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DO ORAL
PARA OESCRITO
E GUARDA
DE DOCUMENTOS
O19mportante ndo ia rasa mde
mas
onde em nds a
marame
caa mara
Mia(out
da e formalmente autorizada.
existem procedimentos
Depois da gravação,
referem àse passa
a materialização que
para todo o pro-
oral para o escrito:
gem do código serem apresenta
critérios a
cesso é feito
com
fases
recomendação passa
por quatro
dos. A textualização,
são: transcrição,
distintas, que
129
MEMORIASE NARRATIVAS
procedi-
escolha de tom vital e transcriação
mentos a serem ponderados nesta parte.
oralista deve promover
Depois de transcriar, o
a conferência do escrito junto com
o colabo-
esta fase -
do oral para
Ha segmentos que se contentam com
em questão seria su-
defendendo que a passagem
a transcrição -
131
MEMORIAS E NARRATIVAS
132
PASSAGEM DO AL
PARA OotESCRITOEG
ales é RDA DE DOCUMENTOS
pura e simplesé alnejada por
qucm. as faça por um
critério já alguns
antigo
grupos de
de linguistas ou
istem areas
que sustentam suposta "fidelidade",
mas
sa um textoo alternativas,
orimoradoe isso leva às outras pois o
que interes-
historia oral, a saber: etapas dos projetos
de
ressalta-se
re de que
fextualizaçãoe
se trata transcriação. Da trans
rição mais de um ato
.arapriamente interpretativo, mecânico do
pois a
análise de entrevistas
5a
condiçåo. à parte mesmo na feitura do é
passos subsequentes.
documento conforme os
TEXTUALIZAÇÃO
Em termos praticos, pode-se dizer que a
transcrição olha
nara dentro da narrativa oral e a transpõe na ordem do dito.
Outras fases subsequentes - textualizaç o e transcriação - olham
mensagens pretendidas
precisa ressaltar
as
PDr Sua vez, do texto,
da reconfiguração
evistado. Clareza éo m o t e diretor critérios e
explicaçoes
contudo,
demanda emis-
Ocdimento que,
sobre o papel do
ponderar
aos leitores interessados em
bem como do mediador/
entrevista,
C O l a b o r a d o r que deu a
133
MEMORIASE NARRATIVAS
a entrevista.
que deu das ideias
reordenamento
A textualizaçáo se caracteriza pelo
entrevistado, independentemente
da ordem em que
emitidas pelo reescalonamento das
ele as expôs. Para tanto, é importante um
com
A favor da boa textualização, recomenda-se,
renovada ênfase, a mudança da pontuação conven
o entendimento do sentido da fala
cional para que
seja preservado.
PASSAGEM DO
ORAL PARA OE
o r q u es ebusca
tSCRITOE
busca melhor compreensáo, GA
E GOARDOA
adequada as
p r o p o s t a
A
de das
rcauralidade narrativas orais se
rende
à
direr pode. esgotar se transcritas,
"dito. em
no
que
necessária
E o
buscade
tenticidade do: tido
da
"querer
preciso, por meio
das interjeiçôes narrativa,
usar da
propor "pausas
esse caso, são interrogativas
s p i r a t ó r i a :
Dece
exclamati- e
reticéncias,
E as
as.
parasugerir
mo - p a r a pausa fundamentais
reflexiva aos textos para darlar rit-rit-
-
na narra
eiva original. Existem casos em
que as
repetições são
convé enientes para exemplificar a
intenção reforço das ideias
de
calaborador, mas o que se reivindica é nada menos do ane a
a
fuidez da leitura dos receptores.
tormar
das partes para
A coerência nos diz da organização
e un-
precisam serharmónicas
TOdo do texto. As entrevistas
como no caso
de outros tipos de produção
4pOiS, assim es-
somente em rases es
náo
sentido conjunto, ulterior do
Dusca-se o destino
parsas. Ainda que a textualização não seja exercício do que
do trata-se
de forma
135
ME MORIASE NARRATIVAS
em
gestos de
mutualidade. Nesse sentido, impóe-se a noção de
tränsito entre códigos. Sob esta condição é queo mediador
se
autoriza ao rearranjo
textual
'ara quantos pretendam transcriar, a textualização é
uma
passagem relevante por ser articuladora entre o emissor e os re-
ceptores dos códigos distintos. Dessa forma, toca-se questáo da
autoria. pois se
questiona: de quem é o texto produzido a
partir
da textualização? E as respostas vem por meio do reconhecimen-
to: a história é do emissor que legitima por meio da autorização
produto. porque. além disso, importa ressaltar que a entrevista
carrega responsabilidades jurídicas do diretor do projeto.
