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Ferreira & Nunes (2019) - Mulheres Negras No Mercado de Trabalho Interseccionalidade Entre Gênero, Raça e Classe Social
Ferreira & Nunes (2019) - Mulheres Negras No Mercado de Trabalho Interseccionalidade Entre Gênero, Raça e Classe Social
Enanpad 2019
Raça, Racismo e Promoção da Igualdade Racial no Brasil: uma agenda para pesquisa e para in…
Tat iana Silva, Suylan D A Midlej
GESTÃO PÚBLICA NA ZONA DO NÃO SER: POLÍT ICAS PÚBLICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL …
Tat iana Silva
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
Autoria
CLÁUDIA APARECIDA AVELAR FERREIRA - CLAUDIAHGV@GMAIL.COM
Prog de Pós-Grad em Admin – PPGA/PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Resumo
Considerando as diversas correntes do feminismo, o objetivo do estudo foi compreender
como a interseção entre gênero, raça e classe social influenciam a situação da mulher negra
no mercado de trabalho através de uma revisão de literatura. A mulher negra, na área de
Administração, não tem sido foco de pesquisa, o que se evidenciou a partir dos resultados
obtidos por meio de pesquisa à base Spell, em que somente dois artigos foram encontrados.
O presente estudo apresenta como contribuição ampliar a discussão sobre as mulheres negras
no mercado de trabalho, apoiando-se na interseccionalidade e simultaneamente cobre uma
lacuna na produção científica relacionada à mulher afrodescendentes no mercado de trabalho
por meio da revisão de outros artigos de áreas multidisciplinares. Este estudo apresenta, de
forma sintética, várias correntes do feminismo, buscando mostrar que a interseccionalidade é
uma categoria analítica que melhor possibilita estudar a mulher negra desde a formação
educacional e o recrutamento e a seleção, até à influência no processo de sua inclusão no
mercado de trabalho, apresentando como o sexismo, o racismo e a classe social agem contra
a mulher negra.
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
que se possa compreender as diversas facetas que permeiam a situação da mulher negra no
mercado de trabalho, o que não seria possível utilizando-se somente uma variável, nesse caso,
somente raça (Biroli & Miguel,2015).
Na construção deste estudo, considerou-se relevante definir alguns termos,
apresentando ao leitor o que entendemos como a) Mulher Negra, b) Raça, c) Gênero e, d) Classe
social:
a) Mulher Negra: é aquela de raça negra; as mulheres de cor preta ou parda, conforme
classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014);
b) Raça: vista como construção social, política e cultural e não uma entidade biológica
relacionada à classificação fenotípica (Ianni, 2004, Desouza,2017);
c) Gênero: concepção biológica, binária (homem e mulher) e simbólica até configurar-
se como uma construção sociocultural (Scott, 1990) entrelaçada nas relações sociais entre
mulheres e homens, não obstante a significância e as consequências dependam do ponto de
vista político, cujas regras não são claras (Stolcke, 1991, García, 2015);
d) Classe social: forma de estratificar o poder dentro de uma comunidade (Weber, 1974).
Stolcke (1991) e Aguiar (2007) destacam que as construções teóricas devem abarcar
essas diferenças, principalmente a racial, partindo de gênero devido ao fato de o racismo dividir
a identidade e as experiências de gênero, e em como a classe é formada por gênero e raça.
Ressalta-se que a articulação epistemológica de sexo e raça busca englobar homens brancos e
negros e mulheres brancas e negras nos estudos no Brasil, sem focar nas diferenças e sim
explicar as desigualdades no ambiente de trabalho como salários e maior desemprego.
Em acréscimo, outros termos que permeiam a discussão neste artigo são definidos a
seguir, de forma a mostrar maior clareza. São eles: a) Sexismo, b) Racismo e, c) Discriminação:
a) Sexismo: atitude preconceituosa que ocasiona a discriminação fundamentada nas
diferenças de sexo, o que comumente gera uma reação de ideias milenares e estereotipadas do
que seria o feminino e o masculino em nossa sociedade (Albernaz & Longhi, 2009);
b) Racismo: “crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela relação
intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e o cultural” (Munanga, 2003,
p. 24);
c) Discriminação: “tratamento injusto de alguém por causa das características distintivas
existentes” (Abugu & Jerry,2018, p. 35).
