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Uma exposição sobre as riquezas da graça, misericórdia

e glória de Deus
Revista de
■■K DOMINICAL Escola Bíblica Dominical
4° Trimestre de 2021 • Ano 31 • N° 121
Adultos Publicação Trimestral • ISSN 2448-184X

NOSSA CAPA:
EFÉSIOS
Homem adorando a Deus,
Uma exposição sobre as riquezas da graça, misericórdia privilégio que nosfoi
e glória de Deus concedido pela graça de Jesus,
descrita em Efésios por Paulo.

SUMÁRIO

LIÇÃO 1 O maravilhoso propósito da salvação 3

LIÇÃO 2 As bênçãos advindas da salvação 10

LIÇÃO 3 A oração de gratidão pelo conhecimento 17

LIÇÃO 4 A tríplice dimensão da salvação 24

LIÇÃO 5 Membros da família de Deus 31

LIÇÃO 6 A revelação do mistério chamado Igreja 38

LIÇÃO 7 A segunda oração intercessora 45

LIÇÃO 8 A unidade do Corpo de Cristo 52

LIÇÃO 9 Os dons de Cristo para a unidade do corpo 59

LIÇÃO 10 O novo homem e sua conduta diante do mundo 66

LIÇÃO 11 A plenitude do Espírito Santo 73

LIÇÃO 12 A conduta do cristão no relacionamento familiar 80

LIÇÃO 13 Revestidos de toda a armadura de Deus 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94

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R @ O EditoraBetel
Palavra do Comentarista
COI
A epístola aos Efésios é uma brilhante
MESA DIRETORA exposição sobre as riquezas da graça,
Bispo Primaz Mundial Dr. Manoel Ferreira
Presidente
misericórdia e glória de Deus. Con­
Bispo Samuel Cássio Ferreira duzido pelo Espírito Santo, o apósto­
Bispo Abner de Cássio Ferreira
Bispo Oídes José do Carmo
lo Paulo escreve sobre o maravilhoso
Pr. Amarildo Martins da Silva e perfeito plano divino de salvação. O
Pr. Josué de Campos
Pr. Genício Severo dos Santos apóstolo nos apresenta o mistério que
Pr. Eliel Araújo de Alencar
“neutros séculos não foi manifestado
Pr. Josué Rodrigues de Gouveia
Pr. Gilson Ferreira Campos aos filhos dos homens” (Ef 3.5), acerca
Pr. José Fernandes Correia Noleto
Pr. João Adair Ferreira
da família de Deus formada por judeus
Pr. David Cabral e gentios nascidos de novo. Assim,
:ditora betel neste trimestre, veremos a exposição
DIRETORIA/CONSELHO DELIBERATIVO do plano divino, propósito, formação
Bispo Primaz Mundial Dr. Manoel Ferreira
Bispo Oídes José do Carmo
e princípios para a vida da Igreja. Por­
Pr. Josué de Campos tanto, estudar as bênçãos espirituais
Pr. Genício Severo dos Santos
Pr. Eliel Araújo de Alencar resultantes da obra da redenção e os
Pr. José Fernandes Correia Noleto
Pr. David Cabral
privilégios e compromissos da Igreja
Pr. Neuton Pereira de Abreu de Cristo será o desafio deste trimes-
Pr. Eduardo Sampaio de Oliveira
Pr. Moisés Pereira Pinto
tre. Que o Espírito Santo nos ajude
Pr. Abinair Vargas Vieira nesta tão nobre tarefa.
Pr. Dilmo dos Santos
Pr. Desailton Antônio de Souza
VSOBREOAUTOR
Pr. José Pedro Teixeira
BISPO ABNER FERREIRA
Pr. João Nunes dos Santos
Pr. Antonio Paulo Antunes Presidente da CONEMAD/RJ
Pr. Deiró de Andrade
(Convenção Estadual dos Mi­
Pr. Abraão Gomes da Silva
nistros Evangélicos das Assem­
GERÊNCIA bléias de Deus - Ministério de
Bispo Samuel Cássio Ferreira
Gerente Executivo
Madureira no Estado do Rio de
Bispo Abner de Cássio Ferreira Janeiro); Presidente da Catedral
Gerente Geral
Histórica das Assembléias de Deus do Ministério de
Madureira; 2o Vice-presidente da CONAMAD; Ad­
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3 out / 2021

LIÇÃO

0 maravilhoso proposito da
salvação
S ASSISTA AO VÍDEO FOCO NA LIÇÃO DESTA AULA ATRAVÉS DO OR CODE ->

í TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"Como também nos elegeu nele antes da fun­ Deus nos deixou essa epístola para revelar a
dação do mundo, para que fôssemos santos grandeza de Seu plano de salvação, um pro­
e irrepreensíveis diante dele em caridade." jeto elaborado antes de tudo existir.
Efésios 1.4
[© OBJETIVOS DA LIÇÃO]

0 Ensinar acerca do conteú- Mostrar os benefícios da O' Explicar como nos tornamos

do da epístola aos Efésios. graça em Jesus Cristo. filhos de Deus pela adoção.

©TEXTOS DE REFERÊNCIA
EFÉSIOS 1 Cristo, o qual nos abençoou com todas as bên­
1. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade çãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,
de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis 5. E nos predestinou para filhos de adoção por
em Cristo Jesus: Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplá­
2. A vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, cito de sua vontade,
e do Senhor Jesus Cristo. 8. Para louvor da glória da sua graça, pela qual
3. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus nos fez agradáveis a si no Amado.

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 3


r&a LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA Rm 3.23-24 QUINTA Gl 4.1-7


A justificação pela fé em Jesus Cristo. Deus enviou Seu Filho.

TERÇA | Rm 5.1 SEXTA | Fp 2.5-11


Justificados pela fé, temos paz com Deus. Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus.

QUARTA | 2Co 2.14-15 SÁBADO Cl 1.13-17


Para Deus somos o bom cheiro de Cristo. Jesus Cristo: a imagem do Deus invisível.

<fS HINOS SUGERIDOS ^ESBOÇO DA LIÇÃO

18, 266, 459 Introdução


1. Conhecendo a Epístola aos Efésios
MOTIVO DE ORAÇÃO 2. Os privilégios concedidos por Jesus Cristo

Ore agradecendo a Deus por tudo o que Ele 3. As grandiosas riquezas da graça
é e pelo benefício que nos tem dado. Conclusão

•d:- INTRODUÇÃO
A narrativa paulina da Epístola escrita aos Efésios nos revela o mara­
vilhoso plano da salvação idealizado por Deus desde a fundação dos
tempos [Ef 2.8-9].

Conhecendo a Epístola aos da vida. Paulo destaca a função “cós­

D Efésios mica” de Cristo, Seu domínio sobre


A Epístola aos Efésios relata a fan­ os poderes angélicos e Sua soberania
tástica história da salvação huma­ sobre todo o universo [Ef 1.20-21]. A
na. Inspirado pelo Es­ Igreja é apresentada como
pírito Santo, Paulo nos PONTO DE resultado da obra salvífica
revela a nova dimensão PARTIDA de Cristo, sendo Seu Cor­
alcançada através dela, po, “a plenitude daquele que
Deus nos
a qual insere toda a ra­ cumpre tudo em todos” [Ef
salvou para
ça humana debaixo da 1.22-23], formada por ju­
louvor da Sua
poderosa e imensurável deus e gentios nascidos de
glória.
graça divina. novo e feitos um único po­
1.1 A Epístola aos Efésios. A vo de Deus [Ef 2.14-18]. E é
Epístola é uma contemplação do plano também o Templo, que tem o próprio
de Deus realizado em Jesus Cristo e na Jesus Cristo como a “pedra angular” e
Igreja, com a consequente exortação de que está sendo construído pela ação do
colocá-lo em prática em todos os atos Espírito Santo [Ef 2.19-22].
4 LIÇÃO 1
H Russell P. Shedd (Epístolas da tou dentre os mortos” [Ef 1.19-20] e
prisão, Editora Vida Nova, p. 11) co­ “o constituiu como cabeça da igreja”
mentou que “é a epístola que foi reco­ [Ef 1.22]. A ela, que é o Seu Corpo,
nhecida por uma autoridade como a comunicou-lhe abundantemente os
rainha das epístolas de Paulo. Efésios dons do Espírito Santo [1Co12.4-11].
é o mais sublime de todos os livros Francis Foulkes (Efésios: introdução e
ou epístolas na literatura humana. O comentário - Editora Vida Nova - p.
apóstolo aos gentios encontrava-se 56) comentando sobre a Igreja como
preso em Roma, mas tinha liberdade Corpo de Cristo: “exprime a união
para ensinar. E, talvez mais importan­ essencial de Seu povo com Ele [...] - a
te ainda, podia meditar e colocar no mesma vida de Deus transborda por
papel suas meditações (segundo Atos meio de todos [...]”.
28.30-31). A Epístola aos Efésios foi
escrita provavelmente em 61 A.D., A essência da Epístola. Paulo dei­
trinta anos, mais ou menos, depois xa muito claro que não basta apenas
da sua conversão.” contemplar o “mistério de Cristo” e
bendizer ao Pai por seu desígnio de
1.2 A apresentação do mistério de amor. É necessário viver esse misté­
Cristo e da Igreja. A Carta começa rio e ser coerente com esse desígnio.
com um hino solene que reflete as ca­ Se todas as coisas foram “reunidas”
racterísticas do estilo litúrgico que é em Jesus, como os cristãos podem vi­
inspirado nas grandes bênçãos judai­ ver desunidos? Na Igreja existe uma
cas. Seu tema é o “mistério de Cristo” diversidade de dons e funções, mas
[Ef 3.3-4], isto é, o desígnio divino da essa diversidade necessária, longe de
salvação, escondido em Deus desde a ser um obstáculo à sua unidade, deve
eternidade, anunciado pelos profetas contribuir para enriquecê-la e torná-la
e plenamente realizado em Jesus Cris­ mais manifesta. Como todo corpo e à
to. A iniciativa deste desígnio perten­ maneira de um “edifício”, a Igreja deve
ce ao Pai. Foi Ele quem nos escolheu crescer constante e harmonicamente
e nos predestinou para sermos Seus com a contribuição de todos, até atin­
filhos adotivos. Mas quem cumpre gir “à medida da estatura completa de
a ação salvadora do Pai é “seu Filho Cristo” [Ef 4.13].
amado” [Ef 1.6], através do Espírito, N A unidade cristã deve ser o fruto
que é “o penhor de nossa herança” na da nova vida que recebemos quando
glória [Ef 1.14]. nos revestimos de Cristo. O mesmo
N Este tema central da fé cristã se deve ser dito de todo comportamento
amplia ao longo da primeira parte da cristão. Cristo nos transportou de um
Carta. Paulo destaca “a extraordinária mundo de trevas para o reino de sua
grandeza do poder que Deus mani­ maravilhosa luz. Como “filhos da luz”
festou em Cristo, quando o ressusci­ [Ef 5.8], somos chamados para imitar a
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 5
Deus, praticando o incomparável amor importantes: aparece como um dom
de seu Filho em nossos relacionamen­ imerecido, e retratando algo amável.
tos com os outros. Indica que na vida cristã deve haver
bondade e encanto. O “shalom” (paz)
FT] EU ENSINEI QUE: significa tudo o que se relaciona com
Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo nos revela o bem supremo do homem. Paz, do
a nova dimensão alcançada através da salva­ grego “eirene”, indica a tranquilidade,
ção, a qual insere toda a raça humana debaixo bênçãos que desfrutam todos que estão
da poderosa e imensurável graça divina. em Cristo, por terem sido reconcilia­
dos com Deus. Portanto, graça e paz
são duas expressões de enorme signi­
Os privilégios concedidos ficado para a fé cristã.
por Jesus Cristo N A graça descreve um dom que o
Paulo sabia reconhecer perfeita- homem não pode obter por seus pró­
mente que Deus era a verdadeira prios esforços, que nunca poderá ser
fonte de onde tudo se originava. capaz de merecer e que vem direta­
Ele tinha todos os motivos para mente de Deus, sendo dada a quem
bendizer ao Senhor em todo o Ele quer. O tratamento divino que re­
tempo. Ele conhecia perfeitamen- cebemos como também os seus dons
te o que a graça nos havia propor­ são coisas que recebemos pela genero­
cionado e como nos tornamos sidade do seu coração. “Cada vez que
abençoados por meio de nossa mencionamos a palavra graça pensa­
aliança com Jesus Cristo. mos no puro encanto da vida cristã e
2.1 Graça e paz. Graça e paz era uma na pura e imerecida generosidade do
saudação muito comum na Igreja Pri­ coração de Deus” (BARCLAY, 1984).
mitiva [Ef 1.2; Fp 1.2; 2Pe 1.2], A tra­ A paz que Jesus deixou com Seus dis­
dição judaica usava somente a palavra cípulos é algo absolutamente indepen­
hebraica “shalom” (traduzida como dente das circunstâncias externas. Ela
paz). Mas Paulo, divinamente inspira­ vem diretamente de Deus [Jo 14.27].
do, dá um sentido muito mais especial
a essa saudação quando lhe acrescenta 2.2 A fonte de onde tudo se origina.
o termo grego “charis” (que pode ser Dirigindo-se ao povo de Éfeso, Paulo
traduzido como graça ou encanto). A faz duas importantíssimas colocações.
palavra graça possui dois conceitos Acerca de si mesmo e de seu aposto-

Q>F°LIÇÃO ... Paulo nos revela a nova dimensão alcançada


através dela, a qual insere toda a raça humana debaixo da
poderosa e imensurável graça divina.
6 liçAo 1
lado, ele não usa de vangloria quando cessidades segundo a Sua riqueza [Fp
afirma que se tornou apóstolo pela 4.19]. Em segundo lugar, Paulo fala da
vontade de Deus [Ef 1.1]. Paulo vivia esfera das nossas bênçãos. Elas se en­
um assombro e uma grande admiração contram “nas regiões celestiais”. Além
por Deus ter escolhido um homem co­ das bênçãos que suprem as nossas
mo ele para tal missão. Ele sabia per- necessidades terrenas, o Senhor tem
feitamente que sua eleição aconteceu bênçãos celestiais para nos capacitar
devido à imensa graça de Deus, não para todas as coisas.
porque fosse merecedor [Ef 2.8-9], R A nossa melhor forma de retribuir
Em forma de gratidão, ele usa o ter­ aos benefícios outorgados pela graça di­
mo: “bendito”, para dar exclusividade vina é permanecendo fiéis a Ele em todo
a Deus, e legitimar Aquele que é a fonte tempo, louvando, exaltando Seu nome,
de todas as bênçãos. Somente o Senhor e testemunhado acerca dEle enquanto
é digno de ser chamado de “bendito”, estivermos vivos aqui nesse mundo. O
porque Ele é a fonte de onde tudo se Senhor não nos abençoou com uma ou
origina [Ef 1.3], um pouco de bênçãos, nos abençoou
H Quando nos tornamos parte da com “todas”. A quem permanece em
família de Deus, além da salvação, a Cristo, Ele dá liberalmente todas essas
Bíblia nos assegura que as bênçãos que coisas, onde Deus abençoa com bênçãos
estão nos lugares celestiais recairão espirituais, tudo é abençoado [Ef 1.3],
sobre nossas vidas. Por intermédio de
Jesus Cristo, temos parte nas riquezas ÍT1 EU ENSINEI QUE:
da graça de Deus [Ef 1.7; 2.7], da glória 0 apóstolo Paulo sabia reconhecer perfeita-

de Deus [Ef 1.8; 3.16], da misericórdia mente que Deus era a verdadeira fonte de
de Deus [Ef 2.4] e nas “insondáveis ri­ onde tudo se originava. Ele conhecia per-

quezas de Cristo” [Ef 3.8]. Nosso Pai feitamente o que a graça nos proporciona

celestial não é pobre; Ele é riquíssimo e como nos tornamos abençoados por meio

e nos tornou ricos em Seu Filho. de Jesus Cristo.

2.3 Abençoados com todas as bên­


çãos espirituais. Paulo também nos As grandiosas riquezas da
apresenta duas poderosas perspectivas graça
acerca das bênçãos divinas. Primeiro Nesta seção, Paulo faz um relato
ele fala da abrangência de nossas bên­ das bênçãos recebidas em Cristo
çãos. Temos “todas as bênçãos espiri­ Jesus. Ele apresenta os propósitos
tuais” [Ef 1.3], No Antigo Testamento, de nossa eleição em Deus, os efei­
Deus prometeu bênçãos materiais a tos da redenção e como nos torna­
Israel como uma recompensa por sua mos filhos para que pudéssemos
obediência [Dt 28.1-13], Agora Ele desfrutar das riquezas dessa tão
promete suprir todas as nossas ne­ grande salvação.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 7
FOCO NA
, LIÇÃO Ele apresenta os propósitos de nossa eleição em
Deus, os efeitos da redenção e como nos tomamos filhos para que
pudéssemos desfrutar das riquezas dessa tão grande salvação.

3.1. Eleitos em Cristo. A doutrina da ligada à ideia de sacrifício com der­


eleição nos causa maravilha e perplexi­ ramamento de sangue [Lv 17.11; Hb
dade. O fato de que Deus nos escolheu 9.22]. A morte de Cristo e o derrama­
mesmo antes de criar o universo, nos mento de Seu sangue precioso resulta­
revela Sua presciência e Seu propósito. ram na remissão dos pecados de toda
Paulo ressalta duas coisas maravilhosas a humanidade. Desse modo, a reden­
advindas dessa escolha: primeiro, Ele ção trouxe como efeito a nossa justifi­
nos escolheu, essa escolha não par­ cação diante de Deus. A graça que foi
te da vontade de homem algum [Jo derramada sobre nós é tão poderosa
15.16; Rm 3.10-11], Ele não nos es­ que, além de quitar completamente
colheu porque éramos bons, mas nos nossa dívida diante de Deus, ainda
escolheu para que pudéssemos fazer nos abriu a porta de acesso para que
algo de bom. Em segundo lugar, Ele pudéssemos conhecer as riquezas de
nos escolheu “nele” (em Cristo), não Sua graça. Acerca da graça, Paulo faz a
em nós mesmos [Ef 1.4]. Também nos seguinte afirmação: nos fez agradáveis
escolheu com um propósito: para ser­ [Rm 3.23-24; 5.1; Ef 1.6-7],
mos santos e irrepreensíveis. ■ O homem jamais poderia salvar a
■ Todos nós, cristãos, concordamos si mesmo. A condição humana era de
que a salvação começa em Deus. Sa­ culpa. A redenção nos libertou dessa
bendo que os recursos humanos são culpa e em Cristo fomos justificados.
escassos, é Ele sempre quem dá o pri­ A palavra redenção indica “liberta­
meiro passo para que ela se concretize ção em razão do pagamento de uma
[Rm 3.10-11]. Em Seu infinito amor e redenção”. O termo era usado especi­
graça, é Deus quem procura o pecador ficamente em referência à compra da
[Lc 19.10]. Convém observar que Deus liberdade de um escravo. A aplicação
nos escolheu mesmo antes de criar o desse termo esclarece perfeitamente a
universo, de modo que nossa salvação nossa condição antes da redenção. O
se deve inteiramente à Sua graça, não sacrifício de Cristo comprou a nossa
há mérito humano que possa justificar liberdade [Rm 3.23-24].
a salvação. Por isso Paulo afirma que
fomos eleitos “nele”, em Cristo [Ef 1.4]. 3.3 Filhos adotivos. Paulo nos diz que
Deus nos predestinou para sermos
3.2 Uma poderosa redenção. A reden­ adotados como Seus filhos por meio de
ção da humanidade está intimamente Jesus Cristo, de acordo com a pura afei­

8 liçAo 1
ção de Sua vontade [Ef 1.5]. A adoção consequência dessa qualidade de vida
é o ato pelo qual Deus coloca os que era viver fugindo de Deus. Pela graça
nasceram de novo em uma posição de de Deus, em Cristo e através dEle, fo­
filhos adultos dentro de sua família. Ele mos restaurados à filiação. Antes éra­
age dessa maneira para que possamos mos apenas criaturas e não filhos [Mc
imediatamente nos apropriar de nossa 16.15; Jo 1.12], A adoção nos colocou
herança e a desfrutar nossas riquezas em uma posição privilegiada. O que
espirituais outorgadas pela graça. Um antes era medo e afastamento de Deus,
bebê não pode herdar legalmente uma com a adoção se tornou alegria, prazer
herança [G1 4.1-7]. Isso significa que e amor pelas coisas divinas.
não precisamos esperar até nos tornar­
mos experientes na fé para nos apro­ CD EU ENSINEI QUE:
priarmos de nossas riquezas em Cristo. 0 apóstolo Paulo faz um relato das bênçãos re­
■ Todos nós fomos criados para viver cebidas em Cristo Jesus. Ele apresenta os pro­

em comunhão com Deus, como seus pósitos de nossa eleição em Deus, os efeitos da

filhos [Gn 1.26; At 17.28]. Porém, o pe­ redenção e como nos tornamos filhos de Deus.
cado roubou de nós esse privilégio, e a

© CONCLUSÃO
De acordo com o bom propósito de Sua vontade, Deus em Sua presci-
ência e adorável graça elaborou desde a eternidade uma poderosa re­
denção para toda humanidade em Jesus Cristo. Ele nos resgatou e nos
adotou para nos tornar participantes das promessas em Cristo [Ef 3.6],

^ANOTAÇÕES

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 9


As bênçãos advindas da
salvação
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TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"Eis que Deus é a minha salvação; eu confia­ Desde a eternidade, Deus elaborou um pla­

rei e não temerei, porque o Senhor Jeová é a no para salvação de todo aquele que crê

minha força, e o meu cântico, e se tornou a em Jesus Cristo.

minha salvação." Isaías 12.2

© OBJETIVOS DA LIÇÃO

0 Ensinar acerca da eleição 0 Mostrar o significado da 0 Apresentar os propósitos da


divina. predestinação. soberana eleição.

©TEXTOS DE REFERÊNCIA

EFÉSIOS 1 6. Para louvor e glória da sua graça, pela qual


4. Como também nos elegeu nele antes da fun­ nos fez agradáveis a si no Amado,
dação do mundo, para que fôssemos santos e 7. Em quem temos a redenção pelo seu sangue,
irrepreensíveis diante dele em caridade, a remissão das ofensas, segundo as riquezas

5. E nos predestinou para filhos de adoção por da sua graça.


Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o bene­ 8. Que ele fez abundar para conosco em toda
plácito de sua vontade, a sabedoria e prudência.

10
6Ô LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Jo3.16 QUINTA | 1Co 6.20
Deus amou o mundo de tal maneira. Fomos comprados por bom preço.
TERÇA | Jo 5.24 SEXTA | Ef 5.27
Jesus é o Filho de Deus. Para a apresentar a Si mesmo Igreja gloriosa.
QUARTA | Rm 8.32 SÁBADO ( Cl 1.12-14
Deus entregou Seu Filho por todos nós. Jesus Cristo: autor da nossa redenção.

HINOS SUGERIDOS E? ESBOÇO DA LIÇÃ01

15,351,430 Introdução
1. Eleitos antes da fundação dos tempos
® MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Predestinados: uma vida de comunhão
Ore em agradecimento por tão grande 3. Os propósitos da soberana eleição
salvação. Conclusão

INTRODUÇÃO
O maior presente concedido à humanidade é a redenção. Somente um Deus
Onisciente, Onipotente e Onipresente poderia planejar e realizar a redenção
dos seres humanos.

Eleitos antes da fundação pela qual elas jorram sobre os eleitos:

D dos tempos “em Cristo” [Ef 1.4]. Deus nos esco­


A salvação em Cristo Jesus não lheu para nos abençoar com bênçãos
trata somente do livra­ que só se encontram nEle e
mento da ira vindoura, PONTO DE somente quem O encontra
ela porta consigo bên­ PARTIDA poderá alcançá-las. Éfeso
çãos preparadas por era riquíssima e abrigava no
Todo aquele
Deus para toda a hu­ templo da deusa Diana al­
que crê em
manidade, preparadas guns dos maiores tesouros
Jesus recebe a
por Ele desde a eterni­ de arte do mundo antigo.
vida eterna.
dade [Ef 1.3-4]. Paulo compara a Igreja de
1.1. Eleitos com todas as Cristo com um templo e
bênçãos espirituais. O apóstolo afir­ explica a grande riqueza que Cristo
ma que fomos abençoados com todas tem em Sua Igreja. Em Cristo somos
as bênçãos espirituais e apresenta a transportados de um mundo de trevas
dimensão em que essas bênçãos es­ e colocados numa elevada posição [Ef
tão: “nos lugares celestiais”, e a fonte 2.6; Cl 1.13],
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 11
N A expressão “nos lugares celes­ morreu por todos, e não apenas por
tiais” esclarece não somente o lugar um determinado grupo de pessoas
de onde essas bênçãos recaem sobre [ ITm 2.4,6], O propósito da salvação
os eleitos, mas também fala acerca é universal, contudo, não há como
da posição onde Cristo está assen­ negar que, em Sua presciência, Deus
tado juntamente com aqueles que sabe muito bem quem irá ou não se
foram alcançados pela graça [Ef salvar. Porém, não pode negar a Si
2.6]. “Nos lugares celestiais” aponta mesmo e Sua vontade soberana tem
para a excelência de uma vida em princípio na justiça [SI 119.137], Não
Cristo, do alto nível que a salvação faz parte do caráter divino rejeitar
nos colocou. Éramos inimigos de um pecador que se arrepende [2Cr
Deus, cidadãos de um mundo de 7.14; IJo 1.9; 2Pe 3.9].
trevas, mas o favor de Deus nos tor­
nou filhos e fomos transportados 1 0 tempo da validade dessa elei­
para o reino de Sua maravilhosa ção. Toda doutrina revelada na Es­
luz [Ef 5.8; Cl 1.12-13], critura só pode ser concebida pela
fé. Isso acontece com a doutrina da
1.2 Ele nos elegeu. Como o homem trindade; a doutrina da salvação;
estava espiritualmente morto em de­ e a doutrina da eleição ou predes­
litos e pecados, ele jamais poderia ter tinação. Mesmo assim, todos nós
mérito ou algum recurso próprio sufi­ concordamos que a eleição começa
ciente para operar a salvação [Ef 2.1], em Deus, e não no ser humano [Jo
Isso é o que Paulo deixa bem claro ao 15.16]. A eleição é um ato pode­
afirmar que fomos eleitos por Deus, roso de Deus, ela é incondicional,
sendo Cristo o fundamento de nossa não depende de esforço humano.
eleição. Deus nos escolheu antes que Movido inteiramente por Seu amor
tudo ou até nós mesmos sequer exis­ e misericórdia, Deus através de Seu
tíssemos [SI 139.14-16]. Essa afirma­ Filho Jesus Cristo concedeu, aos que
ção feita por Paulo é tão poderosa que, estavam mortos em seus pecados, a
além de descartar toda e qualquer graça da justificação. Nossa eleição
participação humana na salvação, é tão poderosa que tem validade
ainda indica que até mesmo a fé que eterna. Começou na eternidade e
possuímos para chegar a salvação não se estenderá através dela [Jo 6.39;
vem de nós, é um dom de Deus que Ef 1.4; Fp 1.6; 2Tm 1.12],
Ele por intermédio de Sua graça nos H Com base na revelação bíblica, o
outorga [Jo 15.16; EÍ2.8-9]. pecador arrependido pode concluir
H A escolha divina nada tem a ver que o plano de Deus é santo, sábio e
com discriminação. Deus quer que bom. Que Deus é paciente e não está
todos os homens se salvem e venham indiferente quanto ao estado perdido
ao conhecimento da verdade, pois daqueles que rejeitam a salvação ofe­
12 LIÇAO 2
recida em Cristo. Deus oferece a salva­ eleição se refere sempre a pessoas, a
ção a todos, mas infelizmente muitos predestinação a propósitos. Sabemos
a rejeitam. A misericórdia de Deus é que tudo o que Deus faz obedece a
demonstrada em sua paciência [Rm um propósito e nada existe sem uma
9.21-22; 2Pe 3.9]. razão de ser. Ele nos escolheu em
Cristo com o propósito de que fôsse­
m EU ENSINEI QUE: mos santos e irrepreensíveis [Ef 1.4];
A salvação em Cristo Jesus porta consigo bên­ filhos de adoção; filhos agradáveis a
çãos para toda a humanidade, preparadas por Ele [Ef 1.5-6]; filhos participantes de
Deus desde a eternidade. Sua herança [Ef 1.14],
N Antônio Gilberto (Teologia Siste­
mática Pentecostal - CPAD, p. 372-
Predestinados: uma vida 373): “A predestinação que a Bíblia
de comunhão ensina não é a de uns para a vida
Precisamos compreender a pre­ eterna e a de outros para a perdição
destinação não como algo fata­ eterna. A predestinação é para os que
lista, mas graciosa. Paulo ensina quiserem ser salvos, conforme lemos
que Deus nos predestinou para em 2Tessalonicenses 2.13 e 2Timó-
si mesmo, ou seja, para vivermos teo 2.10: “Deus nos escolheu desde
diante dEle, sermos Seu tesouro o princípio para a salvação”; “Esco­
particular. Não nos escolheu para lhidos para que também alcancem a
estarmos alienados de Sua presen­ salvação”. Eleição é o ato divino pelo
ça e sem intimidade [Ef 1.5], qual Deus escolhe ou elege um povo
2.1 Predestinados segundo Sua von­ para si, para salvá-lo [2Ts 2.13]. Pre­
tade e propósito. Com muita frequ­ destinação é o ato de Deus determinar
ência, o verbo predestinar é inter­ o futuro desse povo. No Novo Testa­
pretado de maneira equivocada. De mento, esse povo é a Igreja, o Corpo
acordo com seu uso na Bíblia, refere- de Cristo, o povo salvo [Ef 1.22-23].”
-se, essencialmente, ao que Deus faz
pelos salvos. Em lugar algum da Es­ 2.2 Predestinados para a adoção de
critura é ensinado que certas pessoas filhos. O pastor e teólogo John Stott
são predestinadas ao inferno. Pre­ diz que a expressão-chave para se
destinar significa simplesmente or­ compreender as consequências pre­
denar de antemão, predeterminar. A sentes de nossa eleição é a “adoção”.

