Eu sou sofrimento, dor e abandono. As adagas do passado me
rasgam o peito dia-a-dia me fazendo lembrar da pessoa amada e amável que fui. Mas o que houve com esse ser desprezível que agora sou? Tenho pena de mim e de mim as pessoas se afastam. Eu sou o ser abandonado por não saber quem é. Perdi a muito tempo o poder de discernimento. Me disseram que eu era feliz, mas não encontro uma lembrança sequer que me ajude a resgatar esse sentimento. Minha família pouco a pouco se escondeu, no início eram desculpas de viagens à trabalho, muito compromisso na faculdade, mudança de cidade. Todos, pouco a pouco, simplesmente já não existiam. Seria como um ovo que retrocede à galinha. Eu voltei de cabeça para a miséria que me tornou o que sou hoje. Meu pai me ajuda sempre que pode, ele paga o aluguel do meu quartinho. Um espaço um tanto vazio na minha opinião, só tenho uma cama e minhas poucas roupas são guardadas em desordem dentro de uma caixa de papelão. Meu pai é um ótimo pai, mas o terrível destino o deixou paraplégico. Ele não me liga, diz que cansou de conversas sem fundo de verdade. Meu pai me fazia prometer tomar meus remédios e não beber cachaça. Eu sempre jurava. Mentia. Ele não me liga mais. Ninguém ligava mais, só uma tia meio destrambelhada que passava pelo menos uma vez no mês para checar se eu ainda estava vivo. Eu nunca sei quando estou vivo. Neste quarto, deitado nesta cama, eu me afundo a cada noite, a cada rivotril, a cada risperidona, a cada dose de pitu e vou me tornando o que jurei nunca ser. Sou o pior pai do mundo. Abandonei meu filho, abandonei minha mulher. Aonde estão eles? Não consigo me lembrar. Alguns sussurram que eles estão em Lençóis, mas eu duvido. Depois de tanto sofrimento que eu causei, duvido que ainda tenham permanecido nas mesmas cidades. Quatro anos que não vejo meu filho. Estaria ele saudável? Feliz? Se lembraria de mim se me visse? Talvez não, eu mesmo não lembro muito do rosto dele. Suas feições foram se perdendo na minha memória doente. Mas que dia é hoje? O peso da fome sobe até minha garganta, logo a moça da comida traria uma quentinha. Ela tem um combinado com meu pai de me trazer um almoço todos os dias. Eu já não sei o que deveria ter feito hoje. Algum compromisso? Pego uma cartela de rivotril e tomo um. Abro uma garrafa pet de um litro e dou duas goladas, a velha e boa cachaça baiana. Deixo minha cabeça cair no travesseiro e minha mente vagar. Quem sou eu?, perguntaria meu eu do passado mas meu eu do agora, aquele eu que nem sabe se existe , não se preocupa em saber quem é. Ele se preocupa em afundar, apenas isso. Deixar que todo sentimento, toda culpa seja sugada por essa inércia. Não consigo mais trabalhar. Diziam que eu era um grande eletricista, me lembro bem pouco desses dias. Mas meu CREA me confirma que tenho o curso. Depois dizem que fui um grande cabelereiro e disso eu tenho certeza por que bem embaixo da minha cama tenho a máquina, as giletes e os pentes dentro de uma caixa de madeira. Mas quem seria cliente de mãos tão trêmulas? Eu sou uma perda. A memória de uma sombra saudável que se perdeu na esquina da vida. Mas como anda o tratamento?, perguntou minha ex-mulher anos antes. O tratamento sempre me causava um enjoo enorme, tontura e sono eterno, preferi então conciliar meu próprio tratamento à base de álcool, não deu muito certo, mas também não parei. Meu filho precisa de mim, eu preciso de mim, mas não tendo a mim como posso me comprometer com ele. Então não me comprometo com mais ninguém. A mãe do meu filho o tirou de mim quando ele tinha apenas sete anos de idade, naquela semana eu tinha surtado