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GDLeis Republica
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interessadas e pelo Estado, e na proporção que for abrangidos por esta lei, têm o prazo 60 dias contados a
acordada em protocolo. partir do anúncio feito pelo órgão de gestão da aber-
tura do processo de cessação do contrato de trabalho
2. As entidades empregadoras ficam ainda obriga- por mútuo acordo, para requerer a cessação do
das a comparticipar com as contribuições a seu cargo contrato de trabalho e a concessão da pensão anteci-
destinadas ao Instituto Nacional de Previdência Social pada de reforma, sob pena de caducidade.
e devidas em relação a cada trabalhador que beneficiar
da pensão antecipada de reforma. Artigo 12º
Artigo 6º (Proibição)
zação do poder político, intervindo no processo eleitoral 3. A denominação de um partido político não pode
mediante a apresentação ou o patrocínio de candidatu- identificar-se de qualquer forma, directa ou indirecta-
ras. mente, com qualquer parcela do território nacional ou
com igreja, religião ou confissão religiosa, nem evocar
Artigo 3º nome de pessoa ou instituição.
(Fins)
4. A sigla ou o símbolo de um partido não pode ser
Com vista ao prossecução dos seus objectivos, os parti- idíntico, confundir-se ou ter relação gráfica ou fonética
dos políticos poderão propor-se designadamente: com símbolos nacionais ou autárquicos, com símbolos
ou siglas dos órgãos ou serviços públicos ou com ima-
a) Contribuir para o exercício dos direitos políti- gem ou símbolos religiosos.
cos dos cidadãos e para a determinação da
política nacional, através de meios democrá- 5. Compete ao Presidente do Supremo Tribunal de
ticos; Justiça enquanto Tribunal Constitucional, com recurso
para o plenário deste, apreciar a legalidade das deno-
b) Definir programas de Governo e de administra- minações, siglas e símbolos dos partidos políticos, no
ção; âmbito dos respectivos processos de registo, anotação
ou depósito estabelecidos no presente diploma.
c) Participar na actividade dos órgãos do Estado e
Artigo 7º
das autarquias locais;
(Constituição)
d) Apreciar, livremente, os actos dos órgãos e ser-
viços do Estado e das autarquias locais; 1. É livre, não carecendo de autorização, a constitui-
ção de qualquer partido político.
e) Promover a educação cívica e o esclarecimento
político dos cidadãos, estimular a sua parti- 2. O partido político considera-se constituído na data
cipação na vida política e contribuir para a da aprovação dos seus estatutos por deliberação valida-
formação da opinião publica e da consciíncia mente tomada pela respectiva assembleia constituinte
nacional e política;
3. É proibida a constituição de partidos políticos de
f) Estudar e debater os problemas da vida nacio- âmbito regional ou local e de partidos que fomentem o
nal e internacional e tomar posições perante regionalismo, o racismo ou a discriminação ou se pro-
eles; ponham empregar meios subversivos ou violentos na
prossecução dos seus fins ou que tenha natureza para-
g) Em geral, contribuir para o desenvolvimento militar.
das instituições políticas democráticas.
Artigo 8º
Artigo 4º
(Preparação da assembleia constituinte)
(Personalidade e capacidade jurídicas)
1. A assembleia constituinte de um partido político
1. O partido político tem personalidade jurídica, que deve ser precedida de :
adquire com a publicação da decisão do Supremo Tri-
bunal de Justiça enquanto Tribunal Constitucional a) Aprovação na assembleia de delegados à as-
que deferir o requerimento do seu registo, nos termos sembleia constituinte de um regimento es-
da presente lei. crito;
2. O partido político tem capacidade jurídica nos ter- b) Eleição por sufrágio directo e secreto, dos dele-
mos da presente lei. gados à assembleia constituinte, nos termos
fixados pelo Regimento da respectiva assem-
3. O partido político não tem capacidade para nego- bleia;
ciar qualquer convenção colectiva de trabalho e nem
pode por ela ser abrangido. c) Realização de assembleias em, pelo menos, 12
concelhos do país, para eleição dos delegados
Artigo 5º à assembleia constituinte;
(Lei aplicável)
d) Elaboração de actas de cada processo eleitoral,
Os partidos políticos regem-se pela presente lei e, para eleição de delegados, contendo entre ou-
subsidiariamente, pelas normas legais aplicáveis às as- tros elementos o número, os nomes e as assi-
sociações. naturas dos membros presentes, os votos a
favor, contra, branco e nulos, bem como uma
Artigo 6º cópia do regimento aprovado.