FOCO NA aí— z- ■ ■ —
lição A salvaçao em Cristo Jesus nao trata somente
do livramento da ira vindoura, ela porta consigo bênçãos
preparadas por Deus para toda a humanidade...
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 13
Ele afirma que o Senhor nos destinou os eleitos em Cristo foram predesti­
para uma dignidade mais alta do que nados para serem filhos de adoção,
a própria criação poderia nos outor­ conforme Seu propósito de sermos
gar. Pretendia “adotar-nos”, fazer- semelhantes a Cristo. Notemos que
-nos filhos e filhas da sua família [Jo em Romanos, e em Efésios, o apósto­
1.12-13; Ef 2.19], William Barclay diz lo primeiro destaca a eleição do povo
que de acordo com a lei romana uma de Deus e a seguir o propósito, asso­
pessoa adotada desfrutava na nova ciado com a predestinação - o pro­
família de todos os direitos de um pósito é sermos filhos semelhantes a
filho legítimo e perdia todo direito Cristo. Para tanto, vemos que Deus
em sua família anterior. Perante a lei não apenas escolheu e predestinou,
era uma nova pessoa. Tão nova era, mas opera no Seu povo visando al­
que até as dívidas e obrigações rela­ cançar Seu propósito - Romanos
cionadas com sua família anterior 8.28 (NAA - “Deus coordena todas
ficavam canceladas ou abolidas como as coisas de modo que cooperem pa­
se jamais tivessem existido. ra o bem dos seus filhos”); Efésios
■ Estávamos longe de Deus, aquém a 1.11 (“faz todas as coisas”).
qualquer promessa, inteiramente sob o M Comentário de Romanos - Craig
poder do pecado e do mundo [Ef 2.11- S. Keener - Reflexão Editora - p.
12]. Mas, segundo o beneplácito de 193-194) discorre sobre o cuidado
sua vontade, Deus, por meio de Jesus que devemos ter para não restringir­
Cristo, nos tirou deste poder para nos mos o entendimento quanto a ter­
transladar ao dEle. Esta adoção apa­ mos como “escolher” e “predestinar”
ga e elimina o passado em tal medida [Rm 8.29-30], à luz da polarização
que somos feitos novos. Passamos da dos debates teológicos posteriores,
família do mundo e do mal à família tais como a defesa do livre-arbítrio
de Deus. Que grandioso privilégio. por um lado e a graça soberana de
Tornar-se um filho de Deus nos ga­ Deus por outro: “O próprio público
rantiu desfrutar do livre acesso ao Pai de Paulo pensaria em Israel como
e de todas as bênçãos da salvação nos o povo que Deus havia escolhido e
lugares celestiais. reconhecería que o argumento de
Paulo foi projetado para mostrar
2.3 Predestinados para sermos se­ que Deus era tão soberano que não
melhantes a Cristo. Muito impor­ era obrigado a escolher (com res­
tante efetuarmos uma reflexão so­ peito à salvação) baseado na etnia
bre este assunto considerando os judaica. (...) aparentemente ele se
seguintes textos onde encontramos a refere à escolha de Deus principal­
expressão “predestinados” - Efésios mente para enfatizar a iniciativa da
1.5,11 e Romanos 8.28-29. Assim, os graça de Deus ao invés das obras
textos expressam verdades preciosas: humanas [Rm 9.11].”
14 LIÇÃO 2
CV°L?ÇÃO Paulo ensina que Deus nos predestinou para
si mesmo, ou seja, para vivermos diante dEle, sermos Seu
tesouro particular.

misericórdia e nos ama tanto que en­


00 EU ENSINEI QUE: viou Seu Santo Espírito para nos ajudar
Deus nos predestinou para si mesmo, ou seja, a alcançar esse objetivo importante.
para vivermos diante dEle, sermos Seu tesouro ■ Nosso compromisso diante de
particular. Deus, depois de nos escolher e nos
abençoar em Cristo, de uma maneira
tão especial, nada mais é do que viver
Os propósitos da soberana para Ele, de acordo com Seu modelo
eleição de santidade e justiça que é Cristo.
Nesta seção, Paulo faz um relato Após o novo nascimento, o Espírito
das bênçãos recebidas em Cristo Santo trabalha de forma contínua,
Jesus. Ele apresenta os propósitos regenerando e santificando o povo
de nossa eleição em Deus, os efei­ escolhido de Deus, para apresentar a
tos da redenção, e como nos tor­ si mesmo uma igreja sem ruga, sem
namos filhos para que pudéssemos mácula, santa e gloriosa em Cristo
desfrutar das riquezas dessa tão [Ef 5.27]. A santificação nos eleitos é
grande salvação. um processo contínuo e ascendente,
3.1 Eleitos para ser santos. Sabemos que busca a maturidade e a perfeição
que tudo o que de Deus procede obe­ dos tais. Sem ela ninguém verá o Se­
dece a um propósito e tem uma razão nhor [Hb 12.14b].
de ser. Deus nos escolheu, a fim de
que possamos ser santos e irrepreen­ 3.2 Eleitos para sermos filhos respon­
síveis [Ef 1.4], O termo grego usado é sáveis. A eleição é um privilégio que
Amõmos (sem culpa) significa, lite­ traz consigo uma grande responsabili­
ralmente, sem defeito, ou impecável. dade. Sermos adotados como filhos na
Quando nada ainda existia, Deus pla­ família de Deus nos remete um “mais”
nejou formar um povo, uma família de de ganho, e um “menos” de perdas ne­
homens e mulheres santos e imacula­ cessárias, pois é inaceitável que, nos
dos para si, o que significa levar uma tornando filhos e desfrutando de um
vida à parte dos pecadores, do mun­ relacionamento com o Pai, não tenha­
dano e de tudo que não lhe agrada. Ele mos as características da sua família
deseja que vivamos de acordo com o [Rm 8.29], Em nosso “mais” ganhamos
modelo de santidade e justiça que Seu o acesso a Ele mediante a redenção.
Filho nos ensinou; e Ele é tão rico em Todavia, mediante a obra santificadora
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 15
do Espirito Santo perderemos nossas Santo, nos tornando sua proprieda­
máculas até que finalmente sejamos de [Ef 1.13], O teólogo e pastor John
perfeitos na eternidade. Nossa res­ Stott diz que o selo era uma marca de
ponsabilidade é transmitir a imagem possessão e de autenticidade. O gado e
de Cristo em nossa forma de conduta até mesmo os escravos eram marcados
nesse mundo. Ou seja, vivermos, como com um selo externo por seus donos
“filhos de Deus inculpáveis no meio de a fim de indicar a quem pertenciam.
uma geração corrompida e perversa” Conosco Deus fez diferente, nos deu
[ Fp 2.15]. Estamos no mundo, mas não o seu Espírito Santo selando-nos pelo
somos do mundo (Jo 17.14-16). lado de dentro [ICo 6.19-20; lPe 2.9].
N Paulo diz que Deus nos escolheu H Deus odeia o pecado, mas ama o
para sermos santos, esse é o propósi­ pecador. Não havia meios humanos
to da nossa eleição em Cristo [Ef 1.4]. para nos tornarmos agradáveis a Deus,
Por esse motivo o Senhor nos deu o mas em Cristo Ele nos proporcionou
Espírito Santo. Para promover a nos­ através de Sua graça [Ef 1.6], Agora,
sa fé em Cristo como nosso Salvador e passadas essas coisas, sabemos que
Sua presença viva e dinâmica em cada fomos predestinados para sermos con­
eleito. Seu nome já deixa claro a sua formes à imagem de Seu Filho [Rm
missão: nos santificar para Deus [Rm 8.29]. Seu interesse é que, através da
1.4; lPe 1.2]. Todos nós fomos acei­ obra do Espírito Santo em nós, seja­
tos como éramos, mas não podemos mos transformados para refletirmos
permanecer da mesma forma em Sua em nosso viver o caráter de Cristo.
presença, porque nos tornamos nova Deus nos escolheu para vivermos co­
criatura [2Co 5.17]. mo filhos amados e o Espírito Santo
testemunha essa grande obra da graça
Eleitos para agradá-lo. Devemos em nosso espírito [Rm 8.16].
ser gratos a Deus por nos iluminar com
a compreensão daquilo que éramos e ITI EU ENSINEI QUE:
aquilo que agora nos tornamos através Paulo faz um relato das bênçãos recebidas em

de Seu eterno propósito em Cristo. Ele Cristo Jesus. Ele apresenta os propósitos de

não somente nos recebeu e nos recon­ nossa eleição em Deus, os efeitos da redenção

ciliou consigo na condição de filhos, e como nos tornamos filhos de Deus.

Ele também nos selou com o Espírito

@CONCLUSÃO
Antes de tudo existir, inclusive nós mesmos, Deus elaborou um podero­
so plano de salvação capaz de mudar a vida de todos os seres humanos
e, por Sua infinita vontade, graça e bondade, hoje temos o privilégio de
fazer parte de Sua grande família [Ef 2.19],

16 LIÇÃO 2
17 out 7 2021

LIÇAO

A oração de gratidão pelo


conhecimento
S ASSISTA AO VÍDEO FOCO NA LIÇÃO DESTA AULA ATRAVÉS DO QR CODE ->

TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"Orando em todo tempo com toda a oração Pela oração nos comunicamos com Deus e
e súplica no Espírito, e vigiando nisto com cultivamos o necessário contato com Nos­
toda a perseverança e súplica por todos os so Senhor, para nossa constante edificação.

santos." Efésios 6.18

© OBJETIVOS DA LIÇAO
ET Ensinar os fatores que nos ET Mostrar a importância de 0 Explicar os objetivos da

motivam a orar. uma vida de oração. oração.

©TEXTOS DE REFERÊNCIA

EFÉSIOS 1 Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conheci­

15. Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre mento o espírito de sabedoria e de revelação;
vós há no Senhor Jesus e a vossa caridade para 18. Tendo iluminados os olhos do vosso enten­
com todos os santos, dimento, para que saibais qual seja a esperança

16. Não cesso de dar graças a Deus por vós, da sua vocação e quais as riquezas da glória da
lembrando-me de vós nas minhas orações, sua herança nos santos.

17. Para que o Deus de nosso Senhor Jesus

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 17


bè LEITURAS COMPLEMENTARES!

SEGUNDA Mt 21.22 QUINTA Rm 15.30-32


A oração e a fé. A oração e a unidade.

TERÇA | Mc 11.24-26 SEXTA | Fp 4.6


A oração e o perdão. Oração e súplica, com ação de graças.

QUARTA At 4.31 SÁBADO 1Jo 5.14


A oração e o Espírito Santo. A eficácia da oração.

HINOS SUGERIDOS DESBOCO DA LIÇÃO

126,358, 577 Introdução


1. Fatores que nos motivam a orar
MOTIVO DE ORAÇÃO
2. A disciplina da oração
Ore a Deus por força e sabedoria para nos 3. 0 objetivo da oração
conduzirmos em oração. Conclusão

d:- INTRODUÇÃO
Embora tenhamos recebido de Deus a salvação pela graça, temos a obrigação
de orar em todo tempo para que sejamos fortalecidos na fé e prossigamos
vencendo as tentações e desfrutando as bênçãos da salvação [ITs 5.17],

Fatores que nos motivam fé, os santos se tornaram o objeto do

D a orar
Por intermédio de Jesus Cristo,
seu amor. Paulo tinha sensibilidade
para separar as coisas espirituais das
Deus está formando um povo pa­ que eram carnais, e viu nos santos,
ra Si [At 15.14; Ef 2.14], inspiração para orar. Quan­
Para tanto, a Igreja é en­ PONTO DE do nos ocupamos com o
viada ao mundo para PARTIDA que a graça de Deus opera
anunciar a mensagem na vida dos santos, temos
Orar é falar
de Cristo e do amor sempre muitos motivos pa­
com Deus.
de Deus a todos os ho­ ra dar graças. A oração feita
mens. aqui vai além de devoção ou
1.1 A oração vinda de um coração ale­ compromisso, ela exprime a alegria de
gre. A fé e o amor que havia na vida um coração agradecido por ver um
dos santos de Éfeso foram o combus­ povo de bem com Deus.
tível para que Paulo intercedesse por N O apóstolo Paulo não somente
eles para que fossem ainda além [Ef fundou a igreja naquela região, ele
1.16-17], Sendo Cristo o objeto da sua também a acompanhava de perto.
18 LIÇÃO 3
Qual é o pai que não se sente feliz ao Igreja verdadeira: a fidelidade a Cristo
ouvir que seus filhos estão trilhando e o amor aos homens [Mt 22.37-40].
caminhos de sucesso? Assim como
todo bom pai, e como todo bom 1.3 0 testemunho dos santos. Esta
semeador, ele se alegrou com o de­ igreja destacou-se por sua fé e seu
senvolvimento e o progresso do que amor. O amor não era para essas pes­
havia semeado. Essa motivação lhe soas simplesmente um lema ou um
conduziu a orar para que eles alcan­ rótulo. Os cristãos daquela congre­
çassem altos níveis de vida espiritual gação expressaram um amor verda­
[Ef 1.15-19], deiro, baseado em sua fé no Senhor
Jesus [Ef 1.15], Existe uma forma
1.2 A fé exercida pelos santos. A de lealdade a Cristo que não leva ao
igreja estava numa área estratégica. amor a nossos semelhantes, mas ao
Éfeso era uma cidade portuária que cumprimento religioso de certos há­
atraía pessoas de várias culturas. A bitos e ritos que quase sempre isolam
cidade cultuava a deusa Ártemis ou o cristão dos demais. Um verdadei­
Diana, a deusa da fertilidade, que era ro cristão deve amar Cristo e amar a
representada por uma figura femi­ seus semelhantes [IJo 4.20-21], Por
nina com muitos seios. Havia uma mais ortodoxa que seja uma igreja,
grande estátua de Ártemis, no grande por mais pura que seja sua teologia e
templo. A festa de Ártemis envolvia por mais nobre que seja sua liturgia,
orgias, libertinagem sexual e bebe­ ela não é uma igreja verdadeira no
deira. A vida religiosa e comercial sentido real do termo, a menos que
de Éfeso girava em torno da adora­ seja caracterizada pelo seu amor por
ção àquela divindade pagã. Mesmo seus semelhantes.
em meio a essa pressão idólatra, os H O verdadeiro cristão sabe que
crentes de Éfeso se mantinham ina­ não pode mostrar seu amor a Cristo
baláveis e fiéis ao evangelho que ha­ de nenhuma outra forma a não ser
viam recebido [Ef 1.15], manifestando-o a seus semelhantes.
U Quando Paulo escreveu essa epís­ A verdadeira Igreja é caracterizada
tola, ele estava na prisão. Quando por um duplo amor: amor a Cristo
ouviu tais notícias, ele ficou feliz e e amor ao próximo [Mt 22.37-40],
realizado. De acordo com o contexto John Stott: “O amor a Deus não
histórico dessa cidade, a fé demons­ somente se expressa em confiante
trada por esses cristãos era sólida e re­ atitude para com Ele, isenta de te­
sistente. Paulo estava completo. Havia mor, mas num afetuoso interesse
chegado a seus ouvidos um relato da fé por nossos companheiros cristãos
e do amor que eles tinham para com [IJo 3.14], O perfeito amor que lan­
todo o povo consagrado de Deus. Essas ça fora o medo, lança fora o ódio
são as duas coisas que caracterizam a também.”
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 19
Interceder é não orar para si, é con­
[fl EU ENSINEI QUE: versar com Deus em favor de outros.
Por intermédio de Jesus Cristo, Deus está for­ É um dever de todos os cristãos [Rm
mando um povo para Si. Para tanto, a Igreja 15.30-33; Cl 4.2-4],
é enviada ao mundo para anunciar a mensa­ K O apóstolo Paulo agradece a
gem de Cristo e do amor de Deus a todos os Deus pela vida desses crentes, e in­
homens. tercede por eles para que o Senhor
lhes descortine as riquezas de sua
herança na graça [Ef 1.14-18]. Ele
A disciplina da oração pede a Deus pela Igreja uma revela­
Para vencer no mundo precisa­ ção e conhecimento mais completos.
mos de orientação divina a cada Para o cristão, o crescimento do co­
passo da caminhada e a oração é nhecimento e da graça é essencial.
o meio pelo qual o Senhor e nós Importantes lições podemos extrair
interagimos para que recebamos da oração de Paulo: gratidão; pedi­
essas coordenadas. A oração é do de sabedoria e revelação a fim de
a nossa respiração diária. Para que possam compreender e discer­
exercê-la e sobrevivermos deve­ nir as bênçãos que lhes pertencem
mos ser responsáveis [Rm 12.12]. em Cristo. Tais pedidos nos fazem
2.1 A intercessão. Na maioria dos lembrar das palavras de Jesus para
casos, as circunstâncias que nos le­ a mulher samaritana: “Se você co­
vam a orar são dificuldades, doen­ nhecesse o dom de Deus e quem é
ças, problemas conjugais ou crises. É que está (falando com você) ...você
triste que nossa oração tenha que ser pediria...” [Jo 4.10 - NAA], Interes­
motivada por causas tão negativas. sante esta conexão: conhecimento e
Aqui temos um caso atípico, foram oração! Como se Jesus estivesse di­
as coisas positivas que motivaram zendo: “Se você conhecesse, oraria”.
a oração de Paulo [Ef 1.15-16]. La­
mentavelmente, em muitos casos, a 2.2 Gratidão e ações de graça. A ver­
oração a Deus tem sido motivada dadeira oração intercessora não visa
pelo desejo de ter certas coisas e, somente conhecer a vontade de Deus
dessa forma, em vez de um víncu­ e vê-la realizada, mas vê-la se reali­
lo de amizade e comunicação com zando, quer nos traga benefícios ou
Deus, torna-se uma lista de pedidos. não. Esse tipo de oração procura dar

Q,f°lição A oração feita aqui vai além de devoção


ou compromisso, ela exprime a alegria de um coração
agradecido por ver um povo de bem com Deus.
20 LIÇÃO 3
glória a Deus, e nunca a nós mesmos -se espiritualmente; quando tem uma
[ITs 5.18]. A relação entre o cristão necessidade pessoal; ou quando inter­
e a pessoa de Deus através da oração cede por alguém.
já é um grande motivo para darmos H Vivemos tempos muito difíceis
graças. Saber que Deus já nos amava onde se faz necessário reservar por­
mesmo antes de existirmos redun­ ções de tempo para buscarmos em
da em ações de graças. Paulo afirma Deus orientação, direção e graça. O
que fomos abençoados com todas as propósito da oração de Paulo muito
bênçãos, outra importante razão para nos motiva também. Ele orou para
sermos agradecidos em todo o tempo que aquelas pessoas experimentas­
[SI 95.2-3; Cl 3.15-17], sem em suas próprias vidas os bene­
U Existem várias formas de nos fícios da graça salvadora que haviam
aproximarmos de Deus para agrade­ recebido de Deus. Mesmo sendo fir­
cer [ICr 16.34; 29.13], Existe a forma mes no testemunho, e enriquecidos
pessoal, onde reconhecemos que nada em amor, eles ainda precisavam de
nessa vida poderia estar acontecendo mais. Enquanto estivermos nesse
conosco se Deus, por Sua graça, não mundo todo revestimento será bem-
nos desse. Devemos, também, agra­ -vindo [ICo 14.12].
decer a Deus não somente pelas bên­
çãos pessoais que dEle recebemos, mas □3 EU ENSINEI QUE:
também pela vida de nossos irmãos, Para vencer no mundo precisamos de orienta­

como o apóstolo Paulo nos ensina. ção divina a cada passo da caminhada e a ora­

A intercessão é uma forma de oração ção é o meio pelo qual o Senhor e nós intera­

que precisamos muito exercitar em gimos para que recebamos essas coordenadas.
nossos dias.

2.3 Disciplina na oração. Se fizés­ 0 objetivo da oração


semos uma lista de citações bíblicas A intercessão feita por Paulo tinha
dos tempos em que Paulo disse que objetivos a serem alcançados. A fi­
estava orando por alguém, ficaría­ nalidade era que eles recebessem
mos surpresos em ver a extensa lista de Deus o espírito de sabedoria,
de orações que o apóstolo tinha. Ele espírito de revelação e que tives­
orou por muitas pessoas. Ele era um sem iluminados os olhos do en­
grande homem de oração [Fp 4.6-7], tendimento [Ef 1.17-18],
Nesta epístola há duas das orações de 3.1 Espírito de sabedoria. Não há
Paulo, essas orações revelam sua pre­ consenso entre os comentaristas
ocupação como filho de Deus pelos quanto à identificação do “espírito”
outros crentes [Ef 1.17-23-; 3.14-21]. mencionado na oração de Paulo [Ef
O bom cristão geralmente atua de 1.17]. Assim, na presente reflexão
três formas em oração: para renovar- vamos focar o aspecto qualitativo da
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 21
Caução A oração é a nossa respiração diária. Para
exercê-la e sobrevivermos devemos ser responsáveis
[Rm 12.12],

expressão. O apóstolo pede a Deus que o ato de possuir o “espírito de sa­


que os cristãos de Éfeso sejam aben­ bedoria” depende da revelação que nos
çoados com um dom que se refere a é dada por Deus. Na realidade, não se
uma qualidade de mente ou de alma trata de revelações especiais como as
que se expressa em sabedoria e re­ que receberam os profetas, mas, sim,
velação produzidas unicamente pela de todas aquelas verdades de Deus que
ação do Espírito Santo, como expres­ Ele quer que saibamos e que por sua
sou Francis Foulkes. Trata-se, assim, vontade o Espírito Santo nos irá des­
da sabedoria espiritual que habilita o cortinando pela Palavra em um pro­
discípulo de Cristo a se aprofundar no cesso contínuo [1 Co 2.10-11].
conhecimento de Deus, considerando R É a Palavra de Deus que contém a
que a simples sabedoria humana não verdade de Deus. Portanto, depende­
é capaz de entender as coisas espiri­ mos da ação do Espírito Santo para,
tuais [ICo 2.14]. não apenas entender as verdades bí­
H Sabemos que o material é impor­ blicas, mas, também, viver de acordo
tante não somente na vida do crente, com elas [Jo 14.26; 16.13]. É preciso
mas de todo ser humano; no entanto, da nossa parte: consciência e interes­
Paulo não intercede aqui sobre esse as­ se quanto à relevância de conhecer­
pecto, na verdade, não era costumeiro mos o que o Senhor tem revelado por
ao apóstolo pedir a Deus as bênçãos intermédio de Sua Palavra. É graças
materiais, em vez disso, anelava sem­ a este processo de revelação que po­
pre por bens espirituais para os santos, demos ser sábios espiritualmente e
porque tinha certeza de que Deus su­ inteligentes, para nos conduzir em
priría todas as necessidades [Mt 6.33], tudo que concerne nossa vida terre­
na, e isso não é apenas para alguns,
3.2 Espírito de revelação. O “espírito mas é para todos os santos, porque
de revelação no conhecimento dele” a Palavra nos ensina que “temos a
não é outra coisa senão o conhecimen­ mente de Cristo” [1 Co 2.16],
to pleno e profundo de Deus, recebido
através de todas as verdades reveladas 3.3 Iluminação do entendimento. A
por Ele mesmo na pessoa de seu Es­ natureza caída do homem não lhe per­
pírito Santo [Ef 1.17]. É interessante mite discernir corretamente as coisas
notar que essas duas petições estão concernentes ao mundo espiritual. Ele
intimamente relacionadas entre si. Já precisa que “os olhos de seu entendi­
22 LIÇÃO 3
mento” (o coração) sejam iluminados gem pensamentos, desejos e impulsos
pela chama do Espírito Santo de Deus, que são concretizados posteriormen­
o qual lhe permitirá distinguir entre o te em ações. Sobretudo, é a fonte de
natural e o espiritual; é por isso que a decisões, da vontade [Mt 15.18-19].
Palavra estabelece a diferença entre o Portanto, “olhos do coração” ilumina­
homem natural e espiritual [ICo 2.14- dos são nossos “olhos interiores”, que
15], O homem precisa de ajuda divina necessitam ser iluminados para com­
para poder compreender o desenvol­ preendermos a verdade de Deus.
vimento do plano mestre que Deus
traçou para todos os séculos. IT EU ENSINEI QUE:
M Segundo o testemunho dos me­ A intercessão feita por Paulo tinha objetivos a

lhores textos gregos, a palavra original serem alcançados. A finalidade era que eles re­
traduzida por “entendimento” é “cora­ cebessem de Deus o espírito de sabedoria, es­
ção”, que significa o homem interior, e pírito de revelação e que tivessem iluminados

não apenas a sede dos afetos, de acordo os olhos do entendimento.

com o uso figurativo de hoje. Dele sur­

@ CONCLUSÃO
O Senhor não somente ouve e responde as petições que fazemos em
favor de nossas necessidades, Ele também está pronto a ouvir as nossas
intercessões [Tg 5.16].

^ANOTAÇÕES

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 23


24 Ol T 2021

LIÇÃO

A tríplice dimensão da salvação


1 9 ASSISTA AO VÍDEO FOCO NA LIÇÃO DESTA AULA ATRAVÉS DO QR CODE ->

>0= TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"Porque pela graça sois salvos, por meio da A salvação em Jesus Cristo nos tirou da condi­

fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." ção de mortos, nos vivificou e nos transportou

Efésios 2.8 para um reino de luz.

©OBJETIVOS DA LIÇÃO

Descrever a condição hu­ B Apresentar nosso estado B Explicar os propósitos de

mana. presente. nossa salvação.

©TEXTOS DE REFERENCIA

EFÉSIOS 2 andávamos nos desejos da nossa carne, fa­

1. E vos vivificou, estando vós mortos em ofen­ zendo a vontade da carne e dos pensamentos;

sas e pecados, e éramos por natureza filhos da ira, como os

2. Em que noutro tempo andastes segundo outros também.

o curso deste mundo, segundo o príncipe das 5. Estando nós ainda mortos em nossas ofen­
potestades do ar, do espírito que agora opera sas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela

nos filhos da desobediência. graça sois salvos).

3. Entre os quais todos nós também antes

24
bà LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA Rm 8.1 QUINTA EÍ4.24


Não há condenação para quem está em Cristo. 0 novo homem: criado em justiça e santidade.

TERÇA 2CO5.17 SEXTA | Cl 3.10


Se alguém está em Cristo, nova criatura é. Uma nova criatura à imagem do seu Filho.

