You are on page 1of 9
ANICIO SEVERINO BOECIO Anicio Manlio Torquato Severino Bodcio (* = 470 em Rom, + $24 em Pata). Da pobreza romana, ocapou © inca cargo civil na udoiistagio do rei po Teodor fo, Sapte de aig, fo geeto & exceuade.Peresbendo fe lingua grea nao era mais corete no mando ronan, Drojeson tarir Plato e Arsieles para 0 latin. tendo Traduido, de Tato, as obras Ligcas deste © a Iacoge de Porino,Por iso ¢ chamado de atmo ds tigose pre ro dos medievai. — Obras: Deere suas cba De musica De Ariietica In Isagogen Porphyri De sllogismo Iypotteice, De nllogioo categorie, De sata Tita: De heomardibus; Liber de duabus atu in Christo: co enti tos isto gles de Aristotle, acima de Todas, De consclationephilosophie,dilogo do autor 2m ' Flosolia, quando esporava a exccuch da snteng cap {al 0 pougués ¢ das poucs inguas em que est obra mio se encontatacida — BibMlografia I. Feit. "0 "De consolation philesophio" de Bosco". In T-A.C. R. de Souza fre). Pensamento medieval. Sio Paulo, 1983, p. 34 4 Th presen be jose actus ma ric, qundo fl poblads A congo de ‘ibaa (S0 Paso, 199), em gan de Wiliam ae Fest 110 3 Fonts Mato Testor CONSOLAGAO DA FILOSOFLA - LIVRO IIT [Sobre Felicidade humana] PROSA I Boscia - Eno a Filosofia buixou um pouco os olhos, © ceamo que concentrand-se a sublime intimidade de soa ment, ‘comegou a falar asst: ‘Filosofia - Todas aspiragbes humanas, que se exercem pela faina em mitasatividades, proceder, sem divida, por cami- thos diversos, nas buscam chepar a um mesmo fim, que a flici- ‘ude. Este € 0 bein tio perfeite que, sendo possufdo por algaém, no o leva querer outro maior. Fe €0 maior de foros os bens © fencers em si todos 0s demais, de tal modo que, se algun he fal tasse jf io seria 0 maior, porque fears fora dele alguma coisa ‘gue podeti Ser desejda. Fea eto, pos, que a feicidade consite tun estado perfeito pela congregaio de todos ox bens: ‘A ela, come diziamos, embora por earinos diversos, to- dds os moras esforgan-se por aleangar; de fato, ma vontde de t- dos, eacontra-se fnsito um desejo natural para o bem, embora 0) ferro muitas vezes a descaminte, levando-a para falsos bens. Por isso, alguns, erendo que © bem supremo consiste em que no te- rnham curéncia de nada, peeocupan-se em acumular riguezas. Ou- twos, julgando como bem © que metece 0 orsior respeito, empe- ham-se em obiero respeito de seus eoncidadios pelo exereicio de featgos honoris. Outros, sind, julgam que o berm supremto co- Jncide com o poder soberano e par isso esforgam-se para poder ow para Tear perto de quem o exerce. Aqueles, pore, 308 ‘vais parece como bem supremo o esplendor da glia, empenhan= se pelas ares da guerra ou da pez em propagar a fama do proprio roine. Hé muitos que medem o bem pelo goz0 ea alegria que este teaze, enti, julgam que 0 dpice da feicidade consste em viverem mesos mo praze, Ti também os que procuram possuir alguns destes bens ‘come meios para chegat @ autos, e entio aspiram & riqueza em 7 Culnge Fitosatn - 110 waa ibe docheb > babe! lade Abt De Bons vista do poder ¢ dos prazeres, ot procuram 0 poder pensando ex fenriquecer-se ou em difundir a fama do proprio nome, E nestes valores on em outros semelhantes que se encontra 4 motivagao dos tose dos anseios humaos, como a nobreza eo favor popular, que se veduzem a uma certa fora de glia, a mulher € 0s {hos, que io desejados emt vista da satsfagho: entre 0s amigos, aqueles ue ‘o.st0 vetdadeiramente, no petencem aos bens d