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Aula 02

MEDIEVO I
Livro Digital

Curso de História para Enem 2020

Prof. Marco Túlio


Prof. Marco Túlio
Aula 02: Enem 2020

Sumário

1. Introdução: Três Civilizações Medievais no Mediterrâneo .............................................................. 3

2. O mundo ocidental e a formação da cristandade ............................................................................ 5


2.1. O Império Carolíngio ................................................................................................................... 6

3. A Civilização Bizantina ...................................................................................................................... 8


3.1. O governo Justiniano .................................................................................................................. 8
3.2. Os embates religiosos e a arte bizantina .................................................................................. 11
3.3. O declínio da civilização bizantina ............................................................................................ 12

4. A Civilização do Islã ........................................................................................................................ 13


4.1. Maomé e os fundamentos do Islã ............................................................................................ 13
4.2. O expansionismo islâmico ........................................................................................................ 17
O domínio muçulmano na África e os Impérios do Sudão .................................................................. 18
O domínio muçulmano da Península Ibérica ...................................................................................... 20
4.3. Cultura e Sociedade .................................................................................................................. 21

5. Lista de Questões ............................................................................................................................ 25


5.1. Enem ......................................................................................................................................... 25
5.2. Outros vestibulares ................................................................................................................... 27

6. Gabarito .......................................................................................................................................... 37
Enem ................................................................................................................................................... 37
Outros vestibulares ............................................................................................................................. 37

7. Lista de Questões Comentada ........................................................................................................ 38


7.1. Enem ......................................................................................................................................... 38
7.2. Outros vestibulares ...................................................................................................................... 41

8. Considerações finais ....................................................................................................................... 61

9. Referências ..................................................................................................................................... 62

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1. Introdução: Três Civilizações Medievais no Mediterrâneo


Dando continuidade aos nossos estudos, vamos abordar neste capítulo duas das três grandes
civilizações medievais que se formaram em contato com o Mar Mediterrâneo: a civilização
bizantina, cujo centro do poder se encontrava na cidade de Constantinopla, e a civilização do Islã,
orientada a partir dos preceitos religiosos elaborados pelo profeta Maomé. Antes disso, veremos
como os povos germânicos que se estabeleceram no Império Romano do Ocidente buscaram
consolidar o seu poder, e suas relações com o cristianismo nos primeiros séculos da Idade Média.
No mapa abaixo vemos que muçulmanos e bizantinos coexistiram com os reinos germânicos
fundados na Europa Ocidental durante a Idade Média, que conforme vimos em nossa aula anterior,
foram decisivos para o processo de desintegração do Império Romano do Ocidente. Com o passar
dos séculos, a dinâmica social implementada por estes povos contribuiu para a formulação de uma
economia, organização política e vida religiosa muito distinta das experiências vivenciadas pelos
islâmicos e bizantinos. Na Europa central, podemos dizer que se formulou uma civilização feudal,
que juntamente com a bizantina e a islâmica, formam as três grandes civilizações medievais.

Figura 1 - Mapa do Império Carolíngio, do Império Bizantino e o Islã no século IX.

Quando dizemos Idade Média, que imagens veem a sua mente? Provavelmente a de castelos,
cavaleiros, o grande poder da Igreja católica e uma vida rural, certo? Bem, em parte, era esse mesmo
o quadro, pelo menos na região central do continente europeu. No entanto, hoje costumamos
manter uma visão romantizada deste período, sobretudo por influência de séries como Game of
Thrones e Vikings, e filmes como Coração de Cavaleiro (2001). Essas produções nos passam a
imagem de que a vida era repleta de ação e desafios, e por isso nos causa certo fascínio.

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Na Idade Moderna, no entanto, a imagem sobre os medievais era exatamente o contrário.


Grandes pensadores do século XV consideravam que foi um período obscuro da humanidade, sem
grandes produções artísticas ou avanços científicos devido à mentalidade religiosa. Por isso, foi
chamada de “Idade das Trevas”, ou “Noite de Mil Anos”.
O próprio termo Idade Média, também criado no século XV, revela certo preconceito, afinal
este período estaria no meio – e este é o significado da palavra média – de outros dois grandes
momentos da história humana, a Idade Antiga e a Idade Moderna. Assim sendo, os homens
modernos se julgavam mais parecidos com os da Antiguidade do que aqueles que viveram algumas
gerações antes.
Mas afinal, como teria sido este extenso período? O historiador Jérôme Baschet (2006, p. 24)
nos dá uma pista importante. Segundo ele, “a Idade Média não é nem o buraco negro da história
ocidental nem o paraíso perdido. É preciso renunciar ao mito tenebroso quanto ao conto de fadas.”
Para facilitar os nossos estudos, os historiadores costumam dividir este período em dois
grandes momentos:

Alta Idade Média


• Período que vai da desintegração do Império Romano do Ocidente, no
século V, até o século X.
• Auge das civilizações Bizantina e do Islã, no Oriente.
• Consolidação e fragmentação do Império Carolíngio no Ocidente.

Baixa Idade Média


• Período que se extende até o fim do Império Romano do Oriente (ou
Bizantino), no século XV.
• Momento de reafirmação do comércio e da vida urbana no Ocidente.

A seguir, vamos iniciar nossos estudos sobre a Alta Idade Média, momento no qual Oriente e
Ocidente se encontravam em processos totalmente distintos. Enquanto o Império Carolíngio
estabeleceu um poder descentralizado, em uma sociedade marcada pelas relações no campo, as
civilizações bizantina e islâmica continham grandes centros urbanos, locais de uma vida comercial
intensa, palácios e templos religiosos ricamente adornados e uma grande produção cultural e
científica. Bem diferente da imagem que temos sobre os medievais, não é verdade?
Se a Idade Média esteve longe de ser um momento de trevas, isso se deve, em grande parte, à
intensa vida cultural dessas duas civilizações, sobretudo a da civilização islâmica, chamada pelo
historiador J. Baschet (2006, p. 85) como “a mais brilhante do Mediterrâneo na época medieval”.

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2. O mundo ocidental e a formação da cristandade


Como vimos em nosso capítulo anterior, a lenta desintegração do Império Romano do Ocidente
foi resultado da formação de diversos reinos germânicos em seu interior, onde foram criadas
estruturas de poder independentes da figura do imperador. Embora os novos reinos tivessem
características muito distintas do mundo romano, boa parte deles manteve o cristianismo com
religião oficial.
Mas de qual cristianismo estamos falando? A pergunta parece estranha, mas é preciso que
tenhamos em mente que a Igreja também estava se formando nesse período, e diversos pontos da
doutrina eram motivo de divergência entre as autoridades religiosas. Uma das questões mais
polêmicas neste período era a Trindade, ou seja, o lugar ocupado por Deus, Jesus Cristo e o Espírito
Santo para os fiéis. Em Alexandria, no século IV, um padre de nome Ário acreditava que Cristo havia
sido criado por Deus, mas que ambos não seriam a mesma substância, e que o primeiro (Filho) não
seria eterno como o segundo (Pai).
A questão foi parar no Concílio de Niceia, uma reunião convocada pelo imperador romano
Constantino, que decidiu que Pai e Filho eram da mesma substância, a partir disso, que ambos eram
eternos. As ideias de Ário (arianismo) foram consideradas heresias, ou seja, destoantes da doutrina
oficial da Igreja, o que não impediu que fossem absorvidas pelos godos e visigodos instalados no
Império Romano.
Já no Reino Franco, fundado pelo povo germânico de mesmo nome na região da Gália,
prevaleceram os dogmas definidos pelo Concílio de Niceia. Após diversas lutas contra os romanos
na região, os francos se unificaram politicamente em torno de Clóvis, da dinastia Merovíngia. Seu
reinado foi marcado pelo estabelecimento de uma aliança entre o poder político e a Igreja, algo
que se mostrou benéfico para ambos, pois enquanto o rei ajudava a combater as heresias e difundir
os dogmas oficiais, a Igreja legitimava o seu poder político perante seus fiéis.
Clóvis foi sucedido por uma sequência de “reis indolentes”, chamados assim por se mostrarem
fracos diante dos “prefeitos de palácio” – lideranças da nobreza franca que exerciam o poder de
fato. Um dos prefeitos mais importantes foi Carlos Martel, ocupante do cargo entre os anos 717 e
741. Em 732, este prefeito se destacou ao expulsar os muçulmanos do sul do reino franco, na Batalha
de Poitiers. Pepino, o Breve, filho de Carlos Martel, soube usar do prestígio do pai para tomar o
poder dos merovíngios e proclamar-se rei dos francos, processo que conta com o apoio do bispo de
Roma após este receber sua proteção contra o povo lombardo e terras no centro da península itálica,
chamadas pela Igreja de Patrimônio de São Pedro. Sua ascensão ao poder dá início a chamada
dinastia carolíngia.

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2.1. O Império Carolíngio


Com a morte de Pepino, seu filho Carlos Magno ascendeu ao
trono no ano 768, quando deu início a uma política de expansão
militar que lhe permitiu a conquista dos territórios de outros povos
germânicos cristãos, fortemente apoiado pela Igreja. Embora seus
domínios tivessem dimensões menores que o antigo Império
Romano do Ocidente, Carlos Magno foi coroado pelo bispo de Roma
como Imperador do Novo Império Romano do Ocidente no dia 25
de dezembro do ano 800. O título dado ao soberano evidenciou o
afastamento do bispado de Roma do Império Bizantino, até então
reconhecido como a continuidade do Império Romano. Ao mesmo
tempo, a legitimação de seu poder rendeu amplas vantagens a Igreja
Romana, incluindo a isenção de impostos sobre suas terras e a
instituição do dízimo, tributo voltado à manutenção do clero.
O Império Carolíngio foi distribuído em centenas de condados,
territórios dirigidos por funcionários chamados condes, que tinham
as funções de legislar, aplicar a justiça e fiscalizar. Já nas fronteiras
Figura 2 – Ilustração do busto de Carlos
do Império foram instaladas as marcas, administradas por Magno, produzida pela enciclopédia
funcionários que tinham amplos poderes militares, os marqueses. Educação, São Petersburgo, Império Russo,
1896. Fonte: Shutterstock.
Estes administradores eram geralmente guerreiros ou aristocratas
locais que firmavam laços de fidelidade com o Imperador. Por fim,
havia também os missi dominici, agentes enviados pelo imperador
para lidar com problemas e reclamações de províncias distantes.
O governo de Carlos Magno foi marcado por um grande incentivo à cultura, obrigando cada
catedral e monastério a possuir um centro de estudos. Também estimulou a produção de livros
cristãos, copiados por monges que viviam em locais reclusos, chamados monastérios. É graças ao
trabalho deles que algumas obras da Antiguidade, escritas em latim, foram preservadas até os dias
atuais, afinal a língua latina foi mantida como oficial pela Igreja. Este renascimento carolíngio, como
ficou conhecida a produção cultural e artística promovida a partir dos incentivos de Carlos Magno,
também foi direcionado para a construção de diversas igrejas e abadias, bem como para o
financiamento de artistas.
Embora o filho de Carlos Magno, Luís, o Pio, tenha conseguido manter a unidade política formada
pelo pai, a disputa entre seus filhos pelo poder levou a fragmentação do Império Carolíngio. A partir
do Tratado de Verdun, assinado em 843, os domínios francos foram divididos entre os três netos de
Carlos Magno da seguinte forma:
→ Carlos, o Calvo, herdou a região que corresponde a boa parte da atual França;
→ Luís, o Germânico, ficou com o território que corresponde a parte da Alemanha dos diais atuais;
→ Lotário, por sua vez, ficou com um estreito que ia do Mar do Norte até o sul da Itália, situado
entre o território dos outros dois herdeiros.

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Apesar do acordo firmado entre os três, o


Império continuou a se fragmentar pelo fato dos
condes e outros encarregados da administração do
território não se manterem fiéis aos imperadores.
Dessa forma, esses antigos membros da
administração carolíngia, como condes e
marqueses, passaram a ser as principais
autoridades em seus respectivos territórios, o que
levou ao fim do Império.
A partir do século IX, muito tempo depois
das chamadas “invasões bárbaras”, a Europa volta
a sofrer ataques em diversos pontos. Ao leste, os
magiares (ou húngaros), vindos da Ásia,
aterrorizam diversas vilas e propriedades até se
estabelecerem na região dos Cárpatos, onde
fundaram o Reino da Hungria. Já a região norte é
invadida pelos vikings, povos vindos da
Figura 3- Divisão do Império Carolíngio após o Tratado de Verdun.
Escandinávia que atacaram diversos pontos do Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. 17ª ed. São
litoral Europeu. Os muçulmanos, por sua vez, Paulo: Ática, 2008. p. 15.
conquistaram a península Ibérica, e promoveram
diversos ataques à península itálica.
Diante deste cenário, chamado por alguns historiadores de “segunda onda de invasões
bárbaras”, muitos indivíduos se refugiaram nos campos, colocando-se sob a proteção de grandes
senhores locais. O clima de insegurança das pessoas naquele período pode ser sentido no trecho a
seguir, de autoria de um bispo francês:

Vedes desabar sobre vós a cólera do Senhor... Só há cidades despovoadas, mosteiros em


ruínas ou incendiados, campos reduzidos ao abandono... Por toda a parte o poderoso
oprime o fraco e os homens são semelhantes aos peixes do mar que indistintamente se
devoram uns aos outros
BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1998. p. 19.

Castelos foram erguidos por nobres e autoridades da Igreja com intuito de se protegerem dos
ataques, em um período em que novas relações de caráter político, social e econômico se firmavam
entre os europeus ocidentais a partir do isolamento. Um novo sistema social, chamado feudalismo,
se forma nesse contexto, do qual falaremos mais adiante.

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3. A Civilização Bizantina
Chamamos de Império Bizantino – ou civilização bizantina – a parte oriental do Império Romano,
que como vimos na unidade anterior, foi dividido em duas regiões ao final do século IV. Embora as
crises econômica e administrativa tenham levado a porção Ocidental à desagregação, esse processo
não afetou da mesma forma oriente romano, que manteve sua estrutura imperial durante quase mil
anos.
O centro político do império era Constantinopla1, anteriormente conhecida como Bizâncio pelo
fato das famílias gregas fundadoras terem sido governadas por um rei chamado Bizas. Em 324 d.C.,
a cidade foi escolhida por Constantino para sediar todo o Império romano devido ao seu
posicionamento estratégico, afinal situava-se no estreito de Bósforo, limite entre os continentes
asiático e europeu e rota comercial de valiosas mercadorias, tais como pedras preciosas, especiarias
e sedas. Para garantir sua segurança contra-ataques terrestres e marítimos, a cidade foi cercada por
grandes muralhas.
O grego era a língua oficial do Império, mas diversos outros idiomas eram falados no território
bizantino, afinal os domínios do vasto império abarcavam regiões da Grécia, Egito, Palestina, Síria,
Mesopotâmia e Ásia Menor.
Para os bizantinos da Alta Idade Média, o governo sediado em Constantinopla representava a
continuidade do Império Romano, mesmo após a fragmentação da sua sede ocidental. O termo
“Império Bizantino” só seria utilizado séculos depois pelos turcos, que em 1453 conquistam este
território.

3.1. O governo Justiniano


A estruturação do Império Bizantino se dá durante o governo
do imperador Justiniano, que ambicionava restaurar o Império
Romano em sua extensão original. Para isso, barrou a expansão
dos persas e búlgaros na região dos Balcãs, além de retirar do
domínio de povos germânicos o norte da África, a península
itálica e o sul da península ibérica. Graças aos seus esforços, o
Império Bizantino atingiu sua máxima extensão.
Outra iniciativa importante do período foi a criação do Código
Justiniano (Corpus Juris Civilis), que atualizava o direito romano
e antigas leis bizantinas às especificidades do Império, reunidas
junto à legislação produzida pelo próprio imperador. O Código
que permitiu aos europeus do Ocidente a retomarem o contato
com o Direito Romano, séculos depois, afinal a maioria destes
documentos se perdeu após a fundação dos reinos germânicos.
Figura 4 - Mosaico do imperador Justiniano na basílica
de San Vitale, na cidade italiana de Ravena.
Fonte: Shutterstock.