TOM VITAL
Em termos práticos, é durante a textualização que se detine
a indicação do tom vital de cada entrevista. Sugere-se que, para
encontrá-lo, a gravação seja ouvida e que seja lido o texto da trans-
necessárias. Não raro, o tom
crição tantas vezes quantas se fizerem
vital se localiza ao longo da entrevista depois de alguns momen-
tos de fala -, condição para que o colaborador tenha expressa-
do argumentos que garantam um posicionamento interpretativo.
Como o nome indica, tom vital é centro ou síntese
da visão do
narrador e, por isso, tem que ser distinguido como recurso capaz
mais dití-
de orientar as operações da textualização. Há situações
maso esforço desta definição é
crucial
ceis de optar pelo tom vital,
de tê-lo definido é que se altera o texto nos termos
e apenas depois
136
PASSAGEM DO ORAL
PARA OISRIOE qUARDA OE DOCUMEMIOS
o tom vital como
Entendes
eixo narrativo, sinteti
zado em uma frase que serve para a
entrevista como
ma coluna vertebral. E tom vital
que serve de guia
para a transcriação textual. Para as entrevistas o tom
vital equivale ao titulo do projeto.
Aformulação do tom vital caracteriza-se pela escolha de uma
trase concisa, explicativa, potente, habilitada para dar sentido às
mens
Gens emitidas pelos colaboradores individualmente. Isso,
alémconferirerir sustentação detinitiva para ocorpo argumenta-
rivo, permite um criterlo para a manutenção do que pode per-
anecer e do que deve sair da entrevista textualizada. O tom vital
ustifica os parâmetre
Just
e os elos das partes de uma narrativa-
é exatamente por 1sSO que se destaca e que se autoriza usá-lo
como guia que confere a verticalidade necessária à textualização
eàleitura da entrevista. O tom vital, em outras palavras, é o fio
da meada para os encaminhamentos da textualização; trata-se de
um duto que conduz å transcriação com critérios para intersec-
çoes e interligaçóes dos argumentos segundo a lógica compre
ensivel no código escrito. Assim, as repetiçóes, as manutenções
de cadencias narrativas circulares, os retornos, os estorços de fi
xação de argumentos centrais da entrevista são elementos que
contribuem para a identificação do tom vital.
Na sequência, suprimem-se as perguntas ou estímulos da
elaboração textual. Ao serem retiradas as circunstâncias dialógi-
cas, sobressai-se, então,protagonismo do colaborador. Nesse
o
momento da operaçáo textual, a solução literária ou estética se
à literalidade.
impoe, garantido, contudo, apego às ideias e não
de
protagonismo do narrador, por seu turno, garantia que,
é
cmbora o pesquisador exerça a de mediador, mantém-se
função
Omo uma espécie de presença ausente. O resultado dessa ope-
não apenas a tluidez da leitura
ydO num texto claro assegura
137
MEMORIAS E NARRAIIVAS
igualmente uma
no construto
uniformizado,
mas
trans
o escrito.
criteriosa da oralidade para
textualizaçåo se te
faz importante corrigir
corrigir os
Durante a
mantidas as proporçoes
convenientes cquívo.
cos gramaticais,
complemente
par ada
cada
recomenda
se
não apagar ente as marcas as
caso, porque
de entrevistas com estranpei.
de
falas. No por caso. exemplo,
no dominam o idioma da entrevista, deve-se conservar apeque
características. De igualexcluídas a s
maneira, são
algumas
VTas sem peso semântico ou vazias de significados. SonePala.
ruídos
140
ASSAGEM DO ORAL PARA OESCRITOE GUARDADE DOCUMENTOSs
e n t r e v i s t a
as expressóes subjetivas para que fiquem claras as
ifestaçóes de
risadas lágrimas e n t r e outras. Em busca da
e
ampreensão
Haroldo de Campos no
de nalavrase signos, conforme sugeriu
caso da tradução poética.
