinito de
parcelas» a0 + a1 + a2 + · · · , sempre que essa soma tiver sentido, de
acordo com o que é precisado a seguir.
Considerando a sucessão (sn )n∈N definida por
s n = a0 + a1 + · · · + an , ∀n ∈ R,
que se diz a sucessão das somas parciais da série ∞
P
n=0 an , será natural
escrever (tal como no exemplo da exponencial, atrás)
∞
X
an = lim sn
n→∞
n=0
no caso deste limite existir (em R).
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4. Aproximação polinomial e séries
∞
X
Diz-se então que a série an é convergente e ao número real
n=0
S = lim sn chama-se também a soma da série; caso, contrário, diz-se que
n→∞
∞
X
an é divergente.
n=0
∞
X
A uma série de números reais an estão então associadas duas sucessões,
n=0
(an )n∈N e (sn )n∈N , que se determinam mutuamente pelas relações
s n = a0 + a1 + · · · + an e an = sn − sn−1 , ∀n ∈ N.
∞
X
Por exemplo, a série (−1)n = 1 − 1 + 1 − 1 + · · · é divergente, uma vez
n=0
que a sucessão das somas parciais,
(
1, se n é par
sn =
0, se n é ímpar
Começa-se por enunciar uma condição necessária mas, como veremos, não
suficiente, para a convergência de uma série.
∞
X
Teorema 4.3. Se a série de números reais an é convergente, então
n=0
lim an = 0.
n→∞
Demonstração:
Seja (sn )n∈N a sucessão das somas parciais de ∞
P
n=0 an . Se a série
converge, isto significa que existe limn→∞ sn = ` ∈ R. Então,
P∞ n
1. Seja a ∈ R e considere-se a série n=0 a que se diz a série geométrica
de razão a.
Se |a| > 1, então o teorema anterior garante que a série não converge,
uma vez que a sucessão (an )n∈N não converge para 0.
No caso de |a| < 1, tem-se que limn→∞ an = 0, mas isto não permite
concluir que a série converge. Sabe-se neste caso calcular explicitamente o
termo geral da sucessão (sn )n∈N das somas parciais, que é a soma dos
n + 1 primeiros termos de uma progressão geométrica de razão a:
1 − an+1
sn = 1 + a + a2 + · · · + an = ,
1−a
1
e que converge para 1−a .
1. (continuação)
Assim, a série geométrica de razão a converge se e só se |a| < 1 e, nesse
caso, a soma é dada por ∞
X 1
an = .
n=0
1 − a
P∞
Se se iniciar a série em n0 ∈ N, n=n0 an , obtém-se uma nova sucessão de
somas parciais (tn )n∈N , em que
tn = an0 + an0 +1 + · · · + an0 +n = an0 1 + a + · · · + an = an0 sn ,
an0
que converge, para 1−a , se e só se |a| < 1.
Por exemplo,
∞ sn 0 1/2 3/4 7/8 ... 1
1
1
-
-
-
-
--
-
an ...
X
2
= 1 = 1. 1/2 1/4 1/8
2n 1−
n=1 2 “Paradoxo de Zenão”
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 34
4. Aproximação polinomial e séries
1
2. A sucessão n n∈N gera a chamada série harmónica
∞
X 1 1 1
=1+ + + ··· .
n=1
n 2 3
1
Apesar de lim = 0, a série harmónica não converge pois, como
n n→∞
veremos, a sucessão (sn )n∈N das somas parciais tem limite ∞. Nesse
∞
X 1
sentido, escreve-se por vezes = ∞.
n=1
n
Para mostrar isto, começamos por mostrar que a (sub)sucessão (s2n )n∈N ,
2n
X 1
onde s2n = , tem limite ∞.
n=1
n
I α 6 β (por iii.).
2. Série de Leibniz
Resulta também do teorema anterior que a série
∞
X 1 1 1 1
(−1)n+1 = 1 − + − + ···
n=1
2n − 1 3 5 7
Exemplos: 1.
∞ ∞ n ∞ n−1
X 3 2 n−1 X 1 X 2
− =3 −
n=1
5n 3 n=1
5 n=1
3
∞ ∞
X 1 n 2 n
X
=3 −
n=1
5 n=0
3
1
5 1 9
=3 1 − 2 =−
1− 5 1− 3
4
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 41
4. Aproximação polinomial e séries
∞
X 1
2. Considere-se a série .
n=1
n(n + 1)
1
Tem-se (∀n ∈ N) : n(n+1) = n1 − n+1
1
, mas não se pode escrever
P∞ 1 P∞ 1 P∞ 1 P∞ 1
n=1 n(n+1) = n=1 n − n=1 n+1 , uma vez que as séries n=1 n e
P∞ 1 P∞ 1
n=1 n+1 = n=2 n são divergentes.
De facto, ao associar termos de uma série, obtém-se uma nova série cuja
sucessão das somas parciais é uma subsucessão da sucessão das somas
parciais da série inicial. Por exemplo, se a sucessão das somas parciais da
série ∞ n=1 an é (sn )n∈N , então a série (a1 + a2 ) + (a3 + a4 ) + · · · tem
P
∞
X ∞
X
I Uma série an tal que |an | converge diz-se absolutamente
n=1 n=1
convergente.
∞
X
I Uma série an que seja convergente mas não absolutamente
n=1
convergente diz-se condicionalmente convergente.
