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Mulheres Negras no Mercado de


Trabalho: Interseccionalidade entre
Gênero, Raça e Classe Social Autoria
CLÁUDIA A...
claudia ferreira

Enanpad 2019

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XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro

Mulheres Negras no Mercado de Trabalho: Interseccionalidade entre Gênero, Raça e


Classe Social

Autoria
CLÁUDIA APARECIDA AVELAR FERREIRA - CLAUDIAHGV@GMAIL.COM
Prog de Pós-Grad em Admin – PPGA/PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Simone Costa Nunes - sinunes@pucminas.br


Prog de Pós-Grad em Admin – PPGA/PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Resumo
Considerando as diversas correntes do feminismo, o objetivo do estudo foi compreender
como a interseção entre gênero, raça e classe social influenciam a situação da mulher negra
no mercado de trabalho através de uma revisão de literatura. A mulher negra, na área de
Administração, não tem sido foco de pesquisa, o que se evidenciou a partir dos resultados
obtidos por meio de pesquisa à base Spell, em que somente dois artigos foram encontrados.
O presente estudo apresenta como contribuição ampliar a discussão sobre as mulheres negras
no mercado de trabalho, apoiando-se na interseccionalidade e simultaneamente cobre uma
lacuna na produção científica relacionada à mulher afrodescendentes no mercado de trabalho
por meio da revisão de outros artigos de áreas multidisciplinares. Este estudo apresenta, de
forma sintética, várias correntes do feminismo, buscando mostrar que a interseccionalidade é
uma categoria analítica que melhor possibilita estudar a mulher negra desde a formação
educacional e o recrutamento e a seleção, até à influência no processo de sua inclusão no
mercado de trabalho, apresentando como o sexismo, o racismo e a classe social agem contra
a mulher negra.
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro

Mulheres Negras no Mercado de Trabalho:


Interseccionalidade entre Gênero, Raça e Classe Social

RESUMO

Considerando as diversas correntes do feminismo, o objetivo do estudo foi compreender como


a interseção entre gênero, raça e classe social influenciam a situação da mulher negra no
mercado de trabalho através de uma revisão de literatura. A mulher negra, na área de
Administração, não tem sido foco de pesquisa, o que se evidenciou a partir dos resultados
obtidos por meio de pesquisa à base Spell, em que somente dois artigos foram encontrados. O
presente estudo apresenta como contribuição ampliar a discussão sobre as mulheres negras no
mercado de trabalho, apoiando-se na interseccionalidade e simultaneamente cobre uma lacuna
na produção científica relacionada à mulher afrodescendentes no mercado de trabalho por meio
da revisão de outros artigos de áreas multidisciplinares. Este estudo apresenta, de forma
sintética, várias correntes do feminismo, buscando mostrar que a interseccionalidade é uma
categoria analítica que melhor possibilita estudar a mulher negra desde a formação educacional
e o recrutamento e a seleção, até à influência no processo de sua inclusão no mercado de
trabalho, apresentando como o sexismo, o racismo e a classe social agem contra a mulher negra.

Palavras chave: Mulher afrodescendente. Raça. Mercado de Trabalho. Interseccionalidade.

1 INTRODUÇÃO

As mulheres brasileiras ainda padecem do sexismo na sociedade e, se essas forem negras


