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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

TEREZA CATRINA FERREIRA FERNANDES

GERAÇÃO DE ÁBACOS PARA DIMENSIONAMENTO DE


PILARES DE CONCRETO ARMADO COM SEÇÃO
CIRCULAR

NATAL-RN
2018
i

Tereza Catrina Ferreira Fernandes

Geração de ábacos para dimensionamento de pilares de concreto armado com seção circular

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Barros


Coorientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho

Natal-RN
2018
ii

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Fernandes, Tereza Catrina Ferreira.


Geração de ábacos para dimensionamento de pilares de
concreto armado com seção circular / Tereza Catrina Ferreira
Fernandes. - 2018.
117 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Civil.
Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Barros.

1. Pilares - Monografia. 2. Concreto Armado - Monografia. 3.


Ábacos adimensionais - Monografia. I. Barros, Rodrigo. II.
Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.012.4


Djalma Mariz Medeiros.

Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do


Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia – Departamento de Engenharia
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262
Civil.
1. Consumo de água. 2. Sistema de Abastecimento de Água. 3. Índice
de Perdas. 4. Simulação Computacional. I. Sales, Lindolfo Neto de Oliveira.
II. Medeiros, Djalma Mariz. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 626.21


iii

Tereza Catrina Ferreira Fernandes

Geração de ábacos para dimensionamento de pilares de concreto armado com seção circular

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em 30 de novembro de 2018:

___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros – Orientador

___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres da Silva Filho – Coorientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto – Examinador interno

___________________________________________________
Eng. Marcos Daian Figueiredo da Silva Saraiva – Examinador Externo

Natal-RN
2018
iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre


estiveram ao meu lado em todas as
dificuldades, me apoiando com amor, carinho
e confiança.
v

AGRADECIMENTOS

Faz-se necessário agradecer nominalmente àqueles que diretamente ou indiretamente,


participaram, de alguma forma, na elaboração desta tese. Desta forma, expresso aqui os meus
mais sinceros agradecimentos:
Agradeço em primeiro lugar aos meus pais, que sempre me proporcionaram uma
educação de qualidade e me incentivaram a progredir nos meus estudos, acreditando sempre no
meu potencial e me proporcionando pensamentos positivos nas fases mais difíceis.
Agradeço aos professores do Departamento de Engenharia Civil da UFRN e aos outros
que tive contato e que de alguma forma me auxiliaram na minha jornada até esse momento. Sou
grata pela dedicação seu tempo, da sua atenção e da sua paciência para passar os seus
conhecimentos e experiências para mim e para todos os alunos. É fundamental que essa
profissão seja reconhecida e admirada, pois é através da educação que a transformação da
sociedade pode acontecer.
Agradeço a cada um dos meus companheiros de sala, os quais, com suas
individualidades, tornaram essa jornada de cinco anos mais fácil e mais divertida. Em especial
às minhas amigas: Ana Carolina Galvão, Maria Eduarda Almeida e Silvia Rêgo que sempre
estiveram ao meu lado durante os projetos, trabalhos, estudos e nas horas de lazer.
Quero agradecer especialmente ao meu orientador Prof. Dr. Rodrigo Barros, que além
de professor e orientador, se tornou um grande amigo. Uma pessoa que não mede esforços para
ajudar o próximo, extremamente solícito, compreensivo e acima de tudo dotado de uma
inteligência brilhante. Agradeço por ter aberto tantas portas para mim durante esses dois anos.
Sou grata por ter me aceitado como aluna de Iniciação Científica e como orientanda do meu
Trabalho de Conclusão de Curso e por termos conseguido atingir muitos objetivos nas nossas
pesquisas e obtido os resultados almejados.

Tereza Catrina Ferreira Fernandes


vi

RESUMO
Geração de ábacos para dimensionamento de pilares de concreto armado com seção
circular

O objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia para a geração de ábacos


adimensionais para o dimensionamento de pilares de seção circular feitos com concretos
convencionais e de alta resistência. A utilização de ábacos adimensionais é uma das alternativas
para o dimensionamento de pilares de concreto armado e a construção dessa ferramenta para
pilares de seção circular feitos com concretos convencionais e de alta resistência se mostra
importante devido à escassez desses ábacos para esse tipo de seção. O trabalho expõe duas
metodologias de geração de ábacos se baseando sempre na norma da ABNT NBR 6118:2014.
Com auxílio do Programa Microsoft Excel é gerada uma planilha para possibilitar a criação
dessa ferramenta e é solucionado alguns exemplos para ilustrar o uso e eficiência da mesma.
Ao final, é deixada uma série de ábacos adimensionais os quais podem ser consultados por
estudantes e profissionais da área.

Palavras-chave: Pilares. Concreto Armado. Ábacos adimensionais. Dimensionamento


vii

ABSTRACT
Generation of abacuses for design of reinforced concrete column of circular section

This research program investigates the methodology for the generation of dimensionless
abacuses for the design of circular section columns made with conventional and high strength
concrete. The use of dimensionless abacus is one of the alternatives for the design of reinforced
concrete columns and the construction of this tool for columns of circular section made with
conventional concrete and of high resistance is shown to be important due to the lack of these
abacuses for this type of section. The paper exposes two abacus generation methodologies,
always based on the ABNT NBR 6118: 2014 standard. With the help of the Microsoft Excel
Program, a spreadsheet is generated to allow the creation of this tool and some examples are
solved to exemplify its use and efficiency. In the end, a series of dimensionless abacus is left
which can be consulted by students and professionals.

Keywords: Columns. Concrete. Dimensionless abacus. Sizing.


viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Ábaco adimensional para pilares de seção circular (𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎) .................... 1
Figura 2.1 - Diagrama tensão-deformação parábola-retângulo do concreto .............................. 8
Figura 2.2 - Diagrama tensão-deformação bilinear do aço. ..................................................... 10
Figura 2.3 – Domínios de deformação no estado limite último em uma seção transversal para
concretos de todas as classes. ................................................................................................... 12
Figura 2.4 – Regiões de deformação ........................................................................................ 13
Figura 2.5 – Deformações na Região I ..................................................................................... 14
Figura 2.6 – Deformações na Região II .................................................................................... 15
Figura 2.7 – Deformações na Região III .................................................................................. 16
Figura 2.8 - Esquema estrutural de uma edificação.................................................................. 18
Figura 2.9 - Viaduto de Millau, na França, construído com concreto de 60 MPa. .................. 19
Figura 2.10 – Seção submetida à (a) Compressão Simples. (b) Flexão Simples. (c) Flexão
Composta. ................................................................................................................................. 20
Figura 2.11 – Seção submetida a uma flexão (a) normal (b) oblíqua. ...................................... 21
Figura 2.12 – Superfícies de interação (𝑁, 𝑀𝑥 𝑒 𝑀𝑦) em valores reduzidos. .......................... 22
Figura 2.13 – Seções especiais para pilares (a) caixão (b) circular (c) circular vazada ........... 23
Figura 3.1 - Arranjo de armadura na seção circular ................................................................. 25
Figura 3.2 – Braço de alavanca para o momento fletor (a) LN no centro (b) LN abaixo do
centroide. .................................................................................................................................. 28
Figura 3.3 – Braço de alavanca para o momento fletor (a) LN no centro (b) LN abaixo do
centroide. .................................................................................................................................. 28
Figura 3.4 – Configuração da planilha para esforços resistentes na armadura (por camadas) . 29
Figura 3.5 – Parâmetros para integração do concreto .............................................................. 30
Figura 3.6 – Demonstração para 𝜑 < 𝜋/2 (a) posição dos ângulos na seção transversal (b)
relação trigonométrica. ............................................................................................................. 31
Figura 3.7 – Demonstração para 𝜑 > 𝜋/2 (a) posição dos ângulos na seção transversal (b)
relação trigonométrica. ............................................................................................................. 32
Figura 3.8 – Elemento infinitesimal de área ............................................................................. 33
Figura 3.9 – Posição da fibra genérica ..................................................................................... 34
Figura 3.10 – Posição da fibra com encurtamento 𝜀𝑐2 ............................................................ 36
Figura 3.11 – Estado elástico (a) linha neutra na seção (b) linha neutra fora da seção ............ 38
ix

Figura 3.12 – Estado plástico (a) linha neutra na seção (b) linha neutra fora da seção ............ 38
Figura 3.13 – Planilha dos valores resistidos pelo concreto ..................................................... 43
Figura 4.1 - Coordenadas das barras de aço na seção circular ................................................. 46
Figura 4.2 – Configuração da planilha para esforços resistentes na armadura (por barras) ..... 48
Figura 4.3 – Representação dos elementos de concreto na seção circular. .............................. 49
Figura 4.4 – Braço de alavanca para o cálculo do momento fletor .......................................... 52
Figura 5.1 – Planilha com informações de entrada .................................................................. 54
Figura 5.2 - Valores limites da linha neutra em cada domínio de deformação ........................ 55
Figura 5.3 – Configuração final do ábaco gerado pela planilha ............................................... 58
Figura 6.1 – Informações de entrada da planilha (Exemplo 01) .............................................. 59
Figura 6.2 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 25 MPa, d’/h = 0,05 ................................................. 60
Figura 6.3 – Valores de entrada e saída do ábaco adimensional (Exemplo 01) ....................... 60
Figura 6.4 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 01) ............................................. 61
Figura 6.5 – Ábaco proposto por Montoya (2001), d’/h=0,05 ................................................. 61
Figura 6.6 – Informações de entrada da planilha (Exemplo 02) .............................................. 62
Figura 6.7 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 25 MPa, d’/h = 0,05 ................................................. 63
Figura 6.8 – Valores de entrada e saída do ábaco adimensional (Exemplo 02) ....................... 63
Figura 6.9 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 02) .............................................. 64
Figura 6.10 – Ábaco proposto por Montoya (2001), d’/h=0,05 ............................................... 64
Figura 6.11 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 20 MPa, d’/h = 0,075 ............................................. 65
Figura 6.12 – Valores de entrada e saída do ábaco adimensional (Exemplo 03) ..................... 66
Figura 6.13 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 03) ........................................... 66
Figura 6.14 – Ábaco proposto por Montoya (2001), d’/h=0,10 ............................................... 67
Figura 6.15 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 60 MPa, d’/h = 0,1 ................................................. 68
Figura 6.16 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 04) ............................................ 69
Figura 6.17 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 90 MPa, d’/h = 0,1 ................................................. 70
Figura 6.18 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 05) ............................................ 71
Figura 6.19 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 70 MPa, d’/h = 0,1 ................................................. 72
Figura 6.20 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 06) ............................................ 73
x

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Parâmetros dos concretos conforme classe de resistência ................................... 24


Tabela 5.1 - Deformações específicas e índice 𝑛 ..................................................................... 55
Tabela 5.2 – Pares (𝜈, 𝜇) para construção do ábaco ................................................................. 56
Tabela 6.1 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 01) .................................................. 62
Tabela 6.2 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 02) .................................................. 65
Tabela 6.3 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 03) .................................................. 67
Tabela 6.4 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 04) .................................................. 69
Tabela 6.5 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 05) .................................................. 71
Tabela 6.6 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 06) .................................................. 73
xi

LISTA DE SÍMBOLOS

SÍMBOLO SIGNIFICADO
𝐴𝑐 Área de concreto comprimida da seção transversal
𝐴𝑐(𝑟,𝑏) Área do elemento de concreto na seção discretizada
𝐴𝑠 Área das barras de aço na seção transversal
𝐴𝑠𝑖 Área de uma barra genérica 𝑖
𝐵𝑐(𝑟,𝑏) Distância do centro do elemento de concreto até o centro da seção
𝐶𝐺 Centro geométrico da seção
𝐷 Diâmetro da seção
𝑑′ Cobrimento do concreto
𝑑𝑖 Distância do ponto de estudo ao topo da seção
𝐸𝑠 Módulo de elasticidade longitudinal do aço
𝑒0 Distância da força normal atuante ao centro da seção
𝑓𝑑 Força resistente de cálculo
𝑓𝑐𝑘 Resistência Característica do concreto à compressão
𝑓𝑐𝑑 Resistência de cálculo do concreto à compressão
𝑓𝑦𝑘 Resistência Característica do aço ao escoamento
𝑓𝑦𝑑 Resistência de cálculo do aço ao escoamento
ℎ𝑐(𝑟,𝑏) Distância do centro do elemento de concreto à linha neutra
ℎ𝑦 Altura da seção transversal
𝑀𝑑 Momento fletor de cálculo
𝑀𝑥 Momento fletor atuante no eixo x
𝑀𝑦 Momento fletor atuante no eixo y
𝑚 Distância vertical do ponto de ruína B ao topo da seção
𝑁𝑑 Força normal de cálculo
𝑛 Número de barras de aço na seção
𝑛′ Número de camadas de aço na seção
𝑝 Distância vertical da fibra genérica à linha neutra
𝑅𝑑 Força estabilizante na seção
𝑟 Raio da seção
𝑆𝑑 Força desestabilizante na seção
xii

𝑥 Posição vertical da linha neutra em relação ao topo da seção


𝑥′ Profundidade da fibra de encurtamento do concreto
𝑥𝑠𝑖 Distância horizontal da barra de aço ao centro da seção
𝑦 Distância do elemento infinitesimal de área do concreto ao topo
da seção
𝑦𝑐(𝑟,𝑏) Distância do centro do elemento de concreto ao centro da seção
𝑦𝑠𝑖 Distância vertical da barra de aço ao centro da seção
𝑦𝑡(𝑟,𝑏) Distância do centro do elemento de concreto ao topo da seção
𝑦𝑡𝑖 Distância vertical da barra de aço ao topo da seção
𝛼 Ângulo que define o elemento infinitesimal de área do concreto
𝛼1 Ângulo que define a fibra de encurtamento do concreto
𝛼𝑐 Fator que multiplica a tensão de compressão do concreto
𝛽𝑖 Relação entre 𝑑𝑖 e ℎ𝑦
𝛽𝑥 Relação entre 𝑥 e ℎ𝑦
𝛽′𝑥 Relação entre 𝑥′ e ℎ𝑦
𝛾1 Coeficiente de ponderação que considera a variabilidade da
resistência dos materiais
𝛾2 Coeficiente de ponderação que considera a diferença da
resistência entre o corpo de prova e a estrutura
𝛾3 Coeficiente de ponderação que considera os desvios de
construções e aproximações de projeto
𝛾𝑚 Coeficiente de ponderação das resistências
𝛾𝑐 Coeficiente de minoração da resistência do concreto
𝛾𝑠 Coeficiente de minoração da resistência do aço
𝛿 Relação entre 𝑑′ e ℎ𝑦
𝜀𝑐′ Deformação específica do concreto em uma fibra genérica
𝜀𝑐 Deformação específica de encurtamento máximo do concreto
𝜀𝑐0 Deformação específica de encurtamento mínimo do concreto
𝜀𝑐2 Deformação específica no início do patamar plástico do concreto
𝜀𝑐𝑢 Deformação específica última do concreto
𝜀𝑠𝑑 Deformação específica do aço em uma posição genérica
𝜀𝑠𝑖 Deformação específica da barra de aço i
xiii

