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Câncer de mama

versão para Profissionais de Saúde

Última modificação: 25/04/2022 | 10h43

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais
da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos.

Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros
crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e em tempo
oportuno, apresentam bom prognóstico.

O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do


total de casos da doença.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para o câncer de mama em Unidades
Hospitalares especializadas.

Atenção: A informação existente neste portal pretende apoiar e não substituir a consulta
médica. Procure sempre uma avaliação pessoal no Serviço de Saúde.

Estatísticas

Estimativa de novos casos: 66.280 (2021 - INCA); e

Número de mortes: 18.032, sendo 207 homens e 17.825 mulheres (2020 - Atlas de
Mortalidade por Câncer - SIM).

O que aumenta o risco?

O câncer de mama não tem somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores
de risco para a doença (cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos).

Outros fatores que aumentam o risco da doença são:

Fatores ambientais e comportamentais

Fatores da história reprodutiva e hormonal

Fatores genéticos e hereditários**

Obesidade e sobrepeso Primeira menstruação antes de 12 anos

História familiar de câncer de ovário

Inatividade física*

Não ter tido filhos

Casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos

Consumo de bebida alcoólica

Primeira gravidez após os 30 anos


História familiar de câncer de mama em homens

Exposição frequente a radiações ionizantes para tratamento (radioterapia) ou exames


diagnósticos (tomografia, Raios-X, mamografia, etc)

Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos

Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2

Tabagismo - há evidências sugestivas de aumento de risco

Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona)

Ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos

* Não realizar ao menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade
moderada. Para maiores informações, consulte o Guia de Atividade Física para a população
brasileira (abre em outra janela).

**A mulher que possui um ou mais fatores genéticos/hereditários apresenta risco elevado de
desenvolver câncer de mama. Apenas 5 a 10 % dos casos da doença estão relacionados a esses
fatores.

Atenção: a presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher terá
necessariamente a doença.

Como prevenir?

Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos
saudáveis como:

Praticar atividade física

Manter o peso corporal adequado

Evitar o consumo de bebidas alcoólicas

Amamentar seu bebê

Amamentar o máximo de tempo possível é um fator de proteção contra o câncer.

Não fumar e evitar o tabagismo passivo são medidas que podem contribuir para a prevenção
do câncer de mama.

Sinais e sintomas

O câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, por meio dos
seguintes sinais e sintomas:

Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando


presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher

Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja

Alterações no bico do peito (mamilo)

Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço

Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos


Esses sinais e sintomas devem sempre ser investigados por um médico para que seja avaliado
o risco de se tratar de câncer.

É importante que as mulheres observem suas mamas sempre que se sentirem confortáveis
para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano),
sem técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.

Em caso de permanecerem as alterações, elas devem procurar logo os serviços de saúde para
avaliação diagnóstica.

A postura atenta das mulheres em relação à saúde das mamas é fundamental para a detecção
precoce do câncer da mama.

Detecção precoce

O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos,
aumentando assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso
satisfatórias.

Todas as mulheres, independentemente da idade, devem ser estimuladas a conhecer seu


corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de
mama é descoberta pelas próprias mulheres.

Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame


realizado quando não há sinais nem sintomas suspeitos) seja ofertada para mulheres entre 50
e 69 anos, a cada dois anos.

A recomendação brasileira segue a orientação da Organização Mundial da Saúde e de países


que adotam o rastreamento mamográfico.

Mamografia é uma radiografia das mamas feita por um equipamento de raios X chamado
mamógrafo, capaz de identificar alterações suspeitas de câncer antes do surgimento dos
sintomas, ou seja, antes que seja palpada qualquer alteração nas mamas.

Mulheres com risco elevado de câncer de mama devem conversar com seu médico para
avaliação do risco e definição da conduta a ser adotada.

A mamografia de rastreamento pode ajudar a reduzir a mortalidade por câncer de mama, mas
também expõe a mulher a alguns riscos. Os principais benefícios e riscos desse exame são:

Benefícios:

Encontrar o câncer no início e permitir um tratamento menos agressivo.

Menor chance de a paciente morrer por câncer de mama, em função do tratamento precoce.

Riscos:

Resultados incorretos:

Suspeita de câncer de mama, sem que se confirme a doença. Esse alarme falso (resultado falso
positivo) gera ansiedade e estresse, além da necessidade de outros exames.
Câncer existente, mas resultado normal (resultado falso negativo). Esse erro gera falsa
segurança à mulher.

Ser diagnosticada e submetida a tratamento, com cirurgia (retirada parcial ou total da mama),
quimioterapia e/ou radioterapia, de um câncer que não ameaçaria a vida. Isso ocorre em
virtude do crescimento lento de certos tipos de câncer de mama.

Exposição aos Raios X. Raramente causa câncer, mas há um discreto aumento do risco quanto
mais frequente é a exposição. Esse dado não deve desestimular as mulheres a se submeterem
à mamografia, já que a exposição ao Raio X durante esse exame é bem pequena, tornando o
método bastante seguro para a detecção precoce.

A mamografia diagnóstica, exame realizado com a finalidade de investigação de lesões


suspeitas da mama, pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico. Ainda assim, a
mamografia diagnóstica não apresenta uma boa sensibilidade em mulheres jovens, pois nessa
idade as mamas são mais densas, e o exame apresenta muitos resultados incorretos.

O SUS oferece exame de mamografia para todas as idades, conforme indicação médica.