ainda se deparam com os condicionantes do racismo e da classe social no mercado de trabalho,
que as exclui desde o processo de recrutamento e seleção até a inclusão no emprego. Assim, as
mulheres negras representam um dos grupos considerado minorias e que, em decorrência, é
visto, no mercado de trabalho, com menor valor agregado.
Em se tratando da questão relacionada a gênero, há correntes do feminismo que buscam
explicar a condição da mulher negra, sendo uma dessas correntes aquela conhecida como
feminismo negro. Não obstante essa corrente constitua-se como base inicial para explicar a
questão da mulher negra na sociedade, ela não oferece o suporte necessário para explicar toda
a complexidade que tal questão envolve. Assim, para o presente estudo, buscou-se aporte na
interseccionalidade, por entendermos que ela possibilita analisar a questão da mulher negra no
mercado de trabalho considerando os atravessamentos entre gênero, raça e classe social.
Assim, este estudo parte da problematização que considera a influência da interseção
entre gênero, raça e classe social sobre as mulheres negras no mercado de trabalho, tendo sido
definido o seguinte objetivo geral: compreender como a interseção entre gênero, raça e classe
social influenciam a situação da mulher negra no mercado de trabalho.
O aporte teórico é dado pelos estudos sobre o feminismo negro, que buscou denunciar
o racismo, assim como afrontar as questões raciais sobre as relações de gênero e desconstruir a
subalternidade da mulher negra na sociedade (Spivak, 2010, Paterniani, 2015, Fernandes,
2016).
Além disso, o estudo se apoia na interseccionalidade como categoria analítica (
Crenshaw, 1993, Mariano & Carloto, 2009, Hirata, 2014, Mendes & Milani, 2016, Oliveira,
2016, Ribeiro, 2016, Conrado & Ribeiro, 2017, Ribeiro, O’Dwyer, & Herlborn,2018) por
vislumbrar os atravessamentos de classe, raça/etnia, gênero.
Para fins deste estudo, destaca-se que a interseccionalidade refere-se a opressões
cruzadas e convergentes na reprodução das desigualdades. Entendemos que ela é essencial para
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que se possa compreender as diversas facetas que permeiam a situação da mulher negra no
mercado de trabalho, o que não seria possível utilizando-se somente uma variável, nesse caso,
somente raça (Biroli & Miguel,2015).
Na construção deste estudo, considerou-se relevante definir alguns termos,
apresentando ao leitor o que entendemos como a) Mulher Negra, b) Raça, c) Gênero e, d) Classe
social:
a) Mulher Negra: é aquela de raça negra; as mulheres de cor preta ou parda, conforme
classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014);
b) Raça: vista como construção social, política e cultural e não uma entidade biológica
relacionada à classificação fenotípica (Ianni, 2004, Desouza,2017);
c) Gênero: concepção biológica, binária (homem e mulher) e simbólica até configurar-
se como uma construção sociocultural (Scott, 1990) entrelaçada nas relações sociais entre
mulheres e homens, não obstante a significância e as consequências dependam do ponto de
vista político, cujas regras não são claras (Stolcke, 1991, García, 2015);
d) Classe social: forma de estratificar o poder dentro de uma comunidade (Weber, 1974).
Stolcke (1991) e Aguiar (2007) destacam que as construções teóricas devem abarcar
essas diferenças, principalmente a racial, partindo de gênero devido ao fato de o racismo dividir
a identidade e as experiências de gênero, e em como a classe é formada por gênero e raça.
Ressalta-se que a articulação epistemológica de sexo e raça busca englobar homens brancos e
negros e mulheres brancas e negras nos estudos no Brasil, sem focar nas diferenças e sim
explicar as desigualdades no ambiente de trabalho como salários e maior desemprego.
Em acréscimo, outros termos que permeiam a discussão neste artigo são definidos a
seguir, de forma a mostrar maior clareza. São eles: a) Sexismo, b) Racismo e, c) Discriminação:
a) Sexismo: atitude preconceituosa que ocasiona a discriminação fundamentada nas
diferenças de sexo, o que comumente gera uma reação de ideias milenares e estereotipadas do
que seria o feminino e o masculino em nossa sociedade (Albernaz & Longhi, 2009);
b) Racismo: “crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela relação
intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e o cultural” (Munanga, 2003,
p. 24);
c) Discriminação: “tratamento injusto de alguém por causa das características distintivas
existentes” (Abugu & Jerry,2018, p. 35).
Sem a pretensão de esgotar todas as fontes de dados, mas com vistas a oferecer subsídios
para reflexão e debate, entendemos que este estudo contribui para ampliar a discussão sobre a
mulher negra no mercado de trabalho tendo em conta a complexidade que permeia o tema, que
envolve nuances que vão além das questões de raça, o que nos levou a optar por uma reflexão
que considera a interseccionalidade entre a raça, o gênero e a classe social. Além disso, essa
pesquisa busca contribuir para minimizar a lacuna na produção cientifica na área de
Administração, relacionada à mulher negra no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada na
base Scientific Periodicals Eletronic Library (Spell), que conta com a produção nacional da
área de Administração, no mês de maio/2019, foram encontrados somente dois artigos
abordando essa temática. Um deles é o artigo de Lage e Desouza (2017) cujo título é Da Cabeça
aos Pés: racismo e sexismo no ambiente organizacional. O Outro artigo, de Rezende, Mafra e
Pereira (2018), tem como título Empreendedorismo Negro e Salões Étnicos: Possibilidades de
Resistências na (Re)Construção Social da Identidade Negra.
Ressalta-se que, para a realização da referida pesquisa nessa base de periódicos
científicos foram utilizados os seguintes termos de busca: negra(s), afrodescendente(s),
mulher(es) negra(s). Foram aplicados filtros de busca, tendo sido considerados o título e as
palavras-chave. No filtro título foi encontrado o artigo dos autores Rezende et al. (2018) e nas
palavras-chave foi descoberto o artigo dos autores Lage e Desouza (2017), relacionado ao
mercado de trabalho.
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Este artigo se apresenta em três seções sendo a primeira esta introdução, seguida do
referencial teórico constituído dos temas Mulher Negra no Mercado de trabalho e Interseção
entre Gênero, Raça e Classe social e por último e não menos importante as considerações finais
seguida das referências.