(Denominação, sigla e símbolo) Artigo 9º
2. O número dos delegados à assembleia consti- c) Cujos titulares não residam no concelho ou
tuinte residentes em Cabo Verde não pode ser inferio- país da situação do cartório notarial.
res a 70% do número total dos delegados.
5. Relativamente aos fundadores não residentes em
3. A assembleia constituinte deve aprovar os estatu- Cabo Verde, as funções notariais são exercidas pelos
tos, o programa, a denominação, a sigla e os símbolos serviços consulares de Cabo Verde com jurisdição no
do partido e proceder à eleição dos órgãos, de acordo país de residíncia do fundador.
com as normas estabelecidas no respectivo regimento.
Artigo 11º
4. Os estatutos, o programa, a denominação, a sigla (Liberdade de filiação)
e o símbolos do partido político são aprovadas por
maioria de dois terços do número total dos delegados à 1. A filiação num partido político é livre, ninguém
assembleia constituinte. podendo ser obrigado a ingressar ou nele permanecer.
5. Da assembleia constituinte é lavrada a compe- 2. Ninguém pode ser privado do exercício dos seus
tente acta, subscrita pelos membros da mesa que tiver direitos civis, políticos, profissionais ou outros, ou ne-
dirigido os trabalhos, contendo designadamente: les ser prejudicado, por estar ou não filiado em algum
partido político, salvo os casos expressamente previs-
a) O dia, a hora e o local da reunião; tos na lei.
b) A lista dos delegados presentes; Artigo 12º
a) Que do confronto entre as duas vias resulta- 5. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça en-
rem duvidosas; quanto Tribunal Constitucional decide sobre o requeri-
mento, ouvido o Procurador Geral da República, no
b) Que estejam repetidas na lista; prazo de 30 dias a contar da sua entrega no Tribunal;
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6. A decisão do Presidente do Supremo Tribunal de nado no seu direito de voto ao pagamento de contribui-
Justiça enquanto Tribunal Constitucional é sempre ções pecuniárias estatutáriamente previstas.
fundamentada e publicada na II Série do Boletim Ofi-
cial. Quando defira o requerimento do registo, a sua Artigo 18º
publica é feita conjuntamente com a do programa, dos (Juramento ou compromisso de fidelidade)
estatutos, da denominação, da sigla e dos símbolos,
bem como da lista dos titulares dos órgãos nacional do É proibido qualquer juramento ou compromisso de fi-
partido. delidade dos filiados do partido aos seus dirigentes.
7. Da decisão do presidente, cabe recurso para o ple- Artigo 19º
nário do Supremo Tribunal de justiça enquanto Tribu-
nal Constitucional, o qual pode ser interposto por par- (Disciplina partidária)
tido ou partidos interessados ou pelo Procurador Geral A disciplina a que ficam vinculados os filiados num
da República, no prazo de cinco dias úteis, a contar da partido político não pode afectar o exercício de direitos
publicação da decisão e deve ser decidido no prazo de e o cumprimento de deveres estabelecidos pela Consti-
cinco dias. tuição, por lei ou regulamento.