1
Atualmente este local corresponde a Istambul, uma das cidades mais importantes da Turquia.

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A partir da segunda metade de seu governo, Justiniano buscou subordinar a Igreja ao poder
imperial, fundamentando sua autoridade na doutrina cristã para colocar-se como um representante
divino. A esta relação damos o nome de cesaropapismo (césar + papa), na qual o governante é
concebido simultaneamente como autoridade política (césar) e religiosa (papa), e por isso interfere
constantemente nos dogmas e na hierarquia existente no interior da Igreja, chegando a nomear até
mesmo os patriarcas, como ficariam conhecidos os líderes situados no topo da estrutura religiosa.
Dizia-se que Bizâncio era a cópia do reino dos céus na Terra, cabendo ao imperador, feito a
imagem e semelhança de Deus, governar seus subordinados de acordo com os mandamentos
divinos. Dessa forma, pode-se dizer que ali existia uma teocracia.
A sujeição da Igreja ao poder do imperador, chamado em grego de basileu, permaneceu ao
longo dos séculos, o que permitiu a essa instituição religiosa acumular um vasto patrimônio. Só
durante o reinado de Justiniano foram construídas mais de cem igrejas, incluindo a majestosa
Basílica de Santa Sofia, até hoje visitada por milhares de pessoas todo ano.

Figura 5 - Basílica de Santa Sofia. Fonte: Shutterstock.

Contudo, a intromissão do poder imperial em assuntos religiosos também rendeu diversas


crises a unidade da Igreja, sendo um dos elementos que contribuiu para uma ruptura definitiva entre
os bispos de Roma e Constantinopla em 1054, conhecida como O Grande Cisma do Oriente. A partir
daí, o mundo cristão se dividiu em duas grandes igrejas:
❖ a Igreja Católica Romana, também conhecida como Igreja Católica Apostólica Romana, que
até hoje possui sede em Roma e é comandada pelo papa;
❖ a Igreja Católica Ortodoxa, ou simplesmente Igreja Ortodoxa, cujo centro se localizava em
Constantinopla e era liderada pelo patriarca daquela cidade.

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A revolta de Nika
A política do “pão e circo” realizada em Roma serviu de exemplo para que os
governantes do Império Bizantino também buscassem evitar convulsões sociais a partir
da realização de divertimentos públicos. Contudo, enquanto em Roma a população
comparecia em massa no Coliseu para assistir as lutas travadas entre gladiadores, em
Constantinopla o povo vibrava com as corridas de biga realizadas no Hipódromo, eventos
nos quais também era a comum a distribuição de alimentos para os mais pobres.
As corridas eram disputadas entre as facções verde e azul, que exerciam grande
influência na cidade e apresentavam visões distintas em relação ao cristianismo. Os
eventos eram geralmente iniciados pelo próprio imperador, que do seu camarote
saudava primeiramente sua equipe de preferência, e reconhecia o vencedor da corrida
após o término. Era uma das poucas oportunidades que a população dispunha para ver
de perto o seu governante, e por isso o Hipódromo pode ser considerado o centro da vida
política de Constantinopla.
Em 532, durante o reinado de Justiniano, uma revolta popular eclodiu neste local,
tendo como estopim o resultado de uma corrida de biga na qual cavalo Nika era o favorito
entre os espectadores. Apesar da vitória do animal na competição, o resultado não foi
reconhecido pelo imperador, que naquele período não desfrutava de grande prestígio
entre as camadas populares devido aos altos impostos legados pela sua política
expansionista. A partir daí, milhares de partidários dos verdes e os azuis tomaram as ruas,
dando início a um movimento que quase levou Justiniano a abandonar Constantinopla.
Após ser convencido por sua esposa Teodora a permanecer e lutar pelo poder, o
imperador atraiu os revoltosos para dentro do Hipódromo, alegando que atenderia suas
reivindicações. Em seguida, seus generais ordenaram o ataque dos presentes, e pelo
menos 30 mil pessoas assassinadas pelas tropas imperiais.

Durante o reinado de Justiniano, Constantinopla se tornou maior do que qualquer centro urbano
europeu. Centenas de milhares de pessoas habitavam a capital, a maioria delas em péssimas
condições vida, embora ainda superiores às verificadas em outras cidades do Império e do
continente europeu.
Além da capital, o Império Bizantino também possuía outros grandes centros comerciais. Cidades
como Tessalônica, Éfeso e Edessa eram habitadas por milhares de trabalhadores, ricos comerciantes,
artesãos, religiosos, militares e funcionários imperiais. Apesar da intensa atividade comercial
desenvolvida nestes espaços, a maior parte da população era composta por camponeses que viviam
no interior, submetida à servidão em grandes latifúndios. A escravidão, por sua vez, não foi
empregada em larga escala como no Império Romano ocidental.

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3.2. Os embates religiosos e a arte bizantina


Embora o cristianismo fosse a religião oficial do Império, diversas controvérsias dividiam os
devotos no mundo bizantino, em especial o debate em relação a figura de Cristo, chamado de
questão cristológica. Para os defensores da doutrina chamada monofisismo, ele teria tido apenas
natureza divina, o que ia contra os princípios oficiais da Igreja Cristã e por isso foi considerada uma
heresia.
Os monofistas se disseminaram por territórios como Egito e Armênia, além de conquistar a
imperatriz Teodora, esposa de Justiniano, o que fez com que estes cristãos não fossem perseguidos
durante seu governo. Já para os nestorianos, como eram conhecidos os discípulos do patriarca
Nestor de Constantinopla, Cristo era ao mesmo tempo humano e divino. Embora esta concepção
estivesse alinhada com os dogmas da Igreja Bizantina, rivalidades entre Nestor e o patriarca de
Alexandria fizeram com que seus seguidores também fossem considerados hereges.
Outra questão polêmica era o culto aos ícones, ou seja, a utilização de imagens para
representar as figuras de Cristo, da Virgem Maria e dos santos. Embora a adoração exagerada dessas
imagens (idolatria) fosse algo condenado por todos os cristãos, a igreja de Roma e alguns católicos
orientais julgavam importante o seu uso para transmitir os ensinamentos religiosos. Nas palavras do
papa Gregório Magno, “a pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz pelos que sabem
ler”. Entre os séculos VIII e IX, um movimento denominado iconoclastia tinha uma visão diferente
destes cristãos, não admitindo qualquer representação imagética de personagens sagrados. Embora
condenadas como heresias pelo papa de Roma, as ideias iconoclastas foram adotas por diversos
imperadores bizantinos, permitindo que imagens dos templos religiosos fossem destruídas ao longo
dos séculos.
Inspirado pelas ideias deste movimento, em 726 o imperador Leão III promoveu a destruição
sistemática de ícones cristãos. Para alguns historiadores, sua atitude não foi motivada somente por
razões religiosas, mas também com o intuito de minar o prestígio e riqueza dos mosteiros, principais
produtores dessas imagens. A persistência deste e de outros imperadores a manter a iconoclastia
provocou o afastamento do papa do Império Bizantino, a ponto de reconhecer, décadas depois, o
Império Carolíngio como o verdadeiro herdeiro do Império Romano.
Apesar do desaparecimento de uma grande quantidade de ícones em função do movimento
iconoclasta, as peças da arte bizantina que sobreviveram até os dias atuais mostram grande
influência da arte greco-romana na produção de ricos mosaicos, nome que se dá às imagens
formadas a partir da colagem de pequenas pedras coloridas. De maneira geral, essas produções
eram utilizadas para representar cenas religiosas e exaltar a figura do imperador, e por isso os
artistas tinham pouca liberdade para criar imagens que fugissem das convenções estabelecidas pela
Igreja. Retratos imperiais eram exibidos publicamente por todo o território bizantino, com o objetivo
de recobrir o imperador com uma áurea divina.
Mosaicos também foram utilizados para ornamentar os templos religiosos do Império
Bizantino, conhecidas pelo nome de basílicas. Santa Sofia, a mais famosa delas, apresenta uma
majestosa cúpula em formato de semiesfera, com trinta e um metros de diâmetro e cinquenta e
quatro metros de altura. Ao adentrar no interior da Igreja, os fiéis passavam por diversas colunas de
mármore, além de se depararem com grandiosos mosaicos de Cristo e da Virgem Maria, que
sugeriam aos seus observadores a possibilidade de aproximação com o divino naquele espaço.

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Figura 6 - Mosaico da Virgem Maria e o menino Jesus na basílica de Santa Sofia. Istambul, Turquia.
Fonte: Shutterstock.

3.3. O declínio da civilização bizantina


A morte de Justiniano em 565 foi sucedida por perdas territoriais do Império Bizantino para os
lombardos, povo germânico instalado na região correspondente a atual Hungria, enquanto os árabes
conquistaram o norte da África. Nos séculos VII e VIII, estes também conquistaram áreas bizantinas
no Oriente Médio e na Mesopotâmia.
Entre os séculos X e XI, o Império Bizantino recuperou parte dos territórios perdidos e
manteve sua economia estabilizada, mas em 1453 a cidade de Constantinopla foi tomada pelos
turco-otomanos liderados pelo sultão Maomé II. Para os historiadores, a data não representa
somente o fim do Império Bizantino, mas também o marco de transição do período medieval para
a Idade Moderna.

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4. A Civilização do Islã
A civilização do Islã teve como ponto de partida a península arábica, localizada no Oriente Médio
e margeada pelo Golfo Pérsico, o Oceano Índico e o Mar Vermelho. No século VI, esta região era
ocupada por povos organizados em tribos e clãs, podendo ser dividida em duas sub-regiões:

•Região desértica, de solo pedregoso e alguns

Arábia oásis.
•Habitada pelos beduínos, povos semi-nômades
dedicados à criação de carneiros e camelos.
Pétrea Também faziam saques a caravanas, chamados
de razias.

•Região litorânea e de solo pouco fértil.


Arábia Cultivava-se tâmaras, algodão e plantas
aromáticas.
• Habitada por povos sedentarizados que viviam

Feliz principalmente do comércio de mercadorias


transportadas por caravanas de camelos.

Meca era um dos principais centros comerciais da península Arábica, local de passagem de
caravanas de mercadores rumo ao Mediterrâneo ou para o golfo Pérsico. Também era destino de
peregrinação para diversas crenças, que mantinham seus ídolos em uma construção cúbica chamada
Caaba. Juntamente com essas imagens de deuses cultuados pelos árabes era guardada a Pedra
Negra, meteorito que consideravam ter sido enviado pelos deuses.
A cidade era governada por membros das famílias mais ricas da região, que no século III,
durante a guerra entre persas e o Império Romano do Oriente, enfrentavam dificuldade para
encontrar rotas alternativas para suas mercadorias. Percorrer o interior da península era um grande
risco, afinal os beduínos viviam a promover razias, e raramente se mostravam flexíveis a cessar esta
prática.

4.1. Maomé e os fundamentos do Islã


Entre 570-580 nasceu Maomé (ou Mohammad), em uma família de modestos mercadores de
Meca, da tribo Coraixita. Até os quarenta anos, ele manteve relações comerciais com diversos povos
monoteístas, incluindo judeus e cristãos. Para muitos historiadores, este contato foi fundamental
para que Maomé começasse a defender a crença em um único deus, Alá. Contudo, segundo a
tradição islâmica, a revelação de um deus único teria sido feita a Maomé pelo anjo Gabriel, que
também atribuiu a ele a responsabilidade de ser o profeta encarregado de espalhar o monoteísmo
pela península arábica. Abraaão, Moisés e Jesus teriam sido outros profetas nomeados por Alá com
o mesmo objetivo, sendo Maomé o último – e o maior – deles.

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Não demorou para que a pregação de Maomé atraísse multidões de discípulos, representando
uma ameaça ao domínio das grandes famílias de comerciantes de Meca, que também eram
sacerdotes dos deuses cultuados na Caaba. A condenação dessa prática por Maomé levou a sua
expulsão da cidade de Meca em 622, levando o profeta e seus seguidores a se abrigaram em Yathrib,
que ficaria conhecida como Medina (“cidade do profeta”). A este deslocamento foi dado o nome de
Hégira, que marca o início do calendário muçulmano.
Medina passou a ser governada de acordo com os princípios estabelecidos por Maomé, que
deveriam ser seguidos por todos os muçulmanos (ou seja, submissos a Alá). A seguir, os cinco pilares
desta religião estabelecidos naquele momento, até hoje seguidos por grande parte da comunidade
islâmica em todo o mundo:

❑ Repetir a sentença “Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é seu profeta”;
❑ Realizar cinco orações diárias voltadas para Jerusalém (a partir do ano de 624, para a cidade
de Meca);
❑ Dar esmolas aos pobres;
❑ Jejuar no Ramadã, mês quando o anjo Gabriel se revelou ao profeta Maomé;
❑ Peregrinar até Meca pelo menos uma vez na vida, desde que possua condições físicas e
financeiras para fazê-lo.

Estes princípios básicos foram reunidos no Corão (ou Alcorão), que em árabe quer dizer “o
que deve ser lido”. Considerado sagrado pela religião muçulmana, o livro foi escrito pelos discípulos
que anotavam as revelações obtidas pelo profeta Maomé, reunidas em 114 capítulos. Algumas
regras de conduta também foram estabelecidas para os islâmicos, como a não ingestão de bebidas
alcoólicas, a possibilidade de casamentos poligâmicos e a necessidade de ser hospitaleiro.
O islamismo moldou as relações políticas e sociais entre os árabes, que até então possuíam
apenas a origem étnica e a língua como elementos comuns. Em Meca, Maomé estabeleceu que todo
muçulmano deveria encarar como irmão aquele que partilhasse de sua fé, independentemente da
origem familiar. Ao mesmo tempo, a escravização ou o roubo se tornaram práticas repudiadas
entre islâmicos, mas tolerada caso fossem cometidas contra um infiel, como eram chamados os não
muçulmanos.

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Em nome de Alá: a escravidão no mundo muçulmano


Por volta de 740 d. C. (cerca de cem anos após a morte do profeta Maomé, em 632 d.C.),
uma série espetacular de conquistas criou um extenso domínio intercontinental [...].
Legiões de cativos foram usados como servidores domésticos, trabalhadores na
agricultura, soldados, funcionários burocráticos, eunucos guardiões de haréns ou
ocuparam outras funções. A escravidão foi a base da expansão do islã [...]. Os números
do tráfico de escravos em território muçulmano na África são impressionantes. Cerca de
12 milhões de negros africanos foram capturados e exportados através do Saara, do Mar
Vermelho e do Oceano Índico entre os séculos VII e XIX. Ou seja, o mesmo número de
cativos embarcados para a América ao longo de 350 anos. Só no século XIX, o número de
cativos transportados por essas rotas chegaria a 3,8 milhões [...]. A partir do século XVI,
mercadores muçulmanos também venderam para a América quatro milhões de cativos,
capturados e embarcados nas regiões da Senegâmbia e Alta Guiné. “A escravidão já era
fundamental para a ordem social, econômica e política em toda a região norte da África,
na Etiópia e na costa do Oceano Índico por muitos séculos antes da chegada dos
europeus”, afirmou o historiador Paul E. Lovejoy. “O cativeiro era uma atividade
organizada, sancionada pela lei e pelos costumes.
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, v. 1.
Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 78.

Os valores e regras do Islã rapidamente se difundiram por toda a Arábia, permitindo a


unificação de povos distintos em uma comunidade muçulmana. Em outras palavras, podemos dizer
que o islamismo constitui uma nova identidade aos habitantes da península.
Meca, cidade importante para o cumprimento dos preceitos do Islã, passou a ser cada vez
mais atacada por muçulmanos que desejavam livre acesso a Caaba, o que foi concedido em 622 pela
oligarquia local. Contudo, não demorou muito para que os fiéis tomassem a cidade e destruíssem
os ídolos existentes naquele santuário. A Pedra Negra, no entanto, foi preservada na Caaba por ter
sido considerada um objeto enviado pelo anjo Gabriel a Ismael, filho de Abraão e considerado
ancestral dos árabes.
Após a morte de Maomé em 632, coube aos califas (em árabe, “sucessores do profeta de Deus”),
lideranças de caráter político e religioso, a transmissão da religião muçulmana para outras partes do
mundo. Esta ideia de expansão era justificada pela jihad, esforço para o estabelecimento da
verdadeira fé de Deus na Terra, a partir da conversão de povos não islâmicos. Embora por vezes esta
palavra seja traduzida do árabe como “guerra santa”, a luta pela difusão do islamismo nem sempre
se dava pela força, algo inclusive sugerido no livro sagrado.
Os primeiros califas foram Abu Bakr e Omar, ambos sogros do profeta e responsáveis pela
consolidação de uma teocracia na península arábica, cuja capital era a cidade de Meca. Este último
também obteve a expansão do islamismo pela Síria, Palestina, Egito e Pérsia, até ser morto por
membros da família Omíada. A partir daí uma guerra civil foi travada entre os membros da dinastia
Haschemita, da qual pertencia Omar, e a dinastia Omíada, que assume o poder após assassinarem
o califa. Com a vitória do omíada Muhawya, a capital foi transferida de Meca para Damasco,
localizada na Síria. Durante seu califado, o mundo muçulmano foi cindido em dois grandes grupos:

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▪ Xiitas → Grupo de defensores de que Ali, filho de Maomé, fosse escolhido califa após a morte
de Otomão, sucessor de Omar. Após o seu assassinato, em 661, continuam a acreditar que o
cargo deveria ser ocupado apenas por descendentes do profeta. Também defendiam que a
religião se guiasse apenas pelos textos do Corão.
▪ Sunitas → Grupo majoritário na comunidade muçulmana, defendiam que as lideranças
políticas fossem eleitas pelos fiéis. Além do Corão, também se orientavam pelos
ensinamentos da Suna, livro que reúne os feitos e ditos do profeta Maomé.

