You are on page 1of 7

SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO SUL

FLÁVIO CARDOSO DE PÁDUA

RESENHA DIRIGIDA: PLATAFORMA DO REINO: O SIGNIFICADO DE


VIVER AS REALIDADES DO REINO DE DEUS EM NOSSA HISTÓRIA –
RICARDO FERREIRA DA COSTA

CAMPINAS
2022
O livro Plataforma do Reino: o significado de viver as realidades do reino de Deus
em nossa história foi escrito pelo servo de Cristo Rev. Ricardo Ferreira da Costa e
publicado pela primeira vez em 18 de março de 2021. O livro possui 202 páginas e é
dividido em três partes. Primeira parte: Plataforma do Reino: o ambiente; segunda parte:
Fazendo as obras do Pai; e terceira parte: “A Bíblia diz”: não viva pelas suas
experiências... e nem pela ausência delas. A primeira parte é do capítulo um ao capítulo
seis, a segunda parte é do capítulo sete ao capítulo dez e a última parte vai do capítulo
onze até o capítulo treze.
A tese defendida pelo autor é que o Reino de Deus, o Reino anunciado pela boca
de Jesus Cristo, já está presente de forma completa (desde a época de Jesus), porém, ainda
não foi manifestado em sua forma completa. Então, Costa mostra que os cristãos devem
se empenhar em crescer na comunhão e intimidade com Deus, para que possam ser
colaboradores da expansão do Reino, por meio das manifestações dos dons e prodígios.
Pois, segundo o autor, esses sinais e maravilhas são tão poderosos quanto na época do
pentecostes, basta que cada pessoa se encha do Espírito, em comunhão e intimidade, para
que possa ser uma ferramenta nas mãos de Deus, fluindo do poder de Deus por onde
passar. Entendo dessa forma, pois, em sua conclusão, o autor enfatiza esse pensamento
com o seu desejo: “Oremos para que o Reino de Deus venha com poder! Oremos pedindo
que nossa proclamação do evangelho seja feita em palavras e obras, assim como Jesus
fez, como os apóstolos fizeram e como muitos discípulos tem feito ao redor do mundo.
Que o Reino de Deus seja a plataforma de nossa vida a fim de que conheçamos e
experimentemos as realidades que ele traz para nossa história e para a daqueles que estão
ao nosso redor. Que venha o teu Reino! Que sua vontade se manifeste na Terra, como ela
é no Céu!”.
Para termos uma melhor dinâmica e compreensão de missões urbanas, precisamos
compreender os três primeiros capítulos.
No primeiro capítulo, o autor trata sobre como é a visão do Reino no Antigo
Testamento. Analisando os dois primeiros capítulos de Gênesis, ele mostra que o
Universo foi criado pela boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Nesses capítulos,
também pode ser observado o Reino visível de Deus: o Deus absoluto sobre todas as
coisas. Esse mesmo Deus, concede esse domínio da criação ao homem (Sua imagem e
semelhança). No entanto, esse domínio humano dependia do seu relacionamento com o
Criador (manter-se sobre a autoridade de Deus). Mas em Gênesis 3, pode-se notar a
rebelião do homem, o pecado (causa do caos ao nosso redor). Então, Deus revela seu
plano divino de restaurar a sua criação ao longo das Escrituras: O Ungido de Deus
(Messias / Cristo) seria Aquele que cumpriria perfeitamente a vontade de Deus para
recuperar a humanidade e a sua autoridade.
Já no segundo capítulo, o autor mostra como o Reino de Deus é estabelecido em
Jesus Cristo. Como já foi dito no capítulo anterior, o autor mostra que o povo esperava a
chegada do libertador (o Messias). Então, Jesus entra em cena. Ele inicia seu ministério
anunciando a chegada desse Reino, e o povo deveria crer em sua mensagem, pois Ele era
o Messias enviado por Deus. Quais as provas de que Ele era o Cristo? A primeira prova
