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RIM

Felisbina Luisa Queiroga, MSc, PhD


fqueirog@utad.pt
Introdução
 O rins participam como:

 Órgãos excretores
 Substâncias em excesso ou nocivas
 Órgãos reguladores
 Volume e composição dos fluídos corporais
 Órgãos endócrinos
 Renina, eritropoietina e 1,25-diidroxicolecalciferol (forma
activa da vit. D = calcitriol)
Introdução

Os principais mecanismos através dos


quais os rins exercem as suas
funções são a filtração glomerular, a
reabsorção tubular e a secreção
tubular de diversas substâncias.
Formação de urina
Resultante:

 Filtração glomerular

 Reabsorção tubular

 Secreção tubular

Excreção urinária = Filtração – Reabsorção + Secreção


filtração glomerular

Fluxo sanguíneo renal (FSR)


 FSR é directamente proporcional ao gradiente
de pressão entre as artérias e as veias renais

 FSR é inversamente proporcional a resistência


dos vasos renais (arteríolas)

 O rim possui dois conjuntos de arteríolas


 Arteríola aferente
 Arteríola eferente
filtração glomerular

Fluxo sanguíneo renal (FSR)


 Regulação do FSR
 Sistema nervoso simpático
 Inerva tanto a arteríola aferente quanto a
eferente
 Produz vasoconstrição
 Angiotensina II
 Potente vasoconstritor das arteríolas aferentes
e eferentes (sendo mais sensíveis estas
últimas)
 Prostaglandinas (E2 e I2)
 Produzidas localmente no rim
 Vasodilatadoras das arteríolas aferentes e
eferentes
Filtração glomerular

 Primeira etapa na formação da urina

 As forças responsáveis pela filtração


glomerular são as forças de Starling
Forças de Starling
Filtração glomerular
 Equação de Starling

FG = Kf [(PCG-PEB)-CG]
Onde,
FG = filtração glomerular
Kf = coeficiente de filtração
PCG = pressão hidrostática no capilar
glomerular
PEB = pressão hidrostática no espaço de
Bowman
CG = pressão oncótica no capilar glomerular
Filtração glomerular

+45 -19

PCG = pressão hidrostática no capilar glomerular


PEB = pressão hidrostática no espaço de Bowman
CG = pressão oncótica no capilar glomerular
Filtração glomerular

+45 -35

PCG = pressão hidrostática no capilar glomerular


PEB = pressão hidrostática no espaço de Bowman
CG = pressão oncótica no capilar glomerular
Variações na filtração glomerular

FPR –Fluxo plasmático renal


FG - Intensidade de filtração glomerular
PCG = pressão hidrostática no capilar glomerular
Variações na filtração glomerular

FPR –Fluxo plasmático renal


FG - Intensidade de filtração glomerular PCG = pressão hidrostática no capilar glomerular
Reabsorção, secreção e
excreção
Reabsorção

Líquido tubular
Água e Na+, Cl-,
Proteínas bicarbonato, glicose,
transportadoras aminoácidos, uréia,
Ca2+, Mg2+, fosfato,
lactato, citrato

Sangue capilar peritubular


Tubo contornado proximal a reabsorção é obrigatória,
Tubo contornado distal a reabsorção é facultativa, depende da acção hormonal, ex: Na+, k+, aldosterona
Secreção

Líquido tubular

Proteínas Ácidos e bases


transportadoras orgânicas, K+

Sangue capilar peritubular


Excreção
(urina propriamente dita)
 É o resultado efectivo da filtração,
reabsorção e secreção.

 Quantidade de substância excretada por


unidade de tempo

Intensidade da excreção = V  [U]


[U] = concentração urinária (mg/ml)
V = débito urinário por minuto (ml/min)
Depuração de substâncias

 A depuração de diversas substâncias é


variável o que reflecte as diferenças no
seu processamento renal.
Depuração renal
 Depuração renal de uma substância é o volume
de plasma inteiramente depurado dessa
substância pelos rins, por unidade de tempo.

Excreção renal

C = depuração (ml/min)
[U] = concentração urinária (mg/ml)
V = débito urinário por minuto (ml/min)
[P] = concentração plasmática (mg/ml)
Depuração de substâncias

 Albumina

 Depuração = 0
 Não é filtrada nos capilares glomerulares
Glicose
 Depuração = 0

 A glicose é livremente filtrada

 A glicose é reabsorvida pelas células epiteliais


do túbulo contornado proximal

 O número de transportadores de glicose é


limitado apresenta transporte máximo (Tm),
logo o mecanismo é saturável
Uréia
 A uréia é livremente filtrada

 A uréia é reabsorvida na maioria dos


segmentos do néfronio

 Reabsorvida por difusão simples


Avaliação da Função renal
Conceitos:

Doença renal – Refere-se à presença de lesões morfológicas ou


funcionais a nível renal (em um ou ambos os rins), sem
determinação do grau de funcionamento renal, nem da etiologia,
gravidade ou distribuição das lesões.