𝜀𝑠𝑢 Deformação específica última do aço


𝜀𝑦𝑑 Deformação específica do aço no início do patamar de
escoamento
𝜂 Força normal reduzida resistida pelo concreto
𝜂′ Momento fletor reduzido resistido pelo concreto
𝜃 Curvatura do eixo da peça
𝜃′ Ângulo entre as barras de aço na seção transversal
𝜇 Momento fletor reduzido
𝜈 Força normal reduzida
𝜎𝑐 Tensão na área de concreto
𝜎𝑠 Tensão no aço
𝜎𝑠𝑖 Tensão na barra de aço i
𝜑 Ângulo que define a posição da linha neutra
𝜓𝑖 Ângulo que define a camada de aço
𝜔 Taxa de amadura mecânica da seção
𝜔𝑖 Taxa de armadura mecânica da barra i
xiv

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

1.1 - Considerações iniciais ................................................................................................. 1


1.2 – Objetivos ................................................................................................................... 2
1.2.1 - Objetivo geral ............................................................................................. 2
1.2.2 - Objetivos específicos ................................................................................... 3
1.3 - Estrutura do trabalho .................................................................................................. 3

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 5

2.1 - Dimensionamento de estruturas de concreto armado.................................................. 5


2.2 – Concreto .................................................................................................................... 6
2.2.1 - Tensão-deformação para o concreto ............................................................ 7
2.3 - Aço ............................................................................................................................. 9
2.3.1 - Tensão-deformação para o aço .................................................................. 10
2.4 - Domínios de deformação ......................................................................................... 11
2.5 - Regiões de deformação ............................................................................................ 13
2.7 - Estudo dos pilares de concreto armado .................................................................... 18
2.7.1 - O pilar como elemento estrutural............................................................... 18
2.7.2 - Flexão composta normal e oblíqua ............................................................ 20
2.7.3 - Dimensionamento de pilares ...................................................................... 21
2.8 - Concretos de Alta Resistência - CAR ...................................................................... 23

3 - METODOLOGIA I – ÁBACOS POR INTEGRAÇÃO ................................................ 25

3.1 - Equacionamento para o aço ..................................................................................... 25


3.1.1 - Planilha para esforços na armadura .............................................................. 29
3.2 - Equacionamento para o concreto ............................................................................. 29
3.2.1 - Posição da linha neutra ................................................................................ 30
3.2.2 - Elemento infinitesimal de área .................................................................... 32
3.2.3 - Tensão na fibra genérica .............................................................................. 34
3.2.4 - Localização da fibra com encurtamento (𝛆𝐜𝟐) ............................................ 36
3.2.5 - Estados elástico e plástico ........................................................................... 37
3.2.6 - Cálculo da força normal............................................................................... 38
xv

3.2.6.1 - Estado elástico................................................................................. 38


3.2.6.2 - Estado plástico ................................................................................ 39
3.2.7 - Cálculo do momento fletor .......................................................................... 40
3.2.7.1 - Estado elástico................................................................................. 40
3.2.7.2 - Estado plástico ................................................................................ 41
3.2.8 - Planilha do concreto .................................................................................... 42
3.3 - Esforços resistentes da seção transversal ................................................................. 43

4 – METODOLOGIA II – ÁBACOS POR SOMATÓRIO ................................................ 46

4.1 - Equacionamento para o aço ..................................................................................... 46


4.1.1 - Planilha para esforços na armadura ............................................................. 48
4.2 - Equacionamento para o concreto .............................................................................. 48
4.2.1 - Coordenada dos elementos da seção transversal ......................................... 48
4.2.2 - Equações das regiões de deformação .......................................................... 50
4.2.3 - Área de cada elemento da seção transversal ................................................ 51
4.2.4 - Braço de alavanca para cada elemento da seção transversal ....................... 51
4.3 - Esforços resistentes da seção transversal ................................................................. 52

5 - PLANILHA DE GERAÇÃO DE ÁBACOS ................................................................... 54

5.1 - Planilha com informações de entrada ...................................................................... 54


5.2 - Planilha com dados base .......................................................................................... 54
5.3 - Planilha de iteração .................................................................................................. 56
5.4 - Planilha de armazenamento de dados ...................................................................... 57
5.5 - Planilha do ábaco ..................................................................................................... 57

6 - RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 59

6.1 - Exemplo 01 .............................................................................................................. 59


6.2 - Exemplo 02 .............................................................................................................. 62
6.3 - Exemplo 03 .............................................................................................................. 65
6.4 - Exemplo 04 .............................................................................................................. 67
6.5 - Exemplo 05 .............................................................................................................. 69
6.6 - Exemplo 06 .............................................................................................................. 71
6.7. Análise dos resultados ................................................................................................ 73

7 - CONCLUSÃO ................................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 75
xvi

APÊNDICES ........................................................................................................................... 77
ANEXO A ................................................................................................................................ 77
1

1 - INTRODUÇÃO

1.1 - Considerações iniciais

O dimensionamento de pilares é uma importante atividade do cálculo estrutural e o seu


objetivo é adequar as características da seção do pilar tanto às exigências arquitetônicas quanto
às do projeto estrutural, garantindo assim que os esforços resistentes de cálculo sejam superiores
aos esforços solicitantes (BENDÔ, 2011).
Para esse dimensionamento podem ser utilizados programas computacionais ou mesmo
ábacos adimensionais. Esses ábacos são diagramas em duas ou três dimensões, a depender da
solicitação empregada na questão. Eles permitem que um usuário, ao conhecer os esforços
solicitantes como a força normal reduzida (𝜈) e o momento fletor reduzido (𝜇), encontre uma
taxa mecânica de armadura (𝜔) suficiente para resistir à solicitação. Dessa forma, os ábacos são
formados por diferentes curvas de nível, sendo cada curva um conjunto de pontos, onde cada
um desses pontos por sua vez representa um par de esforços resistentes para a seção.

Figura 1.1 - Ábaco adimensional para pilares de seção circular (𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎)

Fonte: Adaptada de Montoya (2000)

Sendo:
2

𝜔 = taxa mecânica de armadura;


𝜇 = momento fletor reduzido;
𝜈 = força normal reduzida;
ℎ = altura de seção;
𝑑′ = cobrimento;
𝑁𝑑 = força normal de cálculo;
𝑒0 = excentricidade da força aplicada.

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 8953:2015


– Concretos para fins estruturais – Classificação pela massa específica, por grupos de resistência
e consistência, os concretos estruturais utilizados nos pilares de concreto armado podem
pertencer ao grupo I, quando variam a classe de resistência à compressão (𝑓𝑐𝑘 ) de 20 MPa à 50
MPa ou pertencer ao grupo II, com 𝑓𝑐𝑘 variando de 55MPa à 90MPa, estes últimos são
conhecidos como Concretos de Alta Resistência (CAR).
Devido ao surgimento de projetos arquitetônicos mais ousados, os concretos com
resistência elevada se mostram importantes para viabilizar construções com vãos maiores,
elementos mais esbeltos e consequentemente estruturas mais leves.
Os elementos estruturais, como os pilares, podem possuir diferentes tipos de seções
transversais, dentre elas é possível destacar as seções circulares, as quais estão presentes em
diversas estruturas como Obras de Arte Especiais (OAE), as estacas para fundações e as bases
de reservatórios elevados.
O procedimento para dimensionar pilares com essas seções também pode ser realizado
com o uso de ábacos adimensionais e estes variam conforme se modificam as características
iniciais do pilar, como resistência do concreto, geometria da seção, cobrimento e posição da
armadura.

1.2 – Objetivos

1.2.1 - Objetivo geral

O objetivo principal deste Trabalho de Conclusão de Curso é apresentar a metodologia


para a geração de ábacos adimensionais para o dimensionamento de pilares com seção circular
3

feitos em concretos convencionais e de alta resistência, a fim de ampliar o acervo técnico desse
material.

1.2.2 - Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

a) Elencar os parâmetros que diferenciam os concretos do grupo I (𝟐𝟎 𝑴𝑷𝒂 ≤ 𝒇𝒄𝒌 ≤


𝟓𝟎 𝑴𝑷𝒂) dos concretos do grupo II (𝟓𝟓 𝑴𝑷𝒂 ≤ 𝒇𝒄𝒌 ≤ 𝟗𝟎 𝑴𝑷𝒂), como a deformação
específica do concreto na ruptura (𝜺𝒄𝒖 ), a deformação específica do concreto no início
do patamar plástico (𝜺𝒄𝟐 ) e o índice 𝒏;
b) Desenvolver a relação entre a tensão e deformação para o concreto e para o aço da
estrutura de concreto armado e a equação de resistência desses elementos no Estado
Limite Último (ELU), encontrando a força normal e o momento fletor resistidos pela
seção transversal;
c) Transformar os dados em estudo para valores adimensionais, conforme propõe Santos
(1994), a fim de permitir a ampliação na utilização dos ábacos e não se vincular a valores
como o diâmetro da armadura e área da seção de concreto;
d) Criar um algoritmo no Programa Microsoft Excel que realize as devidas iterações com
a variação da linha neutra e otimize o procedimento de geração dos ábacos
adimensionais;
e) Deixar um acervo técnico de ábacos adimensionais para dimensionar pilares de seção
circular, a fim de que possa ser consultado por profissionais e estudantes da área.

1.3 - Estrutura do trabalho

A estrutura do trabalho é composta por sete capítulos. Este primeiro introduz o tema e
objetivos do trabalho, o segundo capítulo traz uma fundamentação teórica dos assuntos que são
essenciais para o desenvolvimento do trabalho. O terceiro expõe a metodologia de Santos
(1994) para geração de ábacos para os concretos do grupo I. O quarto capítulo demonstra a
metodologia de Sias (2014) para a geração de ábacos, a qual é expandida tanto para os concretos
do grupo I como para os do grupo II. O quinto capítulo aborda a configuração da planilha
construída no Programa Microsoft Excel. O sexto expõe os resultados e discussões com alguns
4

exemplos, os quais servem de comparação para verificar a eficiência dos ábacos e também
apresentar o procedimento de utilização. Por último, o sétimo capítulo exterioriza as
conclusões. Em anexo, estão disponíveis diversos ábacos adimensionais para o
dimensionamento de pilares de concreto armado de seção circular, os quais podem ser
facilmente consultados por profissionais da área.
5

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - Dimensionamento de estruturas de concreto armado

Dimensionar uma estrutura de concreto armado consiste em definir uma seção


transversal de um elemento estrutural com intuito de fazer com que este elemento suporte as
solicitações impostas pelos carregamentos. Conforme Carvalho e Figueiredo Filho (2015), esse
dimensionamento deve garantir que, durante toda a sua vida útil, a estrutura se comporte de
forma segura, estável e sem deformações excessivas, com uma conveniente margem de
segurança.
Os métodos de cálculo das estruturas de concreto armado podem ser divididos em dois
grupos: métodos clássicos, ou das tensões admissíveis e os métodos de cálculo na ruptura, ou
dos estados limites (CARVALHO E FIGUEIREDO FILHO, 2015).
O primeiro deles é um método determinístico e supõe um comportamento
completamente elástico do material. Dessa maneira, as tensões máximas são limitadas a uma
fração da resistência dos materiais, as tensões admissíveis. Esse método leva ao
superdimensionamento dos elementos e mau aproveitamento dos materiais, uma vez que não
considera a capacidade de adaptação plástica. O segundo grupo garante a segurança fazendo
com que as solicitações correspondentes às cargas majoradas sejam menores do que as
solicitações últimas, as quais levariam a estrutura à ruptura, em um chamado Estado-Limite
Último (ELU) (CARVALHO E FIGUEIREDO FILHO, 2015).
Em seu item 12.5.2 a ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento afirma que, nas condições analíticas de segurança, as resistências não podem ser
menores do que as solicitações e devem ser analisadas para todos os estados-limites. Desse
modo, a relação na Equação 2.1 deve ser sempre atendida.

𝑅𝑑 ≥ 𝑆𝑑 (2.1)

Para verificação do Estado-Limite Último, 𝑅𝑑 e 𝑆𝑑 , assumem os seus valores de cálculo


das ações estabilizantes e desestabilizantes, respectivamente.
Com intuito de determinar os efeitos dessas ações nos elementos, a ABNT NBR
6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento afirma que a análise estrutural
permite estabelecer as distribuições de esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos
nas estruturas.
6

Assim sendo, em seguida a análise estrutural, são desenvolvidas as etapas de


dimensionamento, verificação e detalhamento, garantindo a segurança em relação aos Estados
Limites Últimos (ELU) e de Serviço (ELS). Em relação ao ELU, deve-se garantir uma
probabilidade suficientemente pequena de ruína além de uma boa ductilidade, de modo que a
ruína ocorra de forma avisada. Com relação ao ELS, deve-se respeitar o desempenho em
serviço, garantindo um limite para flechas, abertura de fissuras e vibrações.
Com relação às parcelas resistentes do concreto e do aço, deve-se transformar os valores
característicos das resistências em valores de cálculo. A resistência característica (𝑓𝑘 ) é aquela
que em um determinado lote de material tem uma determinada probabilidade de ser
ultrapassada, no sentido desfavorável. Já a resistência de cálculo (𝑓𝑑 ) é obtida a partir da
resistência característica inferior, através da Equação 2.2.