QUARTA Gl 2.16 SÁBADO ! 2Tm 1.9


0 homem é justificado pela fé em Cristo. Deus nos salvou e chamou com santa vocação.

& HINOS SUGERIDOS E? ESBOÇO DA LIÇÃO

26,116,296 Introdução
1. Quem nós éramos no passado
A MOTIVO DE ORAÇÃO
2. O que nos tornamos no presente
Ore a Deus agradecendo por efetuar em nos­ 3. O que seremos no futuro
sas vidas uma tão grande salvação. Conclusão

INTRODUÇÃO
A salvação produziu em todos os salvos um efeito muito poderoso. Ela
abrange nosso passado (quem éramos); o presente (quem somos agora); e
futuro (o que ainda iremos nos tornar).

Quem nós éramos no pas­ condição aparece nos delitos e peca­

D sado dos dos seres humanos [Ef 2.1-3]. De


Com muita firmeza, Paulo descre­ acordo com o ensino das Escrituras,
ve nosso estado antes da salvação a morte é o estado de separação entre
chegar até nós. Ele afir­ o homem e Deus [Is 59.2],
ma que estávamos mor­ Paulo utiliza duas palavras
PONTO DE
tos, agíamos na vontade PARTIDA gregas que descrevem a con­
da carne e andávamos dição humana: delito “pa-
Jesus
de acordo com os dita­ raptõma”, que envolve um
reconciliou o
mes do mundo [Ef 2.1 ]. passo em falso ou um desvio
ser humano
1.1 Nossa condição diante do caminho certo; e pecado
com Deus.
de Deus. Uma pessoa não “hamartia”, errar o alvo. A
precisa estar sepultada para ideia é a de uma pessoa que
estar morta. A morte da qual Paulo se atira dardos e nunca acerta o alvo. Essa
refere é uma declaração real da condi­ é a condição do homem sem Deus, era
ção espiritual de todas as pessoas que assim que estávamos antes da salvação
não estão em Cristo. A origem dessa [Rm 5.12],
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 25
U Éramos por natureza objetos da ira dor. É isso que acontece com a alma
divina. Éramos, também, escravos numa daquele que ainda não é salvo. Suas
situação da qual éramos incapazes de faculdades espirituais não funcionam e
sair porque estávamos mortos, e mortos não podem funcionar, enquanto Deus
não ressuscitam a si mesmos. Por Sua não lhe der vida [Jo 5.24].
misericórdia, o Senhor manifestou sobre
nós a Sua graça e nos vivificou, livrando- 1.3 Andávamos na vontade da car­
-nos das amarras do pecado [Rm 6.18]. ne. Paulo diz que fazíamos a von­
A salvação também não é um tipo de tade da nossa carne [Ef 2.3]. Ele
transação onde Deus opera com a gra­ fala de uma vontade humana que
ça e nós contribuímos com a fé. Pois até é subjugada às inclinações de uma
mesmo a fé que em nós opera é um dom natureza pecaminosa. Separada de
dado por Deus [Ef 2.8]. Deus (morta espiritualmente), a
pessoa não é capaz de entender nem
1.2 Andávamos segundo o curso do de apreciar as coisas espirituais [Jo
mundo. As palavras “século e mundo” 3.19]. Não possui qualquer vida es­
se referem a um sistema de valores piritual e, por si mesma, não é ca­
sociais que está totalmente alienado paz de fazer coisa alguma agradável
de Deus. Paulo está se referindo aqui a Deus. O termo usado por Paulo
a um mundo escravizante onde suas para a palavra desejo é “epithymia”,
forças controlam por completo o ho­ que significa o desejo do mau e do
mem sem Deus [Rm 6.22; Ef 2.2]. Um proibido. A vida sem Deus está à
mundo que penetra, e até mesmo do­ mercê do desejo. Willian Barclay diz
mina, a sociedade não-cristã, e subjuga que viver de acordo com os ditames
as pessoas ao cativeiro. Éramos escra­ da carne é simplesmente viver de tal
vos, numa total situação de desonra e maneira que nossa natureza mais
incapacidade. Essa natureza caída nos baixa (a pior parte de nós) domine
tornou em objeto da ira dé Deus [Ef nossas vidas [Rm 7.14-22].
2.3]. Mas Deus, por Sua imensa graça H A natureza inclinada ao pecado
e propósito, nos ressuscitou juntamen­ sempre irá atender aos desejos da
te com Cristo “e nos fez assentar nos nossa concupiscência. A carne sempre
lugares celestiais, em Cristo Jesus” [Ef militará contra o Espírito [G15.17]. A
2.5]. Deus então agiu para nos libertar única maneira de vencermos a carne
do poder do pecado. é permitindo que o Espírito Santo faça
H Da mesma forma que uma pessoa em nós uma profunda varredura e nos
fisicamente morta não reage a estímu­ conduza a uma nova modalidade de
los aplicados ao corpo, uma pessoa vida [Rm 7.6], Existem três forças que
espiritualmente morta não consegue estimulam o ser humano a desobede­
reagir às coisas espirituais. Um morto cer a Deus: o mundo, a carne e o diabo.
não é capaz de sentir fome, sede ou A carne se inclina para aquilo que lhe
26 LIÇÃO 4
é agradável; o mundo a corrompe atra­ salvação do pecador. Não há nada que
vés de seus ditames; e Satanás influen­ o homem possa fazer para obter uma
cia e cega os faltos de entendimento tão grande recompensa. É pela graça
através da mentira [2Co 4.4]. que somos salvos. A salvação é um
presente de Deus [Ef 2.4-5; Tt 2.11].
QO EU ENSINEI QUE: U A palavra “graça” no original gre­
Estávamos mortos, agíamos na vontade da go indica: benevolência imerecida que
carne e andávamos de acordo com os ditames Deus exibe, dom, presente. A união do
do mundo. crente com Cristo ao receber esta nova
vida, ressuscitar com Ele e participar
com Ele na dignidade dos lugares celes­
O que nos tornamos no tiais é certamente um presente de Deus.
presente Isso nos faz entender que foi através de
Paulo começou retratando como nossa união vital com Cristo que nossa
era a nossa situação quando está­ vida experimentou tão grande e profun­
vamos mortos em delitos e peca­ da transformação. Quando Deus entrou
dos. Agora ele aponta para nosso em cena, o panorama da vida do pecador
estado presente, onde Deus em mudou totalmente. O amor de Deus pela
Seu amor e misericórdia nos deu humanidade é indiscutivelmente inex­
vida em Jesus Cristo. plicável [Jo 3.16], Paulo usa três pode­
2.1. Gerados em misericórdia. Deus é rosos verbos para explicar a grandeza da
amor, a essência de Seu ser é amor, e os graça que o Senhor derramou sobre nós:
muitos aspectos de Sua graça brotam “deu vida”; “ressuscitou”; e “fez assentar”.
da fonte de Seu amor. Portanto, Seu
infinito amor também o torna rico em 2.2 Fomos vivificados. A miserável
misericórdia. Ele não nos abandonaria condição espiritual em que estávamos
no estado de miséria espiritual em que e o destino inevitável ao qual fomos
caímos por desobediência, de modo condenados como resultado, contrasta
que a palavra diz que “mesmo estando muito com o presente incomensurável
mortos em pecados”, Ele nos deu vida que recebemos, sem o merecer: Deus
juntamente com Cristo [Ef 2.4-5]. De­ nos deu vida através de Cristo. Mesmo
pois de nos encontrarmos nesse estado estando neste estado de desobediência
catastrófico, agora vemos a ação sobe­ e inimizade contra Deus, Ele se apro­
rana e amorosa de Deus, cuidando da ximou de nós e nos fez participantes

Qfocução Mas Deus, por Sua imensa graça e propósito,


nos ressuscitou juntamente com Cristo "e nos fez assentar
nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" [Ef 2.5].
BETEI DOMINICAL Revista do Professor 27
de suas promessas, sentando-nos em 3.20]. Como cidadãos dos céus temos
lugares especiais com Ele próprio, um novo sistema de governo, uma nova
Jesus Cristo, mudando assim nossa constituição, a Bíblia, que nos conduz a
condição de alienados por membros uma forma de vida totalmente diferente
da família divina e parte da estrutura da qual vivíamos anteriormente. Somos
de seu grande projeto: a expansão do novas criaturas [Rm 12.2; 2Co 5.17],
Reino: a Igreja [Ef 2.3-5], K Ralph P. Martin comenta Filipen-
H Russell Shedd sobre Efésios 2.4: ses 3.20: “Pátria (NAA) lembra 1.27 e
“Nesta situação totalmente desespera- sugere que Paulo está conscientemente
dora é que aparecem duas palavras em pensando no status’ cívico de Filipos,
2.4: as palavras: “Mas Deus”. Deve-se como colônia romana. Cf. a tradução
sublinhar, deve-se marcar essas pala­ de Moffatt: “Somos uma colônia do
vras, porque elas são a única esperança céu”. Sem dúvida este pano de fundo
de todos os pecadores deste mundo! existe, mostrado na paráfrase de Dibe-
“Mas Deus” introduz o amor e a mi­ lius: “temos nosso lar no céu, e aqui na
sericórdia de Deus frente ao homem terra somos uma colônia de cidadãos
perdido”. Assim, esse amor se manifesta do céu”. Assim, à luz deste e outros tex­
com o mesmo poder que ressuscitou Je­ tos bíblicos, se requer de cada pessoa
sus Cristo. A expressão “nos vivificou”, que foi transportada para o “reino do
como comenta Shedd, é co-vitalizados Filho do seu amor” [Cl 1.13] um vi­
(vitalizados com Cristo): “A nossa mor­ ver digno [Fp 1.27] de acordo com os
te em pecado é cancelada pela mesma princípios estabelecidos pelo Soberano
força que cancelou o poder que deteve Senhor. Esta nova vida exige uma nova
Jesus na pedra daquele túmulo que abri­ postura diante de Deus e dos homens
gou o nosso Senhor crucificado”. [ICo 9.27; Ef 4.1].

2.3. Recebemos a cidadania do reino. l~J~l EU ENSINEI QUE:


Nosso primeiro estado era de total es­ Deus em Seu amor e misericórdia nos deu vida

cravidão, éramos por natureza filhos da em Jesus Cristo.

ira e nos tornamos filhos de Deus pelo


processo de adoção em Jesus Cristo [Jo
1.12; Ef 5.8; G1 3.26; lPe 2.10], A gra­
ça nos transportou de um reino para 3 O que seremos no futuro
A salvação produziu nos salvos
outro, éramos cidadãos de um reino um efeito passado, presente e,
de trevas e nos tornamos cidadãos do também, futuro. Paulo diz que o
reino da luz [lPe 2.9], Mesmo estando Senhor nos refez [Ef 2.10a]. Somos
no mundo, não pertencemos mais a ele, tanto o maravilhoso testemunho
esse mundo não tem mais nada a ver co­ da manifestação de Sua graça,
nosco. A Bíblia nos ensina que a nossa quanto o testemunho visível de
cidade não pertence a esse mundo [Fp Sua obra redentora.
28 LIÇÃO 4
Qfol°çâo Não há nada que o homem possa fazer para
obter uma tão grande recompensa. É pela graça que somos
salvos.

3.1 Tornamo-nos feituras de Deus. transformar à imagem de Seu Filho


O pecado desfigurou totalmente a Jesus Cristo [Rm 8.29]. O que Deus co­
imagem criada por Deus no prin­ meçou na conversão, continua através
cípio do mundo. Então, num ato de da santificação, até que alcancemos a
extrema misericórdia e amor, Deus transformação total.
resolveu recriar esse homem interior
arruinado, fazendo uma nova criatu­ 3.2 Para mostrar nos séculos vindou­
ra à imagem do seu Filho [G16.15; Ef ros. A redenção da humanidade é um
4.24; Cl 3.10], De acordo com o te­ ato poderoso que se estende de geração
ólogo Wilian Barclay, o termo grego a geração. Certa feita, perguntaram a
traduzido por “feitura” é “poiema”, a uma mulher romana onde estavam su­
mesma usada para “poema”, e signi­ as joias. Ela chamou seus dois filhos e,
fica: “aquilo que é feito”. Somos um apontando para eles, disse: “Aqui estão
poema escrito por Deus, um teste­ as minhas joias”. Essa é a obra da graça
munho vivo de sua ação milagrosa, divina. Deus transforma pecadores em
onde quem lê é contagiado. Mas is­ santos adoradores. Como joias raras
so ainda não é o fim, seu propósito adquiridas por um alto preço, os remi­
é nos aperfeiçoar a cada dia, até que dos serão exibidos como monumentos
alcancemos a estatura de Cristo [Ef de Sua maravilhosa graça [Ef 2.8-9],
4.13-15]; fomos refeitos para um pro­ Após o arrebatamento e a destruição
pósito, para boas obras e para que do anticristo, Jesus voltará para reinar
andássemos nelas [Ef2.10]. por mil anos, aí, então, o mundo ve­
H O futuro é inevitável e também rá a grandeza da Igreja. Ela será o seu
motivo de grande preocupação para cartão postal, a prova de sua obra de
muitos. Para nós, os salvos, é motivo redenção [Is 53.11].
de alegria. Porque sabemos que, ao fi­ N A salvação é mais do que o per­
nal de todas as coisas, fazemos parte dão, é a libertação da morte, da es­
da nova criação de Deus [2Co 5.17], e cravidão e da ira [Ef 2.1-3]. Inclui
Deus continuará a operar em nós até o a totalidade da nossa nova vida em
fim. Ainda não estamos vivenciando o Cristo, juntamente com quem fomos
último capítulo da nossa vida. Afinal, vivificados, exaltados e feitos assen­
não esperamos em Cristo só nesta vida tar no âmbito celestial. A graça é a
[ICo 15.19], Seu propósito eterno não misericórdia de Deus, livre e ime­
é só nos levar para a glória, mas nos recida, para conosco. Escrevendo
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 29
aos efésios, Paulo a define de forma vidas, nos deu uma nova. Todos que
magistral quando afirma: “Porque nos observam veem sua assinatura,
pela graça sois salvos, por meio da somos a ambulante prova de Sua obra
fé; e isto não vem de vós; é dom de redentora.
Deus. Não vem das obras, para que H Para expressar a origem dessa ini­
ninguém se glorie.” [Ef 2.8-9]. ciativa salvadora de Deus, Paulo usa
quatro palavras: “misericórdia, amor,
3.3 Seremos a assinatura visível de graça e bondade”. “Estávamos mortos”,
sua obra. De acordo com o teólogo e portanto, não fomos capazes de nos
pastor Elienai Cabral, esta expressão salvar. Não havia trabalho que pudés­
“para mostrar nos séculos vindouros” semos fazer, nem mérito para nos aju­
diz respeito ao futuro da Igreja. Ela se­ dar a obter a salvação. Recebemos tudo
rá a demonstração eterna da graça de como um favor imerecido de Deus pela
Deus, ou seja, o testemunho da mani­ fé. Não há lugar para nenhuma glorifi­
festação da misericórdia de Deus sobre cação humana; toda a glória pertence a
a humanidade. Será o triunfo da mise­ Ele. Por isso, Paulo acrescenta que Ele
ricórdia sobre o juízo. Da mesma for­ nos salvou para “...mostrar nos séculos
ma que um paciente é testemunha da vindouros as abundantes riquezas de
habilidade de um cirurgião após uma sua graça...” [Ef 2.7].
delicada cirurgia, nós, visivelmente,
seremos as testemunhas da obra de (TI EU ENSINEI QUE:
Cristo [Ef 2.8-9]. Deus mostrou mais A salvação produziu nos salvos um efeito pas­

que habilidade, Ele não somente re­ sado, presente e, também, futuro.

verteu o quadro contrário de nossas

© CONCLUSÃO
Paulo explicou claramente que somos salvos pela graça e “não pelas obras,
para que ninguém se glorie” [Ef 2.9]. No entanto, a verdadeira salvação sem­
pre produz frutos. Portanto, embora não sejamos salvos pelas obras, fomos
criados em Cristo Jesus para boas obras.

[> ANOTAÇÕES

30 LIÇÃO 4
Membros da família de Deus

"Assim que já não sois estrangeiros, nem 0 perfeito sacrifício de Jesus Cristo re­

forasteiros, mas concidadãos dos santos e sultou em reconciliação com Deus e per­

da família de Deus." Efésios 2.19 mitiu que nos tornássemos membros de

Sua família.

©OBJETIVOS DA LIÇÀO^

0 Apresentar a posição de Is- 0” Explicar como o sacrifício 0 Falar sobre como nos tor-

rael diante de Deus. de Cristo nos trouxe paz. namos a morada de Deus.

©TEXTOS DE REFERENCIA
EFÉSIOS 2 esperança e sem Deus no mundo.

11. Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro 13. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que an­
tempo, éreis gentios na carne e chamados in- tes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo

circuncisão pelos que, na carne, se chamam chegastes perto.

circuncisão feita pela mão dos homens; 14. Porque ele é a nossa paz, o qual de am­
12. Que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, bos os povos fez um; e, derribando a parede

separados da comunidade de Israel e estra­ de separação que estava no meio.

nhos aos concertos da promessa, não tendo

BETEI DOMINICAL Revista do Professor 31


6Ô LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA Is 53.4 QUINTA 2Co 5.18-20


Cristo: o ferido de Deus. Cristo: o ministério da reconciliação.

TERÇA Jo 3.16 SEXTA Cl 1.20-22


Cristo: expressão do amor de Deus. Cristo: autor da nossa redenção.

QUARTA j Rm 2.23-25 SÁBADO 1Pe2.25


A verdadeira circuncisão. Cristo: Pastor e Bispo das nossas almas.

& HINOS SUGERIDOS B ESBOÇO DA LIÇÃO

5,111,370 Introdução
1. Um novo povo formado por Deus
Jç MOTIVO DE ORAÇÃO
2. A unidade do Corpo de Cristo
Ore para que sejamos um exemplo de vida 3. 0 edifício de Deus
para aqueles que nos observam. Conclusão

INTRODUÇÃO
Após sua brilhante exposição sobre a doutrina da salvação, Paulo
agora trata acerca da condição dos gentios antes de Cristo e revela
como Cristo desfez as barreiras que havia entre judeus e gentios na­
quele tempo.

Um novo povo formado mau uso desse privilégio. De acordo

n por Deus com Willian Barclay, os judeus acre­


Antes da vinda de Jesus, havia um ditavam que Deus amava apenas a
desprezo muito grande por parte eles e mais ninguém. Diziam que os
dos judeus em relação gentios haviam sido criados
aos gentios, conside­ PONTO DE para serem combustível pa­
rados indignos e incir- PARTIDA ra o fogo do inferno. Até a
cuncisos [Ef 2.11], vinda de Cristo, os gentios
0 sacrifício
1.1. Éramos gentios na eram um objeto de desprezo
de Jesus nos
carne, chamados incircun- para os judeus. Se por acaso
tornou família
cisão. A Bíblia nos ensi­ um rapaz judeu se casasse
de Deus.
na que Israel foi o povo com uma gentia ou vice-
escolhido por Deus para -versa, era considerado co­
Lhe representar e anunciar a salva­ mo morto, e um enterro simbólico era
ção diante das nações da terra [Êx realizado [At 10.28]. Se uma mulher
19.5-6; Jo 4.22]. Porém, ao detestar gentia fosse dar à luz, era proibido
e até desprezar os pagãos, Israel fez lhe prestar socorro, pois significava a
32 IIÇAO S
vinda de mais um gentio ao mundo. 1.23] e o vício sexual [Rm 1.24-25],
O contato com um gentio era seme­ especialmente o comportamento ho­
lhante à morte. mossexual [Rm 1.26-27], como pe­
N Para melhor esclarecer, todo cados característicos gentílicos. E F.
aquele que não era judeu (circun­ Bruce lembra que o conhecimento do
cisão), era gentio (incircuncisão). Deus verdadeiro era acessível aos ho­
Na visão judaica e de acordo com o mens, mas eles fecharam suas mentes
pacto feito a Abraão, o judeu inter­ para Ele.
pretava que ser gentio era estar fora W Todos nós também estivemos um
de qualquer privilégio ou aliança dia nessa mesma situação desalenta-
por parte de Deus [At 11.1-3; 15.5; dora [Is 53.6; IPe 2.25]. Estávamos
Ef 2.11 ]. Primeiro, porque os judeus sem qualquer perspectiva de salvação.
haviam sido escolhidos por Deus; Éramos inimigos de Deus, estávamos
segundo, porque estavam sob uma fora com todas as letras. Tem coisas
promessa divina; e terceiro, por­ que as Escrituras nos mandam esque­
que tinham no corpo uma marca de cer, e isso é muito bom. Mas existem
aliança com Deus, a circuncisão. Pa­ coisas que jamais devemos esquecer, e
ra eles, os gentios eram desprezíveis uma delas é a misericórdia com a qual
porque viviam de acordo com seus o Senhor nos tornou salvos e cidadãos
desejos e paixões, e eram idólatras, de Seu Reino. Não existe nada maior
servindo a deuses estranhos. que a salvação [Lc 10.20]. Se apenas
fôssemos salvos, essa já seria a maior
1.2 Éramos sem Cristo e sem espe­ premiação de uma vida.
rança. Existem momentos que essa
palavra é muito apropriada em nos­ 1.3 Éramos estranhos às alianças
sas vidas: “lembrai-vos” [Ef 2.11]. O da promessa e sem Deus no mundo.
teólogo William Hendriksen faz o Paulo continua sua exposição sobre
seguinte resumo acerca da situação a situação dos gentios [Ef 2.12] di­
dos gentios naquele tempo: estavam zendo que “estavam separados da
“sem Cristo, sem estado, sem amigos, comunidade de Israel e estranhos aos
sem esperança e sem Deus”. Essa era concertos da promessa”. John Stott
a terrível situação do antigo mundo comenta sobre esse texto: “A referên­
gentio antes de Cristo. Os judeus es­ cia é provavelmente à promessa fun­
peravam o Messias, jamais duvidaram damental feita por Deus a Abraão.
de Sua vinda [Lc 3.15; Jo 11.27]. Mas Israel era o povo da aliança, a qual
que esperança havia para os gentios? era acompanhada de promessas es­
Craig S. Keener, comentando sobre pecíficas para esse povo”. Douglas
Romanos 1.18-32, discorre sobre o Baptista lembra que os vários pactos
mundo pagão e assinala que o povo que Deus estabeleceu com Israel gi­
judeu considerava a idolatria [Rm ravam em torno da grande promessa
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 33
da vinda do Messias: o pacto abraâ- A unidade do Corpo de
mico [Gn 12.1-3], o pacto mosaico Cristo
[Dt 28.1-14] e o pacto davídico [2Sm A realidade retratada no tópico
7.13-16]. Os outros povos não ti­ anterior, referente à aliança e aos
nham conhecimento desses pactos e pactos acompanhados das leis ce­
viviam envolvidos com “muitos deu­ rimoniais, constituíam uma “pa­
ses e muitos senhores” [ICo 8.4-6]. rede de separação” entre judeus e
Por isso, Deus ordenou que a nação gentios [Ef 2.14]. Inclusive o pró­
de Israel fosse bênção a todas as na­ prio Templo em Jerusalém retra­
ções [Gn 12.2-3; Êx 19.5-6]. tava essa separação [At 21.28-30].
R Vemos Deus se revelando a Is­ Mas Cristo Jesus “desfez a inimi­
rael como Seu marido [Is 54.4-6]. zade” [Ef 2.15].
Que tremendo privilégio: o Sobera­ 2.1 Estávamos longe e chegamos
no, Deus de toda a terra, o Senhor perto. A obra expiatória realizada
do Universo, estabelece graciosa­ por Jesus Cristo pôs um ponto final
mente uma comunhão com o Seu nas divergências sociais, culturais e
povo escolhido. Mas, pela graça, religiosas entre judeus e gentios, e
o Senhor revelou a toda humani­ Paulo usa duas palavras para expli­
dade Seu grande amor [Jo 3.16; Ef car esse contraste: “Longe e perto”
2.8-9], Paulo diz que pelo tropeço [Ef 2.13], A situação do povo gentí-
e endurecimento de Israel fomos lico era semelhante à de navegantes
enxertados [Rm 11.11, 17, 22], Não que, sem bússola ou guia, flutuavam
significa que Ele os desprezou, mas em um navio sem leme à noite, sem
que abriu a possibilidade para que estrelas no meio do mar tempestu­
fôssemos salvos, nos achegássemos oso e longe do porto. Essa era uma
a Ele e não fôssemos mais estranhos realidade tanto literal, quanto espi­
à promessa. De dois povos, Deus fez ritual. “Mas agora” tudo mudou e,
um só [Ef 2.14]. pela fé em Cristo, todos aqueles a
quem o Evangelho é pregado têm
ITI EU ENSINEI QUE: a oportunidade de se aproximar [Is
Havia um desprezo muito grande por parte dos 57.19; At 2.39], Nosso antes incluía
judeus em relação aos gentios antes da vinda estar separado de Deus, nosso hoje
de Jesus. inclui estar salvo pela graça [Is 59.2;
Ef 2.8-9],

QF0CLX Por isso, Deus ordenou que a nação de Israel


fosse bênção a todas as nações [Gn 12.2-3; Êx 19.5-6].

