Petrografia Cerâmica Do Bacabalfase (Sambaqui Monte Castelo) : Um Dos Usos Mais Antigos de Esp Ículas de Esponjas de Água Doce Noam

28/04/2022 08:19 (PDF) Petrografia de cerâmicas da fase Bacabal (sambaqui Monte Castelo): um dos mais antigos usos de cauixi
cauixi na Amazôn…
ARTIGOS CIENTÍFICOS Bol. Mús. Pará . Emílio Goeldi. Cie nc. Zumbir.
, Belém, v. 17, n. 1, e20200120, 2022
Petrog ráfia de cerâmicasda fase Bacabal(sambaqui Monte Castelo):

um dos mais antigos usos de cauixi naAmazônia
Petrografia cerâmica do Bacabalfase (sambaqui Monte Castelo):
um dos usos mais antigos de espículas de esponjas de água doce noAm
Ximena Suárez VillagranEU | Marcony Lopes AlvesEU | Thiago Kater EU | Kelly Brandão Vaz da SilvaEU
Nicolás Batallaeu, eu | Marcelo da CostaEU | Jéssica CostaEU | Dionne Miranda Azevedo Erler EU |
Mariane Pereira FerreiraEU | Patrícia MagonEU | Aranda Calió dos Reis EU | Haruan StraiotoEU |
Anderson RogérioTognoliEU | André StraussEU | Eliane Aparecida doLama EU | Lucelene MartinsEU
Márcio Teixeira-BastosIII | Eduardo Góes NevesEU | Carlos Zimpel4 | Francisco PuglieseEU
Universidade de São Paulo. São Paulo, São Paulo, Brasil
EU
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. SãoPaulo, São Paulo, Brasil

II
IIIUniversidade Estadu l Paulista Júlio deMesquita Filho. São Paulo, São Paulo, Brasil
4 Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho, Rondônia, Brasil
Resumo: Este artigo apresenta os resultados da análise petrográfica realizada em 22 fragmentos de cerâmicas provenientes da fase Bacaba
do sambaqui Monte Castelo (Rondônia), uma das cerâmicas mais antigas da Amazônia, datada de mais de 4.000 anos AP.
análise petrográfica confirmou a alta frequência de espículas de esponários dulcícolas (cauixi) como antiplástico, com dados
inéditos sobre a distribuiçãoo das espículas, que permita inferir o processo de preparação do passadoa cerâmica e de manufatu
vasilham
e dent e . Apen
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de variações individuais para cada elemento. Isso permite a existência de uma receita de cerâmica mantida ao longo
da ocupação Bacabal do sítio. O mesmo tipo de cauixi descrito na massa cerâmica foi identificado em sedimentos argilos
prospectados na região, embora em frequência menor. Assim, a fabricação das cerâmicas Bacabal pode ter uma certeza
Entre: seleção de argilas naturalmente ricas em espículas e cauixi adicionados intencionalmente. O cauixi na fase
Bacabal representa um caso excepcional para investigação sobre o desenvolvimento de tecnologias cerâmicas, sustentadas
pela utilização desses antiplásticos, que se tornaram populares durante o Holoceno Superior nas terras baixas da América do Su
Palavras-chave: Sudoeste amazônico. Tecnologia cerâmica. Antiplástico. Espículas de esponja. Arqueometria. Trempe.