𝑓𝑘 (2.2)
𝑓𝑑 =
𝛾𝑚

A variável 𝛾𝑚 é o coeficiente de ponderação das resistências, o qual é importante devido


às incertezas e possíveis falhas existentes como: execução inadequada, ausência de ensaios,
falhas no posicionamento dos elementos, ação de cargas não computadas, valores das
solicitações previstas diferente dos reais.
Assim, esse coeficiente considera a variabilidade da resistência dos materiais envolvidos
(𝛾1 ), a diferença de resistência entre o corpo de prova e a estrutura (𝛾2 ) e os desvios gerados na
construção e aproximações de projeto (𝛾3 ), sendo:

𝛾𝑚 = 𝛾1 ∙ 𝛾2 ∙ 𝛾3 (2.3)

2.2 – Concreto

O concreto é um material obtido pela mistura adequada de cimento, agregado fino,


agregado graúdo e água. As diversas características que o concreto endurecido deve apresentar
para ser utilizado para compor um elemento estrutural dependem do planejamento e cuidado na
execução.
O concreto apresenta inúmeras vantagens as quais permitem o seu uso na construção
civil. A facilidade de moldagem, a resistência à água, ao fogo, às influências atmosféricas e ao
7

desgaste mecânico são algumas das propriedades que colocam o material em posição vantajosa
(TORRICO, 2010).
Torrico (2010) afirma ainda que alguns fatores dificultam a compreensão do
comportamento do concreto, como a diferença de resistência à compressão e à tração, a não
linearidade física, na qual a relação entre as tensões aplicadas no material e as deformações
obtidas se dá conforme um diagrama parábola-retângulo, a presença de fissuras e fenômenos
reológicos como retração e fluência.
A principal característica do concreto é a sua resistência à compressão, determinada por
ensaios em corpos de prova submetidos à compressão centrada (CARVALHO E FIGUEIREDO
FILHO, 2015). Costa et al (2017) afirmam que essa resistência característica é obtida aos 28
dias, quando o material atinge entre 60% e 90% da sua resistência total. Em décadas passadas,
os projetistas estavam satisfeitos em projetar estruturas de concreto armado com resistências à
compressão reduzidas, as quais satisfaziam as necessidades da época (Aïtcin, apud Rohden et
al, 2016). Entretanto, com o avanço do conhecimento na técnica e no cálculo estrutural,
estruturas mais ousadas foram surgindo, sendo então solicitadas por esforços maiores. Dessa
maneira, foi necessário elevar a resistência à compressão do concreto, de modo a compatibilizá-
la com as solicitações atuantes (BACCIN, 1998).

2.2.1 - Tensão-deformação para o concreto

O diagrama tensão-deformação expõe a relação entre a tensão (𝜎) e a deformação (𝜀)


para o concreto. Essa relação é importante, pois para a construção dos ábacos adimensionais
será necessário encontrar os esforços resistentes pelo concreto e pelo aço, e para isso é preciso
estudar a relação entre a tensão e a deformação para cada material que compõe a estrutura.
Para o concreto, o processo se torna mais complexo pois, conforme Carvalho e Pinheiro
(2009), quando a peça se aproxima do Estado Limite Último (ELU), onde são dimensionadas
as estruturas de concreto armado, a distribuição de tensões nesse material ocorre segundo um
diagrama parábola-retângulo, ou seja, para descobrir a força e o momento resistente pelo
concreto é necessário realizar a integração dessa tensão na área da seção comprimida.
A relação entre a tensão e a deformação se dá por intermédio do módulo de elasticidade,
ou módulo de deformação do material. Essa variável é uma grandeza mecânica que mede a
rigidez de um material sólido (CARVALHO E FIGUEIREDO FILHO, 2015). No concreto,
devido a não linearidade-física do material, esse módulo varia à medida que a tensão aumenta.
Esse módulo também se modifica ao mudar a classe de resistência do concreto.
8

Figura 2.1 - Diagrama tensão-deformação parábola-


retângulo do concreto

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014)

A expressão que representa a relação entre a tensão e a deformação no concreto exposta


na Figura 2.1 é dada pela Equação 2.4.

𝑛
𝜀𝑐′ (2.4)
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ]
𝜀𝑐2

Sendo:

𝜎𝑐 = tensão no concreto em MPa;


𝜀𝑐2 = deformação específica de encurtamento do concreto no início do patamar plástico
em ‰;
𝜀𝑐′ = deformação de uma fibra genérica de encurtamento do concreto em ‰;
𝑓𝑐𝑑 = 𝑓𝑐𝑘 /1,4: resistência de cálculo à compressão do concreto em MPa, sendo 𝑓𝑐𝑘 a
resistência característica do concreto aos 28 dias.
𝑛 = índice utilizado na equação tensão-deformação do concreto.

Os valores das deformações apresentadas irão depender da classe de resistência do


concreto. Sendo valores constantes para os concretos do grupo I e valores que variam a cada
classe de resistência a partir do grupo II.
Um fato relevante na equação da tensão no concreto é a utilização do valor 0,85. A
ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento afirma que quando
se utiliza o diagrama parábola-retângulo, esse valor será fixo e igual a 0,85. Todavia, caso haja
9

uma simplificação desse diagrama para um retângulo, esse valor mudará conforme a classe de
resistência do concreto e de acordo com a geometria da seção.
No caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir
desta para a borda comprimida, esse valor será dado por:

𝛼𝑐 ∙ 𝑓𝑐𝑑 (2.5)

Caso contrário, será dado por:

0,9 ∙ 𝛼𝑐 ∙ 𝑓𝑐𝑑 (2.6)

Sendo, para os concretos do grupo I:

𝛼𝑐 = 0,85 (2.7)

Para os concretos do grupo II:

𝑓𝑐𝑘 − 50 (2.8)
𝛼𝑐 = 0,85 ∙ [1 − ]
200

Neste trabalho não será feita a simplificação do diagrama parábola retângulo, logo esse
valor será sempre fixo igual a 0,85 conforme equação 2.4.

2.3 - Aço

Os aços são ligas metálicas ferrosas com teor de carbono de 0,008% até 2,04%. As
barras e os fios destinados a armaduras para concreto armado (CA25, CA50 e CA60), possuem
normalmente teor de carbono entre 0,08% e 0,50% (CARVALHO E FIGUEIREDO FILHO,
2015). As principais características para a definição de um aço são: a sua resistência
característica de escoamento à tração, seu limite de resistência e o alongamento na ruptura.
Cada categoria de aço utilizado na estrutura de concreto armado possui características
específicas. Os valores 25, 50 e 60 que acompanham suas siglas referem-se às resistências
características de escoamento (𝑓𝑦𝑘 ) respectivamente iguais a 250MPa, 500MPa, 600MPa, as
10

quais são reduzidas para a resistência de escoamento de cálculo (𝑓𝑦𝑑 ) para fins de cálculo
estrutural. O coeficiente de ponderação utilizado para o aço é igual a 1,15. Para este trabalho
será utilizado o aço da categoria CA50, sendo:

500 (2.9)
𝑓𝑦𝑑 =
1,15

𝑓𝑦𝑑 = 434,78 𝑀𝑃𝑎 (2.10)

2.3.1 - Tensão-deformação para o aço

Dentre os dados a serem fornecidos para a geração dos ábacos está o arranjo da
armadura, o qual é indispensável para qualquer cálculo de flexão simples ou composta
(SANTOS, 1994).
Para lajes, vigas e outros elementos estruturais, a distribuição dessa armadura é mais
econômica quando disposta em duas bordas. Entretanto, o mesmo não ocorre para os pilares,
onde é conveniente distribuí-la em todo o perímetro da seção (SANTOS, 1994).
Para o aço, conforme Bendô (2011), o cálculo da resistência da armadura torna-se mais
simples, porque a utilização de integrais não é necessária. Isso ocorre, pois diferente do
concreto, o diagrama tensão-deformação do aço é bilinear, de acordo com Santos (1994) (Figura
2.2).

Figura 2.2 - Diagrama tensão-deformação bilinear do aço.

𝜎𝑠

𝑓𝑦𝑑

𝜀𝑦𝑑 𝜀𝑠𝑢 𝜀𝑠

Fonte: Adaptada de Bendô (2011)

A tensão (𝜎𝑠𝑑 ) em cada barra na seção do transversal é dada pela relação entre o módulo
de elasticidade (𝐸𝑠 ) e a deformação do material (𝜀𝑠𝑑 ), limitando o valor máximo da tensão à
resistência de escoamento do aço (𝑓𝑦𝑑 ), conforme equações 2.11 e 2.12.
11

𝜎𝑠𝑑 = 𝐸𝑠 ∙ 𝜀𝑠𝑑 , para 0 ≤ |𝜀𝑠𝑑 | ≤ |𝜀𝑦𝑑 | (2.11)

𝜎𝑠𝑑 = 𝑓𝑦𝑑 , para |𝜀𝑠𝑑 | > |𝜀𝑦𝑑 | (2.12)

𝐸𝑠 = módulo de elasticidade do aço igual a 210.000 MPa;


𝑓𝑦𝑑 = 𝑓𝑦𝑘 /1,15 = resistência de escoamento de cálculo do aço, sendo 𝑓𝑦𝑘 a resistência
característica do aço à tração;
𝜀𝑦𝑑 = deformação correspondente ao início do patamar de escoamento;
𝜀𝑠𝑢 = deformação última do aço;
𝜀𝑠𝑑 = deformação do aço em uma dada posição de linha neutra.

2.4 - Domínios de deformação

O modelo de cálculo adotado neste trabalho é o dos estados limites. Logo, para que uma
seção transversal atinja a ruína, para qualquer tipo de flexão no estado limite último, é preciso
que as deformações específicas do aço ou do concreto (ou de ambos) atinjam os valores
máximos de deformação específica desses materiais (CARVALHO E FIGUEIREDO FILHO,
2015).
As deformações específicas últimas do concreto dependem da classe de resistência desse
material. As deformações específicas últimas do aço tanto em tração como em compressão
equivale a 10‰. Os valores dessas deformações sempre estarão representados em ‰.
Carvalho e Figueiredo Filho (2015) afirmam que os domínios de deformação, então,
representam as diversas possibilidades de ruína da seção, a cada par de deformação específica
de cálculo 𝜀𝑐 (concreto) e 𝜀𝑠 (aço), a seção é capaz de resistir a um par de esforço normal e
momento fletor.
Assim, Bendô (2011) afirma que para estudar a ruptura da seção transversal, deve-se
verificar qual dos materiais irá romper primeiro, a depender do domínio em que estão situadas
as deformações, o que, por sua vez, dependerá da posição da linha neutra.
A Figura 2.3 demonstra os domínios de deformação.
12

Figura 2.3 – Domínios de deformação no estado limite último em uma seção transversal
para concretos de todas as classes.

Fonte: ABNT NBR 6118:2014

No domínio 1 ocorre a tração não uniforme e não ocorre compressão. A ruptura é


comandada pelo aço que se encontra com deformação 𝜀𝑠 = 10‰ e não há participação do
concreto que se encontra tracionado e, portanto, totalmente fissurado. A linha neutra é externa
a seção transversal e quando se encontra na posição 𝑥 = −∞ ocorre tração uniforme
representada pela reta “a”.
No domínio 2 a linha neutra já corta a seção ocorrendo portanto esforços de tração e
compressão (flexão simples ou composta), o estado limite último ocorre com o aço em 𝜀𝑠 =
10‰, porém o concreto não atinge a deformação última, ou seja, 𝜀𝑐 < 𝜀𝑐𝑢 . Nos domínios 1 e
2 as deformações giram em torno do ponto A.
No domínio 3 também ocorre a flexão simples ou composta, a reta de deformação gira
agora em torno do ponto B. O concreto atinge a sua deformação específica última 𝜀𝑐 = 𝜀𝑐𝑢 e
por isso a ruína da seção ocorre com ruptura do concreto simultaneamente com o escoamento
do aço, pois este possui valores maiores do que a deformação especifica de escoamento (𝜀𝑦𝑑 ).
No domínio 4 a reta de deformação continua girando em torno no ponto B, a linha neutra
ainda corta a seção transversal, porém a armadura não atinge a sua deformação de escoamento,
o que significa que não ocorrem grandes deformações do aço e a ruptura é sem aviso.
No domínio 4a a linha neutra passa entre a armadura e o cobrimento inferior da seção.
Ou seja, a armadura está sofrendo esforços de compressão. Portanto, a seção possui apenas uma
13

pequena parcela de concreto tracionado, a deformação ainda gira em torno do ponto B. Nos
domínios 3, 4 e 4a, estão incluídas as compressões excêntricas com grande excentricidade
(FUSCO apud SIAS, 2014).
Finalmente no domínio 5, há a compressão uniforme, sem tração. A linha neutra está
fora da seção e a reta de deformação gira em torno do ponto C. Quando a linha neutra encontra-
se na posição 𝑥 = +∞ ocorre compressão uniforme representada pela reta “b”. Neste domínio,
estão as compressões excêntricas com pequena excentricidade (FUSCO apud SIAS, 2014).

2.5 - Regiões de deformação

Com o estudo dos domínios de deformação, é possível perceber que apesar de existirem
6 domínios (1, 2, 3, 4, 4a e 5), as retas de ruptura sempre giram em torno de três pontos (A, B
e C). Esses pontos são chamados de polos de ruína, os quais definem três regiões de deformação,
as quais englobam os seis domínios (SANTOS, 1994).
A região III englobará os domínios 1 e 2. A região II englobará os domínios 3, 4 e 4a.
E a região I englobará o domínio 5, conforme Figura 2.4.

Figura 2.4 – Regiões de deformação

Fonte: Adaptada de Bendô (2011).