se encontra no Seu batismo. Nele, vemos o Pai e o Espírito confirmando o Seu chamado:
o Espírito desce sobre Ele e o Pai diz que Ele é o seu filho amado, em quem se felicitava.
A segunda prova é a sua autoridade. Primeiro, autoridade sobre Satanás. Vemos vários
relatos de Jesus expulsando demônios, porque Ele é aquele que amarrou o valente para
lhe tomar os bens (resgatou o Seu povo das mãos do Maligno). Segundo, autoridade sobre
as enfermidades. As notícias sobre Suas curas circularam por todos os lugares. Multidões
iam até Ele para serem curadas. Isso por que Ele possuí autoridade Messiânica para livrar
o seu povo dessas enfermidades, pois elas são contrárias ao Seu Reino. Terceiro,
autoridade sobre a morte. Ele ressuscitou mortos e também foi ressurreto. Ele é a
ressurreição e a vida! Como a morte é inimiga direta do Reino de Deus, Jesus aniquilou
o seu poder sobre a cruz, em seu sacrifício. Quarto, autoridade sobre a natureza. “Quem
é esse que até os ventos e o mar lhe obedecem?”, essa é a pergunta dos discípulos perante
as maravilhas de Cristo sobre a natureza. Como representante perfeito da humanidade,
toda a criação obedece aos seus comandos. Quinto, autoridade sobre o pecado. Ele perdoa
os pecados por ser Deus, mas também por ser o Messias, pois Ele sabe que tem autoridade
para evocar o perdão de Deus, o Pai, sobre as pessoas do Reino. Por fim, sua autoridade
sobre a Lei. Ele tinha (e ainda tem) autoridade sobre a Lei, pois Ele mesmo era o Seu
próprio legislador.
O terceiro capítulo, por sua vez, traz a questão do Messias entre o povo (o reino
de Deus estabelecido). Vimos acima que com a chegada de Jesus, o Reino de Deus chegou
à realidade dos homens. Para mostrar mais sobre isso, Costa lança mão dos Evangelhos
de Marcos e Lucas. Em Marcos, ele mostra que o evangelho (boa notícia) é a chegada do
Reino de Deus, como Jesus pregava (e essa proximidade não era temporal, mas espacial:
Jesus estava entre eles). Em Lucas, o autor fala sobre o Dia do Senhor, dia conhecido
entre os judeus em que o Messias julgaria os inimigos de Israel. Jesus, certa feita, em uma
sinagoga, relata que Ele é o Messias de Deus, mas o povo não entende que a primeira
vinda do Messias era para inaugurar o Seu Reino (incluindo para os gentios), por isso O
rejeitam. Mas o que eles não entendiam é a doutrina que alguns teólogos chamam de o
“já e ainda não” do Reino. Em Jesus Cristo o Reino já foi estabelecido, mas os homens
ainda não desfrutam de toda sua plenitude. O Messias veio para tirar os poderes das mãos
de Satanás, o usurpador. Com isso, retomou a tarefa de ser o governante humano sobre a
autoridade de Deus, assim como deveria ter sido com Adão. Então, pode-se observar que
o evangelho não traz uma restauração apenas pessoal, mas de todo Universo.
Tendo tudo isso em mente, podemos observar três detalhes que não podem ser
deixados de lado na missão. Primeiro: o reino de Deus sempre foi bom, mas a humanidade
se perdeu devido ao pecado. Segundo: Jesus é aquele que é o Messias, portanto, é aquele
que tem toda a autoridade para reaver o governo das mãos de Satanás. Terceiro: Jesus é
aquele que ainda está entre nós, porque o seu Reino está aqui presente, por meio do seu
corpo. Se essa mensagem for pregada com veemência, veremos transformações em todas
as áreas, pois vimos que o Reino é uma transformação de realidade universal, e não apenas
pessoal.
No capítulo quatro, o autor mostra a ideia de que Jesus trouxe o Reino de Deus e,
quando voltou aos céus, não levou o reino consigo, mas deixou o seu Reino aos cuidados
da Igreja. Ele explica que a Igreja não é o Reino de Deus, pois o Reino é o ambiente do