141
MEMORIAS ENARRATIVAS
142
PASSAGEM DO ORAL PARA OESCRIJOE GUARDA DE DOCUMENTOS
avistado é, da mesima maneira, elemento de percepçáo que
conduzir a entrevista para além de um plano rígido ante
pode
estabelecido. Com moderação, atitudes surgidas no
riormente cstabel
amento das
ndamento das entrevistas podem ler a sondagem ou o aprofun-
and
damento de intençoes não ditas ou interditas. O entendimento
significado
signific da transcriaçao, nesse tipo de história oral, valo-
do
aLl Se conhece como instante aurático": como a definição
do momento mais importante da entrevista, como aquele que
ualifica a singularidade de cada gravação como integrante de
certa coletividade presentificada.
A transcriação consagra o processo de entrevista e
deve responder a boa comunicação com o leitor. A di-
mensão de história oral pública se realiza, entre outras
coisas, na ampliação dos leitores e no consumo de
histórias pelo grande público. De outra forma, não se
pode atuar sem pensar em parcelas maiores de leito
res que precisam apreciar as narrativas com potencial
de mobilização da consciência histórica.
A aura, razão do tom vital, deve traduzir o sentido de toda en-
trevista. No caso, por exemplo, da perda de ente querido em que
o narrador chora ao narrar, mas as lágrimas não aparecem, deve-se
interferir no texto e acrescentar, na voz do narrador, expressões
como "eu choro quando abordo este tema', ou "nem consigo fa
lar sobre o assunto sem chorar", ou ainda "ë como se eu estivesse
chorando agora". Certamente, o "momento aurático" da dor vi-
venciada precisa de ênfase que, por si, justitica a interferência. O
fito, nesses casos, é levar ao leitor a ambiência do momento da
gravação, ao mesmo tempo em que, sem quaisquer constrangi-
mentos, assume-se a entrevista e a transcriação como ficcionais.
Compreende-se a ficcionalidade em seu intento esclarecedor que
143
MEMORIAS NARRAIIVAS
momento da transcriação.
ficcionais pelo ato de
'artindo-se da narratividade de ares
Contar para o outro', a memória de expressão oral se atualiza a
cada nova narraçáo e se movimenta no curso das dinämicas seleti-
as e afetivas, análogas aos traços contextuais da situaçao gravada.
As palavras nas frases passam, portanto, por transtormações na
gravações, o resulta-
condição oralizada, contida nas
Por mais que se pareça com outra dada pelo mesmo colabora
dor, cada entrevista é única ainda que os episódios narrados aparen-
temente se repitam. A partir dessa premissa, tem-se que a memória
de expressão oral se permite à recriação cada vez que é contada, o
que faz com que os critérios analíticos aos quais é submetida sejam
distintos dos estudos genéricos sobre "a memória". A singularidade
de cada entrevista cessa quando ela ganha forma definitiva. Ao se
tornar texto autorizado, o estado de documento se realiza, mas isso
não demanda que a transcriação em textos seja lida e interpretada
com os mesmos critérios de documentos cartoriais, entre outros.
Contar é elencar os vividos um a um, nos novelos das novelas de
memórias. Tudo para, em seguida, reelaborar a experiência pela fala.
144
ASSAGEM OORA I'ARAOT RIIOEGUARDA D DoUMENIOS
DE HISTÓRIAS
BANCOS
tem sid
sido reconhecido como "dever de memória", ou seja,
tem
o
Pa
atentos ao registro de fatos, relatos e demais registros que
jctos
o j e t .
de
dores de instituições ou mesmo
novas
movimentos sociais ou
culturais; figuras
radores); participantes de
assolados
ou grupos
de destaque em atividades relevantes; pessoas
como velhos
mesma linha, são elencados aspectos
por doenças. Na
rituais urbanos; tradiçóes popula-
Carnavais; festas de padroeiros,
cívico).
procissóes ou efemérides e festas de significado
145
E A A f NABRANA
Subjetivos mar
Eimportante ter claro que impulsos
histórias. Ainda que
nos bancos de
cam as investidas
se temas, essas escolhas
na aparência sobreponham
de reservas de memória.
ocorrem como transparência
146
PASSAGEM DO ORAL PARAO ESCRITOE GUARDA DE DOCUMENTOS
Planciamento de projetos com o lim específico de regis-
to destinado. principalmente, a leitores do futuro;
Coletas planejadas de entrevistas que se explicam no con-
iunto de interesses presentes, com intençóes comunicati-
vas entre geraçoes
Necessidade de proteção de memórias de vocação oficial
ou histórica.