Torun, mss 308 4a virtue, enquanto 0s demais sto procurados ou em vista do po- {er ou do delete “Tambéon resulta evidente que os bens coxporais referem-se tos valores de que uatamos acim: a frga ea imponéucia parece ‘conferir valentin; a beleza ea aildade, clebidde; a sate pare- ‘ce coterie delete, Ems todas estas coisas, 6 evidente que se procura 1 felicidad; de fat, se alguém prefere wna coisa 2 todas as ous, porgue julga que ela €0 hem supremo, Mas n6s defininos acim ‘que © sumo bem & a Felicidade e, por conseguint, cada um jules qe a felicidade se encontra nagucle bem ou naquele estado que cle preza sobee todas os demais, ‘Assim, pos, tens ante os olhos, como que explicada, a ‘imagem da Felicidade humana: riguezas, hoaras, poder, gléria © prazeres. Levado em consideracio apenas estas cosas, Epicuro ‘cnseqentemente determinou que o prazer era 0 bem maior, por ‘que a8 outras cosas parecem eontibuir para a satsfagio do espe Retorno, porém, 3s preocupagces dos homens, eujo espii= ‘o, embora com uma memsria oluseada, vive procurando 0 sea bem, mas, tal coma um bébado, no sabe por qual caminho conse: gue retornar& pripria casa. Ou te parece que erram os que se es forgam para que nada thes fale? Ora, nao ha nada que tanto possa contribuie pata felicidade, como eneontrar-se na siuaio de ter bondantemente presentes todas os ben, sem necessidade de bens alheios, mas sendo suficiente a si meso, Ou estaio erraos os {gue tnbutam culto de reveréncia 30 que julgam ser © melhor? De ‘modo neuhurn, pois mio pode ser coisa vil e desprezivel, 0 que ‘vase todos of homens se esforgim para obter, On ndo se deve ‘enumerar o poder entre os bens? O que entio? Dever-se-i conside- Cat Ft 3s Be Feta ata Tso far como ie sem fogs si qe € spies? Ou se wee neampresar a celeb? Mac nto se pote pedi qe tho olgue exelent sea conierat amber como Tanosa Na sc far mtr prove ue arta, ters, ay done 0s ‘Mmeros esto exc head, pis sca mas ran ol cu pos rg eas ete. Or ets 9 Extn qe os hen cee ore prensa dela proc gnu digas ron gi pcre cts de es pos Taos senieaeco mrosufcient, resp, podeons, Stic ets Logo, ons um Bem aos os Romer Ene de mos ho ero fant demons 0 Po Gros seta Toga da aac plo fat de que sv eps dos omens, enbors diversas econ, cnt conordan em touenderoBem af. PROSA TIL Vos também, 6 crates terrens, entrevedes como que em sowho, numa ténve fia, 0 principio de onde procedeis, e com © Densamento,embora pouco peaeirant, olhals 0 verdadero fim a fue tenis - 0 fim da Felicidade. O deseo natural vos inclna para fo bem vetdadeiro,embora os muitos eos dee vos afaste. ‘Considera, pos, s@ os homens estio em condicdo de atingit ‘fim por eles fixado através destas cosus mediante as quals et€em ‘que podem aingi a felicidade. Seo dinheiro, as hon ov as ou teas coisas levam atl resultado, a qual parega nada falar daquilo ‘que € bom, eatdo ea também admitivia que alpusém pode ser feliz fo alcangar estas coisas, Se, pocém, nao se encontram em congo de realizar o que prometem,e se carecem de intineros bens, n30 & claro que nels se percebe apenas uma flsa imagem da felicidad? Em prtnero lugar, aterzogo a i mesmo, que até hi poueo {empo vivias no lnxo: no meio daquelariqueza abundante teu espe vito munca foi perturbado pela inguierude de alguma contraiedade? Boécio ~ Pelo contririo, nio consigo recordar-me de ter © finimo to livre que nia estivese aingido por algum temo. 56 Congo Feta 10 a At Ds ni Filosofia «Iso acontecia, eeio en, om