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Descrição do hipódromo

“Para além, dos dois lados da tribuna real forrada de um baetão vermelho de
mesa de repartição, erguiam-se as duas tribunas públicas, com o feitio de traves mal
pregadas, como palanques de arraial. A da esquerda, vazia, por pintar, mostrava à luz
as fendas do tabuado. Na da direita, besuntada por fora de azul-claro, (…); e o resto
das bancadas permanecia deserto e desconsolado, de um tom de alvadio de madeira,
que abafava as cores alegres dos raros vestidos de verão.”; “D. Maria achava ridícula
a música, dando às corridas um ar de arraial.... Além disso, que tolice, o hino, como
num dia de parada!
-E este hino, então, que é medonho – dizia Carlos...”
“O bufete estava instalado debaixo da tribuna, sob o tabuado nu, sem sobrado,
sem um ornato, sem uma flor. (…) E, no balcão tosco, dois criados, estonteados e
sujos, achatavam à pressa as fatias de sanduíches com as mãos húmidas da espuma
da cerveja”

O hipódromo situava-se numa colina em Belém, num largo com condições


precárias. Devido ao facto de estes eventos não serem recorrentes em Portugal,
ninguém sabia como organizar um evento desportivo, levando a que a construção das
tribunas e bancadas fosse insegura. Os pregos eram visíveis, as tábuas de madeira
apresentavam fendas entre si, as pinturas das tribunas estavam malfeitas, os tecidos
que forravam a tribuna real eram de má qualidade e os jardins não estavam
devidamente tratados. O buffet era servido debaixo da tribuna real, numa bancada que
não estava higienizada nem decorada, onde dois criados com as mãos molhadas com
cerveja faziam as sandes que eram que eram servidas no evento. A música foi mal
escolhida pois fazia com que um ambiente que era suposto ser requintado, mas ao
mesmo tempo ligeiro, como compete a um evento desportivo, parecesse um arraial
popular. Além disso Carlos e Dona Maria da Cunha partilham da opinião de que o hino
português era inadequado pois ele costumava ser tocado em dias de parada.

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