Reserva renal – Refere-se à % de nefrónios que não são


necessários para a manutenção de uma função renal normal.
Existem pequenas variações de animal para animal, mas é > a 50%
(até ≈ 75%) em cães e gatos normais.

Insuficiência renal – Síndrome clínico que se inicia quando os rins


já não são capazes de exercer as suas funções reguladoras,
excretoras e endócrinas. Surge quando há uma perda de nefrónios
funcionais > a 75%.
Conceitos:

Azotemia/Uremia - ↑ da [ ] sérica / plasmática de compostos azotados


não
proteicos (ureia, creatinina e outros compostos resultantes do
metabolismo). Resulta de IR por causas pré-renais.

Síndrome urémica – Conjunto de sinais clínicos – gastrenterite,


acidose metabólica, pneumonia, encefalopatia, osteodistrofia, … - que
ocorrem secundariamente à uremia.

Síndrome nefrótica – Ocorre secundariamente a proteinúria grave e


prolongada (é um termo descritivo que não implica um diagnóstico
etiológico). Alterações clássicas: proteinúria, hipoalbuminemia, ascite e
edema sub-cutâneo.
Avaliação da função renal
 Taxa de Filtração Glomerular (TFG):

Volume plasmático de uma substância


que pode ser completamente filtrada pelos
rins numa determinada unidade de tempo.
 As caracteristicas fisicas ideais de uma
substancia para avaliar filtração glomerual são:
substância livremente filtrada (como a àgua), e
não reabsorvida nem secretada pelos túbulos
renais.
 Neste caso a intensidade da sua excreção na
urina seria igual à intensidade da sua filtração
pelos rins.
Avaliação da taxa de Filtração glomerular (TFG)

Inulina
 Polímero da frutose. Não é produzida no
organismo. Encontrada na raiz de certas
plantas. Administrada via IV.

 Livremente filtrada, tal como a água, mas não é


reabsorvida nem secretada.

 A sua depuração mede a intensidade da


filtração glomerular.

 Marcador Função glomerular


Avaliação da taxa de Filtração glomerular (TFG)

CREATININA

A taxa de filtração glomerular também pode ser determinada pela


depuração da creatinina, que é um teste mais preciso da função renal,
permitindo uma avaliação mais precoce e precisa de lesões renais.

É facilmente implementada em consultas de rotina (teste bastante


frequente) com o objectivo de monitorizar a progressão de doenças
renais. A depuração (clearance) da creatinina significa medir a
quantidade de plasma livre de creatinina. O cálculo faz-se da seguinte
forma:

Clearance creatinina= (Concent.creat. urina) x (Volume urina)

(Concent. Creat. Plasma)


Avaliação da taxa de Filtração glomerular (TFG)

 Clearence da Creatinina
 Utiliza-se uma amostra de urina (colheita de
24 horas) e uma amostra de sangue.
Avaliação da função renal
CREATININA

 A Creatinina é o marcador mais importante da função renal pelo


facto de ser produzida de forma constante pelos músculos (não
apresenta variações diárias significativas)

 Filtrada pelo glomérulo (uma pequena quantidade é secretada pelo


túbulo proximal) e eliminada através dos rins pela urina.
Considerada um teste mais sensível que a determinação de ureia

 A insuficiência renal provoca um aumento dos níveis séricos de


creatinina pois esta não é eliminada nas quantidades normais e
acumula-se no sangue.
Avaliação da função renal
 Aumento Sérico de Creatinina

 Diminuição da função renal


 Dieta muito rica em proteína (fraca contribuição)
 Grande massa muscular (gigantes, uso de esteróides
anabolizantes)
Avaliação da função renal
 A determinação da concentração de creatinina no sangue
permite uma rápida avaliação da taxa de filtração
glomerular nas condições que se seguem:

 Massa muscular e dieta normais


 Metabolismo da creatinina constante (estado constante
de produção e eliminação da creatinina)
Avaliação da função renal
Ureia:

 Principal metabolito nitrogenado derivado da degradação de


proteínas pelo organismo.

 90% excretada pelos rins. Restante eliminada no trato


gastrointestinal e pele.

 Ureia é filtrada pelo glomérulo.