2 A MULHER NEGRA NO MERCADO DE TRABALHO

Segundo Davis (2016), nos Estados Unidos da América, as mulheres negras, mais do
que as brancas, sempre trabalharam na esfera externa, ou seja, fora de casa. Assim, o espaço
externo constitui-se, desde o advento da escravidão, o grande espaço de trabalho da mulher
negra. No sistema escravista, a mulher negra era uma trabalhadora em tempo integral para seu
dono e raramente esposa, mãe e dona de casa. Nesta condição, o dono via as escravas conforme
a conveniência do momento: quando lucrativa ele as explorava, como se elas fossem homens,
logo, desconsiderando a questão de gênero; em outros contextos, as negras eram exploradas,
punidas, reprimidas aos modos próprios à situação de fêmea. Mesmo assim, elas não eram
poupadas dos açoites, dos estupros e das mutilações. Frente a esse histórico, fica evidente que
as escravas negras transmitiram para sua descendência feminina nominalmente livre, “um
legado de trabalho duro, perseverança e autossuficiência, um legado de tenacidade, resistência
e insistência na igualdade sexual, para uma nova mulher” (Davis, 2016, p.41). As mulheres
afrodescendentes americanas sofrem o sexismo e o racismo no contexto do trabalho e estes
configuram-se barreiras para promoção e crescimento na trajetória profissional (Beckwith,
Carter, & Peters, 2016).
Já no Brasil, segundo Bento (1995), Abramo (2006) e Bruschini (2007) as mulheres
negras percebem menores salários e estão lotadas em ocupações especificas, como também, em
atividades com menores salários e condições laborais precárias. Assim sendo, Bento (1995)
destaca que as mulheres estão mais vulneráveis no mercado de trabalho e, além disso, suas
especificidades não tangenciam de forma geral todas as mulheres, pois as mulheres negras se
deparam, desde cedo, com barreiras nos processos de seleção, na promoção para cargos de
chefia e direção, e na mobilidade profissional, mesmo aquelas que investiram mais em educação
e qualificação.
Ainda, ressalta-se a presença maciça da mulher negra no trabalho doméstico, desde
pequena (Bento, 1995), o que levou algumas delas, segundo Ribeiro (2016) e Conrado &
Ribeiro (2017), por meio desse tipo de trabalho, a se tornaram membros honorários da família,
não obstante a sua consciência quanto à sua condição racial.
Em termos de ocupação no Brasil nas atividades que dependem de elevada qualificação,
não predomina a mão-de-obra negra (homens ou mulheres) devido ao fato de a maioria ter baixa
qualificação. Não obstante, houve crescimento de mulheres negras nas seguintes áreas:
administração pública, comércio, serviço social e outras atividades que exigem determinado
grau de qualificação. Esse crescimento, no entanto, não reduziu a desigualdade no longo prazo
(Comin, 2015).
Os autores Machado Júnior, Bazanini e Mantovani (2018) e Paim e Pereira (2018)
ressaltam que somente através do acesso à educação que a população negra tem chances de
conseguir sua inclusão no mercado de trabalho e diversificar o ambiente de trabalho. Os
principais fatores de discriminação salarial em termos de raça são decorrentes dos retornos de
educação, experiência e profissão sem regulação, como o trabalho autônomo e sem carteira de
trabalho assinada (Frio & Fontes, 2018).
O racismo é uma forma de excluir os negros de ter boa formação educacional,
necessitando para tanto de políticas sociais, como a lei de reserva de cotas, para adentrar ao
curso superior (Machado Júnior et al., 2018, Rosa, 2018, Silva, 2018).
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No que diz respeito às organizações, a mobilidade pode ser comprometida com o


