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MEDIEVO I
Livro Digital
Sumário
6. Gabarito .......................................................................................................................................... 37
Enem ................................................................................................................................................... 37
Outros vestibulares ............................................................................................................................. 37
9. Referências ..................................................................................................................................... 62
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Quando dizemos Idade Média, que imagens veem a sua mente? Provavelmente a de castelos,
cavaleiros, o grande poder da Igreja católica e uma vida rural, certo? Bem, em parte, era esse mesmo
o quadro, pelo menos na região central do continente europeu. No entanto, hoje costumamos
manter uma visão romantizada deste período, sobretudo por influência de séries como Game of
Thrones e Vikings, e filmes como Coração de Cavaleiro (2001). Essas produções nos passam a
imagem de que a vida era repleta de ação e desafios, e por isso nos causa certo fascínio.
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A seguir, vamos iniciar nossos estudos sobre a Alta Idade Média, momento no qual Oriente e
Ocidente se encontravam em processos totalmente distintos. Enquanto o Império Carolíngio
estabeleceu um poder descentralizado, em uma sociedade marcada pelas relações no campo, as
civilizações bizantina e islâmica continham grandes centros urbanos, locais de uma vida comercial
intensa, palácios e templos religiosos ricamente adornados e uma grande produção cultural e
científica. Bem diferente da imagem que temos sobre os medievais, não é verdade?
Se a Idade Média esteve longe de ser um momento de trevas, isso se deve, em grande parte, à
intensa vida cultural dessas duas civilizações, sobretudo a da civilização islâmica, chamada pelo
historiador J. Baschet (2006, p. 85) como “a mais brilhante do Mediterrâneo na época medieval”.
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Castelos foram erguidos por nobres e autoridades da Igreja com intuito de se protegerem dos
ataques, em um período em que novas relações de caráter político, social e econômico se firmavam
entre os europeus ocidentais a partir do isolamento. Um novo sistema social, chamado feudalismo,
se forma nesse contexto, do qual falaremos mais adiante.
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3. A Civilização Bizantina
Chamamos de Império Bizantino – ou civilização bizantina – a parte oriental do Império Romano,
que como vimos na unidade anterior, foi dividido em duas regiões ao final do século IV. Embora as
crises econômica e administrativa tenham levado a porção Ocidental à desagregação, esse processo
não afetou da mesma forma oriente romano, que manteve sua estrutura imperial durante quase mil
anos.
O centro político do império era Constantinopla1, anteriormente conhecida como Bizâncio pelo
fato das famílias gregas fundadoras terem sido governadas por um rei chamado Bizas. Em 324 d.C.,
a cidade foi escolhida por Constantino para sediar todo o Império romano devido ao seu
posicionamento estratégico, afinal situava-se no estreito de Bósforo, limite entre os continentes
asiático e europeu e rota comercial de valiosas mercadorias, tais como pedras preciosas, especiarias
e sedas. Para garantir sua segurança contra-ataques terrestres e marítimos, a cidade foi cercada por
grandes muralhas.
O grego era a língua oficial do Império, mas diversos outros idiomas eram falados no território
bizantino, afinal os domínios do vasto império abarcavam regiões da Grécia, Egito, Palestina, Síria,
Mesopotâmia e Ásia Menor.
Para os bizantinos da Alta Idade Média, o governo sediado em Constantinopla representava a
continuidade do Império Romano, mesmo após a fragmentação da sua sede ocidental. O termo
“Império Bizantino” só seria utilizado séculos depois pelos turcos, que em 1453 conquistam este
território.
1
Atualmente este local corresponde a Istambul, uma das cidades mais importantes da Turquia.
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A partir da segunda metade de seu governo, Justiniano buscou subordinar a Igreja ao poder
imperial, fundamentando sua autoridade na doutrina cristã para colocar-se como um representante
divino. A esta relação damos o nome de cesaropapismo (césar + papa), na qual o governante é
concebido simultaneamente como autoridade política (césar) e religiosa (papa), e por isso interfere
constantemente nos dogmas e na hierarquia existente no interior da Igreja, chegando a nomear até
mesmo os patriarcas, como ficariam conhecidos os líderes situados no topo da estrutura religiosa.
Dizia-se que Bizâncio era a cópia do reino dos céus na Terra, cabendo ao imperador, feito a
imagem e semelhança de Deus, governar seus subordinados de acordo com os mandamentos
divinos. Dessa forma, pode-se dizer que ali existia uma teocracia.
A sujeição da Igreja ao poder do imperador, chamado em grego de basileu, permaneceu ao
longo dos séculos, o que permitiu a essa instituição religiosa acumular um vasto patrimônio. Só
durante o reinado de Justiniano foram construídas mais de cem igrejas, incluindo a majestosa
Basílica de Santa Sofia, até hoje visitada por milhares de pessoas todo ano.
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A revolta de Nika
A política do “pão e circo” realizada em Roma serviu de exemplo para que os
governantes do Império Bizantino também buscassem evitar convulsões sociais a partir
da realização de divertimentos públicos. Contudo, enquanto em Roma a população
comparecia em massa no Coliseu para assistir as lutas travadas entre gladiadores, em
Constantinopla o povo vibrava com as corridas de biga realizadas no Hipódromo, eventos
nos quais também era a comum a distribuição de alimentos para os mais pobres.
As corridas eram disputadas entre as facções verde e azul, que exerciam grande
influência na cidade e apresentavam visões distintas em relação ao cristianismo. Os
eventos eram geralmente iniciados pelo próprio imperador, que do seu camarote
saudava primeiramente sua equipe de preferência, e reconhecia o vencedor da corrida
após o término. Era uma das poucas oportunidades que a população dispunha para ver
de perto o seu governante, e por isso o Hipódromo pode ser considerado o centro da vida
política de Constantinopla.
Em 532, durante o reinado de Justiniano, uma revolta popular eclodiu neste local,
tendo como estopim o resultado de uma corrida de biga na qual cavalo Nika era o favorito
entre os espectadores. Apesar da vitória do animal na competição, o resultado não foi
reconhecido pelo imperador, que naquele período não desfrutava de grande prestígio
entre as camadas populares devido aos altos impostos legados pela sua política
expansionista. A partir daí, milhares de partidários dos verdes e os azuis tomaram as ruas,
dando início a um movimento que quase levou Justiniano a abandonar Constantinopla.
Após ser convencido por sua esposa Teodora a permanecer e lutar pelo poder, o
imperador atraiu os revoltosos para dentro do Hipódromo, alegando que atenderia suas
reivindicações. Em seguida, seus generais ordenaram o ataque dos presentes, e pelo
menos 30 mil pessoas assassinadas pelas tropas imperiais.
Durante o reinado de Justiniano, Constantinopla se tornou maior do que qualquer centro urbano
europeu. Centenas de milhares de pessoas habitavam a capital, a maioria delas em péssimas
condições vida, embora ainda superiores às verificadas em outras cidades do Império e do
continente europeu.
Além da capital, o Império Bizantino também possuía outros grandes centros comerciais. Cidades
como Tessalônica, Éfeso e Edessa eram habitadas por milhares de trabalhadores, ricos comerciantes,
artesãos, religiosos, militares e funcionários imperiais. Apesar da intensa atividade comercial
desenvolvida nestes espaços, a maior parte da população era composta por camponeses que viviam
no interior, submetida à servidão em grandes latifúndios. A escravidão, por sua vez, não foi
empregada em larga escala como no Império Romano ocidental.
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Figura 6 - Mosaico da Virgem Maria e o menino Jesus na basílica de Santa Sofia. Istambul, Turquia.
Fonte: Shutterstock.
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4. A Civilização do Islã
A civilização do Islã teve como ponto de partida a península arábica, localizada no Oriente Médio
e margeada pelo Golfo Pérsico, o Oceano Índico e o Mar Vermelho. No século VI, esta região era
ocupada por povos organizados em tribos e clãs, podendo ser dividida em duas sub-regiões:
Arábia oásis.
•Habitada pelos beduínos, povos semi-nômades
dedicados à criação de carneiros e camelos.
Pétrea Também faziam saques a caravanas, chamados
de razias.
Meca era um dos principais centros comerciais da península Arábica, local de passagem de
caravanas de mercadores rumo ao Mediterrâneo ou para o golfo Pérsico. Também era destino de
peregrinação para diversas crenças, que mantinham seus ídolos em uma construção cúbica chamada
Caaba. Juntamente com essas imagens de deuses cultuados pelos árabes era guardada a Pedra
Negra, meteorito que consideravam ter sido enviado pelos deuses.
A cidade era governada por membros das famílias mais ricas da região, que no século III,
durante a guerra entre persas e o Império Romano do Oriente, enfrentavam dificuldade para
encontrar rotas alternativas para suas mercadorias. Percorrer o interior da península era um grande
risco, afinal os beduínos viviam a promover razias, e raramente se mostravam flexíveis a cessar esta
prática.
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Não demorou para que a pregação de Maomé atraísse multidões de discípulos, representando
uma ameaça ao domínio das grandes famílias de comerciantes de Meca, que também eram
sacerdotes dos deuses cultuados na Caaba. A condenação dessa prática por Maomé levou a sua
expulsão da cidade de Meca em 622, levando o profeta e seus seguidores a se abrigaram em Yathrib,
que ficaria conhecida como Medina (“cidade do profeta”). A este deslocamento foi dado o nome de
Hégira, que marca o início do calendário muçulmano.