A convergência de uma série e a da série dos seus valores absolutos não é,
em geral, equivalente: já vimos, por exemplo, que ∞ (−1)n+1 n1
P
P∞n=11
converge, mas a série dos seus valores absolutos n=1 n diverge.
Mas pode-se provar o seguinte:
Demonstração: Seja ∞
P
n=0 an uma série absolutamente convergente.
Para mostrar que ela converge basta mostrar que a sucessão (sn )n das suas
somas parciais é uma sucessão de Cauchy. De facto, para m > n, tem-se
m
X m
X
|sm − sn | = | ai | 6 |ai | = tm − tn ,
i=n+1 i=n+1
A uma série
P P + P −
n an associamos as séries n an e n an , cujos termos são
definidos por
an + |an |
an+ = = max{an , 0}
2
an − |an |
an− = = min{an , 0},
2
ou seja, em que substituímos por zero respetivamente os termos negativos
e os termos positivos. Note-se que
an = an+ + an− = 2an+ − |an | = |an | + 2an−
|an | = an+ − an− = 2an+ − an = an − 2an− .
Logo, se ambas as séries n an+ e n an− convergirem, então a série n an
P P P
P∞
Note-se que, para uma série n=1 an de termos não negativos, a sucessão das
somas parciais (sn )n∈N é crescente. Se ela é majorada, então é convergente e a
P∞
série converge; caso contrário, tem-se limn→∞ sn = ∞, ou seja n=1 an = ∞ e a
série diverge.
P∞
Demonstração: P Como a série n=0 an é condicionalmente convergente, temos
P ∞ + ∞ −
n=0 an = ∞ e n=0 an = −∞. Em particular, a sucessão (an )n tem uma
infinidade de termos positivos e uma infinidade de termos negativos. Sejam (pn )n
e (qn )n respetivamente as subsucessões dos termos não negativos e a subsucessão
dos termos negativos de (an )n .
tm1 −1 + un0 = tm1 −1 6 tm1 + un1 < s < tm1 + un1 −1 6 tm1 = tm1 + un0 .
Suponhamos, indutivamente, que m1 < · · · < mk e n1 < · · · < nk são tais que
tmi −1 + uni−1 6 tmi + uni < s < tmi + uni −1 6 tmi + uni−1 (1)
para i = 1, . . . , k. Então existem os mínimos mk+1 > mk e nk+1 > nk tais que,
respetivamente, s < tmk+1 + unk e tmk+1 + unk+1 < s. Estas escolhas garantem que
as desigualdades (1) ainda se verificam para i = k + 1.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 51
4. Aproximação polinomial e séries
Vamos agora provar alguns critérios de convergência para séries de termos não
negativos, que permitirão decidir sobre a convergência de muitas séries (mas não,
em geral, calcular a sua soma!).
É claro que eles também se poderão aplicar
P∞ a séries de termos não positivos,
P∞
tendo em conta que a convergência de n=1 an é equivalente à de n=1 (−an ).
P∞
Por outro lado, se n=1 an tem termos negativos e termos positivos, poder-se-á
P∞
P∞absolutos n=1 |an |.
sempre usar esses critérios relativamente à série dos valores
Se se concluir que esta última converge, então também n=1 an converge; mas,
caso contrário, não se pode dessa forma decidir sobre a convergência da série
inicial.
Recorde-se que já observamos que uma série de termos não negativos converge se
e só se a sucessão (crescente) das suas somas parciais é majorada.
(∀n ∈ N) : sn 6 tn 6 sup { tn | n ∈ N } = b
∞
X 1
3. Para mostrar que converge, note-se que (∀n ∈ N) :
n=1
n2
1 1
06 (n+1)2
6 n(n+1) .
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 56
4. Aproximação polinomial e séries
∞
X 1
3. (continuação) Como já provámos que converge (para 1),
n=1
n(n + 1)
∞ ∞
X 1 X 1
conclui-se que 2
= também converge (para um número
n=2
n n=1
(n + 1)2
real menor ou igual a 1).
∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1
Logo, 2
converge (e 2
= 1 + 2
6 2).
n=1
n n=1
n n=2
n
P∞ 2
(de facto, prova-se que 2
n=1
1/n = π /6 ' 1,64493).
∞
X sen n
4. A série é absolutamente convergente, pois (∀n ∈ N) :
n=1
n2
∞ ∞
| sen n| 1
X 1 X sen n
06 n2
6 n2
e 2
converge. Logo, é convergente.
n=1
n n=1
n2
5. Expansão decimal
É bem conhecido que qualquer número real x se pode escrever na base 10
como uma sequência x = ± an . . . a1 a0 ,b1 b2 b3 . . ., em que
a0 , . . . an , b1 , b2 , . . . são algarismos (i.e., representam inteiros entre 0 e 9).
A parte inteira de x é a sequência ± an . . . a1 a0 , que significa a soma
(finita) ± (an 10n + · · · + a1 101 + a0 100 ).