Saiba mais em cartilha Câncer de mama: vamos falar sobre isso?

Diagnóstico

Um nódulo ou outro sintoma suspeito nas mamas deve ser investigado para confirmar se é ou
não câncer de mama. Para a investigação, além do exame clínico das mamas, exames de
imagem podem ser recomendados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância
magnética. A confirmação diagnóstica só é feita, porém, por meio da biópsia, técnica que
consiste na retirada de um fragmento do nódulo ou da lesão suspeita por meio de punções
(extração por agulha) ou de uma pequena cirurgia. O material retirado é analisado pelo
patologista para a definição do diagnóstico.

Tratamento

Muitos avanços vêm ocorrendo no tratamento do câncer de mama nas últimas décadas. Há
hoje mais conhecimento sobre as variadas formas de apresentação da doença e diversas
terapêuticas estão disponíveis.

O tratamento do câncer de mama depende da fase em que a doença se encontra


(estadiamento) e do tipo do tumor. Pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia,
hormonioterapia e terapia biológica (terapia alvo).

Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. No


caso de a doença já possuir metástases (quando o câncer se espalhou para outros órgãos), o
tratamento busca prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida.

ESTADIAMENTO

O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, as características biológicas do


tumor e as condições da paciente (idade, se já passou ou não pela menopausa, doenças
preexistentes e preferências).

As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em:

- Tratamento local: cirurgia e radioterapia.


- Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

Estádios I e II

A conduta habitual nas fases iniciais do câncer de mama é a cirurgia, que pode ser
conservadora (retirada apenas do tumor) ou mastectomia (retirada da mama) parcial ou total,
seguida ou não de reconstrução mamária.

Após a cirurgia, tratamento complementar com radioterapia pode ser indicado em algumas
situações. Já a reconstrução mamária deve ser sempre considerada nos casos de retirada da
mama para minimizar os danos físicos e emocionais do tratamento.

O tratamento sistêmico, após o tratamento local, será indicado de acordo com a avaliação de
risco de a doença retornar (recorrência ou recidiva) e considera a idade da paciente, o
tamanho e o tipo do tumor e se há comprometimento dos linfonodos axilares.

A mensuração (medição) dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e progesterona)


do tumor, por meio do exame de imunohistoquímica, é fundamental para saber se a
hormonioterapia pode ser indicada (tratamento de uso prolongado em forma de comprimidos
para diminuir a produção dos hormônios femininos do organismo). A informação sobre a
presença do HER-2 (fator de crescimento epidérmico 2) também é obtida por meio desse
exame e poderá indicar a necessidade de terapia biológica anti-HER-2.

Para algumas pacientes com tumores medindo entre 2,1cm e 5cm com comprometimento dos
linfonodos axilares, embora sejam entendidas como estadiamento II, pode ser considerado
iniciar o tratamento por terapias sistêmicas (quimioterapia) dependendo da imuno-
histoquímica (o chamado down stage [redução de estágio]. Essa decisão individualizada
permite que pacientes que seriam submetidas à retirada da mama e dos linfonodos axilares
possam, eventualmente, ter essas áreas preservadas.

Estádio III

Pacientes com tumores maiores que 5cm, porém ainda localizados, enquadram-se no estádio
III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das vezes, com quimioterapia) é a
opção inicial. Após a redução do tumor promovida pela quimioterapia, segue-se com o
tratamento local (cirurgia e radioterapia).

Estádio IV

Nessa fase, em que já há metástase (o câncer se espalhou para outros órgãos) é fundamental
buscar o equilíbrio entre o controle da doença e o possível aumento da sobrevida, levando-se
em consideração os potenciais efeitos colaterais do tratamento.

A atenção à qualidade de vida da paciente com câncer de mama deve ser preocupação dos
profissionais de saúde ao longo de todo o processo terapêutico.

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NOS CASOS DE CÂNCER DE MAMA

POR MARCELO DE VALÉCIO. POSTADO EM FARMÁCIA CLÍNICA - 2502

Atuação do farmacêutico nos casos de câncer de mama


O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3
milhões de casos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer
nesse contingente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que ocorrerão
66.280 casos novos da doença neste ano, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74
casos por 100 mil mulheres. Esse é o tipo de câncer mais incidente no público feminino no
País, após o câncer de pele não melanoma.

De 2018 a 2020, o número de casos de câncer de mama avançou – de 29,5% para 29,7% entre
as mulheres que tinham algum tipo de doença oncológica. Segundo o Inca, na mortalidade
proporcional por câncer em mulheres, em 2019, os óbitos por câncer de mama ocupam o
primeiro lugar no País, representando 16,1% do total. A taxa de mortalidade por câncer de
mama, ajustada pela população mundial, nesse mesmo ano, foi 14,23 óbitos/100 mil
mulheres.

dez tipos de cancer

Segundo o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Hospitalar e


Acompanhamento Oncológico no ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o
Mercado Farmacêutico, Kaléu Mormino Otoni, “ser mulher é o principal fator de risco para o
desenvolvimento de câncer de mama”. Contudo, ele lembra que há ocorrências de câncer de
mama em homens, mas as mulheres representam mais de 90% dos casos.

Em relação ao número de mortes, dados de 2017 do Inca demonstram que enquanto 16.724
mulheres perderam a vida devido ao câncer de mama, 203 homens morreram pela doença
naquele ano.

cancer de mama

Conforme o Inca, o câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com


comportamentos distintos. A heterogeneidade deste câncer pode ser observada pelas variadas
manifestações clínicas e morfológicas, diferentes assinaturas genéticas e consequentes
diferenças nas respostas terapêuticas.