Medina passou a ser governada de acordo com os princípios estabelecidos por Maomé, que
deveriam ser seguidos por todos os muçulmanos (ou seja, submissos a Alá). A seguir, os cinco pilares
desta religião estabelecidos naquele momento, até hoje seguidos por grande parte da comunidade
islâmica em todo o mundo:
❑ Repetir a sentença “Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é seu profeta”;
❑ Realizar cinco orações diárias voltadas para Jerusalém (a partir do ano de 624, para a cidade
de Meca);
❑ Dar esmolas aos pobres;
❑ Jejuar no Ramadã, mês quando o anjo Gabriel se revelou ao profeta Maomé;
❑ Peregrinar até Meca pelo menos uma vez na vida, desde que possua condições físicas e
financeiras para fazê-lo.
Estes princípios básicos foram reunidos no Corão (ou Alcorão), que em árabe quer dizer “o
que deve ser lido”. Considerado sagrado pela religião muçulmana, o livro foi escrito pelos discípulos
que anotavam as revelações obtidas pelo profeta Maomé, reunidas em 114 capítulos. Algumas
regras de conduta também foram estabelecidas para os islâmicos, como a não ingestão de bebidas
alcoólicas, a possibilidade de casamentos poligâmicos e a necessidade de ser hospitaleiro.
O islamismo moldou as relações políticas e sociais entre os árabes, que até então possuíam
apenas a origem étnica e a língua como elementos comuns. Em Meca, Maomé estabeleceu que todo
muçulmano deveria encarar como irmão aquele que partilhasse de sua fé, independentemente da
origem familiar. Ao mesmo tempo, a escravização ou o roubo se tornaram práticas repudiadas
entre islâmicos, mas tolerada caso fossem cometidas contra um infiel, como eram chamados os não
muçulmanos.
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▪ Xiitas → Grupo de defensores de que Ali, filho de Maomé, fosse escolhido califa após a morte
de Otomão, sucessor de Omar. Após o seu assassinato, em 661, continuam a acreditar que o
cargo deveria ser ocupado apenas por descendentes do profeta. Também defendiam que a
religião se guiasse apenas pelos textos do Corão.
▪ Sunitas → Grupo majoritário na comunidade muçulmana, defendiam que as lideranças
políticas fossem eleitas pelos fiéis. Além do Corão, também se orientavam pelos
ensinamentos da Suna, livro que reúne os feitos e ditos do profeta Maomé.
Xiita
O termo xiita é comumente utilizado como adjetivo no Brasil para descrever indivíduos
com posicionamentos extremistas, inclusive politicamente. Assim sendo, quando alguém
diz “você está sendo xiita”, quer dizer que a postura adotada por você é muito radical.
Segundo o jornalista Guga Chacra, a utilização do termo como sinônimo de radical é
não somente equivocada, mas também preconceituosa. Sua origem estaria associada a
Revolução Islâmica do Irã, que promoveu execuções públicas de seus inimigos e mantém
diplomatas norte-americanos como reféns. Sendo o país de maioria xiita, a partir daí essa
corrente islâmica passou a ser associada a condutas extremistas, ainda que pouco antes
desse movimento a capital do país tivesse uma vida dinâmica e liberal.
Chacra também chama atenção para o fato de que a maioria dos movimentos islâmicos
que adotaram o terrorismo como política de intimidação nas últimas décadas eram de
orientação sunita: “O Taleban, o Hamas, Bin Laden e a Al Qaeda são sunitas, não xiitas. A
Arábia Saudita, que possui um Apartheid contra as mulheres, também é sunita. Todas as
monarquias travestidas de ditaduras no Golfo Pérsico são controladas por sunitas.”
Assim sendo, o radicalismo é algo existente tanto em religiosos sunitas quanto xiitas, da
mesma forma que também existem grupos pacíficos entre eles.
Figura 7 - Muçulmanos de diferentes partes do mundo reunidos em torno da Caaba, na cidade de Meca. Fonte: Shutterstock.
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Na África, o Egito foi a primeira região a ser islamizada. Este processo foi facilitado não
somente pela sua proximidade geográfica com a península arábica, o que tornava constante a
presença de mercadores beduínos, mas também pelas intermináveis disputas religiosas que
envolviam cristãos bizantinos e cristãos coptas que ali habitavam.
Rumo a Oeste, percorrendo o deserto do Saara, o Islã também conquistou – por meio de
incursões militares e do contato com mercadores – a região do Magreb, que envolvia os territórios
dos atuais Líbia, Argélia e Marrocos. Embora a conversão das autoridades locais muitas vezes levasse
fosse motivada por interesses econômicos, não se pode negar que a religião gerou profundas
transformações sociais e culturais, formando uma identidade comum a toda a região Norte da
África. Não por acaso, a África Saariana atualmente também é chamada de África Islâmica.
Durante a Idade Média, a religião islâmica encontrou campo fértil nos mais poderosos
Impérios da África Subsaariana – Gana, Mali e Songai, todos eles localizados no Sudão Ocidental.
Foram grandes Estados tributários que se sucederam ao longo dos séculos, ou seja, que cobravam
tributos sobre mercadorias que passavam pelo seu território.
A primeira das civilizações sudanesas a existir nessa região,
o Império de Gana, se localizava nos atuais estados do Mali e
Mauritânia e o ouro era a sua principal fonte de riqueza. Para
adquirí-lo, mercadores árabes que alcançavam a região o
trocavam por tecidos, cobre e sal, entre outros produtos. A palavra
Gana também era utilizada para se referir ao chefe do reino e
significava “senhor da guerra”. A capital do Império de Gana,
Kumbi Saleh, era uma grande e próspera cidade, com as casas dos
nobres locais construídas com pedras, 12 mesquitas e cercada por
muralhas. Seu domínio sobre as demais regiões permaneceu até o
século XIII, quando Gana é sucedida pelo Império Mali.
Entre os séculos XIII e XV, o Império do Mali foi um dos mais
poderosos do mundo. Sua organização se deve a Sunjata Keita, que
dividiu seus domínios em províncias e submeteu os povos
conquistados a uma espécie de servidão. Seus sucessores foram Figura 9 - Representação de Mansa Musa em um
chamados de mansas, denominação que também era utilizada mapa do século XIV. Fonte: Biblioteca Digital
para denominar os governantes de cada região. Mundial.
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Por volta do século XV, o Império Mali entrou em decadência e se fragmentou em pequenos
reinos, em parte devido aos ataques de tuaregues, povos nômades vindos do Saara. Um deles, o
Reino de Songai, logo ocupou o lugar do Mali e se tornou o mais poderoso império sudanês, com
sua administração sediada em Gao. Esta cidade chegou a ter uma população composta por algo
entre 38 mil e 76 mil pessoas, pois se encontrava integrada a rotas de comércio saarianas. Assim
como os impérios sudaneses anteriores, o Império de Songai explorou as minas de ouro da região,
mas conquistas militares garantiram o controle de minas de sal, produto valioso na Idade Média do
continente africano.
2
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, v. 1. Rio de Janeiro:
Globo Livros, 2019. p. 144.
3
MACEDO, JR., org. Desvendando a história da África [online]. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
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Em 752, a Dinastia Omíada é derrotada pelos abássidas, que transferiram a sede do califado para
Bagdá, no Iraque, local de próspera atividade agrícola devido às terras férteis da região
mesopotâmica. O omíada Abd al-Rahman, único a se salvar do massacre promovido pelos rivais, se
refugiou no norte da África, onde foi acolhido pelos berberes, povo de sua mãe.
Pouco tempo depois, formou uma coalização de berberes e aliados dos omíadas para invadir a
península ibérica, no outono de 755. Após um ataque rápido, a região conquistada passou a ser
conhecida como Al-Andalus, tendo Córdoba como sua capital. Já a porção norte da atual Espanha,
que não chegou a ser dominada, seguiu dividida por reinos cristãos.
A introdução de novas técnicas e cultivos pelos invasores permitiu que a região conquistada
passasse por um grande crescimento urbano e comercial. As cidades eram os locais onde
desembarcavam produtos de toda a parte do mundo, onde se comercializava a produção agrícola e
eram erguidos palácios, mesquitas e formados centros intelectuais. Os cristãos que aceitaram a
dominação, chamados de moçárabes, puderam conservar sua crença sem serem perseguidos, assim
como judeus que habitavam a região. Já outros, motivados por interesses econômicos, se
converteram ao Islã e adotaram a língua árabe.
Figura 10 - Interior da Mesquita-Catedral de Córdoba, um dos indícios da presença muçulmana na Península Ibérica. Fonte: Shutterstock.
Com o passar do tempo, o território de Al Andalus foi progressivamente diminuído pelas guerras
de Reconquista, conflitos estabelecidos entre a região e os reinos cristãos do Norte. Em 1420,
Granada, último reduto muçulmano, foi derrotado, e os invasores definitivamente expulsos da
península ibérica. Contudo, vale destacar que os séculos de dominação árabe deixaram influências
na paisagem e na cultura dos ibéricos.
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A arte do Islã
A produção artística da civilização do Islã foi fortemente marcada pela religião, que
condenava a representação figurativa – ou seja, retratar pessoas, objetivos e animais. Desse modo,
há preferência por figuras geométricas e formas abstratas, que ficaram conhecidas como
arabescos, predominantes sobretudo na arte da tapeçaria. Vale destacar que o tapete era um dos
principais elementos decorativos das tendas habitadas pelos beduínos do deserto, e com o
surgimento do Islã, passa a ser utilizado como anteparo pelos seus fiéis durante as orações.