Xiita
O termo xiita é comumente utilizado como adjetivo no Brasil para descrever indivíduos
com posicionamentos extremistas, inclusive politicamente. Assim sendo, quando alguém
diz “você está sendo xiita”, quer dizer que a postura adotada por você é muito radical.
Segundo o jornalista Guga Chacra, a utilização do termo como sinônimo de radical é
não somente equivocada, mas também preconceituosa. Sua origem estaria associada a
Revolução Islâmica do Irã, que promoveu execuções públicas de seus inimigos e mantém
diplomatas norte-americanos como reféns. Sendo o país de maioria xiita, a partir daí essa
corrente islâmica passou a ser associada a condutas extremistas, ainda que pouco antes
desse movimento a capital do país tivesse uma vida dinâmica e liberal.
Chacra também chama atenção para o fato de que a maioria dos movimentos islâmicos
que adotaram o terrorismo como política de intimidação nas últimas décadas eram de
orientação sunita: “O Taleban, o Hamas, Bin Laden e a Al Qaeda são sunitas, não xiitas. A
Arábia Saudita, que possui um Apartheid contra as mulheres, também é sunita. Todas as
monarquias travestidas de ditaduras no Golfo Pérsico são controladas por sunitas.”
Assim sendo, o radicalismo é algo existente tanto em religiosos sunitas quanto xiitas, da
mesma forma que também existem grupos pacíficos entre eles.

Figura 7 - Muçulmanos de diferentes partes do mundo reunidos em torno da Caaba, na cidade de Meca. Fonte: Shutterstock.

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4.2. O expansionismo islâmico


Em menos de cem anos, a religião islâmica se expandiu em ritmo extraordinário, processo
iniciado com a dominação de boa parte da região Arábica pelo profeta Maomé. Os parentes que o
sucedem no poder, denominados pelo mapa a seguir como califado ortodoxo, consolidaram a
conquista da península e disseminaram o Islã em territórios dos impérios Persa e Bizantino no
Oriente Médio, tomando toda a área litorânea da África do Norte até a cidade de Trípoli, situada na
atual Líbia.

Figura 8 - Mapa da expansão da civilização do Islã.

Já durante a Dinastia Omíada, a expansão islâmica atingiu a porção noroeste do continente


africano, seguida pela dominação da península ibérica até o sul da França. Ali foi contida pelos
francos comandados por Carlos Martel, na batalha de Poitiers, em 732. Neste período também
ocorre a conquista de Jerusalém, cidade de grande importância para os islâmicos pelo fato dali ter
ocorrido, segundo a tradição islâmica, a ascensão de Maomé aos céus.
Apesar de muitas conquistas se darem pela força das armas, vimos que a disseminação do
Islã se deve em grande parte às caravanas de mercadores que cruzavam o Saara, que chegavam a
contar com mais de dez mil camelos e se integravam ao comércio de produtos como o açúcar,
marfim, seda, porcelanas, pimenta, perfumes e escravos. As relações comerciais dos árabes com os
povos africanos eram anteriores ao nascimento do Islã, e em muito contribuíram para a sua difusão
a partir do século VI.
Há alguns povos era reservado o direito de manutenção de suas crenças religiosas, desde que
pagassem um imposto chamado jyzia. Dessa forma, muitos indivíduos – em especial, comerciantes
– se convertiam por conveniência, afinal pertencer a comunidade muçulmana garantia não somente
a isenção deste imposto, mas também proteção contra saques e escravizações promovidos por
outros muçulmanos.

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A expansão islâmica se deu graças a junção de interesses (expansão dos califados),


econômicos (novas rotas comerciais) e religiosos (fundamentada pela jihad).

O domínio muçulmano na África e os Impérios do Sudão

Na África, o Egito foi a primeira região a ser islamizada. Este processo foi facilitado não
somente pela sua proximidade geográfica com a península arábica, o que tornava constante a
presença de mercadores beduínos, mas também pelas intermináveis disputas religiosas que
envolviam cristãos bizantinos e cristãos coptas que ali habitavam.
Rumo a Oeste, percorrendo o deserto do Saara, o Islã também conquistou – por meio de
incursões militares e do contato com mercadores – a região do Magreb, que envolvia os territórios
dos atuais Líbia, Argélia e Marrocos. Embora a conversão das autoridades locais muitas vezes levasse
fosse motivada por interesses econômicos, não se pode negar que a religião gerou profundas
transformações sociais e culturais, formando uma identidade comum a toda a região Norte da
África. Não por acaso, a África Saariana atualmente também é chamada de África Islâmica.
Durante a Idade Média, a religião islâmica encontrou campo fértil nos mais poderosos
Impérios da África Subsaariana – Gana, Mali e Songai, todos eles localizados no Sudão Ocidental.
Foram grandes Estados tributários que se sucederam ao longo dos séculos, ou seja, que cobravam
tributos sobre mercadorias que passavam pelo seu território.
A primeira das civilizações sudanesas a existir nessa região,
o Império de Gana, se localizava nos atuais estados do Mali e
Mauritânia e o ouro era a sua principal fonte de riqueza. Para
adquirí-lo, mercadores árabes que alcançavam a região o
trocavam por tecidos, cobre e sal, entre outros produtos. A palavra
Gana também era utilizada para se referir ao chefe do reino e
significava “senhor da guerra”. A capital do Império de Gana,
Kumbi Saleh, era uma grande e próspera cidade, com as casas dos
nobres locais construídas com pedras, 12 mesquitas e cercada por
muralhas. Seu domínio sobre as demais regiões permaneceu até o
século XIII, quando Gana é sucedida pelo Império Mali.
Entre os séculos XIII e XV, o Império do Mali foi um dos mais
poderosos do mundo. Sua organização se deve a Sunjata Keita, que
dividiu seus domínios em províncias e submeteu os povos
conquistados a uma espécie de servidão. Seus sucessores foram Figura 9 - Representação de Mansa Musa em um
chamados de mansas, denominação que também era utilizada mapa do século XIV. Fonte: Biblioteca Digital
para denominar os governantes de cada região. Mundial.

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Os governantes do Mali aderiram ao Islã, o que possibilitou a difusão da religião ao longo do


Império. Um deles, Mansa Mussa (1307-1332), se tornou lendário ao peregrinar até Meca, em 1324,
levando consigo 8 mil cortesãos, guerreiros e servos; além de mais de 10 toneladas de ouro. A oferta
tão grande do metal precioso no mercado do Oriente Médio fez com que seu preço acabasse por se
desvalorizar e se tornar inferior ao da prata por um longo período.
Durante o Império Mali, Djenne e Tombuctu se tornaram um dos mais prósperos centros
comerciais do continente, onde eram encontrados produtos como sal, marfim e escravizados. Em
Tombuctu, que se tornou um dos centros difusores de conhecimento do mundo islâmico, existia
uma universidade e uma grande biblioteca, frequentada por poetas, teólogos, filósofos, estudantes
e outros homens de letras2; além de um intenso comércio de livros de História, Medicina,
Astronomia e Matemática. A importância cultural da cidade pode ser sintetizada em um antigo
provérbio africano, que dizia: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os
tesouros da sabedoria vêm do Tombuctu”.3

Figura 11 - Grande Mesquita de Tombuctu. Fonte: Shutterstock.

Por volta do século XV, o Império Mali entrou em decadência e se fragmentou em pequenos
reinos, em parte devido aos ataques de tuaregues, povos nômades vindos do Saara. Um deles, o
Reino de Songai, logo ocupou o lugar do Mali e se tornou o mais poderoso império sudanês, com
sua administração sediada em Gao. Esta cidade chegou a ter uma população composta por algo
entre 38 mil e 76 mil pessoas, pois se encontrava integrada a rotas de comércio saarianas. Assim
como os impérios sudaneses anteriores, o Império de Songai explorou as minas de ouro da região,
mas conquistas militares garantiram o controle de minas de sal, produto valioso na Idade Média do
continente africano.

2
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, v. 1. Rio de Janeiro:
Globo Livros, 2019. p. 144.
3
MACEDO, JR., org. Desvendando a história da África [online]. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.

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O domínio muçulmano da Península Ibérica

Em 752, a Dinastia Omíada é derrotada pelos abássidas, que transferiram a sede do califado para
Bagdá, no Iraque, local de próspera atividade agrícola devido às terras férteis da região
mesopotâmica. O omíada Abd al-Rahman, único a se salvar do massacre promovido pelos rivais, se
refugiou no norte da África, onde foi acolhido pelos berberes, povo de sua mãe.
Pouco tempo depois, formou uma coalização de berberes e aliados dos omíadas para invadir a
península ibérica, no outono de 755. Após um ataque rápido, a região conquistada passou a ser
conhecida como Al-Andalus, tendo Córdoba como sua capital. Já a porção norte da atual Espanha,
que não chegou a ser dominada, seguiu dividida por reinos cristãos.
A introdução de novas técnicas e cultivos pelos invasores permitiu que a região conquistada
passasse por um grande crescimento urbano e comercial. As cidades eram os locais onde
desembarcavam produtos de toda a parte do mundo, onde se comercializava a produção agrícola e
eram erguidos palácios, mesquitas e formados centros intelectuais. Os cristãos que aceitaram a
dominação, chamados de moçárabes, puderam conservar sua crença sem serem perseguidos, assim
como judeus que habitavam a região. Já outros, motivados por interesses econômicos, se
converteram ao Islã e adotaram a língua árabe.

Figura 10 - Interior da Mesquita-Catedral de Córdoba, um dos indícios da presença muçulmana na Península Ibérica. Fonte: Shutterstock.

Com o passar do tempo, o território de Al Andalus foi progressivamente diminuído pelas guerras
de Reconquista, conflitos estabelecidos entre a região e os reinos cristãos do Norte. Em 1420,
Granada, último reduto muçulmano, foi derrotado, e os invasores definitivamente expulsos da
península ibérica. Contudo, vale destacar que os séculos de dominação árabe deixaram influências
na paisagem e na cultura dos ibéricos.

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4.3. Cultura e Sociedade


Embora muitos atualmente encarem o Islã como inimigo do progresso científico, à civilização do
Islã devemos várias descobertas e saberes produzidos durante a Idade Média. No Alcorão se
encontram diversas passagens que estimulavam o homem a conhecer mais o universo criado por
Deus, como por exemplo “Ele foi Quem fez do Sol uma luz e a Lua uma claridade, e deu-lhe fases
para que saibais o número dos anos e as estações... Ele detalha as revelações aos sensatos”. Em certa
ocasião, o próprio profeta teria dito: “Busquem ciência, a até mesmo na China”.
Parte de suas descobertas científicas se devem às próprias necessidades da religião. Como os
fiéis de todo o mundo muçulmano necessitavam realizar orações diárias voltados para Meca, alguns
sábios se dedicaram à Astronomia para obterem a posição mais precisa que ocupavam no mundo.
Isso também permitiu a elaboração de um calendário lunar, ainda utilizado para marcar o início do
Ramadã.
A partir da dinastia omíada, mas principalmente durante a dinastia abássida, os califas foram
grandes estimuladores da investigação científica, financiando atividades de trabalhos de tradução
para o árabe de obras clássicas de eruditos hindus, persas e gregos, o que possibilitou avanços em
áreas como a Medicina, Filosofia, Matemática (especialmente Álgebra e Geometria) e Geografia.
Da Casa da Sabedoria, centro de estudos criado em Bagdá, partiram delegações de intelectuais para
Constantinopla, com o intuito de adquirirem cópias de obras de Platão, Aristóteles, Hipócrates,
Galeano e Euclides. Ao longo de 150 anos, os árabes traduziram todos os livros gregos de ciência e
filosofia disponíveis.
Damasco, Bagdá, Córdoba e Cairo eram cidades que se
notabilizaram pelas suas escolas de medicina, onde foram
desenvolvidos novos medicamentos e práticas médicas. Os árabes
desenvolveram métodos de identificação da varíola, passaram a
utilizar anestesias em operações cirúrgicas e até desenvolveram
métodos de operação da catarata. Boa parte dessas descobertas
foi sintetizada pelo médico e filósofo persa Avicena na obra O
Cânone da medicina, que foi consultada inclusive por estudiosos
da medicina no Ocidente.
Os árabes também legaram um extenso léxico para os
territórios conquistados, incluindo a Península Ibérica. Palavras
como álcool, alferes, algazarra, alcatra, oxalá, arroba, almofada,
algoz, azulejo, alicate, algoritmo e algodão, que integram a língua
portuguesa, possuem origem árabe. Nos domínios do Islã também Figura 11 - Representação do médico e filósofo
Avicena. Fonte: Shutterstock.
foram difundidas invenções como o papel, a pólvora, a bússola e
o astrolábio, algumas delas inventadas pelos povos conquistados.
Por fim, não poderíamos deixar de mencionar as produções
literárias da civilização do Islã, muitas delas consumidas pelo
Ocidente. A mais conhecida delas, As Mil e Uma Noites, reuniu
lendas persas e hindus com as quais os árabes tomaram contato.

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A arte do Islã

A produção artística da civilização do Islã foi fortemente marcada pela religião, que
condenava a representação figurativa – ou seja, retratar pessoas, objetivos e animais. Desse modo,
há preferência por figuras geométricas e formas abstratas, que ficaram conhecidas como
arabescos, predominantes sobretudo na arte da tapeçaria. Vale destacar que o tapete era um dos
principais elementos decorativos das tendas habitadas pelos beduínos do deserto, e com o
surgimento do Islã, passa a ser utilizado como anteparo pelos seus fiéis durante as orações.
Na arquitetura, a arte muçulmana se destacou pelos seus ricos mosaicos, técnica incorporada
a partir dos contatos estabelecidos com o Império Bizantino. Em 2007, um estudo matemático
constatou que os arquitetos muçulmanos elaboraram desenhos com apenas cinco formas de
ladrilhos, mas que formavam desenhos que nunca se repetiam. Os azulejos, palavra que em árabe
significa “pedra polida”, foram levados pelos muçulmanos para a península ibérica, onde foram
incorporados pelos cristãos. A utilização desta técnica foi trazida para o Brasil com a colonização,
sendo observada em casarões históricos de cidades como São Luís do Maranhão e Recife, em
Pernambuco.
Com a expansão do Islã para além da península arábica, surgem também suntuosas mesquitas
e palácios em motivos arabescos e cercados de torres pontiagudas, chamadas de minaretes. Elas
eram – e a ainda são – utilizadas pelos muezins, que convocavam os fiéis a realizarem suas orações
diárias por meio de cantos. Dentre os edifícios mais famosos que possuem essa estética, podemos
citar o Taj Mahal, mausoléu erguido na Índia, e a Mesquita Azul, construída em Istambul.

Figura 12- A Mesquita Azul, localizada na cidade turca de Istambul.


Fonte: Shutterstock.