porque te fatavam coisas que nip quenas que te faltassem, os porque huvie aquelas aque no desejavas ter? Bogelo Assim era. Filosofia ~ Desejavas, pois, a presenge das primeiras © & auséncia das segundas? Boscia - Contesso que smn, Filosofia - Quem desea tlgo. porém, carece daquilo que desea do concords? Boécio -Carece. Filosofia ~ Mas quem carece de algo, nao & de todo auto suticiente Boscia - Nao 6. Filosofia - Entao tx, helo de riquezas,estavas necessita- do? Boscia - Sem dvi. Filosofia ~ Portanto, as riquezas nao conseguem Iiberar 0 hhometn da necessidade e tomo auto-suficiente, emborafosse isto que pereciam prometer. Além disso, jlgo de suma importancia festa outra considerasao: 0 dinheiro no fem, por naurera, 2 pezro- _gativa de no poder ser trado do done conta vontade dese Boécio - Concord. Filosofia - E como 0 negarias, se ves que todos os dias © mais forte a forga 0 arranca de outrem? Alis, donde surgem os pileitos judas, send do fato que se quer recuperaro dinheir ti- ‘ado de alguém pela forga ou pela faude, contra sua vontade? Boécio - De fata é asim. Filosofia - Poranto, para poder guardar a prpria riqueza alguém precisa de um socoro vindo de fora Boécio - Quem 0 negari? Filosofia - E no precisaria sendo possutsse @ riqueza que pode perder. Boécio - No hi divide. Filosofia ~ Assim a situagdo acaba por inverter-se: agueles| bens que os ricos aereditavam que os tomeriam auto-suficientes, {omnam-os, go invés, dependentes da protegdo de utr, (oto Fez 10 a7 oo Facade Testor De que modo, pois, as riquezas podem suprimir as neces sidades? Por caso, orcas nio sentem fome? Nao podem sen fede? Seus membros no softem com o fro do inverno? Tu podes fesponder que a0s cos nlp foltam meios park saciar a fome © [placara sede © 0 fri, Deste modo, as riquezas podem abrandar a ‘ecessidade, mas poster suprimi-la; se esta, isacivel como & ‘eempre espera de go, ¢ sociada com riguezas,€ necessirio que pormancga fora dela aquilo que pode saciéla, Nem me refi 20 Fito de que «natureza se contenta com um minim, enquanto nada pode saciar a avareza. ‘Se. pois, a Fiquezas no podem remover @ necessidade, & antes, pelo contro, exam soa propria necessidade, porque reds, tent, que clas podem oferecer-vos a suficiéncia? PROSAIY Mas os cargos, segundo se dz, tram honorivel erespei- tavel quem dle € investi, Por aeaso 0s cargos tm a forga de Tundir vitdes © expulsr vicios nas mente de seus ocupantes? Pelo contro, no costumam expasat a maldade, anes attra ims evident, e por S30 nos Sdignamos mies vezes por vs Confeidos a pessoa ctiminoss. Por #880 Cato” embora ise Noni gemtadena ear de Curul, mesmo assim cham dees ‘rus Ves, pos, como oF cargos aumentam a desonr ds pesso- SS indigna, Sua inignidde apneceria menos, se nenbum ofcio onroso as expasesse ans olhates. Tu também. & quatos prigs fe dainaste muzit, quando pensaste assume wina magisarura jjmtocom Decora, sabendo que se tratava de um bu iniqu € {keator? No poder ular dies de espito, devido ns cargos {que ceupam, ticles qe jgamosIndigros dos mesinos eatgs. Se, pore, vés una pesos dota de sabedora,poderas por ven- tura julia infign do respi ou da sbedoria de que 6 dada? "Bosco - De moro sigun FFlosefic~ En verde, «vitae possui ue digniade Imépria que se ansfnde imediaamente em quem 8 possui see pe mee (aber cotta) steak uh naitheds 38 . Cott fa 10 candle tae shone te Am grab ont TO a a aA OS Laie tbat De Bot como 8s honras poplars no podem produzir esse