Em seguida, é necessário estudar como ocorrem as deformações em cada uma dessas


regiões, estabelecendo equações de compatibilidade sempre em função da linha neutra.
Para a região I, conforme a Figura 2.5, as retas que definem a deformação passam pelo
ponto B, no qual a deformação equivale a 𝜀𝑐2 . No topo da seção ocorre encurtamento máximo
(𝜀𝑐 ) e na base ocorre o encurtamento mínimo (𝜀𝑐0 ). A variável 𝑚 representa a distância vertical
do ponto de ruína B e o topo da seção, 𝑥 é a posição da linha neutra, ℎ𝑦 a altura da seção, 𝜀𝑐′ a
14

deformação em uma fibra genérica, 𝜀𝑐𝑢 a deformação última e 𝑑𝑖 a distância dessa fibra ao topo
da seção.

Figura 2.5 – Deformações na Região I

𝑚
𝜀𝑐2

𝜀𝑐′

Fonte: Adaptada de Bendô (2011).

Desse modo, a relação de deformação será:

𝜀𝑐 𝜀𝑐2
= (2.13)
𝑥 𝑥−𝑚

Sendo:

𝜀𝑐𝑢 − 𝜀𝑐2
𝑚= ∙ ℎ𝑦 (2.14)
𝜀𝑐𝑢

Portanto, substituindo 2.14 em 2.13:

𝜀𝑐 𝜀𝑐2
=( ) (2.15)
𝑥 (𝜀𝑐𝑢 − 𝜀𝑐2 ) ∙ ℎ𝑦
𝑥− 𝜀 𝑐𝑢

Denominando-se a relação entre 𝑥 e ℎ𝑦 de 𝛽𝑥 , tem-se:


15

𝛽𝑥 ∙ 𝜀𝑐2
𝜀𝑐 =
(𝜀 − 𝜀 )
𝛽𝑥 − 𝑐𝑢𝜀 𝑐2 (2.16)
𝑐𝑢

Logo, para descobrir a deformação da fibra genérica denominada 𝜀𝑐′ :

𝜀𝑐′ 𝜀𝑐
= (2.17)
𝑥 − 𝑑𝑖 𝑥

Denominando-se a relação entre 𝑑𝑖 e ℎ𝑦 de 𝛽𝑖 :

𝜀𝑐′ 𝜀𝑐
= (2.18)
𝛽𝑥 − 𝛽𝑖 𝛽𝑥

Assim, aplicando 2.16 em 2.18:

𝛽𝑥 ∙ 𝜀𝑐2
∙ (𝛽𝑥 − 𝛽𝑖 )
(𝜀 − 𝜀 )
𝛽𝑥 − 𝑐𝑢𝜀 𝑐2 (2.19)
𝑐𝑢
𝜀𝑐′ =
𝛽𝑥

Segundo explica Bendô (2011) deve-se ter cuidado, porque quando 𝜀𝑐 = 𝜀𝑐2 , 𝛽𝑥 tende
ao infinito. Porém, a planilha limitará os valores de 𝛽𝑥 a 10000.
A região II engloba os domínios 3, 4 e 4a e a reta de deformação gira em torno no ponto
A, conforme Figura 2.6.
Figura 2.6 – Deformações na Região II

𝜀𝑐𝑢

𝜀𝑐′

Fonte: Adaptada de Bendô (2011)


16

As relações se dão de forma mais simples e a deformação da fibra genérica será dada
por:

𝜀𝑐′ (𝑥 − 𝑑𝑖 ) (2.20)
=
𝜀𝑐𝑢 𝑥

𝜀𝑐′ (𝛽𝑥 − 𝛽𝑖 ) (2.21)


=
𝜀𝑐𝑢 𝛽𝑥

𝜀𝑐𝑢 ∙ (𝛽𝑥 − 𝛽𝑖 ) (2.22)


𝜀𝑐′ =
𝛽𝑥

Para a Região III:

Figura 2.7 – Deformações na Região III

Fonte: Adaptada de Bendô (2011)

A deformação da fibra genérica será dada por:

𝜀𝑐′ 10
= (2.23)
𝑥 − 𝑑𝑖 ℎ𝑦 − 𝑑 ′ − 𝑥

10 ∙ (𝛽𝑥 − 𝛽𝑖 )
𝜀𝑐′ = (2.24)
1 − 𝛿 − 𝛽𝑥
17

Sendo 𝛿 a relação entre 𝑑′ e ℎ𝑦 .


2.6 - Curvatura do eixo da peça

Santos (1994) traz a equação da curvatura do eixo da peça em uma seção, dada por:

1 𝜀𝑐𝑎 − 𝜀𝑐𝑏
= (2.25)
𝑟 𝑑𝑎𝑏

Sendo:
1
: A curvatura do eixo da peça;
𝑟

𝜀𝑐𝑎 − 𝜀𝑐𝑏 : diferença de deformação entre duas fibras quaisquer (deformações em


números puros);
𝑑𝑎𝑏 : distância entre as duas fibras medidas perpendiculamente à linha neutra.
Essa variável possui dimensão e pode ser representada por 𝑐𝑚−1 , 𝑚−1 . Santos (1994)
sempre propõe trabalhar com variáveis adimensionais, e dessa forma, ele define uma nova
curvatura chamada de 𝜃.

1 (2.26)
𝜃 = 1000 ∙ ℎ𝑦 ∙
𝑟

A curvatura da seção então é dada pela diferença de deformação entre o topo da seção
e a deformação na linha neutra que é igual a zero. A distância entre essas fibras equivale a
posição da linha neutra dada por 𝑥.

1 (𝜀𝑐 − 0) (2.27)
=
𝑟 𝑥

Desse modo:
𝜀𝑐
𝜃 = 1000 ∙ ℎ𝑦 ∙ (2.28)
𝑥

𝜀𝑐
𝜃 = 1000 ∙ (2.29)
𝛽𝑥

Ou, com a deformação em ‰, pode-se escrever:


18

𝜀𝑐 (2.30)
𝜃=
𝛽𝑥
2.7 - Estudo dos pilares de concreto armado

2.7.1 - O pilar como elemento estrutural

Segundo Carvalho e Pinheiro (2009), pilares são elementos estruturais que recebem
esforços de compressão simples ou de compressão composta normal ou oblíqua e são dispostos
geralmente na vertical, sendo estes de grande importância, pois conduzem para as fundações as
cargas provenientes de vigas e lajes (Figura 2.8).
Em seu item 14.4.1.2 a ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento conceitua pilar como sendo um elemento linear de eixo reto, no qual são
preponderantes as forças normais de compressão e que este é disposto usualmente na vertical.

Figura 2.8 - Esquema estrutural de uma edificação

Fonte: http://www.educacional.com.br/especiais/Niemeyer/includes/
arqCalculos/arranhaceus_imprimir.asp?strTitulo=Arranha-c%E9us
(2018).

Diante disso, é possível concluir que os pilares são triviais na composição de uma
estrutura e que eles atuam como membros de transição do carregamento estrutural, proveniente
do peso próprio ou de cargas de utilização.
Esse elemento pode ser feito em concreto armado, utilizando tanto os concretos
convencionais, concretos do grupo I, com resistência à compressão (𝑓𝑐𝑘 ) de 20 MPa até 50 MPa,
como os Concretos de Alta Resistência (CAR), concretos do grupo II com 𝑓𝑐𝑘 variando entre
55MPa e 90MPa.
Devido ao desenvolvimento na área da engenharia e arquitetura, foram criadas
construções e obras de arte mais ousadas e os materiais convencionais não eram suficientes para
19

essa construção, sendo muitas vezes inviáveis e antieconômicos. Para acompanhar essa
evolução foi necessário aplicar os CAR, permitindo a construção de elementos mais esbeltos e
com desempenho esperado (TORRICO, 2010).
Dentre as obras que necessitam da utilização desses concretos estão, conforme Baccin
(1998): os edifícios de grande altura, nos quais pilares com resistência elevada permitem seções
mais esbeltas; as pontes com grandes vãos, nas quais o peso próprio da estrutura é reduzido
porque o volume de concreto é menor e, além disso, a durabilidade dos pilares aumenta, em
função da menor atuação de agentes agressivos, porquanto a porosidade e permeabilidade do
concreto é mais baixa; e as plataformas de petróleo, devido a durabilidade estendida, menor
custo de manutenção e maior fluidez do concreto, o que possibilita a concretagem com taxas de
armadura altas.

Figura 2.9 - Viaduto de Millau, na França, construído com concreto de


60 MPa.

Fonte: https://www.engenhariaeconstrucao.com/2011/02/viaduto-de-
millau.html (2018).

Frente a essa importância, a ABNT NBR 6118:2007 – Projeto de estruturas de concreto


– Procedimento foi reavaliada para introduzir a metodologia para dimensionamento de
elementos feitos com os concretos do grupo II, porque antes só abordava para concretos com
𝑓𝑐𝑘 de até 50 MPa. Assim sendo, foi elaborada a ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas
de concreto – Procedimento, a qual traz os métodos de dimensionamentos com concretos de
resistência à compressão de até 90 MPa.
20

2.7.2 - Flexão composta normal e oblíqua

Os pilares podem estar submetidos à compressão simples, na qual atua apenas uma força
normal, à flexão simples (normal ou oblíqua), que atua apenas um momento fletor ou
submetidos à flexão composta (normal ou oblíqua) na qual atuam tanto o esforço normal como
o momento fletor (Figura 2.10).
Sias (2014) afirma que raramente são encontrados pilares sujeitos a esforços de tração
ou a compressão pura, pois na prática, esta última é quase impossível devido às imperfeições
físicas e geométricas.

Figura 2.10 – Seção submetida à (a) Compressão Simples. (b) Flexão Simples. (c) Flexão
Composta.

(a) (b) (c)

Fonte: Adaptada de Bendô (2011)

A flexão normal ocorre quando o plano de carregamento ou a sua resultante é


perpendicular à linha neutra. Ou seja, o plano contém um dos eixos principais de inércia da
seção, que, em seções simétricas, o momento fletor atua no plano de simetria.
A flexão oblíqua ocorre quando o plano do carregamento não é normal à linha neutra,
ou quando a seção não é simétrica, pela forma ou disposição das armaduras.
21

Figura 2.11 – Seção submetida a uma flexão (a) normal (b) oblíqua.

(a) (b)

Fonte: Adaptada de Bendô (2011)

2.7.3 - Dimensionamento de pilares

O dimensionamento de pilares pode ser realizado por meio de programas


computacionais ou por métodos analíticos com o uso de ábacos adimensionais. Dentre os
programas computacionais está o aplicativo gratuito P-Calc, o qual foi desenvolvido com
intuito de auxiliar o estudo de pilares de concreto armadura submetido a flexão composta
oblíqua (CARDOSO JÚNIOR, 2014). Por outro lado, conforme Carvalho e Pinheiro (2009), os
ábacos para o dimensionamento de pilares submetidos à flexão composta oblíqua são diagramas
em três dimensões, mas, para simplificar a elaboração e utilização destes, são reduzidos para
duas dimensões. Isto significa cortar a superfície em um plano em que a força normal 𝑁 (ou em
valor reduzido, 𝜈) é constante e obter um gráfico no qual os eixos horizontal e vertical são
compostos pelo momento fletor decomposto.
22

Figura 2.12 – Superfícies de interação (𝑁, 𝑀𝑥 𝑒 𝑀𝑦 ) em


valores reduzidos.

Fonte: Carvalho e Pinheiro (2009)

Para os pilares submetidos à flexão composta normal, como só há atuação do momento


fletor em um dos eixos, o ábaco será composto por duas dimensões, sendo um eixo formado
pelo momento fletor e o outro pela força normal. Dessa forma, tem-se um corte vertical
coincidindo com um dos eixos horizontais apresentados na Figura 2.12.
De acordo com Lima (2018), o uso desses ábacos consiste na transformação dos
esforços solicitantes em parâmetros adimensionais 𝜈, 𝜇𝑥 e 𝜇𝑦 , os quais representam,
respectivamente, a força normal reduzida e os momentos fletores reduzidos em torno do eixo y
e do eixo x. Esses parâmetros podem ser visualizados na Figura 2.12.
Os ábacos adimensionais para dimensionar esses pilares se modificam conforme as
características iniciais do elemento estrutural, dentre elas: o tipo de seção, a resistência a
compressão do concreto (grupo I ou grupo II), o posicionamento da armadura, o cobrimento
adotado. Para pilares, Montoya (2000) expõe que, além das seções retangulares e em T,
aparecem na prática outras seções transversais, como as em forma de caixão, as circulares e as
em forma de anel.
23

Figura 2.13 – Seções especiais para pilares (a) caixão (b) circular (c) circular vazada

(a) (b) (c)


Fonte: Autor (2018)

Assim, os pilares com seção circular possuem ábacos adimensionais específicos devido
às particularidades desse tipo de seção. Diante dessa singularidade, o acervo técnico atual
desses ábacos se mostra escasso, a citar o material proposto por Montoya (2000), o qual traz
alguns ábacos para pilares circulares com concretos convencionais, mas que de acordo com a
norma brasileira não podem ser utilizados para os concretos de resistência elevada.

