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Propriedade Industrial - Proteção Jurídica Do Software
Propriedade Industrial - Proteção Jurídica Do Software
ARTIGO 2:
1) Os termos «obras literárias e artísticas» compreendem todas as produções do domínio
literário, científico e artístico, qualquer que seja o seu modo ou forma de expressão, tais
como: os livros, folhetos e outros escritos; as conferências, alocuções, sermões e outras
obras da mesma natureza; as obras dramáticas ou dramático-musicais; as obras
coreográficas e as pantomimas; as composições musicais com ou sem palavras; as obras
cinematográficas, às quais são assimiladas as obras expressas por um processo análogo
à cinematografia; as obras de desenho, pintura, arquitetura, escultura, gravura e litografia;
as obras fotográficas, às quais são assimiladas as obras expressas por um processo
análogo ao da fotografia; as obras de artes aplicadas; as ilustrações e as cartas
geográficas; os planos, esboços e obras plásticas relativos à geografia, à topografia, à
arquitetura ou às ciências.
Crítica à adoção do regime protetivo autoral
Apesar da maioria das legislações ter adotado o regime dos direitos autorais para
proteger os programas de computador, com o aval da doutrina, muitas controvérsias
foram criadas em razão disso.
A OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual) não concorda com a adoção
da tutela autoral, sob o argumento da inconveniência entre a definição do objeto de tutela
autoral e o programa de computador.
Cada país escolhe entre o princípio da novidade absoluta ou relativa, sendo que o Brasil
adotou o princípio da novidade relativa na Lei 9279/96, em seu art. 11, § 1º:
Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não
compreendidos no estado da técnica.
§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes
da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou
qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.
No entanto, o art. 12 da mesma lei faz uma importante ressalva, aduzindo que a
divulgação de invenção ou modelo de utilidade que preencher os requisitos previstos nos
incisos do art. 12 e que ocorrer durante os 12 (doze) meses que precederem a data de
depósito ou a da prioridade do pedido de patente, não será considerada como estado da
técnica. Este lapso de 12 meses é denominado “período da graça”.
Art. 12. Não será considerada como estado da técnica a divulgação de invenção ou
modelo de utilidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data
de depósito ou a da prioridade do pedido de patente, se promovida:
I - pelo inventor;
II - pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, através de publicação oficial
do pedido de patente depositado sem o consentimento do inventor, baseado em
informações deste obtidas ou em decorrência de atos por ele realizados; ou
III - por terceiros, com base em informações obtidas direta ou indiretamente do inventor
ou em decorrência de atos por este realizados.
Parágrafo único. O INPI poderá exigir do inventor declaração relativa à divulgação,
acompanhada ou não de provas, nas condições estabelecidas em regulamento.
Assim, se todos os conceitos técnicos constitutivos da invenção estiverem compreendidos
dentro do estado da técnica, ocorrerá a ausência de novidade e a não patenteabilidade.
Mesmo que a novidade da invenção seja parcial, haverá proteção pela patente, pois a
parte inédita de uma invenção é patenteável, bem como o aperfeiçoamento do estado da
técnica. Dessa maneira, o software, mesmo que consista em uma nova versão de um
programa de computador preexistente, atenderá ao requisito da novidade.
• aplicabilidade industrial: a invenção é suscetível de aplicação industrial se
puder ser produzida e/ou utilizada industrialmente. Especificamente em
relação às invenções de processo, quando puder ser aplicado em pelo menos
um setor produtivo ou puder ser produzido para a utilização de pelo menos
um setor da sociedade.
A Diretiva 250/91 da CEE (Comunidade Econômica Européia) não deixa dúvidas quanto
à aplicabilidade industrial dos programas de computador:
Dessa maneira, o Acordo TRIPS não afirma que o programa de computador seja obra
literária, mas somente atribui a proteção autoral das obras literárias, através da
Convenção de Berna, ao processo do programa de computador.
1. A CONVENÇÃO DE BERNA:
A Convenção de Berna, realizada em 09/09/1886, e revista em Paris, em 24/07/1971, foi
promulgada no território nacional pelo Decreto nº 75.699/75.
A lei autoral não previu a hipótese constante da Lei de Propriedade Industrial que
classifica o programa de computador isoladamente como uma criação de espírito e, em
conjunto com a máquina, uma invenção.
O art. 7º, XII, da Lei Autoral, classifica o programa de computador como uma criação do
espírito, seja isoladamente ou em conjunto.
Como afirmado anteriormente, o art. 7º, § único da Lei de Direitos Autorais prevê a
aplicação de lei específica para o programa de computador, observadas as disposições
da lei autoral que lhe sejam aplicáveis, tomando um caráter subsidiário.
1. A Lei 9609/98 (LEI DO SOFTWARE):
2. A definição legal:
O legislador brasileiro, embora tenha incluído o programa de computador no regime de
proteção dos direitos autorais, não lhe conferiu o título de obra literária. O art. 1º da Lei
nº 9609/98, conceitua programa de computador da seguinte maneira:
Art. 1º Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções
em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de
emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos,
instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para
fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.
Essa definição acarreta certa confusão. O programa de computador em sentido estrito é
o conjunto de instruções às máquinas automáticas de tratamento da informação. A
expressão deste conjunto de instruções, conforme definido no art. 1º é a descrição do
programa.
O art. 2º da lei do software põe fim a essa confusão ao restringir a aplicação da lei
específica somente ao programa de computador, de modo exclusivo.
1. Aplicação subsidiária da Lei 9610/98 (Lei Autoral):
Conforme dispõe o art. 2º da lei 9609/98:
Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o
conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no
País, observado o disposto nesta Lei.
A aplicação da lei autoral para a proteção da propriedade intelectual dos programas de
computador é SUBSIDIÁRIA.
REFERÊNCIAS
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral. Rio de janeiro: Renovar, 2007.
BITTAR, Carlos Alberto. Direito de Autor. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
POLI, Leonardo Macedo. Direitos de Autor e Software. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
POLI, Leonardo Macedo. Direito Autoral: parte geral. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
1. Pós-doutoranda pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Doutora em
Direito Privado pela PUC Minas. Mestre em Direito Privado pela PUC Minas.
Professora de Direito Civil do Instituto J Andrade e da Faculdade Del Rey.
Tutora de Direito do Consumidor e de Temas de Propriedade Intelectual e
Industrial na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista
em Direito Processual Civil pela Universidade Gama Filho. Especialista em
Educação à distância pela PUC Minas. Especialista em Direito Público –
Ciências Criminais pelo Complexo Educacional Damásio de Jesus. Bacharel
em Administração de Empresas e Direito pela Universidade FUMEC.
Assistente de Desembargador do TRT da 3ª Região. E-mail:
claudiamaraviegas@yahoo.com.br. ↑