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EXAME NEUROLÓGICO

1- Avaliação do estado mental: o exame se inicia com a observação, avaliando


o estado mental, a postura e a marcha do animal. É possível analisar se há
uma alteração no estado mental ou no comportamento do animal. A
estrutura anatômica que participa da manutenção do nível de consciência é
o sistema ativador reticular ascendente (SARA), localizado no tronco
encefálico e realiza conexões com o córtex.
-> O comportamento do animal é controlado principalmente pelo sistema
límbico, localizado no lobo temporal do prosencéfalo.
-> Exemplos de alterações: agressividade, andar compulsivo, vocalização,
delírio e ‘’head pressing’’, que é posicionar a cabeça contra obstáculos.

4- Marcha: A avaliação da marcha é o principal para a observação para


pacientes com alterações locomotoras. Uma marcha normal é preciso a
integridade do do tronco encefálico, cerebelo, medula espinhal, nervos
periféricos, junções neuromusculares e músculo.
Quando anormal, o animal pode apresentar:
ataxia: é a incoordenação, pode ter origem proprioceptiva, devido a lesão na
medula espinhal; pode ser vestibular, por alterações vestibulares; pode ser
cerebelar, associada a hipermetria, que é a alteração da coordenação de
movimentos e tremores de intenção
paresia/paralisia: paresia é a perda da habilidade de sustentação do peso ou
inabilidade para gerar movimentos, que também pode ser definida como
diminuição da movimentação voluntária dos membros, e paralisia é ausência
da função motora.
Paresia é mais relacionada com distúrbios no neurônio motor inferior
Paralisia é mais relacionada com distúrbios no neurônio motor superior
claudicação: pode ser de origem ortopédica ou compressão de raiz nervosa
ou andar em círculos, que é uma alteração comportamental associada a
lesões prosencefálicas ou no sistema vestibular
*andar em superfície plana, observar de vários ângulos, andar em círculos,
subir escadas*
3- Postura: É feita observando o animal em estação, avaliando as anomalias
na posição da cabeça, tronco e extremidades. Essa avaliação abrange
diversas estruturas, como a integridade do tônus muscular, tronco encefálico,
sistema visual, sistema vestibular e cerebelo. Lembrando que a postura está
diretamente relacionada com o sistema extrapiramidal, responsável
justamente pelas funções involuntárias que envolvem o tônus muscular e a
postura.
-> Exemplos de alterações são o Head tilt (inclinação da cabeça), que pode
estar relacionada com desordens vestibulares e cerebelares, também tem a
rigidez descerebelada que é caracterizada por extensão dos membros
torácicos, flexão dos membros pélvicos e opistótono, mais relacionada com
lesões cerebelares agudas

4- Palpação: palpação cuidadosa e sistemática da pele e dos sistemas


esquelético e muscular do animal, detecta-se qualquer alteração ou anomalia
óssea ou articular, avaliando tamanho e força de todos os músculos do corpo.
Feita em direção caudal cranial ou cranial caudal.

5- Reações posturais: respostas ou reflexos que envolvem os sistemas


sensitivos e motor.
É importante mencionar que os proprioceptores estão localizados nas
articulações, tendões, músculos e ouvido interno e captam informações
externas que são transmitidas para o córtex, onde é processado e
retransmitido para a musculatura, esses receptores estão relacionados com o
reconhecimento do próprio corpo do animal em relação ao ambiente.

propriocepção: (teste das patas viradas) é esperado que o animal retorne a


pata para o posicionamento anatômico imediatamente e é repetido para que
tenha a confiança da resposta, pois déficits sutis podem estar presentes.
São avaliadas as vias aferentes sensitivas, as vias proprioceptivas
ascendentes e as vias motoras descendentes das extremidades.
Saltitamento: (teste de segurar um dos membros e movimentar pra que o
animal se equilibre com a outra). é feita em ambos os lados e devem ter a
mesma resposta e o animal deve responder saltando a pata que está apoiada
no chão.
avalia-se as vias aferentes sensitivas, as vias proprioceptivas ascendentes e
as vias motoras descendentes de cada extremidade.

