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EPISÓDIO 1: JOÃO CABRAL DE MELLO NETO

INTRO: (AGNES) – Olá pessoal, sejam bem-vindos a literatura ao pé do


ouvido eu sou a Agnes vou apresentar esse podcast juntamente com a
Kaila.
(KAILA) – Olá pessoas, sou a Kaila e hoje vamos conversar com a
pesquisadora Edneia Rodrigues Ribeiro, em 2012, ela concluiu o mestrado
em estudos literários/Unimontes, onde fez dissertação sobre a poesia de
João Cabral de Mello Neto, intitulada “A fissura do duplo em à educação
pela pedra: consolidação de uma prática de antilira”. Ela irá nos contar
mais sobre João Cabral de Mello Neto, ele foi um escritor, poeta e
diplomata brasileiro. Ele fez parte também da terceira geração modernista
no Brasil. Eu estou muito ansiosa para saber sobre a vida dele, sobre esse
movimento, espero que vocês também, convido vocês a escutarem esse
papo, que pode ser muito interessante. Fiquem ligados, solta a vinheta.
VINHETA: Música da vinheta.

(AGNES)- Edneia, seja bem-vinda, obrigado por aceitar participar do nosso


podcast, sabemos que você se aprofundou na história de um dos literatos
de destaque da geração 45 aqui no Brasil, você poderia nos contar mais
sobre isso, sobre esse movimento modernista.
Tópico 1
(IZABELA)- Obrigado pelo convite é uma honra está hoje aqui presente
participando dessa iniciativa de levar mais conhecimento para as pessoas,
bom para falar da geração 45 vocês precisam entender oque foi o
movimento modernista, irei fazer um breve resumo.
O modernismo no Brasil iniciou-se com a Semana de Arte Moderna, em
1922. Por ser um longo período que abriga diversos autores e estilos, o
Modernismo no Brasil está dividido em três fases:

A Primeira Fase Modernista, conhecida como “fase heroica” começa em


1922 e vai até 1930. Foi marcada pelo radicalismo, inspirado nas
vanguardas europeias.
Nesse momento surgiram vários grupos modernistas como por exemplo:
Pau-Brasil, Verde-amarelismo ou Escola da Anta, Manifesto Regionalista e
entre outras.
Na Segunda Fase Modernista (1930-1945), conhecida como “Fase de
Consolidação” o movimento foi marcado pelo nacionalismo e
regionalismo com predomínio da “prosa de ficção”.
A Geração de 45, no contexto da Terceira Fase Modernista (1945-1980), já
inclui aspectos pós-modernos. Por isso é também chamada de “Fase Pós-
Moderna”, com rupturas entre a primeira e a segunda fase. A ideia inicial
difundida pelos Modernistas de 22, vinha sofrendo mudanças com o
passar do tempo. De tal modo, a geração de 45 reuniu artistas
preocupados em buscar uma nova expressão literária, por meio da
experimentação e inovações estéticas, temáticas e linguísticas. A Geração
de 45 representou uma arte mais preocupada com a palavra e a forma -
no caso de João Cabral e Guimarães Rosa - ao mesmo tempo que
explorava assuntos essencialmente humanos, como na obra de Clarice.
Tanto a prosa quanto a poesia foram exploradas nesse período, no
entanto, de maneira mais intimista, regionalista e urbana.
(KAILA) – É interessante que esse movimento incentiva a valorização da
nossa própria cultura, a linguagem popular, naquela época tinha muita
interferência cultural europeia, as obras modernistas são de suma
importância e extremamente enriquecedoras da literatura brasileira. O
porque João é um dos literatos de destaque da geração 45 ,Edneia?
Tópico 2
(IZABELA) – Sim, o João Cabral foi um dos mais proeminentes autores da
Geração de 45. Teve grande destaque na poesia, "embora consagrado
imortal da Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968,
ocupando a cadeira de número 37, posto antes assumido por Assis
Chateaubriand, um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro. João
Cabral assumiu o posto na ABL em 9 de maio de 1969 e, em seu discurso
de posse, homenageou seu antecessor. João também foi o primeiro
brasileiro a vencer o Prêmio Camões, o autor desenvolveu um estilo
próprio, muito distante das características presentes na poesia de seus
contemporâneos da Geração de 45. sua obra mais conhecida é “Morte e
Vida Severina” com temática bem nordestina.
(KAILA) – Você poderia recitar um trecho de morte e vida severina?
(IZABELA) -Sim, só um momento...
Trilha sonora para recitar

Morte e Vida Severina


— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
dá Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçados da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.

(AGNES) – Eu já li essa obra, fiquei muito reflexiva, pois dá para perceber


que representa várias pessoas nordestinas que tem o mesmo destino
trágico, que tenta fugir da seca, pobreza e da fome, recomendo muito
vocês depois procurarem mais obras de João para lerem.

