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Manutengado de equipamentos elétricos ¢ “} t «€ CLAMPER PPorAlan Romulo Quoroz, Eurdo César Senger e Lucene Quoke2* pélicer Capitulo III Conceitos de confiabilidade - Componentes nao reparaveis Este capitulo trata resumidamente da teoria de confabilidade, contemplando componentes nio repariveis. Concertos INiciais A confiabilidade de um objeto funcional (dispositivo, equipamento ou sistema) pode ser entendida como uma medida do grau de desempenho satisfatério deste objeto, sob condigdes cespecificadas de operasio. Avaliar a confabilidade representa urna tentativa de quantificar a qualidade do desempenho, com base na teoria das probabilidades. Dessa forma, confabilidade pode ser definida como a probabilidade de um sistema executar a fungio pretendida durante um intervalo de tempo especiico e sujelto a determinadas condigdes. Neste context, o objetivo da manutengio © da confiabilidade & garantir que esses equipamentos estario disponiveis, quando requeridos. Na definigio sobre confiabilidade, quatro importantes fatores slo considerados: a probabilidade, 0 desempenho, o tempo e as condigdes de operagio. A teoria de probabilidade & necessiria para tratar matematicamente 0 problema. O desempenho deve ser claramente definido. O tempo considerado pode ser continuo, fou alguma ocasiio especiica de curta duragio. Finalmente, as condigdes de operagio (ambiente, severidade das solicitagbes, cfc.) devem ser bem especificadas, pois possuem grande influéncia no desempenho do objeto funcional, Outra questio importante relacionada i confiabilidade é a definigdo de sistemas ndo reparivels, c sistemas reparives, COMPONENTES NAO REPARAVEIS. Sistema nio reparivel ¢ um conjunto de elementos que formam um todo que, por razdeseconémicas ou tecnoldgicas, ni sereparam (08 & um item formado por um dnico elemento (componente), cuja ‘ocorréncia de avaria significa o seu fim de vida Seja um componente nio reparivel colocado em operagio ‘no instante t=O, Chamando-se X a varidvel aleatéra “instante de ‘corsincia da falha do componente’ a densidade de probabilidade {t) da varivel X & defnida, em termos da probabilidade da falha ‘ocorter entre tet + dt, por: P(tt) = =Fli)a1-pre-dt io) 0 Derivando-sea equagio3, rests aR(t) fe w a LO Ressereendo aequto 6 Ri) = P(X >t) = i (Oat 7 «€ Definindo-sea taxa de incidéncia de defitos Bt) por: Bd) dt=P(tt) © Isto & it) sat € a probabilidade que o componente apresente defo no interval (+ at) dado que nio apresentou defeto até o instante Pala defn de probabiadecondcona tem Pic X st+dtiX >= _Plt1) P(X >1) _f@-a [fO-d 1 a Dasequagies6e7,obtém-s: p-d-L0-4 slOrd i ‘A equasdo 9 relaciona a taxa de incidéncia de defeitoe a fungio contiabilidade: 0) Resolvendo-sea equacio diferencia, resulta t ~fB (de Ri)=e 9 Seataxa de defeito for constanteao longo do tempo (Kt) = (1), (10) res em Ri)=e ay fQ=Ae (2) £0 (3), RO ‘Una repesentasio mit utlizaa na confabdade€ a Cara de Banter, representa na Figura 1 ecuo objetivo é deserter 2 variagio da trade fils durante a vida do sistema, A curva represent as fase da vida arctica de um tema: moraldade infant, maturdadee mrtaldde seni, endo que esas ies eto assciadas 20 for de forma yO itor de forma é relacionado & forma de dst inlnagio das curva send qu nem tds Manutengcado de equipamentos elétricos & “} t « CLAMPER BéTiGHt Dene] as distribuigées possuem ess ftor. A distribuigio exponencial, por cexemplo, ndo possu um fator de forma porque o comportamento da fungioconstante.O fatordeformapossuiasseguintes caracteristcas + yl: indica mortalidade infant com taxas de falha altas € crescents no inicio da vida do produto ou sistemas, + I: indica falha aleatras, com taxas de flha constants ao longo do tempo e geralmente baixas + yrlsindica desgaste de fim de vida it Figura 1~ Curva da banheira/ciclo de vida de equipamento. [No periodo de mortaidade infantil, a taxa de falhas € alta, pponém, decrescente. As falhas preliminarmente sio causadas por defeitoscongénitos ou fraquezas, erros de projeto, peras defeituosas, processos de fabricacao inadequados, mao de obra desqualificada, estocagem inadequada, instalaglo imprépria, partida deficiente, entre outras. A taxa de falhas diminui com o tempo, conforme os reparos de defetos climinam componeates