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Árabe, muçulmano, e o Islã


ATENÇÃO: Árabe e muçulmano NÃO são sinônimos. Árabe é o termo utilizado para
denominar o povo semita originado na península arábica, ou mesmo a língua falada por
eles. Já muçulmano é todo aquele que compartilha da fé islâmica, independente do seu
local de nascimento ou da língua falada. Assim sendo, é possível que um árabe seja
católico, por exemplo, ou que um norte-americano se converta ao islamismo.
O termo Islã, por sua vez, pode ser utilizado não somente para se referir à religião
organizada por Maomé, mas também à parcela do mundo cuja vida econômica, política,
social e cultural é influenciada pelos ensinamentos do Corão. É devido a isso que
chamamos o conjunto de territórios assimilados durante a Alta Idade Média de civilização
do Islã.

A mulher no Islã
No pensamento islâmico, a posição da mulher é inferior à do homem, situação que reflete
a realidade sociológica da sociedade pré-islâmica da qual o islã emergiu, das comunidades
muçulmanas históricas e do mundo muçulmano atual. Tal inferioridade, contudo, não é
exclusiva do mundo muçulmano, pois ela se encontra, sob formas diversas, em quase
todas as sociedades pré-modernas. Limitações biológicas ditavam, na maioria dessas
sociedades, uma partilha de funções socioeconômicas e condenavam a mulher a uma vida
voltada à maternidade e a funções econômicas subalternas. Essencialmente, a
fecundidade da mulher era considerada um recurso econômico do grupo da mesma
forma que o gado, o trigo ou o dinheiro. Contudo, o islã teve sua origem numa sociedade
pastoril onde as mulheres tinham uma posição mais favorável do que nas sociedades
sedentárias, situação que se traduz, inclusive com algumas melhorias, no Alcorão.
Assim, a posição da mulher dentro do islã era melhor do que nas outras civilizações
tradicionais e hierárquicas. Em vez de ser vista como posse, a mulher passou a ter
existência jurídica e direito à propriedade. Por ocasião do casamento, o marido paga um
mahr (preço da noiva) que pertence à própria mulher (e não a seus parentes masculinos)
e lhe é devido em caso de divórcio. A mulher também tem direitos à herança, exatamente
delineados, apesar de menores (herdam somente a metade da quantia em relação aos
homens. A xaria mantém a poligamia, mas limita a quatro esposas simultaneamente –
limitação originalmente progressiva. Em caso de litígios, o testemunho feminino é válido
– ainda que valha somente a metade do masculino. Por outro lado, maridos tinham o
direito de chicotear e castigar suas esposas [...].
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2015. p. 150.

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(1993/Puccamp - Adaptada) Maomé criou para os árabes


a) uma nova forma de organização política, que se utilizava de mecanismos rudes e cruéis no
tratamento com os povos conquistados.
b) um Estado muçulmano de caráter autocrático, com o qual foi possível governar os
territórios conquistados por todo o mundo.
c) uma nova forma de organização política e social, cujos laços de união baseavam-se na
identidade religiosa e não no parentesco.
d) um Estado muçulmano cuja direção do Governo era exercida pelo condestável.
e) um Estado muçulmano cuja sede, no período da Dinastia dos Omíadas, foi transferida para
Bagdá.
Comentários:
- Os muçulmanos permitiram que alguns povos conquistados mantivessem suas convicções
religiosas, com a condição de que pagassem tributos. Embora a escravização de comunidades
subjugadas certamente pode ser considerada uma prática cruel, a organização política
estabelecida pela civilização do Islã nada tem de rude, ao contrário: é fundada em uma cultura
essencialmente urbana e comercial, que fornece importantes contribuições técnicas a vários
campos do conhecimento durante a Idade Média. Assim sendo, a alternativa A está incorreta.
- Apesar dos califados disporem de vastos territórios pelo mundo, a administração não era
centralizada como supõe a alternativa B, que, por isso, está incorreta.
- A religião islâmica se sobrepôs a antigos laços de solidariedade tribal ao afirmar que todos os
seus fiéis deveriam se reconhecer como irmãos, independentemente da origem familiar. Com
isso, o islamismo criou uma identidade comungada por boa parte dos povos árabes, bem como
por outros povos que foram assimilados ao longo do processo de expansão dos califados. A
alternativa C, portanto, está correta.
- Condestável é um cargo de natureza militar criado no século XIV por Fernando I, rei de
Portugal. Nada tem a ver com a direção dos estados muçulmanos, visto que na Idade Média
foram ocupados pelos califas. Assim sendo, a alternativa D está incorreta.
- Durante a dinastia Omíada, a sede do poder foi transferida por Muhawya de Medina para a
cidade de Damasco, na região da Síria, o que torna incorreta a alternativa E. Entre os séculos
VII e VIII, este poderoso califado expandiu consideravelmente os seus domínios pela Europa,
África e Ásia, mas sucumbiu diante das guerras civis travadas entre os muçulmanos. A
transferência da sede do califado de Damasco para Bagdá ocorreria somente com a ascensão
da Dinastia Abássida, a partir de 752.
Gabarito: C.

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5. Lista de Questões
5.1. Enem
1. (2017/Enem)
No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional
onde tudo era negociado — sal, escravos, marfim etc. Havia também um grande comércio de
livros de história, medicina, astronomia e matemática, além de grande concentração de
estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida por meio de um velho
provérbio: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da
sabedoria vêm de Tombuctu”.
ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto
Alegre: UFRGS, 2008 (adaptado).

Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período
mencionado era o(a)
A) isolamento geográfico do Saara ocidental.
B) exploração intensiva de recursos naturais.
C) posição relativa nas redes de circulação.
D) tráfico transatlântico de mão de obra servil.
E) competição econômica dos reinos da região.

2. (2018/Enem)
Então disse: "Este é o local onde construirei. Tudo pode chegar aqui pelo Eufrates, o Tigre e
uma rede de canais. Só um lugar como este sustentará o exército e a população geral". Assim
ele traçou e destinou as verbas para a sua construção, e deitou o primeiro tijolo com sua
própria mão, dizendo: "Em nome de Deus, e em louvor a Ele. Construí, e que Deus vos
abençoe".
AL-TABARI, M. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Cia. das Letras, 1995 (adaptado).

A decisão do califa Al-Mansur (754-775) de construir Bagdá nesse local orientou-se pela
a) disponibilidade de rotas e terras férteis como base da dominação política.
b) proximidade de áreas populosas como afirmação da superioridade bélica.
c) submissão à hierarquia e à lei islâmica como controle do poder real.
d) fuga da península arábica como afastamento dos conflitos sucessórios.
e) ocupação de região fronteiriça como contenção do avanço mongol.

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3. (Enem-PPL/2018)
Os azulejos das fachadas do centro
histórico de São Luís (MA) integram o
patrimônio cultural da humanidade
reconhecido pela Unesco. A técnica
artística utilizada para a produção desses
revestimentos advém das
a) confluências de diferentes saberes do
Oriente Médio e da Europa.
b) adequações para aproveitamento da
mão de obra local.
c) inovações decorrentes da Revolução
Industrial.
d) influências das culturas francesa e holandesa.
e) descobertas de recursos naturais na Colônia.

4. (2002/Enem)
O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ramadã, mês sagrado para os
muçulmanos que, em 2001, teve início no mês de novembro do Calendário Cristão, conforme
a figura que segue.

Considerando as características do Calendário Muçulmano, é possível afirmar que, em 2001, o


mês Ramadã teve início, para o Ocidente, em
a) 01 de novembro.
b) 08 de novembro.
c) 16 de novembro
d) 20 de novembro.
e) 28 de novembro.

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5.2. Outros vestibulares


1. (2016/Unesp)
Examine a iluminura extraída do manuscrito AlMaqamat, de Abu Muhammed al-Kasim al-
Hariri, 1237.

(http://gallica.bnf.fr)

A imagem pode ser associada à tradição dos conhecimentos desenvolvidos no mundo árabe-
islâmico durante a Idade Média e revela
a) a inexistência de instrumental médico nas sociedades islâmicas, que impediam qualquer tipo
de corte nos corpos.
b) a preparação do cadáver feminino para a cremação, principal culto funerário desenvolvido
nas sociedades islâmicas.
c) a condenação imposta pelas autoridades religiosas islâmicas às pessoas que cuidavam de
doentes e mulheres grávidas.
d) o desenvolvimento da medicina nas sociedades islâmicas, o que permitiu avanços, como a
descrição da varíola e o emprego de anestesia em cirurgias.
e) o repúdio, nas sociedades islâmicas, à representação do nu feminino, o que provocou
sucessivas punições civis e religiosas a artistas.

2. (2019/Unicamp)
Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os
domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito,
civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos fenômenos
naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios. Nas costas do
Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras explicações dos
fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de Alexandre
permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o dos antigos
impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas científicas e culturais
com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o herdeiro desse legado
científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus aportes ao longo da
Idade Média.

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(Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 200-201.)

Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a alternativa
correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural implementada
nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na cosmologia
ocidental.
b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de
forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império
Bizantino, chegando à Espanha.
c) Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos, egípcios,
macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã Medieval,
marcado pelo fundamentalismo religioso.
d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo ele
a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia greco-
romana para o Oriente.

3. (2018/UPE - Adaptada)
O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes
do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento
sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de

Fonte: Gombrich, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2015. p. 141.

a) Cesaropapismo, a aliança entre o Imperador e o Patriarca.


b) Iconoclasmo, o movimento pela destruição dos ícones religiosos.
c) Bizantinismo, a discussão interminável sobre temas exotéricos.
d) Cisma, a excomunhão mútua entre as igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental.
e) Iluminismo, a política em prol da ilustração dos manuscritos.

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4. (2018/UFPR)
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes,
não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que
toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse
cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em matemática,
astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa produção está
preservada em uma grande quantidade de manuscritos.
(BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)

Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média,
assinale a alternativa correta.
a) Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano e
a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente
homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências religiosas
teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
b) Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização muçulmana
era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não conseguia refletir
o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o surgimento do Islã.
c) Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se tornaram
centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita do qual a
Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
d) A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos países
muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas, pela
presença hegemônica da língua árabe nos espaços comerciais, políticos e acadêmicos da
Europa.
e) Existe consenso entre a maioria dos historiadores que estudam o período de que a
emergência do horizonte renascentista deve muito ao trabalho dos sábios e acadêmicos
muçulmanos, conhecidos pelo mundo cristão, sobretudo, através da Península Ibérica.

5. (2018/Unesp)
A migração de Maomé e seus seguidores, em 622, de Meca para Medina permitiu a
consolidação da religião muçulmana que incluía, entre outros princípios,
a) a recomendação de que os muçulmanos não escravizassem ou atacassem outros
muçulmanos, pois eles pertencem à mesma irmandade de fé.
b) a proibição de que os muçulmanos exercessem atividades comerciais, pois o manejo
cotidiano de riquezas era considerado impuro.
c) a proibição de que os muçulmanos visitassem Meca, pois o solo puro e sagrado dessa cidade
deveria permanecer intocado.

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d) a recomendação de que os muçulmanos não limitassem seu culto a um só Deus, pois o


criador multiplica-se em diversas formas e faces.
e) a proibição de que os muçulmanos saíssem da Península Arábica, pois eles sofriam
perseguições em outros territórios

6. (2005/UFV)
O Império Bizantino se originou do Império Romano do Oriente, reunindo diferentes povos:
gregos, egípcios, fenícios, eslavos, semitas e asiáticos. Em razão disso, foi preciso criar um
eficiente sistema político e administrativo para dar força e coesão àquele mosaico de povos e
culturas. Sobre o Império Bizantino é INCORRETO afirmar que:
a) a religião fornecia a fundamentação do poder imperial, mas absorvia grande parte dos
recursos econômicos, originando várias crises.
b) a intolerância religiosa não deixava espaço de autonomia para que os indivíduos
escolhessem seus próprios caminhos para a salvação.
c) a estrutura eclesiástica era extensa e muito influente, provocando intensa espiritualidade
popular e várias controvérsias teológicas.
d) a fusão entre poder temporal e poder espiritual permitia que o Imperador indicasse laicos
para postos na hierarquia eclesiástica.
e) a importância política do Imperador impediu que o Patriarcado se desenvolvesse
independentemente, tal como o Papado do Ocidente.

7. 2005/PUC-PR)
A História do Império Bizantino abrangeu um período equivalente ao da Idade Média, apesar
da instabilidade social, decorrente, entre outros fatores:
a) dos frequentes conflitos internos originados por controvérsias políticas e religiosas.
b) da excessiva descentralização política que enfraquecia os imperadores.
c) da posição geográfica de sua capital, Constantinopla, vulnerável aos bárbaros que com
facilidade a invadiam frequentemente.
d) da constante intromissão dos imperadores de Roma em sua política.
e) da falta de um ordenamento jurídico para controle da vida social.

8. (2015/UFRGS)
Considere as seguintes afirmações acerca das relações entre o Oriente e o Ocidente no mundo
medieval.
I - Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente foi a expansão do islamismo pelo
território da Europa ocidental.

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II - A cultura árabe legou para as sociedades europeias estudos sobre autores como Platão e
Aristóteles, estabelecendo um elo de ligação entre o mundo antigo pagão e o mundo moderno
cristão.
III - A península ibérica foi profundamente marcada pela presença muçulmana, que se
estendeu entre os séculos VIII e XV, produzindo reflexos na cultura lusitana e hispânica.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

9. (2016/UNIUBE-MG)
O Império Bizantino, após a queda de Roma, gradativamente se afastou da influência ocidental
e da autoridade exercida pelo papa. Em meados do século XI, após uma série de discordâncias,
ocorreu o Cisma do Oriente que dividiu o cristianismo em duas partes. No Ocidente, a Igreja
Católica Apostólica Romana se manteve, mas no Oriente, outra Igreja Cristã foi formada.
Assinale o nome que recebeu a Igreja do Império Bizantino.
a) Igreja Protestante.
b) Igreja Renascentista.
c) Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
d) Igreja Supra Oriental.
e) Igreja Moderna.

10. (2014/UPE)
A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam. Suas igrejas
abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas,
enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a
pintura renascentista.
(ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.)

Sobre o legado cultural bizantino, assinale a alternativa CORRETA.


a) Herdando elementos da cultura grega, os bizantinos desenvolveram estudos sobre a
aritmética e a álgebra.
b) Negando a tradição jurídica romana, o império bizantino pautou sua jurisdição no direito
consuetudinário.

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c) A filosofia estoica influenciou o movimento iconoclasta, provocando o cisma cristão do


Oriente no século XI.
d) O catolicismo ortodoxo tornou-se a religião oficial do império após a denominada querela
das investiduras.
e) A catedral de Santa Sofia sintetiza a tradição artística bizantina com seus ícones e mosaicos.

11. (2009/UFPB)
A imagem está em um mosaico da igreja de San Vitale, na cidade
de Ravena, na Itália. A figura é de influência cultural bizantina e
representa o imperador Justiniano cercado de cortesãos.
O Império Romano do Oriente tinha como capital
Constantinopla. Originou-se da divisão do Império Romano em
395 d.C e, no período medieval, passou a ser mais conhecido
como Império Bizantino, perdurando cerca de mil anos, até 1453
d.C, quando foi dominado pelos turcos. A sua longa duração
produziu uma civilização que deixou uma herança cultural com
repercussões significativas até os dias atuais.
Grandes Impérios e Civilizações. Grande
Atlas da História Universal. Da herança cultural bizantina fazem parte:
I - O Corpus Juris Civilis, uma compilação da legislação e
jurisprudência romanas e, também, bizantinas, base do direito civil moderno em muitos países.
II - A atitude iconoclasta, contra a adoração de imagens nas igrejas, contribuição de consi-
derável influência sobre o catolicismo ocidental.
III - A religião cristã ortodoxa, decorrente do chamado Cisma do Oriente, devido a disputas
político-religiosas com o Papado de Roma.
IV - A organização de uma cultura artística laica, desvinculada da religião, especialmente na
pintura dos ícones e na arquitetura.
V - A separação entre Igreja e Estado, ardorosamente defendida pelos adeptos do Estado laico,
concepção política decisiva na formação do Estado ocidental moderno.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II.
b) III e IV.
c) I e IV.
d) I e III.
e) I, II e III.