domínio de Deus, e não se trata apenas da Igreja. Por outro lado, a Igreja é composta por
pessoas do Reino: pessoas que nasceram de novo e reconhecem Jesus como o Senhor de
suas vidas. Costa lança mão de versículos para mostrar que tudo e todos estão sobre o
domínio de Jesus, mesmo que ainda alguns não reconheçam essa verdade, porém, por
intermédio da Igreja, o Senhorio de Jesus é reconhecido na atualidade, pois ela é o corpo
de Cristo em missão ativa nesse mundo. Por fim, o autor mostra que a grande comissão
(convidar novas pessoas a reconhecer o domínio de Cristo) não foi apenas dirigida aos
apóstolos, mas a todos os discípulos de Jesus, pois todos eles devem ter a disposição de
se comprometer com o Mestre Jesus.
Já no quinto capítulo, Costa mostra como funciona a mentalidade do Reino de
Cristo. Segundo ele, quem se rende a Cristo deve ter a sua vida consagrada a Ele e
transformada por Ele (anseio de não mais viver para si mesmo). Esses são moldados pela
renovação da mente de Cristo, pelo Espírito Santo, e não pelo molde desse mundo. Ter a
mente renovada pelo Espírito, é pensar conforme a Palavra (pensando como Cristo). Essa
mente se baseia em reconhecer a Deus como Pai, em reconhecer que Ele é bom e, então,
pela fé, crer que Ele reveste os seus com Sua autoridade e poder para representá-Lo na
terra. Por isso, sem fé é impossível agradar a Deus (e o consumador e autor dessa fé é
Jesus Cristo). Costa também mostra que a vida de fé de Jesus, se dá pela sua humanidade
perfeita (sem menosprezar a sua divindade). Jesus mostra, em sua vivência, que os seus
devem crer que o Pai é bom e por isso, cuidará de seus anseios. Só então será possível
buscar o Reino em primeiro lugar. Se a mente não tiver ligada com a mentalidade do
Reino, ninguém será capaz de realizar aquilo que agradará a Deus. Quando Jesus diz “essa
casta só sai com oração e jejum” está se referendo a incredulidade dos discípulos, pois a
incredulidade é a barreira para ter a mentalidade do Reino.
No sexto capítulo, o autor tem a preocupação de explicar os diferentes tipos de
dons (dádivas que Deus dá ao povo do Reino) que são destacados na Palavra de Deus.
Em primeiro lugar, ele destaca que em Efésios, a palavra utilizada para dom seria “dórea”,
que são “pessoas” que Cristo doou entre o seu povo para exercer uma determinada função
específica (apóstolos; profetas; evangelistas; pastores e mestres). Em segundo lugar, o
autor destaca os carismas (dons listados, mas não exaustivos, em Romanos 12:6-11 e
1Pedro 4:10,11) como sendo permanentes. Esses dons, segundo ele, são dados a todos e
devem ser administrados por (ou, infelizmente, negligenciado) pelo cristão, segundo sua
vontade (porém, Deus requererá contas). Por fim, Costa mostra os dons manifestacionais,
listados em 1Coríntios 12:7-11. Segundo o autor, esses dons não são permanentes, mas
são manifestados de tempos em tempos pela vida do cristão. Por exemplo, quem possui
dons de cura, não pode aplicá-lo quando bem entender, mas conforme a vontade do
Espírito em usá-lo naquele momento ou não. Para Ricardo, os cristãos podem ser mais
usados do que outros, nesses dons, de acordo com o chamado e intimidade de cada um.
De tudo o que foi discorrido sobre os capítulos quatro, cinco e seis, o único assunto
em que tive dificuldade de compreender, de maneira honesta, não querendo julgar a
intenção do autor, foi sobre a questão dos dons manifestacionais. Na minha compreensão,
quem tem o pensamento cessassionista crê que os dons são manifestados da mesma
maneira que os dons manifestacionais, quando Deus quer agir na vida de alguma pessoa.
Tirando isso, posso dizer que compreendi a ideia e a mensagem que o autor quis passar.