Quanto à parte decimal, 0,b1 b2 b3 . . ., representa a série ∞ bnP
n=1 10n . Para
ver que esta sequência representa de facto um número real é necessário
bn 9
verificar que a série converge. Ora, como (∀n ∈ N) : 0 6 10 n 6 10n , e a
P∞ 1
série geométrica n=1 10n converge, o critério de comparação garante que
P∞ bn
n=1 10n converge e
∞ ∞
X bn X 1 1/10
06 6 9 = 9 · = 1.
n=1
10n n=1
10n 1 − 1/10
Demonstração: (continuação)
I Caso r ∈ ]1, ∞[ ∪ {∞}: Considere-se s ∈ ]1, r [. Então, existe n0 ∈ N,
tal que aan+1
n
> s, sempre que n > n0 . Daqui resulta que
1 an+1 1
1. Seja an = n! . Tem-se (∀n ∈ N) : an > 0, e lim = lim = 0.
n→∞ an n→∞ n+1
∞
X 1
Logo, pelo critério da razão, é convergente.
n=1
n!
n
Mais geralmente, se a ∈ R e (∀n ∈ N) : an = |a|
n! > 0, então a = 0 ou, se
∞ n
an+1 |a| X a
a 6= 0, então lim = lim = 0. Em qualquer caso,
n→∞ an n→∞ n + 1 n!
n=1
converge absolutamente.
Em particular, daqui resulta que
an
lim = 0.
n→∞ n!
n
2. Seja a ∈ R+ e considere-se a série ∞ a P
n=1 n . Uma vez que
an+1 n
limn→∞ an = limn→∞ a n+1 = a, o critério da razão permite concluir que
a série converge se a < 1 e diverge se a > 1. No caso de a = 1 não se
pode concluir nada deste critério, mas sabemos já que a série ∞ 1
P
n=1 n é
divergente.
n
1. Seja a ∈ R+ e considere-se a série ∞ a P
√ n=1 n . Uma vez que
a
limn→∞ n an = limn→∞ √ n n = a, o critério da raiz permite concluir que a
a1 a1
a2 a2
a3 a3
... ...
1 2 3 ... n-1 n 1 n 1 2 3 ... n-1 n
n
Área sombreada = a 1+ ... + a n-1 = s n-1 ≥ Área sombreada = ∫1 f = bn ≥ Área sombreada = a2 + ... + a n = s n- a1 ≥ 0
P∞
Se n=1 an converge, então (sn )n∈N converge, logo é limitada. Como (∀n ∈ N) :
sn > bn , resulta que (bn )n∈N também é limitada
R n e, como é crescente (pois f > 0),
então é convergente. Assim, existe limn→∞ 1 f . Então também existe
Rb Rx R∞
limb→∞ 1 f (porque 1 f é crescente), i.e., 1 f é convergente.
R∞
Reciprocamente, se 1 f converge, então (bn )n∈N é convergente e portanto
limitada. Como (∀n ∈ N) : P bn > sn − a1 , resulta que (sn )n∈N é limitada e como é
∞
crescente, converge. Logo, n=1 an converge.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 69
4. Aproximação polinomial e séries
É claro que se r > 0, o termo geral desta série não converge para 0 e
portanto a série é divergente.
Nos casos em que r < 0, tem-se nr = f (n), onde f : [1, ∞[ → [0, ∞[, dada
por f (x ) = x r , é decrescente. Então, pelo critério do integral, a
convergência da série ∞ r
P
R∞ r n=1 n é equivalente à convergência
P∞
do integral
x e, pelo que foi visto atrás, pode-se afirmar que n r converge se
1 n=1
e só se r < −1; ou, de forma equivalente,
∞
X 1
converge se e só se r > 1.
n=1
nr
visto que o último somatório pode ser visto como uma soma
telescópica.
P
Teorema 4.12. (Critério de Dirichlet) Seja n>1 bn uma série cuja
sucessão de somas parciais é limitada e seja (an )n>1 uma sucessão
P
monótona convergente para 0. Então a série n>1 an bn converge.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 72
4. Aproximação polinomial e séries
|Bn | 6 M para todo o n > 2. Pela fórmula de Abel, para m < n temos
n
X
sn − sm−1 = ak bk = an+1 Bn+1 − am Bn + Rm,n ,
k=m
onde n n
X X
|Rm,n | = | Bk (ak+1 − ak )| 6 M (ak+1 − ak ) = M(an+1 − am ).
k=m k=m
P
Teorema 4.13. (Critério de Abel) Seja n>1 bn uma série convergente e
seja (an )n>1 uma sucessão monótona convergente. Então a série
P
n>1 an bn converge.
Demonstração: Sejam B = ∞
P
k=1 bk e a = limn→∞ an . Procedendo
como na demonstração do critério de Dirichlet, obtemos a seguinte
estimativa para m < n:
Exemplos:
∞
X (1 + 1 )n
1. A série (−1)n √ n converge. De facto, como a sucessão ( √1n )n
n=1
n
P∞
descresce e converge para 0, a série n=1 (−1)n √1n converge (pelo critério de
Leibniz ou pelo critério de Dirichlet). Como a sucessão (1 + n1 )n n converge
Pn
Seja z = cos x + i sen x . Pela fórmula de De Moivre, a soma k=1 sen kx é a
Pn n
parte imaginária da soma da progressão geométrica k=1 z k , que é z 1−z
1−z .
Fazendo as contas, obtemos
n
X (1 − cos nx ) sen x 1
| sen kx | = 6 .
2(1 − cos x ) 1 − cos x
k=1
P∞
Logo, as somas parciais da série n=1 sen kx são limitadas e a série dada
converge pelo critério de Dirichlet.
3. Com o mesmo tipo de P∞cálculos que no exemplo anterior, mostra-se que as
somas parciais daP série n=1 cos kx são limitadas. Logo, pelo critério de
∞
Dirichlet, a série n=1 an cos nx converge para todo o x ∈ R e toda a sucessão
monótona (an )n convergente para 0.