de vez, espanquei a desgraçada que queria me internar, ninguém me internaria, jurei. Me arrependi dias depois. Perdi um filho, e a perda de um filho é pior que a perda de um membro, porque um membro é parte de um corpo e um filho é parte da vida. Eu era culpado, disso tinha certeza. Mas tudo não era permissão de Deus? Eu acreditei que tudo ia dar certo quando vi o Espírito Santo, ele conversou comigo, ele se apossou de mim. Eu estava na rua tarde da noite e um clarão se irradiou a minha frente e mil vozes gritaram meu nome, as vozes dos anjos, e eles me diziam que Deus tinha um propósito na minha vida, que ficasse em paz, cai de joelho, chorei, senti pancadas em todo meu corpo e vi que seria o preço pelo meu pecado. Desmaiei. Acordei numa cama de hospital um dia depois. O médico disse que eu tinha sido atropelado, mas eu sabia que o encontro com Deus foi tão forte que me causou aquilo. Agora eu entendia. Eu seria um pai melhor, eu seria um marido melhor. Por sorte, eu não havia fraturado nada. Aonde estava o telefone? Eu precisava ligar para minha esposa. Ela se alegraria enormemente em saber que aceitei Jesus como meu Salvador. Ninguém me visitou. Nem mesmo minha tia destrambelhada. Uma semana depois meu pai apareceu no hospital com a ajuda de uma tia minha dizendo que a dona do quartinho tinha ligado para ele preocupado porque eu não ia em casa a alguns dias. Meu pai é um bom pai. Ele me aconselhou. Ele chorou e gritou comigo. Ele levou uma bíblia e leu uns versículos. Foi embora na mesma tarde e deixou comigo a bíblia que a muitos anos não lia. Eu tive alta, não lembro quando, estava muito dopado para lembrar até meu nome, sabia que tinha que ir pra casa e beber o resto da garrafa de cachaça, depois leria alguns versículos e arranjaria um celular para ligar para meu filho. Eu ouvia vozes e sabia que isso não era normal, mas meu psiquiatra me tranquilizava que se eu tomasse os medicamentos direitinho tudo poderia se estabilizar. Eu tomava os remédios. Nada mudava. Talvez tenha até piorado. Eu não tenho amigos, nenhum sequer. Às vezes encontro uma pessoa ou outra na rua, a gente troca uma ideia, bebe, mas ninguém suporta muito tempo comigo. Como dizia minha psicóloga, eu era uma pessoa instável. Quantos vivem em mim? Já não sei. Nem me preocupo mais. Eu quero é viver a vida, poder simplesmente ser. Às vezes me pego pensando como posso ser, sendo que esse ser é coletivo e o meu ser é marginalizado, reprimido e afastado da sociedade? Não tenho vida, descobri isso a pouco tempo, eu também não era uma vida. Meu corpo tinha órgãos que funcionavam, sangue que corria nas veias, meu cérebro funcionava na medida do possível, mas eu não tinha a centelha de esperança que as pessoas têm. Eu não era, eu des-era. Era um ser morto. Uma desordem natural diagnosticada por médicos mundanos que não acreditavam no propósito divino da minha vida. Eu era um ser escolhido. Escolhido por Deus para uma missão. Meu transtorno fazia parte de um plano de salvação. Na volta pra casa do hospital encontrei um orelhão e liguei para a casa da mãe da minha ex-mulher. Uma voz cansada atendeu. “Dona Janira?”, perguntei. “Davi? Por que você está ligando?” “Quero ver meu filho, quero falar com meu filho. O Gabriel está ai?” “Ninguém está aqui. Você está tomando seus remédios?”, foi então que eu ouvi um grito bem lá no fundo, eu poderia estar alucinando? Sim, mas eu jurava que era a voz do meu filho. “Eu sei que ele está ai, Dona Janira, deixe-me falar com ele.”, ela desligou o telefone. Eu teria que vê-lo, mesmo que tivesse que andar todos aqueles milhares de quilômetros que nos