“O câncer de mama é um crescimento descontrolado de células (dos lobos, das produtoras de


leite ou dos ductos, por onde é drenado o leite), que adquirem características anormais,
causadas por uma ou mais mutações no seu material genético”, explica o professor do ICTQ.

“Quando ocorrem mutações no material genético ou mais células, estas podem adquirir a
capacidade não só de se dividir de maneira descontrolada, mas também de evitar a morte
celular que seria normal no ciclo de vida de qualquer célula do organismo e de invadir tecidos
próximos. São estas células que dão origem ao câncer”, revela Otoni.

O espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui hiperplasia,


hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. Dentre esses últimos, o carcinoma
ductal infiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre 80% e 90% do total de
casos.

Segundo o Inca, o sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo,


geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda,
globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama são edema cutâneo –vermelhidão
da pele habitualmente com aparência de casca de laranja por dilatação dos poros (sinal
chamado de peau d’orange) –, retração cutânea, dor, inversão do mamilo, hiperemia,
descamação ou ulceração do mamilo e secreção papilar, especialmente quando é unilateral e
espontânea. A secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada
ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos
palpáveis na axila.

Fatores de risco

Não há uma causa única para o aparecimento do câncer de mama. Conforme o Inca, diversos
fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença – idade, fatores
endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e fatores
genéticos/hereditários.

Mulheres mais velhas, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, têm maior risco de
desenvolver câncer de mama. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias
alterações biológicas com o envelhecimento aumentam, de modo geral, esse risco.

“A faixa que tem maior incidência de câncer de mama é a das mulheres com mais de 70 anos.
Já as mulheres entre 50 e 69 anos estão na faixa intermediária. A maioria dos cânceres de
mama é diagnosticada em mulheres acima dos 55 anos. Em termos de prevenção, é preciso
agir a partir dos 45 a 50 anos, com a realização de exames e consultas”, recomenda Otoni.

O professor do ICTQ ressalva que apesar da prevalência dos casos ocorrer em mulheres mais
velhas, estudos indicam haver um aumento do número de mulheres jovens acometidas com o
câncer de mama. “A causa disso tem a ver com hábitos de vida, principalmente alimentação,
que envolve embutidos, churrascos e outros alimentos que compõem uma dieta inflamatória”.

Entre os fatores de risco ambientais e comportamentais para o câncer de mama, obesidade e


sobrepeso após a menopausa, sedentarismo e inatividade física, consumo de bebida alcoólica
(especialmente destilados) e exposição frequente a radiações ionizantes (raio-x) são os
principais.

“Estar acima do peso ou obesa após a menopausa aumenta o risco de câncer de mama, porém
o risco parece ser maior em mulheres que ganharam peso na idade adulta e não para aquelas
que sempre estiveram acima do peso desde a infância. Crescem as evidências também de que
a atividade física na forma de exercício reduz o risco de câncer de mama”, salienta Otoni.

No que se refere a fatores da história reprodutiva e hormonal da mulher, os riscos maiores


estão para quem teve a primeira menstruação antes dos 12 anos (quanto maior os ciclos
menstruais, maior a incidência de câncer de mama), não teve filhos ou a primeira gravidez
ocorreu após os 30 anos, parou de menstruar (menopausa) após os 55 anos, utilizou
contraceptivos hormonais (estrogênio, progesterona) e para quem fez reposição hormonal
pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos.

Aqui cabe uma boa notícia para as mães que amamentam, destaca o professor do ICTQ.
“Alguns estudos sugerem que a amamentação pode diminuir o risco de câncer de mama,
principalmente se for continuada por um a dois anos”.

Fatores hereditários (principalmente parentes de primeiro grau – mãe, irmã ou filha – que
tiveram a doença) e genéticos também influenciam nos casos da doença – histórico familiar de
câncer de ovário, casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos,
histórico familiar de câncer de mama em homens. Contudo, o câncer de mama de caráter
hereditário corresponde a apenas 5% a 10% do total de casos, conforme o Inca.
Também o histórico pessoal é um fator de risco importante. “Uma mulher com câncer de
mama tem o risco de desenvolver um novo câncer de mama. Isso é diferente de uma recidiva,
que exige outro tipo de tratamento. É um outro câncer que pode ter sofrido mutações com o
tratamento efetuado para o primeiro câncer. Este risco é maior para mulheres mais jovens”,
diz Otoni, lembrando que o câncer de mama inicial muito inflamatório também favorece o
aparecimento de um novo câncer de mama. Neste outro câncer será feita uma nova
abordagem no tratamento. Segundo professor, geralmente há resistências às drogas utilizadas
no primeiro câncer.

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As mulheres que fizeram radioterapia na região do tórax para outro tipo de câncer (como
Linfoma de Hodgkin ou Linfoma não Hodgkin) têm um risco significativamente aumentado de
câncer de mama. As grávidas que receberam dietilestilbestrol (DES), estrógeno não esteroide,
têm um risco ligeiramente maior de desenvolver câncer de mama.

Já os fatores genéticos estão relacionados à presença de mutações gênicas em determinados


genes. Segundo o Inca, essas mutações são mais comumente encontradas nos genes BRCA1 e
BRCA2, mas também são frequentes em outros genes como: PALB2, CHEK2, BARD1, ATM,
RAD51C, RAD51D e TP53.