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12. (2017/Fatec)
No século VIII, tropas muçulmanas, lideradas pelo general Tarik, saíram do Norte da África,
atravessaram o mar Mediterrâneo pelo Estreito de Gibraltar e conquistaram quase toda a
península Ibérica.
Sobre o período de domínio muçulmano na península Ibérica, é correto afirmar que
a) contribuiu para a consolidação do feudalismo, isolando a Europa do restante do mundo, e
estimulando as pessoas a abandonarem as cidades.
b) o desenvolvimento mercantil provocou o crescimento de cidades como Córdoba e Toledo,
atraindo poetas, letrados e músicos, estimulando o ambiente intelectual.
c) sua duração foi maior em Portugal do que na Espanha, reino do qual os muçulmanos foram
expulsos pelos cruzados, cerca de trinta anos após a ocupação da península Ibérica.
d) durou aproximadamente meio século, e foi marcado pela perseguição aos cristãos, pela
obstrução das rotas mercantis e pela Peste Negra, que dizimou parte da população europeia.
e) consolidou o sistema escravocrata medieval, fechou universidades, desestimulou o
desenvolvimento científico e proibiu manifestações literárias e musicais pagãs.

13. (2012/UFTM)
Observe a fotografia de 31 de outubro de 2010 que
registrou peregrinos no círculo da Caaba na Grande
Mesquita, em Meca, Arábia Saudita.

No islamismo, que conta com milhões de adeptos no


mundo contemporâneo, a peregrinação
a) é sinônimo de guerra santa e deve ser realizada por
convocação de um aiatolá.
b) foi instituída depois da morte de Maomé, para
homenagear o fundador do Islã.
c) deve ser realizada pelo menos uma vez na vida, pelos fiéis com condições físicas e
financeiras.
d) exige grande sacrifício, pois o fiel deve conservar-se em jejum durante todo o período.
e) dificultou a expansão do Islã para além do Oriente Médio, pelas obrigações que impunha.

14. (2010/Unesp)

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Observe a figura.
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações características
da Civilização Bizantina, que abrangeu amplas regiões do continente
europeu e asiático. A arte bizantina resultou
a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente.
b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo.
c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo.
d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa oriental.
e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas.

15. (2009/Unesp)
“As caravanas do Sudão ou do Niger trazem regularmente a Marrocos, a Tunes, sobretudo aos
Montes da Barca ou ao Cairo, milhares de escravos negros arrancados aos países da África
tropical (...) os mercadores mouros organizam terríveis razias, que despovoaram regiões
inteiras do interior. Este tráfico muçulmano dos negros de África, prosseguindo durante
séculos e em certos casos até os mais recentes, desempenhou sem dúvida um papel primordial
no despovoamento antigo da África.”
(Jacques Heers, O trabalho na Idade Média.)

O texto descreve um episódio da história dos muçulmanos na Idade Média, quando


a) Maomé começou a pregar a Guerra Santa no Cairo como condição para a expansão da
religião de Alá, que garantia aos guerreiros uma vida celestial de pura espiritualidade.
b) atuaram no tráfico de escravos negros, dominaram a África do Norte, atravessaram o
estreito de Gibraltar e invadiram a Península Ibérica.
c) a expansão árabe foi propiciada pelos lucros do comércio de escravos, que visava abastecer
com mão-de-obra negra as regiões da Península Ibérica.
d) os reinos árabes floresceram no sul do continente africano, nas regiões de florestas tropicais,
berço do monoteísmo islâmico.
e) os árabes ultrapassaram os Pirineus e mantiveram o domínio sobre o reino Franco, até o
final da Idade Média ocidental.

16. (2008/Unesp)
O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias
na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento
movimento de destruição de imagens, denominado "querela dos iconoclastas". A questão
iconoclasta

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a) derivou da oposição de setores da Igreja ao uso de representações plásticas em templos


religiosos.
b) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a
crença dos fiéis nos poderes das estátuas.
c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens
mendicantes dominicanas e franciscanas.
d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de
ostentação de riquezas.
e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade
Média europeia.

17. (2006/Unesp)
“Os muçulmanos entenderam que deveriam constituir uma frota para o Mediterrâneo. O
resultado inicial foi a conquista de Chipre e de Rodes. A Córsega foi ocupada em 809, a
Sardenha em 810, Creta em 829, a Sicília em 827. As cidades fundadas pelos gregos na Sicília
foram sendo conquistadas. Palermo caiu em 831, Messina em 843, Siracusa em 848, Taormina
em 902.”
(Jacques Risler. "A civilização árabe", 1955.)

Esta ocupação resultou


a) no clima de intolerância religiosa e de perseguição ao cristianismo no conjunto das regiões
ocupadas pelos árabes.
b) na decadência acentuada do patrimônio cultural, científico e filosófico da civilização grega
antiga e clássica.
c) na derrocada dos regimes democráticos do Ocidente, inspirados no modelo da antiga
democracia ateniense.
d) na reconquista, pelos muçulmanos, de muitas regiões e cidades invadidas pelo movimento
das Cruzadas europeias.
e) no aprofundamento da crise da atividade comercial europeia, com o consequente
deslocamento da população para os campos.

18. (2005/Unesp)
Assinale a alternativa correta sobre a civilização muçulmana durante o período medieval.
a) Os constantes ataques de invasores árabes, provenientes das áreas do Saara, criaram
instabilidade na Europa e contribuíram decisivamente para a queda do Império Romano.
b) A civilização muçulmana não desempenhou papel significativo no período, em função da
inexistência de um líder capaz de reunir, sob um mesmo estado, sunitas e xiitas.

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c) Os pensadores árabes desempenharam papel fundamental na renovação do pensamento da


Europa Ocidental, uma vez que foram responsáveis pela difusão, via Espanha muçulmana, do
legado greco-romano.
d) O distanciamento entre muçulmanos e cristãos aprofundou-se com a pregação de Maomé,
que postulou a superioridade da religião islâmica e negou se a aceitar os tratados de paz
propostos pelo Papa.
e) A partir do século VIII, a civilização muçulmana passou a ser regida pelo Alcorão, cujas
recomendações aplicavam-se à vida cotidiana, contribuindo para o declínio do Império
Otomano.

19. (2000/Unesp)
As invasões e dominação de vastas regiões pelos árabes na Península Ibérica provocaram
transformações importantes para portugueses e espanhóis, que os diferenciaram do restante
da Europa medieval. As influências dos árabes, na região, relacionaram-se a:
a) acordos comerciais entre cristãos e mouros, a fim de favorecer a utilização das rotas de
navegação marítima em torno dos continentes africano e asiático, para obter produtos e
especiarias.
b) conflitos entre cristãos e muçulmanos, que facilitaram a centralização da monarquia da
Espanha e Portugal, sem necessitar do apoio da burguesia para efetivar as grandes navegações
oceânicas.
c) difusão das ideias que ocasionaram a criação da Companhia de Jesus, responsável pela
catequese nas terras americanas e africanas conquistadas através das grandes navegações.
d) acordos entre cristãos e muçulmanos, para facilitar a disseminação das ideias e ciências
romanas, fundamentais para o crescimento comercial e das artes náuticas.
e) contribuições para a cultura científica, possibilitando ampliação de conhecimentos,
principalmente na matemática e astronomia, que permitiram criações de técnicas marítimas
para o desenvolvimento das navegações oceânicas.

20. (1998/Unesp)
“Quando Maomé fixou residência em Yatrib, teve início uma fase decisiva na vida do Profeta,
em seu empenho de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatrib, que doravante seria
chamada de Madina al-nabi (Medina, a cidade do Profeta), tornou-se a sede ativa de uma
comunidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal.”
(Robert Mantran, Expansão muçulmana.)

Essa mudança para Medina, que assinala o início da era muçulmana, ficou conhecida como:
a) Xiismo
b) Sunismo
c) Islamismo

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d) Hégira
e) Copta

21. (1993/Unesp)
Os árabes, entre os Séculos VII e XI, ampliaram suas conquistas e forjaram importante
civilização. Sob a ação catalisadora do Islã, foi mantida a unidade política, enquanto que o
comércio destacou-se como elo do relacionamento tolerante com muitos povos. Além disso,
argumenta-se que os valores culturais da Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do
Mundo Moderno Ocidental porque os árabes
a) traduziram e difundiram entre os europeus importantes obras sobre o saber grego.
b) propagaram a obra “Mil e uma Noites”, mostrando que ela se baseia em lendas chinesas.
c) introduziram na Europa novas técnicas de cultivo e a habilidade na representação de figuras
humanas.
d) profetizavam o destino do homem através das estrelas.
e) desenvolveram uma ciência não submetida aos ensinamentos religiosos.

6. Gabarito
Enem
1. C 2. A 3. A 4. C

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1. D 8. D 15. B
2. D 9. C 16. A
3. B 10. E 17. E
4. E 11. D 18. C
5. A 12. B 19. E
6. B 13. C 20. D
7. A 14. D 21. A

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7. Lista de Questões Comentada


7.1. Enem
1. (2017/Enem)
No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional
onde tudo era negociado — sal, escravos, marfim etc. Havia também um grande comércio de
livros de história, medicina, astronomia e matemática, além de grande concentração de
estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida por meio de um velho
provérbio: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da
sabedoria vêm de Tombuctu”.
ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto
Alegre: UFRGS, 2008 (adaptado).

Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período
mencionado era o(a)
A) isolamento geográfico do Saara ocidental.
B) exploração intensiva de recursos naturais.
C) posição relativa nas redes de circulação.
D) tráfico transatlântico de mão de obra servil.
E) competição econômica dos reinos da região.
Comentários
▪ A alternativa A está incorreta, afinal a cidade de Tombuctu era um dos principais centros de
econômicos da África durante a Idade Média, sendo interligada às rotas de comércio
formadas por mercadores do Saara.
▪ A alternativa B está incorreta, afinal muitos produtos comercializados em Tombuctu, tais
como o sal, o marfim e escravizados, não eram adquiridos na região.
▪ A alternativa C é a resposta. Tombuctu se tornou não somente um dos mais prósperos centros
comerciais do continente, mas também um dos mais importantes centros difusores de
conhecimento do mundo islâmico.
▪ A alternativa D está incorreta, afinal o tráfico de escravizados ocorrido na região se deu em
um contexto anterior à chegada dos portugueses no continente africano, sendo a rota do
Saara o principal local de circulação dessas “mercadorias vivas”.
▪ A alternativa E está incorreta, afinal o Império Mali era importante da região durante boa
parte do Medievo Africano, o que o possibilitou estender seus domínios sobre reinos menores
e se tornar um Estado tributário.
Gabarito: C

2. (2018/Enem)
Então disse: "Este é o local onde construirei. Tudo pode chegar aqui pelo Eufrates, o Tigre e
uma rede de canais. Só um lugar como este sustentará o exército e a população geral". Assim

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ele traçou e destinou as verbas para a sua construção, e deitou o primeiro tijolo com sua
própria mão, dizendo: "Em nome de Deus, e em louvor a Ele. Construí, e que Deus vos
abençoe".
AL-TABARI, M. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Cia. das Letras, 1995 (adaptado).

A decisão do califa Al-Mansur (754-775) de construir Bagdá nesse local orientou-se pela
a) disponibilidade de rotas e terras férteis como base da dominação política.
b) proximidade de áreas populosas como afirmação da superioridade bélica.
c) submissão à hierarquia e à lei islâmica como controle do poder real.
d) fuga da península arábica como afastamento dos conflitos sucessórios.
e) ocupação de região fronteiriça como contenção do avanço mongol.
Comentários
- Conforme explica o próprio califa Al-Manusur no fragmento acima, a decisão de transferência do
califado de Damasco para Bagdá leva em conta a fertilidade da região mesopotâmica, o que
garantiria uma produção condizente com o contingente militar e populacional de seus domínios.
Com isso, podemos inferir que a alternativa A é a correta.
- O trecho acima não permite chegar a conclusão expressa pela afirmativa B, que por isso está
incorreta.
- Ao longo de toda a existência da civilização islâmica no período medieval, o poder político nunca
esteve desvinculado das normativas expressas pelo Corão, e por isso a alternativa C está incorreta.
- A fundação do califado de Córdoba, e não do de Bagdá, se deu a partir da fuga de um califa – neste
caso, o omíada Abd al-Rahman, destronado pela dinastia abássida no século VIII. Dito isso, podemos
concluir que a alternativa D está incorreta.
- O texto se refere às razões que levaram a transferência do centro político da civilização islâmica
para a cidade de Bagdá, em 762, pela dinastia abássida. O avanço mongol sobre este califado de fato
ocorreu, mas somente no ano de 1258, ataque este que causa a sua destruição. Assim sendo, a
alternativa E está incorreta.
Gabarito: A

3. (Enem-PPL/2018)
Os azulejos das fachadas do centro histórico de São
Luís (MA) integram o patrimônio cultural da
humanidade reconhecido pela Unesco. A técnica
artística utilizada para a produção desses
revestimentos advém das
a) confluências de diferentes saberes do Oriente
Médio e da Europa.
b) adequações para aproveitamento da mão de obra
local.

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c) inovações decorrentes da Revolução Industrial.


d) influências das culturas francesa e holandesa.
e) descobertas de recursos naturais na Colônia.
Comentários

- A alternativa A é a resposta. A ocupação dos árabes na Península Ibérica legou aos ibéricos o
contato com a cerâmica mural, técnica reproduzida na cidade de São Luís do Maranhão, de
colonização portuguesa. Cabe destacar que a própria palavra azulejo deriva do árabe al zulej, que
significa pedra lisa e polida.
- A alternativa B está incorreta, pois a técnica de azulejaria foi trazida por elementos externos da
Colônia, sem se adequar às concepções estéticas dos povos locais.
- A alternativa C está incorreta, pois as técnicas empregadas na obra da imagem não demandam o
uso de técnicas decorrentes da Revolução Industrial.
- A alternativa D está incorreta. Embora São Luís tenha sido alvos de ataques franceses e holandeses
durante o período colonial, os elementos estéticos apresentados pela imagem remetem às
influências da cultura árabe na arquitetura portuguesa.
Gabarito: A

4. (2002/Enem)
O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ramadã, mês sagrado para os
muçulmanos que, em 2001, teve início no mês de novembro do Calendário Cristão, conforme
a figura que segue.

Considerando as características do Calendário Muçulmano, é possível afirmar que, em 2001, o


mês Ramadã teve início, para o Ocidente, em
a) 01 de novembro.
b) 08 de novembro.
c) 16 de novembro
d) 20 de novembro.
e) 28 de novembro.
Comentários

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Essa é uma questão difícil, pois fornecia poucas informações ao candidato. O Ramadã é o
nono mês do calendário muçulmano, quando se pratica o jejum durante o dia e são feitas orações
para celebrar a revelação do Alcorão ao profeta Maomé. Ele se inicia a partir do momento em
que se avista a lua nova, o vigésimo nono dia de Shaban, o oitavo mês. Dessa maneira,
considerando que a lua nova surge no dia 15, a única resposta possível é a letra C, uma vez que
as demais apontam para dias correspondentes a outras fases lunares.
Gabarito: C

7.2. Outros vestibulares


1. (2016/Unesp)
Examine a iluminura extraída do manuscrito AlMaqamat, de Abu Muhammed al-Kasim al-
Hariri, 1237.

(http://gallica.bnf.fr)

A imagem pode ser associada à tradição dos conhecimentos desenvolvidos no mundo árabe-
islâmico durante a Idade Média e revela
a) a inexistência de instrumental médico nas sociedades islâmicas, que impediam qualquer tipo
de corte nos corpos.
b) a preparação do cadáver feminino para a cremação, principal culto funerário desenvolvido
nas sociedades islâmicas.
c) a condenação imposta pelas autoridades religiosas islâmicas às pessoas que cuidavam de
doentes e mulheres grávidas.
d) o desenvolvimento da medicina nas sociedades islâmicas, o que permitiu avanços, como a
descrição da varíola e o emprego de anestesia em cirurgias.
e) o repúdio, nas sociedades islâmicas, à representação do nu feminino, o que provocou
sucessivas punições civis e religiosas a artistas.
Comentários:
- Na iluminura acima é possível observar a realização de um procedimento cirúrgico no corpo de
uma mulher, o que mostra a contribuição da civilização islâmica para o desenvolvimento de
utensílios e técnicas na medicina. Dito isso, a alternativa A está incorreta.