34 LIÇÃO 5
H Os gentios eram os de longe, os bém um ponto de encontro com o seu
judeus eram os de perto, mas ambos semelhante, quaisquer que tenham si­
estavam distantes de Deus. Um por­ do anteriormente as divisões de raça,
que estava desprovido de tudo; o ou­ cor, posição social ou credo. Ele veio
tro porque pecava por desprezar seu com este propósito [Lc 2.14], para ser
propósito diante de Deus. Na verdade, o Príncipe da paz, e, de fato, foi assim
tanto gentios quanto judeus precisa­ que os profetas predisseram Sua vinda
vam ser iluminados. Não havia so­ [Is 9.6; 53.5; Mq 5.5; Ag 2.9; Zc 9.10].”
mente uma distância horizontal, havia
também uma vertical. A distância de 2.3 Éramos dois povos e nos tornamos
separação sucumbiu diante da gran­ um só povo. Elienai Cabral cita que a
deza do sacrifício de Cristo. Na cruz, cruz de Cristo serviu de elo de recon­
judeus e gentios se reconciliaram com ciliação e também de destruição. Ela foi
Deus e se abraçaram [Ef 2.11-15]. o ímã para a reconciliação dos homens
com Deus [Rm 5.10; 2Co 5.18-20; Cl
2.2 Estávamos sem reconciliação e 1.20], e foi também o símbolo de morte
alcançamos a paz. Jesus Cristo em e destruição das inimizades existentes
seu anúncio de “boas novas” trouxe entre Deus e o homem. No templo an­
a paz de Deus ao coração perturbado tigo havia uma parede que separava os
do homem. A paz que excede todo judeus dos gentios, onde um gentio era
entendimento [Fp 4.7], não a que o proibido de avançar. Agora, em Cristo,
mundo dá, mas a paz que transforma não existe mais parede, nem templo.
o homem ao se reconciliar com Deus Hoje somos todos iguais diante de
[Rm 5.1], A obra de Jesus Cristo na Deus. Pela graça, nos tornamos filhos
cruz do Calvário não apenas conce­ de Deus, herdeiros juntamente com
deu a paz entre Deus e nós, mas tam­ Cristo, povo santo de Deus e membros
bém estabeleceu a paz entre os dois de Sua grande família [Ef 2.14,19],
povos: “gentios e judeus”. Dessa ma­ H Comentário de R. N. Champlin
neira, e pelo Seu sangue, agora todos sobre Efésios 2.14: “Harmonia e união
os crentes são transformados em um foram conferidas “a judeus e a gentios”,
único povo, um único corpo [Ef2.15; que ficaram assim unidos dentro da
Cl 1.20-22]. “Pelo sangue de Cristo”, o comunidade superior da igreja, fican­
pecado, poderoso separador, foi der­ do eliminadas as muitas barreiras e
rotado [Ef 2.13-15]. preconceitos inerentes ao sistema ju­
■r Francis Foulkes comenta Efésios daico. Por conseguinte, em Cristo há
2.14: “Não é suficiente dizer que Cristo um só “corpo”, há união. Em contra­
traz a paz. Ele é a nossa paz. À medida posição a isso, não há judeu ou gentio,
que os homens passam a estar nEle, e escravo ou livre, varão ou varoa, mas
continuam a viver nEle, encontram todos são um só em Cristo Jesus [G1
paz com Deus, e, dessa forma, tam­ 3.28; Jo 10.16].”
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 35
P)FOCO na
Agora em Cristo não existe mais parede,
LIÇÃO

nem templo. Hoje somos todos iguais diante de


Deus.
com um papel pedagógico, parece cla­
00 EU ENSINEI QUE: ro que o que constitui o fundamento da
Na cruz, Jesus promoveu a reconciliação entre igreja não é a pessoa deles nem o seu
judeus e gentios. ofício, mas, sim, a sua instrução. Além
disso, devemos pensar neles como
sendo educadores inspirados, órgãos

3 O edifício de Deus
Já não somos mais estrangeiros em
da revelação divina, portadores desta
autoridade”. Importante notarmos que
terra distante. Cristo nos tornou Paulo menciona, em Efésios 3.5, que
cidadãos de Seu Reino e membros aos apóstolos e profetas a Palavra de
da família de Deus [Ef 2.19]. Paulo Deus em Cristo foi revelada de mo­
compara a Igreja como um grande do único, pela ação do Espírito Santo.
edifício que cresce a cada dia, e a
cada dia é edificado. 3.2 Nossa posição no edifício de Deus.
3.1 O fundamento dos apóstolos e Para ilustrar nossa posição em Deus,
profetas. A obra de Jesus Cristo não Paulo usa a figura de um edifício. Pen­
apenas reconciliou o homem com sa a Igreja como parte de um grande
Deus, mas, além de tornar os dois edifício e em cada cristão como uma
povos um, os reúne em um projeto, pedra viva no serviço da igreja [Ef
como um edifício, chamado “congre­ 2.21; IPe 2.5]. Paulo nos apresenta
gação dos santos” ou “congregação dos a Igreja como um edifício que cres­
justos”, o que conhecemos hoje como ce dia a dia. Indicando, assim, uma
“Igreja” [Rm 5.10-11; 2Co 5.17,21]. É construção progressiva e contínua.
como uma casa santa, completamente Importante também notarmos que a
edificada na rocha, a “pedra angular”, figura do edifício aponta para o aspec­
que é Cristo [IPe 2.7]. O fundamen­ to da coletividade, tão enfatizado nas
to dos apóstolos e dos profetas são as Escrituras e, às vezes, desprezado por
verdades reveladas pelo Espírito Santo alguns que dizem ser “igreja”, porém
acerca do plano de Deus e da pessoa não cultivam a necessária comunhão
de Jesus Cristo [Ef 2.20-21]. em uma igreja local [Ef 2.22 - notar
H Comentário de John Stott sobre a expressão - “vós juntamente”; 4.16;
Efésios 2.20: “Visto que tanto os após­ Hb 10.25], A Igreja, como resultado
tolos quanto os profetas eram grupos do sangue de Cristo derramado na

36 LIÇÃO s
cruz [Ef 2.13, 16], continua a crescer, próprio templo, Sua habitação através
constantemente edificada pela obra do de Seu Espírito Santo em nós. “Ou não
Espírito de Deus até “o aparecimento sabeis que o vosso corpo é o templo do
da glória do grande Deus e nosso Se­ Espírito Santo, que habita em vós, pro-
nhor Jesus Cristo” [Tt 2.13], venicente de Deus, e que não sois de
H Cristo, além de ser o princípio de vós mesmos?” [ 1 Co 6.19]. Tal verdade
estabilidade e direção da Igreja, tam­ revelada - que somos templo do Espí­
bém é o começo de seu crescimento. rito Santo - deve despertar-nos para o
Todo o edifício está “crescendo” ou fato de que não devemos pensar acerca
“subindo” por causa de uma união de nós mesmos como independentes,
vital com Ele. Não há nada estático como se tivéssemos plenos direitos
nesse edifício. É uma construção viva sobre o que fazer com o nosso corpo,
formada por pedras vivas: crentes. E como muitos gostam de expressar.
como cada pedra viva faz sua própria K Esse novo templo não é uma cons­
contribuição para o crescimento e a trução material, é um edifício espiri­
beleza do edifício, a última é descrita tual, a família de Deus, uma comu­
como “harmoniosamente ajustada”. nidade inter-racial que abrange tanto
Assim, o edifício está sempre sendo gentios quanto judeus, e tem alcance
aperfeiçoado como “um templo sagra­ mundial, ou seja, onde estiverem os
do no Senhor”. É santo, isto é, limpo e membros do povo de Deus, ali Deus
consagrado, por causa do sangue e do estará habitando na pessoa do Espí­
Espírito de Cristo [IPe 2.5]. rito Santo. Deus não está vinculado a
edifícios sagrados, mas a pessoas san­
3.3 Morada de Deus em Espírito. Nos­ tas, agora conhecidas como sua nova
sa posição em Deus é digna de nota. comunidade, onde Ele tanto reside
Recebemos uma salvação muito po­ quanto vive [ 1 Jo 4.13].
derosa em Jesus Cristo. Como gentios,
estávamos totalmente fora de qualquer IT] EU ENSINEI QUE:
promessa da parte de Deus, e de um Já não somos mais estrangeiros em terra dis­

Salvador. Mas a expiação de Cristo tante. Cristo nos tornou cidadãos de Seu Reino

não somente tornou possível a nossa e membros da família de Deus.

entrada ao templo, Ele nos tornou Seu

© CONCLUSÃO
Cristo morreu para reconciliar consigo mesmo toda a humanidade. O
resultado é que não somos mais estrangeiros, mas, sim, cidadãos do Rei­
no sobre o qual o Senhor reina. Somos a família que Ele ama e o templo
em que Ele habita.

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 37


A revelação do mistério chamado
Igreja

& TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"E demonstrar a todos qual seja a dispensa- A Igreja de Cristo é a portadora da revela­

ção do mistério, que desde os séculos esteve ção dos mistérios da graça divina a todos

oculto em Deus, que tudo criou." Efésios 3.9 os povos e nações.

[©OBJETIVOS DA LIÇÃO

E? Apresentar a nítida visão que EJ Explicar acerca do mistério O'Mostrar que o plano divino

Paulo tinha sobre os gentios. revelado a Paulo. não é desconexo.

©TEXTOS DE REFERENCIA

EFÉSIOS 3 10. Para que agora, pela igreja, a multiforme


3. Como me foi este mistério manifestado pela sabedoria de Deus seja conhecida dos princi­

revelação como acima em pouco vos escrevi; pados e potestades nos céus,

5. O qual noutros séculos não foi manifestado 11. Segundo o eterno propósito que fez em
aos filhos dos homens, como agora tem sido Cristo Jesus, nosso Senhor,

revelado pelo Espírito aos seus santos após­ 12. No qual temos ousadia e acesso com con­
tolos e profetas, fiança, pela nossa fé nele.

38
Gê LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Rm 16.25 QUINTA | Gl 5.2
A revelação do mistério que esteve oculto. Exortação a conservar a liberdade cristã.

TERÇA | 2Co 9.8 SEXTA | Cl 2.2


Deus é poderoso para fazer abundar a graça. Cristo: conhecimento do mistério de Deus.

QUARTA | Gl 4.7 SÁBADO | 2Tm 1.11


Somos herdeiros de Deus por Cristo. Paulo: pregador e apóstolo dos gentios.

s;:? HINOS SUGERIDOS E? ESBOÇO DA LIÇÃO

169,188, 291 Introdução


1. A revelação do mistério
MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Paulo, ministro da revelação divina
Ore para que seus irmãos em Cristo não de­ 3. As riquezas do mistério revelado
sanimem na fé. Conclusão

d:- INTRODUÇÃO
Em Jesus Cristo, judeus e gentios se tornaram um só povo. Agora, Paulo
fala acerca do mistério que esteve oculto em Deus durante os séculos, a
igreja [Ef 3.9].

A revelação do mistério Martyn Lloyd-Jones afirma que o prin­

D Como mordomo e despenseiro da cipal motivo da prisão de Paulo foi seu


graça de Deus, Paulo esclarece co­ anúncio do Evangelho de Cristo tanto
mo esse mistério lhe foi revelado e para judeus, quanto para gentios. Ele
como foi comissionado enfureceu os líderes judeus
a torná-lo conhecido de PONTO DE com seu estilo de mensa­
todos [Ef 3.8], PARTIDA gem, estes, por sua vez, o
1.1 Paulo, o prisioneiro. conduziram à prisão em Je­
A Igreja é
Paulo se intitula como “o rusalém, e, posteriormente,
portadora da
prisioneiro de Cristo”, decla­ a Roma. Na perspectiva de
revelação da
rando sua plena confiança Paulo, a prisão não era algo
graça divina.
em Deus. Ele tinha plenas que lhe causasse transtornos
convicções de que não so­ ou infelicidade, era para ele
mente havia recebido a revelação do um grande privilégio. Paulo acreditava
mistério, mas também havia sido co­ na soberania de Deus e estava ciente de
missionado a difundi-lo entre os povos que tanto sua vida, quanto sua prisão,
gentios [Ef 3.5-8]. O teólogo e escritor estava sob o senhorio de Jesus.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 39
H Essa epístola foi escrita por Paulo também, com a mensagem de que, a
quando estava preso em Roma e es­ partir de então, judeus e gentios eram
perava comparecer em juízo peran­ um em Cristo. Não bastava a Paulo
te Nero [At 23.11; 25.11-12; 26.32], apenas ganhá-los para Cristo ou abrir
Aquilo que para muitos era visto como novas congregações locais. Ele deveria
provação, na visão de Paulo era uma ensiná-los acerca dos privilégios que a
oportunidade. Paulo sabia que era o graça lhes outorgava e da maravilhosa
protagonista de uma causa importante, posição que receberam como mem­
por isso em nada atribuía seu encarce­ bros do Corpo de Cristo, onde em pé
ramento a Nero. Ele tinha plena certe­ de igualdade com os judeus se torna­
za de que estava no centro da vontade ram coerdeiros de um mesmo corpo e
de Deus, e isso por si só era suficiente. participantes da promessa em Cristo
Ser prisioneiro de Cristo era para ele [Ef 3.5-6].
muito mais que um cárcere, era mais
uma oportunidade de servir ao Senhor. 1.3 Paulo, o embaixador. Os judeus,
como dito anteriormente, viam os
1.2 Paulo, o despenseiro. Paulo cita gentios como incapazes e indignos.
que o Senhor o comissionou como Em hipótese alguma, na visão de­
um despenseiro do “mistério” que lhe les, os gentios eram merecedores da
havia revelado, e lhe deu a responsa­ glória e da graça divina. Para eles os
bilidade de compartilhar esse mistério gentios somente serviam para serem
com os gentios. Paulo não era apenas escravos de Israel ou aniquilados [Is
um prisioneiro de Jesus Cristo, era 45.14; 60.12]. É neste cenário que Deus
também um ministro enviado por Ele nomeia Paulo como seu embaixador,
para revelar aos gentios as riquezas in­ para lhes revelar que todos tinham o
compreensíveis e ocultas até então [Ef mesmo direito, sendo judeu ou não [Ef
3.7-8]. Paulo havia recebido de Deus 3.6]. Para Paulo seu comissionamento
uma “dispensação” (administração). era um grande privilégio, ele se intitula
O termo “dispensação” vem de duas como o mínimo de todos os santos, e
palavras gregas: oikos, que significa deixa bem claro que o cargo no qual
“casa”, e “nemo”, que significa “distri­ havia sido investido era um dom da
buir, repartir”. Indica a administração graça de Deus, um fato que é enfati­
da casa, ter a chave do cofre ou ofício zado repetidamente nas epístolas [Rm
de alguém que a administrava. Como 1.1; ICo 1.1; 15.10; 2Co 1.1; G1 1.1],
administrador, Paulo deveria revelar o H Desde o início da vida cristã do
propósito da graça de Deus a todos os apóstolo, Deus deixou claro para
homens indistintamente. ele que o havia chamado para levar
N A mordomia de Paulo consistia o Evangelho aos gentios [At 9.15;
em que pudesse ir aos gentios com as 26.13-18], e Paulo permaneceu fiel
boas novas da salvação em Cristo e, a esse chamado. Paulo jamais olhou
40 LIÇÃO 6
para a vida a partir de uma perspec­ nificado do nosso português. Um
tiva puramente humana. Ele sempre “mistério” em nossa língua portu­
a via pela ótica da soberania divina. guesa significa algo obscuro, secreto,
Ele compreendia perfeitamente que a enigmático, inexplicável, e até mes­
revelação do mistério a ele concedi­ mo incompreensível. Strong registra
do estava recheado de duas grandes que em o Novo Testamento, era uma
realidades: revelação e comissão. Ele palavra usada a respeito de fatos,
entendia que o favor divino não lhe doutrinas, princípios etc., não reve­
fora concedido como um “luxo” para lados previamente. De acordo com
ser desfrutado privadamente, tinha John Stott, Deus não reserva Seus
plena consciência de que havia sido mistérios para uma elite espiritual.
comissionado para anunciá-lo mesmo Eles são verdades, que, mesmo es­
com padecimentos [At 9.15]. tando além da compreensão huma­
na, foram revelados por Deus e per­
ÍYI EU ENSINEI QUE: tencem abertamente a toda a igreja.
Como mordomo e despenseiro da graça de Para o apóstolo, o “mistério” era um
Deus, Paulo esclarece como esse mistério lhe segredo que esteve oculto, mas agora
foi revelado e como foi comissionado a torná- desvendado [Ef 3.5],
-lo conhecido de todos. M O mistério revelado a Paulo diz
respeito a Cristo e a um único po­
vo, judeu e gentio. Tudo o que es­

2 ção
Paulo, ministro da revela­
divina
tá sendo revelado já existia, estava
guardado e oculto em Deus. No
Paulo recebe uma comissão es­ plano eterno o Senhor via tanto ju­
pecial da parte de Deus, que de deus quanto gentios como membros
maneira clara e precisa lhe reve­ comuns do mesmo corpo e partici­
la o mistério oculto que deveria pantes da mesma promessa. Como
compartilhar com os gentios, o frisou o pastor e teólogo Hernandes
mistério da Igreja [Ef 3.8-10]. Dias Lopes: “O mistério de Cristo
2,1. Entendendo o mistério que es­ é a união completa entre judeus e
teve oculto. Por três vezes nesse gentios, através da união de ambos
parágrafo Paulo faz uso da palavra com Cristo. É essa dupla união, com
“mistério” [Ef 3.3-4, 9]. Essa palavra Cristo e entre eles, a substância do
no grego não possui o mesmo sig­ mistério” [Ef 3.6].

Q,F°uçâo Ele tinha plenas convicções de que não somente


havia recebido a revelação do mistério, mas também havia sido
comissionado a difundi-lo entre os povos gentios [Ef 3.5-8].
BETEI DOMINICAL Revista do Professor 41
2.2. A natureza do mistério revela­ 2.3. A humildade e seriedade de Paulo
do. Com muita clareza Paulo fala da diante do mistério. Paulo revela algu­
natureza do “mistério” que o Senhor mas coisas importantes sobre sua co­
lhe havia revelado. O mistério era que missão: ele fala que foi feito ministro
gentios e judeus seriam colocados na segundo o dom da graça, ou seja, ele re­
mesma base; pela fé em Cristo, eles se­ cebeu um chamado, não saiu por conta
riam incorporados a um novo corpo: própria, também não está falando o que
a Igreja. E Cristo era a cabeça desse ouviu ou aprendeu com os outros, está
novo corpo [Ef 3.6]. Paulo também falando das coisas que o próprio Deus
apresenta três aspectos importantes lhe revelou e o enviou a dizer. Dessa
desse mistério para os gentios: a) os forma, o apóstolo deixa claro para os
gentios são herdeiros em conjunto destinatários da carta tanto sua autori­
com os judeus, de algo que somente dade como enviado, quanto a maneira
por adoção se tinha direito; b) os gen­ pela qual ele recebeu o conhecimento
tios se tornaram membros do mesmo e a origem da mesma [Ef 1.9-11; 3.1-
corpo, isto é, a Igreja; c) eles também 7]. Ele considerava a si mesmo como o
eram participantes da promessa em mínimo de todos, reconhecia o grande
Cristo Jesus através da pregação do privilégio de ser o portador de uma tão
Evangelho, ou seja, participariam do poderosa revelação [Ef 3.8].
benefício da promessa em Cristo Je­ R Quando Paulo afirma que era o
sus, quando cressem, ao ouvirem a “mínimo de todos os santos”, ele não
pregação do Evangelho [Rm 9.24-26]. está usando de hipocrisia nem tam­
H Três coisas importantes acontecem pouco depreciando a si mesmo. Ele age
conosco quando recebemos a Jesus com muita simplicidade e sinceridade.
Cristo em nossas vidas: a) tornamo- Ele está profundamente consciente
-nos coerdeiros. Um herdeiro é aquele tanto da sua própria indignidade (por­
que tem direito a tudo que o seu Pai que sabia quem era, o que fez para com
possui; b) tornamo-nos membros do aqueles que serviam a Jesus, e como
mesmo corpo. Isto nos fala de unida­ Deus entrou em sua vida), quanto a
de, um membro fora do corpo morre misericórdia de Cristo que transborda­
e apodrece. Fala-nos também de pro­ va sobre si. Paulo era o cartão postal da
teção, pois um predador só será bem- graça que anunciava, por esse motivo
-sucedido se atacar os que estão des­ falava acerca de si mesmo [ 1 Tm 1.13].
garrados do grupo; c) tornamo-nos
participantes da promessa. O Senhor r~0 EU ENSINEI QUE:
nos prometeu vida, e vida com abun­ Paulo recebe uma comissão especial da parte

dância, uma vida vitoriosa e cheia de de Deus, que, de maneira clara e precisa, lhe re­

alegrias mesmo em meio às crises [Jo vela o mistério oculto que deveria compartilhar

10.10; Ef 3.6]. com os gentios, o mistério da Igreja.

42 LIÇÃO 6
FOCO NA
< liçAo 0 mistério era que gentios e judeus seriam
colocados na mesma base; pela fé em Cristo, eles seriam
incorporados a um novo corpo: a Igreja.
As riquezas do mistério com os judeus, cujo resultado único é
revelado a Igreja [ICo 12.13]. A Igreja é a união
A mensagem de Paulo era de boas de todos os crentes em Cristo, indepen­
novas grandiosas para os gentios. dente de raça, língua ou nação. Ela é a
Consistia nas insondáveis riquezas constituição divina formando um só po­
de Cristo, as riquezas que Cristo vo, uma só fé, um só Senhor [Ef 4.1-7],
possui em si mesmo e que outorga todos com os mesmos privilégios, cuja
àqueles que vêm a Ele. participação na filiação a Deus é direi­
3.1. 0 mistério revelado no Novo Tes­ to comum a todos quantos receberem
tamento. Desde o princípio, os gentios a Cristo Jesus como Salvador [Jo 1.12].
faziam parte do plano de Deus, e Paulo
era o instrumento do Senhor para re­ 3.2 0 propósito pré-estabelecido por
velar à igreja em Éfeso a participação Deus. No entendimento de muitas
plena dos gentios na salvação efetua­ pessoas, os gentios entraram em cena
da na cruz. Sua grande preocupação porque os judeus recusaram a Jesus e
era desfazer o falso ensinamento que Seu Evangelho. Mas Paulo nos lem­
havia sido disseminado por alguns bra aqui que a salvação dos gentios
judeus convertidos, como encontra­ (nossa própria salvação) não é uma
mos em Atos 15.1, 5 e Gálatas 5.1-4. ocorrência tardia de Deus; não é algo
Alguns judeus afirmavam que para que Deus aceitou como um bem se­
poder fazer parte da herança prome­ cundário porque os judeus rechaça­
tida a Israel, era necessário se subme­ ram sua mensagem e convite. Atrair
ter ao cumprimento de alguns ritos todos os homens a seu amor era parte
e cerimônias estritamente judaicas. do desígnio eterno de Deus. Tudo foi
Todavia, Deus revelou a Paulo que a elaborado por Deus antes mesmo de o
graça era suficiente e que esses ritos homem ser formado, nada aconteceu
judaicos não tinham validade alguma sem um propósito. Tudo foi criado
no Novo Pacto. Era com base nos mé­ para acontecer no seu devido tempo
ritos de Cristo que os gentios passaram sem margem de erros. O plano divino
a desfrutar de todas as bênçãos divinas não é desconexo, a igreja não nasceu
[ICo 12.13; Ef 2.13], acidentalmente [Ef 3.9-11],
N Elienai Cabral comenta que os gen­ N Em seu propósito eterno, Deus
tios são participantes das promessas de escolheu um povo para si mesmo, e
Cristo e formam um só corpo espiritual para reinar juntamente com Ele. E no
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 43
tempo certo enviou a Jesus Cristo pa­ a salvação, a libertação da escravidão
ra que nos reconciliasse com Ele e uns da carne, sua glória meritória na cruz
com os outros. Esse propósito eterno do Calvário. Da mesma forma que o
já tinha Jesus Cristo como a razão de mar se torna insondável por sua pro­
tudo, pois tudo estava contido nEle fundidade, assim são essas riquezas.
[Ef 3.11-12]. Em obediência a esse Elas são todas nossas e estão à nossa
propósito, a Igreja segue para o seu disposição. Deus não poupou riquezas
destino eterno, onde cada crente em ao nos salvar [Ef 1.3].
Cristo, particularmente, como parte H Proclamar aos gentios as riquezas
da Igreja, tem ousadia (liberdade) em insondáveis de Cristo era apenas par­
Cristo e acesso (livre entrada) ao Rei­ te da tarefa de Paulo. Essa missão era
no de Deus, e Cristo a única via desse mais ampla em dois aspectos: a) esta­
acesso [Jo 14.6]. va relacionado não apenas aos gen­
tios, mas também a todos os homens
3.3 As riquezas insondáveis de Cristo. [At 9.15]; b) estava relacionado não
Paulo já tinha feito uso da expressão apenas à proclamação do Evangelho,
“riquezas” (Ef 1.7,18; 2.7), mas, agora mas também à iluminação dos olhos
- 3.8 - ele acrescenta um adjetivo - in­ dos homens, para que pudessem ver
compreensíveis (gr. “anexichniaston”) como esse Evangelho, aceito pela fé,
ou insondáveis (NAA). John Stott diz operaria no coração de todos os ho­
que significa, literalmente, “cuja pis­ mens. O Evangelho é tanto a verdade
ta não pode ser achada”, indicando da parte de Deus quanto riquezas para
tratar-se de algo que não é possível se a humanidade.
obter mediante esforços humanos. Na
versão grega de Jó 5.9 e 9.10 se refere 171 EU ENSINEI QUE:
às obras de Deus. Encontramos tam­ A mensagem de Paulo era de boas novas gran­

bém este adjetivo em Romanos 11.33. diosas para os gentios. Consistia nas insondá­

Mas, “agora tem sido revelado” (Ef 3.5) veis riquezas de Cristo, as riquezas que Cristo

e somos chamados a participar destas possui em si mesmo e que outorga àqueles que

riquezas! Elas refletem tudo o que se vêm a Ele.

refere à gloria de Cristo, sua divindade,

@ CONCLUSÃO
Ao expor todo o mistério que lhe fora revelado e anunciar as riquezas in­
sondáveis de Cristo, Paulo apresenta-lhes um intenso rogo para que seus
amigos não desanimassem. Que exemplo admirável e motivador [Ef 3.13],

44 LIÇÃO 6
A segunda oração intercessora
I 0 ASSISTA AO VÍDEO FOCO NA LICÃO DESTA AULA ATRAVÉS DO QR CODE ->

V TEXTO TaUREOW^ADE APLICADAV


"Orai sem cessar." Estudar, refletir e fazer orações com as Escri­

ITessalonicenses 5.17 turas são hábitos que devemos cultivar para


a nossa edificação e fortalecimento espiritual.

[ © OBJETIVOS DA LIÇÃO

ET Mostrar o modelo da ora­ 0" Explicar a razão pela qual 0 Ensinar acerca das dimen­
ção feita por Paulo. Paulo ora pelos efésios. sões do amor de Deus.

© TEXTOS DE REFERENCIA
EFÉSIOS 3 corações, a fim de, estando arraigados e fun­

14. Por causa disto me ponho de joelhos peran­ dados em amor,

te o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 18. Poderdes perfeitamente compreender, com
15. Do qual toda a família nos céus e na terra todos os santos, qual seja a largura, e o compri­

toma o nome, mento, e a altura, e a profundidade,

16. Para que, segundo as riquezas da sua glória, 19. E conhecer o amor de Cristo, que excede
vos conceda que sejais corroborados com poder todo o entendimento, para que sejais cheios de

pelo seu Espírito no homem interior; toda a plenitude de Deus.

17. Para que Cristo habite, pela fé, nos vossos

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 45


tè LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Mt 6.9 QUINTA | 2Co 4.16
A importância de orar. 0 homem interior se renova de dia em dia.
TERÇA | Rm 5.8 SEXTA | Gl 5.22-23
Cristo morreu por nós, pecadores. 0 fruto do Espírito.
QUARTA | 2Co 3.18 SABADO ] Fp 4.19
Somos transformados pelo Espírito do Senhor. Deus supre as nossas necessidades em glória.

J J HINOS SUGERIDOS IZ" ESBOÇO DA LIÇÃO

39, 526, 545 Introdução


1. 0 modelo ideal para achegar-se a Deus
MOTIVO DE ORAÇÃO
2. A oração por uma vida de plenitude
Ore para que possamos nos encher do 3. O amor de Cristo
grande amor de Deus. Conclusão

d:- INTRODUÇÃO
Na primeira oração Paulo intercedeu pelos efésios, para que fossem ilu­
minados pelo Espírito para uma revelação e conhecimento mais pleno de
Deus. Agora faz uma oração para que se apropriem dessas riquezas.

