You are on page 1of 10

jusbrasil.com.

br
14 de Novembro de 2022

Contrato de seguro no Brasil

Publicado por Thais Fadel há 7 anos  196 visualizações

Resumo
Este artigo tem como objetivo abordar a regulamentação do
contrato de seguro no país. As metodologias para realizar este artigo
científico foram: o conteúdo apresentado, primeiramente em sala de
aula pelo professor, para então, aprofundar mediante leitura na
legislação e doutrina.

Palavras-chave: Contrato de seguro. Conceito. Características.


Princípios. Hipóteses.

Introdução
Este trabalho almeja tratar do contrato de seguro no país,
abordando: seu conceito, suas principais características, seus
princípios, a diferença entre seguro de coisa e seguro de pessoa, o
prêmio e a apólice, e hipóteses discutidas na doutrina e no Superior
Tribunal de Justiça (STJ), como embriaguez, suicídio e danos
morais.

Este artigo tem como tópicos principais: 1. Contrato de seguro. 1.1.


Conceito. 1.2. Características. 1.3. Princípios. 1.4. Prêmio e apólice.
1.4.1. Prêmio. 1.4.2. Apólice. 1.5. Diferença entre seguro de coisa e
seguro de pessoa. 1.5.1. Seguro de coisa. 1.5.2. Seguro de pessoa. 1.6.
Hipóteses discutidas na doutrina e no Superior Tribunal de Justiça.
1.6.1. Embriaguez. 1.6.2. Suicídio. 1.6.3. Danos morais.

Desenvolvimento
1. Contrato de seguro

Primeiramente, é mister apresentar que no Código Civil existe um


capítulo inteiro para tratar somente do contrato de seguro, com
previsão entre os artigos 757 e 802, apresentando suas
características gerais e posteriormente aborda o seguro das coisas e
então o seguro de pessoas.

1.1. Conceito

O contrato de seguro tem seu conceito presente no art. 757 do


Código Civil:

“Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga,


mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse
legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra
riscos predeterminados.”

É importante destacar que se trata de um seguro contratual,


diferentemente dos legais, como o seguro DPVAT, o qual por ser
legal é imposto por lei.

A previsão do art. 757, Código Civil, traz o prêmio que é equivalente


a uma mensalidade, a qual deve ser paga pelo segurado. Além disso,
esse mesmo artigo apresenta que serão segurados somente
interesses legítimos, os quais também encontram previsão no artigo
762, com fundamento no art. 104 C/C 166, ambos do Código Civil.

1.2. Características
Esse tipo de contrato tem as seguintes características:

1. Na maioria das vezes, é um contrato de adesão, ou seja, aquele


que não é possível discutir as cláusulas apresentadas;

2. É um contrato bilateral, oneroso, encontrando fundamento nos


artigos a seguir: art. 764 – afirma que mesmo não ocorrendo o
risco, não exime o segurado do pagamento do prêmio; art. 772
– traz que havendo mora no pagamento do sinistro, incide
atualização monetária, de acordo com os índices estabelecidos,
sem prejuízo dos juros moratórios; art. 776 é entendido a partir
da leitura do próprio artigo: “O segurador é obrigado a pagar
em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se
convencionada a reposição da coisa”.

1.3. Princípios

O contrato de seguro é regido pelos princípios do mutualismo e da


boa-fé objetiva, os quais relacionam-se intensamente, pois
seguradora e segurado devem ser honestos e leais com o contrato a
ser realizado.

O princípio do mutualismo pode ser interpretado com a aplicação


do princípio da boa-fé objetiva na relação entre seguradora e
segurado, partindo de cada uma das partes, pois na atividade
securitária, o valor do prêmio é calculado de acordo com a
sinistralidade do período anterior. Se houver resultado negativo, há
aumento no valor do prêmio, enquanto que se o resultado for
positivo, não haverá alteração no valor do prêmio. De forma que o
valor da soma dos sinistros, os quais foram gerados por todos, será
dividido no valor individual dos prêmios, os quais serão pagos por
todos. Cito como exemplos os artigos a seguir:
“Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante,
fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que
possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do
prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar
obrigado ao prêmio vencido.”

Neste artigo, encontramos a previsão de que se o segurado ou seu


representante apresentarem informações falsas ou omissas no
momento da celebração do contrato, ou seja, quando do
preenchimento do questionário dos eventuais riscos que o segurado
possui, há uma penalidade. Portanto, o segurado deve preencher da
forma mais honesta possível, pois o valor do prêmio depende dos
riscos que está sujeito.