2.8 - Concretos de Alta Resistência - CAR

Os Concretos de Alta Resistência (CAR) são materiais que possuem uma resistência à
compressão elevada e menor quantidade de fissuras internas iniciais. Essas características se
dão pela menor relação água cimento e pela escolha adequada de agregados. Assim, devido a
essa menor quantidade de fissuras, quando o concreto está submetido a esforços de compressão,
principalmente pilares, acumula-se energia antes da ruptura, o que a torna repentina e frágil
(TORRICO, 2010).
Essa característica se reflete nas propriedades dos CAR, como na deformação específica
do concreto na ruptura (𝜀𝑐𝑢 ) e na deformação específica do concreto no início do patamar
plástico (𝜀𝑐2 ). Para os concretos do grupo I, esses valores de deformação são constantes,
todavia, quando se trata dos concretos do grupo II, esses valores modificam-se à medida que a
resistência à compressão aumenta. Observa-se que com o incremento do 𝑓𝑐𝑘 , os valores de 𝜀𝑐𝑢
e 𝜀𝑐2 se tornam cada vez mais próximos, comprovando assim o aumento da fragilidade do
material, pois isso significa que ao atingir o estado plástico 𝜀𝑐2 o concreto se deformará menos
até a ruptura 𝜀𝑐𝑢 . Além dessas variáveis, existe o índice 𝑛, utilizado na expressão da relação
24

entre a tensão e a deformação do concreto (Equação 2.4), o qual também sofre variações com a
mudança da classe do concreto, a partir do grupo II.
A ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento traz as
equações utilizadas na obtenção desses parâmetros para os concretos do grupo II. São elas:

90 − 𝑓𝑐𝑘 4
𝜀𝑐𝑢 = 2,6‰ + 35‰ ∙ [ ] (2.31)
100

𝜀𝑐2 = 2,0‰ + 0,085‰ ∙ (𝑓𝑐𝑘 − 50)0,53


(2.32)

4
(90 − 𝑓𝑐𝑘 )
𝑛 = 1,4 + 23,4 ∙ [ ] (2.33)
100

Para os concretos do grupo I, esses valores são fixos e iguais a: 𝜀𝑐𝑢 = 3,5‰, 𝜀𝑐2 =
2,0‰ e 𝑛 = 2.
Sendo:
𝜀𝑐𝑢 = deformação específica do concreto na ruptura;
𝜀𝑐2 = deformação específica do concreto no início do patamar plástico;
𝑓𝑐𝑘 = resistência do concreto à compressão;
𝑛 = índice utilizado na equação tensão-deformação do concreto.

Tabela 2.1 – Parâmetros dos concretos conforme classe de resistência


𝑓𝑐𝑘 (𝑀𝑃𝑎) 𝜀𝑐2 (‰) 𝜀𝑐𝑢 (‰) 𝑛
Até 50 2,000 3,500 2,000
55 2,199 3,125 1,751
60 2,288 2,884 1,590
70 2,416 2,656 1,437
80 2,516 2,604 1,402
90 2,600 2,600 1,400
Fonte: Autor (2018)
25

3 - METODOLOGIA I – ÁBACOS POR INTEGRAÇÃO

3.1 - Equacionamento para o aço

Quando se calcula uma seção de concreto armado submetida à flexão simples ou


composta é indispensável o estudo da sua armadura. Para vigas e lajes é mais econômica a
distribuição dessas barras em duas bordas, mas, para pilares, é conveniente distribuí-la em todo
o perímetro da seção (SANTOS, 1994).
Em pilares com seções circulares, o arranjo da armadura adequado é o formato circular
ou coroa de círculo, mantendo uma distribuição uniforme das barras, de acordo com a Figura
3.1.
A metodologia apresentada a seguir para descobrir os esforços resistentes da armadura
é proposta por Santos (1994).
Sendo 𝑛 o número de barras na seção transversal, o número de camadas na seção é dado
por:
𝑛
𝑛′ = +1
2 (3.1)

Figura 3.1 - Arranjo de armadura na seção circular

Fonte: Adaptada de Santos (1994)


26

É necessário encontrar a posição de cada barra na seção, pois, sabendo a distância desta
ao topo da seção, é possível aplicar as relações de tensão-deformação equacionadas no Capítulo
2, a depender da posição da linha neutra e da região na qual a seção se encontra (I, II ou III).
Santos (1994) propõe trabalhar com funções trigonométricas, e define o ângulo de cada camada
(𝑖) através da variável 𝜓𝑖 , em radianos.
𝑛 2∙𝜋
𝜓𝑖 = ( + 1 − 𝑖) ∙ (3.2)
2 𝑛

Aplicando 3.1 em 3.2:


2∙𝜋
𝜓𝑖 = (𝑛′ − 𝑖) ∙ (3.3)
𝑛

A partir dessa informação é possível determinar a distância dessa camada ao topo da


seção (𝑑𝑖 ) e trabalhar com essa variável em valores reduzidos dividindo esse valor pelo
diâmetro da seção (ℎ𝑦 ):
𝑑𝑖
= 𝛽𝑖 (3.4)
ℎ𝑦

Assim, tem-se:
𝛽𝑖 = 0,5 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠 𝜓𝑖 ) + 𝛿 ∙ cos 𝜓𝑖 (3.5)

Sendo:
𝛿 = A relação entre o cobrimento 𝑑 ′ e o diâmetro da seção ℎ𝑦 .

Com o valor de 𝛽𝑖 é possível descobrir a deformação de cada uma das camadas


utilizando as equações genéricas 2.19, 2.22 e 2.24 das Regiões I, II e III abordadas no Capítulo
2. Nesse momento, a planilha terá uma posição de linha neutra fixa, assim é possível saber qual
das três equações utilizar.
Obtida a deformação, é preciso encontrar a tensão atuante na barra. Para o aço, basta
multiplicar a deformação em cada camada pelo módulo de elasticidade do material equivalente
a 210 𝐺𝑃𝑎. É importante lembrar que a tensão é limitada ao valor da tensão de escoamento do
aço, que, para este trabalho, devido ao uso do CA50, será:

500
𝑓𝑦𝑑 = = 434,78 𝑀𝑃𝑎 (3.6)
1,15
27

Dessa forma, a planilha verifica se a deformação é maior do que a deformação de


escoamento 𝜀𝑠𝑖 > 2,07. Caso seja maior, a tensão é limitada a 434,78 𝑀𝑃𝑎. É relevante
lembrar também a convenção de sinais adotada que, segundo Santos (1994) propõe, quando
ocorre alongamento, ou seja, tração nas barras, a deformação específica é dada em valores
negativos. Uma vez que os valores da tensão variam linearmente com deformação por
intermédio do módulo de elasticidade, essa tensão também será negativa. Nesses casos, quando
a deformação específica ultrapassar a deformação de escoamento do aço, a tensão é limitada a
−434,78 𝑀𝑃𝑎.
Com a tensão em cada camada, precisa-se descobrir a força normal e o momento fletor
resistente. Para a força normal, multiplica-se a tensão pela área de aço da camada e para o
momento fletor multiplica-se essa força pelo braço de alavanca, conforme equações a seguir:

𝐹𝑠𝑖 = 𝜎𝑠𝑖 ∙ 𝐴𝑠𝑖 (3.7)

𝑀𝑠𝑖 = 𝐹𝑠𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 ) (3.8)

A parcela (0,5 − 𝛽𝑖 ) representa a distância da barra ao centro da seção e é dada em


valores reduzidos. Uma vez que essa parcela seja multiplicada por ℎ𝑦 e sabendo que 𝑟 é o raio
e a metade de ℎ𝑦 , tem-se:

𝑀𝑠𝑖 = 𝐹𝑠𝑖 ∙ (0,5 ∙ ℎ𝑦 − 𝑑𝑖 )


(3.9)

𝑀𝑠𝑖 = 𝐹𝑠𝑖 ∙ (𝑟 − 𝑑𝑖 )
(3.10)

Dessa maneira, quando a barra em estudo está posicionada acima da linha neutra, esta
está submetida a esforços de compressão (positivos de acordo com a convenção de sinais
adotada). Nesta posição, a diferença (𝑟 − 𝑑𝑖 ) também é positiva, de modo que o momento tem
sinal positivo, conforme a Figura 3.2.
28

Figura 3.2 – Braço de alavanca para o momento fletor (a) LN no centro (b) LN abaixo do
centroide.

(a) (b)
Fonte: Autor (2018)

Por outro lado, quando a barra em estudo está posicionada abaixo da linha neutra, esta
está submetida a esforços de tração (negativos de acordo com a convenção de sinais adotada).
Nesta posição, a diferença (𝑟 − 𝑑𝑖 ) também é negativa, de modo que o momento fletor ainda
terá sinal positivo, de acordo com a Figura 3.3.

Figura 3.3 – Braço de alavanca para o momento fletor (a) LN no centro (b) LN abaixo do
centroide.

(a) (b)
Fonte: Autor (2018)

Há um caso específico em que a barra está posicionada entre o centro geométrico da


seção e a linha neutra, para esses casos, o momento fletor resistido por essa barra será negativo.
Porém, como a resistência da seção é equivalente a soma da contribuição de todas as barras, o
29

momento fletor final será sempre positivo, pois essa parcela negativa não é suficiente para zerar
o somatório.

3.1.1 - Planilha para esforços na armadura

A Figura 3.4 expõe a parte da planilha que calcula a resistência da armadura na seção
transversal:

Figura 3.4 – Configuração da planilha para esforços resistentes na armadura (por camadas)

Camada 𝜓𝑖 𝛽𝑖 𝜀𝑠𝑖  𝜎𝑠𝑖 ∅𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 𝐴𝑠𝑖 𝐹𝑠𝑖 𝑀𝑠𝑖


11 0,00000 0,1000 3,15 434,78 20 3,14 1365,91 546,36
10 0,31416 0,1196 3,08 434,78 20 6,28 2731,82 1039,25
9 0,62832 0,1764 2,88 434,78 20 6,28 2731,82 884,04
8 0,94248 0,2649 2,57 434,78 20 6,28 2731,82 642,29
7 1,25664 0,3764 2,18 434,78 20 6,28 2731,82 337,67
6 1,57080 0,5000 1,75 367,50 20 6,28 2309,07 0,00
5 1,88496 0,6236 1,32 276,65 20 6,28 1738,24 -214,86
4 2,19911 0,7351 0,93 194,69 20 6,28 1223,28 -287,61
3 2,51327 0,8236 0,62 129,65 20 6,28 814,61 -263,61
2 2,82743 0,8804 0,42 87,89 20 6,28 552,23 -210,08
1 3,14159 0,9000 0,35 73,50 20 3,14 230,91 -92,36

n° barras 20 TOTAL 62,832 19161,518 2381,083


Camadas 11
Fonte: Autor (2018)

3.2 - Equacionamento para o concreto

Nas seções circulares, Santos (1994) propõe trabalhar com coordenadas polares e realiza
integrações com limites de integração de zero a 𝜑, sendo este o ângulo que define a posição da
linha neutra.
As equações a seguir são válidas apenas para os concretos do grupo I, pois Santos (1994)
utiliza os valores de deformação específica e o índice 𝑛 referentes a esses concretos. A Figura
3.5 representa a seção transversal de concreto com suas respectivas variáveis de estudo.
30

Figura 3.5 – Parâmetros para integração do concreto

Fonte: Adaptada de Santos (1994)

Sendo:
𝜑 = ângulo que fornece posição da linha neutra;
𝛼 = ângulo que fornece a posição do elemento de concreto infinitesimal;
𝑥 = profundidade da linha neutra;
ℎ𝑦 = altura da seção/diâmetro;
𝑟 = raio da seção;
𝑑𝐴𝑐𝑐 = Elemento infinitesimal de área;
𝑦 = profundidade do elemento de concreto infinitesimal.

3.2.1 - Posição da linha neutra

Como já dito anteriormente, a linha neutra é representada pelo ângulo 𝜑, que vai de zero
no topo da seção até 𝜋. Quando a linha neutra está dentro da seção (𝑥 ≤ ℎ𝑦 ), ela é dada por:

𝑟−𝑥
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐 cos (3.11)
𝑟

Relembrando a equação da curvatura da seção, pode-se afirmar que:

(𝜀𝑐 ∙ ℎ𝑦 )
𝑥 = 𝛽𝑥 ∙ ℎ𝑦 = (3.12)
𝜃

Assim, sabendo que 𝑟 é a metade de ℎ𝑦 :


31

(𝜀𝑐 ∙ ℎ𝑦 )
𝑟− (3.13)
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐 cos 𝜃
𝑟

𝑟 ∙ 𝜃 − (𝜀𝑐 ∙ ℎ𝑦 )
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐 cos (3.14)
𝑟∙𝜃

𝜃 − 2 ∙ 𝜀𝑐
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐 cos (3.15)
𝜃

Quando a linha neutra estiver fora da seção (𝑥 > ℎ𝑦 ) considera-se:

𝜑=𝜋 (3.16)

A Equação 3.11 é válida para todos os casos em que 𝜑 assume valores de zero a 𝜋.
Para 𝜑 variando de zero a 𝜋/2, tem-se :

Figura 3.6 – Demonstração para 𝜑 < 𝜋/2 (a) posição dos ângulos na seção transversal (b)
relação trigonométrica.

Fonte : Autor (2018)

Para 𝜑 variando de 𝜋/2 a 𝜋, tem-se :


32

Figura 3.7 – Demonstração para 𝜑 > 𝜋/2 (a) posição dos ângulos na seção transversal
(b) relação trigonométrica.

Fonte : Autor (2018)

Dessa maneira, para que a relação seja válida para todos os casos, os cossenos dos
angulos 𝛽 e 𝜑 devem ter módulos iguais e sinais opostos. De acordo com as Figuras 3.6 e 3.7 :
cos 𝜑 = − cos 𝛽
(3.17)

(𝑟 − 𝑥) (𝑥 − 𝑟)
=− (3.18)
𝑟 𝑟

(𝑟 − 𝑥) (−𝑥 + 𝑟)
= (3.19)
𝑟 𝑟

Desse modo, a solução sempre resulta na Equação 3.11. A razão para essa relação
ocorrer é o fato desses ângulos serem suplementares, pois a soma deles é igual a 180°. Como
exemplo, considera-se os ângulos 120° e 60°. Assim:

cos 120 = − cos 60


−0,5 = −(0,5)

3.2.2 - Elemento infinitesimal de área


33

Para encontrar os esforços resistentes associados ao concreto comprimido é necessário


realizar uma integração da tensão atuante conforme o diagrama parábola-retângulo (Equação
2.4) na área de concreto comprimida (área hachurada da Figura 3.5). Dessa forma, é necessário
resolver as seguintes integrais para força normal e momento fletor, respectivamente:

𝜑
𝑅𝑐𝑐 = ∫ 𝜎𝑐 ∙ 𝑑𝐴𝑐𝑐 (3.20)
0

𝜑
𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎 = ∫ 𝜎𝑐 ∙ 𝑦 ∙ 𝑑𝐴𝑐𝑐 (3.21)
0

Santos (1994) passa a caracterizar todas as variáveis em função dos ângulos 𝛼 e 𝜑. O


elemento infinitesimal de área 𝑑𝐴𝑐𝑐 será dado em função do ângulo 𝛼.