O modelo ideal para ache­ do mistério deixou Paulo em êxta­

D gar-se a Deus se, pois a posição na qual os salvos


A oração é um dos grandes pri­ em Cristo foram colocados nesta
vilégios que o Bom Deus tem dispensação é muito poderosa. O
concedido ao ser hu­ motivo de sua oração é
mano: podemos nos PONTO DE que os crentes compreen­
aproximar e falar com PARTIDA dam essa riqueza, por is­
Ele por intermédio so pede para que recebam
A oração nos
de Jesus Cristo. Neste fortalecimento e poder no
aproxima de
contexto, Paulo está homem interior pelo pre­
Deus.
orando pelo fortaleci­ enchimento do Espírito
mento dos crentes. Santo [Ef 3.16], Quando
1.1 O motivo da oração pelos efé­ Paulo fala do homem interior, se
sios. O teólogo e pastor John Stott refere à natureza moral que preci­
afirmou que o prelúdio indispen­ sa ser transformada pelo poder do
sável a toda petição é a revelação Espírito Santo para que a plenitude
da vontade de Deus. A revelação de Cristo possa habitar [2Co 4.16].
46 IIÇAO 7
H É importante enfatizarmos o con­ H O que realmente importa para
teúdo de Efésios 3.13 - Paulo faz um Deus na oração não é a postura
pedido aos cristãos em Éfeso, e no física, mas a atitude do coração
versículo 14 ele faz pedidos ao Pai daquele que se achega ao Senhor
celestial pelos mesmos cristãos. Rus­ [Mt 6.5-6]. Nosso maior exemplo
sell Shedd comenta sobre o que levou de oração é Jesus Cristo, Ele orou
Paulo a fazer esta segunda oração na de diversas maneiras. Prostrar-se
epístola aos Efésios: “Recordemos, diante de Deus é derramar-se, re­
inicialmente, porque é que Paulo ora, verenciar e submeter-se à augusta
e veremos que é o peso da respon­ presença daquele que é Santo. En­
sabilidade. Muitas pessoas estavam contramos nos Evangelhos o Se­
sendo edificadas sobre Paulo, e ele nhor Jesus orando, ensinando sobre
sentia esse peso, tal como os profe­ a oração e exortando Seus discípu­
tas do Antigo Testamento sentiram los para a prática da oração.
o peso da Palavra do Senhor. Ele
sentia a necessidade da oração e da 1.3 0 alvo da oração. Existe uma
intercessão por estes novos cristãos. unidade poderosa entre as três pes­
Aí está a causa”. soas da Trindade no momento em
que nos dirigimos ao Pai em oração.
1.2 A atitude da oração. A postura Quando oramos a Deus, devemos
mais comum usada pelos judeus pa­ nos dirigir ao Pai em nome de Jesus
ra achegarem-se a Deus em oração Cristo. Nesse momento o Espírito
é de pé com as mãos estendidas e as Santo atua intercedendo por nós
palmas para cima. A Bíblia, porém, diante do Pai, mesmo quando não
não sacraliza a postura física com sabemos pedir como convém [Mt
que devemos orar. Temos exemplos 6.9; Rm 8.26], Não existe nada escri­
de pessoas orando em pé, assenta­ to que assinale uma forma de orar,
das, ajoelhadas, andando e até mes­ não existem formas mecânicas para
mo deitadas [SI 95.6; Mc 11.24; Lc se achegar a Deus. Orar é falar com
18.11, 13; 22.41; At 7.60; 9.40], A Deus, e quanto mais sincero for o
postura tomada por Paulo vai além diálogo, mais agradáveis seremos à
dos joelhos dobrados [Ef 3.14], Sua vista de nosso Pai [Ef 3.14].
oração é tão intensa que se prostra H A oração feita por Paulo aqui não
diante de Deus numa súplica extre­ está voltada para o âmbito das coisas
ma e angustiosa. Outra coisa que materiais e, sim, espirituais. Ele não
devemos destacar é a forma como ora por si mesmo, ele ora para que
ele se dirige a Deus. Ele o chama de aqueles discípulos fossem fortaleci­
“Pai”. Essa expressão descreve a mais dos, cada vez mais firmados, vivendo
estreita relação de amor, comunhão em união, e fossem cheios da pleni­
e preocupação. tude de Deus. Ele entende que um
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 47
exército poderoso na terra há de se é a fonte de onde tudo se origina [Ef
formar se esses cristãos alcançarem 1.7,18]. Nessa epístola ele usa várias
a mesma excelência das revelações vezes a palavra “riquezas”, indicando
que recebeu, por isso, ora pedindo que Deus é ilimitado, abundante e
poder. Em contraste com as orações infindável. Deus é pleno em glória,
tão centradas no homem, destaca­ em majestade e autoridade. Toda a
mos aqui alguns pedidos de Paulo glória pertence a Ele, e somente Ele
que apontam para valores espirituais pode compartilhar dessas riquezas
a serem almejados tendo em vista a com Suas criaturas [Rm 9.23; Fp
exposição feita anteriormente. 4.19; Cl 2.2],
H Ao dizer que pode todas as coi­
HQ EU ENSINEI QUE: sas naquele que o fortalece, Paulo
A oração é um dos grandes privilégios que o está sustentando a grandeza des­
Bom Deus tem concedido ao ser humano: po­ sa plenitude. Porque o Deus que
demos nos aproximar e falar com Ele por inter­ habita dentro dele o capacita tan­
médio de Jesus Cristo. to a enfrentar quanto a superar
qualquer situação. Ele diz que em
Cristo habita toda a plenitude de
A oração por uma vida de Deus (Cl 2.9], O que também nos
plenitude ensina que Cristo, sendo Deus, ha­
A oração feita por Paulo é cres­ bita em todos nós. É claro que não
cente e agora passa do fortaleci­ estaremos isentos de dificuldades,
mento à plenitude. Referindo-se mas o Deus que em nós habita nos
a tudo que é completo, total e capacitará para enfrentá-las e ven­
absoluto. cê-las [Fp 4.13],
2.1 A fonte de toda plenitude. De
acordo com o Dicionário da Bíblia 2.2 As riquezas do poder celestial
de Estudo Almeida, a palavra “ple­ em Cristo. O princípio da oração
nitude” fala de abundância, presença de Paulo é para que os cristãos co­
completa, estatura completa, e tem­ nheçam essas riquezas da glória de
po certo de Deus agir, libertando as Cristo e sejam “corroborados” com
pessoas do peso da lei e da escra­ poder pelo seu Espírito no homem
vidão do pecado. Paulo nos afirma interior [Ef 3.16]. É necessário enfa­
que essa plenitude vem de Deus, Ele tizar aqui que Paulo está orando por

Q,F°l?ção A oração é um dos grandes privilégios que o Bom


Deus tem concedido ao ser humano: podemos nos aproximar
e falar com Ele por intermédio de Jesus Cristo.
48 IIÇAO 7
pessoas que já estavam em um nível habitação é a capacitação para ex­
elevado diante de Deus [Ef 1.15]. perimentar o fluir de Cristo através
Ele estava alegre e grato a Deus por de nossas vidas, numa experiência
aqueles discípulos, porém continua­ sempre crescente [Jo 14.12; Ef3.18].
va orando para que fossem fortaleci­ Cristo não invade nossa vida, espe­
dos com poder pelo Espírito Santo. ra que respondamos positivamente
Paulo sabia que a conversão/novo ao Seu agir e O recebamos em nós.
nascimento é apenas o começo da Quando Ele habita em nós, a vida é
vida cristã, apenas a passagem pe­ sempre contagiante.
lo portão do palácio. Jesus não nos R Devemos entender que tudo isso
salvou apenas para nos libertar do só pode acontecer quando exercita­
julgamento. Ele quer que conhe­ mos nossa fé. A presença de Cristo
çamos as infinitas riquezas do Seu não pode ser sentida pela razão ou
Reino [Ef 1.3]. pelos sentimentos, a chave aqui é a
R Francis Foulkes comenta Efésios fé. A fé pode produzir um estilo de
3.16: “O primeiro dom pelo qual Pau­ vida frutífero, alegre e contagian­
lo ora aqui é força. Tal como em 1.19, te. Precisamos ser fortalecidos pela
este poder de Deus não é expresso por própria grandeza daquilo que nos é
uma simples e única palavra (também ofertado pelo Senhor. Se a Bíblia diz
6.10 e Cl 1.11). Que sejam fortalecidos que podemos ser cheios da “plenitu­
com poder, é a oração do apóstolo. de de Deus”, devemos crer e buscar
Uma pessoa pode ser fortalecida em esse tesouro [Ef 3.19],
amor, conhecimento ou alguma ou­
tra qualidade; a esta altura a oração é 00 EU ENSINEI QUE:
para que os leitores de Paulo possam A oração feita por Paulo é crescente e agora

ser equipados com o poder que os passa do fortalecimento à plenitude. Referin­

habilita a ficar firmes em Cristo, e a do-se a tudo que é completo, total e absoluto.

viver e trabalhar para Ele [ICo 16.13;


Fp 4.13].”
O amor de Cristo
2.3 A habitação de Cristo no cora­ A oração se intensifica e Paulo
ção. A palavra que Paulo usa para o destaca o alicerce fundamental
habitar de Cristo em nossos cora­ para que Cristo possa habitar em
ções é a palavra grega “katoikein”, nós e possamos frutificar: o amor
que se aplica a uma residência per­ de Cristo.
manente, em oposição a uma resi­ 3.1 Fortalecidos no amor de Cris­
dência temporal. O fortalecimento to. Ao pedir fortalecimento, Paulo
do homem interior acontece quando revela que seu desejo era que Cris­
Cristo faz dele sua residência per­ to controlasse e fortalecesse seus
manente [Ef 3.17]. O resultado dessa leitores para o amor [Ef 3.17], Para
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 49
Qoli$o Deus é pleno em glória, em majestade e
autoridade. Toda a glória pertence a Ele, e somente Ele
pode compartilhar dessas riquezas com Suas criaturas...

expressar a qualidade do amor que essa largura pode ser vista por todos
ansiava que florescesse, ele junta os relatos contidos nos evangelhos.
duas metáforas, uma botânica e O amor de Deus tem comprimento,
outra arquitetônica: “Arraigados e ele continua para todo o sempre, e
alicerçados”. Ele os compara a uma como tem altura, ele conduz o es­
árvore bem arraigada e a uma casa pírito das pessoas para o alto até
bem edificada [SI 1.1-3; Mt 7.24]. a própria presença de Deus. Mas a
Sua oração é para que esses cristãos beleza desse amor se revela também
busquem alcançar “raízes e alicerces em sua profundidade, pois ela en­
profundos”. Nos dois casos, a causa contra todos, até mesmo os que se
invisível da estabilidade é o amor. O encontram na mais terrível miséria
amor há de ser o solo em que a vida e depressão.
deles deverá ser plantada; e também ■ Em seu comentário da Epístola
há de ser o fundamento em que a aos Efésios, Elienai Cabral diz que
vida deles será edificada. as dimensões do amor de Deus são
■ Qual o significado da vida cris­ infinitas. Cita que a palavra “com­
tã sem amor? Nenhuma. A única preender” não tem significado ab­
resposta para a vinda de Cristo a soluto, exatamente porque essas
esse mundo para morrer pelos pe­ dimensões são infinitas. Diz que
cadores foi o amor incondicional de penetrar nessa dimensão é como
Deus [Jo 3.16]. A solidez da nossa empreender uma viagem no espaço
fé está fundamentada no amor. Ele sem fim, viajar por toda a eternida­
é a base do crescimento e fortaleci­ de e nunca encontrar o seu limite. E
mento de nossas raízes em Cristo. A conclui: a Igreja está nessa viagem,
vida cristã não deve ser superficial e um dia aquilo que é em parte será
ou baseada em fundações quebra­ completo [ICo 13.10].
das [Mt 7.24-27].
3.3 0 amor de Cristo excede todo
As dimensões do infinito amor entendimento. O amor de Cristo
de Cristo. Paulo diz que, estando excede o entendimento humano
arraigados e fundamentados em porque palavras não podem defini-
amor, poderemos compreender as -lo ou explicá-lo. Porém, mesmo
poderosas dimensões desse misté­ sem saber como discerni-lo, ele não
rio. O amor de Deus tem largura; é um amor impossível. Através da
50 LIÇAO 7
experiência vivida, nós podemos amor ao enviar Jesus Cristo para
senti-lo de maneira multiforme. É morrer por nós e quitar de vez a nos­
um amor que, na prática, pode ser sa dívida [Rm 5.8]. Um amor que é
provado no coração daqueles que capaz de dar a vida por alguém que
são salvos [2Co 5.17; Ef 3.19]. Não talvez nunca o entenda ou possa
existe ser humano algum que esteja reconhecer é realmente um amor
excluído do amor de Cristo. É um inexplicável.
amor que ultrapassa o conhecimen­
to; um amor que, uma vez aceito, □3 EU ENSINEI QUE:
enche o homem com nada menos A oração se intensifica e Paulo destaca o

que a vida do próprio Deus. alicerce fundamental para que Cristo pos­

H A Bíblia nos ensina que, mesmo sa habitar em nós e possamos frutificar: o

quando ainda éramos pecadores, amor de Cristo.

Deus nos deu uma prova de Seu

© CONCLUSÃO
O segredo para se encher de toda a plenitude de Deus principia com o
amor. Firmemos nossas raízes e alicerces nesse amor que, mesmo sendo
inexplicável, pode ser alcançado [Ef 3.19],

^ANOTAÇÕES

BETEL DOMINICAL Revista do Professor ■ 51


21 NOV / 2021

A unidade do Corpo de Cristo

"Assim nós, que somos muitos, somos um só A unidade do Corpo de Cristo é dom de
corpo em Cristo, mas individualmente somos Deus, que se tornou possível pela cruz de
membros uns dos outros." Romanos 12.5 Cristo e é efetivada pelo Espírito Santo.

©OBJETIVOS DA LIÇÃO

ET Ensinar acerca da unidade 0” Falar sobre as virtudes do 0 Apresentar o fundamento

do Corpo de Cristo. cristão chamado por Deus. da unidade do Corpo de Cristo.

©TEXTOS DE REFERÊNCIA

EFÉSIOS 4 pelo vínculo da paz.

1. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que 4. Há um só corpo e um só Espírito, como tam­
andeis como é digno da vocação com que fos­ bém fostes chamados em uma só esperança da
tes chamados, vossa vocação;
2. Com toda a humildade e mansidão, com 5. Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
longanimidade, suportando-vos uns aos ou­ 6. Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
tros em amor, todos, e por todos, e em todos.

3. Procurando guardar a unidade do Espírito

52
Gê LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA Rm 12.3-10 QUINTA | Gl 5.22-23


Humildade e fidelidade no uso dos dons. Exercitando o fruto do Espírito.

TERÇA 1Co 12.12-27 SEXTA Ef 2.14-16


A unidade dos membros do Corpo de Cristo. Unidos por Deus mediante a cruz de Cristo.
QUARTA j Gl 5.16 SÁBADO í Cl 3.15
0 dever de andar em Espírito. Que a paz de Deus domine nossos corações.

<8 HINOS SUGERIDOS ESBOÇO DA LIÇÃO

5,18, 22 Introdução
1. Andando de acordo com a vocação
MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Virtudes produzidas pelo Espírito Santo
Ore com toda igreja pela unidade do Corpo 3. As bases da unidade do Corpo de Cristo
de Cristo. Conclusão

dê INTRODUÇÃO
Na segunda parte da epístola de Efésios, Paulo expõe como cada membro tem que
ser para que a Igreja cumpra sua parte no plano e no propósito de Deus.

Andando de acordo com a dedicados, quanto como mensageiros

D vocação eficazes. O apelo é para que vivamos


Nos primeiros três capítulos, o as­ em conformidade (tomemos a forma)
sunto tratado foi o aspecto doutri­ com aquele a quem pertencemos e ser­
nário; agora o apóstolo começa a vimos, buscando agradá-Lo em tudo
discorrer acerca da vida [Fp 1.29; Cl 1.10],
prática [Ef 4.1]. PONTO DE U Nossa natureza peca­
PARTIDA
1.1 Rogo-vos. O apelo de minosa nos direcionava
Paulo é para que os cristãos Fomos chamados a viver em conformidade
que já possuem um deter­ para viver em com os ditames do mun­
minado nível de vida com unidade. do, mas nossa nova na­
Deus se aproximem cada tureza deve não somente
vez mais de Cristo e vivam preencher, mas também
de acordo com a vocação com que fo­ transformar cada parte de nossa vi­
ram chamados [Ef 1.18; 4.1]. Desde da. Como filhos de Deus temos a
que a graça de Cristo nos alcançou e obrigação de viver em novidade de
nos tornamos filhos de Deus, deve­ vida. A palavra grega usada por Pau­
mos dar exemplo tanto como servos lo para “rogo” é “parakaleô”, o signifi­
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 53
cado dessa palavra é “chamar para o 1.3 Andando de maneira digna. A
lado de alguém”. O verbo “parakaleô” Igreja é o complemento de Cristo, ela
(exortar, recomendar) geralmente in­ representa Seu Corpo, Suas mãos, Seus
troduz as indicações práticas para a pés e Sua voz para levar Seu propó­
vida da comunidade [Ef 4.1]. sito a cumprir-se nesse mundo. Para
tanto, Cristo ordena e age para que
1.2 Andando de acordo com a vo­ os membros de Seu Corpo estejam
cação. Quando uma pessoa ingressa unidos numa comunhão, conheçam e
em uma sociedade ou fraternidade, experimentem Seu amor ilimitado [Ef
ela tem que cumprir determinadas 4.1], Jamais poderemos ensinar a outra
obrigações e viver de acordo com as pessoa aquilo que desconhecemos ou
regras: caso não viva assim, ela frus­ transmitir o que não possuímos. Antes
tra os fins da sociedade e traz descré­ que possamos levar a outros o amor de
dito ao nome da mesma. Qual seria Cristo, devemos vivenciar esse amor
então a vocação da Igreja? Tornar no contexto da igreja local [Ef 3.18] -
visível o Cristo invisível que habita notemos a oração de Paulo: “compre­
em nós. E como? Através de uma vi­ ender, com todos os santos”, isto é, no
da de transformação e testemunho contexto da coletividade.
[Ef 4.1]. O desígnio de Deus é que R Se o amor de Deus é tão gran­
todos os homens e todas as nações se de, se Sua salvação é tão poderosa,
tornem um em Cristo. Para que isso se Deus concedeu tal reconciliação,
se torne realidade, Cristo ordena e então os crentes têm de viver de ma­
envia a Igreja ao mundo para anun­ neira coerente. Eles precisam valori­
ciar a todos os seres humanos Seu zar o amor de Deus o suficiente para
amor e Sua misericórdia [Mc 16.15; que lhes permita configurá-lo à sua
Mt 28.18-20], imagem. Andar dignamente é estar
R Tudo o que diz respeito à salva­ em consonância com os ditames da
ção, à Igreja e ao Reino de Deus está Palavra. Agradar a Deus deve ser o
baseado no conceito de unidade [Jo principal objetivo de nossa caminha­
17], O plano de Deus tem como base da cristã. A nova vida deve ser dife­
o nosso compromisso de viver como rente da vida de pecado que outrora
um só corpo, guiados pela cabeça que vivíamos [Ef 4.22-24],
é Cristo. Aqueles que foram escolhi­
dos por Deus para assentar-se com FU EU ENSINEI QUE:
Cristo nos lugares celestiais devem Nos primeiros três capítulos da epístola de Efé­
ter consciência do privilégio de estar sios, o assunto tratado foi doutrinário; agora
em Cristo, assim como da responsa­ o apóstolo começa a discorrer acerca da vida
bilidade em viver diariamente para a prática.
glória de Deus.

54 LIÇAO 8
Virtudes produzidas pelo igreja. A palavra traduzida em nos­
Espírito Santo sas versões por “digno”, significa
Paulo destaca, agora, as virtudes literalmente “aquilo que equilibra”.
que são indispensáveis ao nos­ Ela mostra a ligação entre aquilo
so chamado. Essas virtudes são que aprendemos como ensinamento
produzidas pelo Espírito Santo e aquilo que praticamos em nosso
e devem ser cultivadas, a fim de viver diário. Ou seja, o Senhor de­
que tenhamos êxito em nossa ca­ seja que andemos de um modo que
minhada [Ef 4.1-3]. corresponda ao que Ele tem feito
2.1 Mansidão e humildade. Nas por nós. Isso envolve um viver santo
palavras de João Crisóstomo, um e prático [Ef 4.1; Fp 1.27].
dos mais importantes patronos do
cristianismo primitivo: “ser manso 2.2 Longanimidade e paciência.
é você ter poder de vingar-se do ou­ Longanimidade, “de longo ânimo”,
tro e não o fazer”. Ou seja, é ter ple­ é a atitude de tolerar o desconforto
no controle de seus sentimentos. A sem nunca revidar. A palavra grega
mansidão é a maneira afável e gentil usada é “makrothymia” que signifi­
com que tratamos os demais. Ela é ca: “aguentar com paciência pessoas
fruto do Espírito Santo, virtude que provocadoras”. É o estado de espírito
nos ajuda a agir com brandura em estendido ao máximo, fala de uma
tempos difíceis [G1 5.22], Mansidão tolerância mútua sem a qual nenhum
não é fraqueza, mas, sim, poder sob grupo de seres humanos poderá con­
controle. Jesus era manso e humil­ viver em paz [Ef 4.2; Cl 3.12]. Paci­
de, mas era poderoso [Mt 11.29]. A ência, a capacidade de suportar o
humildade pode ser definida como desconforto sem ser incomodado,
a completa ausência de orgulho. É é saber se conter, é uma atitude de
ter uma estimativa justa de si mes­ benevolência amorosa para com os
mo, sem orgulho ou arrogância em demais. Ser paciente é ter a capaci­
relação aos irmãos. Ela estima os dade de suportar, sem contradição,
outros de igual valor e direito diante os vários inconvenientes ou testes
de Deus [Pv 18.12]. que surgem em nosso relacionamento
U* A união e a pureza são dois as­ com os outros. Paulo aqui se refere ao
pectos fundamentais de uma vida nosso relacionamento com os irmãos
digna do chamamento divino da da Igreja [2Pe 1.5-7; ITm 6.11].

Q.F°l?ção Desde que a graça de Cristo nos alcançou e nos


tornamos filhos de Deus, devemos dar exemplo tanto como
servos dedicados, quanto como mensageiros eficazes.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 55
H Vivemos um tempo muito difícil, fruto do comportamento apropriado
principalmente naquilo que diz res­ de cada um e que deve ser preservada.
peito aos relacionamentos pessoais. Essa unidade resulta da constituição de
Ser paciente é ser tolerante para com discípulos de Cristo e da união com
os demais e ser longânimo é uma das Ele. Portanto, unidos um ao outro pelo
qualidades essenciais que, como mem­ mesmo Espírito, sendo o “vínculo da
bros do Corpo de Cristo, devemos al­ paz” o ligamento que une e consolida
mejar. Se permitirmos que o Espírito nosso relacionamento com Deus e com
Santo venha nos moldar, aprimoran­ os demais [Ef4.3],
do Seu fruto em nós, essas qualidades
irão sobressair em nosso caráter diário, m EU ENSINEI QUE:
assim, além de estarmos fortalecidos, As virtudes indispensáveis ao nosso chamado
essas virtudes nos ajudarão a contagiar são produzidas pelo Espírito Santo e devem

a vida daqueles que se achegam a nós ser cultivadas, a fim de que tenhamos êxito em

[2Pe 1.5-8], nossa caminhada.

2.3 A unidade do Espírito pelo vinculo


da paz. A unidade espiritual aqui indi­ As bases da unidade do
cada é um pré-requisito indispensável Corpo de Cristo
para promover a saúde e a felicidade A unidade da Igreja está funda­
da igreja, para adiantar a causa das mentada na ação das três pessoas
missões e para alcançar a vitória so­ da Santíssima Trindade. Um só
bre Satanás e seus aliados. A exortação Espírito, um só Senhor, e um só
para que os leitores vivam em amor e Deus e Pai de todos [Ef 4.4-6].
unidade é seguida por uma descrição Não há divisão no Deus Trino. E
dessa unidade [Ef 4.2-3; Cl 3.14-15]. juntas, as três pessoas produzem
Nesta descrição, a unidade e todas a unidade de todos os cristãos.
as características relacionadas a ela 3.1. Um só corpo e um só Espírito. O
são consideradas, em primeiro lugar, corpo “único” do qual Paulo se refere
derivadas do Espírito, que entrou no aqui é, certamente, a igreja composta
coração dos crentes; e dali ele volta ao por judeus e gentios, e a sua unidade
Senhor (Jesus Cristo), cujo sacrifício é devida ao único Espírito Santo que
vicário tornou possível o dom do Es­ habita nele e que o anima [Ef 2.14-22],
pírito, e, finalmente, vai até Deus o Pai, a família “única” no céu e na terra [Ef
que deu seu Filho e quem, juntamente 3.15]. Embora em certo sentido seja­
com o Filho, foi também o Doador e o mos muitos, ainda assim somos um só
que enviou o Espírito. corpo em Cristo [Rm 12.5; ICo 12.12-
H Paulo fala de “esforço”; ele exorta 30]. Existe apenas um pão, um corpo
os irmãos de Éfeso a estarem sempre [ICo 10.17]. Além disso, esse corpo,
prontos, dispostos a manter a unidade, ou igreja, não é de origem terrena ou
56 LIÇÃO 8
Q.F°UÇÃO A unidade espiritual aqui indicada é um
pré-requisito indispensável para promover a saúde
e a felicidade da igreja...
uma instituição de criação humana, é o sopro vivificante do Corpo, que é
mas um produto do Espírito Santo; a Igreja; desse modo, não pode haver
por isso é “um corpo e um Espírito”. Igreja sem o Espírito. Portanto, há ape­
Da mesma forma que o corpo humano nas uma esperança em nosso chamado,
é impulsionado pelo espírito humano, que constitui o objetivo que estamos
o Corpo de Cristo, a Igreja, vive impul­ seguindo e o grande segredo da uni­
sionada pelo Espírito Santo. dade cristã. Mesmo que haja diferenças
H O Espírito, no processo de trans­ entre nossos métodos, na maneira de
mitir aos efésios o chamado eficaz, fazer as coisas ou em nossa organiza­
também produziu neles a união, de ção, todos buscamos a consumação de
modo que eles se tornaram um orga­ um mundo redimido em Cristo, por
nismo espiritual [ICo 12.13; Ef 3.16; Cristo e para Cristo.
6.18; Rm 8.9,11]. Assim como o cor­ H Paulo nos diz que fomos salvos em
po humano é totalmente impregnado uma só esperança da nossa salvação.
por seu espírito, e que por isso é um e Que esperança é essa? Significa que ao
pode funcionar como uma unidade, nos convocar para que tomássemos
cooperando com os membros entre si, parte em Seu Reino através da salva­
assim também acontece com a Igreja ção, o Senhor também tornou pos­
que, habitando nela o Espírito e sen­ sível o nosso futuro em Jesus Cristo,
do totalmente influenciada por Ele, Seu Filho. A obra redentora de Cristo
constitui um só organismo e funcio­ nos levará até a eternidade, não foi
na como tal. realizada somente para o nosso ho­
je. Essa esperança fala de uma vida
3.2 Uma só esperança e um só Senhor. na eternidade, onde não haverá mais
O apóstolo se refere à esperança para morte nem dores, tampouco os pro­
a qual fomos chamados, unidos em blemas que enfrentamos nesse mundo
“um corpo e um Espírito”. Jesus Cris­ [ICo 15.19],
to é a cabeça, o corpo é o Corpo de
Cristo, que é a Igreja, e sem unidade 3.3 Uma só fé e um só Deus e pai de
coordenada os membros não funcio­ todos. A Bíblia destaca vários tipos de
nam bem, pois um depende do outro fé: Fé para salvação, fé como fruto, fé
e todos dependem da cabeça. É por como dom. No entanto, aqui, Paulo se
isso que a unidade da Igreja é essen­ refere à fé que diz respeito ao que cre­
cial para a obra de Cristo. O Espírito mos [G11.23; ITm 3.9; 4.1; 2Tm 4.7]. A
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 57
igreja segue e obedece a uma só fé, ou W Nas palavras do teólogo Elienai
seja, tem uma só doutrina. “Um Deus Cabral, Deus é Pai, tanto por geração,
e Pai de todos”, tanto de judeus, quanto como Criador, quanto por regenera­
de gentios, e que está acima de todos co­ ção, nova criação [Ef 2.10; Tg 1.17-18],
mo Rei dos reis e Senhor dos senhores, No sentido espiritual, Deus é Pai ape­
e por todos, enchendo e suprindo tudo, nas dos que fazem a Sua vontade e se
provendo a todos conforme Seu inco- tornaram filhos por adoção através de
mensurável amor e misericórdia, e em Jesus Cristo. Uma vez gerados fisica­
todos, ensinando-nos que Ele habita em mente, todos somos criaturas de Deus,
cada um de seus filhos por meio de seu porém como filhos de Deus, somente o
Espírito, em um relacionamento pesso­ são os regenerados [2Co 5.17].
al e íntimo. É isso que temos aprendido
através do Evangelho, que vivemos em TI EU ENSINEI QUE:
um mundo que foi criado por Deus, que A unidade da Igreja está fundamentada na

é controlado por Deus, sustentado por ação das três pessoas da Santíssima Trindade.

Deus e cheio de Deus.

@ CONCLUSÃO
Deus nos chamou para viver com Ele um relacionamento íntimo, onde o
Espírito Santo é o principal agente dessa unidade. Compete a nós a obedi­
ência aos requisitos que “a unidade do Espírito” exige.

^ANOTAÇÕES

58 LIÇAO 8
28 Nov / 2021

LIÇÃO

9 .....M

Os dons de CrisW’para a
unidade do corpo

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e Os dons ministeriais foram distribuídos pelo Se-
outros para profetas, e outros para evan- nhorvisando o aperfeiçoamento dos santos para

gelistas, e outros para pastores e douto- edificação da Igreja.

res." Efésios 4.11

©OBJETIVOS DA LIÇAO

0" Apresentar Cristo como o 0 Ensinar como as habilidades 0 Explicar que o Corpo de
doador dos dons. dadas por Cristo funcionam. Cristo precisa crescer.

©TEXTOS DE REFERÊNCIA

EFÉSIOS 4 13. Até que todos cheguemos à unidade da


7. Mas a graça foi dada a cada um de nós fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a

segundo a medida do dom de Cristo. varão perfeito, à medida da estatura com­

8. Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo pleta de Cristo,

o cativeiro e deu dons aos homens. 14. Para que não sejamos mais meninos in­
12. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, constantes, levados em roda por todo vento

para a obra do ministério, para edificação do de doutrina, pelo engano dos homens que,

corpo de Cristo, com astúcia, enganam fraudulosamente.