 Se o filtrado glomerular estiver a fluir lentamente através do túbulo


proximal, a ureia pode ser reabsorvida por difusão passiva e retorna
à corrente sanguínea.
Ureia
 Os níveis sanguíneos de ureia podem ser indicadores
de doença renal.

 Observam-se aumentos com diminuição da função renal


entre 25-50% do normal.

 Indicador não específico (dependente do catabolismo


proteico)
Ureia

 Aumento no catabolismo proteico  faz aumentar os


níveis de ureia no sangue

 Refeição muito rica em proteína


 Stress severo (febre; enfarte do miocárdio; etc..)
 Hemorragia gastrointestinal alta (sangue é digerido e
absorvido)
Avaliação da função renal

 Aumento dos compostos azotados não proteico (Ureia, creatinina,


outros compostos azotados) chama-se AZOTÉMIA

 AUMENTO NO CATABOLISMO PROTEICO

 DIMINUIÇÃO DA FUNÇÃO RENAL


Cistatina C
 A Cistatina C é uma proteína não-glicosilada de baixo peso molecular (13,36 Kda),
inibidora da proteinase de Cistina.

 A importância de sua determinação sérica ou plasmática está relacionada com a sua


alta sensibilidade na avaliação do índice de filtração glomerular. Esta alta
sensibilidade deve-se ao fato da Cistatina C ser produzida de forma constante pela
maioria das células, não sendo influenciada por processos inflamatórios ou pela
massa muscular. Não há variações com o sexo do paciente.

 Devido ao seu baixo peso molecular e à carga positiva, a Cistatina C é livremente


filtrada pelo glomérulo renal e reabsorvida e metabolizada no túbulo renal proximal,
não ocorrendo secreção renal ou extra-renal. Logo, a determinação da Cistatina C
sérica, reflete exclusivamente a filtração glomerular e seu aumento no soro significa
uma redução dessa taxa de filtração.
AVALIAÇÃO
LABORATORIAL DA
FUNÇÃO RENAL
FUNÇÃO GLOMERULAR
(Filtração Glomerular)

 Uréia Sérica
 Creatinina Sérica
 Depuração de Creatinina
 Depuração de Inulina
 Densidade urinária
Densidade urinária (refratómetro)
(Informação importante acerca da função tubular e hidratação)

 Hiperestenúrica: d > 1,030; [ ] total de solutos na


urina > que [] solutos no filtrado glomerular
 Isostenúrica: d=1,010 a 1,030; [ ] total de solutos na
urina = que [] solutos no filtrado
glomerular
 Hipostenúrica: d < 1,010; [ ] total de solutos na urina
< que [] solutos no filtrado glomerular
AVALIAÇÃO
LABORATORIAL DA
FUNÇÃO RENAL
1. EXAME DE URINA
 Recolha

• Utilizar recipiente apropriado

• 1ª urina da manhã

• Jacto médio

• Armazenar no frio até análise


AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL

1. EXAME DE URINA
AVALIAÇÃO
LABORATORIAL DA
FUNÇÃO RENAL
1. EXAME DE URINA
 Glicose
 Proteinúria
 Nitritos
 Pigmentos e Sais biliares
 Corpos cetónicos
 Hemoglobina e Mioglobina
GLICOSE

 Glucosuria (Excreção de glicose na urina)

 Causas:
 Diabete mellitos  concentração plasmática
de glicose está aumentada
 Gravidez  FG está aumentada
 Anomalias dos transportadores de glicose
PROTEINÚRIA

Qualitativa
Proteinúria
Quantitativa

PROTEINÚRIA QUALITATIVA
• Teste da tira reactiva

PROTEINÚRIA QUANTITATIVA
•Microalbuminúria (30-300 mg)
PROTEINÚRIA

Em condições normais os túbulos glomerulares impedem a


excreção das proteínas. Um aumento na permeabilidade dos
capilares glomerulares devido a processos patológicos renais,
conduz ao desenvolvimento de proteinúria renal.

Em pessoas saudáveis, pode ocorrer um aumento da excreção de


proteínas pela urina, por exemplo em caso de stress físico ou em
mulheres grávidas.

A primeira proteína a conseguir passar a barreira glomerular renal


é a albumina, devido ao seu baixo peso molecular.
PROTEINÚRIA
 Microalbuminúria

Presença de quantidades mínimas de proteínas (albumina) na urina.

Em condições normais, os valores não ultrapassam os 30 miligramas por


dia.

Aparece antes da manifestação clínica da proteinúria, detectável pelos


métodos tradicionais.