frigels ou & medida que sio detectados ¢ reparados erros de projeto ou de instalasio, [Neste periodo, a melhor estatégia de manutencio é a corretiva, ou seja, cabe & manuten2o nao apenas reparar o equipamento, mas corrigi-lo, para que falha ndo se repita, Entre t] ¢ 12 € fase de maturidade ou periodo de vida itl (© valor médio da taxa de filha € constante, Nesta fase a8 falhas focorrem por causas aleatoras, teis como acidentes, liberagdes excessivas de energia, mau uso ou operagdo inadequada, e sto de dificil controle. Falhas aleatérias podem assumir diversas naturezas, tais como: sobrecargas aleatéras, problemas externos de alimentagao elétrica, vibragio, impactos mecinicos, bruscas variagdes de temperatura eros humanos de operagio, entre outros, Falhas aleatorias podem ser reduridas projetando equipamentos ‘mais robustos do que exige 0 meio em que opera ou padronizando a operasio, Neste periodo, a melhor estratégia de manutensio é a preditiva ou seja, monitoramento para detectar 0 inicio da fase de desgaste. Apés 12, hi crescimento da taxa de falas, a mortalidade senil, aque representa o inicio do periodo final de vida do item. Esta fase & caracterizada pelo desgaste do componente, corrosio, fadign, trineas, deterioragio mecinica, elétrica ou quimica, manutencio Insuficiente, entre outros. Para produzir produtos com vida Stil mais prolongada, deve-se atentar para o projet, utilizando _materiais © componentes mais duriveis, um plano de insposio e ‘manutengio que detecte que iniciou a mortalidade senil ea previna, por substituigio preventiva de itens, e supressio dos agentes nocivos presentes no meio, Neste periodo, a melhor estratégia de manutengio & a preventiva, ot seja jé que o equipamento irk falhar,cabe & manuteng2o aproveltar a melhor oportunidade para sustituie ou reformat item. ‘Smith introduaiu uma forma de representagio contendo uma perspectiva um pouco mais detalhada da curva da banheira, na qual estio presentes as tes distibuigdes, © que permite entender ‘melhor a curva resultante e quais 0s fatores predominantes para o seu comportamento, conforme ilustra a Figura 2. Figura 2 ~ Curva da banheiradetahada, ‘Smith também representou a de probabilidades da seguinte forma: aracteristicas das distribuigies ‘Taneta 1 ~ Caracreisncas O48 oISIMBUFDES OF PRORABLIOADES ‘Arangue Essencialmente Inicial | Taxa defalhas efeitos de Mortalidade | decresce projet, fabricagio Infantil ‘emontagem Falhas aleatrlas Submissio do Fathas | Taxadefathas | componente a carga estocistcas | constante | de trabalho superiores Vida iti A plancjada,causas desconbecidas ou utlizagoinadequada ‘Ocorréncia de corrosio, Desgiste | Taxadefathas | axidagio,perda de Fadiga cresce | jsolamento, desgaste por frog etc ‘A curva da banheira é um modelo tedrico e bastante aplicivel a ‘componentes mecinicas que, por algum motivo, no puderam ser cexaustivamente testados apés a montagem do sistema e apresentam. ‘um modo de filha predominante, Contudo, este modelo nio “universal aplicivel a qualquer equipamento ou sistema Sistemas industriais evoluem na curva da banheira segundo virias caracteristicas, Pode ni exist alguma fase, passando-se, por exemplo, da mortalidade infantil para a senil, diretamente, Sistemas eletrnicos geralmente apresentam mortalidade infantil Manutengao de equipamentos elétricos & “ly ie gE D/étiear Nove © depois apenas falhas aleatrias,estacionando na parte baixa da curva. Tal regio é dita sem meméria defalha (failure memoryless), pois a incidéncta de uma falha no tempo t nao tem correlagdo com ‘ tempo atéa préxime filha. Em software, as flhas de programagio geralmente tm apenas mortalidade infant, pois uma ver cortigidas, impossivel a reincidéncta, visto que nio se originam de processos dissipativos de energia A evolugio do conceito de flha com base na curva da banheira {oi decorrente de trabalhos desenvolvdos pela indiistria da aviagio rnorte-americana que, a partir da Segunda Guerra Mundial, adotou ‘scstratégia de manutensao preventivaalicersada na curva banheits. Esta concepsio foi levada ao extremo pela indistria de aviagio civil, Entretanto,a visio de controlar a confiahilidade de aeronaves através do uso de manutengdes preventivas confidveis mostrou-se inadequada, [Na época, um grupo de engenheitos da United Airlines dedicouse