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1.

 Para haver conhecimento, a crença verdadeira é suficiente. Será esta


afirmação verdadeira? Justifique a sua resposta, recorrendo a um exemplo.

Não, a afirmação é falsa, a crença verdadeira não é conhecimento porque


podemos ter uma crença verdadeira por mera sorte ou por intuição, tal como
acertar nos números de um concurso por palpite, ou saber algo por ouvir dizer
sem uma forte razão não há conhecimento porque este não resulta do acaso.

2. Explique porque é o objecto transcendente ao sujeito no acto cognitivo.

O Objecto é transcendente ao sujeito porque não se deixa possuir na


representação que o sujeito tem, permanece como algo exterior ao sujeito do
qual ele apenas tem uma imagem na sua consciência mas não o objecto em si
que não pode ser reduzido a uma imagem, é algo para além dela.

“É enquanto acto de conhecer que o método fenomenológico encara o


conhecimento, analisando-o nos seus elementos fundamentais e descrevendo a
sua estrutura” .

  3.  Apresente os aspectos fundamentais da análise fenomenológica do acto de     


conhecer. 
  4. Que tipo de abordagem e a que questões sobre o conhecimento respondem a
Fenomenologia e o Empirismo / Racionalismo?.

5. Coloque o valor de verdade de cada uma das seguintes afirmações: 

A. Sei que Paris é capital da França é um conhecimento por contacto.


B. A justificação é condição necessária para haver conhecimento.
C. Acredito em extra-terrestres logo, conheço-os.
D. Toda a crença é conhecimento.

6. «Então, além da crença verdadeira, que mais é necessário para termos


conhecimento?», pergunta o autor. 
Responda a esta pergunta, apoiando a resposta em um ou mais exemplos.

   Se eu sei que Paris é a capital de França, então acredito nessa proposição. Não é
possível saber que Paris é a capital de França e ao mesmo tempo não acreditar
nisso, ou, inversamente, não é possível não acreditar ou duvidar de que Paris
seja a capital de França e ao mesmo tempo saber que Paris é a capital de
França. Imagine que o Paulo lhe diz: “Sei que 72 = 49 mas duvido disso”. Como
reagiria? Decerto pensando que o Paulo se contradiz por não perceber que
“saber que” já implica “acredito em”. 
   Assim, este aspeto subjetivo, a crença, é uma condição necessária para que
haja conhecimento. Na verdade, é largamente aceite entre os filósofos desta
área que o conhecimento é uma forma de crença, embora não baste acreditar
numa proposição para ter conhecimento

7. Considere os textos seguintes e apresente a tese e os argumentos: 

A. "Agora, que resolvi dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que


era necessário rejeitar como completamente falso tudo o que pudesse suscitar a
menor dúvida, para ver se, depois disso, algo permaneceria nas minhas
opiniões que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos
nos enganam algumas vezes, decidi supor que nos enganam sempre. E, porque
há pessoas que se enganam ao raciocinar, até nos temas mais simples de
geometria, fazendo raciocínios incorrectos, rejeitei como falsas, visto estar
sujeito a enganar-me, como qualquer outra pessoa, todas as razões que até
então me pareceram aceitáveis. Finalmente, considerando que os pensamentos
que temos quando acordados nos podem ocorrer também quando dormimos,
sem que, neste caso, qualquer deles seja verdadeiro, resolvi supor que tudo o
que até então tinha encontrado acolhimento na minha mente não era mais
verdadeiro do que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei
que, enquanto queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava,
necessariamente era alguma coisa. E, notando que esta verdade, eu penso, logo
existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos
cépticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a poderia aceitar, sem
escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava".

 Descartes, Discurso do Método, IV, trad. port., 

Lisboa, Liv. Sá da Costa, 1988, pp. 27-28

Tese: A dúvida (até encontrar algo indubitável)

Argumentos:
- Os sentidos enganam sempre;
- Há pessoas que se enganam a raciocinar até na geometria;
- Rejeitou como falsas todas as razões que até então considera aceitáveis;
- Não conseguir distinguir (com clareza e distinção) o sonho  dos pensamentos
acordados;
- Mas...para supor que tudo era falso, ou seja, para duvidar...tinha de estar a pensar
e ser alguma coisa;
- Chega a uma certeza/uma verdade inabalável - o cogito: PENSO, LOGO EXISTO!
- O cogito é o primeiro princípio da filosofia cartesiana.

B. “Assim, dado que temos em nós a ideia de Deus ou do ser supremo, com razão
podemos examinar a causa por que a temos; e encontraremos nela tanta
imensidade que por isso nos certificamos absolutamente de que ela só pode ter
sido posta em nós por um ser em que exista efectivamente a plenitude de todas
as perfeições, ou seja, por um Deus realmente existente. Com efeito, pela luz
natural é evidente não só que do nada nada se faz, mas também que não se
produz o que é mais perfeito pelo que é menos perfeito, como causa eficiente e
total; e, ainda, que não pode haver em nós a ideia ou imagem de alguma coisa
da qual não exista algures, seja em nós, seja fora de nós, algum arquétipo que
contenha a coisa e todas as suas perfeições. E porque de modo nenhum
encontramos em nós aquelas supremas perfeições cuja ideia possuímos, disso
concluímos correctamente que elas existem, ou certamente existiram alguma
vez, em algum ser diferente de nós, a saber, em Deus; do que se segue com
total evidência que elas ainda existem.”

Descartes, Princípios da Filosofia, I Parte, p. 64.

Tese: A ideia de Deus está em nós. Qual a causa?

Argumentos: 
- Possuímos a ideia de Deus com tal imensidão que esta só pode ter sido posta em
nós por um ser plena e efectivamente existente;
- A ideia de Deus não brotou do nada;
- A ideia de Deus não pode ter sido criada por mim que sou imperfeito: a
imperfeição não gera a perfeição;
- não pode haver em nós a ideia de algo(neste caso de Deus) sem existir em nós ou
no exterior um modelo que contenha essa realidade  e todas as suas perfeições;
- Nós que somos seres imperfeitos, que  temos a ideia de perfeição...temos de
concluir que essa perfeição existe num ser diferente de nós - Deus.
- Se duvidamos somos seres imperfeitos pois é mais perfeição ter conhecimento do
que duvidar, logo não fomos nós que criamos a ideia de perfeição, mas sim um
ser perfeito que é Deus.
- Se eu penso em Deus ele existe pois se não existisse faltar-lhe-ía uma perfeição,
ou seja, a sua existência.

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