Na arquitetura, a arte muçulmana se destacou pelos seus ricos mosaicos, técnica incorporada
a partir dos contatos estabelecidos com o Império Bizantino. Em 2007, um estudo matemático
constatou que os arquitetos muçulmanos elaboraram desenhos com apenas cinco formas de
ladrilhos, mas que formavam desenhos que nunca se repetiam. Os azulejos, palavra que em árabe
significa “pedra polida”, foram levados pelos muçulmanos para a península ibérica, onde foram
incorporados pelos cristãos. A utilização desta técnica foi trazida para o Brasil com a colonização,
sendo observada em casarões históricos de cidades como São Luís do Maranhão e Recife, em
Pernambuco.
Com a expansão do Islã para além da península arábica, surgem também suntuosas mesquitas
e palácios em motivos arabescos e cercados de torres pontiagudas, chamadas de minaretes. Elas
eram – e a ainda são – utilizadas pelos muezins, que convocavam os fiéis a realizarem suas orações
diárias por meio de cantos. Dentre os edifícios mais famosos que possuem essa estética, podemos
citar o Taj Mahal, mausoléu erguido na Índia, e a Mesquita Azul, construída em Istambul.
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A mulher no Islã
No pensamento islâmico, a posição da mulher é inferior à do homem, situação que reflete
a realidade sociológica da sociedade pré-islâmica da qual o islã emergiu, das comunidades
muçulmanas históricas e do mundo muçulmano atual. Tal inferioridade, contudo, não é
exclusiva do mundo muçulmano, pois ela se encontra, sob formas diversas, em quase
todas as sociedades pré-modernas. Limitações biológicas ditavam, na maioria dessas
sociedades, uma partilha de funções socioeconômicas e condenavam a mulher a uma vida
voltada à maternidade e a funções econômicas subalternas. Essencialmente, a
fecundidade da mulher era considerada um recurso econômico do grupo da mesma
forma que o gado, o trigo ou o dinheiro. Contudo, o islã teve sua origem numa sociedade
pastoril onde as mulheres tinham uma posição mais favorável do que nas sociedades
sedentárias, situação que se traduz, inclusive com algumas melhorias, no Alcorão.
Assim, a posição da mulher dentro do islã era melhor do que nas outras civilizações
tradicionais e hierárquicas. Em vez de ser vista como posse, a mulher passou a ter
existência jurídica e direito à propriedade. Por ocasião do casamento, o marido paga um
mahr (preço da noiva) que pertence à própria mulher (e não a seus parentes masculinos)
e lhe é devido em caso de divórcio. A mulher também tem direitos à herança, exatamente
delineados, apesar de menores (herdam somente a metade da quantia em relação aos
homens. A xaria mantém a poligamia, mas limita a quatro esposas simultaneamente –
limitação originalmente progressiva. Em caso de litígios, o testemunho feminino é válido
– ainda que valha somente a metade do masculino. Por outro lado, maridos tinham o
direito de chicotear e castigar suas esposas [...].
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2015. p. 150.
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5. Lista de Questões
5.1. Enem
1. (2017/Enem)
No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional
onde tudo era negociado — sal, escravos, marfim etc. Havia também um grande comércio de
livros de história, medicina, astronomia e matemática, além de grande concentração de
estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida por meio de um velho
provérbio: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da
sabedoria vêm de Tombuctu”.
ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto
Alegre: UFRGS, 2008 (adaptado).
Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período
mencionado era o(a)
A) isolamento geográfico do Saara ocidental.
B) exploração intensiva de recursos naturais.
C) posição relativa nas redes de circulação.
D) tráfico transatlântico de mão de obra servil.
E) competição econômica dos reinos da região.
2. (2018/Enem)
Então disse: "Este é o local onde construirei. Tudo pode chegar aqui pelo Eufrates, o Tigre e
uma rede de canais. Só um lugar como este sustentará o exército e a população geral". Assim
ele traçou e destinou as verbas para a sua construção, e deitou o primeiro tijolo com sua
própria mão, dizendo: "Em nome de Deus, e em louvor a Ele. Construí, e que Deus vos
abençoe".
AL-TABARI, M. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Cia. das Letras, 1995 (adaptado).
A decisão do califa Al-Mansur (754-775) de construir Bagdá nesse local orientou-se pela
a) disponibilidade de rotas e terras férteis como base da dominação política.
b) proximidade de áreas populosas como afirmação da superioridade bélica.
c) submissão à hierarquia e à lei islâmica como controle do poder real.
d) fuga da península arábica como afastamento dos conflitos sucessórios.
e) ocupação de região fronteiriça como contenção do avanço mongol.
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3. (Enem-PPL/2018)
Os azulejos das fachadas do centro
histórico de São Luís (MA) integram o
patrimônio cultural da humanidade
reconhecido pela Unesco. A técnica
artística utilizada para a produção desses
revestimentos advém das
a) confluências de diferentes saberes do
Oriente Médio e da Europa.
b) adequações para aproveitamento da
mão de obra local.
c) inovações decorrentes da Revolução
Industrial.
d) influências das culturas francesa e holandesa.
e) descobertas de recursos naturais na Colônia.
4. (2002/Enem)
O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ramadã, mês sagrado para os
muçulmanos que, em 2001, teve início no mês de novembro do Calendário Cristão, conforme
a figura que segue.
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(http://gallica.bnf.fr)
A imagem pode ser associada à tradição dos conhecimentos desenvolvidos no mundo árabe-
islâmico durante a Idade Média e revela
a) a inexistência de instrumental médico nas sociedades islâmicas, que impediam qualquer tipo
de corte nos corpos.
b) a preparação do cadáver feminino para a cremação, principal culto funerário desenvolvido
nas sociedades islâmicas.
c) a condenação imposta pelas autoridades religiosas islâmicas às pessoas que cuidavam de
doentes e mulheres grávidas.
d) o desenvolvimento da medicina nas sociedades islâmicas, o que permitiu avanços, como a
descrição da varíola e o emprego de anestesia em cirurgias.
e) o repúdio, nas sociedades islâmicas, à representação do nu feminino, o que provocou
sucessivas punições civis e religiosas a artistas.
2. (2019/Unicamp)
Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os
domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito,
civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos fenômenos
naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios. Nas costas do
Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras explicações dos
fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de Alexandre
permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o dos antigos
impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas científicas e culturais
com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o herdeiro desse legado
científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus aportes ao longo da
Idade Média.
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(Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 200-201.)
Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a alternativa
correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural implementada
nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na cosmologia
ocidental.
b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de
forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império
Bizantino, chegando à Espanha.
c) Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos, egípcios,
macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã Medieval,
marcado pelo fundamentalismo religioso.
d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo ele
a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia greco-
romana para o Oriente.
3. (2018/UPE - Adaptada)
O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes
do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento
sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de
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4. (2018/UFPR)
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes,
não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que
toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse
cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em matemática,
astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa produção está
preservada em uma grande quantidade de manuscritos.
(BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média,
assinale a alternativa correta.
a) Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano e
a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente
homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências religiosas
teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
b) Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização muçulmana
era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não conseguia refletir
o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o surgimento do Islã.
c) Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se tornaram
centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita do qual a
Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
d) A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos países
muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas, pela
presença hegemônica da língua árabe nos espaços comerciais, políticos e acadêmicos da
Europa.
e) Existe consenso entre a maioria dos historiadores que estudam o período de que a
emergência do horizonte renascentista deve muito ao trabalho dos sábios e acadêmicos
muçulmanos, conhecidos pelo mundo cristão, sobretudo, através da Península Ibérica.
5. (2018/Unesp)
A migração de Maomé e seus seguidores, em 622, de Meca para Medina permitiu a
consolidação da religião muçulmana que incluía, entre outros princípios,
a) a recomendação de que os muçulmanos não escravizassem ou atacassem outros
muçulmanos, pois eles pertencem à mesma irmandade de fé.
b) a proibição de que os muçulmanos exercessem atividades comerciais, pois o manejo
cotidiano de riquezas era considerado impuro.
c) a proibição de que os muçulmanos visitassem Meca, pois o solo puro e sagrado dessa cidade
deveria permanecer intocado.
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6. (2005/UFV)
O Império Bizantino se originou do Império Romano do Oriente, reunindo diferentes povos:
gregos, egípcios, fenícios, eslavos, semitas e asiáticos. Em razão disso, foi preciso criar um
eficiente sistema político e administrativo para dar força e coesão àquele mosaico de povos e
culturas. Sobre o Império Bizantino é INCORRETO afirmar que:
a) a religião fornecia a fundamentação do poder imperial, mas absorvia grande parte dos
recursos econômicos, originando várias crises.
b) a intolerância religiosa não deixava espaço de autonomia para que os indivíduos
escolhessem seus próprios caminhos para a salvação.
c) a estrutura eclesiástica era extensa e muito influente, provocando intensa espiritualidade
popular e várias controvérsias teológicas.
d) a fusão entre poder temporal e poder espiritual permitia que o Imperador indicasse laicos
para postos na hierarquia eclesiástica.
e) a importância política do Imperador impediu que o Patriarcado se desenvolvesse
independentemente, tal como o Papado do Ocidente.