Resumo : Este artigo contém os resultados da análise petrográfica de 22 fragmentos cerâmicos da fase Bacabal do Monte
Concha do Castelomontículo (Rondônia), um doso mais antigo amazônicocerâmicas que datam de4.000 anosBP. A
A análise confirmou a alta frequência de espículas de esponjas de água doce (cauixi) como não plásticas, com nov
distribuição de espículas que permitemnós a inferiro processo de preparação de pasta cerâmica e fabricação de vasos.
proporção entre matriz argilosa e espículas esponjosas foi mantida em todas as camadas de Bacabal, independen
variações individuais para cada elemento. Isso nos permiteinferir a existência de uma receita de olaria mantida ao longo
Bacabal ocupação do local. O mesmo tipo deespícula esponjosa descrita na pasta cerâmica foi identificada em
sedimentos levantados na região, embora emuma frequência mais baixa . Assim, ofabricação de cerâmica Bacabal pod
envolveu uma combinação de: seleção deargilas ricas em espículas; e espículas de esponja adicionadas intencionalmen
A cerâmica Bacabal representa um caso excepcional de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias cerâmicas
pelo uso desses não-plásticos, que se popularizaram durante o Holoceno Superior nas planícies do SulAmérica.
: Sudoeste Amazônico. Tecnologia de cerâmica. Não plástico. Espículas de esponja. Arqueometria. Suporte de pote.
Palavras-chave
Villagran, X.S. , Alves, ML, Kater , T. , Silva, K.B.V. , Batalla, N., Costa, M., . . . Pugliese, F.(2022). P etrografia de cerâmicas da fase
(sambaqui Monte Castelo): um dos mais antigos usos de cauixi na Amazônia. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Humanas, 17 (1), e20200120. doi: 10.1590/2178-2547-BGOELDI-2020-0120
Autora para correspondência : Ximena Suarez Villagran. Universidades idade de São Paulo. Av . Prof. Almeida Prado, 1466. São
CEP 05508-070 (villagran@usp.br ).
Recebido em 27/10/2020
Aprovado em 28/07/2021
Responsabilidade do editorial: Fernando Ozóriode Almeida
DE
https://www.academia.edu/77828647/Petrografia_de_cerâmicas_da_fase_Bacabal_sambaqui_Monte_Castelo_um_dos_mais_antigos_usos_de… 1/32
28/04/2022 08:19 (PDF) Petrografia de cerâmicas da fase Bacabal (sambaqui Monte Castelo): um dos mais antigos usos de cauixi na Amazôn…
Petrografia de cerâmicas da fase Bacabal (sambaqui Monte Castelo): um dos mais antigos usos de cauixi na Amazônia
INTRODUÇÃO diversidade linguística, com achados de povos falante

Neste artigo, apresenta-se os resultados do primeiro línguas das famílias Tupari, Arawak, Pano, Txapakura
estudo petrográfico de cerâmicas da fase Bacabal isolados isoladosMoore ( & Storto, 2002).
recuperadas no sambaqui Monte Castelo (Figura 1A ). Pesquisas arqueobotânicas apontam para o su
Estas cerâmicas estão entre as mais antigas da cerâmicaAmazônia,
Amazônia como centro de domesticação da mandioca
com mais de 4.000 anos de antiguidade (Tabela 1). ( Manihotesculenta ), da pupunha ( Bactrisgasipas )
O Sambaqui Monte Castelo se localiza no sudoeste amendoim ( Arachishipogeia ), além de outras espé
amazônico 1, uma das regiões mais ricas em diversidade manejadas (Olsen & Schaal, 1999; W atlingetal.,20
cultural e linguística das terras baixas sul-americanas. Clemente et al., 2016; W atling et al., 2018). As florestas da re
UMA
contínuo ocupação
desde humano
o início Faz sudoeste
do Holoceno, amazônico
a partir foi apresentar
de 9.500 de espéciesdemanejadas
antropização, com hiperdominância
ou domesticadas (Levis et al., 2
anos AP (Miller, 1978, 1992; Mongelo, 2020; Zimpel Neto UMAocupar-se sítioMonte Castelo,localize ad
