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CONCEIOS: EDUCAÇÃO, PEDAGOGIA E DIDÁTICA

EDUCAÇÃO
A educação é um fenômeno social que abrange os processos formativos dos homens de
acordo com determinado paradigma.
No sentido amplo de conceber educação, Brandão (1985) afirma que ninguém está livre
da educação, pois, de um ou de vários modos, todos estamos envolvidos em nossas
vidas com ela, tanto para aprender quanto para ensinar, para saber, para fazer, para ser e
para conviver.

Não há modelo de educação e nem lugar determinado para que ela ocorra. Portanto, as
mudanças na sociedade atual contribuíram para consolidar o entendimento da educação
como fenômeno de múltiplas faces, ocorrendo em diversos lugares e contextos, de
forma institucionalizada ou não, das mais diversas modalidades. (Brandão, 1985)

Brandão(1985), nos diz que educação é todo conhecimento adquirido com a vivência
em sociedade, seja ela qual for. Sendo assim, o ato educacional ocorre no ônibus, em
casa, na igreja, na família e todos nós fazemos parte deste processo.

“Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou


de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar,
para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias
misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações.”
(BRANDÃO, 1985, p. 7)

Buscando a contribuição de Freire (1975) entendemos a educação como um ato político


que tem caráter permanente, que existe em graus diferentes, mas que não são absolutos,
pois o homem, por ser inacabado não sabe de maneira absoluta. Paulo Freire parte da
reflexão sobre o homem para refletir sobre a educação. Nesse sentido, o homem torna-
se sujeito da educação. Para Freire, a educação tem, como objetivo, provocar e criar
condições para que se desenvolva uma atitude reflexiva, comprometida com a ação,
levando-se em consideração o contexto sócio-cultural em que está se processando, além
de ter cunho emancipatório.

Para Freire, o sentido da educação é justamente o de libertar, emancipar o homem,


possibilitando-lhe buscar respostas, descortinar a realidade, construir conhecimentos
provisórios, pois não há verdades absolutas, enfim, permitindo-lhe criar suas próprias
possibilidades como ser.

Todo esse processo se efetiva na relação do homem consigo mesmo e na relação com o
grupo social no qual está inserido. Nas relações sociais, muitas vezes antagônicas, é
que percebemos o caráter emancipatório da educação, visto que, através dela, o homem
se humaniza, transformando essas relações.

Libâneo nos apresenta uma visão de educação como “conjunto das ações, processos,
influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e
grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de
relações entre grupos e classes”. (Libâneo, 2000, p. 22)
PEDAGOGIA

A Pedagogia é uma ciência, um campo do conhecimento, que tem como objeto a


educação, isto é, investigar a natureza das finalidades educativas de uma determinada
sociedade e os meios mais apropriados para a sua realidade, tendo em vista a formação
dos indivíduos e sua preparação para atuarem no contexto social.

A pedagogia estuda o processo pelo qual passa os indivíduos em sua formação global,
envolvendo neste estudo, o modo como constroem seus conhecimentos e experiências e
assimilam informações, para então, encontrar meios e condições metodológicas e
organizacionais apropriadas para viabilizar a prática educativa.

A prática educativa é o processo no qual são planejadas e executadas ações,


intencionais, através de objetivos e procedimentos estabelecidos criteriosamente, para
desenvolver o ser humano em todas as suas dimensões.

Para estabelecer suas teorias a Pedagogia utiliza-se dos estudos de outras ciências,
formando as suas bases na Filosofia, na Sociedade, na Biologia, na Psicologia, na
Antropologia e na Metodologia Científica, para então, estudar a educação, a instituição
e o ensino, criando ramos de estudos próprios, tais como a Teoria da Educação, a
Didática, a Filosofia da Educação, a Sociologia da Educação, a Psicologia da Educação
e tantos outros.

O conjunto desses ramos de estudo permite que os educadores compreendam o


fenômeno educativo e suas manifestações no contexto escolar, favorecendo o
desenvolvimento da prática educativa.
DIDÁTICA

A Didática é o ramo da Pedagogia que estuda os processos de ensino, tendo em vista a


aprendizagem dos educadores. O termo deriva do grego didaktiké, que em princípio
significou a ciências e a arte de ensinar. Foi utilizado pela primeira vez, em 1629, por
Ratke, que escreveu os principais aforismos didáticos. Mas foi João Amos Comenius,
em seu livro Didática Magna, que em 1657 definiu o termo como arte de ensinar
(MARTINS, 1986. P. 62).

Entretanto, do ponto de vista pedagógico, a Didática ultrapassa a simples arte de


ensinar, uma vez que no processo de ensino e de aprendizagem, os educadores devem
levar em conta a dimensão humana, a dimensão técnica e a dimensão política-social
deste processo, de modo integral e global, que ocorre em um meio cultural específico e
diversificado no qual as dimensões se articulam.

Assim, a Didática pode ser definida como o ramo da Pedagogia que estuda o conjunto
de procedimentos de ensino necessários à orientação da aprendizagem, tendo em vista o
caráter multidimensional que permeia o processo educativo.

O termo didática foi instituído por Comenius (Jan Amos Komensky) em sua
obra Didática Magna (1657), e originalmente significa “arte de ensinar”. Durante
séculos, a didática foi entendida como técnicas e métodos de ensino, sendo a parte da
pedagogia que respondia somente por “como” ensinar. Os manuais de didática traziam
detalhes sobre como os professores deveriam se portar em sala de aula.
Tradicionalmente, os elementos da ação didática são: professor, aluno, conteúdo,
contexto e estratégias metodológicas.
Com o estudo dos paradigmas educacionais nos cursos de pedagogia e de formação de
professores, amplia-se oconhecimento em relação à didática. Em cada tendência
pedagógica diferem visão de homem e de mundo e modifica-se a finalidade da
educação, mudam o papel do professor, do aluno, a metodologia, a avaliação, e,
consequentemente, muda-se a forma de ensinar.

Atualmente, a didática é uma área da Pedagogia, uma das matérias fundamentais na


formação dos professores, denominada por Libâneo (1990, p. 25) como “teoria do
ensino” por investigar os fundamentos, as condições e as formas de realização do
ensino. Segundo Libâneo (1990):

a ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino,


selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos
entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades
mentais dos alunos. [...] trata da teoria geral do ensino (p. 26).

A disciplina de didática deve desenvolver a capacidade crítica dos professores em


formação para que os mesmos analisem de forma clara a realidade do ensino. Articular
os conhecimentos adquiridos sobre o “como” ensinar e refletir sobre “para quem”
ensinar, “o que” ensinar e o “por que” ensinar é um dos desafios da didática. Segundo
Libâneo (1990), a didática é:

uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através de seus
componentes – os conteúdos escolares, o ensino e aprendizagem – para, com o
embasamento numa teoria da educação formular diretrizes orientadoras da atividade
profissional dos professores.

Esse mesmo autor indica que a didática “investiga as condições e formas que vigoram
no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, políticos, culturais,
psicossociais) condicionantes das relações entre docência e aprendizagem” (p. 52).

A didática, fundamentada na dialética, é um campo em constante


construção/reconstrução, de uma práxis que não tem como objetivo ficar pronta e
acabada.

Fontes:

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.


C. Borges; D. Hunger & S. Souza Neto. Conceitos de didática: depoimentos de
docentes universitários da área de Educação Física. Motriz, Rio Claro, v.15, n.2, p.228-
235, abr./jun. 2009

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