Figura 3.8 – Elemento infinitesimal de área

Fonte : Adaptada de Santos (1994)

Desse modo:

𝑑𝐴𝑐𝑐 = 2 ∙ 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ 𝑑𝑦 (3.22)

Sendo:
34

𝑦 = 𝑟 − 𝑟 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝛼 (3.23)

𝑑𝑦 = 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ 𝑑𝛼 (3.24)

Assim:

𝑑𝐴𝑐𝑐 = 2 ∙ 𝑟 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙ 𝑑𝛼 (3.25)

3.2.3 - Tensão na fibra genérica

A posição de uma fibra genérica na seção circular também será dada em função dos
ângulos. Observando a Figura 3.9 é possível desenvolver a equação da tensão para essas fibras.

Figura 3.9 – Posição da fibra genérica

𝜀𝑐

𝜀𝑐′

Fonte: Adaptada de Santos (1994)

Assim:

𝑦 = 𝑟 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠𝛼) (3.26)

𝑝 =𝑥−𝑦 (3.27)

𝑝 = 𝑥 − 𝑟 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠𝛼) (3.28)
35

E a deformação em uma fibra genérica é dada por:

𝑥−𝑦
𝜀𝑐′ = 𝜀𝑐 ∙ (3.29)
𝑥

𝑝
𝜀𝑐′ = 𝜀𝑐 ∙ (3.30)
𝑥

Finalmente, para encontrar a tensão em uma fibra genérica e sabendo que a tensão no
concreto é regida pela Equação 3.31:
𝑛
𝜀𝑐′
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ] (3.31)
𝜀𝑐2

Fazendo as substituições dos parâmetros dos concretos do grupo I (𝜀𝑐2 = 2,0‰ e 𝑛 =


2), tem-se:

2
𝜀𝑐′
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ] (3.32)
2

De modo que ao substituir 3.30 em 3.32:

𝜀𝑐 ∙ 𝑝 2
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ] (3.33)
2∙x

Desenvolvendo o produto notável:

2
𝜀𝑐 ∙ 𝑝 𝜀𝑐2 ∙ 𝑝
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ ( − ) (3.34)
x 4 ∙ x2

Inserindo 3.12 em 3.28:


𝜀𝑐 ∙ ℎ𝑦
𝑝= − 𝑟 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠𝛼) (3.35)
θ

Ao inserir as Equações 3.35 e 3.12 na 3.34, tem-se, conforme Santos (1994):


36

𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ (A + B ∙ cos 𝛼 + C ∙ cos2 𝛼) (3.36)

Sendo:

𝐷4
𝐴=𝐷− (3.37)
4

𝜃 𝐷
𝐵= ∙ (1 − )
2 2 (3.38)

𝜃2
𝐶=− (3.39)
16
𝜃
𝐷 = 𝜀𝑐 − (3.40)
2

3.2.4 - Localização da fibra com encurtamento (𝜺𝒄𝟐 )

A fibra com encurtamento 𝜀𝑐2 é importante pois definirá se o concreto está trabalhando
no estado elástico ou no estado plástico.
Conforme a Figura 3.10 é possível fazer as seguintes correlações:

Figura 3.10 – Posição da fibra com encurtamento 𝜀𝑐2

𝜀𝑐

𝜀𝑐′
𝜀𝑐2

Fonte: Adaptada de Santos (1994)

𝑥 ∙ (𝜀𝑐 − 𝜀𝑐2 )
𝑥′ = (3.41)
𝜀𝑐
37

Da Equação 3.12:
ℎ𝑦 ∙ (𝜀𝑐 − 𝜀𝑐2 )
𝑥′ = (3.42)
𝜃

(𝜀𝑐 − 𝜀𝑐2 )
𝛽𝑥′ = (3.43)
𝜃

Por outro lado, tem-se:


𝑥 ′ = 𝑟 − 𝑟 ∙ cos 𝛼1 (3.44)

ℎ𝑦
𝑥′ = ∙ (1 − cos 𝛼1 ) (3.45)
2

𝛽𝑥′ = 0,5 ∙ (1 − cos 𝛼1 ) (3.46)

Por fim, a posição da fibra de encurtamento dada pelo ângulo 𝛼1 .

𝜃 − 2 ∙ 𝜀𝑐 + 2 ∙ 𝜀𝑐2
𝛼1 = 𝑎𝑟𝑐 cos ( ) (3.47)
𝜃

3.2.5 - Estados elástico e plástico

A depender do domínio em que a seção se encontre, o concreto pode estar parcialmente


ou totalmente comprimido (BENDÔ, 2011). Diante disso, para resolver as integrais das
Equações 3.20 e 3.21, é preciso estudar os estados elástico e plástico.
No estado elástico, a deformação da fibra mais comprimida não atinge a deformação
limite de escoamento (𝜀𝑐 < 𝜀𝑐2 ) e a tensão no concreto não atinge o seu valor máximo e
continua a ser regida pela equação do diagrama parábola-retângulo. No estado plástico, a
deformação da fibra mais comprimida ultrapassa a deformação limite de escoamento (𝜀𝑐 >
𝜀𝑐2 ). Nesse caso, quando a deformação limite é atingida a tensão no concreto é igual a um valor
fixo equivalente a tensão máxima.
38

Figura 3.11 – Estado elástico (a) linha neutra na seção (b) linha neutra fora da seção

𝜀𝑐 < 𝜀𝑐2 𝜎𝑐 < 𝜎𝑐𝑑 𝜀𝑐 < 𝜀𝑐2 𝜎𝑐 < 𝜎𝑐𝑑

(a) (b)
Fonte: Adaptada de Bendô (2011)

Figura 3.12 – Estado plástico (a) linha neutra na seção (b) linha neutra fora da seção

𝜀𝑐 > 𝜀𝑐2 𝜎𝑐 = 𝜎𝑐𝑑 𝜀𝑐 > 𝜀𝑐2 𝜎𝑐 = 𝜎𝑐𝑑

(a) (b)
Fonte: Adaptada de Bendô (2011)

3.2.6 - Cálculo da força normal

A força normal é dada pela integração da tensão no concreto na área de concreto


comprimida.

3.2.6.1 - Estado elástico


39

No estado elástico, a deformação limite não foi atingida, portanto a tensão no concreto
é dada pela Equação 3.36, de modo que:

𝜑
𝑅𝑐𝑐 = ∫ 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ (A + B ∙ cos 𝛼 + C ∙ cos 2 𝛼) ∙ 2 ∙ 𝑟 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙ 𝑑𝛼 (3.48)
0

𝑅𝑐𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 2 ∙ (𝐴 ∙ 𝐸 + 𝐵 ∙ 𝐹 + 𝐶 ∙ 𝐺) (3.49)

Sendo:

𝜑 𝑠𝑒𝑛 (2 ∙ 𝜑)
𝐸= − (3.50)
2 4

𝑠𝑒𝑛3 (𝜑)
𝐹= (3.51)
3

𝜑 𝑠𝑒𝑛(4 ∙ 𝜑)
𝐺= − (3.52)
8 32

Santos (1994), propõe trabalhar com valores adimensionais dividindo o valor da força
normal pela tensão no concreto e pela área da seção. Portanto, o valor da força normal reduzida
é representado por:

𝑅𝑐𝑐
𝜂= (3.53)
0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 𝜋 ∙ 𝑟 2

2
𝜂= ∙ (𝐴 ∙ 𝐸 + 𝐵 ∙ 𝐹 + 𝐶 ∙ 𝐺) (3.54)
𝜋

3.2.6.2 - Estado plástico

No estado plástico, a integral será dividida em duas partes: na primeira delas a


deformação limite foi atingida e a tensão é dada por um valor fixo igual a tensão máxima. O
limite de integração vai de zero até o ângulo 𝛼1 , que representa o ponto que divide os estados
elástico e plástico. Na segunda parte, a tensão continua a ser dada pelo diagrama parábola-
retângulo e o limite de integração vai de 𝛼1 até a linha neutra (𝜑).
40

𝛼1 𝜑
𝑅𝑐𝑐 = ∫ 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ 𝑑𝛼 + ∫ σc ∙ 2 ∙ 𝑟 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙ 𝑑𝛼
2 2
(3.55)
0 𝛼1

𝛼1
∫ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙ 𝑑𝛼 +
0
𝑅𝑐𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 2 ∙ 𝜑 (3.56)
2 2
∫ (A + B ∙ cos 𝛼 + C ∙ cos 𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ∙ 𝑑𝛼
[ 𝛼1 ]

O resultado da integral é:

𝑅𝑐𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 2 ∙ [𝐸1 + 𝐴 ∙ (𝐸 − 𝐸1 ) + 𝐵 ∙ (𝐹 − 𝐹1 ) + 𝐶 ∙ (𝐺 − 𝐺1 )] (3.57)

Sendo:
𝛼1 𝑠𝑒𝑛 (2 ∙ 𝛼1 )
𝐸1 = − (3.58)
2 4

𝑠𝑒𝑛3 (𝛼1 )
𝐹1 = (3.59)
3

𝛼1 𝑠𝑒𝑛(4 ∙ 𝛼1 )
𝐺1 = − (3.60)
8 32

Em valores reduzidos:

2
𝜂= ∙ [𝐸1 + 𝐴 ∙ (𝐸 − 𝐸1 ) + 𝐵 ∙ (𝐹 − 𝐹1 ) + 𝐶 ∙ (𝐺 − 𝐺1 )] (3.61)
𝜋

3.2.7 - Cálculo do momento fletor

O momento fletor é dado pela integração da tensão no concreto na área de concreto


comprimida vezes o braço de alavanca do elemento infinitesimal de área.

3.2.7.1 - Estado elástico

No estado elástico, a deformação limite não foi atingida, portanto a tensão no concreto
é dada pela Equação 3.36, de modo que:
41

𝜑
𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎 = ∫ [0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ (A + B ∙ cos 𝛼 + C ∙ cos 2 𝛼) ∙ 2 ∙ 𝑟 3 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙
0
(3.62)
∙ (1 − cos 𝛼)𝑑𝛼]

𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 3 ∙ [𝐴 ∙ (𝐸 − 𝐹) + 𝐵 ∙ (𝐹 − 𝐺) + 𝐶 ∙ (𝐺 − 𝐽)] (3.63)

Sendo:
𝐹
𝐽=𝐻− −𝐼 (3.64)
5

𝑠𝑒𝑛(𝜑)
𝐻= (3.65)
5

𝑠𝑒𝑛𝜑 ∙ cos4 𝜑
𝐼= (3.66)
5

Portanto, o valor do momento fletor reduzido é representado por:

𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎
𝜂′ =
0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑟 3 (3.67)

1
𝜂′ = ∙ [𝐴 ∙ (𝐸 − 𝐹) + 𝐵 ∙ (𝐹 − 𝐺) + 𝐶 ∙ (𝐺 − 𝐽)] (3.68)
𝜋

3.2.7.2 - Estado plástico

No estado plástico, a integral também será dividida em duas partes:

𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 3 ∙


𝛼1
∫ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙ (1 − cos 𝛼) ∙ 𝑑𝛼
0 (3.69)
∙ 𝜑
+ ∫ (A + B ∙ cos 𝛼 + C ∙ cos 2 𝛼) ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 ∙ (1 − cos 𝛼) ∙ 𝑑𝛼
[ 𝛼1 ]

O resultado da integral é:
42

𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 2 ∙ 𝑟 3 ∙


∙ [𝐸1 − 𝐹1 + 𝐴 ∙ (𝐸 − 𝐸1 − 𝐹 + 𝐹1 ) + 𝐵 ∙ (𝐹 − 𝐹1 − 𝐺 + 𝐺1 )
(3.70)
+ 𝐶 ∙ (𝐺 − 𝐺1 − 𝐽 + 𝐽1 )]

Onde:
𝐹1
𝐽1 = 𝐻1 − − 𝐼1 (3.71)
5

𝑠𝑒𝑛(𝛼1 )
𝐻1 = (3.72)
5

𝑠𝑒𝑛 𝛼1 ∙ cos 4 𝛼1
𝐼1 = (3.73)
5

Em valores reduzidos:

1 𝐸1 − 𝐹1 + 𝐴 ∙ (𝐸 − 𝐸1 − 𝐹 + 𝐹1 ) + 𝐵 ∙ (𝐹 − 𝐹1 − 𝐺 + 𝐺1 )
𝜂′ = ∙[ ]
𝜋 +𝐶 ∙ (𝐺 − 𝐺1 − 𝐽 + 𝐽1 ) (3.74)

3.2.8 - Planilha do concreto


43

Figura 3.13 – Planilha dos valores resistidos pelo concreto

VARIÁVEIS ESTADO
DAS ELÁSTICO
POSIÇÃO DA LINHA INTEGRAIS
NEUTRA 𝜀𝑐 < 2
A 0
𝛽𝑥 0,50
Domínio 3
B 3,5 𝜂 0,35991056
Raio (𝑟) 0,1 C -3,0625 𝜂′ 0,09118182
D 0,2 D 0
E 0,785398
n 2 ESTADO
𝜀𝑐𝑢 3,5 F 0,333333 PLÁSTICO
𝜀𝑐2 2 G 0,19635 𝜀𝑐 > 2
x 0,1 H 0,2 𝜂 0,38076855
I 2,82E-66 𝜂′ 0,09265069
CÁLCULO DAS
J 0,133333
DEFORMAÇÕES
𝛽𝑖 𝜀
Topo: 0,00 3,5000 E1 0,24680
Linha F1 0,18422 VALOR ADOTADO
0,0000
neutra: 0,50 G1 0,14065 𝜂 0,38076855
Base: 1,00 -3,5000 H1 0,16413 𝜂′ 0,09265069
I1 0,0175
𝜃 7
J1 0,10978

𝜑 1,570796327

𝛼1 0,962550748

Fonte: Autor (2018)