eft, fie cla ro gue elas nao passem a bolezacaracerstica da dignidade ‘A esse repeito deve-se observar se 0 desprezo por alguém E tanto maior, quanto maior & 0 nmeto dos que 0 desprezam, en- {2908 eargos, como no conseguem tomar respeitavcis aqueles que em em evidéncia,contribuem antes para torsur mais desprezados (0 improbos. Isto nJo acontece impunement: 0s improbos prestam ‘gual trabalho aos cargos, manchando-os com seu contigo. E para que pereebas que por essas dignidades, vis como sombras, io se pole aleangar © verdadeira respeico, considera 0 ‘que vou we dizer se alguém, que indmeras vezes foi consul, eacon- ‘rare um dia entre povos birburos, haverdo seus cargos passalos de Fazé-lo respeitad pelos Iiraros? Ora, se este efeito Fosse n= ral aos eargos, estes nfo perderiam sus fungdo em enhum lugar, tal como o togo que, em qualquer lygar do mundo, nunca dena de aguccer. Porém, como as dignidades mio recebem honra por algo aque thes € inrinseco, ¢ sim plas falss opinides dos homens. elas ‘se esvaem de imediato, quando deparam-se com povos que nao as reconhecem como tas, Isto aontece entre os povas estraos; nas fenice agueles que viram estas honras suit, seré que elas duran para sempre? A pretura, que outrora representava um grande po- ddr, hoje € um nome vazio, o titulo de senador & hoje um ferdo ‘ners; outrora era ido como importante 0 vargo de prefeiio da “anon, que se oeupava com 0 ahastecimento; mas que existe hoje {de mais desprezivel que aquela prefeitura? Como disse pouco ai ‘ma, equilo que no tem yalor por si mesmo, adquire ou perde es- plendor segundo opinizo dos que autilizam. Se, pois, os cargos nio podem tomar bonrados, se, além isso, fieam denegridos pelo contato com os criminosos, © eessam e resplandecer com o passar do tempo, se so tidos como vis a consideragio de outros povos, entio que belezatém eles em si que se poss desejar , ms ainda, que se possa comuniar a outros? (aoa Fants 10 3 a ts Matt Tsar PROSAV (0s teinos, porém, ¢ a familiaridade com 0s reis poderao tomar alguém vetdadiramente poderos0” E porgue mio se pode Srpomentarse sua flicidade dora para sempre? Pode-se responder {ue lunto passado como 0 presente estao cheios de exemplon de fis cue felicidad tansformou-se em mise, Trata-se de um po- ‘der mataviltso,ineapaz de conserva asi mesmo! ‘Admitindo-se. pos, que @ poder politico & causa da felici- dade, deverse também admit que, se cle no € completo, diminui também a felicidad e intoduz-se a miséria. Ora, por mais que se Sastrem os reinos hurnanos, sempre sobraim necessariamente ri fox povos, sobre 0s quais cada um dos reis nfo consepue impor seu Ulominio. Mas aqua parte onde no chega 0 poder que forma os hhomens felizes, Ie ent 0 nao-poder, que leva consigo miséria, ‘Assim sendo, €necessirio que eaiba 208 res uma parte proporcio- palmente maior de miséria ‘Uns tirano, coniecedoe dos perigos de sua condi, repre- sentou 0 mede de quem comands, pr uma espada suspensa sobre a ‘abcea. Que poder € este, ent, que ndo consegue expulsar a dor ‘da preocupagi e evita torment do temores? “Os poderosos gostariam de viver emt seguranga, mas no conseguem:e no entanto gloriam-se do poder. De tua parte, julgas porleroso aquele que nto pode realizar 0 que desea’? aquele que se ferea de guardis? aquele que teme as pessoas a quem sterroriza? faqule que, a fim de parecer poderoso, entregase 3s mos de seus sorvidores? DDepois de haver demonstrado como os reinos estio cheios ‘de imbecile, coxna-sedispensivel falar a tespeito dos cortesios, Fstes segoidamente sia vitimas do pode do soberano, tanto qua do esti no aug, como quando na queda. Nero obrigou a Sénecs, ‘que era seu amigo e mest, a escolhera forma da morte que mais The agradasse; Antonino fez apunhalar pelos soldados a Papiano, {be por muito tempo fora homem importante na corte. Ambes qui Seram renunciar ao poder e Séngca tentou mesmo oferecer a Nero a Clos at -10 Lae Ato De Bot ‘suas Fiquezase retiarse da corte; mas, arastados pela grandeza da ‘sua situag0, neuhum deles obleve a que desejava ‘Que especie de poder € este que causa tenor a quem 0 pos sui, que ni te deixa seguro quando 0 queres posse que mio po- ‘es abandonar quando queres enunciar ele? Por acoso servirao de garanta os amigos que foram conse- gids pela Farin e no pela vrtude? Aquele que 2 prosperidade ‘omou amigo, o infortinio tornaré inimigo. E que flagelo mas eft ‘az part matar do que oinimigo denzo de casa? PROSA VI A. sla, como enganosa és vss e quo ignominiss No sen arb gue» posta gio [Euipdesexlama: "0 g16 Te espa ae dhe ents Muto obtveram grande eputag devido ser: Fale da opine publica a cpa mab eomiiea gs 52 pode imi, pols oq sto exaltados plas vides que no tem. slo os primete 8 envergonhar-se dos Iuvores emo me- tecem. Ese gem fas de mie version, que eck faa mls podkran soeteclar consign do stio,0 qua mee © pepo valor no som o meto da popula, mas pla all dade be son contents? Além diss, se parece belo propaga o prio nome, se- ese queso deve jugar como ates a0 av lo dium. Mis, como dssemos aim exist frgoamente mais pOvOs as Guus io pode chara fama de um determina home e Dor bso, aguee que tu lgas gleiootaversejawtlete des. ened om ura ei vzinba ate todas as formas de gia jlgo que nem deve sr eos sal gi pn ala ‘onal enem sant consanizmen Assim, pas quem no vé quo Yio © glo inane 0 tn de robreca So eu sete am, tose eau 8m pois a obra pres sc una epécte de Tour proveicle dos Tasos dos anpasaios. do es fam proven da clad, eg Feet -10 6 exncigobe fo ae Fora Madina Tess orgosamente devem ser afamados os que foram eélebres: © por jsvo, 0 esplendor alheio munca te faréafumado se te mesmo nao postues celebridade. se a nobreza possui em si alpuma coisa bos, Entao € somente a seguine: a de impor aos nobres a obrigayao de fio degenerarem da virtue dos antepassaos PROSA VIE Que dire’ dos deeites comporais que, enquanto desejados, lenchemn de ansiedade © quando saciados, enchem de remorsos? ‘Quanta enfermdades e que dares insuportiveis costurnam os vic fs eausar no corpo de quer se compraz como que nos fruts da Iniquidade. Noo sei dizer que prazer podem causar; mas quem qui- serse recordar de sua luxira, saber como € st o fim dos praze- es Admitindo-se que estes ragam a Felicidade, no vejo porque os fanimais nao possam see chamados de felizes, pois sua inclinayio std totalmente voltada a sasfazer as exigéncias do corpo. Prazer Fhonestissimo 6, sem dévida, aquele que a mulher € 0s filos do: ‘mus, com muita preciso, fi dita propdsio de mo sei quem, que nos filhos encontrow os proprio trcuradores. At, que em outros tempos jf experimentate e que ainda agora te preocupas, io €ne- ‘cessrio recordar quantas preoeupagées os filhos causam,e quantos uidados, qualquer que seja sua condigio, A esse respeit, concor- do com a sentenca de meu Euripedes, quando diz que “aquele que ‘tem filhos€ feliz em seu inforsnio”. PROSA VIL [io I dvidaalguma, que esses