discurso meritocrático e que desconsidera as condições de desigualdade como as sociais,
emocionais, morais e econômicas. Como exemplo, pode ser citada a interferência de tais
condições no desempenho de gestores negros, sejam eles homens ou mulheres, que não
possuem o capital cultural comparável ao de um gestor branco (Souza & Dias, 2018).
No trabalho realizado por Soares, Santos e Virgens (2017), a problemática racial emerge
na instituição estudada, não como propulsora de conflitos entre as pessoas, mas, como meio de
promover uma ampla discussão sobre a inserção das mulheres negras no mercado de trabalho,
considerando os instrumentos e a capacitação técnica, que são valorizadas no mercado de
trabalho.
DeSouza (2019) corrobora Machado Júnior et al. (2018), Rosa (2018) e Silva (2018) ao
enfatizar que os aspectos raciais ficam diminuídos frente à questão da classe social. Isso
significa dizer que raça acaba por ser resumida a classe social. Como consequência tem-se que,
a redução de raça a classe social favorece a negação do racismo estrutural, que ocasiona as
desigualdades tendo em vista a existência do mito da democracia racial (DeSouza,2019).
Percebe-se que houve evolução na presença das mulheres em atividades ditas
masculinas, que são mais valorizadas que as atividades femininas, porém, as mulheres não
predominam em tais atividades. Também, verifica-se que as mulheres possuem maior grau de
instrução que não é, no entanto, acompanhado pelo movimento dos salários. No caso da mulher
negra, outras questões se somam a essas. Elas se deparam com desafios que dizem respeito a
alcançar os mesmos níveis de educação e terem a mesma mobilidade laboral alcançados pela
mulher branca. Logo, aos desafios enfrentados pelas mulheres em geral, somam-se outros, com
os quais as mulheres negras fazem face.
No que se refere ao racismo brasileiro, verifica-se que é oriundo da violência contra a
mulher negra no Brasil Colônia, pelo homem branco, e, também tem origem nas consequências
geradas pela miscigenação (Carneiro,1995, Costa, 2009, Conrado & Ribeiro,2017). Ele leva à
exclusão, ao conflito e à privação em todo o mundo (Ianni, 2004, Williams & Priest, 2015),
impactando na inserção das pessoas no mercado de trabalho, além de deixar as mulheres negras
invisíveis na academia e no mercado de trabalho (Sansone, 1996, Ribeiro, 2008, Rosa, 2014,
Collins, 2016, DeSouza, 2017).
O racismo é um empecilho que interfere na renda e, consequentemente, na pobreza
(Mendes & Milani, 2016). Conforme Mariano e Carloto (2009), os condicionantes gênero e
raça são condutores das desigualdades sociais, e nas classes mais baixas há maior prevalência
de mulheres negras. A pobreza decorre de menor renda, e ocasiona baixa escolaridade, maior
índice de famílias monoparentais (família formada somente pelo pai ou mãe e descendentes),
segundo afirmam Costa e Marra (2013). Por isso, conforme ressalta Aguiar (2007), a pobreza
tem cor, ou seja, decorre de uma barreira tênue entre raça e classe.
Destaca-se que, com a elevada imigração de negros para o Brasil ocorreu o processo de
miscigenação entre negros, brancos e também índicos brasileiros, gerando o mulato, o cafuzo,
o caboclo, o mameluco, o pardo e dezenas de outros tipos, que são carregados de preconceitos
advindos da sociedade brasileira. (Aguiar, 2007, Pena & Bortolini, 2004). Assim, a
discriminação evidencia-se tendo em vista o preconceito, os estigmas e os estereótipos, o que
gera impacto no desenvolvimento socioeconômico.
Dado esse cenário e voltando a questões que tangenciam as mulheres negras, ressalta-
se que elas têm maior prevalência nas classes mais baixas (Mariano & Carloto, 2009, 2013,
Conrado & Ribeiro, 2017); atuam, frequentemente em trabalhos precários, com predominância
na esfera doméstica (Mariano & Carloto, 2009, Hirata, 2014, Kergoat, 2016); recebem os
menores rendimentos (Bento, 1995, Mariano & Carloto, 2009, 2013, Zamora, 2012); e, são as
que se encontram em situação mais elevada em termos de desemprego (Goffman, 2004,
Zamora, 2012).
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Outra questão limitante para as mulheres negras, e que cabe aqui destacar, é a formação
de sua identidade, que sofre segmentações que hierarquizam determinados grupos
(Corrêa,1996). Quanto mais proeminente o fenótipo caracterizado pela cor da pele, o formato
do nariz, a espessura dos lábios e principalmente dos cabelos, maior a ideologia do racismo e a
limitação de acessibilidade social e econômica (Rezende et al., 2018, Candler, 2015,
Guimarães, 1995). Não obstante, o cabelo na última década tem sido ressignificado pelas
mulheres e pelos grupos de interesse como forma de construção da identidade negra no que
tange ao consumo e também como forma de resistência política racial. O cabelo crespo, antes
visto como uma marca de inferioridade racial, agora é um nicho de mercado de cosméticos afro,
porém, fora do mercado, no contexto social, ainda é considerado um estigma (Gomes & Duque-
Arrozola, 2019).
Esta hierarquização em segmentações de tonalidade da cor da pele do negro no Brasil
influencia na aceitação ou negação em determinados postos de trabalho e no acesso à educação.
Os pretos têm menores chances de adentrar a universidade enquanto os pardos possuem chances
similares aos brancos e amarelos. As mulheres, independentemente da cor, e de forma similar
aos homens negros, recebem rendimentos menores, mesmo possuindo o mesmo diploma que
os homens brancos (Ribeiro & Schlegel, 2015).
Para minimizar a desigualdade racial nas organizações é necessário compreender as
relações entre os atores sociais negros e brancos, homens e mulheres facilitando a triangulação
entre visões, opiniões e perspectivas para construir relações menos preconceituosas e mais
sustentáveis no mercado de trabalho (Souza, 2014). A fim de ilustrar essa questão da
desigualdade, recorre-se ao estudo de Maia et al. (2018), que identificou que o homem branco
apresentou maior vantagem e a mulher negra maior desvantagem em termos de desigualdade
salarial na região sul do Brasil, no período de 2002 a 2013, afora a discriminação e os menores
níveis de escolaridade e experiência, além da maior segregação ocupacional e geográfica,
quando comparados aos demais grupos.
A aplicação da gestão da diversidade demográfica nas empresas em relação gênero,
raça, idade, escolaridade e status tem sido enfatizada e deve ser bem articulada nos intergrupos,
fortalecendo a homogeneidade e a indiferença da cor, evitando-se assim, preconceito e
discriminação no contexto de trabalho devido a conflitos (Christian, Porter, & Moffitt, 2006,
Podsiadlowski, Gröschle, Kogler, Springer, & Van Der Zee,2013, Abugu & Jerry,2018).
Verifica-se que um dos desafios concernentes ao trabalho refere-se à equidade salarial
e ao respeito no processo de inserção dessas mulheres no mercado de trabalho, que são
prejudicadas pelos estigmas que decorrem da influência da colonialidade, dos quais precisam
se desvencilhar passando a assumir o papel de sujeitos/indivíduos na sociedade e sendo
respeitadas pelos contratantes e colaboradores no cenário em que forem inseridas. Enfim, a
mulher de raça negra é mais discriminada que a branca devido à origem da formação de sua
identidade nacional e cultural, além da negação do racismo, mesmo em se tratando de um país
cuja maioria é da raça negra. Não obstante as dificuldades, é preciso que as mulheres negras
busquem maior nível de educação formal e outras competências conforme a necessidade do
mercado como idiomas, destreza em tecnologia e desenvolvam a competência comportamental,
tenham autoestima e, também, denunciem os casos de racismo, de forma a propiciar a
ampliação do debate sobre o tema. Assim, acredita-se que o mito da democracia racial brasileira
possa ser desconstruído.

