You are on page 1of 11
epbsles filosofia s jacques derrida A ESCRITURA E A DIFERENCA Pa ela eu Digitalizado com CamScanner a 7] Prof* Livia Natélia Biblioteca Particular A ESTRUTURA, O SIGNO E O JOGO NO DISCURSO DAS CIENCIAS HUMANAS Existe maior dificuldade em interpretar as in- ) terpretagdes do que em interpretar as coisas. (Montalto) Talvez se tenha Potiama dromi se esta palavra trouxesse consigo uma carga de sentido que a exigéncia estrutural — ou es- truturalista — tem justamente como fungio reduzir’ou suspeitar. Digamos contudo um “acontecimento” usemos esta palavra com precaucdes entre asp seria portanto esse acontecimento? 229 Digitalizado com CamScanner sorte i ‘até ao acontecimento que eu gost ender, a estrutura, ow ‘melhor a_estruturalidi ju neutralizada, reduzida: por um gesto iponto-dé-presenga, a uma origem fixa, Esse Cealgo finha como fungéo nao apenas orientar ¢ equilibfar, lo ic | organizar a estrutura — nfo podemos..efetivam | pensar uma estrutura inorganizada — mas_ sob evar 0 principio de-organizagéo da estrutura a Ii (© que poderiamos denominar jogo da estrutura, certo que 0 centro de uma estrutura, orientando ¢ @r- ganizando a coeréncia do sistema, permite o jogo ffbs elementos no interior da forma total. E ainda Boje uma estrutura privada de centro representa 0 prOprio 2 appa. 7 Contudo, 0 centro encerra também 0 jogo abre e torna possivel. Enquanto centro, € 0 ponto} ‘quea substituigao dos contetidos, dos elementos, termos, jd nfo é possivel. No centro, & proibis permuta ou a transformagio dos elementos (que. ps alids ser estruturas compreendidas numa estrut Pelo-menos sempre permanecen interditada (e jtadamente esta palavra). Sempre se p por definigdo tnico, constitufa, famente aquilo que, comandando mo’ sempre, a de um desejo. ) 230 © conceito-de-estrutura centrada € com // a ® vc as undador eleito 0 conceito de um jogo_fundado, consttuido a pani Jue de wma cetera Ei ca eae ti desta certeza, # anglsta pode ier dominda. qual nasce sempre de uma cena mama Ge estar impicads ee de inicio no jogo. A pari do que chamamos partanto © centro e que, podendo igualmente estat fora ¢ dentro, recebe indiferentemente os nomes de m ou de fim. de arqué ou de telos, as repetigoes, as substituiges, as ‘transformagées, as permutas so sempre apanhadas nu- ‘ma histéria do. sentido — isto é, simplesmente. uma histéria — euja origem pode sempre ser despertada ou cujo'fim pode sempre ser antecipado na forma da pre- senga. Eis por gue talvez se poderia dizer que 0 mo- Simeoio. de tod arqucolops como 08s (San a eae “ologia, £ cimplice dessa redigio. da-esirturalidade esirutura ¢ tenta-sempro-ponsar-edta Ultima partir de ima presenga plena e fora de jog. Se for realmente assim, toda a histéria do con- ceito de estrutura, antes da ruplura de que falamos, tem de ser pensada como uma série de substituicdes Ge centro para cent, um encadeamento™ de celermi- miagbes do centro. 0 cenlco recebe, sucessva e regu diferentes. “A histria da do Ocidente, seria_a_his- éria_de eens moles © dest esioinias | A sia jatricial seria’ — espero que me perdoem ser tao. poveo demonttratvo @-THO-EING®, mas €.pard chegar mais depressa ao meu tema principal — a deter- | minacho_do_ser como presenga em todot ot sents | desta_palavra. Poder-se-ia mostrar-que t0d0s 05 o- mes do fundamento, do principio, ou do centro, sempre ddesignaram o invariante de uma presenga (@ida) arqu ‘energeia, ousia (esséncia, existéncia, substinci sujeito) alesheia» transcendentalidade, "consciénci Deus, homem, ete.) ‘Osacontecimento de ruptura, a disrupgio a que aludia 20 comegar, ter-se-ia talvez produzido no mo- ‘mento em que a estruturalidade da-estruuira~deve-ter ‘comegado a ser pensada, isto 6, repetida, ¢ eis por que dizia ‘que esta disrupcao era repetigao, em todos os sentidos desta palavra. Desde entéo deve ter sido 231 Digitalizado com CamScanner 40 arto , v pensada a lei que comandava de algum modo 0 desejo do centro na constiuigio da estrutura, © 0 processo da Sienificagio ordenando os seus deslocamentos e as suas substituigges a essa lei da presenga central; mas de aspen ste a ge nine Ch cr a es | tuto. (WTO Wo se substitui_a nada que The Be ace ue pais Bade eee nee eat, eee aie dese a Aa er come pen Gv es, SE | substituigdes de sighos. Foi entio o momento em que P'ingiager’iivaat-o campo problemstico. univers foi emao 0 momento em que, na avséncia de centro ou de origem, tudo se torna discurso — com