3.3 - Esforços resistentes da seção transversal

Com os esforços resistidos por cada um dos materiais, é possível encontrar o valor
resistido pela seção transversal. Na metodologia de Santos (1994) a parcela do concreto é dada
pela integral e a parcela do aço pelo somatório. Como o autor propõe trabalhar com valores
adimensionais:

𝑛
𝑁𝑅𝑑 𝑅𝑐𝑐 𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑑𝑖
= +∑
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 (3.75)
𝑖=1
44

𝑛
𝑀𝑅𝑑 𝑅𝑐𝑐 ∙ (0,5 ∙ ℎ𝑦 − 𝑎) 𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑑𝑖 ∙ (0,5 ∙ ℎ𝑦 − 𝑑𝑖 )
= +∑
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 (3.76)
𝑖=1

Sabendo que Santos (1994) define:

𝑁𝑅𝑑
𝜈=
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 (3.77)

𝑀𝑅𝑑
𝜇=
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 (3.78)

𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝜔= (3.79)
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐

𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝜔𝑖 =
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 (3.80)

𝑅𝑐𝑐
𝜂=
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 (3.81)

𝑅𝑐𝑐 ∙ 𝑎
𝜂′ =
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 (3.82)

Pode-se reescrever as Equações 3.75 e 3.76:

𝑛
1
𝜈=𝜂+ ∑ 𝜔𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑑𝑖
𝑓𝑦𝑑 (3.83)
𝑖=1

𝑛

1
𝜇 = 0,5 ∙ 𝜂 − 𝜂 + ∑ 𝜔𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑑𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 )
𝑓𝑦𝑑 (3.84)
𝑖=1

Expressando o valor de 𝜔𝑖 em função de 𝜔:


45

𝑛
𝜔
𝜈=𝜂+ ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑 (3.85)
𝑖=1

𝑛

𝜔
𝜇 = 0,5 ∙ 𝜂 − 𝜂 + ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 ) (3.86)
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝑖=1

Conforme Bendô (2011) sugere, a parcela do aço é constante para cada posição de linha
neutra e será representada pelas variáveis:

𝑛
1
𝑠𝑜𝑚𝑎1 = ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖 (3.87)
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝑖=1

𝑛
1
𝑠𝑜𝑚𝑎2 = ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 ) (3.88)
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝑖=1
46

4 – METODOLOGIA II – ÁBACOS POR SOMATÓRIO

4.1 - Equacionamento para o aço

Sabe-se que para encontrar os esforços resistentes na armadura é preciso relacionar a


tensão-deformação para cada barra de aço. A deformação em cada barra é dada pelas relações
de compatibilidade de deformações na seção transversal, mas para isso, é preciso saber a
coordenada de cada barra e sua distância em relação ao topo da seção. Sias (2014) traz um
conjunto de equações que trabalham relações trigonométricas na seção e permitem encontrar
os parâmetros necessários para cada barra de aço.
A tensão em cada barra de aço é definida pelo autor como:

𝜎𝑠𝑖 = 𝐸𝑠 ∙ 𝜀𝑠𝑖
(4.1)

Sendo:
𝐸𝑠 = módulo de elasticidade do aço igual a 210.000 MPa;
𝜀𝑠𝑖 = deformação específica de uma barra de aço;

Figura 4.1 - Coordenadas das barras de aço na


seção circular

Fonte: Adaptada de Sias (2014)


47

Diferente de Santos (1994), Sias (2014) define as coordenadas para cada barra (𝑖) e não
para cada camada. A altura/diâmetro da seção será chamado pela variável 𝐷 e não mais ℎ𝑦 .
O ângulo entre as barras (𝜃′) é definido pelo ângulo total da circunferência dividido pelo
números de barras na seção (𝑛).

2∙𝜋
𝜃′ = (4.2)
𝑛

Dessa forma, as coordenadas de cada barra podem ser descritas em função de 𝜃′


conforme a Figura 4.1.

𝐷 2∙𝜋
𝑦𝑠𝑖 = ( − 𝑑 ′ ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 [(𝑖 − 1) ∙ ] (4.3)
2 𝑛

Com 𝑖 variando de 1 até 𝑛. A variável 𝑦𝑠𝑖 representa a distância vertical da barra ao


centro da seção. Para encontrar a distância vertical até o topo da seção (𝑦𝑡𝑖 ):

𝐷
𝑦𝑡𝑖 = − 𝑦𝑠𝑖 (4.4)
2
𝐷 𝐷 2∙𝜋
𝑦𝑡𝑖 = − ( − 𝑑 ′ ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 [(𝑖 − 1) ∙ ] (4.5)
2 2 𝑛

Assim, sabendo-se a distância da barra até o topo da seção, trabalha-se com valores
reduzidos, dividindo essa variável pelo diâmetro da seção e encontrando 𝛽𝑖 .

𝑦𝑡𝑖
𝛽𝑖 =
𝐷 (4.6)

Da mesma forma como foi feito para a metodologia de Santos (1994), com o valor de
𝛽𝑖 é possível descobrir a deformação de cada uma das camadas utilizando as equações genéricas
2.19, 2.22 e 2.24 das Regiões I, II e III abordadas no Capítulo 2. Encontrada a deformação,
utiliza-se a Equação 4.1 para obter a tensão nas barras de aço, lembrando de limitar esse valor
à tensão de escoamento do aço. Encontrada a tensão, descobre-se a força e o momento fletor
resistidos pelas barras com as Equações 3.7 e 3.8.
48

4.1.1 - Planilha para esforços na armadura

Figura 4.2 – Configuração da planilha para esforços resistentes na armadura (por barras)
Barras D/2-d' θ ys(i) D/2 yt(i) bi e si Tensão Bitola Asi Fsi Msi
1 18,0 0,349 0,000 20,0 20,000 0,5000 1,7500 367,5000 20 3,142 1154,5353 0,0000
2 18,0 0,349 6,156 20,0 13,844 0,3461 2,2887 434,7826 20 3,142 1365,9098 210,2259
3 18,0 0,349 11,570 20,0 8,430 0,2107 2,7624 434,7826 20 3,142 1365,9098 395,0955
4 18,0 0,349 15,588 20,0 4,412 0,1103 3,1140 434,7826 20 3,142 1365,9098 532,3107
5 18,0 0,349 17,727 20,0 2,273 0,0568 3,3011 434,7826 20 3,142 1365,9098 605,3214
6 18,0 0,349 17,727 20,0 2,273 0,0568 3,3011 434,7826 20 3,142 1365,9098 605,3214
7 18,0 0,349 15,588 20,0 4,412 0,1103 3,1140 434,7826 20 3,142 1365,9098 532,3107
8 18,0 0,349 11,570 20,0 8,430 0,2107 2,7624 434,7826 20 3,142 1365,9098 395,0955
9 18,0 0,349 6,156 20,0 13,844 0,3461 2,2887 434,7826 20 3,142 1365,9098 210,2259
10 18,0 0,349 0,000 20,0 20,000 0,5000 1,7500 367,5000 20 3,142 1154,5353 0,0000
11 18,0 0,349 -6,156 20,0 26,156 0,6539 1,2113 254,3768 20 3,142 799,1484 -122,9962
12 18,0 0,349 -11,570 20,0 31,570 0,7893 0,7376 154,8980 20 3,142 486,6264 -140,7588
13 18,0 0,349 -15,588 20,0 35,588 0,8897 0,3860 81,0621 20 3,142 254,6641 -99,2455
14 18,0 0,349 -17,727 20,0 37,727 0,9432 0,1989 41,7748 20 3,142 131,2395 -58,1606
15 18,0 0,349 -17,727 20,0 37,727 0,9432 0,1989 41,7748 20 3,142 131,2395 -58,1606
16 18,0 0,349 -15,588 20,0 35,588 0,8897 0,3860 81,0621 20 3,142 254,6641 -99,2455
17 18,0 0,349 -11,570 20,0 31,570 0,7893 0,7376 154,8980 20 3,142 486,6264 -140,7588
18 18,0 0,349 -6,156 20,0 26,156 0,6539 1,2113 254,3768 20 3,142 799,1484 -122,9962
18 TOTAL 56,549 16579,7062 2643,5847

0,6743 0,1075
Fonte: Autor (2018)

4.2 - Equacionamento para o concreto

4.2.1 - Coordenada dos elementos da seção transversal

Diferente de Santos (1994), Sias (2014) não trabalha com integrais. O autor divide a
área de concreto em partes pequenas o suficiente para ser desconsiderada a variação de tensão
dentro destas. Desse modo, o círculo que representa a seção transversal do pilar será dividido
em 20 círculos de igual espaçamento entre os raios e em 36 raios, de acordo com a Figura 4.3.
49

Figura 4.3 – Representação dos elementos de concreto


na seção circular.

Quantidade de raios e círculos


apenas representativa

Fonte: Adaptada de Sias (2014)

A coordenada no eixo y de cada elemento será determinada considerando o centro


geométrico de cada um deles.
Considerando que os círculos são representados pela variável 𝑟 = (1, … ,20) e os raios
pela variável 𝑏 = (1, … ,36), é possível estabelecer a coordenada do eixo “y” de cada parte
(𝑦𝑐(𝑟,𝑏) ), a qual representa a distância do centro geométrico de cada parte ao centro da seção.

𝐷 𝐷 𝐷 2∙𝜋 2∙𝜋
𝑦𝑐(𝑟,𝑏) = ( − 𝑟 ∙ + ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 [(𝑏 − 1) ∙ + ]
2 40 80 36 72 (4.7)

Logo, para encontrar a distância do centro do elemento ao topo da seção, subtrai o valor
da Equação 4.7 do raio da seção.
𝐷
𝑦𝑡(𝑟,𝑏) = − 𝑦𝑐(𝑟,𝑏)
2 (4.8)

A distância do elemento até a linha neutra será dada por:


50

ℎ𝑐(𝑟,𝑏) = 𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏)
(4.9)

Sendo:
𝑥 = posição da linha neutra.
Esse valor é importante para encontrar a tensão em cada elemento e consequentemente
encontrar a força normal e o momento fletor resistidos. Por fim, soma-se as parcelas de todos
os elementos e obtêm-se a resistência total.

4.2.2 - Equações das regiões de deformação

A relação para cada uma das três regiões já foi desenvolvida no Capítulo 2. Para a
Região II (Domínios 3, 4 e 4a) sabe-se que a deformação de uma fibra genérica na seção
transversal é dada pela relação:

𝜀𝑐𝑢 ∙ (𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) )
𝜀𝑐′ = (4.10)
𝑥

Desse modo, a tensão no concreto que foi mostrada na Equação 2.4, fica representada
por:

𝜀𝑐𝑢 ∙ (𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) ) 𝑛
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ]
𝑥 ∙ 𝜀𝑐2
(4.11)

Para a Região I (Domínio 5), baseando-se na Equação 2.19 sabe-se que a deformação
de uma fibra genérica na seção transversal é dada pela relação:

𝜀𝑐2 ∙ (𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) )
𝜀𝑐′ = [ ] (4.12)
𝑥 ∙ 𝜀𝑐𝑢 − 𝐷 ∙ (𝜀𝑐𝑢 − 𝜀𝑐2 )
( )
𝜀 𝑐𝑢

Desse modo, a tensão no concreto fica representada por:

𝑛
𝜀𝑐𝑢 ∙ (𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) )
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ] (4.13)
𝑥 ∙ 𝜀𝑐𝑢 − 𝐷 ∙ (𝜀𝑐𝑢 − 𝜀𝑐2 )
51

Para a Região III (Domínio 2), sabe-se que a deformação de uma fibra genérica na seção
transversal é dada pela relação:

10 ∙ (𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) )
𝜀𝑐′ = [ ] (4.14)
𝐷 − 𝑑′ − 𝑥

Desse modo, a tensão no concreto fica representada por:

10 ∙ (𝑥 − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) ) 𝑛
𝜎𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ [1 − (1 − ) ]
(𝐷 − 𝑑 ′ − 𝑥) ∙ 𝜀𝑐2 (4.15)

É importante lembrar que quando a tensão resultar em um valor negativo, significa que
o elemento de concreto está sendo tracionado, ou seja, deve-se desconsiderar o seu valor, pois
considera-se que o concreto resiste apenas a esforços de compressão. Da mesma forma, o valor
máximo para a tensão conforme Sias (2014) afirma é limitado à (0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ).

4.2.3 - Área de cada elemento da seção transversal

Com a tensão em cada elemento, para encontrar a força normal e o momento fletor
resistido, é necessário saber a área de concreto em cada elemento, dada por:

2 2
𝐷 𝐷
[𝜋 ∙ (40 ∙ (21 − 𝑟) − 𝜋 ∙ (40 ∙ (20 − 𝑟) ] (4.16)
𝐴𝑐(𝑟,𝑏) =
36

4.2.4 - Braço de alavanca para cada elemento da seção transversal

Para encontrar o momento fletor resistido, além da área do elemento, é necessário


descobrir a sua distância até o centro da seção. Esse valor é dado por:

𝐷
𝐵𝑐(𝑟,𝑏) = − 𝑦𝑡(𝑟,𝑏) (4.17)
2
52

Figura 4.4 – Braço de alavanca para o cálculo do momento fletor

Fonte: Autor (2018)

4.3 - Esforços resistentes da seção transversal

Encontrados os esforços de cada um dos materiais, é possível encontrar o valor resistido


pela seção transversal. Na metodologia de Sias (2014), isso é feito através de um somatório
conforme Equação 4.18 e 4.19.