3 INTERSEÇÃO DE GÊNERO, RAÇA E CLASSE SOCIAL

Gênero, raça e classe social são considerados marcadores sociais da diferença


(Moutinho, 2014, Silva & Silva, 2018). Assim, e diante do exposto na seção anterior, verifica-
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se a interseccionalidade entre os três – gênero, raça e classe social – no que diz respeito à
situação da mulher negra no Brasil que, além disso, sofre mais com o racismo estrutural do que
os homens negros devido a considerações estéticas (Carmo, Mesquita, Joaquim, & Andrade,
2016, Lage, Perdigão, Pena, & Silva, 2016, Castro, Gonzaga, Lino, & Mayorga, 2017, Lage &
DeSouza, 2017) e à hierarquização da identidade do negro (Corrêa,1996).
De acordo com Piscitelli (2012),

[...] a categoria “interseccionalidade” [...] alude à multiplicidade de diferenciações


que, articulando-se a gênero, permeiam o social. [...] Segundo Crenshaw, as
interseccionalidades são formas de capturar as consequências da interação entre duas
ou mais formas de subordinação: sexismo, racismo, patriarcado. Essa noção de
interação entre formas de subordinação possibilitaria superar a noção de superposição
de opressões. Por exemplo, a ideia de que uma mulher negra é duplamente oprimida
(Piscitelli, 2012, p. 199-202).

As mulheres brasileiras se deparam, no mercado de trabalho formal, com algumas


barreiras como o sexismo e o racismo (DeSouza, 2017, Lage & Desouza,2017), que tangenciam
suas vidas. No entanto, a mulher negra padece ainda mais do que a mulher branca tendo em
vista o atravessamento da classe social, que dificulta o seu acesso à educação superior e a
obtenção de um emprego, pela situação financeira da sua família (Castro & Abramovay, 2002,
Mariano & Carloto, 2009, Zamora, 2012, Baptista, Bandeira, & Souza, 2018). Além disso, há
possibilidade de exclusão no processo seletivo para emprego, que decorre da cor da sua pele
(Paim & Pereira, 2018).
Segundo Hirata (2014), a base central da epistemologia feminista perante as definições
vigentes de neutralidade, objetividade, racionalidade e universalidade da ciência, não focalizava
em si um consenso de visão das pessoas de ambos os sexos e se tornou uma ciência
desenvolvida pelo sexo dominante, ou seja, homens ocidentais detentores de poder, e que não
reflete os interesses das mulheres.
As relações sociais de classes apresentam uma tendência em demonstrar que as
desigualdades sociais decorrem de um fenômeno natural, levando ao debate do porquê de as
diferenças sexuais e raciais, pareadas com a diferença de classe, acabam reproduzindo a
opressão das mulheres em geral e as diferenças entre elas nessa sociedade de classe. Não
obstante, as desigualdades sociais são apontadas nas sociedades de classes e legitimadas por
representações, que na verdade não as legitima em sua raiz, devido às diferenças naturais e aos
detentores do poder. Pondera-se que o movimento feminista, visto como categoria social
indiferenciada, originado pela mulher branca, não representa em si o feminismo negro no que
diz respeito a suas causas, formas de opressão e interesses (Stolcke, 1991).
Assim, um dos aportes teóricos do feminismo que contribuem para o estudo das
mulheres negras, é o feminismo negro, por ter buscado trazer a condição de raça-etnia para as
discussões de gênero. Também, é a partir do feminismo negro norte-americano que se inicia a
formulação da interseccionalidade, uma vez que a luta das feministas brancas, universitárias,
heterossexuais, de classes média e média-alta não representavam os interesses das mulheres
negras, que estavam em situação de desigualdade em relação as mulheres brancas, o que levou
ao rompimento do silêncio das mulheres negras (Spivak,2010, Cisne, 2014, Paterniani,2015,
Rosa, 2016, Silva, Magro & Silva, 2016).
O feminismo negro buscou articular as questões raciais com as relações de gênero e dar
visibilidade à mulher negra (Spivak, 2010, Paterniani, 2015, Fernandes, 2016). Uma das formas
utilizadas pelas mulheres para ganhar visibilidade na sociedade foi a identidade política, sendo
considerada uma forma de pressão sobre as concepções dominantes de justiça social, pois raça,
gênero e outras categorias identitárias têm suportado, há décadas, a violência e a exclusão,
permanecendo à margem dos discursos liberais (Crenshaw, 1993).
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O feminismo negro tem se ocupado das seguintes questões: a equidade no mercado de