Sucessões de funções
Convergência pontual
Exemplos
1. Seja fn (x ) = nxn+1 para n > 1 e x ∈ ]0, 1[.
A sucessão (fn )n converge pontualmente para a
função f : ]0, 1[ → R definida por f (x ) = 1/x .
Para cada n, tem-se |fn | < n, mas f
não é limitada, pelo que o limite pontual duma
sucessão de funções limitadas pode não ser
limitado.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 77
4. Aproximação polinomial e séries
Sucessões de funções
Convergência pontual
Sucessões de funções
Convergência pontual – exemplos
Sucessões de funções
Convergência pontual – exemplos
5. Seja fn (x ) = (n + 1)x n
(n > 0, x ∈ [0, 1[) e fn (1) = 0. Então
a sucessão (fn )n converge pontualmente
para a função
Rx
nula f . Mas a sucessão de
funções ( 0 fn )n = (x n+1 ) não converge
Rx n
pontualmente para 0 f , que é a função 2
nula. Mais precisamente, a convergência
não se verifica para x = 1. Logo, nem o
integral indefinido nem o integral definido
comutam com limites pontuais. 1
Sucessões de funções
Convergência uniforme
Sucessões de funções
Convergência uniforme – critério de Cauchy
Sucessões de funções
Convergência uniforme – critério de Cauchy
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. limitação
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. continuidade
Logo, f é contínua em c.
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. derivação
Recorde-se o exemplo n1 sen(nx ) considerado anteriormente na página
n
4.79, que converge pontualmente para a função nula em R. De facto, a
convergência é uniforme. Neste exemplo, a sucessão das derivadas
(cos(nx ))n não converge pontualmente. Mas, mesmo essa hipótese
adicional não é suficiente para que a derivação comute com limites
uniformes, como o mostra o exemplo seguinte.
x
Exemplo. Seja fn (x ) = 1+nx 2
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. derivação
2
Note-se que fn0 (x ) = (1+nx
1−nx 0
2 )2 e que (fn )n converge pontualmente para a
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. derivação
Demonstração: Seja c ∈ I e seja ε > 0. Devemos mostrar que existe δ > 0 tal
que 0 < |x − c| < δ implica f (xx)−f (c)
− g(c) < ε.
−c
Comecemos por tomar N tal que m, n > N e x ∈ I implica |fm0 (x ) − fn0 (x )| < ε3 e,
portanto, passando ao limite quando m → ∞, temos em particular
ε
|fn0 (c) − g(c)| 6 . (3)
3
Ora, dado x ∈ I \ {c}, pelo Teorema dos Valores Médios, existe d entre c e x tal
que
f (x ) − f (c) f (x ) − f (c) (f − f )(x ) − (f − f )(c)
m m n n m n m n
− =
x −c x −c x −c
ε
= |(fm − fn )0 (d)| = |fm0 (d) − fn0 (d)| < .
3
Tomando o limite quando m → ∞, decorre que
f (x ) − f (c) f (x ) − f (c) ε
n n
(n > N ∧ x ∈ I \ {c}) =⇒ − 6 . (4)
x −c x −c 3
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 88
4. Aproximação polinomial e séries
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. derivação
Sucessões de funções
Convergência uniforme vs. derivação
Resta mostrar que, no caso de I ser da forma ]a, b[, com a, b ∈ R e a < b, a
convergência fn → f é uniforme.
Fixemos c ∈ I e seja ε > 0. Como fn0 → f 0 uniformemente e fn (c) → f (c), existe
N tal que
0 0 ε ε
(n > N ∧ x ∈ I) =⇒ |fn (x ) − f (x )| < ∧ |fn (c) − f (c)| < . (6)
2(b − a) 2
Por outro lado, pelo Teorema dos Valores Médios, para cada n, existe dn,x entre x
e c tal que
fn (x ) − f (x ) = fn (c) − f (c) + (fn0 (dn,x ) − f 0 (dn,x ))(x − c).
Sucessões de funções
Limites de sucessões de funções vs. integração
Rb
Demonstração: Começamos por mostrar que ( a fn )n converge, provando que se
trata duma sucessão de Cauchy.
Seja ε > 0. Como fn → f uniformemente, em particular a sucessão (fn )n é
uniformemente de Cauchy, pelo que existe N tal que
ε
( m, n > N ∧ x ∈ [a, b] ) =⇒ |fm (x ) − fn (x )| < . (7)
3(b − a)
Sucessões de funções
Limites de sucessões de funções vs. integração
Por outro lado, como fm e fn são integráveis em [a, b], existe δ > 0 tal que,
Rb Rb
sempre que ∆(S) < δ, |Rm − a fm | < ε3 e |Rn − a fn | < ε3 . Pela desigualdade
triangular, concluímos que, para quaisquer m, n > N, tem-se
Z b Z b
fm − fn < ε, (9)
a a
Rb
o que mostra que ( a fn )n é uma sucessão de Cauchy. Seja α o seu limite.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 92
4. Aproximação polinomial e séries
Sucessões de funções
Limites de sucessões de funções vs. integração
Rb
Falta provar que f é integrável e α = a f , para o que usamos novamente a
caraterização de Riemann da integrabilidade.