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 59


r&á LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA At 13.1 QUINTA | Ef 4.1-16


Profetas e doutores em Antioquia. A unidade da fé.
TERÇA | At 14.4-14 SEXTA 1Tm 3.1-5
A pregação do Evangelho em várias cidades. Os deveres dos bispos e diáconos.

QUARTA 1Co 12.28 SÁBADO 2Tm 1.11-14


0 propósito de Deus na igreja. Exortação à firmeza e constância no ministério.

J3 HINOS SUGERIDOS [^ ESBOÇO DA LIÇÃO

24, 432, 577 Introdução


1. Os dons concedidos pela graça divina
-S: MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Dons: produzir a unidade do Corpo
Ore, juntamente com a igreja, pela unidade 3. A razão e o objetivo dos dons ministeriais
da igreja. Conclusão

cÇ]:- INTRODUÇÃO
As riquezas da graça contemplam os variados dons ministeriais concedidos
pelo Senhor, por intermédio do Espírito Santo, à Sua Igreja. Esses dons foram
dados para que cada membro seja aperfeiçoado, visando a edificação do corpo
até que cheguemos “à medida da estatura completa de Cristo” [Ef 4.11-13],

Os dons concedidos pela rentes funções e trabalhos a desempe­

D graça divina nhar na igreja e no mundo [Ef 4.7]. O


Por Sua graça, Deus tem concedi­ termo usado aqui não faz referência
do a cada cristão, membro de Seu a uma habilidade natural, o dom, no
Corpo, a capacidade sentido cristão, é uma con­
para manter a normali­ PONTO DE cessão sobrenatural de Deus
dade que o corpo neces­ PARTIDA a nós, tanto para dar sentido
sita para sustentar-se e à nossas vidas quanto para
Os dons são
manter o ritmo de suas melhorar o universo em que
ferramentas
atividades. vivemos. Na esfera espiritu­
para os santos.
1.1 A graça concedida para al, cada cristão possui pelo
a manutenção da unidade. menos um dom espiritual
Ao falar da “graça”, o apóstolo nos in­ [ICo 12.1-12]. O dom é uma aptidão
forma acerca das funções específicas divinamente concedida, uma poderosa
que nos são confiadas quando rece­ ferramenta para o serviço a Deus e aos
bemos o dom de Cristo, onde Ele, por outros cristãos de modo a glorificar a
sua “graça”, nos capacita para as dife­ Cristo e a edificar o Corpo.
60 LIÇÃO 9
H Devemos fazer uma distinção entre to que os capacita [ ICo 12.7]. Nenhum
“dons espirituais” e “aptidões naturais”. dom nos foi dado para benefício pró­
Todos nós nascemos com certas aptidões prio, mas, sim, para proveito de todo
naturais e talentos para áreas específicas o corpo. O dom é concedido ao crente
de nossas vidas. É isso que nos distingue para que ele possa funcionar no corpo
uns dos outros, e pode nos fazer mais como alguém capaz de produzir algo
inteligentes, fortes ou mais talentosos. para alguém que esteja necessitado.
Porém, na esfera espiritual, cada cristão
possui uma medida do dom de Cristo 1.3 A vitória de Cristo no Calvário.
[Ef 4.7]. Quando esses dons e capacida­ Paulo diz que aquele mesmo Cristo que
des são exercidos no poder do Espírito, “desceu” é também o mesmo que “su­
os membros da igreja se tornam numa biu”, e que, antes de subir para dar dons
poderosa influência tanto na sociedade, aos homens, Ele desceu às mais baixas
quanto na vida de seus irmãos em Cristo. profundezas da terra [Ef 4.9-10], Paulo
nos revela a dimensão exata dos fatos
1.2 0 fundamento da unidade e dos ocorridos entre a morte e a ressurreição
dons. Paulo ensina que os dons são con­ de Cristo. Ele “desceu” antes de “subir”,
cedidos por Cristo por meio do Espírito desceu de Sua posição de glória para se
Santo [Ef4.8-10]. Lemos aqui que Cristo, fazer carne e entrar num total estado de
subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, humilhação para nos salvar; desceu da
e deu dons aos homens. Paulo faz refe­ altura do céu ao abismo deste mundo,
rência ao Salmo 68.18, que fala acerca desceu para as profundezas da humilha­
do triunfo de Deus, representado pela ção quando veio à terra [Fp 2.5-11 ]. Mes­
volta da Arca da Aliança ao seu santuário mo tendo “descido às partes mais baixas
original após a derrota dos inimigos de da terra” e enfrentado a morte e passado
Israel. De igual modo, Jesus Cristo triun­ pela sepultura, contudo não ficou nas re­
fou na batalha contra o império do mal. giões inferiores, mas subiu e foi exaltado.
Paulo traça aqui a imagem de um con­ Tal fato revela que Ele é supremo sobre
quistador militar levando seus cativos e todos os poderes, tanto nos céus como
dividindo os espólios com seus seguido­ na terra [Cl 1.16], como disse Francis
res. O relato é uma declaração profética Foulkes, que, também, acrescentou que
sobre a vitória de Cristo no Calvário e este texto - Efésios 4.9 - está indicando
Sua ascensão. Cristo, conquistando o Seu que “tudo o que existe está sujeito a Ele, e
lugar no céu, deu dons à Igreja. não há nenhum lugar ou ordem de exis­
H Em sua ascensão, Cristo, o rei tência onde Sua presença não se possa
conquistador, repartiu dons com os conhecer ou sentir”.
homens. Os dons foram concedidos H Não há consenso entre diversos co­
a cada crente para que possam teste­ mentaristas sobre um entendimento ple­
munhar ao mundo acerca dessa graça no sobre Efésios 4.9. Assim, na presente
imensurável. Por meio do Espírito San­ lição podemos enfatizar os pontos que
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 61
não restam dúvidas, pois estão clara­ mas com um chamado muito significa­
mente revelados acerca de Jesus Cristo: tivo: foram chamados a testemunhar a
a) Sendo em forma de Deus, aniquilou- Cristo, e eram testemunhas oculares do
-se a si mesmo [Fp 2.6-7] ;b)Humilhou- Cristo ressuscitado. Sua missão era ins­
-se a si mesmo [Fp 2.8]; c) Feito um pou­ truir os crentes nas verdades da Evange­
co menor do que os anjos [Hb 2.9]; d) lho que Cristo lhes havia confiado [Mt
Enfrentou tentação e padecimento [Hb 28.18-20]. Seus ensinamentos deram
2.18]; e) Pela morte aniquilou o que ti­ substância à fé dos primeiros crentes,
nha o império da morte [Hb 2.14]; f) Ele contribuindo assim para a formação do
vive, esteve morto, mas está vivo e tem as corpo doutrinário da Igreja. Os profetas
chaves da morte e do inferno [Ap 1.18 ]; eram porta-vozes do Senhor (não con­
g) Subiu ao alto, levou cativo o cativeiro fundir com o dom de profecia). Eram
[Ef 4.8]. Glória, pois, a Ele para sempre! pessoas que anunciavam a Palavra de
Deus plenamente movidos pelo Espíri­
[TI EU ENSINEI QUE: to Santo, cooperando, assim, para edifi­
Por Sua graça, Deus tem concedido a cada cris­ cação da Igreja [At 13.1], dedicando-se
tão a capacidade para manter a normalidade ao ensino e à interpretação da Palavra
que o corpo necessita para sustentar-se e man­ de Deus. Também atuavam na exorta­
ter o ritmo de suas atividades. ção, edificação e consolando a Igreja de
Cristo [At 15.32].
H Apóstolo significa “aquele que é
Dons: produzir a unidade enviado”, “mensageiro”. Evidentemente
do Corpo que hoje não temos apóstolos com as
Veremos agora como era a es­ credenciais dos primeiros: convocados
trutura da Igreja Primitiva e co­ pessoalmente pelo Senhor; andaram
mo era administrada. Paulo nos com Jesus ao longo de Seu ministério e
diz que o mesmo Senhor Jesus testificaram que Jesus era o Senhor res­
Cristo, ascendido, glorificado, suscitado. Porém, é possível considerar
concedeu diferentes habilidades que há o ministério de caráter apostóli­
espirituais (dons) aos membros co. Comentário de Craig S. Keener sobre
de Sua Igreja [Ef 4.11]. “profetas” em Efésios 4.11: “É possível
2.1 Apóstolos e profetas. Os “apósto­ que, neste caso, Paulo tivesse em men­
los” tinham autoridade em toda a Igreja. te aqueles que fornecem direção divina
Eles constituíam um pequeno grupo, e estratégias para o corpo de Cristo no

QfolÍção ...Deus tem concedido a cada cristão, membro de


Seu Corpo, a capacidade para manter a normalidade que o corpo
necessita para sustentar-se e manter o ritmo de suas atividades.
62 UÇAO 9
mundo, revelando os propósitos de Deus 2.3. Pastores e mestres. Os pastores e
para que o povo de Deus possa influen­ os mestres eram dons distintos na Igreja
ciar sua geração da maneira mais sábia Primitiva. Em nossos dias o ministério
possível [At 11.27; 13.1; 21.10]”. pastoral tem sido confundido com o
de mestre, porque ambos estão muito
2.2. Evangelistas. O dom de evangelista próximos na ministração do ensino
consistia em proclamar as boas novas cristão. O pastor do rebanho de Deus
da salvação onde quer que o Espírito os é o homem que leva em seu coração ao
enviasse, depois, reunidas, as almas que povo de Deus, que o alimenta com a
respondiam à mensagem eram agru­ verdade, que vai em sua busca quando
padas em pequenas comunidades ou se extravia, que o defende contra tudo
igrejas. O trabalho deveria continuar o que pode ferir ou destruir sua fé [Jo
até que grupos autônomos fossem es­ 10.11-14; Hb 13.7,17]. A imprensa foi
tabelecidos com seus próprios pasto­ inventada quatorze séculos depois dessa
res ou anciãos, após isso, continuavam época e os mestres tinham a incumbên­
seguindo para novas regiões que ainda cia de transmitir oralmente os relatos da
não haviam recebido a mensagem da vida de Jesus. Eles tinham a responsabi­
salvação. Eles eram desconhecidos que lidade tremenda de ser os depositários
apresentavam o Senhor Jesus por on­ do relato evangélico. A eles devemos o
de passavam, e os sinais e maravilhas fato de que a história de Jesus tenha se
que operavam pela fé, faziam com que perpetuado na Igreja [Ef 4.11].
grande número de pessoas cresse e se K William Barclay: “O pastor era
convertesse ao Senhor [At 11.20-21; Ef aquele que cuidava das ovelhas e as
4.11; 2Tm 4.5], O trabalho do evange­ conduzia a lugares seguros; buscava
lista poderia ser comparado com o dos as ovelhas desencaminhadas para le­
missionários de nossa atualidade. vá-las de volta ao rebanho; defendia-
H No Novo Testamento esse ministério é -as contra os inimigos e, em caso ne­
apenas mencionado, não aparecem nomes; cessário, dava sua vida para salvá-las
esses anônimos foram os servidores que [Jo 10.11]”. Embora um pastor tivesse
levaram o poderoso nome de Jesus Cris­ a responsabilidade do ensino, o dom
to a todo mundo [At 11.20-21; 2Tm 4.5]. de mestre se distinguia tanto naquele
Podemos observar que os evangelistas não tempo, quanto em nossos dias. Evi­
possuíam o prestigio e a autoridade dos dentemente que há pastores-mestres
profetas enviados diretamente do Senhor, em igrejas locais, o que não impede
mas eram imprescindíveis no anúncio da o exercício do ministério de ensino
palavra de salvação e no serviço missio­ por parte de pessoas vocacionadas.
nário da igreja. “Eram os missionários de O Supremo Pastor continua atento
batalha da Igreja, portadores da mensagem às necessidades do Seu rebanho e
das boas novas a um mundo que jamais a prossegue suprindo-o com os varia­
tinha ouvido” (BARCLAY, 1984). dos dons ministeriais.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 63
Q^LIÇÃO Ele dotou aqueles que são chamados para que
edifiquem seu corpo, a igreja. Ele nos quer aperfeiçoados,
edificados e crescendo com maturidade [Ef 4.11 -16].
também no serviço prático, e isso não
m EU ENSINEI QUE: envolve apenas os ministros, é um de­
Deus concedeu diferentes dons espirituais aos ver que deve englobar a todos.
membros de Sua Igreja. H Aquele que ocupa um cargo não só
tem a missão de preparar através dos
ensinamentos, tem também a função
A razão e o objetivo dos de fazer com que o serviço prático
dons ministeriais continue. A igreja não para, e a cada
Existe uma razão pela qual Cris­ dia seus membros precisam de renova­
to nos deu dons e nos capacitou ção e preparo para enfrentar as astutas
espiritualmente. Ele dotou aque­ ciladas do inimigo. O cristão precisa
les que são chamados para que conhecer as doutrinas que formam e
edifiquem Seu Corpo, a Igreja. alicerçam sua fé. O aperfeiçoamento
Ele nos quer aperfeiçoados, edi­ diz respeito ao crescimento em santi­
ficados e crescendo com maturi­ ficação, busca por uma constante re­
dade [Ef 4.11-16], novação espiritual e uma constância
3. 0 aperfeiçoamento dos santos. O no serviço a Deus [ICo 15.58; Ef5.18;
que o apóstolo realmente quer dizer 1Ts5.23],
com isso é que os santos sejam colo­
cados em condições adequadas para 3.2 A edificação do corpo. A princi­
liderar, conduzir, cuidar e instruir o pal função pela qual esses dons foram
Corpo de Cristo. Ele concedeu alguns dados à igreja é para que a fé cristã
em particular, para que treinem os possa ser desenvolvida na vida de ca­
outros membros, para que todos os da membro, para que seja esclarecido
santos sejam treinados para algum as­ não apenas sobre a pessoa de Cristo,
pecto do trabalho, dentro do ministé­ mas também sobre sua obra. Para que
rio, o que resultará no crescimento do os membros não sejam inconstantes,
Corpo. Paulo fala no aperfeiçoamento e enganados pela astúcia inimiga, de­
dos santos para a obra do ministério, vem estar fundamentados na verdade
a palavra usada para serviço é diako- e equipados adequadamente para que
nia e a ideia principal do termo é a de iniciem um novo caminho sustenta­
serviço prático [Ef 4.12; Tg 1.22-23]. dos nas verdades de Deus, o que leva
O trabalho da Igreja não consiste so­ tanto ao crescimento espiritual, quanto
mente na pregação e no ensino, mas numérico [Ef 4.15-16]. Paulo fala so­
64 LIÇÃO 9
bre os benefícios do conhecimento da Quando o apóstolo nos diz: “Para que
Escritura: a unidade da fé; o conheci­ não sejamos meninos inconstantes”
mento do Filho de Deus; desenvolvi­ [Ef4.14a], ele está nos advertindo con­
mento pleno do cristão; a medida da tra a imaturidade. O crescimento do
estatura completa de Cristo [Ef 4.13]. crente é essencial para alcançar a ma­
Tudo isso acontece quando a verdade turidade, o nível espiritual no qual não
é ensinada em amor. estaremos mais vulneráveis, porque es­
H O que Paulo está ensinando aqui é taremos fundamentados na verdade de
o resultado de uma vida prática que é Deus; portanto, é responsabilidade de
guiada pela Palavra de Deus. Ele infor­ cada membro, em particular, buscar a
ma que as pessoas que estão vivendo cada dia crescer e avançar no conheci­
dissolutamente, na vaidade da mente mento de Deus e Sua Palavra.
e que são totalmente entenebrecidos H O inimigo sempre quis deturpar
no entendimento e separados de Deus, a verdade de Deus, e para isso ele
são pessoas que não foram ensinadas, sempre usa homens perversos, que,
que não se deixaram moldar pela Pala­ usando todo tipo de truque, querem
vra e se apartaram da verdade. E finali­ desviar do caminho, por meio de fal­
za dizendo: “Mas vós não aprendestes sas doutrinas, aqueles que não con­
assim a Cristo” [Ef 4.17-20]. seguem discernir o veneno que exis­
te em seus ensinamentos [Ef 4.14],
0 crescimento com maturidade. O objetivo dos dons é nos conduzir
Depois de nos revelar acerca dos ob­ àquele nível de maturidade em que
jetivos do crescimento do Corpo de nos tornamos realmente pessoas
Cristo, agora o apóstolo nos alerta em completas. Esse é, portanto, o ideal
relação àquelas coisas que podem im­ da Igreja, estar unida em só uma fé,
pedir a edificação e o crescimento sau­ no pleno conhecimento de Cristo,
dável: os enganos dos falsos mestres, crescendo, acima de tudo, em amor.
a deturpação da verdade e a falta de
amor [Ef 4.14-16]. Nas congregações IT EU ENSINEI QUE:
sempre houve membros que deveríam Deus nos quer aperfeiçoados, edificados e cres­

ser protegidos, alguns por sua inge­ cendo com maturidade.

nuidade e outros por sua imaturidade.

© CONCLUSÃO
A verdade revelada no Evangelho de Cristo, unida ao mais sublime dos sen­
timentos, que é o amor, são os pilares essenciais pelos quais a Igreja, o Cor­
po, pelo poder do Espírito Santo, se eleva e cresce em tudo, naquele que é a
cabeça, Jesus Cristo [Ef4.15],

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 65


5 dez / 2021

\ LIÇÃO

. 10

O novo homem e sua conduta


diante do mundo
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TEXTO ÁUREO1 [ VERDADE APLICADA 1

" E vos revistais do novo homem, que segundo Nosso comportamento pode influenciar a fé

Deus é criado em verdadeira justiça e santi­ de nossos ouvintes, tanto de modo positivo,

dade." Efésios 4.24 quanto negativo.

©OBJETIVOS DA LIÇÃO]

O' Discorrer acerca da nova O' Ensinar acerca das coisas Ef Apresentar os cuidados

vida em Cristo. que não devemos praticar. com a nova vida.

©TEXTOS DE REFERENCIA

EFÉSIOS 4 19. Os quais, havendo perdido todo senti­


17. E digo isto, e testifico no Senhor, para mento, se entregaram à dissolução, para, com
que não andeis mais como andam também avidez, cometerem toda impureza.

os outros gentios, na vaidade do seu sentido, 20. Mas vós não aprendestes assim a Cristo,
18. Entenebrecidos no entendimento, separa­ 25. Pelo que deixai a mentira e falai a ver­
dos da vida de Deus pela ignorância que há dade cada um com o seu próximo; porque
neles, pela dureza do seu coração, somos membros uns dos outros.

66
F&ô LEITURAS COMPLEMENTARES^

SEGUNDA | Jo 8.44 QUINTA Gl 5.16-22


O diabo é pai da mentira. As obras da carne e o fruto do Espírito.
TERÇA i Rm 6.6 SEXTA | Cl 3.8-10
A graça nos livra do poder do pecado. É preciso despojar-se do velho homem.

QUARTA | 1 Co 3.16 SÁBADO | 1Ts 5.22


Somos templo do Espírito Santo. É preciso abster-se de toda aparência do mal.

HINOS SUGERIDOS ESBOÇO DA LIÇÃO

37, 285, 394 Introdução


1. Uma vida nova exige um novo proceder
2? MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Novo homem, nova forma de vida
Ore a Deus para que o fruto do Espírito se 3. Os cuidados com a nova vida
desenvolva em sua vida. Conclusão

dé INTRODUÇÃO
A ênfase de Paulo agora é sobre a relevância da nossa conduta diante daqueles
que não são cristãos. A nova vida gerada pela habitação do Espírito Santo
deve produzir no cristão um novo comportamento.

Uma vida nova exige um entendimento, atribuindo sua aliena­

D novo proceder ção de Deus ao modo ignorante em que


Paulo fala de padrões de vida vivem. Para o apóstolo era importante
opostos um ao outro. Os gentios que seus leitores pudessem compreen­
cristãos tinham sido der a diferença que havia en­
pagãos e ainda viviam PONTO DE tre o que eles foram e o que
no mesmo ambiente. PARTIDA representavam a partir de
O alerta era para não suas conversões. Os pagãos
Nova vida, novo
viver mais segundo os eram pessoas naturais, que
proceder.
antigos padrões, ainda viviam uma vida descom-
que todos em derredor promissada, e estavam muito
deles continuassem a fazer. aquém da verdade, agora conhecida por
1.1 Não andeis mais como andam tam­ aqueles que foram alcançados pela gra­
bém os outros. Ao descrever os pagãos, ça. Além disso, o apóstolo fez questão
Paulo diz que eles andam na vaida­ de lembrar-lhes a base teológica sobre
de dos seus próprios pensamentos, e a qual essa mudança se alicerçava, que
acrescenta que estão obscurecidos de era Cristo [Ef 4.20-21].
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 67
K Paulo faz um apelo a seus filhos na no entendimento” significa ter perdi­
fé para que sigam pelas dimensões do do toda a percepção real de Deus [At
novo caminho da vida cristã e aban­ 26.18; Ef 5.8; ITs 5.4-5], Uma mente
donem o estilo de vida anterior. Ele vazia, desprovida de qualquer restri­
traça um resumo do que considera ção moral e toda razão da verdade, é
como características essenciais da vi­ um terreno fértil para semear todos
da pagã, os quais se ocupam de coisas os tipos de pensamentos e conduta
vazias e carentes de importância. Aqui desviada. Em contrapartida, o Senhor
vemos como uma mente vaidosa pode nos convida a meditar e encher nossa
conduzir o ser humano à cegueira e a mente com a Sua Palavra [Js 1.8]
distanciar-se cada vez mais de Deus
pelo endurecimento de seu coração e 1.3 Revestindo-nos do novo homem.
por sua vaidade. O pecador é aquele que vive tanto sem
o senso moral, quanto sem o senso es­
1.2 Despojando-nos do velho homem. piritual. Através da pessoa do Espírito
Existe uma fabulosa diferença entre o Santo, nos tornamos novas criaturas, e
homem natural e o homem espiritual toda a maldição, juntamente com todo
[ICo 2.14-16]. E Paulo faz alusão à o lixo da natureza pecaminosa, foi cra­
origem das trevas nas mentes pagãs. vada no madeiro. Aqui os leitores de
Pois, sendo o próprio Deus a luz, e Paulo são convidados a despojarem-se
estando continuamente falando com da vida passada como alguém que se
a humanidade, essas trevas possuem despoja de uma velha roupa, que com
uma fonte originária: a dureza do co­ o passar do tempo já não se ajusta mais
ração humano [Ef 4.18]. “A palavra que ao corpo [Ef 4.22; Cl 3.8-10]. É como
Paulo usa para a petrificação dos cora­ se alguém com vinte anos vestisse uma
ções é: “porosis”. Porosis vem de poros, camisa de quando tinha cinco anos.
que originariamente fazia referência a Esta roupa não lhe cairá bem, e será
uma pedra mais dura que o mármore” motivo de chacota. Na nova vida, na­
(BARCLAY, 1984). O andar de uma da da velha se aproveita [ 2Co 5.17 ]. A
nova criatura é um andar santo, inspi­ ideia é vestir-se da justiça e da santi­
rado pelo Espírito Santo e alicerçado dade que Deus os pode dar.
na Palavra de Deus. A nova vida exige H Fomos regenerados pelo Espírito
que os hábitos da velha natureza sejam Santo [Tt 3.5]. A Bíblia nos ensina que
retirados e que andemos a cada dia em o novo homem é criado segundo Deus,
novidade de vida [Rm 6.4,6]. em justiça e santidade, e é nesse padrão
H O que é uma pessoa sem Cristo? É de vida que deve permanecer, mesmo
uma pessoa cujas realidades espirituais que ao derredor todos pratiquem o
não podem jamais serem compreen­ contrário [Ef 4.24]. Esse novo homem
didas porque está entenebrecida pelas deve se manifestar nas ações e no ca­
trevas [Ef 4.18]. Estar “entenebrecido ráter cristão, sendo a cada dia nutrido
68 LIÇÃO 10
pela Palavra e renovado pela presença se origina e quem é seu pai [Jo 8.44].
do Espírito Santo. Warren Wiersbe: A mentira pode ser tanto proferida,
“O cristão não pode seguir o exemplo quanto vivida nas atitudes diárias de
do incrédulo, pois experimentou o uma pessoa. Sempre que dizemos a
milagre de ser ressuscitado dentre os verdade, o Espírito de Deus opera,
mortos. Sua vida tem propósito e não mas sempre que contamos uma men­
é fútil, e sua mente encontra-se repleta tira, Satanás entra em ação. O motivo
da luz da Palavra de Deus.” pelo qual devemos viver em verdade
é que sendo membros do Corpo de
m EU ENSINEI QUE: Cristo, não podemos edificá-lo sem
Não devemos viver mais segundo os antigos a verdade [Ef 4.15-16].
padrões, ainda que todos em derredor conti­ WHá um ditado que diz que a “men­
nuem a fazer. tira” tem pernas curtas, ou seja, mais
cedo ou mais tarde, a verdade virá à
tona, e o resultado sempre será de
Novo homem, nova forma tristes consequências porque men­
de vida tira é sempre mentira e não condiz
Aprendemos que quando alguém com a vocação que fomos chamados
se torna cristão deve despojar-se [1 Jo 2.21], Devemos ter em mente
de sua vida antiga assim como que ficará de fora da cidade celes­
se despoja de um objeto que não tial “todo aquele que ama e pratica
usará futuramente. Agora vere­ a mentira” [Ap 22.15], Evidente que
mos aquilo que deve desaparecer não se refere ao que já disse ou viveu
da vida cristã. uma mentira em algum momento,
2.1 Devemos abandonar uma vida mas àquele que não se converteu e
mentirosa. A palavra grega usada pa­ continua controlado por ela e viven­
ra “mentira” é “pseudo”, que pode re­ do em mentira.
presentar qualquer tipo de desonesti­
dade ou falsidade proferida ou vivi­ 2.2 Podemos nos irar, mas não de­
da. Uma das características da nova vemos pecar. Avaliando as signifi­
vida em Cristo é a “verdade”, pois cações do contexto que Paulo está
estamos em Cristo, e Ele é a verdade falando, veremos que “irai-vos” se
[Jo 14.6], A mentira não se aplica a apresenta numa forma permissi­
essa nova vida, sabemos de onde ela va. Todavia, o final do texto (e não

Q.F°l?çào 0 alerta era para não viver mais segundo


os antigos padrões, ainda que todos em derredor
deles continuassem a fazer.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 69
pequeis) tem um sentido negativo. vação. Por que somos alertados a
Como concordam os mais laureados não dar lugar ao diabo? [Ef 4.27].
comentaristas do Novo Testamento, Porque ele rapidamente aproveitará
existe um tipo de ira permitida, um a oportunidade para mudar nossa
tipo de indignação justa que deve indignação, seja ela justa ou injus­
ser avaliada sob o ponto de vista ta, em agravo, rancor, fonte de ira,
moral e espiritual, a ira que surge resistência ao perdão. Dar lugar é
como reação natural contra toda e abrir a porta para que o diabo entre
qualquer forma de pecado ao nosso em nossas vidas e faça uma verda­
derredor. O grande problema aqui deira arruaça. Nenhum lugar deve
não é irar-se, é permitir que esse ser concedido, nenhuma entrada,
sentimento nos domine e venhamos nenhuma brecha deve ser deixada
dar ocasião ao inimigo para pecar [Ef para que tire proveito e alcance seus
4.26-27]. Sabemos que a ira é uma propósitos sinistros. Portanto, de­
obra da carne [Gl 5.20], Por isso de­ vemos manter constante vigilância,
vemos andar em Espírito [Gl 5.16], permanecer firmes e resisti-lo [IPe
H Como seres humanos estamos su­ 5.8-9; Ef6.ll; Tg 4.7],
jeitos aos mais variados sentimentos e H O ofício do diabo é roubar, ma­
reações emocionais. O que precisamos tar e destruir, isso não vai mudar
ter em mente é não ser dominado por até que o fim de todas as coisas se
nenhum deles. Não estamos livres de cumpra, portanto, é imprescindível
não nos irar, mas devemos nos assegu­ que estejamos sempre vigilantes.
rar que essa “ira” esteja livre de malí­ É incontável o número dos servos
cia ou desejo de vingança. Por isso, o de Deus que por falta de vigilância
alerta: “não pequeis”; somos alertados permitiram que o diabo entrasse e
também a não deixar que esse senti­ arruinasse suas vidas. Não adianta
mento se armazene, pois pode virar estar somente com a casa varrida e
raiz de amargura. Daí o alerta: não se adornada, ela deve estar ocupada
ponha o sol sobre a vossa ira [Ef 4.26]; [Mt 12.44], É preciso que perseve-
e, por fim, “não dar lugar ao diabo” [Ef remos em vigilância e oração para
4.27], Como fez com Caim, o diabo não sermos surpreendidos e estar­
sempre está atento às variadas situa­ mos fortalecidos diante dos ataques
ções para tirar proveito e conduzir a do inimigo e das situações adversas
pessoa à queda. [Mt 26.41; Mc 14.38; Ef 6.18].