trabalho entre as mulheres brancas e negras; a legalização e descriminalização das drogas; o
genocídio e o aprisionamento do povo negro; a eliminação da discriminação sexual; o
hipersexualismo e mercantilismo do corpo negro; a solidão da mulher negra; a apropriação
estética e cultural; o reconhecimento das formas culturais de resistência negra e o resgate da
identidade negra; o completo acesso à saúde, educação e segurança; a intolerância religiosa; e,
a valorização das regiões de matriz africana (Fernandes, 2016, Silva & Santos, 2016).
Como o feminismo negro não comporta em sua totalidade a questão da mulher negra no
mercado formal de trabalho no Brasil, devido a relações complexas e múltiplas (Biroli &
Miguel, 2015), buscou-se apoio, para fins deste estudo, na interseccionalidade, entendida como
categoria analítica, por vislumbrar os atravessamentos de classe, raça-etnia, gênero, geração
dentre outros.
A interseccionalidade, à luz de Hirata, é uma proposta para “levar em conta as múltiplas
fontes de identidade”, embora não tenha a pretensão de “propor uma nova teoria globalizante
da identidade” (Hirata, 2014, p.62). Bilge (2009, p.70), por sua vez, apresenta a
interseccionalidade indo além da tríade convencional – gênero, raça e classe:

A interseccionalidade remete a uma teoria transdisciplinar que visa apreender


a complexidade das identidades e das desigualdades sociais por intermédio de
um enfoque integrado. Ela refuta o enclausuramento e a hierarquização dos
grandes eixos da diferenciação social que são as categorias de sexo/gênero,
classe, raça, idade, etnicidade, deficiência, e orientação sexual (Bilge, 2009,
p.70).

A interseccionalidade apresenta uma linearidade de análise com consubstancialidade


(Kergoat, 2010, Crenshaw, 1993), devido às nuances contraditórias, reafirmando-se na teoria
crítica em estudos feministas voltadas a raça e sexo/raça e gênero, articulando a luta feminista
ao combate a outras formas de opressão cuja ênfase baseia-se nas diferenças entre as mulheres
(Crenshaw, 1993, Hirata, 2014, Conrado & Ribeiro, 2017) configurando-se na tríade
convencional de pesquisa desse constructo (Jones, Mistra & Mccurley, 2013, Conrado &
Ribeiro, 2017), e outros estudos com o tema abordam status sociais, incluindo a sexualidade,
religião, etnia e idade. Discute-se ainda identidades versus classes e subversão versus
emancipação (Kergoat, 2016), isto devido à abordagem analítica do tema interligado as relações
de poder. Assis (2018) relaciona a interseccionalidade com o racismo institucional e direitos
humanos, demonstrando a ampla gama de estudos que podem utilizar esta categoria analítica.
Lisboa (2003, p.19) afirma que “[...] as relações de desigualdade e iniquidade entre os
gêneros são produtos da ordem social dominante e que as múltiplas opressões de classe, raça,
etnia, geração que se exercem sobre a mulher configuram uma superposição de domínio.”
Percebe-se que há inter-relação entre classe, gênero e raça na desigualdade social e que
as próprias organizações criam a desigualdade por meio de práticas e processos interconectados,
dando continuidade à desigualdade social e, por isso, as organizações são consideradas um local
crítico e complexo (Acker, 2006). Em complemento, Ribeiro (2016) diz que a intersecção entre
raça, classe e gênero não significa que uma tem prioridade sobre a outra em relação à opressão
e sim, que as três categorias são indissociáveis na sociedade, pois elas se atravessam e
potencializam a opressão e a desigualdade.
Segundo Acker (2006) a desigualdade de classe distingue-se através da acessibilidade a
recursos e meios de produção, fixando um distanciamento social entre os grupos com mais
recursos e aqueles com menos recursos, sendo essa desigualdade transparente, de fácil
percepção e legitimada, contrapondo-se às desigualdades de gênero e raça, que permanecem
continuamente silenciadas. Por isso, as pesquisas sobre desigualdade e dominação devem