Pausa para anúncio de patrocinadores


(KAILA) – Queria agradecer os patrocinadores desse podcast.
Johnsons ‘um shampoo para cada tipo de cabelo’.
Grave seus anúncios ‘Studio Luiz promovendo o crescimento’

Tópico 3
(AGNES) – Estamos de volta, Edneia, se não me engano já ouvir dizer que
João era muito conhecido como “Poeta-engenheiro” o porquê ele era
conhecido assim? E qual é a história de vida de João Cabral?
(IZABELA) -Ele era conhecido como "poeta-engenheiro, tendo em vista o
cálculo, a lapidação e a objetividade de seu trabalho com os versos, os
escritores estavam mais preocupados com a palavra e a forma, sem deixar
de lado a sensibilidade poética. De maneira racional e equilibrada, João
Cabral se destacou por seu rigor estético.
Nasceu em Recife (PE), em 6 de janeiro de 1920, João Cabral de Melo Neto
passou um bom período da infância longe da capital, nas zonas rurais de
São Lourenço da Mata. Voltou a Recife com dez anos de idade, onde ficou
até 1938, quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro. Foi apenas
no ano de 1942 que o autor se estabeleceu, de fato, no Rio de Janeiro.
Nesse mesmo ano, publicou seu primeiro livro, Pedra do Sono, volume de
poesia bem recebido pela crítica – com ressalvas. Antônio Candido, grande
nome da crítica literária brasileira, e Carlos Drummond de Andrade, à
época poeta já consolidado, suas palavras eram muito censuradas, tidas
como pouco acessíveis ao grande público. Ele foi funcionário do
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) até 1945, quando
iniciou carreira na diplomacia. Membro do Itamaraty, morou em diversos
países, continuando sendo escritor. Boa parte de sua obra, muitas vezes
premiada, foi escrita no exterior. Chegou a assumir o cargo de Ministro da
Agricultura durante a gestão de Jânio Quadros e João Goulart, até o golpe
militar de 1964, quando retomou as atividades diplomáticas. Voltou a
residir definitivamente no Brasil apenas em 1987. João Cabral realizou
também um importante pesquisa histórico-documental a respeito das
navegações espanholas e portuguesas que conduziram os europeus ao
continente americano. Editada pelo Ministério das Relações Exteriores
com o nome de O Arquivo das Índias e o Brasil: documentos para a
história do Brasil existentes no Arquivo das Índias de Sevilha, trata-se de
um extenso documento de grande valor para os historiadores latino-
americanos. Aposentou-se como embaixador em 1990. Em 1992, passou a
sofrer de uma cegueira progressiva, que, aos poucos, impediu-o de ler.
Praticamente cego e deprimido, morreu em seu apartamento no Rio de
Janeiro, em 9 de outubro de 1999.
(KAILA) – Ele foi um cara brilhante, importantíssimo para a nossa literatura
Brasileira, nos poemas dele ele sempre fala sobre mira o rio Capibaribe eu
vi que lá tem uma estátua dele para homenageá-lo, fica em Pernambuco
se não me engano.
(AGNES) – Sim, fica em Recife.
Tópico 4
(KAILA) – Edna estou muito curiosa para saber como que estava o
contexto histórico no período da terceira fase modernismo em que João
Cabral estava presente, o que estava acontecendo nos países e
principalmente no Brasil.
(IZABELA) - O momento em que surge a terceira geração modernista no
Brasil, é o período menos conturbado em relação às outras duas gerações.
Ou seja, é a fase de redemocratização do país, visto que em 1945 termina
o Estado Novo (1937-1945) que fora implementado pela ditadura de
Getúlio Vargas. Em nível mundial, o ano de 1945 é também o fim da
segunda guerra mundial e do sistema totalitário do Nazismo. Entretanto,
tem início a Guerra Fria (Estados Unidos e União Soviética) e a Corrida
Armamentista. No Brasil: Getúlio Vargas (1882–1954) cometeu suicídio em
1954. Juscelino Kubitschek (1902–1976), em 1956, assumiu a presidência
do país e decidiu construir Brasília, que seria a nova capital brasileira. Seu
governo se centrou no desenvolvimento econômico. No campo cultural,
brasileiras e brasileiros idolatravam as estrelas do rádio. Além disso, a
televisão chegou ao Brasil em 1950. O país também produzia cinema por
meio de duas grandes produtoras: Atlântida e Vera Cruz. Ademais, os
filmes de Hollywood já exerciam grande influência em todo o mundo.
Todo esse contexto propiciou o crescimento do consumismo, estimulado
pelos veículos de comunicação. O materialismo e o individualismo
começaram a fazer parte da cultura nacional. Daí a produção, na poesia,
de uma arte mais material ou objetificada. Assim também se justifica,
tanto na prosa como na poesia, a busca de interação com o leitor e a
leitora. No entanto, o caráter experimental das obras literárias não era
uma característica de um produto cultural facilmente consumível. A partir
da década de 1950, a valorização do produto de entretenimento começou
a se fortalecer. Nesse sentido, as obras da terceira geração acabaram
configurando uma forma de resistência ao produto cultural descartável.
Considerações finais
(AGNES) – Bom, com a colaboração da nossa querida Edneia podemos
perceber Modernismo é um movimento artístico que engloba outras
correntes de propósito semelhante, o de ser uma ruptura das convenções
clássicas e de se pregar total liberdade criativa para bem da liberdade de
expressão como João Cabral e outros autores fizeram.

Fechamento
(AGNES) – Agradeço a todos ouvintes, agradeço a nossa querida
participante Edneia, foi um enorme prazer, agradeço também a todos os
nossos patrocinadores, e um aviso importante, fiquem ligados no próximo
episódio que terá como assunto mais uma modernista importantíssima no
movimento que é a Cecília Meireles e não esqueçam de nos seguir no
Instagram e se inscreva no canal @literatura ao pé do ouvido.
Vinheta Final
Tchau pessoal, obrigado por ouvir nosso podcast, literatura ao pé do
ouvido.

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