carrinho de mão: carrega-se o peso do animal sobre as extremidades


anteriores e o animal deve ser capaz de andar com movimentos coordenados
pelos membros anteriores.
avalia-se as vias aferentes sensitivas e as vias proprioceptivas ascendentes e
as vias motoras descendentes das extremidades anteriores.

levantando a cabeça do animal, suprime-se a informação visual e induz a


extensão das extremidades anteriores, esse processo permite a detecção de
anomalias mais sutis.

impulso postural extensor: o animal estende as extremidades posteriores


antes de encostar no solo, a fim de conseguir uma postura correta.
avalia-se as vias proprioceptivas ascendentes, vias motoras descendentes da
extremidades posteriores o sistema vestibular, relacionado à postura
hemi caminhada: coloca-se o peso do animal sobre as extremidades de um
lado, forçando o animal a deslocar-se lateralmente e observa-se os
movimentos de cada extremidade.
Avalia-se lesões neurológicas unilaterais que só manifestam déficits nas
extremidades de um lado

reação de situação: resposta do animal diante de um obstáculo. É feito com


informação visual e sem informação visual. Em ambos os casos o animal deve
se apoiar sobre o objeto.
Avalia-se as vias aferentes sensitivas ascendentes e as vias motoras
descendentes das extremidades anteriores, além das vias ópticas, quando
essas estão participando.

6- Reflexos miotáticos (espinhais) e tônus muscular: permitem na classificação


dos sinais neurológicos como provenientes de lesões no neurônio motor
superior ou neurônio motor inferior, é considerada como continuação da
avaliação das reações posturais.
lesão de neurônio motor superior: reflexos e tônus encontram-se normais a
aumentados
lesão de neurônio motor inferior: diminuição ou ausência de reflexos e tônus
membros pélvicos:
reflexo patelar: golpeando o ligamento patelar - avalia a integridade dos
componentes do reflexo patelar: neurônio sensorial aferente e neurônio motor
inferior, que nesse caso há a sinapse com dois neurônios motores alfa,
excitando um e contraindo outro para que haja o reflexo.

reflexo flexor: ‘’belisco’’ na membrana interdigital para reflexo de retirada -


avalia a integridade dos componentes do reflexo flexor de retirada: neurônio
sensorial aferente, interneurônio e motor inferior

membros torácicos:
reflexo extensor carporadial
reflexo bíceps
reflexo tríceps
reflexo flexor: estímulo na membrana interdigital para reflexo flexor de retirada

obs: a avaliação da percepção consciente de dor (a dor superficial, que é


pinçar as membranas interdigitais para o reflexo flexor dos membros pélvicos
e torácicos; a dor profunda, que é avaliada com auxílio de uma pinça
homeostática, aplicando pressão nas falanges distais) envolve a participação
dos nervos periféricos, medula espinhal, tronco encefálico e córtex. É
importante avaliar a reação consciente do animal, e não apenas o reflexo de
retirada, como virar a cabeça, vocalização ou tentativa de morder.

reflexo perineal: estimula a região anal, a resposta é uma contração do


esfíncter anal e flexão da cauda. Se a resposta é pouca, faz o estímulo de
beliscamento com uma pinça nos pelos da região. Esse reflexo testa a
integridade do nervo pudendo e segmentos espinhais associados e cauda
equina.
7- Nervos cranianos: realizado após os exames das reações posturais e com o
mínimo de contenção possível, quando o animal estiver relaxado

resposta à ameaça: é preciso testar os olhos separadamente, cobrindo o olho


que não será testado. Para chamar a atenção do animal, é realizado um
movimento de ameaça em uma distância considerável para não sensibilizar o
nervo trigêmio. O normal é o animal fechar as pálpebras por completo e
imediatamente.
-> Nesse teste, é avaliada a porção aferente que é composta pelo trato visual
(segundo par de nervos cranianos, que é o nervo óptico) e a porção eferente
que é composta pelo nervo facial (oitavo par) e pelo cerebelo.