separavam. Cheguei em casa coloquei um par de roupas numa sacola, bebi um gole da cachaça com o último comprimido de risperidona. Um anjo apareceu na minha porta e disse que me acompanharia, ninguém podia vê-lo. Eu tinha quinze reais no bolso e foi com esse dinheiro que cheguei em Santo Estevão, dali pediria carona na BR para qualquer cidade adiante. O anjo não falava, permanecia ao meu lado reluzindo um brilho dourado que me deixava extremamente confortável. A estrada se desenrolava à minha frente como um caminho para a oportunidade, ela me encarava, cheia de vida e de solidão. Então, depois de longas horas de espera embaixo de um sol de rachar a alma, uma caminhoneira goiana me deu carona. Contei a ela toda minha saga para ver meu filho. Ela logo simpatizou comigo e fomos conversando a viagem toda sobre a vida. Descobri que ela se sentia muito sozinha também e por isso tinha escolhido aquela profissão. Desde então dava carona aos pobres desprezados da estrada. Ela me deixou em Itaberaba e dali partiu para o seu destino. A madrugada estava fria e não se via um pé de gente. A luz oscilava no postinho de gasolina adiante. Eu precisava de um trago. Meu remédio tinha acabado e comecei a ficar nervoso. O ar poroso entrava nas minhas narinas e ardia meus pulmões. Andei alguns metros e achei um barzinho aberto do lado do posto, peguei algumas moedas no bolso e paguei duas doses da cachaça mais barata. Me dei conta da minha própria miséria, sem emprego, sem família, sem amigos, perdido na vastidão de uma estrada que poderia chegar a lugar nenhum, perdido numa realidade fora da realidade real. Onde estava o anjo? Algumas horas depois eu ainda estava sentado na mesa do bar e o anjo veio com suas asas fechadas e um prato de farofa de carne do sol em mão. Eu olhei agradecido e devorei. O anjo nunca comia, seus pés descalços mal tocavam o chão e suas mãos seguravam um charuto de fumo prata. Quando encontrei outra carona o sol já tinha raiado a mais de uma hora. Dessa vez quem sentava ao volante era um velhinho com olhos muito acolhedores e ele não parou de falar de plantação de feijão e milho. Todos seus filhos trabalhavam na roça e ele estava muito orgulhoso disso. Eu estava cansado e aproveitei para dormir. A cidade de Lençóis se abriu sorridente para nós. Agradeci muito ao velhinho e desci para as ruas de pedra onde encontraria meu filho. Do homem são as preparações do coração, de Deus, a resposta da boca. Bati na porta de madeira, as paredes vermelhas descascavam e ninguém atendeu. Sentei na calçada angustiado, o suor escorria pelo pescoço e comecei a ofegar. Então me lembrei de uma antiga amiga que era dona de uma agência de turismo e que poderia me ajudar a encontrar minha família. Desci correndo e achei o estabelecimento. Ventur Turismo. Entrei e Leide, minha amiga, logo me reconheceu. Batemos um papo e fiquei sabendo que Afra, minha ex, já não morava lá, mas a mãe dela tinha se mudado a alguns anos e comprara uma casa em Campos do São João. Eu comecei a chorar. As lágrimas dançando em minhas bochechas vermelhas. Eu não tinha um tostão furado e tinha chegado até ali em vão. Onde estava o anjo? Ele apareceu, caminhou até nós e tocou a testa de Leide sem que ela percebesse. “Davi, você é meu amigo a muitos anos, eu vou te ajudar a chegar até Campos do São João.”, ela sorriu e me entregou uma nota de vinte reais. Ela me explicou onde Dona Janira estava morando e depois de me despedir e ouvir um convite de retorno, eu parti para a rodoviária. Acabou que a cidade não era longe e em apenas uma hora eu já estava em Campos. Uma vertigem me tomou e eu pensei que