8. Quando a decisão de recusa de registo do partido Artigo 20º
político tiver sido fundamentada em violação das re-
gras legais e constitucionais sobre a denominação, si- (Princípio democrático)
gla e símbolos e o partido proceder , no prazo de dez
dias, à sua alteração ou substituição, em termos de vir A organização interna de cada partido político é li-
a ser ordenado o registo, este considera-se feito na data vre, devendo, porém, satisfazer as seguintes condições:
da publicação no Boletim Oficial da decisão inicial de
indeferimento. A decisão do Presidente do Supremo de a) Não poder ser negada a admissão ou fazer-se
Justiça enquanto Tribunal Constitucional sobre a alte- exclusão por motivo de raça, de sexo, de
ração ou substituição deve ser tomada no prazo de dois confissão religiosa ou de qualquer outro fac-
dias. tor de discriminação;
Os filiados do partido político são iguais em direitos 5. O partido, para mero efeito de anotação e actuali-
e deveres, não podendo nenhum filiado ser condicio- zação do registo, comunica ao Supremo Tribunal de
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Constituem receitas próprias dos partidos políticos: d) Outras pessoas colectivas publicas;
e) Sociedades de capitais públicos, sociedades
a) As quotas e outras contribuições de filiados no
mistas com participação do Estado e empre-
partido; sas concessionários de serviços públicos ou
b) O produto de actividades de angariação de fun- obras públicas;
dos desenvolvidas por mandatários financei- f) Pessoas colectivas de utilidade pública adminis-
ros do partido; trativa ou que se dediquem a actividades de
beneficíncia ou de fim religioso;
c) Os donativos pecuniários recebidos de pessoas
singulares, nos termos da presente lei; g) Associações profissionais, sindicais ou empre-
sariais;
d) Os donativos pecuniários recebidos de pessoas
colectivos nos termos do Código Eleitoral; h) Fundações instituídas por lei e cujos recursos
provenham, total ou parcialmente, de órgãos
e) Os rendimentos de bens, valores, direitos, par- ou entidades publicas;
ticipações e serviços próprios;
i) Órgãos e instituições públicos estrangeiros,
f) O produto de empréstimos e outros créditos ob- bem como pessoas singulares ou colectivas
tidos em instituições de crédito instaladas no estrangeiras.
país;
2. São considerados ilícitos os recursos provenientes
g) O produto de heranças e legados; das entidades a que se refere o número anterior, bem
como aqueles cuja origem não puder ser claramente de-
h) Outras estabelecidas por lei. terminada.
Artigo 24º 3. A concessão e o recebimento de recursos ilícitos são
punidos com coima correspondente ao dobro desses re-
(Donativos admissíveis)
cursos.
1. Os partidos políticos podem receber donativos de Artigo 26º
natureza pecuniária ou em espécie de pessoas singula-
res ou colectivas nacionais residentes ou sediadas no (Subvenção do Estado)
país, ou de eleitores cabo-verdianos residentes no es- O Estado, para realização dos fins próprios dos parti-
trangeiro. dos, atribui:
2. Os donativos de natureza pecuniária concedidos a) Uma subvenção para o funcionamento dos par-
por pessoas colectivas devem ser deliberadas pelo ór- tidos políticos;
gão social competente e não podem exceder 10% do to-
tal anual das receitas do partido, nem, por cada doador b) Subvenções para financiamento das campan-
e por ano, 5% do seu capital social. has eleitorais.
Artigo 27º
3. Os donativos de natureza pecuniária concedidos
por pessoas singulares não podem exceder 500.000$00 (Subvenção estatal ao funcionamento dos partidos)
por cada doador.
1. O Orçamento de Estado deve incluir uma dotação
4. Os donativos anónimos não podem exceder 2% do específica para a atribuição de subsídios anuais de fun-
total das receitas anuais do partido, nem, por cada cionamento aos partidos políticos com representação
doador, o montante de 100.000$00. parlamentar, a ser distribuído de forma proporcional
ao número de votos obtidos nas ultimas eleições legis-
5. Os donativos admissíveis de valor superior a lativas.
10.000$00 devem ser entregues ou transferidos ao par-
tido em moeda escritural. 2. O subsidio anual é pago em duodécimos.