7. 2005/PUC-PR)
A História do Império Bizantino abrangeu um período equivalente ao da Idade Média, apesar
da instabilidade social, decorrente, entre outros fatores:
a) dos frequentes conflitos internos originados por controvérsias políticas e religiosas.
b) da excessiva descentralização política que enfraquecia os imperadores.
c) da posição geográfica de sua capital, Constantinopla, vulnerável aos bárbaros que com
facilidade a invadiam frequentemente.
d) da constante intromissão dos imperadores de Roma em sua política.
e) da falta de um ordenamento jurídico para controle da vida social.
8. (2015/UFRGS)
Considere as seguintes afirmações acerca das relações entre o Oriente e o Ocidente no mundo
medieval.
I - Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente foi a expansão do islamismo pelo
território da Europa ocidental.
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II - A cultura árabe legou para as sociedades europeias estudos sobre autores como Platão e
Aristóteles, estabelecendo um elo de ligação entre o mundo antigo pagão e o mundo moderno
cristão.
III - A península ibérica foi profundamente marcada pela presença muçulmana, que se
estendeu entre os séculos VIII e XV, produzindo reflexos na cultura lusitana e hispânica.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
9. (2016/UNIUBE-MG)
O Império Bizantino, após a queda de Roma, gradativamente se afastou da influência ocidental
e da autoridade exercida pelo papa. Em meados do século XI, após uma série de discordâncias,
ocorreu o Cisma do Oriente que dividiu o cristianismo em duas partes. No Ocidente, a Igreja
Católica Apostólica Romana se manteve, mas no Oriente, outra Igreja Cristã foi formada.
Assinale o nome que recebeu a Igreja do Império Bizantino.
a) Igreja Protestante.
b) Igreja Renascentista.
c) Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
d) Igreja Supra Oriental.
e) Igreja Moderna.
10. (2014/UPE)
A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam. Suas igrejas
abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas,
enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a
pintura renascentista.
(ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.)
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11. (2009/UFPB)
A imagem está em um mosaico da igreja de San Vitale, na cidade
de Ravena, na Itália. A figura é de influência cultural bizantina e
representa o imperador Justiniano cercado de cortesãos.
O Império Romano do Oriente tinha como capital
Constantinopla. Originou-se da divisão do Império Romano em
395 d.C e, no período medieval, passou a ser mais conhecido
como Império Bizantino, perdurando cerca de mil anos, até 1453
d.C, quando foi dominado pelos turcos. A sua longa duração
produziu uma civilização que deixou uma herança cultural com
repercussões significativas até os dias atuais.
Grandes Impérios e Civilizações. Grande
Atlas da História Universal. Da herança cultural bizantina fazem parte:
I - O Corpus Juris Civilis, uma compilação da legislação e
jurisprudência romanas e, também, bizantinas, base do direito civil moderno em muitos países.
II - A atitude iconoclasta, contra a adoração de imagens nas igrejas, contribuição de consi-
derável influência sobre o catolicismo ocidental.
III - A religião cristã ortodoxa, decorrente do chamado Cisma do Oriente, devido a disputas
político-religiosas com o Papado de Roma.
IV - A organização de uma cultura artística laica, desvinculada da religião, especialmente na
pintura dos ícones e na arquitetura.
V - A separação entre Igreja e Estado, ardorosamente defendida pelos adeptos do Estado laico,
concepção política decisiva na formação do Estado ocidental moderno.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II.
b) III e IV.
c) I e IV.
d) I e III.
e) I, II e III.
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12. (2017/Fatec)
No século VIII, tropas muçulmanas, lideradas pelo general Tarik, saíram do Norte da África,
atravessaram o mar Mediterrâneo pelo Estreito de Gibraltar e conquistaram quase toda a
península Ibérica.
Sobre o período de domínio muçulmano na península Ibérica, é correto afirmar que
a) contribuiu para a consolidação do feudalismo, isolando a Europa do restante do mundo, e
estimulando as pessoas a abandonarem as cidades.
b) o desenvolvimento mercantil provocou o crescimento de cidades como Córdoba e Toledo,
atraindo poetas, letrados e músicos, estimulando o ambiente intelectual.
c) sua duração foi maior em Portugal do que na Espanha, reino do qual os muçulmanos foram
expulsos pelos cruzados, cerca de trinta anos após a ocupação da península Ibérica.
d) durou aproximadamente meio século, e foi marcado pela perseguição aos cristãos, pela
obstrução das rotas mercantis e pela Peste Negra, que dizimou parte da população europeia.
e) consolidou o sistema escravocrata medieval, fechou universidades, desestimulou o
desenvolvimento científico e proibiu manifestações literárias e musicais pagãs.
13. (2012/UFTM)
Observe a fotografia de 31 de outubro de 2010 que
registrou peregrinos no círculo da Caaba na Grande
Mesquita, em Meca, Arábia Saudita.
14. (2010/Unesp)
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Observe a figura.
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações características
da Civilização Bizantina, que abrangeu amplas regiões do continente
europeu e asiático. A arte bizantina resultou
a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente.
b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo.
c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo.
d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa oriental.
e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas.
15. (2009/Unesp)
“As caravanas do Sudão ou do Niger trazem regularmente a Marrocos, a Tunes, sobretudo aos
Montes da Barca ou ao Cairo, milhares de escravos negros arrancados aos países da África
tropical (...) os mercadores mouros organizam terríveis razias, que despovoaram regiões
inteiras do interior. Este tráfico muçulmano dos negros de África, prosseguindo durante
séculos e em certos casos até os mais recentes, desempenhou sem dúvida um papel primordial
no despovoamento antigo da África.”
(Jacques Heers, O trabalho na Idade Média.)
16. (2008/Unesp)
O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias
na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento
movimento de destruição de imagens, denominado "querela dos iconoclastas". A questão
iconoclasta
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17. (2006/Unesp)
“Os muçulmanos entenderam que deveriam constituir uma frota para o Mediterrâneo. O
resultado inicial foi a conquista de Chipre e de Rodes. A Córsega foi ocupada em 809, a
Sardenha em 810, Creta em 829, a Sicília em 827. As cidades fundadas pelos gregos na Sicília
foram sendo conquistadas. Palermo caiu em 831, Messina em 843, Siracusa em 848, Taormina
em 902.”
(Jacques Risler. "A civilização árabe", 1955.)
18. (2005/Unesp)
Assinale a alternativa correta sobre a civilização muçulmana durante o período medieval.
a) Os constantes ataques de invasores árabes, provenientes das áreas do Saara, criaram
instabilidade na Europa e contribuíram decisivamente para a queda do Império Romano.
b) A civilização muçulmana não desempenhou papel significativo no período, em função da
inexistência de um líder capaz de reunir, sob um mesmo estado, sunitas e xiitas.
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19. (2000/Unesp)
As invasões e dominação de vastas regiões pelos árabes na Península Ibérica provocaram
transformações importantes para portugueses e espanhóis, que os diferenciaram do restante
da Europa medieval. As influências dos árabes, na região, relacionaram-se a:
a) acordos comerciais entre cristãos e mouros, a fim de favorecer a utilização das rotas de
navegação marítima em torno dos continentes africano e asiático, para obter produtos e
especiarias.
b) conflitos entre cristãos e muçulmanos, que facilitaram a centralização da monarquia da
Espanha e Portugal, sem necessitar do apoio da burguesia para efetivar as grandes navegações
oceânicas.
c) difusão das ideias que ocasionaram a criação da Companhia de Jesus, responsável pela
catequese nas terras americanas e africanas conquistadas através das grandes navegações.
d) acordos entre cristãos e muçulmanos, para facilitar a disseminação das ideias e ciências
romanas, fundamentais para o crescimento comercial e das artes náuticas.
e) contribuições para a cultura científica, possibilitando ampliação de conhecimentos,
principalmente na matemática e astronomia, que permitiram criações de técnicas marítimas
para o desenvolvimento das navegações oceânicas.
20. (1998/Unesp)
“Quando Maomé fixou residência em Yatrib, teve início uma fase decisiva na vida do Profeta,
em seu empenho de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatrib, que doravante seria
chamada de Madina al-nabi (Medina, a cidade do Profeta), tornou-se a sede ativa de uma
comunidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal.”
(Robert Mantran, Expansão muçulmana.)
Essa mudança para Medina, que assinala o início da era muçulmana, ficou conhecida como:
a) Xiismo
b) Sunismo
c) Islamismo
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d) Hégira
e) Copta
21. (1993/Unesp)
Os árabes, entre os Séculos VII e XI, ampliaram suas conquistas e forjaram importante
civilização. Sob a ação catalisadora do Islã, foi mantida a unidade política, enquanto que o
comércio destacou-se como elo do relacionamento tolerante com muitos povos. Além disso,
argumenta-se que os valores culturais da Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do
Mundo Moderno Ocidental porque os árabes
a) traduziram e difundiram entre os europeus importantes obras sobre o saber grego.
b) propagaram a obra “Mil e uma Noites”, mostrando que ela se baseia em lendas chinesas.
c) introduziram na Europa novas técnicas de cultivo e a habilidade na representação de figuras
humanas.
d) profetizavam o destino do homem através das estrelas.
e) desenvolveram uma ciência não submetida aos ensinamentos religiosos.
6. Gabarito
Enem
1. C 2. A 3. A 4. C
Outros vestibulares
1. D 8. D 15. B
2. D 9. C 16. A
3. B 10. E 17. E
4. E 11. D 18. C
5. A 12. B 19. E
6. B 13. C 20. D
7. A 14. D 21. A
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Aula 02: Enem 2020
Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período
mencionado era o(a)
A) isolamento geográfico do Saara ocidental.