a estudar 0 assunto, 0 que resultou nas curvas padres de idade-confiabilidade, conforme ilustra a Figura 3. A Figura 3sintetizaa pesquisa dos padres de filha cla 3+ geragio «de manutengao. Esta investigagio revelou que existem seis padres de falha, © nio mais um ou dois, como utilizado anteriormente Moubray, ao apresentar os novos paradigimas no gerenclamento da ‘manutengio, utilizou a descrigdo disposta na Figura 4 win nepeo no Caen [SEES Jo Figura 4~ Concepgee de manutengée. Os estudos realizados com virias centenas de componentes mecinicos, elétricos ¢ estruturais de acronaves civis ¢ materializados na forma de falhas da Figura 3 demonstraram que +Somente um pequeno percentual (48) atualmentecorresponde A curva banheira (curva A); + Mais significativo, somente 6% dos componentes ‘experimentam uma regio de desgaste durante o tempo de vida Util da aeronave (curvas A e B). Especificamente, 0 padrio B caracteriza aeronaves com troca de motore. Acrescentando 0 padrio C,caracterstica de turbina de aeronaves, tem-se que 11% dos componentes experimentam sintomas de envelhecimento; i" se de limite ‘dade e238 |-— Hye (TKK Figura 3- Padres de idade-confabilidade para quipamentosndo esruturas de seronaves. &E péticer Der) + 89% dos componentes nunca apresentaram qualquer envelhecimento ou desgaste durante o tempo de vida util das aeronaves (padrdes D, E e F). Especificamente, os rolamentos se enguadram no padrio E ¢ os componentes eleteOnicas no padrdo Fs + 72% dos componentes experimentam o fendmeno de mortalidade infantil (padroes A e F); +O grupo de maior percentual (68%) comega como curva banheira e nunca atinge a regido de envelhecimento (padrio F).. Estas descobertas contradizem a crenga de que sempre hi uma conexio entre confisbilidade ¢ idade de operagées. Efetivamente, a partir de 1968, as empresas aéreas americanas, passaram a adatar ma nova técnica de manutengo preventiva com base nestes estudos. Em 1975, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos sugeriu que o conceito que estava sendo aplicado desde 1968 fosse intitulado de “Reliability-Centered Maintenance” (Manutengio Centrada em Confiabilidade) e aplicado na maioria dos sistemas militares. Em 1978, a United Airlines produziu o documento referéncia inicial de MCC, sob contrato com o Departamento de Defesa americano. Se os componentes de um equipamento ou sistema sio sujeitas a manutengio, de modo que venham a ser substituidos antes que atinjam a regiio de envethecimento, pode-se considerar que esse equipamento ou sistema tem sempre seus componentes na regido B constant, sendo a distribuigéo de defeitos exponencial. A consequéncia pritice disto € que, para componentes que trabalham na repiio de B constant, confiabilidade ndo depende da idade dos componentes (0 tempo que o componente leva, em média, para apresentar defeito dado pela variivel X Xx ye Sf tdt (a) ‘Como o componente & colocado em funcionamento em t=0, necessariamente ft) = 0 para t <0, logo X = ft fade as) 0 Da equagio 4, result: X=-ft-dR=-[iR-fRatly 08 0 Supondio que Rit) decressa com suficienterapidez quando te (0 que ocorre no caso de dstribuigio exponencial), resulta 43 Manutengao de equipamentos elétricos & il it K< DétIGHT Eee) an Xa FR) “dt 0 Bm que X representa o tempo mio para falar. Costa se indicaro tempo X pel indiador MTTF MITF = [R(t)-dt (as) 0 [No caso de distribuicio exponencial, em que Rit MITF = se as) 0 (20) Assim, um componente que falha, em média, a cada dois anos (MTTF =2 anos) tem uma taxa de falha de A =0,5 falhas/ ano, considerando a hipétese de distribuigao exponencial. © proximo capitulo aborda 0s principais conceitos de confiabilidade para componentes repariveis ¢ modelos ‘combinatérios. Apresentara também as informagées basicas acerca do software utilizado nas simulagées realizadas neste trabalho. REFERENCIAS + Alkaim, J. L. “Metodologia para incorporar conhecimento intensivo as tarefas de manuten¢do centrada na confiabilidade aplicada em ativos de sistemas elétricos”. Tese (Doutorado em Engenharia de Produgdo). Universidade Federal de Santa Catarina. Floriandpolis, 2003, + Duck, C. “Andlise de confiabilidade na manutengao de componente mecinico de aviagdo”. Dissertasdo (Mestrado em Engenharia de Produgdo). 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