caminhos para a felicida 4e ropresentam solugdes aberrantes e nio consepuem levar nin- gus aquilo que promeiem. Em poucss palavras mostrarei de ‘quantos males elas se encontram meseladas, Desojas acumular i nheiro? Deveris dio de quem 0 possui. Se ambicionas dignida- des, ters quo suplicilasa quem tas pode dar, eexatamente tu que “desoas superar os demais em dignidade, sujeitando-te a pei-las 2 ‘outros estar te desonrando, Aspiras ao poder? Estris sujeto as 2 (gta Fac -110 is Abea Do Bond tralgdes dos stiditos e aos pergos. Sonhas com a gli? Entio di ‘agards por caminhos dspetos e munca estas seguro, Desejs wna Vida de Volupia? Mas guem no tem despreza © repugnancia por agucle que se faz escrave de uma. coisa villssima e fragilissima camo € 0 corpo? Em verdad, sobre que posses inconsistentes € exiguas se fundam aqueles que se comprazem nos dons fisicas? Ou podereis ter um corpo maior que o do elefunte, ou mais forsa do que os tou 1s, mais velocidade que os tigres. Consderai a grandeza, tabilidad e a celeridade dos cus, e deinai de louvar a coisas sem valor. O eéu, porém, nio causa admiraco pelo que acabo de dizer, ‘quanto pelo principio racional que o dige. Quanta ao esplendor da Deleza, como € passageiro e fugaz: é mais caduco que as elemeras flores primaveris! Se, como diz. Arstteles, os homens tivessem ‘olhos de linee, de tal forma que pudessem penetraralém dos obsti- culos ¢ enxergassem as estranhas de um homem, entio 0 corpo de Aleibiades, lo belo ao ser visto por fora, tomnar-seia horrorso, Poranto, o que te faz belo no é tua natureza, mas a fraqueza da vista dos que te olham, Podeis, pois, valorizar quanto quiserdes a beleza corporal, contanto que tenhais presente que ito que adi nis pode ser desta polo calor de usa febre de rs das. Destas consideragées & possvel recalhe em sintese, que estas coisas relatadas nem podem dar os beas que prometem, nem lo a perfeizio pela unio perfeita de todos os bens, nem sio os caminhos que conduzem i febicidade © nem tém a capacidade de ‘omar feliz PROSAIX Basta por agora 0 que havemos demonsirade sobre as ea racteristicas da fals Felicidade. Se isto te est claramente presente, resta agora mostrar qual seja a vendadeira felicidad Boéeio ~ Sim, reconego que a sufiigacia nfo pode vir das riquezas, nem 0 poder pode vi da fato de reinar, nema hoara das Aignidades, nem a fama da glia enema alegria vem dos prazeres, (gh ie 110 6 anne Fx Mai Testor Fitmofa » Peshst ambin oF moivos or que eas coiss so sin? ove Perceb de mado um nt conto, sin como quem vé pe tnt et, Riese porta de Wer ais ar Flow Orato isn és gu viet al Jo aurra€Smples ends, aston pel oa = re Pc tanner om soe imperetoo ue € perfeo ever se! eres ce fogs ase ater mae fl? occioe De mane lgua Fla Ets cro, py defo, wna east se ae cen mt bl ua pai edt qe pr sa pre nao sux doen Bost Sem divide Floajio™= Poranto, 4 silica € a poéncia posuem ama seamen ster iowa" Assim me pe. Flow juga aq set despenvel agule qe 4 Fene mesto prssn os gu sj igo de tod a oa? ode “Noo pods aver dividas 8 espe Flosofia~ Atrescntmoso respi sued © po Lec tenmlos con se fos ue ci 6 ‘Bacco Devers tesa pis les 0d fo ua 6 Filorofa - Ora, pensas que esta “cise” obscura e ign, ‘ou insigne pela celebridade? Considera, pois, se aquele que n2o ex rece de nada, a respeito do qual se admit que € poderosissimo tligno de toa honra, se cle pode estar privado de uma fama que no estaria em condigio de alcanger, e que parega por