não conseguiria caminhar, estava com tanto medo que pedi a Deus que me desse forças a não desistir. E com um coração prestes a explodir eu fui de encontro ao meu filho. A casa era uma construção nova, a pintura lilás dava uma leveza ao ambiente. Toquei a campainha. Afra atendeu a porta. Ela não poderia estar mais chateada. Olhei para aquela mulher que uma vez me amou e senti arrependimento. Pena de mim mesmo. Mas não deveria me sentir culpado. Meu transtorno era o culpado. Com muita insistência ela me deixou entrar. O anjo me acompanhou e percebi Afra sorrir para ele. Olhei para Gabriel e ele tinha crescido muito. Ele me abraçou meio receoso e eu não tive palavras, apenas chorei e o olhar de pena de Afra me fuzilou a todo momento. “Você fede a álcool.”, disse ela. Eu tinha bebido, mas foi tão pouco. Estava tão ansioso. Por que tinha bebido? Você me perdoaria? “Davi, você só tem esta tarde para ficar com seu filho porque eu estou indo pra casa e a viagem dura algumas horas.”, ela foi bem direta em dizer que levaria o menino para longe de mim outra vez e eu estava impotente. Sentei com Gabriel na sala, olho no olho. Eu não sabia o que dizer. As palavras estavam trancadas numa realidade inalcançável. Eu não queria mais estar ali. Eu queria fugir. Queria me esconder na minha garrafa de pitu e chorar num canto escuro. Eu queria a solidão. Eu escolhia minhas vozes. Anjo onde você estava? Mas Afra já o havia conduzido para a cozinha e agora conversava com ele. “Pai.”, disse Gabriel cauteloso. “Para de beber, pai, por que o senhor não faz seu tratamento direito? A mamãe me contou tudo. O senhor não precisa mais esconder as coisas de mim.”, ele começou a chorar. “Filho, as coisas não são tão simples, eu tento, eu luto, mas elas são mais fortes, elas gritam, me jogam na rua, me fazem desaparecer por completo e aparecer em outro lugar. Elas são as culpadas. Eu sou só uma vítima.”, ele chorou ainda mais. Tentei abraçá-lo, queria acalmá-lo de alguma forma, mas eu não sabia ser pai, não sabia ser compreensível por que nunca tinha sido compreendido. “Pai, eu não tô entendendo nada. Por que só agora você veio me ver?” “Eu não estava bem meu filho, eu estava fazendo tratamento, ainda estou.” “A mamãe disse que você não faz o tratamento direito, que você bebe e isso piora tudo.” “Sua mãe não entende de tudo, muito menos da minha situação, eu estou desempregado, não tenho uma moeda e lutei pedindo carona só pra te ver!” “Mas o senhor está bêbado!” “É óbvio que não. Eu tomei um pouco porque estava muito ansioso pra te ver. Eu te amo, filho.” “Promete que não vai mais beber? Faz isso por mim.”, eu estava começando a ficar estressado, toda essa conversa de parar de beber quando a única coisa que me acalmava era o álcool estava me deixando ansioso.“Prometo, filho.”, menti, simples e descaradamente para fugir da discussão. Ele me abraçou, parou de chorar e me puxou para jogar bola no quintal. Jogamos bola, brincamos com o cachorro, catamos frutas. Foi até agradável, mas eu já estava tremendo por um trago. “Gabriel, vá assistir televisão que eu preciso conversar com o seu pai.”, Gabriel passou por mim e eu me sentei com Afra numa mesa no quintal. A primeira coisa que imaginei foi ela sem roupa, depois pensei nela se abaixando e me fazendo um oral e depois que ela começou a falar eu já estava de pau duro. “Você sabe que você não pode mais ver seu filho desse jeito, não é? A criança fica completamente angustiada. Você deveria estar tomando seus remédios como o médico prescreveu e pela sua situação você não está. Você saiu de Feira de Santana até aqui não foi?” “Sim.” “Você