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- A imagem não representa uma cerimônia funerária, mas a operação de uma mulher enferma – ou
possivelmente grávida. A cremação não era – e ainda não é – a prática mais comum nas cerimônias
fúnebres muçulmanas. Dessa forma, a alternativa B está incorreta.
- A alternativa C está incorreta, afinal a própria existência de imagens representando praticantes da
medicina é um indício de que o ofício não era condenado pela religião islâmica. Ademais, a existência
de uma áurea dourada ao redor dos indivíduos presentes na iluminura corrobora para esta
interpretação.
- A civilização islâmica se dedicou à tradução de obras gregas de medicina, mas com a prática o
conhecimento na área avançou ainda mais. A alternativa D está correta, afinal o desenvolvimento
da anestesia e a descrição da varíola foram alguns dos elementos legados à humanidade, podendo
também ser mencionadas novas formas de conservação de medicamentos e a produção de xaropes.
- Embora a representação de Maomé em imagens tenha sido objeto de controvérsia ao longo da
história islâmica, o nu feminino, conforme se observa na imagem, não foi renegado pela arte da
civilização islâmica. Assim sendo, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: D

2. (2019/Unicamp)
Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os
domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito,
civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos fenômenos
naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios. Nas costas do
Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras explicações dos
fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de Alexandre
permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o dos antigos
impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas científicas e culturais
com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o herdeiro desse legado
científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus aportes ao longo da
Idade Média.
(Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 200-201.)

Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a alternativa
correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural implementada
nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na cosmologia
ocidental.
b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de
forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império
Bizantino, chegando à Espanha.
c) Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos, egípcios,
macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã Medieval,
marcado pelo fundamentalismo religioso.

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d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo ele
a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia greco-
romana para o Oriente.
Comentários
- A liberdade religiosa não parece ter sido decisiva para a produção de conhecimento pelos árabes,
caso consideremos, por exemplo, que os avanços na astronomia só foram alcançados pela
necessidade de se localizar Meca pelas estrelas para a realização de orações. Ademais, esta
civilização se apropriava dos elementos ocidentais que julgava vantajosos, mas não se orientavam
por sua cosmologia. Assim sendo, a alternativa A está incorreta.
- A ditadura é um regime de governo criado na Roma Antiga em sua fase republicana, não sendo
reproduzido pela civilização islâmica durante a Idade Média. Assim sendo, a alternativa B está
incorreta, uma vez que a forma de governo adotada pelo mundo árabe era o califado.
- Se os islâmicos foram reticentes quanto a influências religiosas externas, seu esplendor
civilizacional se deve à sua receptividade a conhecimentos formulados por povos conquistados. Um
bom exemplo disso são suas contribuições à farmácia, através da compilação de obras e a criação
do albarello, jarro utilizado para a conservação dos medicamentos. Dito isso, a alternativa C está
incorreta.
- Como vimos, diversas produções da filosofia greco-romana, em especial as obras aristotélicas,
foram traduzidas e comentadas por árabes situados no califado de Córdoba, enquanto a península
ibérica se manteve sob domínio muçulmano. A esta civilização também se deve a difusão do sistema
numérico indiano, que por isso passa a ser chamado de indo-arábico. Dito isso, a alternativa D está
correta.
Gabarito: D

3. (2018/UPE - Adaptada)
O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes
do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento
sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de

Fonte: Gombrich, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2015. p. 141.

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a) Cesaropapismo, a aliança entre o Imperador e o Patriarca.


b) Iconoclasmo, o movimento pela destruição dos ícones religiosos.
c) Bizantinismo, a discussão interminável sobre temas exotéricos.
d) Cisma, a excomunhão mútua entre as igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental.
e) Iluminismo, a política em prol da ilustração dos manuscritos.
Comentários
A iluminura mostra um indivíduo apagando com cal um ícone de Cristo, por volta do ano 900
d.C. Trata-se de uma representação do movimento iconoclasta, contrário ao uso de imagens pela
Igreja Bizantina. Tal movimento foi muito ativo entre os séculos VIII e IX, chegando a conquistar a
simpatia de diversos patriarcas neste período, que coíbem a arte religiosa. Assim sendo, a alternativa
B é a correta. Vale destacar que o iluminismo é um movimento que só ocorreu na Europa do século
XVIII, enquanto representações do cesaropapismo ou do Cisma do Oriente requereriam a presença
de figuras do imperador e dos líderes das igrejas cristãs, respectivamente. Por fim, não há também
qualquer elemento na representação acima que sugere a condução de uma discussão “bizantina” –
ou seja, interminável e desconexa.
Gabarito: B

4. (2018/UFPR)
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes,
não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que
toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse
cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em matemática,
astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa produção está
preservada em uma grande quantidade de manuscritos.
(BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)

Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média,
assinale a alternativa correta.
a) Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano e
a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente
homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências religiosas
teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
b) Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização muçulmana
era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não conseguia refletir
o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o surgimento do Islã.
c) Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se tornaram
centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita do qual a
Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
d) A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos países
muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas, pela

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presença hegemônica da língua árabe nos espaços comerciais, políticos e acadêmicos da


Europa.
e) Existe consenso entre a maioria dos historiadores que estudam o período de que a
emergência do horizonte renascentista deve muito ao trabalho dos sábios e acadêmicos
muçulmanos, conhecidos pelo mundo cristão, sobretudo, através da Península Ibérica.
Comentários
- O mundo muçulmano foi constituído graças a unidade cultural fornecida pela religião islâmica aos
povos árabes na Alta Idade Média. Embora se tenha garantido relativa liberdade de culto a territórios
conquistados pelos califados, o árabe foi instituído, a partir da dinastia omíada, língua oficial nos
domínios muçulmanos, o que consequentemente interferiu na produção de manuscritos. Dito isso,
a alternativa A está incorreta.
- A civilização islâmica promoveu avanços técnicos relevantes em áreas como a matemática,
medicina, farmácia e astronomia; que influenciam enormemente o desenvolvimento da Europa
Ocidental nos séculos seguintes. Assim sendo, a alternativa B está incorreta.
- A alternativa C está incorreta, uma vez que o califado de Córdoba foi fundado em território
europeu, na península ibérica.
- Como vimos durante a unidade, a expansão da civilização islâmica nem sempre se deu por meio
de conquistas militares, mas também pela atividade comercial das caravanas de mercadores, que
não chegavam a constituir um governo nas áreas percorridas. Devido a isso, a alternativa D está
incorreta.
- O trabalho de tradutores e comentaristas árabes, em especial aqueles situados no califado de
Córdoba, na península ibérica, permitiu ao ocidente medieval o contato com grandes obras de
pensadores da antiguidade clássica. Assim sendo, a alternativa E está correta.
Gabarito: E

5. (2018/Unesp)
A migração de Maomé e seus seguidores, em 622, de Meca para Medina permitiu a
consolidação da religião muçulmana que incluía, entre outros princípios,
a) a recomendação de que os muçulmanos não escravizassem ou atacassem outros
muçulmanos, pois eles pertencem à mesma irmandade de fé.
b) a proibição de que os muçulmanos exercessem atividades comerciais, pois o manejo
cotidiano de riquezas era considerado impuro.
c) a proibição de que os muçulmanos visitassem Meca, pois o solo puro e sagrado dessa cidade
deveria permanecer intocado.
d) a recomendação de que os muçulmanos não limitassem seu culto a um só Deus, pois o
criador multiplica-se em diversas formas e faces.
e) a proibição de que os muçulmanos saíssem da Península Arábica, pois eles sofriam
perseguições em outros territórios

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Comentários

- Exatamente com sugere a alternativa A, que está correta, o islamismo condenou a escravização de
um muçulmano por outro, além de proibir as razias entre eles, como eram chamados os saques às
caravanas de comerciantes. Com isso foi possível a constituição de uma irmandade de fé, ou seja, o
reconhecimento de todo aquele que partilhasse da mesma crença como um irmão, independente
de sua origem tribal.

- As atividades comerciais estiveram intimamente ligadas à expansão da fé islâmica durante o


medievo. Guiados pela ideia da jihad, caravanas de mercadores foram as grandes responsáveis pela
conversão de povos africanos e asiáticos com os quais estabeleciam trocas econômicas, o que torna
a alternativa B incorreta.

- Um dos pilares da religião islâmica é a peregrinação para Meca, cidade natal do profeta Maomé,
pelo menos uma vez na vida, e por isso a alternativa C está incorreta.

- Dentre os princípios básicos do islamismo está a crença em Alá, considerado Deus único, e no
profeta Maomé. Dessa forma, a alternativa D está incorreta, uma vez que o descumprimento deste
e de outros dogmas torna o indivíduo um “infiel” – em outras palavras, alguém sem fé.

- A jihad, ou seja, a luta pela difusão das ideias islâmicas, é uma das bases desta religião, o que
contribuiu para a expansão de seus dogmas através das caravanas de mercadores; primeiro, por
toda a península arábica, depois, por todo o norte da África e partes da Ásia e Europa. Dessa forma,
a alternativa E está incorreta.

Gabarito: A

6. (2005/UFV)
O Império Bizantino se originou do Império Romano do Oriente, reunindo diferentes povos:
gregos, egípcios, fenícios, eslavos, semitas e asiáticos. Em razão disso, foi preciso criar um
eficiente sistema político e administrativo para dar força e coesão àquele mosaico de povos e
culturas. Sobre o Império Bizantino é INCORRETO afirmar que:
a) a religião fornecia a fundamentação do poder imperial, mas absorvia grande parte dos
recursos econômicos, originando várias crises.
b) a intolerância religiosa não deixava espaço de autonomia para que os indivíduos
escolhessem seus próprios caminhos para a salvação.
c) a estrutura eclesiástica era extensa e muito influente, provocando intensa espiritualidade
popular e várias controvérsias teológicas.
d) a fusão entre poder temporal e poder espiritual permitia que o Imperador indicasse laicos
para postos na hierarquia eclesiástica.
e) a importância política do Imperador impediu que o Patriarcado se desenvolvesse
independentemente, tal como o Papado do Ocidente.

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Comentários
- A sujeição da religião ao poder imperial, relação que denominamos de cesaropapismo, permitiu à
Igreja o acúmulo de um vasto patrimônio ao longo dos séculos. Contudo, a interferência dos
imperadores nos dogmas e cargos eclesiásticos gerou crises de caráter religioso, sendo a mais
memorável delas O Grande Cisma do Oriente. Dessa maneira, podemos considerar que a afirmativa
A está correta.
- Embora discordâncias religiosas pudessem ocasionar perseguições pelas autoridades da Igreja, a
história do Império Bizantino foi marcada por um intenso debate entre movimentos cristãos a
respeito de temas como a natureza de Cristo e a utilização de imagens em templos religiosos. Vale
mencionar a doutrina monofisista, que embora tenha sido declarada heresia pela Igreja, manteve
certa liberdade durante o governo Justiniano devido a simpatias nutridas pela Imperatriz Teodora
em relação ao movimento. Dito isso, podemos considerar a existência de uma relativa autonomia
para que os indivíduos pudessem verbalizar suas crenças, o que torna a alternativa B incorreta.
- Conforme já mencionado acima, o cristianismo bizantino foi marcado por dissidências internas em
relação a natureza de Jesus Cristo (questão cristológica), da qual participaram ativamente os
movimentos monofisista e nestoriano, e o emprego de ícones nas igrejas, duramente criticado pelo
movimento iconoclasta. Dessa forma, o item C está correto.
- O cesaropapismo permitia a livre intervenção do poder imperial em assuntos religiosos, incluindo
o preenchimento dos cargos eclesiásticos da Igreja Bizantina. Diferentemente do que se vê no
ocidente, a sujeição do catolicismo bizantino ao poder imperial não permitiu o desenvolvimento
autônomo da Igreja, permanecendo o poder dos patriarcas sujeito às influências do poder político,
mesmo nos dias atuais. Feitas essas considerações, as alternativas D e E estão corretas.
Gabarito: B

7. 2005/PUC-PR)
A História do Império Bizantino abrangeu um período equivalente ao da Idade Média, apesar
da instabilidade social, decorrente, entre outros fatores:
a) dos frequentes conflitos internos originados por controvérsias políticas e religiosas.
b) da excessiva descentralização política que enfraquecia os imperadores.
c) da posição geográfica de sua capital, Constantinopla, vulnerável aos bárbaros que com
facilidade a invadiam frequentemente.
d) da constante intromissão dos imperadores de Roma em sua política.
e) da falta de um ordenamento jurídico para controle da vida social.
Comentários:
- Como vimos ao longo desta unidade, diversos movimentos religiosos promoveram amplos debates
sobre questões de natureza religiosa ao longo da história da civilização bizantina, em especial em
relação a natureza humana e∕ou divina de Cristo (questão cristológica) e o uso de ícones nos templos
sagrados. Assim sendo, a alternativa A está correta.

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- O acúmulo de poderes políticos e religiosos pelos basileus da teocracia bizantina fazia com que os
governos tivessem um caráter fortemente centralizador, o que garantiu ampla longevidade ao
Império. Com isso, podemos inferir que a alternativa B está incorreta.
- Constantinopla foi construída no Estreito de Bósforo, região de localização estratégica por situar-
se entre os mundos oriental e ocidental, além de ter sido cercada por muros a mando do imperador
Constantino, seu idealizador. Tudo isso permitiu que a cidade não sofresse com as migrações
germânicas que abalaram a porção ocidental do Império Romano no século V d.C., o que torna
incorreta a alternativa C.
- Após a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V d.C., não há qualquer
interferência política no Império Bizantino vinda de sua antiga capital, embora fossem constantes os
atritos com o bispado romano, o que posteriormente levou ao Grande Cisma do Oriente. Dessa
forma, a afirmativa D está incorreta.
- Entre as várias medidas que marcaram o governo Justiniano, uma das mais importantes certamente
foi a compilação do Corpus juris civilis, ou Código Justiniano, que passa a orientar as relações
jurídicas no interior do Império Bizantino. Assim sendo, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: A

8. (2015/UFRGS)
Considere as seguintes afirmações acerca das relações entre o Oriente e o Ocidente no mundo
medieval.
I - Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente foi a expansão do islamismo pelo
território da Europa ocidental.
II - A cultura árabe legou para as sociedades europeias estudos sobre autores como Platão e
Aristóteles, estabelecendo um elo de ligação entre o mundo antigo pagão e o mundo moderno
cristão.
III - A península ibérica foi profundamente marcada pela presença muçulmana, que se
estendeu entre os séculos VIII e XV, produzindo reflexos na cultura lusitana e hispânica.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários
- A afirmativa I está incorreta, afinal a desintegração do Império Romano do Ocidente antecedeu o
início do processo de expansão do islamismo. A este, contudo, podemos atribuir o processo de
desintegração do Império Bizantino.

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- A afirmativa II está correta. Muitos intelectuais das regiões islamizadas se dedicaram a comentar e
traduzir para o árabe obras de caráter científico e filosófico escritas pelos gregos e persas, o que
legou ao Ocidente o contato com o pensamento da cultura helênica, em especial os escritos de
Aristóteles.
- A afirmativa III está correta. Na região conquistada pelos árabes na península ibérica, chamada de
Al-Andaluz, os califas incentivaram intelectuais a comentarem e traduzirem para o árabe obras de
caráter científico e filosófico escritas pelos gregos e persas, o que legou ao Ocidente o contato com
o pensamento da cultura helênica, em especial os escritos de Aristóteles. Além disso, o Islã também
difundiu entre os ibéricos conhecimentos científicos, obras literárias, invenções e palavras.
Estando corretas as afirmativas II e III, a alternativa D é a resposta.
Gabarito: D

9. (2016/UNIUBE-MG)
O Império Bizantino, após a queda de Roma, gradativamente se afastou da influência ocidental
e da autoridade exercida pelo papa. Em meados do século XI, após uma série de discordâncias,
ocorreu o Cisma do Oriente que dividiu o cristianismo em duas partes. No Ocidente, a Igreja
Católica Apostólica Romana se manteve, mas no Oriente, outra Igreja Cristã foi formada.
Assinale o nome que recebeu a Igreja do Império Bizantino.
a) Igreja Protestante.
b) Igreja Renascentista.
c) Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
d) Igreja Supra Oriental.
e) Igreja Moderna.
Comentários
O protestantismo, uma das grandes vertentes do mundo cristão, surge a partir das pregações de
Lutero no século XV, muito tempo após o chamado Cisma do Oriente. Já as denominações
apresentadas nas alternativas B, D e E não existiram ao longo da História, e, por isso, estão
incorretas. Por fim, cabe relembrar que a Igreja Cristã Ortodoxa Grega foi fundada pelo patriarca de
Constantinopla, após diversas divergências com o bispado romano, e por isso a alternativa C é a
correta.
Gabarito: C

10. (2014/UPE)
A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam. Suas igrejas
abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas,
enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a
pintura renascentista.
(ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.)