Seja η > 0 e seja ε = η2 . Tomemos N, P
S, yi e δ como anteriormente e
r
suponhamos que ∆(S) < δ. Seja R = i=1 (xi − xi−1 )f (yi ). Tomando o limite
quando m → ∞ nas desigualdades (8) e (9), obtemos, respetivamente,
Z b
ε
|R − Rn | 6 e α − fn 6 ε.
3 a
Rb
Como |Rn − a
fn | < ε3 , pela desigualdade triangular segue que
Z b Z b ε ε
|R − α| 6 |R − Rn | + Rn − fn + α − fn < + + ε < η,
a a 3 3
Rb
o que mostra que α = a
f.
Séries de funções
Definições
Séries de funções
Critério de Weierstrass
Séries de funções
Critério de Weierstrass
Exemplos:
sen(nx )
1. A série ∞ de funções R → R é normalmente convergente
P
n=1 nr
para r > 1 porque a série ∞ 1
P
n=1 nr converge. Logo, para r > 1, as séries
P∞ sen(nx ) P∞ | sen(nx )|
n=1 nr e n=1 nr convergem uniformemente. Do segundo
sen(nx )
exemplo da página 4.75 segue que a série ∞
P
n=1 nr converge
pontualmente para r ∈ ]0, 1]. Para r = 1, a convergência desta série é
condicional por exemplo para x = π2 .
2. A convergência normal é suficiente para a convergência uniforme, mas
não é necessária. Por exemplo, sejam f , fn : [1, ∞[ → R dadas por
f (x ) = 1/x para todo o x , fn (x ) = 1/x se x ∈ [n, n + 1[ e fn (x ) = 0 caso
contrário. Então ∞
P∞
n=1 |fn | converge uniformemente para f ,
P
Pn n=1 fn =
pois |f (x ) − k=1 fk (x )| 6 n1 para todo o x > 1. No entanto, a série
P∞ P∞ 1
n=1 kfn k = n=1 n diverge.
Séries de potências
Definições
Para x0 ∈ R, e uma sucessão de números reais (an )n∈N , uma série do tipo
∞
X
an (x − x0 )n
n=0
Séries de potências
Convergência pontual
∞
X ∞
X
f = fn se e só se (∀x ∈ A) : f (x ) = fn (x ).
n=0 n=0
Séries de potências
Intervalo e raio de convergência
O número
1
r= p
lim supn→∞ n |an |
diz-se o raio de convergência da série de potências ∞ n
n=0 an (x − x0 ) , onde
P
∞
X
Teorema 4.20. Seja an (x − x0 )n uma série de potências centrada num
n=0
ponto x0 ∈ R e seja r o seu raio de convergência. Então a série converge
absolutamente se x ∈ ]x0 − r , x0 + r [, sendo a convergência uniforme em
todo o intervalo fechado contido em ]x0 − r , x0 + r [, e diverge se
x ∈ R \ [x0 − r , x0 + r ] (podendo convergir ou não se x = x0 − r ou
x = x0 + r ).
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 99
4. Aproximação polinomial e séries
Séries de potências
Intervalo e raio de convergência
Séries de potências
Intervalo e raio de convergência
Séries de potências
Intervalo de convergência
Séries de potências
Intervalo de convergência
Séries de potências
Continuidade
Séries de potências
Continuidade
P∞ P∞
Por hipótese, a série n=0 an r n converge e, Pportanto, aPsérie n=N an r n também
∞ ∞
converge para todo o N ∈ N. A diferença n=0 an r n − n=N an r n é a soma
PN−1 n
P∞ n
parcial P n=0 an r , que tende para n=0 an r quando N → ∞. Logo, existe N
∞ n ε
tal que | n=N an r | < 4 .
k
Para x ∈ [x0 , x0 + r ], sejam βk = ak r k e αk = x −x
r
0
. Então
αk βk = ak (x − x0 )k e a sucessão (αk )k é decrescente e converge para 0. Sejam
PN+n PN+n Pn
sn (x ) = k=N αk βk = k=N ak (x − x0 )k e tn (x ) = k=0 ak (x − x0 )k .
Nestas condições, obtivemos a seguinte estimativa na prova do Teorema 4.12
(critério de Dirichlet): se N 6 m < n, então
ε ε
|sn (x ) − sm−1 (x )| 6 (|αn+1 | + |αm | + |αn+1 − αm |) 6 4 = ε,
4 4
pois |αk | 6 1 para todo o kP∈ N. Como sn (x ) − sm−1 (x ) = tn (x ) − tm−1 (x ), fica
∞
assim provado que a série k=0 ak (x − x0 )k é uniformemente de Cauchy no
intervalo [x0 , x0 + r ].
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 105
4. Aproximação polinomial e séries
Séries de potências
Continuidade, derivação e primitivação termo a termo
Séries de potências
Derivação e primitivação termo a termo
Séries de potências
Derivação e primitivação termo a termo — exemplo
Séries de potências
Séries de Taylor
Seja ∞ n
n=0 an (x − x0 ) uma série de potências com raio de convergência
P
Séries de potências
Séries de Taylor
Séries de potências
Séries de Taylor
No entanto, não é verdade que uma série de Taylor de uma função f seja
necessariamente convergente para f (mesmo no domínio de convergência).
(Uma função que pode ser representada, numa vizinhança de qualquer ponto do
seu domínio, por uma série de Taylor, diz-se analítica.)