“Em algumas famílias com mutações BRCA1, o risco de câncer de mama ao longo da vida chega
a 80%. Mas, em média, esse risco parece estar na faixa de 55% a 65%. Para as mutações
BRCA2, o risco é menor, cerca de 45%”, destaca Otoni, citando um caso concreto.

“Exemplo de um risco genético elevado é o da atriz Angelina Jolie, que optou por retirar as
mamas e colocar próteses profilaticamente. Ela tinha alteração do gene BRCA1 juntamente
com outros fatores que aumentava o risco para até 90% de chance de desenvolver câncer de
mama. Há controvérsias sobre a adoção desse procedimento, mas é uma forma de abordar a
questão”.

Mulheres com mamas densas têm um risco de 1,2 a 2 vezes maior de desenvolver câncer de
mama em relação àquelas com densidade média de mama. Também as mulheres
diagnosticadas com determinadas condições benignas da mama podem ter um risco
aumentado para o câncer. Em termos de raça e etnia, as mulheres brancas são ligeiramente
mais propensas a desenvolver câncer de mama do que as negras. No entanto, em mulheres
com menos de 45 anos, o câncer de mama é mais comum em mulheres negras.

Outro fator de risco envolve a exposição a determinadas substâncias e ambientes, como


agrotóxicos, benzeno, campos eletromagnéticos de baixa frequência, campos magnéticos,
compostos orgânicos voláteis – componentes químicos presentes em diversos tipos de
materiais sintéticos ou naturais, caracterizados por sua alta pressão de vapor sob condições
normais –, fazendo com que se transformem em gás ao entrar em contato com a atmosfera,
hormônios e dioxinas – compostos químicos que são poluentes orgânicos persistentes no meio
ambiente e que demoram muitos anos para serem eliminados, oriundos de subprodutos de
processos industriais e de combustão.

Segundo o Inca, profissionais que apresentam risco aumentado de desenvolvimento da doença


são os cabeleireiros, operadores de rádio e telefone, enfermeiros e auxiliares de enfermagem,
comissários de bordo e trabalhadores noturnos. As atividades econômicas que mais se
relacionam ao desenvolvimento da doença são as da indústria da borracha e plástico, química
e refinaria de petróleo.

Alguns fatores de risco para o câncer de mama estão com os estudos em andamento e ainda
não se têm em mãos resultados conclusivos. Contudo, devem ser observados
preventivamente. Entre eles, está a dieta e o consumo de vitaminas e o tabagismo. Não há
evidências concretas ainda da sua influência em novos casos de câncer de mama.

Outras pesquisas sugerem que as mulheres que trabalham à noite podem ter um risco
aumentado de desenvolver câncer de mama. Segundo o professor do ICTQ, essa é uma
descoberta relativamente recente e mais estudos são necessários para comprovar essa
questão. “Alguns pesquisadores acreditam que o efeito pode ser devido a mudanças nos níveis
de melatonina, hormônio cuja produção é afetada pela exposição do corpo à luz, mas outros
hormônios também estão sendo estudados”.

O uso de desodorantes também tem sido apontado como possível fator de risco para câncer
de mama, pois se acredita que as substâncias químicas utilizadas nesses produtos interferem
na circulação da linfa, provocando toxinas que se acumulam na mama e eventualmente podem
provocar a doença. Segundo Otoni, por enquanto, há poucas evidências de que isso possa de
fato ocorrer. Na mesma linha, rumores na internet indicam que o uso de sutiãs apertados pode
favorecer o aparecimento da doença.

Exames e tratamentos

Os principais exames utilizados para detecção do câncer de mama são a ultrassonografia,


mamografia, ressonância e a biópsia. A partir do resultado dos exames e da consulta médica se
define o estadiamento, ou seja, o grau que a doença está. “Esse estadiamento não é fixo. É o
retrato da doença no momento. É importante saber isso porque com essa informação pode-se
fazer o tratamento adequado para aquele estágio da doença e obter o prognóstico correto”,
destaca Otoni.

Tradicionalmente, o tratamento do câncer de mama se baseava em três tipos de tratamentos:


cirúrgico, quimioterápico e radioterápico. Mais recentemente surgiu o quarto tratamento, a
imunoterapia.

Na cirurgia, há cinco tipos utilizados para o câncer de mama. O primeiro deles é a


tumorectomia, que é a remoção apenas do tumor. Na quadrantectomia, é retirado o tumor,
parte do tecido normal que o envolve e o tecido que recobre o peito abaixo do tumor. Já na
mastectomia simples ou total, remove-se a mama e, às vezes, os gânglios linfáticos próximos.
Na mastectomia radical modificada, é retirada a mama, os linfonodos auxiliares e o tecido que
reveste os músculos peitorais. Por fim, na mastectomia radical, retira-se a mama, músculos do
peito, linfonodos auxiliares, gordura em excesso e pele.

A quimioterapia é o tipo de tratamento que combate o câncer por meio de drogas que inibem
a multiplicação celular, característica principal das neoplasias. Esse mecanismo de ação acaba
afetando também células saudáveis que se reproduzem rapidamente, como as responsáveis
pelo crescimento do cabelo, as de defesa do organismo e as que compõem o trato digestivo,
desencadeando reações adversas importantes.

