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Técnica de Sentença Criminal

Equipe CP IURIS
Prof. Lorena Ocampos

MATERIAL 2ª FASE – SENTENÇA PENAL


23 pontos da sentença penal

É o relatório. Passo a fundamentar e decidir.


Ou
É o relatório. Passo a fundamentar e decidir, em atenção ao comando do artigo 93, inciso IX, da
Constituição Federal.

(PROVAVELMENTE SUA PROVA COMEÇA AQUI! Antes de ler a prova, escreva no rascunho
os 23 pontos da sentença penal para que tenha um roteiro/esqueleto a ser seguido)

1. Resumo da imputação:
Qualquer sentença começará assim.
Cuida-se de ação penal pública incondicionada, em que se buscar apurar a responsabilidade
criminal de_________, anteriormente qualificado, pela prática do delito descrito na
denúncia.

2. Análise da preliminar/das preliminares


De início, é preciso analisar as preliminares ... REJEITO ou REFUTO.
Análise da preliminar/das preliminares.
COLOCAR AO FINAL DE CADA PRELIMINAR – “REJEITO A PRELIMINAR”.
O uso da expressão “não acolho” ou “não prospera” não é recomendado para as preliminares.
Essas expressões são mais utilizadas no mérito para as teses defensivas. Caso haja mais de
uma preliminar, use também: “REFUTO A PRELIMINAR”

3. Presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, passo ao exame do mérito.


Direito Penal do FATO e não Direito Penal do Autor.
DO DELITO X / DOS DELITOS DE (...) (mérito: analisar por fato – mesmo que tenha
mais de um réu; mesmo que seja concurso formal/continuidade delitiva)
Quando analisar cada crime, lembre-se do binômio materialidade-autoria. Comece analisando
a materialidade e passe depois para a autoria. A materialidade é simples. Também não é
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complexa a análise da autoria. A complexidade estará quando do enfrentamento das teses


defensivas.

4. Materialidade
Analisar de forma objetiva e pontual.
Comprovar se o fato existiu: sempre algo concreto que a própria questão lhe dará: usar
Boletim de Ocorrência, Auto de Prisão em Flagrante, Autos de apresentação e apreensão de
objetos. SE NÃO FOR POSSÍVEL UTILIZÁ-LOS, PODE SE VALER DE PROVAS
TESTEMUNHAIS.

5. Autoria
Não é complexa, é o momento em que o magistrado deve convencer que foi o FULANO que
cometeu o crime. Não basta dizer: a testemunha disse isso.
As três vítimas narraram os fatos conforme a denúncia, uma vez que afirmaram ________ e
reconheceram o acusado. No mesmo sentido, os depoimentos das testemunhas X, Y e Z, que
afirmaram que _____________.

NÃO PRECISA TRANSCREVER OS TESTEMUNHOS (mesmo que eles estejam


transcritos no enunciado da questão). PODE FALAR UMA FRASE APENAS. EX: A
TESTEMUNHA JOANA MARIA DISSE QUE VIU... (traga a idéia).

Portanto, comprovadas estão materialidade e autoria delitiva.

6. Teses defensivas / Emendatio Libelli


Lembrar que na sentença o candidato deve seguir a organização da prova. Assim, mesmo que
a tese se refira à materialidade ou à autoria, deve analisar nesse momento, remetendo os
argumentos aos já utilizados na sentença.

7. Circunstâncias atenuantes e agravantes / Causas de aumento e de diminuição


Artigo 68 do Código Penal: ordem de análise:
1º atenuantes/ 2º agravantes;
1º causas de diminuição da pena/2º causas de aumento de pena
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Concurso de crimes – lembrar que não é na terceira fase de aplicação da pena da


dosimetria, é um momento posterior.
“Finalmente, também há de admitir a incidência da regra do concurso formal, eis que..., razão
pela qual aplico o aumento de ....”