Um dos primeiros
cuidados a serem
para tomados a elabo-
bancos de histórias visa à sua pertinência e ao seu olhar
ração dos
o futuro.
Em certa medida, os bancos de histórias atendem
para
uma possibilidade intuitiva de diálogo com interessados que
em conta os recadoS contidos nos projetos de pes-
devem levar
de segmentos dominantes, ou de
quisa. O risco de celebrações
instituiçóes consagradoras de valores exaltados, é,entretanto,
uma
constante nesses casos, mas isso nao anula pensar que os grupos
menos favorecidos e carentes de tontes convencionais fiquem fora
de um radar mais amplo. O surgimento de museus municipais ou
museus da imagem e do som, centros de memória, de certa forma,
respondem a essa possibilidade.
Por certo, o progresso da eletrônica e o patrocínio
favorecem a
de instituições públicas ou privadas
existência de bancos de histórias que devem respon
deixados em favor de uma história
der a destaques
a ser contada.
E importante que não se confunda bancos de histórias com
aeposito de entrevistas ou mesmo com
os superados "arquivos
mortos. No primeiro caso, supóem-se instituiçóes responsáveis
A
pela recolha e guarda do material, segundo projetos próprios. de
gunda alternativa aponta para depósito (e eventual guarda)
147
MEARRR NaRRATva
150
PASSAGEM DO ORAL PARAOESCRITOE GUARDA DE DOCUMENTOS
imanente de transformação de seus significados. Fala-se,
( o i m a n e n t e .
niveis: a transcriaçao dofato/situação ea transcriação das
pOis, d e n i
po pressões
verbais individuais. No
primeiro caso, os fatos sociais
sentam como
recortes tangíveis, efetuados na possibilida
aprese
se
memória reponta como celeiro gerador
registro e, assim, a
d ed er e g i s t r o
retidos por suas faculdades essenciais: seletividade e
indicios
de
narrativa registrável. Trata-se, antes de nada mais, de
potênc ncia
isso
processo
de mudança de códigos, do oral para o escrito,
um
de atributos que compõem um
depois de passar pelo conjunto
fato/situação/tema..
As transcriações se dão em níveis de escolhas
referenciadas. A eleição da matéria
evid ncias
p se fazem sobre
e como
tema, assunto, fato, situações
-
transcriar
-
sobre o que social trans-
de narradores o enunciado
filtrar pela experiëncia cuidados que deman-
material, passa exigir
vertido para condição
as paradoxalmente, são também
quais,
dam reflexQes teóricas,
trascriativas. Assim, transcriam-se situações de análise
atitudes da
narrativas individuais.
No mundo da cultura e
e transcriam-se
vida célere, enfim, tudo é
transcriação.
HISTÓRIA ORAL
APLICADA
EANÁLISE
A realidade sempre me atraiu como um imá
me torturando e hipnotizando,
c eu
queria capturá-la no papel.
Então imediatamente me apropriei deste
genero de vozes e confissóes humanas reais,
testemunhas, provas e documentos.
E assim que eu vejo o mundo - como um coro
153
MEMORIAS NARRATIVASs
existem questões
colaboradores,
aos
o respeito
inclusive de imposições jurídicas,
decorentes
sérias ser ele
leis devem
à imagem e atenção às
Direito
sob o risco de problemas que
mentos
observados
todo o projeto.
podem comprometer deve-se considerar
de direitos,
A par das questões
moral de quem lida com memória, pois a
o dever
mostra a partir do esforço
relevancia do projeto se
circunstâncias que não seriam
de transfomação de
fossem os empenhos de oralis-
registradas se não
inexistência e vida
propor
tas. Tirar do estado de
se concretizam
na organização de
a situações que
desnaturalizar-e dar
qualquer proposta equivale
a
documentada-
outra natureza, concreta, material,
transcorrer dos
aos fatos e situações soltas no
acontecimentos reelaborados pela memória.
suas finalidades
Além da produção de narrativas,
os usos das entre
devem dirigir a atenção para
vistas e alternativas analíticas encontradas no