trouxe algum dinheiro?” “Não, viemos de carona.” “Como você faz uma viagem dessas sem um centavo? Você precisa se ajudar, Davi, colocar sua vida em ordem, não pode deixar seu pai, suas tias preocupadas.” “Eu sei, eu sei, mas eu precisava vim ver meu filho. Faz quatro anos, Afra!” “Quatro anos que você poderia ter se tratado, poderia estar estabilizado e não viajando como um mendigo, com as roupas todas sujas e um bafo de cachaça horrível! Você acha que isso faz bem pra saúde mental do seu filho?” “E a minha saúde mental, Afra?” “Você teve suas inúmeras oportunidades, todos nós te ajudamos mas, você nunca quis, sempre parava o tratamento ou começava a beber igual um louco, eu preciso proteger meu filho, eu preciso proteger meu casamento.” “Eu não sabia que você tinha se casado.” “E é por isso que se você não se tratar e tentar vir aqui de novo e procurar onde eu estou morando eu vou entrar na justiça e você não vai poder mais ver seu filho. Eu estou com todos seus relatórios médicos.”, nessa hora Gabriel veio chorando. “Não faz isso, mãe, ele prometeu parar de beber, ele prometeu que melhoraria, por mim.”, um calor me subiu à cabeça e meu coração disparou, senti as lágrimas subirem e não lutei para contê-las. Que tipo de pai era eu que não conseguia ser pai? O anjo então saiu pela porta e se recostou na parede fumando seu charuto. Calado. “Eu vou melhorar, Afra, você vai ver, eu vou vir aqui de carro e levar Gabriel para passear, eu sei q vou melhorar, eu tive uma visão do Espírito Santo, ele vai me ajudar, não vê esse anjo aqui? Ele também me ajudou.”, ela revirou os olhos para mim, mas sorriu para o anjo. “Ele é realmente um anjo de pessoa e se não fosse por ele eu duvido muito que você tivesse conseguido chegar aqui. Gabriel adorou ele, não foi filho? Mas é como eu disse. E eu não volto minha palavra atrás.” Ninguém me queria ali. Eu conseguia sentir a vibração da casa gritar: vá embora! Se manda daqui, seu doente! Imprestável. Mal amado. Afra me avisou que estava na hora de ir e eu concordei. Me despedi de Gabriel com o coração na mão e sabendo que não o veria tão cedo. Cai na rua outra vez e agora a angústia me dominava. Eu estava fedendo, morrendo de fome e sede. E como todo bom e velho andarilho eu andei no acostamento sob o sol ardente por horas até achar uma alma bondosa para me dar carona. O anjo me saudou com um último beijo de despedida e nós nos separamos em Itaberaba. Encarei a vastidão da estrada e sorri. Sorri aquele sorriso triste e contemplativo. Algo em mim tinha mudado, mas muita coisa permaneceria eterna nesse ciclo infernal. Eu nunca teria paz. Minha mente não deixaria. Eu nunca seria normal. Meus padrões não me permitiam. Eu nunca poderia deixar de não ser. Tudo o que eu era eram fragmentos. Cacos de frustração, de desapontamentos. Eu me culpava continuamente. A estrada já não cruzava meus desejos e minha permanência nessa realidade seria infinita. Não havia nada que eu pudesse fazer. Meus remédios poderiam me manter sob controle por um tempo, mas eu era uma bomba relógio. Ninguém poderia me ajudar. A entrega seria a resposta? Quem estenderia a mão para um pobre coitado condenado? Deus já não ouvia minhas preces e os anjos já não me acompanhavam. Eu estava só. E neste caminho quem não tem ninguém morre de fome. Só me restavam minhas velhas amigas vozes ecoando no fundo da mente. Elas ditavam meu ser. Elas me conduziam para dentro e para fora. E agora me conduziam para o todo. Para o contorno de mais um fim doloroso. Agora todos os meus demônios voltavam à mim. Cumprimentando uns aos outros como velhos e pobres amigos de guerra.