Sobre o legado cultural bizantino, assinale a alternativa CORRETA.

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a) Herdando elementos da cultura grega, os bizantinos desenvolveram estudos sobre a


aritmética e a álgebra.
b) Negando a tradição jurídica romana, o império bizantino pautou sua jurisdição no direito
consuetudinário.
c) A filosofia estoica influenciou o movimento iconoclasta, provocando o cisma cristão do
Oriente no século XI.
d) O catolicismo ortodoxo tornou-se a religião oficial do império após a denominada querela
das investiduras.
e) A catedral de Santa Sofia sintetiza a tradição artística bizantina com seus ícones e mosaicos.
Comentários
- Os avanços empreendidos pelos árabes na matemática foram decorrentes do contato com a
produção indiana, e não grega como sugere a alternativa A.
- O direito romano foi a base para o Corpus juris civilis, elaborado durante o governo do imperador
Justiniano. O direito consuetudinário, por sua vez, é uma tradição decorrente dos reinos germânicos
instalados no ocidente durante a Idade Média. Com isso, a alternativa B está incorreta.
- O estoicismo é uma corrente filosófica originária na Grécia Antiga que valoriza o pensamento
racional e condena a exteriorização das emoções. Nada tem a ver, portanto, com a iconoclastia que
eclodiu no Império Bizantino, cuja inspiração se encontra na doutrina monofisista. Assim sendo, a
alternativa C está incorreta.
- A alternativa D está incorreta, afinal o que tornou o catolicismo ortodoxo a religião oficial do
Império Bizantino foi O Grande Cisma do Oriente, em 1054. Já a querela das investiduras foi
desencadeada durante a Baixa Idade Média, a partir da decisão do papa Gregório VII de impedir que
autoridades políticas nomeassem indivíduos para os cargos eclesiásticos. Isso gerou reação imediata
do imperador alemão Henrique IV, que não acatou a decisão papal.
- A basílica de Santa Sofia contém dois elementos que sintetizam a arte bizantina: a suntuosidade
desta construção, notória pela sua abóboda em cúpula, e a decoração interna a partir de mosaicos
formados com pedras coloridas. Assim sendo, a afirmativa E é a correta.
Gabarito: E

11. (2009/UFPB)
A imagem está em um mosaico da igreja de San Vitale, na cidade
de Ravena, na Itália. A figura é de influência cultural bizantina e
representa o imperador Justiniano cercado de cortesãos.
O Império Romano do Oriente tinha como capital
Constantinopla. Originou-se da divisão do Império Romano em
395 d.C e, no período medieval, passou a ser mais conhecido
como Império Bizantino, perdurando cerca de mil anos, até 1453
d.C, quando foi dominado pelos turcos. A sua longa duração
Grandes Impérios e Civilizações. Grande produziu uma civilização que deixou uma herança cultural com
Atlas da História Universal.
repercussões significativas até os dias atuais.

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Da herança cultural bizantina fazem parte:


I - O Corpus Juris Civilis, uma compilação da legislação e jurisprudência romanas e, também,
bizantinas, base do direito civil moderno em muitos países.
II - A atitude iconoclasta, contra a adoração de imagens nas igrejas, contribuição de consi-
derável influência sobre o catolicismo ocidental.
III - A religião cristã ortodoxa, decorrente do chamado Cisma do Oriente, devido a disputas
político-religiosas com o Papado de Roma.
IV - A organização de uma cultura artística laica, desvinculada da religião, especialmente na
pintura dos ícones e na arquitetura.
V - A separação entre Igreja e Estado, ardorosamente defendida pelos adeptos do Estado laico,
concepção política decisiva na formação do Estado ocidental moderno.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II.
b) III e IV.
c) I e IV.
d) I e III.
e) I, II e III.
Comentários
- O governo Justiniano foi o responsável pela produção do Corpus Juris Civilis, que continha a
compilação de todas as leis do Império Romano, desde o século II até o ano de 534 (Codex
Justinianis); os escritos de jurisconsultos do Direito Romano (Digesta); as institutiones, manual para
que estudantes de Direito pudessem compreender as normas existentes no Digesto; e as noveles,
leis produzidas pelo próprio Imperador, incluídas no Código somente após a sua morte, em 565 a.C.
Assim sendo, o item I está correto.
- O movimento iconoclasta, atuante no interior do Império Bizantino entre os séculos VIII e IX, não
admitia qualquer representação de Cristo em esculturas ou pinturas. Seu posicionamento foi
condenado pelo bispo de Roma, que julgava pedagógico a divulgação de imagens religiosas entre os
fiéis, e por isso não apresentou força no Ocidente. Já em Constantinopla, a iconoclastia contou com
apoio de alguns patriarcas da Igreja, o que resultou na destruição de diversas imagens de templos
religiosos ao longo deste período. Feitas essas considerações, o item II está incorreto.
- O chamado Cisma do Oriente cindiu a cristandade em duas instituições religiosas: a Igreja Católica
Apostólica Romana, sediada em Roma e centralizada na figura do papa, e a Igreja Ortodoxa, cujas
autoridades maiores eram chamadas de patriarcas. Ocorre principalmente por divergências
dogmáticas, pela constante interferência do poder imperial bizantino nos assuntos da Igreja e a
disputa entre as autoridades de Roma e Constantinopla pelo comando da Igreja Cristã. Com isso, o
item III está correto.

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- A arte bizantina esteve extremamente ligada à religião cristã, se destacando pela arquitetura de
suas majestosas basílicas e os mosaicos com imagens de Cristo, da Virgem Maria e os santos. Não
ouve tentativa de laicização das artes no Império, e por isso o item IV está incorreto.
- As relações entre Igreja e Estado foram marcadas no Império Bizantino pelo cesaropapismo, ou
seja, a subordinação da Igreja ao poder imperial. Dessa maneira, o imperador é concebido ao mesmo
tempo como a maior autoridade política e religiosa, e por isso interfere constantemente nos dogmas
e na hierarquia existente no interior da Igreja. Tendo em vista as características da teocracia
bizantina, o item V está incorreto.
Estando corretos os itens I e III, a alternativa certa é a letra D.
Gabarito: D

12. (2017/Fatec)
No século VIII, tropas muçulmanas, lideradas pelo general Tarik, saíram do Norte da África,
atravessaram o mar Mediterrâneo pelo Estreito de Gibraltar e conquistaram quase toda a
península Ibérica.
Sobre o período de domínio muçulmano na península Ibérica, é correto afirmar que
a) contribuiu para a consolidação do feudalismo, isolando a Europa do restante do mundo, e
estimulando as pessoas a abandonarem as cidades.
b) o desenvolvimento mercantil provocou o crescimento de cidades como Córdoba e Toledo,
atraindo poetas, letrados e músicos, estimulando o ambiente intelectual.
c) sua duração foi maior em Portugal do que na Espanha, reino do qual os muçulmanos foram
expulsos pelos cruzados, cerca de trinta anos após a ocupação da península Ibérica.
d) durou aproximadamente meio século, e foi marcado pela perseguição aos cristãos, pela
obstrução das rotas mercantis e pela Peste Negra, que dizimou parte da população europeia.
e) consolidou o sistema escravocrata medieval, fechou universidades, desestimulou o
desenvolvimento científico e proibiu manifestações literárias e musicais pagãs.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois a despeito do processo de feudalização ocorrido na Europa
Ocidental, as áreas submetidas ao domínio islâmico apresentaram notório esplendor comercial ao
longo da Alta Idade Média.
- Do califado de Córdova, fundado na península ibérica pelo omíada Abd al-Rahman, podemos
destacar a manutenção de incentivos a intelectuais pelos califas, responsáveis pela tradução das
obras filosóficas clássicas. Assim sendo, a alternativa B é a correta.
- A região do Condado Portucalense foi uma das primeiras a se libertar do domínio muçulmano na
Península Ibérica, a partir dos esforços de expansão do cristianismo iniciados por D. Afonso
Henrique, da dinastia de Borgonha. Com isso, Portugal consolida sua autonomia política na região,
em 1139, enquanto parcelas da futura Espanha foram mantidas como áreas de influência do Islã até
1492, quando Granada, último reduto muçulmano, foi tomado pelos cristãos. Assim sendo, a
alternativa C está incorreta.

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- A alternativa D está incorreta, afinal os chamados “povos do livro”, forma como eram conhecidos
os cristãos e judeus, foram tolerados nas regiões de domínio muçulmano. Ademais, a dizimação da
população europeia pela peste e o declínio do grande comércio foram elementos que marcaram a
civilização feudal, e não a formada pelo Islã.
- O desenvolvimento da ciência, a tolerância cultural e a criação de escolas foram traços da civilização
do Islã, o que torna incorreta a alternativa E. Ademais, a despeito da escravidão praticada em áreas
sobre sua influência, ela não chegou a se consolidar enquanto modo de produção predominante.
Gabarito: B

13. (2012/UFTM)
Observe a fotografia de 31 de outubro de 2010 que registrou
peregrinos no círculo da Caaba na Grande Mesquita, em Meca,
Arábia Saudita.
No islamismo, que conta com milhões de adeptos no mundo
contemporâneo, a peregrinação
a) é sinônimo de guerra santa e deve ser realizada por
convocação de um aiatolá.
b) foi instituída depois da morte de Maomé, para homenagear
o fundador do Islã.
c) deve ser realizada pelo menos uma vez na vida, pelos fiéis com condições físicas e
financeiras.
d) exige grande sacrifício, pois o fiel deve conservar-se em jejum durante todo o período.
e) dificultou a expansão do Islã para além do Oriente Médio, pelas obrigações que impunha.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, uma vez que o sinônimo de guerra santa é a palavra jihad. Cabe
destacar que o esforço de conversão nem sempre foi feito pela via militar, até porque a violência
era algo condenado pelo Islã.
- Foi o próprio profeta Maomé quem instituiu este fundamento da religião islâmica, embora
inicialmente os fiéis devessem peregrinar para a cidade de Jerusalém. Além disso, os muçulmanos
também deveriam repetir a sentença “Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é o seu profeta”;
realizar cinco orações diárias tendo como referência a cidade de Jerusalém ( e a partir do ano de
624, a cidade de Meca); dar esmolas aos pobres e jejuar no mês do Ramadã. Assim sendo, a
alternativa B está incorreta.
- Como vimos, um dos pilares do Islamismo estabelecidos por Maomé era a peregrinação para a
cidade de Meca, pelo menos uma vez na vida, pelos muçulmanos que dispusessem de recursos para
fazê-lo.
- O jejum era feito nos meses de Ramadã, mês em que a tradição religiosa rememora a transmissão
do Alcorão ao profeta Maomé pelo anjo Gabriel. Assim sendo, a alternativa D está incorreta.
- O islamismo prezava pela Jihad, ou seja, o esforço pela disseminação da verdadeira fé pelos
muçulmanos, e por isso a alternativa E está incorreta.
Gabarito: C

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14. (2010/Unesp)
Observe a figura.
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações
características da Civilização Bizantina, que abrangeu amplas
regiões do continente europeu e asiático. A arte bizantina resultou
a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente.
b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo.
c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do
cristianismo.
d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa
oriental.
e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas.
Comentários:
- A autocracia, ou seja, a forma de governo na qual o poder permanece concentrado nas mãos de
um único indivíduo, foi a marca de todos os governantes do Império Bizantino, que acumulavam
simultaneamente poderes políticos e religiosos (cesaropapismo). Era recorrente o uso da arte por
basileus para a afirmação de sua imagem perante os seus súditos, de maneira que a alternativa A se
encontra incorreta.
- O culto de imagens é algo observado na cristandade desde as comunidades ditas primitivas, o que
torna a alternativa B incorreta. Vale lembrar, no entanto, que esta prática foi duramente combatida
pelo movimento iconoclasta entre os séculos VIII e IX, sendo a razão do desaparecimento de várias
obras artísticas bizantinas neste período.
- A pintura de ícones bizantinos é fortemente influenciada pela noção da arte egípcia de representar
todos os objetos da maneira mais clara possível, afinal era preciso que os elementos contidos nas
obras, como santos, imperadores, Cristo e a Virgem Maria, fossem facilmente reconhecidos pelos
fiéis. Dito isso, a arte bizantina incorpora técnicas da cultura oriental para a reprodução de
elementos do cristianismo, de maneira que a alternativa D se encontra correta.
- Mesmo antes do Cisma do Oriente, ocorrido em 1054, a arte bizantina foi adotada nas basílicas da
Igreja bizantina para representar figuras como Jesus Cristo, a Virgem Maria e os santos. Um bom
exemplo disso é a basílica de Santa Sofia, construída no século VI, durante o reinado de Justiniano.
Assim sendo, a alternativa C está incorreta.
- A arte bizantina foi formulada a partir da junção de influências da pintura grega e da arte egípcia,
não se relacionando diretamente com os percursos do comércio na península itálica. Devido a isso,
a alternativa E está incorreta.
Gabarito: D

15. (2009/Unesp)
“As caravanas do Sudão ou do Niger trazem regularmente a Marrocos, a Tunes, sobretudo aos
Montes da Barca ou ao Cairo, milhares de escravos negros arrancados aos países da África
tropical (...) os mercadores mouros organizam terríveis razias, que despovoaram regiões

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inteiras do interior. Este tráfico muçulmano dos negros de África, prosseguindo durante
séculos e em certos casos até os mais recentes, desempenhou sem dúvida um papel primordial
no despovoamento antigo da África.”
(Jacques Heers, O trabalho na Idade Média.)

O texto descreve um episódio da história dos muçulmanos na Idade Média, quando


a) Maomé começou a pregar a Guerra Santa no Cairo como condição para a expansão da
religião de Alá, que garantia aos guerreiros uma vida celestial de pura espiritualidade.
b) atuaram no tráfico de escravos negros, dominaram a África do Norte, atravessaram o
estreito de Gibraltar e invadiram a Península Ibérica.
c) a expansão árabe foi propiciada pelos lucros do comércio de escravos, que visava abastecer
com mão-de-obra negra as regiões da Península Ibérica.
d) os reinos árabes floresceram no sul do continente africano, nas regiões de florestas tropicais,
berço do monoteísmo islâmico.
e) os árabes ultrapassaram os Pirineus e mantiveram o domínio sobre o reino Franco, até o
final da Idade Média ocidental.
Comentários:
- A fase expansionista do Islão se deu após a morte de Maomé, em 632. A conquista do Egito, que
não chegou a ser pregada pelo profeta, foi promovida por um de seus companheiros mais próximos,
o general Amir ibne Alas, em 639. Devido a isso, a alternativa A está incorreta.
- O monopólio comercial da costa norte do continente africano permitiu aos árabes desfrutar das
rotas de comércio de escravos. Além disso, conforme sugere a alternativa B, este povo também
chegou a conquistar a península ibérica no século VIII, onde é fundado o califado de Córdoba. Dito
isso, a alternativa B é a correta.
- A alternativa C está incorreta, mas pode gerar dúvidas. Embora a comercialização de presos de
guerra fosse uma parcela importante da economia dos impérios árabes, os cativos enviados para a
Península Ibérica durante a ocupação moura tinham origem eslava, ou seja, vinham da Europa
Oriental.
- A expansão islâmica no continente africano se limitou à zona saariana, tendência que ainda se
verifica nos dias atuais. Ademais, a religião fundada por Maomé surge na cidade de Meca, situada
na península arábica, região de vegetação desértica, com vales secos e alguns oásis. Devido a isso, a
alternativa D está incorreta.
- O expansionismo árabe atravessou o norte da África, a península ibérica e alcançou o sul da França,
mas novos avanços foram barrados em 732, quando foram vencidos pelos francos na batalha de
Poitiers, estes últimos liderados por Carlos Martel. Assim sendo, a alternativa E está incorreta, uma
vez que os árabes não conquistaram os francos.
Gabarito: B

16. (2008/Unesp)
O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias
na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento

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movimento de destruição de imagens, denominado "querela dos iconoclastas". A questão


iconoclasta
a) derivou da oposição de setores da Igreja ao uso de representações plásticas em templos
religiosos.
b) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a
crença dos fiéis nos poderes das estátuas.
c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens
mendicantes dominicanas e franciscanas.
d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de
ostentação de riquezas.
e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade
Média europeia.
Comentários:
- A iconoclastia acreditava que a natureza de Jesus não era humana, o que consequentemente
não tornava viável a sua reprodução plástica em templos cristãos. Assim sendo, a alternativa A é
a correta.
- A importância do movimento iconoclasta se verifica pelo fato dele ter sido oficializado por diversos
imperadores bizantinos ao longo dos séculos, além de ser um dos motores da cisão entre as igrejas
oriental e ocidental, conhecida como O Grande Cisma do Oriente. Assim sendo, a alternativa B está
incorreta.
- O movimento iconoclasta se desenvolveu no interior do Império Bizantino, enquanto as
mencionadas ordens religiosas foram organizadas pela Igreja Católica Apostólica Romana. Assim
sendo, a alternativa C está incorreta.
- O movimento iconoclasta foi fortemente atuante no Império Bizantino entre os séculos VII e IX,
portanto muito antes dos movimentos renascentista e barroco, que surgem na Era Moderna. Com
isso, podemos considerar a alternativa D incorreta.
- A questão iconoclasta foi um debate que ocorreu em especial no interior do Império Bizantino,
sendo o movimento de mesmo nome condenado pela Igreja de Roma como heresia. Essa questão,
por sua vez, manteve o uso de imagens nos templos religiosos, e, por isso, a alternativa E está
incorreta.
Gabarito: A.