reflexo pupilar: realizado em ambiente escuro, com os olhos previamente


cobertos para que haja midríase e assim possível avaliar a resposta à luz.
Avalia-se a resposta de contração da pupila que recebeu a luz (reflexo pupilar
direto) e da pupila contralateral (reflexo pupilar consensual) - por que a pupila
que não está estimulada também contrai um pouco, só é mais lento que o
reflexo direto por conta do menor número de fibras envolvidas nesse reflexo
-> Avalia-se o nervo óptico, que é responsável pela função sensitiva (é o que
recebe o estímulo luminoso) e o oculomotor, que é responsável pela função
motora de contração pupilar.

reflexo palpebral e sensibilidade facial:


para o reflexo palpebral, deve-se realizar um estímulo tátil suave nos cantos
medial e lateral das pálpebras e espera-se que o animal feche as pálpebras
(pode usar a ponta dos dedos ou cotonete)
para a sensibilidade facial, é realizado estímulos de toque na face em
diferentes regiões com um cotonete ou pinça hemostática e é esperada a
contração da musculatura facial e fechamento das pálpebras. O estímulo da
mucosa nasal deve ser feito com os olhos do animal tampados, e é esperada
a resposta de movimentação da cabeça consciente
-> em ambos os testes, participam da porção aferente os ramos oftálmicos,
maxilar e mandibular do nervo trigêmio e, da porção eferente, o nervo facial.
obs:
ramo oftálmico: responsável pela inervação sensorial da córnea, canto medial
do olho, mucosa nasal e pele do dorso do nariz
ramo maxilar: responsável pela inervação, principalmente do canto lateral do
olho, pele da bochecha e focinho.
ramo mandibular: inervação da parte mandibular da face e cavidade oral

simetria facial: observação da face do animal em busca de qualquer


assimetria entre a face direita e esquerda. Hipotrofias musculares dos
músculos da mastigação (lesão da porção aferente do nervo trigêmeo) e
ptoses de pálpebra, lábio ou orelha (lesão na porção eferente do nervo facial)
podem causar assimetria.

(observando simetria dos lábios)

também observar o tônus mandibular, que pode indicar lesões precoces do


nervo trigêmeo antes que se visibilize qualquer grau de hipotrofia
nistagmo fisiológico: o nistagmo fisiológico é o reflexo oculovestibular, para
realizar deve-se movimentar a cabeça do animal para ambos os lados na
direção horizontal. A resposta esperada é um movimento rítmico e
involuntário dos olhos (nistagmo fisiológico). Na ausência de movimentação
da cabeça não deve haver nistagmo, quando presente é classificado como
nistagmo patológico e/ou posicional, indicando na maioria das vezes uma
lesão no sistema vestibular
-> nesse teste são avaliados os nervos oculomotor, abducente e
vestibulococlear

Palpação da coluna : Última etapa do exame neurológico, para diminuir o estresse durante
a avaliação, com o objetivo de identificar áreas dolorosas (hiperestesia) ou com restrição de
movimento na região da coluna vertebral e plexos. A palpação é feita através de aplicações
crescentes de pressão lateralmente aos processos espinhosos em uma sequência
craniocaudal ou caudocranial. O animal deve permanecer em estação para realização desta
etapa. A coluna cervical deve ser manipulada suavemente com movimentos laterais, ventral
e dorsal. Outra técnica bastante sensível para detectar hiperestesia na coluna cervical é a
realização de pressão nos corpos vertebrais cervicais enquanto efetiva-se o suporte do
pescoço dorsal com a outra mão. Assim como, é importante palpar a região dos plexos
braquial e lombossacral.

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