Muitos leigos podem questionar por que o paciente não morre quando recebe a
quimioterapia. “Ele não morre por conta dos protocolos quimioterápicos, que são esquemas
terapêuticos pré-estabelecidos para cada tipo de câncer. Cada protocolo diz quais drogas serão
utilizadas, frequência de administração, doses e o período que o tratamento irá levar com o
máximo de eficácia e mínimo de prejuízo”, explica Otoni.

O professor lembra que esses protocolos visam questões de segurança e de alcance


terapêutico personalizado a cada paciente. “Não adianta memorizar drogas ou doses, é preciso
entender o contexto e a complexidade do paciente oncológico. Existem colegas na prática
clínica, principalmente no início, que são muito atrelados a drogas e doses. É preciso
compreender que o paciente é um todo”.

A radioterapia é uma opção de tratamento em mulheres com indicação específica que


atendam aos critérios como: após cirurgia conservadora da mama, para diminuir a chance da
recidiva na mama ou nos linfonodos próximos; após uma mastectomia especialmente se o
tumor tiver mais de cinco centímetros de diâmetro ou se estiver presente nos linfonodos; e se
o tumor estiver disseminado para outros órgãos, como ossos ou cérebro.

Existem modalidades de radioterapia – externa (convencional) ou a braquiterapia (técnica em


que o material radioativo é inserido no tecido mamário). “Todas as modalidades de
radioterapia apresentam reações adversas, como inchaço, alteração na pele, fragilidade dos
ossos das costelas, aumento do risco de angiossarcomas etc. A radioterapia tem como objetivo
aumentar a chances de cura e diminuir a chance de recidiva do tumor”, ressalta o professor do
ICTQ Claudinei Santana.

O tratamento do câncer de mama apresenta variadas opções farmacológicas, entre elas a


hormonioterapia e, desde o final da década de 1990, o benefício das terapias-alvo, como
anticorpos monoclonais e inibidores da tirosina quinase. “No tratamento em que são utilizados
fármacos, o farmacêutico clínico atua fortemente na monitorização da resposta ao
tratamento, reações adversas e interações medicamentosas”, diz Santana.

Já a imunoterapia é um tipo de terapia sistêmica que usa medicamentos que estimulam o


sistema imunológico a destruir as células cancerígenas de forma eficaz. Segundo o site
Oncoguia, uma parte importante do sistema imunológico consiste de sua capacidade de atacar
células normais e anormais do corpo. Para fazer isso, ele usa pontos de verificação – proteínas
nas células imunológicas que precisam ser ativadas (ou desativadas) para iniciar uma resposta
imunológica. Às vezes, as células cancerígenas no câncer de mama usam esses pontos de
controle para evitar o ataque do sistema imunológico. Os medicamentos imunoterápicos que
têm como alvo esses pontos de controle restauram a resposta imunológica contra as células
do câncer de mama.

Para todos esses tratamentos, o farmacêutico clínico é muito importante, tanto nos pacientes
que estão na vigência do tratamento intensivo, como naqueles que estão recebendo
tratamento de manutenção até o momento da alta oncológica. Também os demais
profissionais de Farmácia podem contribuir, como destaca o farmacêutico e professor da pós-
graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ, Rafael Poloni.

“O farmacêutico pode prestar cuidados essenciais aos portadores de câncer de mama e


colaborar com a prevenção desse mal. O mês de outubro, da famosa campanha outubro rosa,
é caracterizado por atenção especial à informação, diagnóstico, prevenção, tratamento e
redução das mortes pelo câncer de mama, que é o tipo de câncer que mais atinge mulheres no
Brasil”, frisa.
“Além disso, o farmacêutico deve auxiliar o paciente com o uso racional de medicamentos
para o câncer de mama. É importante orientá-lo sobre os efeitos adversos mais comuns e
como manuseá-los, para que o paciente não abandone o tratamento medicamentoso e nem o
faça incorretamente. Por exemplo, é importante alertar às pacientes de trastuzumabe do risco
de ter dores, fraqueza, febre, náusea, tosse, diarreia, vômito, entre outros efeitos, ao passo
que o pertuzumabe pode acarretar queda de cabelo, diarreia, náusea, neutropenia, fadiga,
rash cutâneo”, completa Poloni.

Tendo em vista o aumento dos tratamentos orais para os diversos tipos de cânceres, incluindo
para o câncer de mama, é fundamental a atuação do farmacêutico no que diz respeito à
atenção farmacêutica, pois a adesão ao tratamento poderá ser calculada e dessa forma
realizar uma monitorização paciente versus tratamento, a fim de que se possa alcançar uma
melhor resposta quanto ao tratamento da doença, sem esquecer da identificação prévia dos
eventos com possibilidade de melhor manejo.

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NOS


CASOS DE CÂNCER DE MAMA
POR MARCELO DE VALÉCIO. POSTADO EM FARMÁCIA CLÍNICA -  2502

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O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3


milhões de casos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por
câncer nesse contingente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que
ocorrerão 66.280 casos novos da doença neste ano, o que equivale a uma taxa de
incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres. Esse é o tipo de câncer mais incidente no
público feminino no País, após o câncer de pele não melanoma.
De 2018 a 2020, o número de casos de câncer de mama avançou – de 29,5% para 29,7%
entre as mulheres que tinham algum tipo de doença oncológica. Segundo o Inca, na
mortalidade proporcional por câncer em mulheres, em 2019, os óbitos por câncer de
mama ocupam o primeiro lugar no País, representando 16,1% do total. A taxa de
mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população mundial, nesse mesmo ano, foi
14,23 óbitos/100 mil mulheres.