Sem a pretensão de esgotar todas as fontes de dados, mas com vistas a oferecer subsídios
para reflexão e debate, entendemos que este estudo contribui para ampliar a discussão sobre a
mulher negra no mercado de trabalho tendo em conta a complexidade que permeia o tema, que
envolve nuances que vão além das questões de raça, o que nos levou a optar por uma reflexão
que considera a interseccionalidade entre a raça, o gênero e a classe social. Além disso, essa
pesquisa busca contribuir para minimizar a lacuna na produção cientifica na área de
Administração, relacionada à mulher negra no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada na
base Scientific Periodicals Eletronic Library (Spell), que conta com a produção nacional da
área de Administração, no mês de maio/2019, foram encontrados somente dois artigos
abordando essa temática. Um deles é o artigo de Lage e Desouza (2017) cujo título é Da Cabeça
aos Pés: racismo e sexismo no ambiente organizacional. O Outro artigo, de Rezende, Mafra e
Pereira (2018), tem como título Empreendedorismo Negro e Salões Étnicos: Possibilidades de
Resistências na (Re)Construção Social da Identidade Negra.
Ressalta-se que, para a realização da referida pesquisa nessa base de periódicos
científicos foram utilizados os seguintes termos de busca: negra(s), afrodescendente(s),
mulher(es) negra(s). Foram aplicados filtros de busca, tendo sido considerados o título e as
palavras-chave. No filtro título foi encontrado o artigo dos autores Rezende et al. (2018) e nas
palavras-chave foi descoberto o artigo dos autores Lage e Desouza (2017), relacionado ao
mercado de trabalho.
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Este artigo se apresenta em três seções sendo a primeira esta introdução, seguida do
referencial teórico constituído dos temas Mulher Negra no Mercado de trabalho e Interseção
entre Gênero, Raça e Classe social e por último e não menos importante as considerações finais
seguida das referências.
Segundo Davis (2016), nos Estados Unidos da América, as mulheres negras, mais do
que as brancas, sempre trabalharam na esfera externa, ou seja, fora de casa. Assim, o espaço
externo constitui-se, desde o advento da escravidão, o grande espaço de trabalho da mulher
negra. No sistema escravista, a mulher negra era uma trabalhadora em tempo integral para seu
dono e raramente esposa, mãe e dona de casa. Nesta condição, o dono via as escravas conforme
a conveniência do momento: quando lucrativa ele as explorava, como se elas fossem homens,
logo, desconsiderando a questão de gênero; em outros contextos, as negras eram exploradas,
punidas, reprimidas aos modos próprios à situação de fêmea. Mesmo assim, elas não eram
poupadas dos açoites, dos estupros e das mutilações. Frente a esse histórico, fica evidente que
as escravas negras transmitiram para sua descendência feminina nominalmente livre, “um
legado de trabalho duro, perseverança e autossuficiência, um legado de tenacidade, resistência
e insistência na igualdade sexual, para uma nova mulher” (Davis, 2016, p.41). As mulheres
afrodescendentes americanas sofrem o sexismo e o racismo no contexto do trabalho e estes
configuram-se barreiras para promoção e crescimento na trajetória profissional (Beckwith,
Carter, & Peters, 2016).
Já no Brasil, segundo Bento (1995), Abramo (2006) e Bruschini (2007) as mulheres
negras percebem menores salários e estão lotadas em ocupações especificas, como também, em
atividades com menores salários e condições laborais precárias. Assim sendo, Bento (1995)
destaca que as mulheres estão mais vulneráveis no mercado de trabalho e, além disso, suas
especificidades não tangenciam de forma geral todas as mulheres, pois as mulheres negras se
deparam, desde cedo, com barreiras nos processos de seleção, na promoção para cargos de
chefia e direção, e na mobilidade profissional, mesmo aquelas que investiram mais em educação
e qualificação.