B) exploração intensiva de recursos naturais.
C) posição relativa nas redes de circulação.
D) tráfico transatlântico de mão de obra servil.
E) competição econômica dos reinos da região.
Comentários
▪ A alternativa A está incorreta, afinal a cidade de Tombuctu era um dos principais centros de
econômicos da África durante a Idade Média, sendo interligada às rotas de comércio
formadas por mercadores do Saara.
▪ A alternativa B está incorreta, afinal muitos produtos comercializados em Tombuctu, tais
como o sal, o marfim e escravizados, não eram adquiridos na região.
▪ A alternativa C é a resposta. Tombuctu se tornou não somente um dos mais prósperos centros
comerciais do continente, mas também um dos mais importantes centros difusores de
conhecimento do mundo islâmico.
▪ A alternativa D está incorreta, afinal o tráfico de escravizados ocorrido na região se deu em
um contexto anterior à chegada dos portugueses no continente africano, sendo a rota do
Saara o principal local de circulação dessas “mercadorias vivas”.
▪ A alternativa E está incorreta, afinal o Império Mali era importante da região durante boa
parte do Medievo Africano, o que o possibilitou estender seus domínios sobre reinos menores
e se tornar um Estado tributário.
Gabarito: C
2. (2018/Enem)
Então disse: "Este é o local onde construirei. Tudo pode chegar aqui pelo Eufrates, o Tigre e
uma rede de canais. Só um lugar como este sustentará o exército e a população geral". Assim
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ele traçou e destinou as verbas para a sua construção, e deitou o primeiro tijolo com sua
própria mão, dizendo: "Em nome de Deus, e em louvor a Ele. Construí, e que Deus vos
abençoe".
AL-TABARI, M. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Cia. das Letras, 1995 (adaptado).
A decisão do califa Al-Mansur (754-775) de construir Bagdá nesse local orientou-se pela
a) disponibilidade de rotas e terras férteis como base da dominação política.
b) proximidade de áreas populosas como afirmação da superioridade bélica.
c) submissão à hierarquia e à lei islâmica como controle do poder real.
d) fuga da península arábica como afastamento dos conflitos sucessórios.
e) ocupação de região fronteiriça como contenção do avanço mongol.
Comentários
- Conforme explica o próprio califa Al-Manusur no fragmento acima, a decisão de transferência do
califado de Damasco para Bagdá leva em conta a fertilidade da região mesopotâmica, o que
garantiria uma produção condizente com o contingente militar e populacional de seus domínios.
Com isso, podemos inferir que a alternativa A é a correta.
- O trecho acima não permite chegar a conclusão expressa pela afirmativa B, que por isso está
incorreta.
- Ao longo de toda a existência da civilização islâmica no período medieval, o poder político nunca
esteve desvinculado das normativas expressas pelo Corão, e por isso a alternativa C está incorreta.
- A fundação do califado de Córdoba, e não do de Bagdá, se deu a partir da fuga de um califa – neste
caso, o omíada Abd al-Rahman, destronado pela dinastia abássida no século VIII. Dito isso, podemos
concluir que a alternativa D está incorreta.
- O texto se refere às razões que levaram a transferência do centro político da civilização islâmica
para a cidade de Bagdá, em 762, pela dinastia abássida. O avanço mongol sobre este califado de fato
ocorreu, mas somente no ano de 1258, ataque este que causa a sua destruição. Assim sendo, a
alternativa E está incorreta.
Gabarito: A
3. (Enem-PPL/2018)
Os azulejos das fachadas do centro histórico de São
Luís (MA) integram o patrimônio cultural da
humanidade reconhecido pela Unesco. A técnica
artística utilizada para a produção desses
revestimentos advém das
a) confluências de diferentes saberes do Oriente
Médio e da Europa.
b) adequações para aproveitamento da mão de obra
local.
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- A alternativa A é a resposta. A ocupação dos árabes na Península Ibérica legou aos ibéricos o
contato com a cerâmica mural, técnica reproduzida na cidade de São Luís do Maranhão, de
colonização portuguesa. Cabe destacar que a própria palavra azulejo deriva do árabe al zulej, que
significa pedra lisa e polida.
- A alternativa B está incorreta, pois a técnica de azulejaria foi trazida por elementos externos da
Colônia, sem se adequar às concepções estéticas dos povos locais.
- A alternativa C está incorreta, pois as técnicas empregadas na obra da imagem não demandam o
uso de técnicas decorrentes da Revolução Industrial.
- A alternativa D está incorreta. Embora São Luís tenha sido alvos de ataques franceses e holandeses
durante o período colonial, os elementos estéticos apresentados pela imagem remetem às
influências da cultura árabe na arquitetura portuguesa.
Gabarito: A
4. (2002/Enem)
O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ramadã, mês sagrado para os
muçulmanos que, em 2001, teve início no mês de novembro do Calendário Cristão, conforme
a figura que segue.
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Essa é uma questão difícil, pois fornecia poucas informações ao candidato. O Ramadã é o
nono mês do calendário muçulmano, quando se pratica o jejum durante o dia e são feitas orações
para celebrar a revelação do Alcorão ao profeta Maomé. Ele se inicia a partir do momento em
que se avista a lua nova, o vigésimo nono dia de Shaban, o oitavo mês. Dessa maneira,
considerando que a lua nova surge no dia 15, a única resposta possível é a letra C, uma vez que
as demais apontam para dias correspondentes a outras fases lunares.
Gabarito: C
(http://gallica.bnf.fr)
A imagem pode ser associada à tradição dos conhecimentos desenvolvidos no mundo árabe-
islâmico durante a Idade Média e revela
a) a inexistência de instrumental médico nas sociedades islâmicas, que impediam qualquer tipo
de corte nos corpos.
b) a preparação do cadáver feminino para a cremação, principal culto funerário desenvolvido
nas sociedades islâmicas.
c) a condenação imposta pelas autoridades religiosas islâmicas às pessoas que cuidavam de
doentes e mulheres grávidas.
d) o desenvolvimento da medicina nas sociedades islâmicas, o que permitiu avanços, como a
descrição da varíola e o emprego de anestesia em cirurgias.
e) o repúdio, nas sociedades islâmicas, à representação do nu feminino, o que provocou
sucessivas punições civis e religiosas a artistas.
Comentários:
- Na iluminura acima é possível observar a realização de um procedimento cirúrgico no corpo de
uma mulher, o que mostra a contribuição da civilização islâmica para o desenvolvimento de
utensílios e técnicas na medicina. Dito isso, a alternativa A está incorreta.
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- A imagem não representa uma cerimônia funerária, mas a operação de uma mulher enferma – ou
possivelmente grávida. A cremação não era – e ainda não é – a prática mais comum nas cerimônias
fúnebres muçulmanas. Dessa forma, a alternativa B está incorreta.
- A alternativa C está incorreta, afinal a própria existência de imagens representando praticantes da
medicina é um indício de que o ofício não era condenado pela religião islâmica. Ademais, a existência
de uma áurea dourada ao redor dos indivíduos presentes na iluminura corrobora para esta
interpretação.
- A civilização islâmica se dedicou à tradução de obras gregas de medicina, mas com a prática o
conhecimento na área avançou ainda mais. A alternativa D está correta, afinal o desenvolvimento
da anestesia e a descrição da varíola foram alguns dos elementos legados à humanidade, podendo
também ser mencionadas novas formas de conservação de medicamentos e a produção de xaropes.
- Embora a representação de Maomé em imagens tenha sido objeto de controvérsia ao longo da
história islâmica, o nu feminino, conforme se observa na imagem, não foi renegado pela arte da
civilização islâmica. Assim sendo, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: D
2. (2019/Unicamp)
Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os
domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito,
civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos fenômenos
naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios. Nas costas do
Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras explicações dos
fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de Alexandre
permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o dos antigos
impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas científicas e culturais
com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o herdeiro desse legado
científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus aportes ao longo da
Idade Média.
(Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 200-201.)
Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a alternativa
correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural implementada
nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na cosmologia
ocidental.
b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de
forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império
Bizantino, chegando à Espanha.
c) Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos, egípcios,
macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã Medieval,
marcado pelo fundamentalismo religioso.
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d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo ele
a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia greco-
romana para o Oriente.
Comentários
- A liberdade religiosa não parece ter sido decisiva para a produção de conhecimento pelos árabes,
caso consideremos, por exemplo, que os avanços na astronomia só foram alcançados pela
necessidade de se localizar Meca pelas estrelas para a realização de orações. Ademais, esta
civilização se apropriava dos elementos ocidentais que julgava vantajosos, mas não se orientavam
por sua cosmologia. Assim sendo, a alternativa A está incorreta.
- A ditadura é um regime de governo criado na Roma Antiga em sua fase republicana, não sendo
reproduzido pela civilização islâmica durante a Idade Média. Assim sendo, a alternativa B está
incorreta, uma vez que a forma de governo adotada pelo mundo árabe era o califado.
- Se os islâmicos foram reticentes quanto a influências religiosas externas, seu esplendor
civilizacional se deve à sua receptividade a conhecimentos formulados por povos conquistados. Um
bom exemplo disso são suas contribuições à farmácia, através da compilação de obras e a criação
do albarello, jarro utilizado para a conservação dos medicamentos. Dito isso, a alternativa C está
incorreta.