17. (2006/Unesp)
“Os muçulmanos entenderam que deveriam constituir uma frota para o Mediterrâneo. O
resultado inicial foi a conquista de Chipre e de Rodes. A Córsega foi ocupada em 809, a
Sardenha em 810, Creta em 829, a Sicília em 827. As cidades fundadas pelos gregos na Sicília
foram sendo conquistadas. Palermo caiu em 831, Messina em 843, Siracusa em 848, Taormina
em 902.”
(Jacques Risler. "A civilização árabe", 1955.)

Esta ocupação resultou

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a) no clima de intolerância religiosa e de perseguição ao cristianismo no conjunto das regiões


ocupadas pelos árabes.
b) na decadência acentuada do patrimônio cultural, científico e filosófico da civilização grega
antiga e clássica.
c) na derrocada dos regimes democráticos do Ocidente, inspirados no modelo da antiga
democracia ateniense.
d) na reconquista, pelos muçulmanos, de muitas regiões e cidades invadidas pelo movimento
das Cruzadas europeias.
e) no aprofundamento da crise da atividade comercial europeia, com o consequente
deslocamento da população para os campos.
Comentários:
- Os árabes permitiam que os cristãos mantivessem seus cultos em seus domínios, desde que
pagassem um imposto chamado jyzia. Assim sendo, a alternativa A está incorreta.
- O patrimônio cultural greco-romano, em especial a produção aristotélica, foi mantido graças ao
esforço de tradutores vinculados ao Califado de Córdoba, na península Ibérica. Esses indivíduos
foram responsáveis pela tradução de obras do grego para o árabe, que posteriormente seriam
difundidas em todo o Ocidente. Assim sendo, a alternativa B está incorreta.
- A democracia foi um regime político que se restringiu a Atenas durante a Antiguidade, não sendo
reproduzido pelo Ocidente até a Idade Contemporânea. Assim sendo, a alternativa C está incorreta.
- Embora as Cruzadas ainda não tenham sido abordadas em nossos estudos, cabe adiantar que a
Baixa Idade Média foi marcada por diversas perdas territoriais pelos muçulmanos. Devido a isso, a
alternativa D está incorreta.
- Os séculos finais da Alta Idade Média foram marcados por invasões muçulmanas nas penínsulas
ibérica e itálica, ataques vikings em cidades litorâneas e a ocupação dos Cárpatos pelos magiares
(húngaros). Essa onda de invasões promoveu o declínio do grande comércio na Europa, uma vez que
boa parte das populações citadinas migra para os campos. A partir daí, um novo sistema de produção
surge na Europa, denominado pelos historiadores de feudalismo. Dito isso, a alternativa E é a
correta.
Gabarito: E.

18. (2005/Unesp)
Assinale a alternativa correta sobre a civilização muçulmana durante o período medieval.
a) Os constantes ataques de invasores árabes, provenientes das áreas do Saara, criaram
instabilidade na Europa e contribuíram decisivamente para a queda do Império Romano.
b) A civilização muçulmana não desempenhou papel significativo no período, em função da
inexistência de um líder capaz de reunir, sob um mesmo estado, sunitas e xiitas.
c) Os pensadores árabes desempenharam papel fundamental na renovação do pensamento da
Europa Ocidental, uma vez que foram responsáveis pela difusão, via Espanha muçulmana, do
legado greco-romano.

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d) O distanciamento entre muçulmanos e cristãos aprofundou-se com a pregação de Maomé,


que postulou a superioridade da religião islâmica e negou se a aceitar os tratados de paz
propostos pelo Papa.
e) A partir do século VIII, a civilização muçulmana passou a ser regida pelo Alcorão, cujas
recomendações aplicavam-se à vida cotidiana, contribuindo para o declínio do Império
Otomano.
Comentários:
- A fragmentação do Império Romano do Ocidente foi acelerada graças a entrada em massa de povos
germânicos em seu território ao longo do século V d.C., antes mesmo do nascimento do profeta
Maomé, fundador da religião islâmica. Assim sendo, a alternativa A está incorreta.
- Apesar das dissidências internas no Islã após a morte do profeta Mohammad, em 632 a.C., a
civilização islâmica se expandiu por uma vasta área dos continentes africano e asiático nos séculos
seguintes, fundando califados que margeavam boa parte do Mar Mediterrâneo. Nestes territórios
prevaleceu um estilo de vida urbano, marcado por luxuosas mesquitas e o florescimento da alta
cultura. Assim sendo, nas palavras do historiador Jêrome Baschet, o Islã constituiu “a civilização mais
brilhante do Mediterrâneo na época medieval”i, e por isso a alternativa B está incorreta.
- Os árabes foram responsáveis por traduzir e comentar diversas obras greco-romanas, em especial
a produção filosófica aristotélica, recuperada no século XII pelos comentaristas Avicena e Averróis
na cidade espanhola de Toledo. Graças a estes trabalhos, os europeus do ocidente medieval
adquiriram os primeiros contatos com algumas produções da Antiguidade Clássica, que no século
seguinte tiveram destaque nas universidades. Dessa forma, a alternativa C está correta.
- Embora a religião islâmica considere os católicos como “infiéis”, durante a Sexta Cruzada para
Jerusalém, que trataremos no nosso próximo capítulo, um tratado de paz foi selado entre o cristão
Frederico II e os muçulmanos, o que causou sua excomunhão pelo papa do período, Gregório IX,
cuja preferência era o combate irrestrito aos membros desta religião. Assim sendo, a alternativa D
está incorreta, uma vez que a rejeição dos acordos de paz partiu do papado católico, e não dos
islâmicos.
- O declínio do Império Otomano ocorreu apenas após o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), resultado da estagnação econômica em face dos avanços do capitalismo financeiro mundial
e da eclosão de movimentos nacionalistas em seu interior. Dito isso, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: C.

19. (2000/Unesp)
As invasões e dominação de vastas regiões pelos árabes na Península Ibérica provocaram
transformações importantes para portugueses e espanhóis, que os diferenciaram do restante
da Europa medieval. As influências dos árabes, na região, relacionaram-se a:
a) acordos comerciais entre cristãos e mouros, a fim de favorecer a utilização das rotas de
navegação marítima em torno dos continentes africano e asiático, para obter produtos e
especiarias.

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b) conflitos entre cristãos e muçulmanos, que facilitaram a centralização da monarquia da


Espanha e Portugal, sem necessitar do apoio da burguesia para efetivar as grandes navegações
oceânicas.
c) difusão das ideias que ocasionaram a criação da Companhia de Jesus, responsável pela
catequese nas terras americanas e africanas conquistadas através das grandes navegações.
d) acordos entre cristãos e muçulmanos, para facilitar a disseminação das ideias e ciências
romanas, fundamentais para o crescimento comercial e das artes náuticas.
e) contribuições para a cultura científica, possibilitando ampliação de conhecimentos,
principalmente na matemática e astronomia, que permitiram criações de técnicas marítimas
para o desenvolvimento das navegações oceânicas.
Comentários:
- A influência dos árabes na Península Ibérica se deu após eles dominarem militarmente a região, no
século VIII, e não através de acordos comerciais. Assim sendo, a alternativa A está incorreta.
- A alternativa B trata de um assunto que ainda veremos em um capítulo futuro, mas convém
adiantar que a classe comercial exerce um papel importante nas viagens de navegação, e por isso a
alternativa está incorreta.
- As Companhias de Jesus são uma organização católica criada por Inácio de Loyola no século XVI, e
por isso não tem relações diretas com a presença dos árabes séculos antes na Península Ibérica. A
alternativa C, portanto, está incorreta.
- A disseminação de elementos da cultura greco-romana no Ocidente se deu a partir da atividade de
tradutores muçulmanos atuantes no Califado de Córdoba, durante a dominação dos árabes na
Península Ibérica. Também contribuíram para a difusão de técnicas e saberes da astronomia e
matemática, além de invenções como o papel e da pólvora, todos estes de origem oriental e que
contribuíram para as navegações oceânicas promovidas pelos europeus no século XVI. Assim sendo,
a alternativa D está incorreta.
- O estudo dos astros permitiu aos árabes o cálculo mais preciso da posição que ocupavam na Terra,
motivado, sobretudo, por questões religiosas. Com isso foi possível desenvolver um calendário
lunar, bem como identificar a posição de Meca por meio das estrelas para a realização de orações.
Já na matemática, os árabes desenvolveram conhecimentos de geometria, trigonometria e álgebra,
além de difundirem os algarismos numéricos desenvolvidos pelos indianos. Assim sendo, a
alternativa E é a correta.
Gabarito: E

20. (1998/Unesp)
“Quando Maomé fixou residência em Yatrib, teve início uma fase decisiva na vida do Profeta,
em seu empenho de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatrib, que doravante seria
chamada de Madina al-nabi (Medina, a cidade do Profeta), tornou-se a sede ativa de uma
comunidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal.”
(Robert Mantran, Expansão muçulmana.)

Essa mudança para Medina, que assinala o início da era muçulmana, ficou conhecida como:

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a) Xiismo
b) Sunismo
c) Islamismo
d) Hégira
e) Copta
Comentários:
- Xiismo e Sunismo são as denominações dadas a dois grupos formados a partir das disputas pelo
califado após a morte de Maomé, em 632. Os primeiros defendiam que seus sucessores deveriam
possuir vínculos familiares com o profeta, enquanto os segundos, estando em maior número,
acreditavam que os próprios muçulmanos deveriam escolher o califa. Com o passar do tempo, estas
denominações também foram empregadas para diferenciar interpretações diferentes das escrituras
sagradas: enquanto para os xiitas o Corão era a única fonte dos fundamentos do Islã, os sunitas se
orientavam pelo Corão e também pela Suna, livro que descreve os feitos de Maomé. Feitas essas
considerações, as alternativas A e B estão incorretas.
- Islã (ou Islão) é o nome dado a religião fundada pelo profeta Maomé, por volta do ano de 612.
Nascido na tribo dos coraixitas, na cidade de Meca, foi um comerciante em constante contato com
diversas crenças monoteístas, o que os historiadores atribuem como elemento decisivo para que
fossem elaborados os preceitos desta religião. Assim sendo, o termo nada tem a ver com a migração
de seu fundador para Medina, e por isso a alternativa C está incorreta.
- Hégira, que em árabe significa emigração, é o nome dado à saída de Mohammad e de seus
seguidores da cidade de Meca para se instalarem em Yatrib. Esta cidade teria seu nome alterado
para Medina, que significa “cidade do profeta”. Dito isso, a alternativa D é a correta.
- Copta é o nome dado a uma comunidade cristã fundada no Egito durante o Império Romano, sendo
atualmente uma minoria religiosa perseguida por grupos radicais, incluindo o Estado Islâmico. Assim
sendo, a alternativa E está incorreta.
Gabarito: D

21. (1993/Unesp)
Os árabes, entre os Séculos VII e XI, ampliaram suas conquistas e forjaram importante
civilização. Sob a ação catalisadora do Islã, foi mantida a unidade política, enquanto que o
comércio destacou-se como elo do relacionamento tolerante com muitos povos. Além disso,
argumenta-se que os valores culturais da Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do
Mundo Moderno Ocidental porque os árabes
a) traduziram e difundiram entre os europeus importantes obras sobre o saber grego.
b) propagaram a obra “Mil e uma Noites”, mostrando que ela se baseia em lendas chinesas.
c) introduziram na Europa novas técnicas de cultivo e a habilidade na representação de figuras
humanas.
d) profetizavam o destino do homem através das estrelas.
e) desenvolveram uma ciência não submetida aos ensinamentos religiosos.

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Comentários:
- Os árabes traduziram e comentaram diversas obras gregas da Antiguidade, em especial a produção
filosófica de Aristóteles, recuperada no século XII pelos comentaristas Avicena e Averróis na cidade
espanhola de Toledo. Graças a estes trabalhos, os europeus do ocidente medieval adquiriram os
primeiros contatos com as obras aristotélicas, que no século seguinte tiveram destaque nas
universidades. Dessa forma, a alternativa A está correta.
- O livro As Mil e uma noites é uma coletânea de histórias vindas da Índia, Pérsia e Ásia Menor,
compilação que não inclui elementos do imaginário chinês. Dito isso, a alternativa B está incorreta.
- A arte islâmica se destacou na tapeçaria e na construção de suntuosas mesquitas, nas quais
prevaleceu a reprodução de figuras geométricas e abstratas. Devido a isso, não ofereceram grandes
contribuições nas técnicas de representação de figuras humanas, e por isso a alternativa C está
incorreta.
- A alternativa D está incorreta pelo fato de a religião islâmica não cultivar a prática de predizer o
futuro, afinal ele só cabe a Alá.
- A religião ocupa um papel central em todas as civilizações da Alta Idade Média, não sendo os
saberes científicos concebidos como um campo autônomo até a Idade Moderna. Assim sendo, a
alternativa E está incorreta.
Gabarito: A

8. Considerações finais
Na aula de hoje vimos o Império Bizantino e o Islã, duas importantes civilizações da Alta Idade
Média. Espero que você tenha ficado atento às formas de governo instituídas em cada uma, a
importância da religião oficial e outros aspectos relacionados à cultura e sociedade. Também vimos
a consolidação do Império Carolíngio, e como ele propiciou a estruturação da Igreja Católica no
Ocidente Medieval. Por fim, também falamos sobre alguns dos grandes Impérios da África Medieval.
Se a história do Império Bizantino e o Império Carolíngio foram temas pouco
recorrente nas provas do Enem, o Islã e os Impérios Medievais Africanos se
mostraram extremamente importantes, então se algo não foi esclarecido, entre em
contato comigo no Fórum de Dúvidas! Na próxima daremos início aos nossos estudos
sobre o mundo moderno.
Bons estudos!
Marco Túlio
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Prof. Marco Túlio
Aula 02: Enem 2020

9. Referências
ANGOLD, Michel. Bizâncio, a ponte da antiguidade para a modernidade. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo,
2006.

BBC BRASIL. Em encontro histórico, papa Francisco e patriarca Kirill pedem união de Igrejas. 2016.
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160212_papa_uniao_lk>.
Acesso em: 28 fev. 2019.

BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1998.

CHACRA, Gustavo. É errado e preconceituoso usar “xiita” como sinônimo de “radical”. 2013.
Disponível em: <https://internacional.estadao.com.br/blogs/gustavo-chacra/e-errado-e-
preconceituoso-usar-xiita-como-sinonimo-de-radical/>. Acesso em: 28 fev. 2019.

DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2015.

FERRARI, Silvio. Cesaropapismo. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco.
Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998. pp. 162-63.

GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

MANGO, Cyril. Bizâncio, o império da nova Roma. Lisboa: Edições 70, 2018. (Lugar da História)

RIBEIRO, João Ruela. Igreja Ortodoxa Ucraniana oficializa afastamento do patriarcado de Moscovo.
2018. Disponível em: <https://www.publico.pt/2018/12/15/mundo/noticia/igreja-ortodoxa-
ucraniana-vai-oficializar-afastamento-patriarcado-moscovo-1854869#gs.IHXmoDIx>. Acesso em: 28
fev. 2019.

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