De facto, a soma parcial de ordem n da série de Taylor de f centrada em
x0 é precisamente o seu polinómio de Taylor Pn,x0 ,f de ordem n no ponto
x0 ; e, por definição do resto de ordem n, sabe-se que
f (x ) = Pn,x0 ,f (x ) + Rn,x0 ,f (x ).
Então, para cada x , lim Pn,x0 ,f (x ) = f (x ) se e só se lim Rn,x0 ,f (x ) = 0;
n→∞ n→∞
ou seja,
∞
X f (n) (x0 )
f (x ) = (x − x0 )n ⇐⇒ lim Rn,x0 ,f (x ) = 0.
n=0
n! n→∞
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
P∞ n
1. Sabemos que o raio de convergência da série n=0 x é r = 1 e que
∞
X 1
xn = , ∀x ∈ ]−1, 1[ .
n=0
1−x
P∞ n 1
Logo, n=0 x é a série de Taylor da função f (x ) = 1−x .
e − x12 , se x 6= 0
2. Seja f : R −→ R a função dada por f (x ) = .
0, se x = 0
Tal como já observámos anteriormente, verifica-se que (∀n ∈ N) :
f (n) (0) = 0. Logo, a série de Taylor de f centrada em 0 é a série nula, que
f (n) (0) n
converge em R. No entanto, é claro que (∀x 6= 0) : f (x ) 6= ∞
P
n=0 n! x .
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
P∞ (−1)n x 2n+1
4. A série de Taylor centrada em 0 da função f = sen é n=0 (2n+1)! .
(n+1)
Para cada n ∈ N e cada x ∈ R, tem-se Rn,0 (x ) = f (n+1)!(cn ) n+1
x , para
algum cn entre 0 e x . Como a derivada de qualquer ordem da função sen é
± sen ou ± cos, tem-se sempre |f (n+1) (cn )| 6 1 e portanto
|x |n+1
|Rn,0 (x )| 6 (n+1)! . Logo, para qualquer x ∈ R, limn→∞ Rn,0 (x ) = 0 e
∞
X (−1)n x 2n+1
(∀x ∈ R) : sen x = .
n=0
(2n + 1)!
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
(−1) x n−1 n
6. Considere-se agora a série ∞
P
n=1 n , que é a série de Taylor
centrada em 0 da função f (x ) = log(x + 1), definida para x > −1 (p. 4.16).
Usando o Corolário 4.21, podemos calcular o raio de convergência, que
(−1)n−1 x n
é 1. Seja g(x ) = ∞ , para x ∈ ]−1, 1[.
P
n=1 n
Pelo Teorema 4.24, temos
∞ ∞
X X 1 1
(∀x ∈ ]−1, 1[ ) : g 0 (x ) = (−1)n−1 x n−1 = (−x )n−1 = = .
n=1 n=1
1 − (−x ) 1+x
R 1
Portanto, (∀x ∈ ]−1, 1[ ) : g(x ) = dx = log(1 + x ) + c, para alguma
1+x
constante c ∈ R. Uma vez que g(0) = 0 = log 1, conclui-se que c = 0, ou
(−1)n−1 x n
seja, que (∀x ∈ ]−1, 1[ ) : log(1 + x ) = ∞
P
n=1 n .
Rx Rx
(Em alternativa, escreva-se 0
g 0 (t) dt = 1
0 1+t
dt donde resulta, diretamente,
g(x ) = log(1 + x ).)
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 115
4. Aproximação polinomial e séries
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
6. (continuação)
P∞−1
No caso de x = −1, obtém-se a série n=1 n que é divergente. Mas no
P∞ (−1)n−1
caso de x = 1, obtém-se a série alternada n=1 n que converge.
Assim, a definição da função g pode ser extendida, usando a mesma
fórmula para todo o x ∈ ]−1, 1]. Pelo Corolário 4.23, g é uma função
contínua. Como a função log(1 + x ) também o é, obtemos o seguinte
resultado.
∞
X (−1)n−1 x n
(∀x ∈ ]−1, 1]) : log(x + 1) = .
n=1
n
P∞ (−1)n−1
Em particular, temos a fórmula n=1 n = log 2.
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
(−1) x n 2n+1
7. A série de Taylor centrada em 0 da função f = arctg é ∞
P
n=0 2n+1 .
Usando o Corolário 4.21, vê-se que o raio de convergência desta série é
r = 1. Nos extremos −1 e 1 do intervalo de convergência, temos,
(−1)n+1 P∞ (−1)n
respetivamente, as séries ∞
P
n=0 2n+1 e n=0 2n+1 , ambas convergentes.
Logo, mais uma vez por continuidade do arctg e da função definida pela
soma da série de potências, concluímos que
∞
X (−1)n x 2n+1
arctg x = , ∀x ∈ [−1, 1].
n=0
(2n + 1)
(−1) n
Em particular, temos ∞ π
P
n=0 (2n+1) = arctg 1 = 4 .
Este é, portanto, mais um exemplo em que as séries de Taylor nos
permitem calcular as somas de algumas séries.
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
Séries de potências
Séries de Taylor — exemplos
P∞ (−1)n x 2n+1
9. Uma vez que, (∀x ∈ R) : sen x = n=0 (2n+1)! , multiplicando por
1/x , para x 6= 0, obtém-se
∞
X (−1)n x 2n
sen x x2 x4 x6
= =1− + − + ···
x n=0
(2n + 1)! 3! 5! 7!