Próximo crime/conduta analisa tudo de novo/segue de novo o roteiro acima

Fechamentos
8. O acusado era, na data dos fatos, imputável, tinha plena consciência da ilicitude de sua
conduta, não havendo quaisquer excludentes de ilicitude ou de culpabilidade que
possam beneficiá-lo.

9. A prova é certa, segura e não deixa dúvidas de que o Réu praticou a conduta delitiva
descrita do __________ , devendo responder penalmente pelo praticado.

10. Dispositivo
Na sentença cível, o dispositivo é a parte final; na sentença criminal significa que
estamos na metade da sentença.
1- Extinguir punibilidade;
2- Absolver;
3- Condenar;
4- Não precisa rejeitar novamente preliminar.
Se não acolher integralmente ou exatamente o que o MP pediu na denúncia é parcialmente
procedente.

Cuidado:
- com a expressão correta: “a pretensão punitiva deduzida na denúncia”.
- na absolvição, deve dizer o fundamento do artigo 386: há repercussão na esfera cível.
- deve colocar no dispositivo os casos de concurso formal/concurso material/continuidade
delitiva (Artigos 69/70/71, CP).
Ante o exposto, julgo parcialmente procedente a pretensão punitiva deduzida na denúncia
para:
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a) Condenar o réu fulano como incurso nas penas do artigo X do CP;


b) Absolver o réu fulano do crime previsto no artigo 244-B do ECA, com fundamento no
artigo 386, inciso III, do CPP.”

11. Dosimetria da pena


Passo à dosimetria da pena, em estrita observância ao disposto no artigo 68, caput, do
Código Penal.
Ou
Passo à dosimetria da pena, em estrita observância ao disposto no artigo 68, do Código
Penal, e em atenção ao critério trifásico de Nelson Hungria e o princípio da individualização
da pena.

A dosimetria da pena obedece ao Princípio da Individualização da Pena. Aqui, devemos olhar


para o AUTOR DO FATO para apená-lo da forma mais justa possível.

Dessa forma, se forem dois réus, deve fazer a dosimetria de forma separada. Assim como se
for apenas um réu, mas com mais de um crime, deve fazer a dosimetria de cada crime
separadamente.

ATENÇÃO ÀS SÚMULAS 231, 241, 443 e 444 DO STJ.


Súmula 231, STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal.
Súmula 241, STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Súmula 443, STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente
para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.
Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base.
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- A ordem de análise é primeiro das atenuantes, depois das agravantes. Primeiro as causas
de diminuição de pena e depois as causas de aumento. Assim, será na ordem do artigo 68
do Código Penal.
- Circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal: tem oito circunstâncias e na sentença
eu tenho obrigatoriamente que falar das oito.
- Se não cumprir a ordem do art. 59 não altera em nada, mas não é técnico. É bom manter
essa ordem e falar uma por uma do art. 59.
- Pena de multa feita em cada fase junto com a pena privativa de liberdade e em cada
proporção.
- Atenção às expressões em cada fase: pena base; pena intermediária/provisória; pena
definitiva.
- Fixar penas baixas;
- Arredondar as contas nas primeiras fases para facilitar o cálculo na terceira, em que há uma
fração certa.

Analisadas as diretrizes do art. 59 do CP, verifico que o réu agiu com culpabilidade normal
à espécie delitiva. É possuidor de maus antecedentes, entretanto, por constituir-se em
reincidência, deixo para valorá-los na segunda fase de aplicação da pena (súmula 241 do
STJ). Não há elementos nos autos sobre a personalidade do réu e sua conduta social. Os
motivos e as conseqüências do crime não destoam do esperado em crimes desta natureza. As
circunstâncias lhe são desfavoráveis, uma vez que... As vítimas em nada concorreram para
o crime. Fixo a pena-base em _____ anos de reclusão e 13 dias-multa.