contigo de nos enisndermos sabe ess pala sto 6, To qual-o-signifendo central, orignio OH Wane. um_sistema de diferengas. A auséncia de significado trascendeval ampli edsTinidamente © campe fe. go da significagio, ‘Onde ¢ como se produz esse descentramento co- mmo pensamento da estruturaidade da estrutura? Para designar esta producdo, seria de certo modo ingénuo referir um acontecimento, uma doutrina ou nome de um autor. Esta produgo pertence sem diivida A tota- lidade de uma época, que 2 nosta, mas ela. sempre ji comegou a anunciar-se ¢ a rabathor. Se. qusesse- mos contudo, a titulo de exemplo, escolher alguns “no- ies proprios” e evocar os autores dos dlscursos nos Guts esta produgio se manteve mais proxima da sua formulagio\ mais radical, seria sem divida.necessitio citar a erica nictschiana da metafisca, dos conceit de ser ¢ de verdade, susiuidos pelos coneetos de dade “presente); @ critica _freudiana_da nga a si ‘Slo € da contcignela, do sujeito,-da_Wdenidade i da_ proximidade_ou_da_propriedade_a_si;_e,_mais_ra calmente, a destruicao ja metafisica, da ontoxteotopra, da_determinacia da_ser_como_presenca. Ora, todos esies discursos destruidores todos os seus 232 e s, | Este andlogos estio apanhados numa espécie de circulo, lo & tinico e descreve a forma da relagao entre 4 hist6ria da_metatisica © a destruigo da histéria da ‘metafisica: ndo tem nenhum sentido abandonat 0s con- ceites da metatisica para abalar a metafisica; ndo dis- pomos de nenhuma linguagem — de nenhuma sintaxe € de nenhum léxico —que seja estranho a essa histé- fia; nio_godemos enunciar_nenhuma_proposigio_des- truidora-que no’ se tenha visto obtigada a escore- ar para Torin para-a Tica €-para as postlagoes “Tipe caquio mesmo que” gosta de conTesar Ya Gar un caople cone as ouoe coe a ajuda do conceito de signo que se abala a metafisica dda presenga, Mas a partir do momento em que se pre- tende assim mostrar, como hd pouco 0 sugeri, que nao hhavia significado transcendental ou privilegindo e que ‘© campo ou 0 jogo da significagio mio tinha, desde ‘entdo, mais limite, dever-se-ia — mas € 0 que nio se pode fazer — recusar mesmo 0 conceito ¢ a palavra signo. Pois a significagio “signo” foi sempre com- preendida e determinada, no seu sentido, como signo- cde, significante remetendo para_um significado, signi- ficante-die TgMITICaO a ~Giferenga radical entre-signinicanté e significado, € a propria palavra significante que seria necessério aban- donar como conceito metafisico... Quando Lévi-Strauss diz, no preticio do Cru ef le Culi”que “procurow trans- cender a oposigo do sensivel © do inteligivel colo- cando-se logo a0 nivel dos signos”, a necessidade, a fore a leptimidade do seu gest no nos podem Tzer ‘eiquecer-que-o conceito de signo afo-podr-em si mesmo do_sensivel_¢ do inteligivel. & aposipio:cOnpletTienie © alr vvés da totalidade da sua historia, $6 viveu dela e do seu sistema, Mas nio podemos desfazer-nos do con- ceito de signe, nfo podemos renunciar a esse cumpli- cidade metafisica sem renunciar ao mesmo tempo 20 trabalho critico que dirigimos contra ela, sem correr © risco de apagar a diferenca na identidade a si de um significado teduzindo em si o seu significante, ou, 0 que vem a dar no mesmo, expulsando-o simplesmente para fora de si, Pois hi duas_maneitas_heterogéneas de_apagar_a_diferenga entce_o significante_¢_o_signifi- ado: uma, a clissica, consiste em reduzir ou em de- 233 Digitalizado com CamScanner rivar_o signiticante, isto é finalmente em_submeter 9 Fgno-to-pensamenio;-a-oulea,_a_que aqui ding ‘conira a precedente, consiste em questionar_o Ssteme “no qual-Tunclonava a precedente redugio: e em Tea giro opasede do sensWel edo tml, “Pois-o-paradoro € que # TedugTO Metatisica do-signo tinha necessidade da oposigio que reduzia. A oposigio faz sistema com a redugio. E 0 que aqui dizemos do signo pode estender-se a todos 0s conceitos ¢ a todas as frases da metafisica, em especial ao discurso sobre a “estrutura”. Mas ha vérias maneiras de ser apa- thado nesse circulo. Sio todas mais ou menos ingé- ‘nuas, mais ou menos empiricas, mais ou menos siste- midticas, mais ou menos préximas da formulagio, ou melhor, da formalizagao dese cfrculo. Sao estas ferencas que explicam a multiplicidade dos discursos destruidores © 0 desacordo entre aqueles que os pro- ferem. E com os conceitos herdados da mi por exept, Niewsthe, Freud ¢ Heidegger (Gra como-esses_coneeNOS 140 _$A0_ele como_si0~arados dum: i \empréstimo determinado faz_vir_a si toda a\metafisica. E 0 que entao permite se reciprocamente, por exemplo a Heidegger consi- derar Nietzsche, por um lado com lucidez © rigor ¢ or outro com ma fé e desconhecimento, como o iit mo metafisico, o ultimo “platénico”. Poderiamos en- Iegar-nos a este exercicio a propésito do proprio Hei degger, de Freud ¢ de alguns outros. E nenhum outro exercicio esté hoje mais divulgado. © que acontece agora com este esquema formal quando nos voltamos para aquilo que se denomina “ciéncias humanas”? Uma delas talvez ocupe aqui um lugar privilegiado. £ a Etnologia, Podemos com efeito considerar que a Etnologia s6_teve condicOes para TUT ae oe s¢_operou “umd mento em que acultura ia @ historia da Metatisica tos — Tor deslocadaexpulstdo-se cul- ura de~referéncia—Este—momento—nio~ é~ apenas € principalmente um momento do discurso filos6fico ou Cientifico, & também um momento politico, econémico, —_—eo ‘lugar, deixando entao”de-ser~considerada como 234 ico, ete, Pode dizer-se com toda a seguranga que Oa nada de fortuito no fato de a critica do etno- centrismo, condigao da Etnologia, ser sistematica ¢ his toricamente contemporinea da destruigdo da historia da Metafisica, Ambas pertencem a uma Gnica ¢ mesma época. Ora, a-Etnologia — como toda a ciéncia — surge no elemento do discurso. E é em primeiro lugar uma cigncia europtia, utilizando, embora defendendo-se contra eles, os conceitos da tradigio. Conseqiientemen- te, quer 0 queira quer nao, ¢ isso depende de uma decisiio do etnélogo, este acolhe no seu discurso as premissas do etnocentrismo no préprio momento em que © denuncia, Esta necessidade € irredutivel, nao uma contingéncia hist6rica; seria necessirio meditar todas as suas implicagoes. Mas se ninguém Ihe pode escapar, se portanto ninguém & responsavel por ceder a ela, por pouco que seja, isto néo quer dizer que todas as ma- neiras de o fazer sejam de igual pe Tala-se af de uma relagdo critica a linguagem das cién- cias humanas e de ui Se agora considerarmos, a titulo de exemplo, os textos de Lévi-Strauss, néo é apenas por causa do pri- ‘que hoje se atribui A Etnologia no conjunto das cigncias humanas, nem mesmo porque temos ai um pensamento que pesa muito na conjuntura teérica con- temporinea, E_sobretudo porque se_observou_no tra- batho de Lévi-Strauss certa escolha e porque nele se _aborou-certa-doutrina-de-maneira, precisamente mais Para seguirmos esse movimento no texto de Lévi- “Strauss, escolhamos, como um fio condutor entre ou- tros, ‘Apesar de todos lagens, esta oposigio 235 Digitalizado com CamScanner rita a filosofia, E mesmo mais velha do que jaa "rent pelo menos idade da Soften Dende Estas duas definigdes sio de tipo Tradicional. Ora, logo desde as primeiras pginas das Siructures, Lévi-Strauss, que comegou por dar crédito 2 estes concetos, encontra o que denomina um ¢s- eindalo, isto é, cane _ “Digamos por- tanto que tudo o que € universal, homem, pertence & ordem da natureza e caracteriza-se pela espontanei- dade, que tudo © que esti submetido a uma norma pertence cultura e apresenta os atributos do relativo © do particular. Vemo-nos entio confrontados com um fato ou melhor com um conjunto “de fatos que no esta longe, & luz das definigdes precedentes, de apare- cer como um escindalo: a0 do pois_a_proibigio_do_i apresenta_ sem _o_menor_equivaco, e indissoluvelm “Feunidos, os dois caracteres em que”reconhecemo $_uma_regra_que, dnica ii a0_mesmo_tempo._um S6 existe evidentemente escindalo no interior de uum sistema de conceitos que dé erédito a diferenga entre naturcza e cultura Gomesandozausuazobrascorr ‘ccitose=certamente~os=precede~e~provavelmente..como ‘suascondigto=de=possibilidades Poder-se-ia talvez dizer ywe_toda_a_conc jo-ssiema ‘com_a_oposigao_natureza_/ cultura est destinada a feixar no impensado o que a ossivel, a saber, Este exemplo € evocado depressa demais, nio passa de um exemplo entre tantos outros, massjéedeinas Ora esta critica pode efetuar-se por vias,'e de duas “maneiras”. cpio, etc. 3 a desea ceeneeieneelinececc er. ot Gon de LewSiause i \ 4 eo etevamente 0 estado dos its cloea um pro-” a blema metodoligico, pelo fato de no se poder confor : mar a0 principio cartesiano de dividie 2 dificuldade em ‘ J quantas ‘partes for necessirio para a resolver. —Nio i existe um verdadeiro termo paca a andlise mitica, nem & unidade seereta que se possa apreender no fim do tra ‘alguns: pontos prin:

You might also like