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1. O Orçamento de Estado do ano em que deva ha- 1. Os partidos políticos devem possuir contabilidade
ver eleições deve prever subvenções para as respecti- organizada, que discrimine todas as receitas e despe-
vas campanhas eleitorais. sas efectuadas pelo partido, indicando de forma precisa
a origem daquelas e o objecto destas, bem como os do-
2. A subvenção do Estado para cada eleição consiste cumentos de suporte dos respectivos lançamentos e
na atribuição de quatrocentos escudos por cada voto permita verificar o cumprimento das normas e obriga-
validamente expresso, actualizados anualmente na lei ções previstas na presente lei.
do Orçamento do Estado, tendo em conta a inflação
prevista para o ano. 2. O produto de actividades de angariação de fundos
desenvolvidas por mandatários financeiros do partido é
3. A subvenção do Estado é atribuída no prazo comprovado por declaração destes sob compromisso de
máximo de dez meses a contar da data da respectiva honra, discriminando a origem dos fundos angariados
eleição, a requerimento de cada partido interessado, di- e os respectivos documentos de suporte.
rigido ao Primeiro Ministro, acompanhado do Boletim
Oficial em que tenham sido publicadas as contas elei- 3. Os donativos de pessoas singulares ou colectivas
torais do partido. são documentados por escrito assinado pelos doadores
e pelo administrador financeiro, referenciando a moeda
4. O Governo desenvolve e regulamenta o disposto escritural em que se concretizaram.
na presente lei sobre a subvenção do Estado para as
campanhas eleitorais. 4. Quando se trate de donativos anónimos, são docu-
mentados por mera declaração do administrador finan-
Artigo 29º ceiro sob compromisso de honra.
(Regulamento financeiro) 5. Quando se trate de donativo em espécie, o respec-
tivo documento comprovativo deve discriminar comple-
Cada partido político aprova o respectivo regula- tamente o seu número ou quantidade, o seu objecto e o
mento financeiro, estabelecendo as normas e procedi- valor a ele atribuído, que não pode ser inferior ao valor
mentos por que se rege, em matéria financeira. de mercado.
Artigo 30º
6. O produto de empréstimos e outros créditos obti-
(Administrador financeiro) dos em instituições de crédito instaladas no país são
comprovados por documentos bastantes das institui-
1. Cada partido político designa um administrador ções de crédito:
financeiro responsável pela mobilização de receitas,
pela organização da contabilidade e pela elaboração 7. O produto de heranças e legados é comprovado
das contas do partido. por documentos que titulem a sua atribuição.
Cada partido político pode ter um ou mais mandatá- (Fiscalização de contas dos partidos)
rios financeiros, por ele credenciados como as únicas
1. Até 30 de Março de cada ano, os partidos políti-
pessoas autorizadas à angariação de donativos pecu-
cos são obrigados a enviar ao Tribunal de Contas as
niários para o partido.
suas contas para efeito de apreciação.
Artigo 32º
2. Os estatutos dos partidos políticos devem prever
(Processamento de receitas e despesas) os órgãos competentes para a aprovação interna das
contas e o seu envio ao Tribunal de Contas.
1. Todas as receitas de cada partido político são de-
positadas numa ou mais contas bancárias abertas, em 3. O Tribunal de Contas, aprecia, no prazo de 90
nome do partido, em qualquer instituição bancária in- dias, a legalidade das receitas e despesas e a regulari-
stalada no país, ou para elas transferidas. dade das contas dos partidos políticos.
2. Todas as despesas de cada partido político são 4. Se o Tribunal de Contas verificar qualquer irre-
realizadas pela movimentação a débito de uma das gularidade nas contas notifica o partido para apresen-
contas bancárias abertas em nome do partido. tar, no prazo de 30 dias, novas contas regularizadas,
sobre as quais se pronuncia no prazo de 20 dias.
3. As contas bancárias são movimentadas nos ter-
mos do regulamento financeiro do partido, nunca po- 5. As contas, acompanhadas da decisão do Tribunal
dendo sí-lo a débito sem a intervenção conjunta de pelo de Contas, são mandadas publicar, por este, a expen-
menos duas pessoas, incluindo, obrigatoriamente, o ad- sas dos partidos, no Boletim Oficial e em pelo menos
ministrador financeiro. um dos jornais mais lidos do país.
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2. A deliberação que dissolver o partido deve desi- 4. O cancelamento do registo de um partido não in-
gnar os liquidatários e estatuir sobre o destino do seu valida os mandatos dos eleitos por esse partido.
património, que não pode ser distribuído pelos filiados. Artigo 44º