Segundo o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Hospitalar e


Acompanhamento Oncológico no ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o
Mercado Farmacêutico, Kaléu Mormino Otoni, “ser mulher é o principal fator de risco para
o desenvolvimento de câncer de mama”. Contudo, ele lembra que há ocorrências de
câncer de mama em homens, mas as mulheres representam mais de 90% dos casos.

Em relação ao número de mortes, dados de 2017 do Inca demonstram que enquanto


16.724 mulheres perderam a vida devido ao câncer de mama, 203 homens morreram pela
doença naquele ano.
Conforme o Inca, o câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com
comportamentos distintos. A heterogeneidade deste câncer pode ser observada pelas
variadas manifestações clínicas e morfológicas, diferentes assinaturas genéticas e
consequentes diferenças nas respostas terapêuticas.

“O câncer de mama é um crescimento descontrolado de células (dos lobos, das produtoras


de leite ou dos ductos, por onde é drenado o leite), que adquirem características anormais,
causadas por uma ou mais mutações no seu material genético”, explica o professor do
ICTQ.

“Quando ocorrem mutações no material genético ou mais células, estas podem adquirir a
capacidade não só de se dividir de maneira descontrolada, mas também de evitar a morte
celular que seria normal no ciclo de vida de qualquer célula do organismo e de invadir
tecidos próximos. São estas células que dão origem ao câncer”, revela Otoni.

O espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui


hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. Dentre esses
últimos, o carcinoma ductal infiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre
80% e 90% do total de casos.

Segundo o Inca, o sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo,


geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda,
globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama são edema cutâneo –
vermelhidão da pele habitualmente com aparência de casca de laranja por dilatação dos
poros (sinal chamado de peau d’orange) –, retração cutânea, dor, inversão do mamilo,
hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo e secreção papilar, especialmente
quando é unilateral e espontânea. A secreção associada ao câncer geralmente é
transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos
vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila.

Fatores de risco

Não há uma causa única para o aparecimento do câncer de mama. Conforme o Inca,
diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença – idade,
fatores endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e fatores
genéticos/hereditários.

Mulheres mais velhas, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, têm maior risco de
desenvolver câncer de mama. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias
alterações biológicas com o envelhecimento aumentam, de modo geral, esse risco.

“A faixa que tem maior incidência de câncer de mama é a das mulheres com mais de 70
anos. Já as mulheres entre 50 e 69 anos estão na faixa intermediária. A maioria dos
cânceres de mama é diagnosticada em mulheres acima dos 55 anos. Em termos de
prevenção, é preciso agir a partir dos 45 a 50 anos, com a realização de exames e
consultas”, recomenda Otoni.

O professor do ICTQ ressalva que apesar da prevalência dos casos ocorrer em mulheres
mais velhas, estudos indicam haver um aumento do número de mulheres jovens
acometidas com o câncer de mama. “A causa disso tem a ver com hábitos de vida,
principalmente alimentação, que envolve embutidos, churrascos e outros alimentos que
compõem uma dieta inflamatória”.

Entre os fatores de risco ambientais e comportamentais para o câncer de mama,


obesidade e sobrepeso após a menopausa, sedentarismo e inatividade física, consumo de
bebida alcoólica (especialmente destilados) e exposição frequente a radiações ionizantes
(raio-x) são os principais. 
“Estar acima do peso ou obesa após a menopausa aumenta o risco de câncer de mama,
porém o risco parece ser maior em mulheres que ganharam peso na idade adulta e não
para aquelas que sempre estiveram acima do peso desde a infância. Crescem as
evidências também de que a atividade física na forma de exercício reduz o risco de câncer
de mama”, salienta Otoni.

No que se refere a fatores da história reprodutiva e hormonal da mulher, os riscos maiores


estão para quem teve a primeira menstruação antes dos 12 anos (quanto maior os ciclos
menstruais, maior a incidência de câncer de mama), não teve filhos ou a primeira gravidez
ocorreu após os 30 anos, parou de menstruar (menopausa) após os 55 anos, utilizou
contraceptivos hormonais (estrogênio, progesterona) e para quem fez reposição hormonal
pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos.

Aqui cabe uma boa notícia para as mães que amamentam, destaca o professor do ICTQ.
“Alguns estudos sugerem que a amamentação pode diminuir o risco de câncer de mama,
principalmente se for continuada por um a dois anos”.

Fatores hereditários (principalmente parentes de primeiro grau – mãe, irmã ou filha – que
tiveram a doença) e genéticos também influenciam nos casos da doença – histórico
familiar de câncer de ovário, casos de câncer de mama na família, principalmente antes
dos 50 anos, histórico familiar de câncer de mama em homens. Contudo, o câncer de
mama de caráter hereditário corresponde a apenas 5% a 10% do total de casos, conforme
o Inca.

Também o histórico pessoal é um fator de risco importante. “Uma mulher com câncer de
mama tem o risco de desenvolver um novo câncer de mama. Isso é diferente de uma
recidiva, que exige outro tipo de tratamento. É um outro câncer que pode ter sofrido
mutações com o tratamento efetuado para o primeiro câncer. Este risco é maior para
mulheres mais jovens”, diz Otoni, lembrando que o câncer de mama inicial muito
inflamatório também favorece o aparecimento de um novo câncer de mama. Neste outro
câncer será feita uma nova abordagem no tratamento. Segundo professor, geralmente há
resistências às drogas utilizadas no primeiro câncer.