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ponderar, no mínimo, o atravessamento de raça, gênero e classe (Acker, 2006), pois são
construtos interconectados na produção da desigualdade (Mariano & Carloto, 2013).
Acker (2006) pesquisou sobre regimes de desigualdades nas organizações, partindo da
associação entre processos e práticas que promovem a manutenção das relações de
desigualdades presentes entre os empregados e demostrou que neste contexto as práticas são
perspicazes para gerar processos e ações para manter a desigualdade existente. Os processos
organizacionais que produzem desigualdades são:
a) requisitos gerais do trabalho: a estética e o idealizado é o homem branco
completamente comprometido com o trabalho. Por isto, a diferença hierarquizada entre homens
e mulheres, pois as mulheres têm mais obrigação com a família;
b) hierarquia: as tarefas são propositalmente distribuídas para fixar uma hierarquia de
funções e por isto, as mulheres sempre foram prevalentes em trabalhos em áreas com funções
como secretárias e prestadoras de serviço, e estas funções não apresentam divergências em
relação à remuneração. As desigualdades aparecem nos cargos de poder, como de chefes e
supervisores que recebem todo mérito pelo resultado alcançado, como promoções e benefícios
de remuneração;
c) recrutamento e seleção são bem delineados em conformidade com gênero e raça e
servem como base para os novos empregados;
d) determinação de salários e práticas de supervisão: é através da separação de classes,
como gestores e trabalhadores, gerando categorias de empregados com salários diferenciados e
até mesmo empregados realizando tarefas não remuneradas;
e) interações informais durante a execução do trabalho: tanto as interações e
comportamentos são atingidos pelos construtos raça, gênero e classe social, demonstrando a
invisibilidade da desigualdade.
O Relatório Cepal (2019) apresenta desafios na América Latina e no Caribe no ano de
2018 demonstrando a permanência de um problema histórico e estrutural que é a desigualdade
que se mantém ativa e reproduzida, mesmo em situações de crescimento econômico, sendo essa
desigualdade superior à encontrada na África Subsaariana. Isto impossibilita o
desenvolvimento, a erradicação da pobreza, a expansão da cidadania e o exercício dos direitos.
Em termos de mercado de trabalho há uma segmentação horizontal e baixa participação
feminina em todos os setores da economia. As mulheres são mais prevalentes na área do
cuidado como educação, saúde, assistência social e no emprego doméstico. Ainda, é destacado
nesse Relatório, que a revolução tecnológica é um avanço que pode desencadear maior
dificuldade a determinados postos de trabalho, aumentando a exclusão de gênero em setores
específicos.
Segundo Crenshaw (2002) é perceptível que os problemas e dificuldades de diversos
grupos de mulheres podem funcionar no sentido de obscurecer ou de negar a proteção dos
direitos a que todas fazem jus. Mas, as mulheres estão subordinadas à discriminação de gênero,
além de outros fatores como classe, raça, casta, cor, etnia, religião, nacionalidade, orientação
sexual que são “diferenças que fazem diferenças” (Crenshaw, 2002, p.173) na forma que os
diversos grupos de mulheres vivenciam a discriminação. E, a associação de outros fatores de
subordinação levam a outras formas de discriminação como a composta, cargas múltiplas ou
dupla ou tripla discriminação, sendo que muitas vezes estas subordinações são invisíveis. Sob
tal perspectiva, a interseccionalidade captura as consequências estruturais e dinâmicas da
sociedade entre dois ou mais fatores a que as mulheres estão sujeitas. As mulheres negras,
normalmente encontram-se posicionadas em uma situação em que o racismo ou a xenofobia, a
classe e o gênero se encontram e criam desigualdades básicas (Creshaw, 2002).
As sociedades, perante os movimentos dinâmicos, e por meio das fronteiras
internacionais, não têm condições de serem homogêneas, portanto, não há como ficarem imunes

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ao racismo ou à intolerância correlatos. A força de interação do racismo com outras