Ainda, ressalta-se a presença maciça da mulher negra no trabalho doméstico, desde
pequena (Bento, 1995), o que levou algumas delas, segundo Ribeiro (2016) e Conrado &
Ribeiro (2017), por meio desse tipo de trabalho, a se tornaram membros honorários da família,
não obstante a sua consciência quanto à sua condição racial.
Em termos de ocupação no Brasil nas atividades que dependem de elevada qualificação,
não predomina a mão-de-obra negra (homens ou mulheres) devido ao fato de a maioria ter baixa
qualificação. Não obstante, houve crescimento de mulheres negras nas seguintes áreas:
administração pública, comércio, serviço social e outras atividades que exigem determinado
grau de qualificação. Esse crescimento, no entanto, não reduziu a desigualdade no longo prazo
(Comin, 2015).
Os autores Machado Júnior, Bazanini e Mantovani (2018) e Paim e Pereira (2018)
ressaltam que somente através do acesso à educação que a população negra tem chances de
conseguir sua inclusão no mercado de trabalho e diversificar o ambiente de trabalho. Os
principais fatores de discriminação salarial em termos de raça são decorrentes dos retornos de
educação, experiência e profissão sem regulação, como o trabalho autônomo e sem carteira de
trabalho assinada (Frio & Fontes, 2018).
O racismo é uma forma de excluir os negros de ter boa formação educacional,
necessitando para tanto de políticas sociais, como a lei de reserva de cotas, para adentrar ao
curso superior (Machado Júnior et al., 2018, Rosa, 2018, Silva, 2018).
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Outra questão limitante para as mulheres negras, e que cabe aqui destacar, é a formação
de sua identidade, que sofre segmentações que hierarquizam determinados grupos
(Corrêa,1996). Quanto mais proeminente o fenótipo caracterizado pela cor da pele, o formato
do nariz, a espessura dos lábios e principalmente dos cabelos, maior a ideologia do racismo e a
limitação de acessibilidade social e econômica (Rezende et al., 2018, Candler, 2015,
Guimarães, 1995). Não obstante, o cabelo na última década tem sido ressignificado pelas
mulheres e pelos grupos de interesse como forma de construção da identidade negra no que
tange ao consumo e também como forma de resistência política racial. O cabelo crespo, antes
visto como uma marca de inferioridade racial, agora é um nicho de mercado de cosméticos afro,
porém, fora do mercado, no contexto social, ainda é considerado um estigma (Gomes & Duque-
Arrozola, 2019).
Esta hierarquização em segmentações de tonalidade da cor da pele do negro no Brasil
influencia na aceitação ou negação em determinados postos de trabalho e no acesso à educação.
Os pretos têm menores chances de adentrar a universidade enquanto os pardos possuem chances
similares aos brancos e amarelos. As mulheres, independentemente da cor, e de forma similar
aos homens negros, recebem rendimentos menores, mesmo possuindo o mesmo diploma que
os homens brancos (Ribeiro & Schlegel, 2015).
Para minimizar a desigualdade racial nas organizações é necessário compreender as
relações entre os atores sociais negros e brancos, homens e mulheres facilitando a triangulação
entre visões, opiniões e perspectivas para construir relações menos preconceituosas e mais
sustentáveis no mercado de trabalho (Souza, 2014). A fim de ilustrar essa questão da
desigualdade, recorre-se ao estudo de Maia et al. (2018), que identificou que o homem branco
apresentou maior vantagem e a mulher negra maior desvantagem em termos de desigualdade
salarial na região sul do Brasil, no período de 2002 a 2013, afora a discriminação e os menores
níveis de escolaridade e experiência, além da maior segregação ocupacional e geográfica,
quando comparados aos demais grupos.