& Pugliese Júnior, 2016; W atling etal., 2018), embora comocomeça há inundável do rio Guaporé, começa c. 6
datações mais antigas na região cheguem até c. 12.000 anos A.P. A partir de c. 4.300 AP, aparecem como cer
anos AP (Neves, 2016). Na região, foram identificados fase B aca balMiller, ( 2009; Zimpel Neto & Pugliese Jú
cerâmicas de até 5.000 anosAP , possivelmentecomo mais 2016; Pugliese Junior et al., 2017, 2019; Pugliese Júnior, 2
antigas relacionadasao troncolinguístico macro-Tupi ( Moleiro, Zimpel Neto, 2018) está aqui, que se destaca pela
2009; Zimpel Neto, 2009), assim como uma profusão presença recorrente de cauixi(espículas de silicone micros
de estilos cerâmicos a partir do quarto milênio (Kater, que formam o esqueleto de esponjas dulcícolas) na pa
2020; Zuse et al., 2020). Sem Holoceno final, estruturas representa um dos mais antigos usos deste material e
como de terra ( geoglifos), interconectadas por cerâmicas da Amazônia. Neste artigo2, realizamos um
ou seja
caminhos e estradas, caracterizam a paisagem no Acre e petrográfica de 22 fragmentos de cerâmica da fase Bacab
em Rondônia (Saunaluoma & Schaan, 2012; Trindade, 2015; sambaqui Monte Castelo, com o objetivo de: 1) caracte
Iriarte et al., 2020; Saunaluoma et al., 2020). Estruturas de a pasta longa ao longo de toda a ocupação associada
terra também se observam nos Llanos de Moxos (Bolívia) fase Ba caba l no sítio, com am ostr as prov enie ntes
(Prümers, 2017), com diques e canais de irrigação para as camadas atribuídas a esta fase; 2) identificar e quantific
plantio, locais de habitação e cemitério, cuja concentração aporte de cauixi na cerâmica, para contribuir com a discu
aumenta a partir de 1.300 anos AP (Betancourt, 2010, 2016). sobre sua adição intencional à pasta ou sobre a sel
O sudoeste amazônico é caracterizado por possuir grande de depósitos de argila naturalmente ricos em espíc
1 As pesquisas arqueológicas no sudeste amazônico foram inauguradas por Eurico Miller, no âmbito do Programa Nacional de Pesq
Arqueológicas da Bacia Amazônica (PRONAPABA), na década de 1970 (Miller, 1978, 1980, 1983, 1992, 2009, 2013). Ao percorre
parte do que era ainda o Território Federal de Rondônia, os trabalhos de Miller indicaram que a região foi um centro de inovações l
às dinâmicas sociais do restante da Amazônia (Almeida & Mongeló, 2020). Em 2010, foram retomadas as pesquisas em diversos
registrados por Miller no trecho encachoeirado do rio Madeira ( Almeida, 2013; Tizuka, 2013; A. Costa, 2016; Vassoler, 2016; Cald
& Kipnis, 2017; Watling et al., 2018; Kater, 2020; Mongeló, 2020; Neves et al., 2020; Pessoa et al., 2020; Zuse et al., 2020) e na
do médio rio Guaporé, um dos seus formadores (Betancourt, 2010; Zimpel Neto & Pugliese Junior, 2016; Pugliese Junior, 2018; Pu
Juni ou et ai. , 201).7
2 Este artigo resulta do esforço coletivo de análise e discussão de cer âmicas arqueológicas promo ovido durante o curso de pós- gr
“Petrog rafia de materiais geológicos e arqueólogos”, ministrado na Universidade de São Paulo (USP),em 2018.Como atividade
fase do curso, os/as alunos/as analisaram fragmentos cerâmicos da avaliação Bacabal selecionados por CAZimpel, provenientes
sambaqui Monte Castelo (Rondônia), sítioque vem sendo escavado desde 2014pela equipe do Prof. Eduardo Góes Neves, doMu
de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP.
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20200120, 2022
https://www.academia.edu/77828647/Petrografia_de_cerâmicas_da_fase_Bacabal_sambaqui_Monte_Castelo_um_dos_mais_antigos_usos_d… 10/32
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