2.3 Não devemos dar lugar ao diabo. □~| EU ENSINEI QUE:


O diabo é perseverante e incansável. Devemos abandonar uma vida mentirosa. Po­

Sempre cheio de artimanhas astutas demos nos irar, mas não devemos pecar. E não

com as quais procura desvirtuar o devemos dar lugar ao diabo.

crente de sua jornada rumo à sal­


70 LIÇÃO 10
Qf°UÇÃO Sabemos que a ira é uma obra da carne
[G15.20]. Por isso devemos andar em Espírito [Gl 5.16].

Os cuidados com a nova so corpo, poderá entristecê-Lo. Uma

3 vida
Neste ponto aprenderemos acerca
de alguns cuidados especiais que
das razões pelas quais não devemos
entristecê-Lo é porque fomos selados
por Ele para o dia da redenção e nos
devemos ter em nossa caminha­ tornamos Sua propriedade. Ele pôs em
da cristã, para que afastemos de nós não somente Sua marca, mas tam­
nosso caminho atitudes e ações bém Suas características, portanto, tu­
desagradáveis. do que é impróprio ao “novo homem”
3.1 Não entristecer o Espírito San­ entristece o Espírito Santo.
to. Com essa expressão, Paulo deseja
imprimir em nossa mente que fora 3.2, Removendo de si as manifestações
de Deus não podemos ser salvos; pecaminosas. A nova vida produzi­
pois tudo aquilo que existe de bom da pelo Espírito Santo deve gerar no
em nossas vidas tem sua origem na crente novos hábitos. Todo amargor,
pessoa do Espírito Santo. É Ele que ira, cólera, gritaria, blasfêmias, e toda
transmite vida e, também, a sustenta. a malícia, devem ser tiradas de nosso
Ele faz com que ela se desenvolva e convívio. Quando essa classe de vida
chegue ao destino. Ele é, portanto, o avessa se evidencia na vida cristã, re­
autor de toda a virtude cristã, de to­ vela que determinada pessoa ainda
do o bom fruto. Por isso, sempre que não experimentou uma conversão real.
o crente contamina sua alma, dando Se já nos despimos do velho homem,
origem a pensamentos enganosos por que ainda usar as vestes de mor­
ou sugestões de vingança, ganância tos? [Rm 6.6; Ef 4.22,24-31; Cl 3.9], A
ou sujeira, ele está entristecendo o expressão “sejam tiradas dentre vós” é
Espírito Santo. Isso se torna ainda no grego um imperativo que requer
mais real, porque o Espírito habita uma ação única e decisiva para que o
no coração dos crentes, fazendo de­ Espírito Santo não seja entristecido.
les o seu santuário, o seu templo [Ef Ou seja, uma decisão concreta deve ser
2.22; ICo 3.16-17; 6.19], tomada para que todos esses pecados
U É preciso cuidado para não en­ sejam tirados de nossas vidas.
tristecermos o Espírito Santo. Afinal U Paulo nos apresenta uma série in­
somos Sua habitação. Sendo assim, teira de atitudes e ações desagradáveis
qualquer ato físico que possa profanar que devem ser lançadas longe de nós.
o templo de Sua habitação, que é o nos­ Não é comum à nova vida um espírito
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 71
amargoso, furioso, hostil; que difama para fora, não para dentro, preocupa-
as pessoas, malicioso ou descompas­ -se dos pesares, lutas e problemas de
sado. Quando uma pessoa recebe a outros como dos próprios. Faz com
Cristo como seu Salvador, se espera que perdoemos a outros como Deus
ver mudanças tanto em sua forma de nos perdoou [Ef 4.32; Cl 3.12-15].
agir, quanto de falar. Como bons fi­ U Todo aquele que é gerado pelo
lhos, devemos permitir que o Espírito Espírito, também porta consigo Suas
Santo desenvolva Seu fruto em nossas mesmas qualidades. Benignidade, mi­
vidas [G1 5.22]. sericórdia e perdão são indispensáveis
ao cultivo da vida nova em Cristo.
3. Benignos uns para com os outros. “Desta maneira e numa só sentença,
Aqui temos a cortesia cristã. Isso nos Paulo estabelece a lei de relação pes­
fala de um afeto profundo e maduro. soal, que nos ensina que devemos tra­
Todos nós conhecemos cristãos com tar a outros como Cristo nos tratou”
esse caráter que expressam seus sen­ (BARCLAY, 1984). Aprender a perdo­
timentos com seus gestos e demons­ ar e a esquecer é um dos segredos da
trações de afeto. Misericórdia é o as­ vida cristã feliz [Cl 3.12-15].
pecto compassivo da pessoa gentil. Ser
benigno é ser: bondoso, útil, amoroso, 1T1 EU ENSINEI QUE:
gentil. Barclay escreve que “é a dispo­ Devemos ter alguns cuidados especiais em

sição mental que pensa nos interesses nossa caminhada cristã, para que afastemos de

do próximo, como faz com os seus nosso caminho atitudes e ações desagradáveis.

próprios”. A benignidade sempre olha

© CONCLUSÃO
Nosso discurso nada vale diante de um comportamento avesso. O pecador
não tem nada a ver com Deus, mas sabe perfeitamente quando também não
temos. A nova vida requer novas atitudes e comportamentos coerentes.

^ANOTAÇÕES

72 LIÇAO 10
12 DEZ / 2021

LIÇÃO

11

A plenitude do Espírito Santo


g ASSISTA AO VIDEO FOCO NA LIÇÃO DESTA AULA ATRAVÉS DO QR COPE ->

& TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"E não vos embriagueis com vinho, em que Sermos cheios do Espírito Santo afeta o modo
há contenda, mas enchei-vos do Espírito." como nos comportamos em todas as áreas
Efésios 5.18 da nossa vida.

©OBJETIVOS DA LIÇÃO
0 Discorrer acerca da prática ET Ensinar sobre o propósito ET Explicar o que é uma vida

dos valores cristãos. divino para nossas vidas. cheia do Espírito Santo.

©TEXTOS DE REFERENCIA
EFÉSIOS 5 lhos da luz.

1. Sede, pois, imitadores de Deus, como fi­ 9. (Porque o fruto do Espírito está em toda
lhos amados; bondade, e justiça, e verdade),

2. E andai em amor, como também Cristo vos 10. Aprovando o que é agradável ao Senhor.
amou e se entregou a si mesmo por nós, em 15. Portanto, vede prudentemente como
oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. andais, não como néscios, mas como sábios,

8. Porque noutro tempo éreis trevas, mas 16. Remindo o tempo, porquanto os dias
agora sois luz no Senhor; andai como fi­ são maus.

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 73


bâ LEITURAS COMPLEMENTARES^
SEGUNDA | Jo 14.26 QUINTA | At 2.4
0 Consolador, o Espírito Santo. A descida do Espírito Santo.
TERÇA | Jo 15.11 SEXTA | At 16.16
União íntima entre Jesus e os cristãos. Uma jovem com espírito de adivinhação.
QUARTA | At 1.8 SÁBADO | Cl 1.9
Receber a virtude do Espírito Santo. Cheios do conhecimento da vontade de Deus.

/â HINOS SUGERIDOS ['(g’ESBOÇO DA LIÇÃO

85, 290,551 Introdução


1. Imitando a Deus como filhos amados
MOTIVO DE ORAÇÃO!
2. Vivendo a nova vida com sabedoria
Ore para ser cheio do Espírito Santo. 3. Uma vida cheia do Espírito Santo
Conclusão

•d:- INTRODUÇÃO
O capítulo 5 de Efésios traz uma continuação do estilo de conduta cristã ex­
posto no capítulo 4. Aqui são relacionadas as práticas que a Palavra de Deus
reprova duramente e que todos nós também devemos condená-las, assim
como as que precisamos adotar e cultivar.

Imitando a Deus como fi­ nosso Pai Celestial fez por nós. Assim

Ü lhos amados como, de maneira natural, a criança


Paulo continua exortando em tom tenta repetir ou copiar o que vê o pai
imperativo, não como imposição, fazer, devemos copiar nosso Deus Pai
mas conscientizando em toda Sua maneira de
seus leitores acerca da PONTO DE conduzir e nos tratar, o que
importância de incor­ PARTIDA manifestará ao mundo nossa
porar em suas vidas os semelhança com Ele. Paulo
Devemos ser
valores transcendentais nos manda também “andar
cheios do Espírito
da nova vida que ado­ em amor”, assim como nosso
Santo.
taram, afastando-se de Senhor Jesus Cristo o fez [Ef
qualquer coisa que não 5.2], Implicando que, como
seja compatível com ela. filhos e imitadores, a natureza de nossa
1.1. Jesus, Nosso supremo modelo. Pau­ conduta deve ser o amor, aquele amor
lo diz que devemos ser “imitadores de que não conhece limites, que não exi­
Deus como filhos amados” [Ef 5.1], ge nada em troca e que busca acima de
Ele nos convida a fazer o mesmo que tudo o bem dos demais [ICo 13.1-13].
74 LIÇÃO 11
R O maior exemplo de amor é a en­ costumes [ICo 15.33], Não podemos
trega de Jesus Cristo pelo Pai para re­ ser santos e permanecer na roda dos
dimir o homem da miserável condição escarnecedores. A nova vida exige san­
em que se encontrava. Por sua vez, tidade, compromisso com a verdade,
Cristo também mostrou uma vida de pureza e que tais tipos de conversas se­
perfeita obediência a Deus e de perfei­ jam excluídos de nosso caminho. Lem­
to amor aos homens. Em total obedi­ bremo-nos de que as “raposinhas” -
ência, Ele foi até a cruz para consumar representando as pequenas coisas que
o ato mais extraordinário de rendição consideramos inofensivas - também
e amor já visto pela humanidade. O podem fazer mal às vinhas [Ct 2.15].
amor de Deus não é passivo ou indi­
ferente. Manifestou-se em doação [Jo 1.3 Andando como filhos da luz. O
3.16], Esse amor “está derramado em que é um filho da luz? Aquele que não
nossos corações pelo Espírito Santo está mais coberto pelas trevas da ig­
[Rm5.5]. norância e não age mais inconsciente
do pecado por estar iluminado pelo
1.2. Despojando-nos do velho homem. Espírito Santo de Deus e Sua verdade.
Depois de nos orientar a ser imitadores Paulo diz que “éramos trevas”, não que
de Deus no perdão e no amor sacrifi­ estávamos “em trevas”. Jesus também
cial como o de Cristo, o apóstolo nos não disse que “temos luz”, disse que
adverte agora em relação aos pecados “somos luz” [Mt 5.14], Há um imenso
de imoralidade e vulgaridades sexuais contraste entre as trevas e a luz. Trevas
[Ef 5.3-5]. Ele nos adverte sobre atos falam de vida infrutífera, desordenada,
impróprios e impuros como fornica- e sem salvação. Luz fala de sabedoria,
ção, impureza e avareza. O apóstolo justiça e verdade. A luz produz frutos,
diz que tais comportamentos nem de­ as obras das trevas são estéreis em tudo
veríam ser mencionados, ou seja, esse o que se refere às coisas espirituais [Ef
tipo de conversa não se adequa e não 5.9]. É impossível permanecer na luz e
corresponde ao estilo de vida ao qual nas trevas ao mesmo tempo [Mt 6.24],
o crente foi chamado. Paulo diz que H Warren Wiersbe: “Jesus disse: “Eu
agora somos pessoas santas, separadas vim como luz para o mundo” [Jo 12.46].
para Deus e, portanto, como santos, Também declarou a seus discípulos: “Vós
não devemos cultivar essas coisas em sois a luz do mundo” [Mt 5.14], Quando
nossa mente e nem ficar pronunciando Cristo estava aqui na Terra, a perfeição
entre nós. Paulo nos convoca aqui para de Seu caráter e de Sua conduta mostrava
a santidade e a pureza moral [Ef 5.4-7]. a pecaminosidade dos que se encontra­
R A Bíblia está cheia de advertências vam a seu redor. Esse é um dos motivos
acerca das regras de conduta e daquilo pelos quais os líderes religiosos o odia­
que devemos evitar. São as más con­ vam e tentaram destruí-lo”. Andar como
versações que corrompem os bons filhos da luz é imitar a mesma conduta
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 75
de vida que Jesus apresentou nesse mun­ Deus [Ef 5.17]; em vez disso, o tolo,
do, o que não é fácil para aqueles que se aquele que é falto de entendimento,
deixam manchar pelas trevas do pecado age de acordo com o que o mundo dita,
que a luz reprova. Satanás ou seu próprio “eu”.
H O crente não está somente na obri­
00 EU ENSINEI QUE: gação de não participar, pensar ou falar
Paulo exorta seus leitores acerca da impor­ de atos imorais [Ef 5.3-5], precisa ter
tância de incorporar em suas vidas os valores muito cuidado com tudo que diz res­
transcendentais da nova vida que adotaram, peito ao seu comportamento, ao seu
afastando-se de qualquer coisa que não seja modo de agir e ao seu modo de viver.
compatível com ela. Como filhos de Deus, devemos exibir
ao mundo um estilo de vida apropria­
do, coerente com o chamado que rece­
Vivendo a nova vida com bemos. Fomos chamados a viver uma
sabedoria vida santa, separados de tudo o que
A nova vida exige que andemos não agrada a Deus, e essa vida exige
com sabedoria, com consciência que sejamos inteligentes, responsáveis
da posição que fomos colocados e prudentes [Ef 5.15],
e buscando a cada dia conhecer
o propósito para o qual o Senhor Devemos ter consciência de quem
nos destinou. somos agora. Paulo diz que em ou­
Devemos viver com sabedoria e tro tempo éramos trevas. Ele está nos
sensatez. A sabedoria é um baluarte chamando à consciência daquilo que
contra o erro [Pv 23.23]. É a sabedoria nos tornamos em Cristo, o que somos
concedida pelo Espírito Santo que nos agora [Ef 5.8]. É necessário que nossa
capacita para discernir as coisas que vida cotidiana seja um reflexo daquilo
são de Deus e as que não são, as quais que somos, porque as pessoas que nos
o homem em sua forma natural jamais assistem esperam ver em nós coerência
conseguira perceber [ICo 2.14-15]. - ações compatíveis com a fé que pro­
Somos exortados a agir com sensatez fessamos [Mt 5.16; IPe 2.12]. Embora
e a aproveitar o tempo, administrando a salvação seja pela graça, isso não nos
cada fase de nossas vidas com sabedo­ confere o direito de sermos irresponsá­
ria. Todo aquele que é sábio, diligente­ veis em viver como salvos. Paulo faz o
mente procura conhecer a vontade de relato de vários perigos que ameaçam

Q,f°lição ... devemos copiar nosso Deus Pai em toda


Sua maneira de conduzir e nos tratar, o que manifestará
ao mundo nossa semelhança com Ele.
76 LIÇÃO 11
a estrutura da nossa fé, os quais, não textos bíblicos sobre a relevância em
sendo evitados, podem nos causar sé­ buscarmos conhecer e praticar a von­
rios danos, inclusive nos apartar da tade de Deus: Salmo 143.10; Mateus
presença do Senhor [ICo 9.27], 7.21; 12.50; ljoão2.17.
N John Stott: “Todos nós temos a H Warren Wiersbe: “O termo com­
mesma quantidade de tempo à nossa preender no versículo 17 [Ef 5.17, “en­
disposição, com sessenta minutos por tendei”] indica que devemos usar nossa
hora e vinte e quatro horas por dia. mente para descobrir e colocar em prá­
Nenhum de nós pode esticar o tempo. tica a vontade de Deus. Muitos cristãos
As pessoas sábias, porém, o empregam imaginam que descobrir a vontade de
com o maior proveito possível. Sabem Deus é uma experiência mística que so­
que o tempo está passando e que os brepuja o raciocínio claro. Descobrimos
dias são maus. Deste modo, agarram a Deus à medida que Ele transforma a
cada oportunidade fugaz enquanto nossa mente [Rm 12.1-2]; essa transfor­
ainda podem. Uma vez tendo passado, mação é resultante da Palavra de Deus,
até as pessoas mais sábias não podem da oração, da meditação e da adoração.”
reavê-la [Ef 5.15-16].”
fl"] EU ENSINEI QUE:
2.3 Devemos procurar conhecer a A nova vida exige que andemos com sabe­

verdade de Deus. Como um bom em­ doria, com consciência da posição que fomos

preiteiro que segue o projeto de cons­ colocados e buscando a cada dia conhecer o

trução, o cristão é chamado a realizar propósito para o qual o Senhor nos destinou.

neste mundo aquilo que o arquiteto


(Deus) planejou. Não podemos des­
cobrir qual é a vontade de Deus para
nossas vidas longe da orientação de 3 toUmaSanto
vida cheia do Espíri­

Sua Palavra [SI 119.130; Jo 8.31-32], Não há como desassociar o crente


Conhecer a vontade de Deus envolve, da pessoa do Espírito Santo. Essa
entre outros aspectos: oração, fé e dis­ unidade percorre por toda a his­
posição para obedecer, ler e estudar a tória da igreja e se faz necessária
Palavra de Deus, renovação da men­ para que o crente tenha um teste­
te, ser guiado pelo Espírito Santo [Ef munho poderoso neste mundo.
5.17; SI 25.4, 12; Rm 12.1-2; Cl 1.9], 3.1. Enchei-vos do Espírito Santo. “En­
Deus não deseja apenas que conheça­ chei-vos” é um imperativo no plural, de
mos Sua vontade, mas que tenhamos maneira que se aplica a todos os cristãos
a compreensão perfeita para praticá- de forma geral (não apenas a alguns).
-la com eficácia. Deus não faz nada O verbo é usado no tempo presente e
sem um propósito, portanto, devemos expressa continuidade, referindo-se a
descobri-lo e conduzir a vida de acor­ uma experiência que deve ser desfruta­
do com a vontade do Senhor. Alguns da no dia a dia, não apenas em ocasiões
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 77
Q.F°lÍção Conhecer a vontade de Deus envolve, entre
outros aspectos: oração, fé e disposição para obedecer,
ler e estudar a Palavra de Deus, renovação da mente...

especiais. A forma correta seria: “conti­ vontade de Deus e devemos obedecê-


nuem vos enchendo”. Segundo Warren -la. Depois, porque é uma questão de
Wiersbe: “Também está no passivo, sobrevivência. É o Espírito Santo quem
significando que não enchemos a nós produz vida ao Corpo de Cristo. Uma
mesmos; antes, permitimos que o Espí­ vida cheia do Espírito Santo se torna
rito nos encha. Nesse contexto, o verbo plena e habilita o crente para viver de
“encher” não tem relação alguma com maneira vitoriosa. É muito importan­
quantidade ou conteúdo, como se fôsse­ te ler Efésios 5.18 à luz do que vem
mos receptáculos vazios que precisam de depois. Lembremos da exposição de
certa quantia de combustível espiritual Paulo até aqui sobre o plano de Deus e
para prosseguir.” É deixar-se ser guiado, o que Ele fez para levar adiante visan­
usado, dirigido, capacitado pelo Espírito do formar um povo para Si. Agora, o
Santo em todas as áreas da vida - vide os apóstolo fala dos desafios de continu­
versículos seguintes - Efésios 5.19 a 6.9. ar vivendo neste mundo, mas, agora,
H O efeito da embriaguez e o efeito da como povo de Deus. É nesse contexto
plenitude são diametralmente opostos: que encontramos a reposta à questão
quem fica bêbado altera sua consciên­ apresentada neste subtópico - preci­
cia, perde o controle de suas ações, de samos, repetidas vezes, ser cheios do
sua vontade, e está propenso a cometer Espírito Santo a fim de podermos viver
qualquer ato imoral, abominável ou como povo de Deus no meio de uma
vergonhoso. Ao contrário, o preen­ geração corrompida e perversa.
chimento do Espírito produz contro­ H Craig S. Keener comenta sobre Efé­
le e domínio próprio, força espiritual, sios 5.18-21: “Seja lá o que mais Paulo
alegria racional, sanidade, prudência, queira transmitir a respeito da vida
temperança, mansidão, desejos limpos cheia do Espírito, o que ele diz é que ela
e ordeiros, repúdio ao mal, consciên­ afeta o modo como vivemos. Enquan­
cia do que é certo e puro, e uma incli­ to Atos enfatiza especificamente que o
nação acentuada para fazer a vontade Espírito nos capacita para o evangelis-
de Deus. Como Paulo diz em Gálatas mo, Paulo afirma que o Espírito nos
5.23b: “contra estas coisas não há lei”. capacita para a adoração e para os rela­
cionamentos com outros. Adverte que
3.2 Por que devemos ser cheios do devemos produzir o fruto da luz [Ef
Espirito Santo? Primeiro, devemos 5.9], pois não somos mais quem éra­
ser cheios porque é uma ordem, é a mos antes [Ef 5.8]. Então, em Efésios
78 LIÇÃO 11
5.18, Paulo contrasta o tipo errado de H Contudo, a vida cheia do Espírito
inspiração, resultante da embriaguez, Santo resulta não somente em ado­
com a boa inspiração resultante de ser ração e louvor que expressamos com
enchido com o Espírito.” nossos lábios, mas está associada,
também, com um importante aspec­
3.3. Os benefícios de uma vida cheia to da nossa vida: relacionamentos.
do Espírito Santo. Uma das manifes­ Paulo faz uma exposição associando
tações da plenitude do Espírito é a o ser cheio do Espírito Santo com o
expressão de louvor a nosso Senhor modo que tratamos uns aos outros,
Jesus Cristo, em reconhecimento ao iniciando com “sujeitando-vos uns
que Ele é e representa para nós, e de aos outros no temor de Deus” [Ef
gratidão por todos os favores que Ele 5.21] e expandindo o tema com ou­
nos dá [SI 103.1-6; Ef 5.19-20], Em vez tras dimensões de relacionamentos:
de expressar queixas e ressentimentos Efésios 5.22-33 (maridos e esposas);
e falar sobre coisas que não edificam, Efésios 6.1-4 (pais e filhos); Efésios
os crentes, cheios do Espírito, devem 6.5-9 (servos e senhores).
conversar entre si com hinos, salmos
e cânticos espirituais que glorificam o EU ENSINEI QUE:
nome de nosso Senhor. Ao conversar Não há como desassociar o crente da pessoa

um com o outro, devemos enfatizar as do Espírito Santo. Essa unidade percorre por

maravilhas de nosso Deus, expressan­ toda a história da igreja e se faz necessária

do em forma de louvor nosso senso de para que o crente tenha um testemunho pode­

gratidão por tudo o que Ele nos conce­ roso neste mundo.

de em todas as circunstâncias da vida.

@ CONCLUSÃO
Recebemos de Deus uma nova vida e devemos vivê-la com sabedoria, na
plenitude do Espírito Santo, e regando-a através da Palavra de Deus e da
oração [Ef 5.18],

^ANOTAÇÕES

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 79


19 dez/ 2021

LIÇÃO

12

A conduta do cristão no
relacionamento familiar
S ASSISTA AO VÍDEO FOCO NA LIÇÃO DESTA AULA ATRAVÉS DO OR CODE ->

TEXTO ÁUREO VERDADE APLICADA

"Honra a teu pai e a tua mãe, que é o Praticar os princípios da Palavra de Deus no

primeiro mandamento com promessa." relacionamento familiar contribui na cons­

Efésios 6.2 trução de um ambiente saudável.

[® OBJETIVOS DA LIÇÃO

0 Ensinar a submissão como 0" Apresentar as qualidades 0 Mostrar a importância da

um princípio divino. do amor sacrificial. obediência e da honra.

©TEXTOS DE REFERENCIA

EFÉSIOS 5 no Senhor, porque isto é justo.

22. Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos 2. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o pri­
maridos, como ao Senhor; meiro mandamento com promessa,

25. Vós, maridos, amai vossas mulheres, 3. Para que te vá bem, e vivas muito tempo
como também Cristo amou a igreja e a si sobre a terra.

mesmo se entregou por ela. 4. E vós, pais, não provoqueis à ira vossos
filhos, mas criai-os na doutrina e admoes-

EFÉSIOS 6 tação do Senhor.

1. Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais

80
Gê LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Gn 2.18 QUINTA Pv 22.15
A criação de uma adjutora. A importância da disciplina.
TERÇA | Dt 6.6-9 SEXTA Os 4.6
0 fim da lei é a obediência. Destruídos por falta de conhecimento.

QUARTA Pv4.10 SÁBADO 1 Co 13.5


Exortação a adquirir a sabedoria. O amor não busca os seus interesses.

HINOS SUGERIDOS ESBOÇO DA LIÇÃO

124,150,186 Introdução
1. A submissão e a obediência a Deus
MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Amando como Cristo amou a igreja
Ore pela unidade no seio familiar. 3.0 relacionamento entre pais e filhos
Conclusão

INTRODUÇÃO
Em Efésios 5.22-33 e 6.1-4, Paulo trata do comportamento cristão no lar, ci­
tando a responsabilidade de cada componente, e destacando, respectivamen­
te, os diferentes papéis exercidos conforme os princípios da Palavra de Deus.