Nesse exemplo serão tratados os artigos 769 e 770, ambos do


Código Civil, pois tratam de temas similares.

“Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao


segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de
agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de
perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-
fé. § 1º. O segurador, desde que o faça nos quinze dias
seguintes ao recebimento do aviso da agravação do risco
sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito,
de sua decisão de resolver o contrato. § 2o. A resolução só
será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser
restituída pelo segurador a diferença do prêmio.

Art. 770. Salvo disposição em contrário, a diminuição do


risco no curso do contrato não acarreta a redução do
prêmio estipulado; mas, se a redução do risco for
considerável, o segurado poderá exigir a revisão do
prêmio, ou a resolução do contrato.”

A comunicação de qualquer incidente que faça aumentar, ou


diminuir, o risco do segurado tem relação com o questionário de
riscos preenchido no momento de aquisição do seguro. A partir
dessa comunicação, a seguradora tem o direito de, em 15 dias,
aumentar o valor do prêmio ou resolver o contrato.

Aqui, observa-se o princípio da boa-fé objetiva mais incisivo, por


parte do segurado deve comunicar o agravamento, ou a diminuição,
do risco o quanto antes, e também por parte da seguradora, se optar
por aumentar, ou diminuir sendo uma redução considerável, o valor
do prêmio, deve fazer de forma honesta e justa.

3. E por fim trago o artigo 771, Código Civil

“Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o


segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o
saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-
lhe as conseqüências.

Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite


fixado no contrato, as despesas de salvamento conseqüente
ao sinistro.”

Em eventuais sinistros, o segurado deve comunicar a seguradora


imediatamente, pois a empresa então poderá colher as provas do
acidente e realizará uma apuração correta dos fatos que geraram o
sinistro. O segurado deve se esforçar para diminuir possíveis danos.

Nesse caso, é possível observar que o segurado deve ser honesto


quando relatar à seguradora dos fatos que levaram ao sinistro, bem
como agir de forma correta para evitar eventuais acidentes.

Dessa forma, encerro a apresentação e explicação quanto a


aplicação dos princípios do mutualismo e da boa-fé objetiva nos
contratos de seguro.

1.4. Prêmio e apólice

1.4.1 Prêmio
Primeiramente, como já foi apresentado no início deste artigo, o
prêmio é o equivalente ao valor da mensalidade, a ser pago pelo
segurado a seguradora.

O Superior Tribunal de Justiça admite a teoria do adimplemento


substancial e esta é aplicada nos contratos de seguro. Essa teoria
significa que diante de um pagamento longo, contínuo e regular, o
contrato não pode ser reincidido a partir do inadimplemento de
algumas parcelas.

1.4.2. Apólice

A apólice tem como conceito ser um instrumento representativo do


contrato de seguro. Sua emissão é obrigatória, conforme previsão
dos arts. 758 e 759, Código Civil, porém não é um requisito de
existência do contrato de seguro em si. Se a apólice não for emitida,
existem penalidades que devem ser aplicadas para a seguradora.

1.5. Diferença entre seguro de coisa e seguro de pessoa

1.5.1. Seguro de coisa

Primeiramente, o seguro de coisa, ou de dano, é previsto nos artigos


778 a 788, Código Civil, e tem como exemplos: automóveis,
veículos, etc.

Neste tipo de seguro, sempre é possível avaliar o real valor do bem,


diferentemente do seguro de pessoa. É possível a existência de mais
de um seguro contratado para cada coisa, desde que a soma dos
seguros não ultrapasse o valor do bem.

Além disso, nessa hipótese, de acordo com o art. 786, do Código


Civil, há direito de regresso.

1.5.2. Seguro de pessoa


O seguro de pessoa, o qual encontra previsão nos artigos 789 a 802
do Código Civil, tem como exemplos: vida, integridade física, etc.

Neste seguro, tendo em vista que não é possível atribuir um valor


exato a uma pessoa, uma vida, não existe a possibilidade de se
avaliar sempre que for necessário uma pessoa. Isso tem como
consequência a existência de mais de um seguro contratado para
cada pessoa, e aqui não há limites em relação aos valores, como
ocorre no seguro de coisa.

Nos termos do art. 800, Código Civil, nessa hipótese não há direito
de regresso.

Ademais, no seguro de pessoa: o beneficiário pode ser substituído,


de acordo com o art. 791; se não houver indicação do beneficiário, o
capital segurado será destinado ao cônjuge que não for separado
judicialmente e aos demais herdeiros do segurado, de acordo com a
vocação hereditária, conforme art. 792; e o seguro de vida não
integra o direito hereditário, como prevê o art. 794, sendo que todos
os artigos presentes neste parágrafo são do Código Civil.