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As mulheres que fizeram radioterapia na região do tórax para outro tipo de câncer (como
Linfoma de Hodgkin ou Linfoma não Hodgkin) têm um risco significativamente aumentado
de câncer de mama. As grávidas que receberam dietilestilbestrol (DES), estrógeno não
esteroide, têm um risco ligeiramente maior de desenvolver câncer de mama.

Já os fatores genéticos estão relacionados à presença de mutações gênicas em


determinados genes. Segundo o Inca, essas mutações são mais comumente encontradas
nos genes BRCA1 e BRCA2, mas também são frequentes em outros genes como: PALB2,
CHEK2, BARD1, ATM, RAD51C, RAD51D e TP53.

“Em algumas famílias com mutações BRCA1, o risco de câncer de mama ao longo da vida
chega a 80%. Mas, em média, esse risco parece estar na faixa de 55% a 65%. Para as
mutações BRCA2, o risco é menor, cerca de 45%”, destaca Otoni, citando um caso
concreto.

“Exemplo de um risco genético elevado é o da atriz Angelina Jolie, que optou por retirar as
mamas e colocar próteses profilaticamente. Ela tinha alteração do gene BRCA1
juntamente com outros fatores que aumentava o risco para até 90% de chance de
desenvolver câncer de mama. Há controvérsias sobre a adoção desse procedimento, mas
é uma forma de abordar a questão”.
Mulheres com mamas densas têm um risco de 1,2 a 2 vezes maior de desenvolver câncer
de mama em relação àquelas com densidade média de mama. Também as mulheres
diagnosticadas com determinadas condições benignas da mama podem ter um risco
aumentado para o câncer. Em termos de raça e etnia, as mulheres brancas são
ligeiramente mais propensas a desenvolver câncer de mama do que as negras. No
entanto, em mulheres com menos de 45 anos, o câncer de mama é mais comum em
mulheres negras.

Outro fator de risco envolve a exposição a determinadas substâncias e ambientes, como


agrotóxicos, benzeno, campos eletromagnéticos de baixa frequência, campos magnéticos,
compostos orgânicos voláteis – componentes químicos presentes em diversos tipos de
materiais sintéticos ou naturais, caracterizados por sua alta pressão de vapor sob
condições normais –, fazendo com que se transformem em gás ao entrar em contato com
a atmosfera, hormônios e dioxinas – compostos químicos que são poluentes orgânicos
persistentes no meio ambiente e que demoram muitos anos para serem eliminados,
oriundos de subprodutos de processos industriais e de combustão.

Segundo o Inca, profissionais que apresentam risco aumentado de desenvolvimento da


doença são os cabeleireiros, operadores de rádio e telefone, enfermeiros e auxiliares de
enfermagem, comissários de bordo e trabalhadores noturnos. As atividades econômicas
que mais se relacionam ao desenvolvimento da doença são as da indústria da borracha e
plástico, química e refinaria de petróleo.

Alguns fatores de risco para o câncer de mama estão com os estudos em andamento e
ainda não se têm em mãos resultados conclusivos. Contudo, devem ser observados
preventivamente. Entre eles, está a dieta e o consumo de vitaminas e o tabagismo. Não há
evidências concretas ainda da sua influência em novos casos de câncer de mama.

Outras pesquisas sugerem que as mulheres que trabalham à noite podem ter um risco
aumentado de desenvolver câncer de mama. Segundo o professor do ICTQ, essa é uma
descoberta relativamente recente e mais estudos são necessários para comprovar essa
questão. “Alguns pesquisadores acreditam que o efeito pode ser devido a mudanças nos
níveis de melatonina, hormônio cuja produção é afetada pela exposição do corpo à luz,
mas outros hormônios também estão sendo estudados”.

O uso de desodorantes também tem sido apontado como possível fator de risco para
câncer de mama, pois se acredita que as substâncias químicas utilizadas nesses produtos
interferem na circulação da linfa, provocando toxinas que se acumulam na mama e
eventualmente podem provocar a doença. Segundo Otoni, por enquanto, há poucas
evidências de que isso possa de fato ocorrer. Na mesma linha, rumores na internet
indicam que o uso de sutiãs apertados pode favorecer o aparecimento da doença.

Exames e tratamentos

Os principais exames utilizados para detecção do câncer de mama são a ultrassonografia,


mamografia, ressonância e a biópsia. A partir do resultado dos exames e da consulta
médica se define o estadiamento, ou seja, o grau que a doença está. “Esse estadiamento
não é fixo. É o retrato da doença no momento. É importante saber isso porque com essa
informação pode-se fazer o tratamento adequado para aquele estágio da doença e obter o
prognóstico correto”, destaca Otoni.

Tradicionalmente, o tratamento do câncer de mama se baseava em três tipos de


tratamentos: cirúrgico, quimioterápico e radioterápico. Mais recentemente surgiu o quarto
tratamento, a imunoterapia.

Na cirurgia, há cinco tipos utilizados para o câncer de mama. O primeiro deles é a


tumorectomia, que é a remoção apenas do tumor. Na quadrantectomia, é retirado o tumor,
parte do tecido normal que o envolve e o tecido que recobre o peito abaixo do tumor. Já na
mastectomia simples ou total, remove-se a mama e, às vezes, os gânglios linfáticos
próximos. Na mastectomia radical modificada, é retirada a mama, os linfonodos auxiliares
e o tecido que reveste os músculos peitorais. Por fim, na mastectomia radical, retira-se a
mama, músculos do peito, linfonodos auxiliares, gordura em excesso e pele.