isso despre~ em algum aspect. ‘Boscia - Nao posso deixar de reconhecer que as coisas so assim e que ele dove ser famoso, Filosofia ~ Consequentemente, deyemos sx fama em nada diere das ouras ts qualidades acima cited. ‘Boéeto- E uma conseqiéncia Logica sean oteed fie. gue a “ (gta Fastin NO re lute Ata De Bot ‘oso ale qe oto nes ds go eran, se por un erga pote as tava Gu ea, ¢ mon foo de expt do sere sumanent fl? ‘Buco - Nao song seqoer gna dood poss provi alguna ato em a se Se, ols penmuncteem iat af ings preven, ¢ cess sii que el or da plentds akg Piso» Foran, pelos nesmos nsvos € secs adr que aster» psenca fame mapeo os leg Sao none eran, sq em nda dif nu sl odio Sm divide, Flosof gue € uo © snp por uaa, made dos noun ocr peda «paranoia pare Se {em ot artnet se apes dupe, quem x, emo todo, ques nine occ Mas deus mos? Flos Quem proc x gdens para igi da pn so se peacpa como pode epee pemanscer humo Cote pate ab sleep arly i den acl, Mas date modo em vegeta i, ot qu ss pavado de poder, omens fois prvgin, urhads por aut bea cele o spend Pel oscuiae. Aquos pore, ql dena ps deers SS igus abo we pace co cx praetes® ss homts qe no taser cog oper nr se ipo som 36 Ms odes ‘er uaa cis fai tame 2 ete: aoc pr Yeats ee ts premio pel ata, econo aoe em raga doe pela, acaba por perder o poser gus to deeva Ba ering Tema pode la epi dara, da 6 © do pen, poi ci ua deta alas so encom os cura ale ue pcr sn dels scm procera cu 0 cones sh nn i rc oda Mes que ane algun desis rwscsmulascnentsdednsesascokat nn me ig Fis 110 6s PO Fast Mai -Testar, Filosofia ~ Este buscaria a felicidade no conjunto detes CCrés, poréin, ue encontraria naguelas coisas que, como de- rmonatramos, ao podesn dar aqulo que prometein? ‘Boscia - De modo algun Filosofia - De neshm moro, pois, a Felicidade deve ser proeurada naguelss coisas que, fomadas una a uma, parecem ofe- Frcer os bens que se desejam. Boscia - Confesso que € as mais verdadeira do que esta Tilasofia- Assi, pois tens as earactersticas da false feli- dade e suas casas. Volta agora o olhar de tua mente em divegio ontciia,e verds de imodiato a verdadeira Felicidade, que te pro- inet fam, © nenhuma afimagio & Boscia - Esta felicidad 6 evidente agora a para ui cego, « foste tu que hi powsn me mostraste, enquant procuravas des- ‘eodar as causas da fsa felicidade. Porque, se 0 me engano, & Telleidade verdadeirae perfeits € aque toma auto-sufciente, pode- oso, respeitvel, famoso e alegre quem a possui-E para gue saibas fgue compreendi fundo o que disseste digo que se alguma coisa pve realmente ofereer qualquer um desses bens ~ € como eles se ‘enificam ene si - essa cosa € a felicidade plea, Filosofia ~ Estas palaveas podem fazer-te feliz, 6 meu di ilo, se juntas clas uma outa cise. Boscio Ogue? Filosofia ~ Cres que nestas casas morta e cadueas ha slgo que possa realizar uma condici deste tipo” Boécio De modo nenhurs isto foo bem demonstrado por i que dispensa qualquer outa prov. Filosofia - Porta, estas coisas, ja mencionadss, dio 20s homens imagens iuscrias do verdadeiro bem, ou dio bens apo: tes, mas no pealem oferecero bem verdadeio ¢perfeito Boécio - Concorde pienarente Filosofia ~ Como compreendeste qual 6 a verdadeica flict ‘ade e quais so as Falsas aparéncis dela resta agora descobrizes| ‘onde a possi encontar ‘Bodie - a tempo ¢ com impaciéncia espero por isso. 6 Catt si 110 oe Abate Dn Bost Filosofia ~ Mas, como © meu Phitio afiema no Timcw, que

You might also like