intolerâncias, associadas ao sexismo, permanece continuamente ativa (Creshaw, 2002).
Ressalta-se que este estudo optou por considerar a interseccionalidade a partir do
feminismo negro devido ao fato de que outras correntes do feminismo não contemplam a
mulher negra no mercado de trabalho, conforme as seguintes justificativas: a) o feminismo
liberal fundamenta seus conceitos no liberalismo e no neoliberalismo com a premissa de
mudanças coletivas e a conquista de direitos, inicialmente, em nível individual ou por meio da
representação social e política, visando à equidade sexual ou justiça de gênero, de forma que as
mulheres possam ter autonomia e serem julgadas por seus méritos (Calás & Smircich, 2012),
portanto estende-se a todas as mulheres, sem atentar às especificidades de representação social
de mulher; b) o feminismo decolonial configura-se como uma forma de resistência e produção
de mudanças em relação aos negros e às negras da fase colonial, desnaturalizando os processos
de exclusão no mercado de trabalho e na sociedade (Raul, 2016); c) o feminismo pós-colonial
critica o feminismo que isola gênero das outras formas de opressão (Bahri, 2013, Fernandes,
2016, Rosa, 2016). Rea (2017) e Bahri (2013) enfatizam a ausência de representatividade da
mulher negra na academia e retoma as bases da formação da mulher brasileira ao buscar mostrar
que as mulheres negras conseguiram se desvencilhar da senzala, possuem poder de fala, mas
encontram-se em condição diferente da mulher branca, em diversos aspectos, incluindo o que
tange ao acesso ao mercado de trabalho; d) o feminismo Marxista considera que a classe é a
determinante das diversas formas de opressão sofridas pelas mulheres, e enfatiza que a classe
dominante explora a mulher da classe trabalhadora; e) o feminismo psicanalítico relaciona as
questões clínicas, conectando-as com o mundo, é a pessoa em sua totalidade e seu modo de
comunicar com o mundo, sendo o gênero a base do sistema social de dominação masculina; f)
o feminismo social é influenciado pelas abordagens marxista/radical e psicanalítica, e considera
gênero como construção social e reconhece a interseccionalidade de sexo, raça, ideologia e
experiências opressoras sob o patriarcado e o capitalismo; e, g) o feminismo pós-estruturalista
ou pós-moderno envolve três abordagens – o feminismo francês, que aborda a dominação
masculina de Jacques Lacan e de Jacques Derrida, a Teoria de Foucault sobre poder e
conhecimento e a interseccionalidade entre corpo, discursos e práticas, e a abordagem pós-
moderna, que busca relacionar a constituição do feminismo e seus efeitos negativos na
desconstrução a imagem (Calás & Smircich, 2012).
Assim, reforça-se aqui, para fins de justificativa das escolhas feitas para direcionar a
discussão proposta, a relevância da interseccionalidade para entendimento do fenômeno em
questão. Para Conrado e Ribeiro (2017) a interseccionalidade é uma categoria analítica que tem
o propósito de originar um projeto epistemológico com posição determinada e estender o
conhecimento dando o significado sociológico a partir das experiências vividas. De acordo com
Pinsky (2009), as mulheres passaram a ser sujeito da história na década de 1970 por meios das
indagações das feministas e pelas mudanças que ocorriam na historiografia como as temáticas
sobre família, sexualidade, representações, cotidiano, grupos considerados excluídos pela
sociedade. Uma nova práxis nas representações de gênero está presente e sendo construída,
reproduzida e contestada no mercado de trabalho, nas opções individuais e coletivas e em outras
instituições.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo foi fazer uma discussão teórica que contempla a mulher negra no
mercado de trabalho interseccionada por gênero, raça e classe social. A mulher negra, na área
de Ciências Sociais Aplicadas/Administração, no Brasil, não tem sido foco de pesquisa, tendo

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sido encontrados somente dois artigos na base Spell. Portanto, a mulher negra não tem recebido
reconhecimento e está ausente dos estudos na Administração.
O sexismo e o racismo são vetores para as maiores desigualdades sociais no Brasil. A
situação da mulher negra depara-se com mais uma condicionante: a questão da classe social,
colocando-a em situação de vulnerabilidade na inserção no mercado de trabalho. As mulheres
negras são consideradas minorias e, nos estudos organizacionais que as consideram, a discussão
está atrelada à diversidade nas organizações, não sendo dado a elas maior importância. As
mulheres negras são oprimidas e estão em desvantagem em relação a outras mulheres. Elas
precisam ser sujeitas e vencer a normalização dos modelos vigentes passando a ter visibilidade
e oportunidade de mostrar seu potencial, vencendo o preconceito e a discriminação. A cor da
pele é um estigma para pessoas negras cujo dinheiro e oportunidade educacional não ameniza
sua condição. Assim, entende-se que o estudo se justifica por possibilitar fomentar novos
trabalhos buscando a valorização dessas mulheres.
O presente estudo visa a oferecer subsídios para reflexão e orientação para discussões
futuras sobre a mulher negra no mercado de trabalho, apoiando-se na interseccionalidade.
Simultaneamente, ele espera contribuir com a redução de uma lacuna na produção cientifica
nacional, na área de Administração, ao relacionar a mulher negra no mercado de trabalho por
meio de outros artigos de áreas multidisciplinares.
Diante as demais correntes do feminismo, a interseccionalidade é uma categoria
analítica que melhor possibilita estudar a mulher negra desde a formação educacional e o
recrutamento e a seleção, até à influência no processo de sua inclusão no mercado de trabalho,
apresentando como o sexismo, o racismo e a classe social agem contra a mulher negra.

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