Observe-se que esta série converge para todo o x ∈ R, para uma função
f (x ), contínua (até de classe C ∞ ), tal que f (0) = 1; ou seja, para
(
sen x
x , se x 6= 0
f (x ) =
1, se x = 0.
sen x
Isto mostra o facto já conhecido, por outras vias, de que limx →0 x = 1.
Daqui resulta também que
∞
(−1)n x 2n+1 x3 x5 x7
Z
sen x X
dx = =1− + − + ···
x n=0
(2n + 1)(2n + 1)! 3 · 3! 5 · 5! 7 · 7!
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 119
4. Aproximação polinomial e séries
Séries de potências
Série binomial
Sejam α ∈ R e k ∈ N. Definimos
1 k−1
!
α α(α − 1) · · · (α − k + 1) Y
= = (α − i),
k k! k! i=0
Séries de potências
Série binomial
∞
!
α n X
Consideremos a série de potências x , que se diz a série binomial
n=0
n
(associada a α). No caso de α ∈ N, os termos da série são nulos para
n > α, pelo que a série binomial se reduz ao polinómio αn=0 αn x n , cuja
P
Séries de potências
Série binomial
Seja fα (x ) = ∞ α n
n=0 n x sempre que a série convergir. Para α ∈ R \ N e
P
|x | < 1, derivando termo a termo obtemos
∞ ∞ ∞
X α n−1 X α − 1 n−1 X α−1 n
fα0 (x ) = n x =α x =α x = αfα−1 (x ).
n=1
n n=1
n−1 n=0
n
Séries de potências
Série binomial
fα0 (x ) α
e, portanto, (log fα (x ))0 = = . Primitivando, segue que, para
fα (x ) 1+x
alguma constante C ∈ R, log fα (x ) = α log(1 + x ) + C = log(1 + x )α + C ,
donde fα (x ) = e C (1 + x )α . Tomando x = 0, vem que e C = fα (0) = 1, o
que mostra que fα (x ) = (1 + x )α para todo o x ∈ ]−1, 1[. Como a função
(1 + x )α é contínua e fα (x ) também o é pelo Corolário 4.23, a igualdade
fα (x ) = (1 + x )α mantém-se válida em todo o domínio da função fα . Fica
assim estabelecido o seguinte resultado.
A fórmula (1 + x )α = ∞ α n
vale para todo o α ∈ R e todo o x ∈ R
P
n=0 n x
para o qual a série converge.
Funções analíticas
Definição
Por outras palavras, f é analítica se for dada localmente, i.e., junto a cada
ponto do domínio, por uma série de potências, que já sabemos que tem de
ser a sua série de Taylor centrada nesse ponto. Em particular, o raio de
convergência dessa série é positivo em todos os pontos de A.
Sejam f , g : A → R funções analíticas.
f + g é uma função analítica: dado x ∈ A, existemPr , s > 0 tais que
I A soma P
n n
f (x ) = n an (x − x0 ) sempre que |x − x0 | < r e g(xP
) = n bn (x − x0 )
sempre que |x − x0 | < s; tem-se então (f + g)(x ) = n (an + bn )(x − x0 )n
sempre que |x − x0 | < min{r , s}.
I O produto fg e a inversa 1/f também são funções analíticas, como
mostramos em seguida. Note-se que, no caso de 1/f , o domínio é o
conjunto aberto formado pelos x ∈ A tais que f (x ) 6= 0.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 124
4. Aproximação polinomial e séries
Funções analíticas
Propriedades algébricas
O seguinte resultado prévio só tem a ver com séries numéricas e podia ter sido
apresentado muito antes.
P P∞
Lema 4.25. Sejam n>0 an e n=0 bn séries absolutamente convergentes e seja
cn = a0 bn +a1 bn−1 +· · · + an b0 . Então, tem-se
P P P
n>0 an n>0 bn = n>0 cn .
Pn Pn Pn
Demonstração: Sejam sn = k=0 ak , tn = k=0 bk e un = k=0 ck . Como
X
|sn tn − un | = ai bj
06i, j6n; i+j>n
X X X X
6 |ak | |bk | + |ak | |bk | ,
k>n/2 k>1 k>1 k>n/2
P P
e como as séries n>0 an e n>0 bn convergem absolutamente e as sucessões
(sn )n e (tn )n convergem para as somas
Pdaquelas
séries, deduzimos
que a sucessão
P
(un )n converge para limn→∞ sn tn = a
n>0 n n>0 nb .
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 125
4. Aproximação polinomial e séries
Funções analíticas
Propriedades algébricas
Funções analíticas
Propriedades algébricas
Funções analíticas
Propriedades algébricas
X n X
Pelo Lema 4.25, existem cn,k ∈ R tais que ak (x − x0 )k = cn,k (x − x0 )k .
k>1 k>0
1 X X
Obtemos assim a fórmula = (−1)n cn,k (x − x0 )k , restando mostrar
f (x )
n>0 k>0
que a expressão do lado direito se pode escrever como série de potências. Mais
1 XX
precisamente mostraremos que = (−1)n cn,k (x − x0 )k . Isso
f (x )
k>0 n>0
corresponde à alteração da ordem dos somatórios, quando já vimos que as somas
infinitas não são em geral comutativas. Há, portanto, que desenvolver um
argumento cuidadoso para atingir aquele objetivo.