A segunda parte do livro, é onde autor fala de uma maneira mais geral sobre uma
nova intimidade com Cristo, o Senhor do Reino. Por isso, a igreja e os membros que a
compõe precisam entender a necessidade de se achegar cada vez mais perto de Deus.
Somente assim, entenderiam sua nova identidade: de filhos que carregam a imagem de
Jesus Cristo (o povo do Reino de Deus).
Olhando por esse ponto de vista, veríamos grandes mudanças no comportamento
das igrejas, principalmente naquelas mais “tradicionais”. Quanto mais íntimo e mais
entendido for um cristão, sobre quem ele está representado, mais seria o ganho na
sociedade, na igreja, na família e na vida pessoal. Pessoas representariam Cristo em todos
os lugares, e não somente nos cultos de domingo, como muitos têm feito. Veríamos
pessoas mais comprometidas com os seus trabalhos, mostrando o exemplo de Cristo no
seu empenho em ser um bom funcionário, pois é para todas as “boas obras” que fomos
predestinados. Veríamos mais amor nas igrejas e nas famílias, visto que quanto mais
próximo alguém está de Cristo, a piedade tende a aumentar. Pessoas que amam mais, que
respeitam mais, que se importam mais uns com os outros. Sabemos que nenhum
relacionamento por si mesmo é perfeito, mas quanto mais intimidade com o Senhor,
menores seriam os fardos uns dos outros e mais fácil fluiria o perdão entre os irmãos.
Além disso, a devoção individual aumentaria, fazendo com que cada membro fosse mais
e mais apaixonado por Cristo, e buscasse ainda mais as maravilhas do Reino de Deus.
Na última parte, o autor mostra como os dons ainda se fazem presentes no meio
do povo de Deus. Muitas vezes as pessoas pensam que não são capazes de perceber esses
dons, porque não podem perceber que o reino já está aqui (pensam no Reino como apenas
uma realidade futura). Por isso, o autor faz um apelo para que os cristãos vivam
intensamente na presença de Deus, pois quanto mais intimidade com Cristo e busca por
Ele, mais o Reino de Deus, por meio da igreja, mostrará sua autoridade e poder sobre o
Universo. Para isso, o autor finaliza mostrando alguns exemplos do sobrenatural,
daqueles que buscam viver uma vida mais profunda com o Espírito Santo.
Concordo com o autor completamente que devemos viver uma vida mais intensa
na presença de Deus, para que possamos estar sempre cheios do Espírito Santo em todo
momento. Somente assim o Reino irá avançar cada vez mais. Mas uma coisa que deixou
em dúvida (dúvida sincera, não discordância) foi sobre o fato de várias orações para a
cura de uma enfermidade. Se estamos cheios do poder Deus em nossas buscas diárias,
porque Deus necessita que oremos mais de uma vez para que a cura seja alcançada de
forma completa? Uma oração já não deveria bastar para que o poder do Espírito fluísse
de nós? Já tive algumas experiências semelhantes, mas ainda não entendo muito sobre
essa questão, por isso, não posso querer discordar sem ao menos entender o ponto de vista
exato do autor a respeito dessa questão.
Gostei muito do livro. Porém, como temos sempre que avaliar todo conteúdo que
lemos, tive que discordar de alguns pontos. Digo novamente, essa discordância pode ter
sido por uma falha de minha compreensão a respeito do que o autor quis dizer. Mesmo
assim, é uma leitura que vale muito a pena, pois é um conteúdo muito proveitoso para
aqueles que estão buscando viver sua vida com mais intensidade na presença de Deus.

REFERÊNCIA DO LIVRO
COSTA, Ricardo Ferreira da. Plataforma do Reino: o significado de viver as realidades
do reino de Deus em nossa história. Brasília: Palavra, 2021, 202 p.

You might also like