A quimioterapia é o tipo de tratamento que combate o câncer por meio de drogas que
inibem a multiplicação celular, característica principal das neoplasias. Esse mecanismo de
ação acaba afetando também células saudáveis que se reproduzem rapidamente, como as
responsáveis pelo crescimento do cabelo, as de defesa do organismo e as que compõem
o trato digestivo, desencadeando reações adversas importantes.

Muitos leigos podem questionar por que o paciente não morre quando recebe a
quimioterapia. “Ele não morre por conta dos protocolos quimioterápicos, que são
esquemas terapêuticos pré-estabelecidos para cada tipo de câncer. Cada protocolo diz
quais drogas serão utilizadas, frequência de administração, doses e o período que o
tratamento irá levar com o máximo de eficácia e mínimo de prejuízo”, explica Otoni.

O professor lembra que esses protocolos visam questões de segurança e de alcance


terapêutico personalizado a cada paciente. “Não adianta memorizar drogas ou doses, é
preciso entender o contexto e a complexidade do paciente oncológico. Existem colegas na
prática clínica, principalmente no início, que são muito atrelados a drogas e doses. É
preciso compreender que o paciente é um todo”.

A radioterapia é uma opção de tratamento em mulheres com indicação específica que


atendam aos critérios como: após cirurgia conservadora da mama, para diminuir a chance
da recidiva na mama ou nos linfonodos próximos; após uma mastectomia especialmente
se o tumor tiver mais de cinco centímetros de diâmetro ou se estiver presente nos
linfonodos; e se o tumor estiver disseminado para outros órgãos, como ossos ou cérebro.

Existem modalidades de radioterapia – externa (convencional) ou a braquiterapia (técnica


em que o material radioativo é inserido no tecido mamário). “Todas as modalidades de
radioterapia apresentam reações adversas, como inchaço, alteração na pele, fragilidade
dos ossos das costelas, aumento do risco de angiossarcomas etc. A radioterapia tem
como objetivo aumentar a chances de cura e diminuir a chance de recidiva do tumor”,
ressalta o professor do ICTQ Claudinei Santana.

O tratamento do câncer de mama apresenta variadas opções farmacológicas, entre elas a


hormonioterapia e, desde o final da década de 1990, o benefício das terapias-alvo, como
anticorpos monoclonais e inibidores da tirosina quinase. “No tratamento em que são
utilizados fármacos, o farmacêutico clínico atua fortemente na monitorização da resposta
ao tratamento, reações adversas e interações medicamentosas”, diz Santana.

Já a imunoterapia é um tipo de terapia sistêmica que usa medicamentos que estimulam o


sistema imunológico a destruir as células cancerígenas de forma eficaz. Segundo o site
Oncoguia, uma parte importante do sistema imunológico consiste de sua capacidade de
atacar células normais e anormais do corpo. Para fazer isso, ele usa pontos de verificação
– proteínas nas células imunológicas que precisam ser ativadas (ou desativadas) para
iniciar uma resposta imunológica. Às vezes, as células cancerígenas no câncer de mama
usam esses pontos de controle para evitar o ataque do sistema imunológico. Os
medicamentos imunoterápicos que têm como alvo esses pontos de controle restauram a
resposta imunológica contra as células do câncer de mama.

Para todos esses tratamentos, o farmacêutico clínico é muito importante, tanto nos
pacientes que estão na vigência do tratamento intensivo, como naqueles que estão
recebendo tratamento de manutenção até o momento da alta oncológica. Também os
demais profissionais de Farmácia podem contribuir, como destaca o farmacêutico e
professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ,
Rafael Poloni.
“O farmacêutico pode prestar cuidados essenciais aos portadores de câncer de mama e
colaborar com a prevenção desse mal. O mês de outubro, da famosa campanha outubro
rosa, é caracterizado por atenção especial à informação, diagnóstico, prevenção,
tratamento e redução das mortes pelo câncer de mama, que é o tipo de câncer que mais
atinge mulheres no Brasil”, frisa.

“Além disso, o farmacêutico deve auxiliar o paciente com o uso racional de medicamentos
para o câncer de mama. É importante orientá-lo sobre os efeitos adversos mais comuns e
como manuseá-los, para que o paciente não abandone o tratamento medicamentoso e
nem o faça incorretamente. Por exemplo, é importante alertar às pacientes de
trastuzumabe do risco de ter dores, fraqueza, febre, náusea, tosse, diarreia, vômito, entre
outros efeitos, ao passo que o pertuzumabe pode acarretar queda de cabelo, diarreia,
náusea, neutropenia, fadiga, rash cutâneo”, completa Poloni.

Tendo em vista o aumento dos tratamentos orais para os diversos tipos de cânceres,
incluindo para o câncer de mama, é fundamental a atuação do farmacêutico no que diz
respeito à atenção farmacêutica, pois a adesão ao tratamento poderá ser calculada e
dessa forma realizar uma monitorização paciente versus tratamento, a fim de que se possa
alcançar uma melhor resposta quanto ao tratamento da doença, sem esquecer da
identificação prévia dos eventos com possibilidade de melhor manejo.

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