Não concorrem circunstâncias atenuantes, por sua vez concorrendo a circunstância


agravante prevista no art. 61, I, do CP, qual seja, a reincidência, razão pela qual agravo a
pena, fixando-a provisoriamente em ___ anos e ____ meses de reclusão e 14 dias-multa.

Não concorrem causas de diminuição de pena. Concorre uma causa de aumento, a qual
está prevista no artigo ___ do CP. Assim, aumento a pena anteriormente dosada em sua
quarta parte (1/4) e passo a fixá-la em -----, a qual torno definitiva.

12. Regime inicial


Fixo o regime inicial fechado, em observância ao disposto no artigo 33, §2 "c" do CP.
Reclusão: aberto, semiaberto e fechado.
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Detenção: aberto ou semiaberto.

13. Detração
Não há dados suficientes para a detração, razão pela qual deixo de cumprir o disposto no
artigo 387, §2º, do CPP neste momento. Determino que a secretaria proceda ao cálculo,
conforme determinado em lei.

14. Valor do dia-multa


Padrão quando não tem elementos: Ausentes elementos sobre a capacidade econômica do
réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30 do salário mínimo vigente à época dos fatos, conforme
artigo 49, § 1º, Código Penal.

15. Substituição da pena privativa por restritiva de direitos: artigo 44, Código Penal
O réu não preenche os requisitos do artigo 44 do CP, uma vez que sua pena ultrapassa o
limite de 4 anos e houve emprego de violência, razão pela qual incabível a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
OU
Verifico que, no caso em apreço, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, uma vez que o Réu preenche os requisitos previstos no artigo 44 do CP.
Assim sendo, substituo a pena por duas restritivas de direitos, quais sejam,
________________, a serem especificadas pelo Juízo da Execução.

16. Suspensão condicional da pena: artigo 77, Código Penal


Em razão da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, resta
prejudicada a análise da suspensão do artigo 77, CP.
OU
Também em razão do quantum da sanção, não preenche o réu os requisitos do artigo 77 do
CP, de forma que não se pode promover a suspensão condicional da pena.

17. Indenização mínima


Deixo de fixar indenização mínima à vítima (artigo 387, inciso IV, do Código de Processo
Penal), uma vez que não houve pedido nesse sentido, em homenagem aos princípios do
contraditório e da congruência. Precedentes do STJ.
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18. Prisão preventiva


FUNDAMENTAR CONCRETAMENTE
Manutenção da prisão preventiva: recomendar o réu na prisão em que se encontra.
Revogação da prisão preventiva: expeça-se alvará de soltura.

19. Custas
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais, de acordo com o artigo 804 do Código
de Processo Penal. Apreciação de eventual causa de isenção melhor se oportuniza no Juízo
das Execuções.

20. Armas (25 ED) e drogas


Proceda-se, em relação à droga apreendida, conforme determinado no artigo 72 da Lei de
Drogas.
Proceda-se, em relação à arma apreendida, conforme determinado no artigo 25 do Estatuto do
Desarmamento.

21. Comunique-se a vítima.


Comunique-se a vítima sobre esta decisão (artigo 201, §2º, do CPP).
Comunique-se a representante legal da vítima sobre esta decisão (artigo 201, §2º, do CPP).

22. Providências após trânsito em julgado:


Após o trânsito em julgado:
1. Proceda-se ao recolhimento do valor atribuído a título de pena pecuniária, nos termos do
art. 686 do CPP;
2. Oficie-se ao TRE para cumprimento do disposto no art. 15, III, da CF;
3. Oficie-se ao Instituto de Identificação Civil do Estado, informando sobre a condenação do
Réu;
4. Expeça-se guia de execução penal.
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Não precisa determinar a inclusão do nome do réu no rol dos culpados (artigo revogado).

23. Publique-se. Registre-se. Intimem-se, conforme artigos 389 a 392 do Código de Processo
Penal.
Local e data.
Juiz de Direito Substituto.

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