- Como vimos, diversas produções da filosofia greco-romana, em especial as obras aristotélicas,
foram traduzidas e comentadas por árabes situados no califado de Córdoba, enquanto a península
ibérica se manteve sob domínio muçulmano. A esta civilização também se deve a difusão do sistema
numérico indiano, que por isso passa a ser chamado de indo-arábico. Dito isso, a alternativa D está
correta.
Gabarito: D
3. (2018/UPE - Adaptada)
O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes
do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento
sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de
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4. (2018/UFPR)
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes,
não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que
toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse
cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em matemática,
astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa produção está
preservada em uma grande quantidade de manuscritos.
(BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média,
assinale a alternativa correta.
a) Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano e
a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente
homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências religiosas
teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
b) Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização muçulmana
era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não conseguia refletir
o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o surgimento do Islã.
c) Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se tornaram
centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita do qual a
Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
d) A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos países
muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas, pela
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5. (2018/Unesp)
A migração de Maomé e seus seguidores, em 622, de Meca para Medina permitiu a
consolidação da religião muçulmana que incluía, entre outros princípios,
a) a recomendação de que os muçulmanos não escravizassem ou atacassem outros
muçulmanos, pois eles pertencem à mesma irmandade de fé.
b) a proibição de que os muçulmanos exercessem atividades comerciais, pois o manejo
cotidiano de riquezas era considerado impuro.
c) a proibição de que os muçulmanos visitassem Meca, pois o solo puro e sagrado dessa cidade
deveria permanecer intocado.
d) a recomendação de que os muçulmanos não limitassem seu culto a um só Deus, pois o
criador multiplica-se em diversas formas e faces.
e) a proibição de que os muçulmanos saíssem da Península Arábica, pois eles sofriam
perseguições em outros territórios
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Comentários
- Exatamente com sugere a alternativa A, que está correta, o islamismo condenou a escravização de
um muçulmano por outro, além de proibir as razias entre eles, como eram chamados os saques às
caravanas de comerciantes. Com isso foi possível a constituição de uma irmandade de fé, ou seja, o
reconhecimento de todo aquele que partilhasse da mesma crença como um irmão, independente
de sua origem tribal.
- Um dos pilares da religião islâmica é a peregrinação para Meca, cidade natal do profeta Maomé,
pelo menos uma vez na vida, e por isso a alternativa C está incorreta.
- Dentre os princípios básicos do islamismo está a crença em Alá, considerado Deus único, e no
profeta Maomé. Dessa forma, a alternativa D está incorreta, uma vez que o descumprimento deste
e de outros dogmas torna o indivíduo um “infiel” – em outras palavras, alguém sem fé.
- A jihad, ou seja, a luta pela difusão das ideias islâmicas, é uma das bases desta religião, o que
contribuiu para a expansão de seus dogmas através das caravanas de mercadores; primeiro, por
toda a península arábica, depois, por todo o norte da África e partes da Ásia e Europa. Dessa forma,
a alternativa E está incorreta.
Gabarito: A
6. (2005/UFV)
O Império Bizantino se originou do Império Romano do Oriente, reunindo diferentes povos:
gregos, egípcios, fenícios, eslavos, semitas e asiáticos. Em razão disso, foi preciso criar um
eficiente sistema político e administrativo para dar força e coesão àquele mosaico de povos e
culturas. Sobre o Império Bizantino é INCORRETO afirmar que:
a) a religião fornecia a fundamentação do poder imperial, mas absorvia grande parte dos
recursos econômicos, originando várias crises.
b) a intolerância religiosa não deixava espaço de autonomia para que os indivíduos
escolhessem seus próprios caminhos para a salvação.
c) a estrutura eclesiástica era extensa e muito influente, provocando intensa espiritualidade
popular e várias controvérsias teológicas.
d) a fusão entre poder temporal e poder espiritual permitia que o Imperador indicasse laicos
para postos na hierarquia eclesiástica.
e) a importância política do Imperador impediu que o Patriarcado se desenvolvesse
independentemente, tal como o Papado do Ocidente.
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Comentários
- A sujeição da religião ao poder imperial, relação que denominamos de cesaropapismo, permitiu à
Igreja o acúmulo de um vasto patrimônio ao longo dos séculos. Contudo, a interferência dos
imperadores nos dogmas e cargos eclesiásticos gerou crises de caráter religioso, sendo a mais
memorável delas O Grande Cisma do Oriente. Dessa maneira, podemos considerar que a afirmativa
A está correta.
- Embora discordâncias religiosas pudessem ocasionar perseguições pelas autoridades da Igreja, a
história do Império Bizantino foi marcada por um intenso debate entre movimentos cristãos a
respeito de temas como a natureza de Cristo e a utilização de imagens em templos religiosos. Vale
mencionar a doutrina monofisista, que embora tenha sido declarada heresia pela Igreja, manteve
certa liberdade durante o governo Justiniano devido a simpatias nutridas pela Imperatriz Teodora
em relação ao movimento. Dito isso, podemos considerar a existência de uma relativa autonomia
para que os indivíduos pudessem verbalizar suas crenças, o que torna a alternativa B incorreta.
- Conforme já mencionado acima, o cristianismo bizantino foi marcado por dissidências internas em
relação a natureza de Jesus Cristo (questão cristológica), da qual participaram ativamente os
movimentos monofisista e nestoriano, e o emprego de ícones nas igrejas, duramente criticado pelo
movimento iconoclasta. Dessa forma, o item C está correto.
- O cesaropapismo permitia a livre intervenção do poder imperial em assuntos religiosos, incluindo
o preenchimento dos cargos eclesiásticos da Igreja Bizantina. Diferentemente do que se vê no
ocidente, a sujeição do catolicismo bizantino ao poder imperial não permitiu o desenvolvimento
autônomo da Igreja, permanecendo o poder dos patriarcas sujeito às influências do poder político,
mesmo nos dias atuais. Feitas essas considerações, as alternativas D e E estão corretas.
Gabarito: B
7. 2005/PUC-PR)
A História do Império Bizantino abrangeu um período equivalente ao da Idade Média, apesar
da instabilidade social, decorrente, entre outros fatores:
a) dos frequentes conflitos internos originados por controvérsias políticas e religiosas.
b) da excessiva descentralização política que enfraquecia os imperadores.
c) da posição geográfica de sua capital, Constantinopla, vulnerável aos bárbaros que com
facilidade a invadiam frequentemente.
d) da constante intromissão dos imperadores de Roma em sua política.
e) da falta de um ordenamento jurídico para controle da vida social.
Comentários:
- Como vimos ao longo desta unidade, diversos movimentos religiosos promoveram amplos debates
sobre questões de natureza religiosa ao longo da história da civilização bizantina, em especial em
relação a natureza humana e∕ou divina de Cristo (questão cristológica) e o uso de ícones nos templos
sagrados. Assim sendo, a alternativa A está correta.
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- O acúmulo de poderes políticos e religiosos pelos basileus da teocracia bizantina fazia com que os
governos tivessem um caráter fortemente centralizador, o que garantiu ampla longevidade ao
Império. Com isso, podemos inferir que a alternativa B está incorreta.
- Constantinopla foi construída no Estreito de Bósforo, região de localização estratégica por situar-
se entre os mundos oriental e ocidental, além de ter sido cercada por muros a mando do imperador
Constantino, seu idealizador. Tudo isso permitiu que a cidade não sofresse com as migrações
germânicas que abalaram a porção ocidental do Império Romano no século V d.C., o que torna
incorreta a alternativa C.
- Após a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V d.C., não há qualquer
interferência política no Império Bizantino vinda de sua antiga capital, embora fossem constantes os
atritos com o bispado romano, o que posteriormente levou ao Grande Cisma do Oriente. Dessa
forma, a afirmativa D está incorreta.
- Entre as várias medidas que marcaram o governo Justiniano, uma das mais importantes certamente
foi a compilação do Corpus juris civilis, ou Código Justiniano, que passa a orientar as relações
jurídicas no interior do Império Bizantino. Assim sendo, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: A
8. (2015/UFRGS)
Considere as seguintes afirmações acerca das relações entre o Oriente e o Ocidente no mundo
medieval.
I - Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente foi a expansão do islamismo pelo
território da Europa ocidental.
II - A cultura árabe legou para as sociedades europeias estudos sobre autores como Platão e
Aristóteles, estabelecendo um elo de ligação entre o mundo antigo pagão e o mundo moderno
cristão.
III - A península ibérica foi profundamente marcada pela presença muçulmana, que se
estendeu entre os séculos VIII e XV, produzindo reflexos na cultura lusitana e hispânica.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários
- A afirmativa I está incorreta, afinal a desintegração do Império Romano do Ocidente antecedeu o
início do processo de expansão do islamismo. A este, contudo, podemos atribuir o processo de
desintegração do Império Bizantino.
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- A afirmativa II está correta. Muitos intelectuais das regiões islamizadas se dedicaram a comentar e
traduzir para o árabe obras de caráter científico e filosófico escritas pelos gregos e persas, o que
legou ao Ocidente o contato com o pensamento da cultura helênica, em especial os escritos de
Aristóteles.
- A afirmativa III está correta. Na região conquistada pelos árabes na península ibérica, chamada de
Al-Andaluz, os califas incentivaram intelectuais a comentarem e traduzirem para o árabe obras de
caráter científico e filosófico escritas pelos gregos e persas, o que legou ao Ocidente o contato com
o pensamento da cultura helênica, em especial os escritos de Aristóteles. Além disso, o Islã também
difundiu entre os ibéricos conhecimentos científicos, obras literárias, invenções e palavras.