A aplicação da gestão da diversidade demográfica nas empresas em relação gênero,
raça, idade, escolaridade e status tem sido enfatizada e deve ser bem articulada nos intergrupos,
fortalecendo a homogeneidade e a indiferença da cor, evitando-se assim, preconceito e
discriminação no contexto de trabalho devido a conflitos (Christian, Porter, & Moffitt, 2006,
Podsiadlowski, Gröschle, Kogler, Springer, & Van Der Zee,2013, Abugu & Jerry,2018).
Verifica-se que um dos desafios concernentes ao trabalho refere-se à equidade salarial
e ao respeito no processo de inserção dessas mulheres no mercado de trabalho, que são
prejudicadas pelos estigmas que decorrem da influência da colonialidade, dos quais precisam
se desvencilhar passando a assumir o papel de sujeitos/indivíduos na sociedade e sendo
respeitadas pelos contratantes e colaboradores no cenário em que forem inseridas. Enfim, a
mulher de raça negra é mais discriminada que a branca devido à origem da formação de sua
identidade nacional e cultural, além da negação do racismo, mesmo em se tratando de um país
cuja maioria é da raça negra. Não obstante as dificuldades, é preciso que as mulheres negras
busquem maior nível de educação formal e outras competências conforme a necessidade do
mercado como idiomas, destreza em tecnologia e desenvolvam a competência comportamental,
tenham autoestima e, também, denunciem os casos de racismo, de forma a propiciar a
ampliação do debate sobre o tema. Assim, acredita-se que o mito da democracia racial brasileira
possa ser desconstruído.
se a interseccionalidade entre os três – gênero, raça e classe social – no que diz respeito à
situação da mulher negra no Brasil que, além disso, sofre mais com o racismo estrutural do que
os homens negros devido a considerações estéticas (Carmo, Mesquita, Joaquim, & Andrade,
2016, Lage, Perdigão, Pena, & Silva, 2016, Castro, Gonzaga, Lino, & Mayorga, 2017, Lage &
DeSouza, 2017) e à hierarquização da identidade do negro (Corrêa,1996).
De acordo com Piscitelli (2012),
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ponderar, no mínimo, o atravessamento de raça, gênero e classe (Acker, 2006), pois são
construtos interconectados na produção da desigualdade (Mariano & Carloto, 2013).
Acker (2006) pesquisou sobre regimes de desigualdades nas organizações, partindo da
associação entre processos e práticas que promovem a manutenção das relações de
desigualdades presentes entre os empregados e demostrou que neste contexto as práticas são
perspicazes para gerar processos e ações para manter a desigualdade existente. Os processos
organizacionais que produzem desigualdades são:
a) requisitos gerais do trabalho: a estética e o idealizado é o homem branco
completamente comprometido com o trabalho. Por isto, a diferença hierarquizada entre homens
e mulheres, pois as mulheres têm mais obrigação com a família;
b) hierarquia: as tarefas são propositalmente distribuídas para fixar uma hierarquia de
funções e por isto, as mulheres sempre foram prevalentes em trabalhos em áreas com funções
como secretárias e prestadoras de serviço, e estas funções não apresentam divergências em
relação à remuneração. As desigualdades aparecem nos cargos de poder, como de chefes e
supervisores que recebem todo mérito pelo resultado alcançado, como promoções e benefícios
de remuneração;
c) recrutamento e seleção são bem delineados em conformidade com gênero e raça e
servem como base para os novos empregados;
d) determinação de salários e práticas de supervisão: é através da separação de classes,
como gestores e trabalhadores, gerando categorias de empregados com salários diferenciados e
até mesmo empregados realizando tarefas não remuneradas;
e) interações informais durante a execução do trabalho: tanto as interações e
comportamentos são atingidos pelos construtos raça, gênero e classe social, demonstrando a
invisibilidade da desigualdade.
O Relatório Cepal (2019) apresenta desafios na América Latina e no Caribe no ano de
2018 demonstrando a permanência de um problema histórico e estrutural que é a desigualdade
que se mantém ativa e reproduzida, mesmo em situações de crescimento econômico, sendo essa
desigualdade superior à encontrada na África Subsaariana. Isto impossibilita o
desenvolvimento, a erradicação da pobreza, a expansão da cidadania e o exercício dos direitos.