Marcador precoce de insuficiência renal e de mortalidade precoce dos


pacientes diabéticos.
 Microalbuminúria

•A urina analisada deve ser a total das 24 horas ou toda a urina


correspondente ao período do descanso nocturno. Neste caso, deve
tomar-se nota do tempo (horas e minutos) que decorreu entre a hora em
que urinou pela última vez antes de se deitar e a hora em que urinou ao
levantar-se de manhã.

• Para quem não teve necessidade de urinar durante a noite, a urina


colhida para análise é, assim, a primeira da manhã.

•Para quem teve necessidade de se levantar durante a noite para urinar,


deve ir guardando toda essa urina e juntá-la à primeira da manhã.
NITRITOS

 Os testes de nitrito fazem parte das análises à urina


com tiras de teste, com o objectivo de identificar
infecções do tracto urinário.

 Normalmente as bactérias encontradas na urina têm


origem no tracto digestivo. O organismo mais
comum responsável por infecções do tracto urinário
é a E. Coli. Outras bactérias uropatogénicas são, por
exemplo:
Klebsiella, Salmonella, Enterococcus sp.,
Staphylococcus sp., e Pseudomonas.
NITRITOS

 Normalmente a urina não contém nitritos; estes só


se formam no caso de infecção bacteriana do tracto
urinário.

 A maior parte das bactérias uropatogénicas gram-


negativas possuem a enzima nitrato reductase que
converte o nitrato dos metabolitos alimentares em
nitritos.

 Indicações :
 Suspeitas de infecção bacteriana do tracto
urinário
PIGMENTOS E SAIS BILIARES

BILIRRUBINA:
Detectada através de uma reacção de acoplamento com 2,4-
diclorobenzeno-diazônio-tetrafluorborato. Esta reacção produz
na área reactiva uma coloração rosada.

A cor amarela indica uma reacção negativa. O teste detecta


valores superiores à 0,5 mg/dl de urina.
PIGMENTOS E SAIS BILIARES

UROBILINOGÊNIO:

A substância usada para a reacção é o 3,2'-dinistro-4-fluoro-4'-


diazônio-difenil-tetrafluorborato, e produz uma coloração
rosada na área reactiva correspondente.
Concentrações acima de 1 mg/dl de urina são doseadas nesta
área reactiva, já que 1 mg/dl é considerado como o limite
superior do normal. Valores superiores estão dentro da faixa
patológica.
CORPOS CETÓNICOS

Resultantes do metabolismo dos ácidos gordos


(ácido acetoacético, acetona e ácido hidroxibutírico),
os quais são eliminados na urina, onde em
condições normais não estão presentes.
SEDIMENTO
URINÁRIO
Hemácias

 Células sangüíneas Leucócitos


Eosinófilos

Bactérias
 Agentes biológicos Fungos
SEDIMENTO
URINÁRIO
Oxalato

 Cristais Fosfato
Uratos

Hialinos
Granulosos
 Cilindros Leucocitários
Hemáticos
HEMATÚRIA
A hematúria - excreção de eritrócitos na urina - ocorre
geralmente em doenças renais ou do trato urogenital.

A hematúria é muitas vezes causada por inflamação,


mas também acontece em muitos casos de tumores da
bexiga, em lesões renais e na maior parte dos
pacientes com urolitíases, mesmo antes de estes
sentirem quaisquer sintomas de dor.
HEMATÚRIA
A hemoglobina livre, proveniente dos eritrócitos lisados
(intravascularmente ou na amostra durante o
armazenamento / transporte) também pode ser encontrada
na urina.

A hemoglobina passa para a urina quando se excede a


capacidade de reabsorção tubular. Tal ocorre normalmente
com concentrações de hemoglobina no plasma de cerca
de 60 µmol/l.
HEMATÚRIA
CILINDRO
HIALINO
Leucocitúria
•A leucocitúria é um indicador precoce e sensível para
doenças inflamatórias dos rins e/ou do tracto urinário. É muito
mais comum nas mulheres do que nos homens.

•Na pielonefrite crónica é muitas vezes o único sintoma entre


episódios agudos

•Durante uma infecção do trato urinário, os leucócitos movem-


se em direcção ao foco da inflamação para combater e
destruir os agentes patogénicos. Acumulam-se na bexiga ou
nos rins de onde são excretados para a urina.
CILINDRO
LEUCOCITÁRIO
CILINDRO
HEMÁTICO
CRISTAIS DE OXALATO DE
CÁLCIO
CRISTAIS DE FOSFATO
CRISTAIS DE CISTINA
BIÓPSIA RENAL

 INDICAÇÕES
 IRA prolongada
 IRA = para esclarecimento diagnóstico
 Hematúria
 Proteinúria não nefrótica
 Síndrome Nefrótica

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