Estando corretas as afirmativas II e III, a alternativa D é a resposta.
Gabarito: D
9. (2016/UNIUBE-MG)
O Império Bizantino, após a queda de Roma, gradativamente se afastou da influência ocidental
e da autoridade exercida pelo papa. Em meados do século XI, após uma série de discordâncias,
ocorreu o Cisma do Oriente que dividiu o cristianismo em duas partes. No Ocidente, a Igreja
Católica Apostólica Romana se manteve, mas no Oriente, outra Igreja Cristã foi formada.
Assinale o nome que recebeu a Igreja do Império Bizantino.
a) Igreja Protestante.
b) Igreja Renascentista.
c) Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
d) Igreja Supra Oriental.
e) Igreja Moderna.
Comentários
O protestantismo, uma das grandes vertentes do mundo cristão, surge a partir das pregações de
Lutero no século XV, muito tempo após o chamado Cisma do Oriente. Já as denominações
apresentadas nas alternativas B, D e E não existiram ao longo da História, e, por isso, estão
incorretas. Por fim, cabe relembrar que a Igreja Cristã Ortodoxa Grega foi fundada pelo patriarca de
Constantinopla, após diversas divergências com o bispado romano, e por isso a alternativa C é a
correta.
Gabarito: C
10. (2014/UPE)
A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam. Suas igrejas
abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas,
enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a
pintura renascentista.
(ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.)
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11. (2009/UFPB)
A imagem está em um mosaico da igreja de San Vitale, na cidade
de Ravena, na Itália. A figura é de influência cultural bizantina e
representa o imperador Justiniano cercado de cortesãos.
O Império Romano do Oriente tinha como capital
Constantinopla. Originou-se da divisão do Império Romano em
395 d.C e, no período medieval, passou a ser mais conhecido
como Império Bizantino, perdurando cerca de mil anos, até 1453
d.C, quando foi dominado pelos turcos. A sua longa duração
Grandes Impérios e Civilizações. Grande produziu uma civilização que deixou uma herança cultural com
Atlas da História Universal.
repercussões significativas até os dias atuais.
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- A arte bizantina esteve extremamente ligada à religião cristã, se destacando pela arquitetura de
suas majestosas basílicas e os mosaicos com imagens de Cristo, da Virgem Maria e os santos. Não
ouve tentativa de laicização das artes no Império, e por isso o item IV está incorreto.
- As relações entre Igreja e Estado foram marcadas no Império Bizantino pelo cesaropapismo, ou
seja, a subordinação da Igreja ao poder imperial. Dessa maneira, o imperador é concebido ao mesmo
tempo como a maior autoridade política e religiosa, e por isso interfere constantemente nos dogmas
e na hierarquia existente no interior da Igreja. Tendo em vista as características da teocracia
bizantina, o item V está incorreto.
Estando corretos os itens I e III, a alternativa certa é a letra D.
Gabarito: D
12. (2017/Fatec)
No século VIII, tropas muçulmanas, lideradas pelo general Tarik, saíram do Norte da África,
atravessaram o mar Mediterrâneo pelo Estreito de Gibraltar e conquistaram quase toda a
península Ibérica.
Sobre o período de domínio muçulmano na península Ibérica, é correto afirmar que
a) contribuiu para a consolidação do feudalismo, isolando a Europa do restante do mundo, e
estimulando as pessoas a abandonarem as cidades.
b) o desenvolvimento mercantil provocou o crescimento de cidades como Córdoba e Toledo,
atraindo poetas, letrados e músicos, estimulando o ambiente intelectual.
c) sua duração foi maior em Portugal do que na Espanha, reino do qual os muçulmanos foram
expulsos pelos cruzados, cerca de trinta anos após a ocupação da península Ibérica.
d) durou aproximadamente meio século, e foi marcado pela perseguição aos cristãos, pela
obstrução das rotas mercantis e pela Peste Negra, que dizimou parte da população europeia.
e) consolidou o sistema escravocrata medieval, fechou universidades, desestimulou o
desenvolvimento científico e proibiu manifestações literárias e musicais pagãs.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois a despeito do processo de feudalização ocorrido na Europa
Ocidental, as áreas submetidas ao domínio islâmico apresentaram notório esplendor comercial ao
longo da Alta Idade Média.
- Do califado de Córdova, fundado na península ibérica pelo omíada Abd al-Rahman, podemos
destacar a manutenção de incentivos a intelectuais pelos califas, responsáveis pela tradução das
obras filosóficas clássicas. Assim sendo, a alternativa B é a correta.
- A região do Condado Portucalense foi uma das primeiras a se libertar do domínio muçulmano na
Península Ibérica, a partir dos esforços de expansão do cristianismo iniciados por D. Afonso
Henrique, da dinastia de Borgonha. Com isso, Portugal consolida sua autonomia política na região,
em 1139, enquanto parcelas da futura Espanha foram mantidas como áreas de influência do Islã até
1492, quando Granada, último reduto muçulmano, foi tomado pelos cristãos. Assim sendo, a
alternativa C está incorreta.
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- A alternativa D está incorreta, afinal os chamados “povos do livro”, forma como eram conhecidos
os cristãos e judeus, foram tolerados nas regiões de domínio muçulmano. Ademais, a dizimação da
população europeia pela peste e o declínio do grande comércio foram elementos que marcaram a
civilização feudal, e não a formada pelo Islã.
- O desenvolvimento da ciência, a tolerância cultural e a criação de escolas foram traços da civilização
do Islã, o que torna incorreta a alternativa E. Ademais, a despeito da escravidão praticada em áreas
sobre sua influência, ela não chegou a se consolidar enquanto modo de produção predominante.
Gabarito: B
13. (2012/UFTM)
Observe a fotografia de 31 de outubro de 2010 que registrou
peregrinos no círculo da Caaba na Grande Mesquita, em Meca,
Arábia Saudita.
No islamismo, que conta com milhões de adeptos no mundo
contemporâneo, a peregrinação
a) é sinônimo de guerra santa e deve ser realizada por
convocação de um aiatolá.
b) foi instituída depois da morte de Maomé, para homenagear
o fundador do Islã.
c) deve ser realizada pelo menos uma vez na vida, pelos fiéis com condições físicas e
financeiras.
d) exige grande sacrifício, pois o fiel deve conservar-se em jejum durante todo o período.
e) dificultou a expansão do Islã para além do Oriente Médio, pelas obrigações que impunha.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, uma vez que o sinônimo de guerra santa é a palavra jihad. Cabe
destacar que o esforço de conversão nem sempre foi feito pela via militar, até porque a violência
era algo condenado pelo Islã.
- Foi o próprio profeta Maomé quem instituiu este fundamento da religião islâmica, embora
inicialmente os fiéis devessem peregrinar para a cidade de Jerusalém. Além disso, os muçulmanos
também deveriam repetir a sentença “Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é o seu profeta”;
realizar cinco orações diárias tendo como referência a cidade de Jerusalém ( e a partir do ano de
624, a cidade de Meca); dar esmolas aos pobres e jejuar no mês do Ramadã. Assim sendo, a
alternativa B está incorreta.
- Como vimos, um dos pilares do Islamismo estabelecidos por Maomé era a peregrinação para a
cidade de Meca, pelo menos uma vez na vida, pelos muçulmanos que dispusessem de recursos para
fazê-lo.
- O jejum era feito nos meses de Ramadã, mês em que a tradição religiosa rememora a transmissão
do Alcorão ao profeta Maomé pelo anjo Gabriel. Assim sendo, a alternativa D está incorreta.
- O islamismo prezava pela Jihad, ou seja, o esforço pela disseminação da verdadeira fé pelos
muçulmanos, e por isso a alternativa E está incorreta.
Gabarito: C
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14. (2010/Unesp)
Observe a figura.
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações
características da Civilização Bizantina, que abrangeu amplas
regiões do continente europeu e asiático. A arte bizantina resultou
a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente.
b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo.
c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do
cristianismo.
d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa
oriental.
e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas.
Comentários:
- A autocracia, ou seja, a forma de governo na qual o poder permanece concentrado nas mãos de
um único indivíduo, foi a marca de todos os governantes do Império Bizantino, que acumulavam
simultaneamente poderes políticos e religiosos (cesaropapismo). Era recorrente o uso da arte por
basileus para a afirmação de sua imagem perante os seus súditos, de maneira que a alternativa A se
encontra incorreta.
- O culto de imagens é algo observado na cristandade desde as comunidades ditas primitivas, o que
torna a alternativa B incorreta. Vale lembrar, no entanto, que esta prática foi duramente combatida
pelo movimento iconoclasta entre os séculos VIII e IX, sendo a razão do desaparecimento de várias
obras artísticas bizantinas neste período.
- A pintura de ícones bizantinos é fortemente influenciada pela noção da arte egípcia de representar
todos os objetos da maneira mais clara possível, afinal era preciso que os elementos contidos nas
obras, como santos, imperadores, Cristo e a Virgem Maria, fossem facilmente reconhecidos pelos
fiéis. Dito isso, a arte bizantina incorpora técnicas da cultura oriental para a reprodução de
elementos do cristianismo, de maneira que a alternativa D se encontra correta.