Em termos de mercado de trabalho há uma segmentação horizontal e baixa participação
feminina em todos os setores da economia. As mulheres são mais prevalentes na área do
cuidado como educação, saúde, assistência social e no emprego doméstico. Ainda, é destacado
nesse Relatório, que a revolução tecnológica é um avanço que pode desencadear maior
dificuldade a determinados postos de trabalho, aumentando a exclusão de gênero em setores
específicos.
Segundo Crenshaw (2002) é perceptível que os problemas e dificuldades de diversos
grupos de mulheres podem funcionar no sentido de obscurecer ou de negar a proteção dos
direitos a que todas fazem jus. Mas, as mulheres estão subordinadas à discriminação de gênero,
além de outros fatores como classe, raça, casta, cor, etnia, religião, nacionalidade, orientação
sexual que são “diferenças que fazem diferenças” (Crenshaw, 2002, p.173) na forma que os
diversos grupos de mulheres vivenciam a discriminação. E, a associação de outros fatores de
subordinação levam a outras formas de discriminação como a composta, cargas múltiplas ou
dupla ou tripla discriminação, sendo que muitas vezes estas subordinações são invisíveis. Sob
tal perspectiva, a interseccionalidade captura as consequências estruturais e dinâmicas da
sociedade entre dois ou mais fatores a que as mulheres estão sujeitas. As mulheres negras,
normalmente encontram-se posicionadas em uma situação em que o racismo ou a xenofobia, a
classe e o gênero se encontram e criam desigualdades básicas (Creshaw, 2002).
As sociedades, perante os movimentos dinâmicos, e por meio das fronteiras
internacionais, não têm condições de serem homogêneas, portanto, não há como ficarem imunes
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi fazer uma discussão teórica que contempla a mulher negra no
mercado de trabalho interseccionada por gênero, raça e classe social. A mulher negra, na área
de Ciências Sociais Aplicadas/Administração, no Brasil, não tem sido foco de pesquisa, tendo
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sido encontrados somente dois artigos na base Spell. Portanto, a mulher negra não tem recebido
reconhecimento e está ausente dos estudos na Administração.
O sexismo e o racismo são vetores para as maiores desigualdades sociais no Brasil. A
situação da mulher negra depara-se com mais uma condicionante: a questão da classe social,
colocando-a em situação de vulnerabilidade na inserção no mercado de trabalho. As mulheres
negras são consideradas minorias e, nos estudos organizacionais que as consideram, a discussão
está atrelada à diversidade nas organizações, não sendo dado a elas maior importância. As
mulheres negras são oprimidas e estão em desvantagem em relação a outras mulheres. Elas
precisam ser sujeitas e vencer a normalização dos modelos vigentes passando a ter visibilidade
e oportunidade de mostrar seu potencial, vencendo o preconceito e a discriminação. A cor da
pele é um estigma para pessoas negras cujo dinheiro e oportunidade educacional não ameniza
sua condição. Assim, entende-se que o estudo se justifica por possibilitar fomentar novos
trabalhos buscando a valorização dessas mulheres.
O presente estudo visa a oferecer subsídios para reflexão e orientação para discussões
futuras sobre a mulher negra no mercado de trabalho, apoiando-se na interseccionalidade.
Simultaneamente, ele espera contribuir com a redução de uma lacuna na produção cientifica
nacional, na área de Administração, ao relacionar a mulher negra no mercado de trabalho por
meio de outros artigos de áreas multidisciplinares.
Diante as demais correntes do feminismo, a interseccionalidade é uma categoria
analítica que melhor possibilita estudar a mulher negra desde a formação educacional e o
recrutamento e a seleção, até à influência no processo de sua inclusão no mercado de trabalho,
apresentando como o sexismo, o racismo e a classe social agem contra a mulher negra.
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