1.6. Hipóteses discutidas na doutrina e no Superior


Tribunal de Justiça

1.6.1. Embriaguez

Neste ponto, trarei a discussão da doutrina e do Superior Tribunal


de Justiça (STJ) no que tange: a embriaguez, ao suicídio, e aos
danos morais.

Primeiramente, em relação a embriaguez, é necessário trazer o


entendimento antigo da doutrina, o qual encontra previsão no art.
768, Código Civil:

“Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se


agravar intencionalmente o risco objeto do contrato”.
Sendo um agravamento intencional do risco, em relação ao álcool,
havia o entendimento de que qualquer indício de álcool no sangue
fosse suficiente para que a seguradora não efetuasse o pagamento
do sinistro.

Então, posteriormente veio o posicionamento do STJ de que se a


embriaguez for a causa principal do acidente, a seguradora não
realiza o pagamento do sinistro. Já, se a embriaguez não for a causa
principal do acidente, a seguradora cobre o pagamento do sinistro.

1.6.2. Suicídio

Em relação ao suicídio, sendo um ato ilícito, contrário ao direito,


conforme arts. 186 C/C 927, há previsão do artigo 798 do Código
Civil:

“Art. 798. O beneficiário não tem direito ao capital


estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois
anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução
depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo
único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste


artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento
do capital por suicídio do segurado.”

De acordo com o artigo em questão, se houver suicídio do


beneficiado nos 2 (dois) primeiros anos do contrato, ou da purgação
da mora, não tem direito de receber o capital segurado. Para receber
esse valor, os familiares devem comprovar mediante indícios,
caracterizando a prova diabólica, de que possuía uma boa estrutura
familiar, sem dívidas ou doenças graves. A partir dos 2 anos da
celebração do contrato, ou da recondução após a suspensão, o
beneficiado pode cometer suicídio e o pagamento é realizado de
qualquer forma.
É necessário destacar que existe posicionamento do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), do Supremo Tribunal de Justiça (STF) e
das Jornadas de Direito Civil, aqui em seu enunciado 187, nesse
sentido, como denota-se a seguir:

“STJ. Súmula 61: O seguro de vida cobre o suicídio não


premeditado. STF. Súmula 105: Salvo se tiver havido premeditação,
o suicídio do segurado no período contratual de carência não exime
o segurador do pagamento do seguro. Enunciado 187 – Art. 798: No
contrato de seguro de vida, presume-se, de forma relativa, ser
premeditado o suicídio cometido nos dois primeiros anos de
vigência da cobertura, ressalvado ao beneficiário o ônus de
demonstrar a ocorrência do chamado "suicídio involuntário”. De
acordo com esses posicionamentos, é possível entender que diante
de um suicídio premeditado, a seguradora não cobre esse tipo de
sinistro. Já em relação ao suicídio não premeditado, ou
involuntário, a seguradora efetua o pagamento do sinistro.

1.6.3. Danos morais

E sobre os danos morais há o entendimento do STJ presente na


súmula 402: “O contrato de seguro por danos pessoais compreende
os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão”. A partir da
súmula 402, é possível compreender que as seguradoras cobrem os
danos morais nos sinistros.

Conclusão
Neste artigo científico, sobre o contrato de seguro, apresentei:
conceito, características, princípios, e as questões discutidas na
doutrina.

Referências
FIUZA, CÉSAR. Direito civil: curso completo. 17. Ed. São Paulo -
Editora Revista dos Tribunais; Belo Horizonte – Del Rey Editora.
2014.

Disponível em: https://thaisfadel16.jusbrasil.com.br/artigos/259253266/contrato-de-seguro-no-brasil

Informações relacionadas

Fernando Henrique Azevedo de Araujo


Modelos • há 2 anos

Ação De Restabelecimento De Vínculo Contratual C/C


Obrigação De Fazer C/C Exibição De Documento E Pedido
De Tutela Antecipada
AO JUÍZO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____ ESTADO DE ____.
FULANO DE TAL, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF nº
XXX.XXX.XXX-XX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na…

Anna Carolina
Modelos • há 2 anos

Ação De Obrigação De Fazer Para Restabelecimento De


Plano De Saúde
AO JUÍZO DO JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA xxxxxxxx –
xxxxxxxxxxxxxx XXXXXXXXXXXXXXX , nacionalidade, estado civil, profissão,
inscrito no CPF sob nº xxxxxxxx, portador do RG nº xxxxxxxxxx,…

You might also like