Para x ∈P]x0 − r , x0 + r [, pelo Teorema 4.20 podemos definir uma função
g(x ) = n>0 |an |(x − x0 )n . Podemos também supor que s é suficientemente
pequeno para que também Xse tenha |g(x ) − 1 sempre que |x − x0 | < s.
n1| <X
k
Sejam dn,k ∈ R tais que |ak |(x − x0 ) = dn,k (x − x0 )k .
k>1 k>0
Funções analíticas
Propriedades algébricas
Como a série geométrica n>0 |g(x ) − 1|n converge sempre que |x − x0 | < s,
P
k
P P
resulta que a série n>0 k>0 d n,k (x − x 0 ) converge. Por outro lado, da
fórmula para os coeficientes para o produto de séries de potências é fácil deduzir
que |cn,k | 6 dn,k . Logo, cada série k>0 cn,k (x − x0 )k converge absolutamente e
P
P
(−1)n cn,k (x − x0 )k converge. Abstraindo um pouco do
P
a série n>0 k>0
caso concreto que temos em mãos, provamos o seguinte resultado que é suficiente
para concluir a demonstração do Teorema 4.27.
P
Teorema 4.28. Para cada n > 0, seja k>0 an,k uma série absolutamente
convergente tal que a série n>0 k>0 |an,k | converge. Então verifica-se a
P P
igualdade XX XX
an,k = an,k ,
n>0 k>0 k>0 n>0
Funções analíticas
Propriedades algébricas
n
X XX
Demonstração do Teorema 4.28: A desigualdade |am,k | 6 |am,k |
m=0 m>0 k>0
P
mostra que, para cada k > 0, a série n>0 an,k é absolutamente convergente.
Sejam agora K , N, R ∈ N. Temos então as seguintes desigualdades:
XK X N X K XN N X
X K XX
an,k 6 |an,k | = |an,k | 6 |an,k |.
k=0 n=R k=0 n=R n=R k=0 n>R k>0
Funções analíticas
Propriedades algébricas
Pr P
Consideremos agora as somas parciais ur = n=0 k>0 an,k e
Pr P
vr = k=0 n>0 an,k . A distância entre elas pode ser estimada como segue:
Xr X r X
X X r X r X
X
|ur − vr | = an,k − an,k 6 |an,k | + |an,k |. (12)
n=0 k>r k=0 n>r n=0 k>r k=0 n>r
Para concluir, basta mostrar que cada uma das somas do lado direito da
desigualdade
P P (12) tende P zero quando r → ∞. Como ambas as séries
P para
n>0 k>0 |a n,k | e k>0 n>0 |an,k | convergem, basta considerar uma daquelas
somas, digamos a segunda. Ora, tomando K = r e R = r + 1 na segunda
desigualdade de (11), obtemos
r X
X XX
|an,k | 6 |an,k |
k=0 n>r n>r k>0
onde
P oP lado direito é o resto da aproximação
Pr −1 Pda soma da série convergente
n>0 k>0 |an,k | pela soma parcial n=0 k>0 |an,k | e, portanto, tende para
zero quando r → ∞.
Cálculo Infinitesimal I (M111) — 2012/2013 4. 131
4. Aproximação polinomial e séries
Funções analíticas
Propriedades algébricas - exemplos
Exemplos:
1. Eis um exemplo que mostra que a propriedade de comutação dos
somatórios do Teorema 4.28 falha quando se assume somente a
convergência das séries envolvidas: seja
1
1 − 2 n se k = n
1
an,k = −1 se k = n + 1
2n
se k 6= n, n + 1;
0
P P P
então an,k = n>0 0 = 0, enquanto
P P n>0 k>0 P 1
k>0 n>0 an,k = k>1 2k = 1.
Funções analíticas
Propriedades algébricas - exemplos
1 = 1 + x02 + 2x0 (x − x0 ) + (x − x0 )2 a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + · · · .
Ora, já vimos que a expansão em série de potências centrada num ponto é única,
pelo que podemos igualar coeficientes, o que nos conduz à seguinte relação de
recorrência (de grau 2) com valores iniciais
(1 + x02 )a0 = 1, (1 + x02 )a1 + 2x0 a0 = 0, (1 + x02 )an + 2x0 an−1 + an−2 = 0 (n > 2)
Funções analíticas
Analiticidade das funções definidas por séries de potências
Funções analíticas
Composição
Funções analíticas
Composição
Funções analíticas
Exemplos
Funções analíticas
Exemplos
Funções analíticas
Exemplos
Funções analíticas
Nulidade
Funções analíticas
Nulidade
Funções analíticas
Nulidade
O exemplo da página 4.112 pode ser modificado para exibir uma função
C ∞ , de domínio R, que se anula numa sucessão convergente injetiva mas
que não é nula, o que o próximo teorema afirma não ser possível para uma
função analítica. Como preparação, precisamos do seguinte lema.
Lema 4.33. Seja f uma função C ∞ num intervalo aberto I e seja (an )n
uma sucessão injetiva de pontos de I convergente para um ponto a de I.
Se f (an ) = 0 para todo o n, então f (n) (a) = 0 para todo o n > 0.
Funções analíticas
Identidade
Corolário (Princípio de
P identidade paran séries de potências). Sejam
n
P
n>0 an (x − x0 ) e n>0 bn (x − x0 ) séries de potências convergentes num
intervalo aberto I. Se as séries coincidem em todos os pontos duma sucessão
injetiva de I convergente para um ponto de I, então an = bn para todo
o n > 0.