A submissão e a obediên­

D
princípios bíblicos estabelecidos
cia a Deus por Deus em Sua Palavra ainda são
A Igreja é formada por famílias, desconhecidos ou mal entendidos
ela é a grande família de Deus por muitas pessoas que contra­
[Ef 2.19], E, tendo esse em o casamento. Devemos
conceito de igreja como PONTO DE compreender que as leis que
família, Paulo aproveita PARTIDA regem o casamento não são
para instruí-los sobre humanas, são divinas, por­
A família é um
seus deveres nos dife­ que Deus é o idealizador da
presente do
rentes relacionamentos família [Gn 2.18; 21-24]. A
Senhor.
entre si. filosofia secular desconhe­
A submissão como um ce totalmente ou não leva
princípio. Deus trabalha com princí­ em conta o propósito pelo qual Deus
pios e propósitos. Os princípios repre­ uniu homem e mulher. Eles ditam seu
sentam um conjunto de normas que próprios credos, leis e costumes, sem
devem ser seguidas para que se alcan­ se importar com os princípios divinos,
ce um determinado propósito. Alguns e, por falta de conhecimento, a socie­
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 81
dade vive chafurdando no pecado e no prioritária dada àquele com quem se
engano a cada dia [Os 4.6], casa. Se for um casamento no Senhor
K O princípio da submissão está em (e não é permitido outro tipo de ca­
tudo aquilo que foi criado por Deus. samento ao crente), deve-se entender,
Ele põe em destaque a autoridade de antes de se comprometer, que essa obe­
Deus sobre as coisas criadas. Este prin­ diência que não tem nada a ver com
cípio também se aplica ao casamento, escravatura. É semelhante ao conceito
enquanto a esposa deve submeter-se que Cristo desenvolve em João 15.15.
ao marido da mesma forma que ao Essa é uma descrição muito bela da
Senhor (com espontaneidade, carinho, esposa submissa, que consagra a sua
amor e companheirismo), o marido vida a apoiar o marido dentro da mis­
deve amá-la, e não somente isso, deve são dele.”
dar a sua vida por ela. Por outro lado,
a autoridade do marido não é indepen­ 1.3 A submissão como propósito di­
dente, está sujeita à autoridade divina. vino. O Deus que criou todas as coi­
E o mesmo acontece com os filhos, que sas conhece perfeitamente como elas
devem sujeitar-se à autoridade dos pais devem funcionar. Por esse motivo,
no temor do Senhor [Ef 6.1]. colocou cada coisa em seu devido lu­
gar. Deus colocou a mulher ao lado
1.2. Uma submissão com consciência. do homem para ser sua companheira
A sujeição da qual Paulo se refere é e para que juntos completassem um ao
uma atitude espontânea, porque é uma outro [Gn 2.18], A razão da submissão
sujeição baseada no amor e no temor da esposa ao marido é baseada no fato
do Senhor; ela não é cega, é totalmente de que o marido é a cabeça da espo­
consciente [Ef 5.22; Cl 3.18]. Esta clas­ sa, assim como Cristo é a cabeça da
se de sujeição encontra seu significado Igreja [Ef 5.23], Toda instituição tem
da mesma maneira que a esposa cren­ uma autoridade principal e, no caso
te se submete a Jesus Cristo como seu da família, o chefe é o marido, e sua
Senhor (no trato, no carinho, no com­ obrigação ou autoridade foi delegada
promisso e juntos na mesma missão). por Deus, e não pode ser substituída
Como é o marido que representa Deus ou eliminada por nada ou ninguém.
na frente da família, no nível humano, A sujeição da mulher ao marido tem
merece a consideração que a esposa dá um sentido espiritual, e deve ser vista
ao Senhor na área espiritual. Quando como uma bênção, nunca como sacri­
marido e mulher estão sob o senho­ fício [Ef 5.24],
rio de Cristo, o resultado será sempre ■ Uma boa explicação disso assinala
a harmonia e a consistência [Ec 4.12]. que existem três condições para essa
■ Russell Shedd: “Como submissão submissão: o amor, a vontade e o dever.
significa colocar-se debaixo da missão O amor generoso do marido provê o
de outra pessoa, há uma importância ambiente que evoca e garante a sub­
82 LIÇAO 12
missão da esposa. A boa vontade da mos falando de qualquer amor, não se
esposa é sua resposta à autoridade be­ trata de amor romântico ou platônico,
nigna que ele exerce sobre ela. A espo­ se trata de algo muito mais profundo,
sa cristã, consciente do relacionamen­ de muito mais peso e valor, é um amor
to que tem com Cristo como Senhor sacrificial, que sempre busca o bem
de sua vida, submete-se ao marido da esposa e se ocupa em cuidar dela e
em amor recíproco, reconhecendo-o agradá-la, em obediência à vontade de
como aquele que Deus lhe deu como Deus e seguindo o exemplo de Cristo
companheiro e protetor para que mu­ em relação à Sua Igreja [Ef 5.25-30].
tuamente se complementem. N Qualquer marido que tomar como
padrão o amor sacrificial de Cristo
n~l EU ENSINEI QUE: pela Igreja, amará também a sua es­
Quando marido e mulher estão sob o senhorio posa de modo sacrificial [Ef 5.25]. Um
de Cristo, o resultado será sempre a harmonia grande exemplo de amor sacrificial é
e a consistência. Jacó. Ele amava tanto Raquel que se
sacrificou durante catorze anos tra­
balhando para tê-la como esposa. O
Amando como Cristo amou verdadeiro amor cristão “não procura
a Igreja os seus interesses, não é egoísta” [ICo
Paulo agora se reporta aos mari­ 13.5], Um marido submisso a Cristo
dos cristãos, cujo padrão deter­ e cheio do Espírito Santo, com muito
minado a eles é extremamente bom grado fará o que for necessário
elevado. Eles devem amar suas es­ para que sua esposa possa servir e
posas da mesma forma que Cristo glorificar a Cristo no lar.
amou a Igreja e se entregou por
ela [Ef 5.25]. 2.2 Um amor protetor e purificador.
2.1. Um amor sacrificial. O relaciona­ Para ilustrar o tipo de amor que o ma­
mento do marido com a esposa é des­ rido deve demonstrar por sua esposa,
crito aqui em um espaço muito mais o apóstolo nos apresenta as ações em­
amplo, talvez precisamente por causa preendidas por Cristo como um sinal
de sua maior responsabilidade. Torna- de Seu amor pela Igreja: Ele a amou,
-se claro que, no papel da esposa, a pa­ se entregou, a santificou e a purificou
lavra-chave é sujeição, enquanto a do para que pudesse apresentar para Si
homem é amor. No entanto, não esta­ mesmo. Essas são as evidências da

Q. LIÇÃO E, tendo esse conceito de igreja como uma


família, Paulo aproveita para instruí-los sobre seus
deveres nos diferentes relacionamentos entre si.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 83
plenitude do amor verdadeiro. Des­ Cristo tem uma esposa imperfeita, mas
se modo, a razão do amor especial e nem por isso pede o divórcio, ao con­
autêntico de Cristo pela Igreja foi sua trário, Ele se sacrifica por ela.
santificação. Com a santificação da H Cristo vai apresentar a Si mesmo
Igreja, Cristo procurou consagrá-la uma igreja pura, santa e gloriosa. Uma
e separá-la para Ele com um propó­ igreja interiormente curada e exterior­
sito divino, e essa santificação foi o mente apresentável, sem mácula e sem
resultado de “havê-la purificado pela ruga [Ef 5.27]. A esposa e o marido
lavagem da palavra” [Ef 5.26]. cristão possuem duas grandes van­
H O grande segredo da ilustração da tagens: eles têm o poder do Espírito
lavagem de água para a purificação é Santo para capacitá-los e o exemplo
que tudo isso foi feito para que a igreja de Cristo para incentivá-los.
fosse apresentada ao próprio marido:
“para apresentar a si mesmo” [Ef 5.26- Fp EU ENSINEI QUE:
27]. Ela é beneficiada pelo cuidado que Os maridos devem amar suas esposas da mes­

Ele como marido tem com ela, e Ele ma forma que Cristo amou a Igreja e se entre­

tem como benefício de seu trabalho gou por ela.

uma esposa purificada, santificada e


bela. Ou seja, todo o investimento que
um marido faz para sua esposa redun­ 0 relacionamento entre
da em grandeza para si mesmo, e vice-
-versa. 3 pais e filhos
Paulo agora direciona sua palavra
para exortar os filhos a obedece­
2.3 Um amor sem limitações. O amor rem aos pais no Senhor e a honrá-
verdadeiro é aquele que cuida, protege -los. Os filhos devem honrar seus
e conduz sempre à melhora e ao cres­ pais porque, além de ser um pro­
cimento. Assim é o amor de Cristo por cedimento correto, é um manda­
Sua Igreja. Ele está sempre limpando, mento do Senhor [Ef 6.1-4].
corrigindo, purificando, santificando 3.1 A obediência, o dever dos filhos.
e conduzindo a altos níveis. “Paulo Os filhos devem prestar obediência
exalta o amor conjugal ao nível mais a seus pais, porque, além de lógico e
alto possível, pois vê no lar cristão apropriado, é justo diante de Deus [Pv
uma imagem do relacionamento entre 4.10; Ef 6.1], Esse padrão foi estabele­
Cristo e a Igreja” (WIERSBE, 2007). cido por Deus para ordenar a família
Sabemos que a Igreja não é perfeita, ela e dar continuidade com o princípio de
tem máculas e rugas. As máculas são submissão que deve operar por todo o
causadas pela contaminação exterior, escalão familiar. É justo obedecer aos
enquanto as rugas vêm da deterioração pais, não apenas porque corresponde
interior. Mas é o amor sacrificial do ao caráter divino manifestado através
marido que a auxilia em todo tempo. de sua vontade para o homem, mas
84 LIÇAO 12
Q.FO<UÇÃO Os filhos devem prestar obediência a seus
pais, porque, além de lógico e apropriado, é justo diante
de Deus [Pv 4.10; Ef 6.1].

também porque essa atitude irá re­ peito e fazer por eles tudo que estiver
dundar em benefícios morais, físicos ao nosso alcance para lhes dar o que é
e espirituais. Devemos compreender melhor. Portanto, a honra aos pais im­
que a admoestação feita por Paulo se plica respeito e consideração em amor,
dirige a todos que são filhos, mas prin­ que se manifesta através da obediência
cipalmente aos cristãos. A obediência e reconhecimento de sua autoridade
aos pais faz parte da lei natural que delegada de Deus. A Bíblia de Estudo
Deus escreveu em todos os corações NAA destaca que a obediência dos fi­
humanos. lhos, nesse contexto bíblico, é uma das
H A obediência é um princípio que evidências de que conhecem a Deus e
deve ser ensinado, incutido na mente estão buscando agradá-Lo, resultando,
de nossos filhos para que no futuro assim, em bênçãos especiais de Deus
também seja repassado em suas novas para eles.
famílias. Esse é um princípio divino, ■ Paulo nos ensina que esse é o pri­
e Deus o instituiu porque a natureza meiro mandamento com promessa.
humana é rebelde, independentemente Mas por que motivo Deus faria pro­
da idade. A Bíblia ordena que os pais messas a esse mandamento? Simples­
ensinem a seus filhos para que quan­ mente porque Deus conhece a natu­
do forem mais velhos não se desviem reza humana e sujeição redunda em
dele, e tudo começa com a obediência benefícios no seio familiar. A família
e a honra aos pais. A observância des­ é a matriz da sociedade; quando existe
se princípio resultará em uma família um bom relacionamento entre pais e
mais sólida, vida com mais qualidade, filhos como a honra, o amor e o res­
estabilidade na comunidade e uma so­ peito, a promessa se efetiva. Logo após
ciedade mais saudável [Ef 6.1-3], a obediência e a honra, Paulo escreve
duas coisas importantíssimas. A pri­
A honra aos pais. A palavra “hon­ meira é “para que te vá bem”, a segun­
ra”, do grego “timão” significa: valo­ da é “para que vivas muito tempo”. A
rizar, estimar, dar preço a. Honrar os promessa diz respeito a um presente e
pais é, acima de tudo, respeitá-los, um futuro [Ef 6.1-3].
reconhecendo sua autoridade como
dada por Deus, pela qual devemos 3.3 A responsabilidade dos pais dian­
não apenas obedecê-los, mas também te dos filhos. Na época de Paulo, a lei
devemos dar-lhes nosso amor e res­ romana dava poder absoluto ao pai.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 85
Ele podería vender seus filhos como H A admoestação de Paulo é para
escravos, para fazê-los trabalhar em que os pais criem seus filhos na disci­
seus campos acorrentados, podia até plina e na advertência do Senhor [Ef
mesmo submetê-los à pena de mor­ 6.4b], A advertência refere-se à instru­
te. Essa exortação de Paulo traz um ção verbal, uma vez que cabe ao pai a
ingrediente importante para os re­ responsabilidade de instruir os filhos
lacionamentos entre pais e filhos. O no conhecimento da Palavra de Deus
que o apóstolo diz aos pais é para ter [Pv 22.6], Portanto, os pais cristãos
cuidado, não ser severo, não irritar os são obrigados a cumprir zelosamente
filhos, não levar os filhos ao extremo a instrução de seus filhos, porque é a
de ficarem zangados e cheios de raiva tarefa apropriada que Deus lhes deu,
[Ef 6.4], Isto posto, um dos problemas e nisso ninguém pode substituí-los de
mais sérios hoje em dia é o abuso físi­ maneira adequada ou completa.
co de pais para filhos. Um tratamento
abusivo e negligente por parte do pai fl! EU ENSINEI QUE:
confunde o filho, causa problemas Os filhos devem honrar seus pais porque, além

emocionais e desperta ressentimentos, de ser um procedimento correto, é um manda­

trazendo consequências infelizes para mento do Senhor.

a família e para a Igreja.

@CONCLUSÃO
Não existe melhor receita para a felicidade do que seguir os princípios que
a Bíblia nos ensina. Instruída pela Palavra de Deus, a família terá sempre
forças para vencer, além de paz e bem-estar.

^ANOTAÇÕES

86 LIÇÃO 12
Revestidos de toda a armadura
de Deus

"No demais, irmãos meus, fortalecei-vos Há uma batalha diária entre os filhos de
no Senhor e na força do seu poder." Deus e as hostes do mal. Precisamos estar
Efésios 6.10 conscientes e revestidos para enfrentá-la.

©OBJETIVOS DA LIÇÃO]

Discorrer acerca da bata- O' Ensinar acerca da forma de 0 Mostrar como um cristão

lha espiritual. organização do inimigo. deve estar protegido.

©TEXTOS DE REFERÊNCIA

EFÉSIOS 6 sangue, mas, sim, contra os principados, contra

10. No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no as potestades, contra os príncipes das trevas
Senhor e na força do seu poder. deste século, contra as hostes espirituais da

11. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, maldade, nos lugares celestiais.


para que possais estar firmes contra as astutas 13. Portanto, tomai toda a armadura de Deus,
ciladas do diabo. para que possais resistir no dia mau, e, havendo

12. Porque não temos que lutar contra carne e feito tudo, ficar firmes.

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 87


LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA Dn10 QUINTA | Ef 6.18


Os acontecimentos dos últimos dias. Devemos orar em todo tempo.

TERÇA Jo 3.20 SEXTA 1Pe 5.8


Todo aquele que faz o mal aborrece a luz. 0 diabo, nosso adversário.

QUARTA 2Co 10.4 SÁBADO | IPe 5.9


As armas da nossa milícia não são carnais. Precisamos resistir firmes na fé.

HINOS SUGERIDOS ESBOÇO DA LIÇÃO

108,212, 225 Introdução


1. Vestindo-nos de toda a armadura
[^MOTIVO DE ORAÇÃO
2. Conhecendo os inimigos da batalha
Ore por revestimento espiritual. 3. O equipamento do soldado cristão.
Conclusão

INTRODUÇÃO
Paulo nos fala acerca da uma batalha espiritual e de todos os recursos disponí­
veis que temos para nos revestirmos e, assim, podermos resistir e ficar firmes.

Vestindo-nos de toda a ar­ to, bem organizado e forte. A exor­

D madura tação é para que a Igreja se fortale­


Existe uma batalha inevitável en­ ça no Senhor e receba a necessária
tre aqueles que servem a Cristo e vitalidade dEle [Ef 6.10]. Ninguém
as organizadas forças do deve entrar em uma bata­
mundo espiritual. Para PONTO DE lha sem o devido preparo.
vencer a batalha deve­ PARTIDA A palavra grega usada aqui
mos estar devidamente é “endynamosthe” e signi­
Precisamos
equipados [Ef 6.11 -12 ]. fica: “fortaleza, tornar-se
estar revestidos
1.1 Fortalecei-vos no Se­ forte”. O cristão deve ter
e protegidos.
nhor e em sua força. Todo Cristo como a fonte de seu
cristão sabe perfeitamen- poder, porque não se trata
te que enquanto permanecer neste de uma batalha física (não é contra
mundo, precisa estar sempre vigi­ carne ou sangue), e não é com for­
lante e sempre contando com a aju­ ças humanas que venceremos essa
da do Senhor, pois o inimigo é astu­ guerra [Ef 6.12],

88 LIÇÃO 13
H Aceitando essa verdade ou não, Outro fator determinante na batalha
desde o dia em recebemos a Jesus é conhecer o inimigo, como age, que
Cristo como nosso Salvador, nos tor­ tipos de armas utiliza. Conhecendo
namos alvos das investidas de Satanás, essas coisas, poderemos não somente
mas não estamos sós e nem desampa­ detectá-lo, mas também combatê-lo
rados. Por esse motivo devemos nos exatamente no ponto em que a luta es­
fortalecer em Deus e conhecer as ar­ teja realmente acontecendo: no campo
mas que nos dispôs para a batalha, que espiritual [Ef 6.12], O caminho para
não são carnais, poderosas em Deus a vitória sobre o diabo é obedecer à
para destruir as fortalezas do inimigo ordem de vestir toda a armadura de
[2Co 10.4]. Lutamos contra o mundo, Deus e resistir, conforme lemos no
a carne e o diabo, isso requer força es­ versículo 11.
piritual e muito esforço de nossa parte.
1.3 A luta não é contra a carne e
1.2. Revesti-vos de toda armadura. A o sangue. Devemos entender cla­
Igreja de Cristo é como um quartel que ramente que não são as pessoas
recruta e treina seus soldados para a físicas que se opõem a nós (não é
batalha contra as hostes do mal. Como carne nem sangue). Toda ação que
bons soldados de Cristo precisamos outros empreendem contra nós pelo
estar bem treinados e fortes para en­ fato de estarmos em Cristo, a mão
frentar os ardis de nosso inimigo. Para do inimigo está presente, ainda que
esta luta contra o mundo das trevas, de forma sigilosa [Ef 6.12a], Ver­
também precisamos nos vestir ade­ dadeiras estratégias de guerra não
quadamente, cobrindo todas as áre­ convencionais (Paulo as chama de
as onde o inimigo possa nos ferir [Ef astutas ciladas), que geralmente
6.11]. Isso nos indica que não se trata passam despercebidas. Por isso pre­
de uma vestimenta comum, se trata cisamos estar em comunhão com o
de uma vestimenta especial fornecida Espírito e revestidos da armadura
por Deus, de uma série de elementos de Deus. O apóstolo Paulo assim
espirituais perfeitamente projetados nos ensinou em relação ao mundo
por Deus para cobrir Seu povo na lu­ das trevas: têm poder, são astutos e
ta diária contra os ataques do inimigo. maus. O mundo das trevas usa seu
Existe também uma razão pela qual poder para destruir e se deleita na
devemos estar revestidos: “para que falsidade e no pecado, odeiam a luz
possamos permanecer firmes contra e a verdade [Jo 3.20],
as armadilhas do diabo” [Ef 6.11b]. d Existe um mundo demoníaco ao
U Sendo a batalha espiritual, as armas nosso redor e está se manifestando
também devem ser espirituais [2Co em nosso tempo. Se tivéssemos dito
10.4]. Porém, tão importante quan­ isso em outros tempos, poderiamos
to ter armas é saber como utilizá-las. ser taxados como loucos e que tudo
BETEI DOMINICAL Revista do Professor 89
era fantasia. Atualmente, no entanto, continua operando e projetando su­
o demonismo é um tópico popular as estratégias em uma dimensão fora
exposto abertamente na mídia. Há do mundo natural que vemos, para
pessoas que estão sendo atraídas e aplicá-las todos os dias, a qualquer
envolvidas em todos os tipos de ati­ momento, contra a Igreja de Jesus
vidades demoníacas. Existem forças Cristo, ou seja, contra os discípulos de
malignas agindo contra a igreja, elas Cristo, a fim de fazê-los cair e, assim,
estão trabalhando contra o crente, impedir o avanço do reino. Eles são
contra Deus e contra Cristo. Não po­ denominados de “principados, potes-
demos ignorar essa verdade, pois está tades, príncipes das trevas deste sécu­
acontecendo e nós somos chamados lo, hostes espirituais da maldade” [Ef
a enfrentar e anunciar as verdades bí­ 6.12]. Observamos que cada termo
blicas [Ez 33.1 -9]. “Na batalha contra usado para descrever essa hierarquia
o mal, sê valente...” (HC 225). demoníaca é precedido pela palavra
“contra”, que implica que cada um
00 EU ENSINEI QUE: representa uma categoria ou nível de
Existe uma batalha inevitável entre aqueles autoridade diferente.
que servem a Cristo e as organizadas forças do ■ De acordo com o teólogo Elienai
mundo espiritual. Para vencer a batalha deve­ Cabral, essas hostes incluem várias
mos estar devidamente equipados. ordens ou classes de espíritos caídos.
O reino de Satanás é organizado em
hostes especiais. Aqui nos são apre­
Conhecendo os inimigos sentadas três categorias de inimi­
da batalha gos que são os escalões de Satanás:
O relato de Paulo é muito esclare­ “os principados e as potestades” são
cedor. Ele fala acerca da batalha, duas classes de ordens angelicais de
diz o local onde essa batalha está Satanás que designam espíritos que
sendo travada e revela quem são exercem atividades de comando so­
os inimigos que devemos com­ bre outros demônios contra os remi­
bater. dos. Os “governadores das trevas ou
2.1 A organização do exército ini­ dominadores mundiais das trevas”
migo. No versículo 12, temos uma são espíritos que comandam o ente-
descrição que revela a estrutura de nebrecimento espiritual (as trevas)
um reino espiritual organizado, que neste século [Ef 6.12].

Qfoco na
lição Para vencer a batalha devemos estar
devidamente equipados [Ef 6.11-12]

90 HÇAo 13
2.2 Mundo espiritual x mundo físi­ 2.3. Os inimigos que devemos enfren­
co. Devemos ter em mente que tudo tar. O principal inimigo que devemos
o que acontece no mundo espiritu­ enfrentar é o diabo, mas ele não está só,
al tem influência no mundo físico, elevem com suas hostes [Ef 6.11-12].
e vice-versa. Podemos citar como Aqui vemos literalmente o paralelo da
exemplo a oração de Daniel, que batalha de dois reinos espirituais com
foi feita no mundo físico, mas re­ influências terrenas. Enquanto essas
percutiu no mundo espiritual [Dn hostes estão nas regiões celestiais, a
10.2-13; Ef 6.12b], Nesse capítulo Bíblia diz que Satanás “anda em derre-
Paulo revela a posição do inimigo, dor, buscando a quem possa tragar” [Jó
quem são e de onde partem seus 1.7; IPe 5.8-9], Fica claro que o ataque
ataques. Francis Foulkes comenta vem por todos os lados. Mas também
que os cristãos, estando em Cristo, devemos nos alegrar porque temos
são descritos como estando eleva­ um grande General que está por toda
dos acima deste mundo material, a parte, e habita pelo Espírito Santo
nos “lugares celestiais” [Ef 2.6], as­ dentro de cada um de nós, formando
sim também lá ocorre o seu conflito um grande exército e capacitando com
espiritual (...). armas poderosamente destrutíveis e
K Encontramos a expressão “luga­ insuportáveis ao inimigo [2Co 10.4],
res celestiais” ou “regiões celestiais” H Devemos ter a consciência de que
em Efésios 1.3 (bênçãos espiritu­ uma guerra espiritual está acontecen­
ais), 1.20 (lugares celestiais - RA do e que as pessoas precisam estar
- Cristo à direita do Pai, 2.6 (as­ fundamentadas na Palavra de Deus.
sentados), 3.10 (regiões celestiais Há uma manifestação demoníaca que
- RA - pela igreja a multiforme é evidente no fato de que tantas pes­
sabedoria de Deus seja conhecida), soas são varridas por todos os tipos de
6.12 (luta nos lugares celestiais). cultos e seitas com falsas crenças. Co­
Assim, como comentou o Pr. Ese- mo resultado dessa situação confusa,
quias Soares, o sentido dessas pala­ a Palavra de Deus parece cair em um
vras depende do contexto onde elas nível de insignificância em alguns cír­
aparecem. Contudo, seja qual for, o culos e organizações cristãs. A ordem
certo é que em todas os textos re­ é estar revestido de toda a armadura,
ferenciados acima a tônica é: esta­ só assim resistiremos às ciladas inimi­
mos em Cristo, ressuscitado dentre gas [Ef 6.11].
os mortos e assentado à direita do
Pai; o plano de Deus com Sua Igre­ m EU ENSINEI QUE:
ja vai além deste mundo físico [Ef Paulo fala acerca da batalha, o local onde essa

3.10]; e nEle somos fortalecidos e batalha está sendo travada e quem são os ini­

sustentados para vencer as batalhas migos que devemos combater.

que surgem.
BETEL DOMINICAL Revista do Professor 91
Of°L?ÇA0 ... temos um grande General que está por
toda a parte, e habita pelo Espírito Santo dentro de cada
um de nós, formando um grande exército...

O equipamento do soldado nos supriu com “toda a armadura”, e


cristão seguramente não podemos permitir
O servo de Deus que deseja ven­ que parte alguma fique descoberta.
cer e seguir adiante, deve estar Satanás sempre irá buscar alguma
preparado e equipado, pois o ini­ área desprotegida para usá-la como
migo busca a todo o instante que ponto de partida para seus ataques
sua fé seja enfraquecida. Por isso, [Ef 4.27].
a ordem é estar revestido de toda
a armadura de Deus. A estabilidade espiritual do crente.
A roupagem de um bom soldado. O Bem sabemos, que Paulo escreve a carta
apóstolo Paulo nos mostra as seis peças aos efésios de sua prisão em Roma, na
principais que compunham as vestimen­ qual estava rotineiramente visualizando
tas de um soldado da época: o cinto, a um soldado romano. Provavelmente o
couraça, o calçado, o escudo, o capace­ Espírito o inspirou no tipo de roupa que
te e a espada, para apresentá-las como o soldado usava, para nos ensinar como
ilustrações de verdade, da justiça, do devemos estar preparados para enfren­
evangelho da paz, da fé, da salvação e da tar o adversário “no dia mau” [Ef 6.13],
Palavra de Deus. Cada uma delas cum­ ou seja, no dia ou quando somos ten­
pre uma função estratégica na proteção tados a enfrentar uma situação difícil,
do soldado, tendo sido desenhadas por que pode nos trazer crises de fé; quan­
Deus, para nos equipar na luta contra o do estamos passando por provações de
maligno e suas hostes. Cada uma delas diferentes magnitudes e tipos, e assim,
serve para cobrir um algum ponto vul­ depois que toda essa tempestade tiver
nerável de nossas vidas. A ordem é estar passado, permanecermos firmes [Ef
devidamente coberto para poder resistir 6.13b], O que significa que devemos
no dia mau e ficar firmes [Ef 6.13], permanecer alertas, e sem hesitação.
N A luta cristã mesmo sendo espiri­ H Russell Shedd: “O último parágrafo
tual se desenvolve em várias esferas. nos convoca para a guerra. Somos to­
Warren Wiersbe: “Como cristãos, en­ dos chamados a nos fortalecer na força
frentamos três inimigos: o mundo, a do poder de Deus. Esta última palavra
carne e o diabo [Ef 2.1-3]. Uma vez não é apenas para mulheres e maridos,
que lutamos contra inimigos na esfe­ chefes e servos, filhos e pais, mas é
ra espiritual, precisamos de equipa­ para todos - Efésios 6.10. Novamente
mentos ofensivos e defensivos”. Deus sentimos a necessidade de o Espírito
92 LIÇAO 13
Santo vir e encher a nossa vida para oração, fazê-la solicitando a orientação
que possamos realmente transformar do Espírito Santo [Rm 8.26].
este mundo para Cristo”. Assim, é pos­ K Quando Paulo fala sobre oração e su­
sível lidar com a batalha, resistir e ficarplica no Espírito, não fala de apresentar
firme, enquanto cumprimos a missão uma lista de pedidos a Deus. Significa
que nos entregou Nosso Senhor. que reconhecemos nosso inimigo e que
nos apropriamos dos recursos espirituais
3.3. Aplicando a vida à oração. Nesta de Deus. Nós nos apegamos a Deus para
parte, Paulo enfaticamente nos exor­ que possamos ser preenchidos com to­
ta a orar o tempo todo, com toda a da a plenitude dEle. Paulo fez aqui uma
oração e súplica no Espírito [Ef 6.18]. distinção entre a oração e a súplica. A
Paulo provavelmente não inclui a ora­ oração é geral e a súplica é específica. To­
ção como uma das peças da armadu­ da oração deve ser feita no Espírito, isto
ra, porque a oração do crente é muito é, guiada e controlada no Espírito, para
abrangente, deve permear toda a luta, que seja uma oração eficaz [Rm 8.26].
independentemente do tipo de luta,
das circunstâncias ou do tempo. É por CD EU ENSINEI QUE:
isso que diz “em todo o tempo”, no Es­ 0 servo de Deus que deseja vencer e seguir

pírito. Isso não apenas nos fala sobre adiante, deve estar preparado e equipado. Por

o momento, mas que às vezes nem sa­ isso, a ordem é estar revestido de toda a arma­

bemos o que pedir ou como pedir, por dura de Deus.

isso se faz necessário, para a eficácia da

@ CONCLUSÃO
Estamos em Cristo nos lugares celestiais, mas também ainda nesse mundo
[Jo 16.33], tendo, assim, que lidar com as investidas do maligno. Portanto, é
imprescindível sermos fortalecidos no Senhor e estarmos revestidos de toda a
Sua armadura para resistirmos e ficarmos firmes. Até que Ele venha!

^ANOTAÇÕES

BETEL DOMINICAL Revista do Professor 93

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