- Mesmo antes do Cisma do Oriente, ocorrido em 1054, a arte bizantina foi adotada nas basílicas da
Igreja bizantina para representar figuras como Jesus Cristo, a Virgem Maria e os santos. Um bom
exemplo disso é a basílica de Santa Sofia, construída no século VI, durante o reinado de Justiniano.
Assim sendo, a alternativa C está incorreta.
- A arte bizantina foi formulada a partir da junção de influências da pintura grega e da arte egípcia,
não se relacionando diretamente com os percursos do comércio na península itálica. Devido a isso,
a alternativa E está incorreta.
Gabarito: D
15. (2009/Unesp)
“As caravanas do Sudão ou do Niger trazem regularmente a Marrocos, a Tunes, sobretudo aos
Montes da Barca ou ao Cairo, milhares de escravos negros arrancados aos países da África
tropical (...) os mercadores mouros organizam terríveis razias, que despovoaram regiões
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inteiras do interior. Este tráfico muçulmano dos negros de África, prosseguindo durante
séculos e em certos casos até os mais recentes, desempenhou sem dúvida um papel primordial
no despovoamento antigo da África.”
(Jacques Heers, O trabalho na Idade Média.)
16. (2008/Unesp)
O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias
na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento
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17. (2006/Unesp)
“Os muçulmanos entenderam que deveriam constituir uma frota para o Mediterrâneo. O
resultado inicial foi a conquista de Chipre e de Rodes. A Córsega foi ocupada em 809, a
Sardenha em 810, Creta em 829, a Sicília em 827. As cidades fundadas pelos gregos na Sicília
foram sendo conquistadas. Palermo caiu em 831, Messina em 843, Siracusa em 848, Taormina
em 902.”
(Jacques Risler. "A civilização árabe", 1955.)
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18. (2005/Unesp)
Assinale a alternativa correta sobre a civilização muçulmana durante o período medieval.
a) Os constantes ataques de invasores árabes, provenientes das áreas do Saara, criaram
instabilidade na Europa e contribuíram decisivamente para a queda do Império Romano.
b) A civilização muçulmana não desempenhou papel significativo no período, em função da
inexistência de um líder capaz de reunir, sob um mesmo estado, sunitas e xiitas.
c) Os pensadores árabes desempenharam papel fundamental na renovação do pensamento da
Europa Ocidental, uma vez que foram responsáveis pela difusão, via Espanha muçulmana, do
legado greco-romano.
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19. (2000/Unesp)
As invasões e dominação de vastas regiões pelos árabes na Península Ibérica provocaram
transformações importantes para portugueses e espanhóis, que os diferenciaram do restante
da Europa medieval. As influências dos árabes, na região, relacionaram-se a:
a) acordos comerciais entre cristãos e mouros, a fim de favorecer a utilização das rotas de
navegação marítima em torno dos continentes africano e asiático, para obter produtos e
especiarias.
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20. (1998/Unesp)
“Quando Maomé fixou residência em Yatrib, teve início uma fase decisiva na vida do Profeta,
em seu empenho de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatrib, que doravante seria
chamada de Madina al-nabi (Medina, a cidade do Profeta), tornou-se a sede ativa de uma
comunidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal.”
(Robert Mantran, Expansão muçulmana.)
Essa mudança para Medina, que assinala o início da era muçulmana, ficou conhecida como:
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Aula 02: Enem 2020
a) Xiismo
b) Sunismo
c) Islamismo
d) Hégira
e) Copta
Comentários:
- Xiismo e Sunismo são as denominações dadas a dois grupos formados a partir das disputas pelo
califado após a morte de Maomé, em 632. Os primeiros defendiam que seus sucessores deveriam
possuir vínculos familiares com o profeta, enquanto os segundos, estando em maior número,
acreditavam que os próprios muçulmanos deveriam escolher o califa. Com o passar do tempo, estas
denominações também foram empregadas para diferenciar interpretações diferentes das escrituras
sagradas: enquanto para os xiitas o Corão era a única fonte dos fundamentos do Islã, os sunitas se
orientavam pelo Corão e também pela Suna, livro que descreve os feitos de Maomé. Feitas essas
considerações, as alternativas A e B estão incorretas.
- Islã (ou Islão) é o nome dado a religião fundada pelo profeta Maomé, por volta do ano de 612.
Nascido na tribo dos coraixitas, na cidade de Meca, foi um comerciante em constante contato com
diversas crenças monoteístas, o que os historiadores atribuem como elemento decisivo para que
fossem elaborados os preceitos desta religião. Assim sendo, o termo nada tem a ver com a migração
de seu fundador para Medina, e por isso a alternativa C está incorreta.
- Hégira, que em árabe significa emigração, é o nome dado à saída de Mohammad e de seus
seguidores da cidade de Meca para se instalarem em Yatrib. Esta cidade teria seu nome alterado
para Medina, que significa “cidade do profeta”. Dito isso, a alternativa D é a correta.
- Copta é o nome dado a uma comunidade cristã fundada no Egito durante o Império Romano, sendo
atualmente uma minoria religiosa perseguida por grupos radicais, incluindo o Estado Islâmico. Assim
sendo, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: D
21. (1993/Unesp)
Os árabes, entre os Séculos VII e XI, ampliaram suas conquistas e forjaram importante
civilização. Sob a ação catalisadora do Islã, foi mantida a unidade política, enquanto que o
comércio destacou-se como elo do relacionamento tolerante com muitos povos. Além disso,
argumenta-se que os valores culturais da Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do
Mundo Moderno Ocidental porque os árabes
a) traduziram e difundiram entre os europeus importantes obras sobre o saber grego.
b) propagaram a obra “Mil e uma Noites”, mostrando que ela se baseia em lendas chinesas.
c) introduziram na Europa novas técnicas de cultivo e a habilidade na representação de figuras
humanas.
d) profetizavam o destino do homem através das estrelas.
e) desenvolveram uma ciência não submetida aos ensinamentos religiosos.
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Comentários:
- Os árabes traduziram e comentaram diversas obras gregas da Antiguidade, em especial a produção
filosófica de Aristóteles, recuperada no século XII pelos comentaristas Avicena e Averróis na cidade
espanhola de Toledo. Graças a estes trabalhos, os europeus do ocidente medieval adquiriram os
primeiros contatos com as obras aristotélicas, que no século seguinte tiveram destaque nas
universidades. Dessa forma, a alternativa A está correta.
- O livro As Mil e uma noites é uma coletânea de histórias vindas da Índia, Pérsia e Ásia Menor,
compilação que não inclui elementos do imaginário chinês. Dito isso, a alternativa B está incorreta.
- A arte islâmica se destacou na tapeçaria e na construção de suntuosas mesquitas, nas quais
prevaleceu a reprodução de figuras geométricas e abstratas. Devido a isso, não ofereceram grandes
contribuições nas técnicas de representação de figuras humanas, e por isso a alternativa C está
incorreta.
- A alternativa D está incorreta pelo fato de a religião islâmica não cultivar a prática de predizer o
futuro, afinal ele só cabe a Alá.
- A religião ocupa um papel central em todas as civilizações da Alta Idade Média, não sendo os
saberes científicos concebidos como um campo autônomo até a Idade Moderna. Assim sendo, a
alternativa E está incorreta.
Gabarito: A
8. Considerações finais
Na aula de hoje vimos o Império Bizantino e o Islã, duas importantes civilizações da Alta Idade
Média. Espero que você tenha ficado atento às formas de governo instituídas em cada uma, a
importância da religião oficial e outros aspectos relacionados à cultura e sociedade. Também vimos
a consolidação do Império Carolíngio, e como ele propiciou a estruturação da Igreja Católica no
Ocidente Medieval. Por fim, também falamos sobre alguns dos grandes Impérios da África Medieval.
Se a história do Império Bizantino e o Império Carolíngio foram temas pouco
recorrente nas provas do Enem, o Islã e os Impérios Medievais Africanos se
mostraram extremamente importantes, então se algo não foi esclarecido, entre em
contato comigo no Fórum de Dúvidas! Na próxima daremos início aos nossos estudos
sobre o mundo moderno.
Bons estudos!
Marco Túlio
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9. Referências
ANGOLD, Michel. Bizâncio, a ponte da antiguidade para a modernidade. Rio de Janeiro: Imago, 2002.
BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo,
2006.
BBC BRASIL. Em encontro histórico, papa Francisco e patriarca Kirill pedem união de Igrejas. 2016.
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160212_papa_uniao_lk>.
Acesso em: 28 fev. 2019.
CHACRA, Gustavo. É errado e preconceituoso usar “xiita” como sinônimo de “radical”. 2013.
Disponível em: <https://internacional.estadao.com.br/blogs/gustavo-chacra/e-errado-e-
preconceituoso-usar-xiita-como-sinonimo-de-radical/>. Acesso em: 28 fev. 2019.
FERRARI, Silvio. Cesaropapismo. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco.
Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998. pp. 162-63.
MANGO, Cyril. Bizâncio, o império da nova Roma. Lisboa: Edições 70, 2018. (Lugar da História)
RIBEIRO, João Ruela. Igreja Ortodoxa Ucraniana oficializa afastamento do patriarcado de Moscovo.
2018. Disponível em: <https://www.publico.pt/2018/12/15/mundo/noticia/igreja-ortodoxa-
ucraniana-vai-oficializar-afastamento-patriarcado-moscovo-1854869#gs.IHXmoDIx>. Acesso em: 28
fev. 2019.
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