20 36 𝑛

𝑁𝑅𝑑 = ∑ ∑ 𝜎𝑐(𝑟.𝑏) ∙ 𝐴𝑐(𝑟,𝑏) + ∑ 𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑖


(4.18)
𝑟=1 𝑏=1 𝑖=1

20 36 𝑛

𝑀𝑅𝑑 = ∑ ∑ 𝜎𝑐(𝑟.𝑏) ∙ 𝐴𝑐(𝑟,𝑏) ∙ 𝐵𝑐(𝑟,𝑏) + ∑𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑖 ∙ 𝑦𝑠𝑖


(4.19)
𝑟=1 𝑏=1 𝑖=1

Da mesma forma que Santos (1994) propõe, deve-se trabalhar com valores
adimensionais. De modo que:

20 36 𝑛
𝑁𝑅𝑑 𝜎𝑐(𝑟.𝑏) ∙ 𝐴𝑐(𝑟,𝑏) 𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑖
= ∑∑ +∑
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 (4.20)
𝑟=1 𝑏=1 𝑖=1
53

20 36 𝑛
𝑀𝑅𝑑 𝜎𝑐(𝑟.𝑏) ∙ 𝐴𝑐(𝑟,𝑏) ∙ 𝐵𝑐(𝑟,𝑏) 𝐴𝑠𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑖 ∙ 𝑦𝑠𝑖
= ∑∑ +∑
𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 𝜎𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑐 ∙ ℎ𝑦 (4.21)
𝑟=1 𝑏=1 𝑖=1

Pode-se reescrever as Equações 4.20 e 4.21:

𝑛
1
𝜈=𝜂+ ∑ 𝜔𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑖 (4.22)
𝑓𝑦𝑑
𝑖=1

𝑛
1
𝜇 = 0,5 ∙ 𝜂 − 𝜂′ + ∑ 𝜔𝑖 ∙ 𝜎𝑠𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 )
𝑓𝑦𝑑 (4.23)
𝑖=1

Expressando o valor de 𝜔𝑖 em função de 𝜔:

𝑛
𝜔
𝜈=𝜂+ ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑 (4.24)
𝑖=1

𝑛
𝜔
𝜇 = 0,5 ∙ 𝜂 − 𝜂′ + ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 ) (4.25)
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝑖=1

Da mesma forma, conforme Bendô (2011) sugere, a parcela do aço é constante para
cada posição de linha neutra e será representada pelas variáveis:

𝑛
1
𝑠𝑜𝑚𝑎1 = ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖 (4.26)
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝑖=1

𝑛
1
𝑠𝑜𝑚𝑎2 = ∑ 𝜎𝑠𝑑𝑖 ∙ (0,5 − 𝛽𝑖 ) (4.27)
𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑
𝑖=1
54

5 - PLANILHA DE GERAÇÃO DE ÁBACOS

5.1 - Planilha com informações de entrada

A planilha inicial informa ao Programa Excel os dados iniciais da seção transversal do


pilar circular. As informações necessárias são: o cobrimento da armadura, o tipo do aço, a
resistência à compressão do concreto, o diâmetro da seção. Além dessas informações, o usuário
pode inserir as solicitações de cálculo: esforço normal e o momento fletor.
A planilha, baseando-se nas informações dadas, calcula os valores reduzidos dessas
solicitações e plota esse par de esforços no gráfico. O usuário ao consultar o ábaco pode
facilmente identificar o valor da taxa de armadura e colocá-la no campo definido. Em seguida,
o usuário obtém como resultado a área de armadura necessária ao equilíbrio da seção.

Figura 5.1 – Planilha com informações de entrada

Fonte: Autor (2018)

5.2 - Planilha com dados base

A planilha com dados base contém as informações base para as equações apresentadas
nos capítulos anteriores. De acordo com o valor de resistência à compressão do concreto
fornecido nas informações de entrada, a planilha calcula alguns parâmetros intermediários
utilizados nos cálculos finais para determinação da resistência da seção transversal, como as
deformações específicas últimas, as deformações específicas do patamar de escoamento e o
índice 𝑛.
55

Tabela 5.1 - Deformações específicas e índice 𝑛

𝒇𝒄𝒌 𝜺𝒄𝟐 𝜺𝒄𝒖 𝒏


até 50 MPa 2,000 3,500 2,000
55 MPa 2,199 3,125 1,751
60 MPa 2,288 2,884 1,590
70 MPa 2,416 2,656 1,437
80 MPa 2,516 2,604 1,402
90 MPa 2,600 2,600 1,400
Fonte: Autor (2018)

Além disso, a planilha fornece a posição da linha neutra nas transições dos domínios de
deformação a depender do concreto selecionado na planilha de entrada. A posição da linha
neutra é tratada com seu valor adimensional, agora denominada por 𝛽𝑖𝑛í𝑐𝑖𝑜 e 𝛽fim .

Figura 5.2 - Valores limites da linha neutra em cada domínio de deformação

Fonte: Autor (2018)

Esses valores de linha neutra são importantes para definir as linhas que dividem os
domínios de deformação no ábaco. E com eles é possível definir qual a Região (I, II ou III) que
56

a seção transversal se enquadra e consequentemente saber qual equação de compatibilidade


utilizar.

5.3 - Planilha de iteração

A planilha de iteração gera os dados propriamente ditos para a formação dos ábacos.
Ela contém as equações que foram desenvolvidas nos capítulos anteriores e as suas partes
principais foram mostradas nos respectivos capítulos, ou seja, a parte que mostra o cálculo da
parcela resistente pelo aço e pelo concreto. Desse modo, ela fornece os valores resistentes da
seção e transforma esses valores em adimensionais.
A parte da planilha que gera os valores de entrada para o ábaco utiliza os valores de
𝜈, 𝜇 𝑒 𝜔. Desse modo, varia-se 𝜔 de 0,05 até 1,00, e encontram-se diversos pares (𝜈, 𝜇). É
preciso ter atenção na organização dos dados, porque o ábaco é formado por curvas e cada uma
delas corresponde a um valor fixo de 𝜔. Então, para formar uma curva são necessários diversos
pares (𝜈, 𝜇) correspondentes a um mesmo valor de 𝜔 que são obtidos a partir da variação da
linha neutra.

Tabela 5.2 – Pares (𝜈, 𝜇) para construção do ábaco

  
0,05 0,235149327 0,076625418
0,1 0,235149327 0,086841426
0,15 0,235149327 0,097057434
0,2 0,235149327 0,107273442
0,25 0,235149327 0,11748945
0,3 0,235149327 0,127705458
0,35 0,235149327 0,137921466
0,4 0,235149327 0,148137475
0,45 0,235149327 0,158353483
0,5 0,235149327 0,168569491
0,55 0,235149327 0,178785499
0,6 0,235149327 0,189001507
0,65 0,235149327 0,199217515
0,7 0,235149327 0,209433523
0,75 0,235149327 0,219649532
0,8 0,235149327 0,22986554
0,85 0,235149327 0,240081548
0,9 0,235149327 0,250297556
0,95 0,235149327 0,260513564
1 0,235149327 0,270729572
Fonte: Autor (2018)
57

Da mesma forma que Bendô (2011) propõe , a linha neutra varia de 0,1 até 10000,
através do valor de 𝛽𝑥 , totalizando 50 iterações. Inicialmente, consideram-se incrementos iguais
a 0,05 e valor máximo 𝛽𝑥 = 2,0. Na sequência, foram adotados incrementos iguais a 0,25 e valor
máximo 𝛽𝑥 = 3,0. Posteriormente, foram empregados incrementos iguais a 0,5 e valor máximo
de 𝛽𝑥 = 4,0. Finalmente, adotou-se a sequência de valores fixos de 𝛽𝑥 = 5; 𝛽𝑥 = 10; 𝛽𝑥 =
100; 𝛽𝑥 = 1000; 𝛽𝑥 = 10000.

5.4 - Planilha de armazenamento de dados

A cada iteração da linha neutra novos dados são gerados, desse modo, é preciso a cada
iteração armazenar os dados obtidos na planilha de armazenamento de dados.

5.5 - Planilha do ábaco

No final, são reunidos os dados para a geração do ábaco. O ábaco é composto por 20
curvas com 𝜔 variando de 0,05 até 1,00. No eixo horizontal estão os valores de força normal
reduzida 𝜈 e no eixo vertical os valores de momento fletor reduzido 𝜇. O ponto em destaque
indica a solicitação inserida pelo usuário na planilha de entrada. Por fim, as retas traçadas
indicam a divisão dos domínios de deformação.
58

Figura 5.3 – Configuração final do ábaco gerado pela planilha

Fonte: Autor (2018)


59

6 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fim de exemplificar o uso da planilha e identificar a sua precisão, foram apresentados


neste capítulo exemplos para dimensionamento de diversas seções transversais circulares de
concreto armado submetidas a esforços de flexo-compressão.
Com o objetivo de analisar a eficiência dos ábacos adimensionais gerados e comparar
os resultados obtidos, foi utilizado o P-Calc 1.4.0, um aplicativo gratuito que analisa pilares
submetidos a flexão composta. Esse aplicativo, verifica, no ELU, pilares submetidos a flexão
composta, normal ou oblíqua, tanto para concretos do grupo I como para os do grupo II para
diversos tipos de seções transversais, incluindo as seções circulares. O programa foi
desenvolvido pelo Engenheiro Civil Sander David Cardoso Júnior, encontra-se na versão
V1.4.0.
Nas tabelas de comparação dos resultados será calculada a diferença percentual da área
de aço encontrada em relação ao resultado obtido pelo ábaco desenvolvido.

6.1 - Exemplo 01

Proposto por Sias (2014) e obtido do trabalho de Borges (2014), o primeiro exemplo
corresponde a uma seção transversal de um pilar com: 𝐷 = 50 cm; 𝑑′ = 2,5 cm; 𝑓𝑐𝑘 = 25 MPa;
𝑁𝑑 = 840 kN; 𝑀𝑑 = 210 kN.m.
Segundo Sias (2014), para esse pilar, a área de aço encontrada por Borges (2014) é de
13,55 cm².
Agora, verifica-se a área de aço encontrada com ábaco gerado pela metodologia
proposta por Sias (2014). Com o uso da planilha tem-se como informações entrada:

Figura 6.1 – Informações de entrada da planilha (Exemplo 01)

Fonte: Autor (2018)


60

Logo em seguida, é gerado o ábaco para a situação descrita, obtendo-se, portanto:

Figura 6.2 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 25 MPa, d’/h = 0,05

Fonte: Autor (2018)

Ao retirar o valor de 𝜔 do ábaco, tem-se:

Figura 6.3 – Valores de entrada e saída do ábaco adimensional (Exemplo 01)

Fonte: Autor (2018)

Dessa forma, com um 𝜔 igual a 0,18, tem-se uma área de aço de 14,52 cm².
Com o P-Calc 1.4.0, encontra-se para a situação descrita uma taxa da armadura de
0,72%, considerando um fator de segurança de 1,01. Ou seja:
0,72
𝐴𝑠 = ∙𝐴
100 𝑐
61

0,72
𝐴𝑠 = ∙ 1963,49
100
𝐴𝑠 = 14,14 𝑐𝑚²

Figura 6.4 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 01)

Fonte: Autor (2018)

Com o ábaco proposto por Montoya (2001) também se encontra um 𝜔 = 0,18.

Figura 6.5 – Ábaco proposto por Montoya (2001), d’/h=0,05

Fonte: Adaptada de Montoya (2001).


62

Desse modo, ao comparar os resultados, tem-se:

Tabela 6.1 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 01)

Diferença
Fonte As (cm²)
Percentual
Borges (2014) 13,55 -6,68%
Ábaco desenvolvido 14,52 -
Ábaco (Montoya, 2001) 14,52 0,0%
P-Calc 1.4.0 14,14 -2,62%
Fonte: Autor (2018)

6.2 - Exemplo 02

Proposto por Lima (2018), o segundo exemplo considera uma seção transversal de um
pilar com: 𝐷 = 40 cm; 𝑑′ = 2,0 cm; 𝑓𝑐𝑘 = 25 MPa; 𝑁𝑑 = 2000 kN; 𝑀𝑑 = 114,02 kN.m.
Segundo Lima (2018), para esse pilar, a área de aço encontrada com o cálculo
automatizado do programa gerado em seu trabalho é de 23,39 cm².
Em seguida, verifica-se a área de aço encontrada com ábaco gerado pela metodologia
proposta por Sias (2014). Com o uso da planilha tem-se como informações entrada:

Figura 6.6 – Informações de entrada da planilha (Exemplo 02)

Fonte: Autor (2018)

Logo em seguida, é gerado o ábaco para a situação descrita, obtendo-se, portanto:


63

Figura 6.7 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 25 MPa, d’/h = 0,05

Fonte: Autor (2018)

Ao retirar o valor de 𝜔 do ábaco, tem-se:

Figura 6.8 – Valores de entrada e saída do ábaco adimensional (Exemplo 02)

Fonte: Autor (2018)

Dessa forma, com um 𝜔 igual a 0,56, tem-se uma área de aço de 28,90 cm².
Com o P-Calc 1.4.0, encontra-se para a situação descrita uma taxa da armadura de
1,95%, considerando um fator de segurança de 1,00. Ou seja:

1,95
𝐴𝑠 = ∙𝐴
100 𝑐
1,95
𝐴𝑠 = ∙ 1256,63
100
𝐴𝑠 = 24,50 𝑐𝑚²
64

Figura 6.9 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 02)

Fonte: Autor (2018)

Com o ábaco proposto por Montoya (2001) se encontra um 𝜔 = 0,50 e uma 𝐴𝑠 = 25,81
cm².

Figura 6.10 – Ábaco proposto por Montoya (2001), d’/h=0,05

Fonte: Adaptada de Montoya (2001).

Desse modo, ao comparar os resultados, tem-se:


65

Tabela 6.2 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 02)

Diferença
Fonte As (cm²)
Percentual
Programa de Lima (2018) 23,39 -19,07%
Ábaco desenvolvido 28,90 -
Ábaco (Montoya, 2001) 25,81 -10,70%
P-Calc 1.4.0 24,50 -15,22%
Fonte: Autor (2018)

6.3 - Exemplo 03

Apresentado por Santos (1994), o terceiro exemplo traz uma seção transversal de um
pilar com: 𝐷 = 40 cm; 𝑑′ = 3,0 cm; 𝑓𝑐𝑘 = 20 MPa; 𝑁𝑑 = 900 kN; 𝑀𝑑 = 100 kN.m.
Conforme Santos (1994) a área de aço necessária para resistir aos esforços é igual a
12,58 cm².
Verifica-se a área de aço encontrada com ábaco gerado pela metodologia proposta por
Sias (2014). O ábaco para a situação descrita é:

Figura 6.11 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 20 MPa, d’/h = 0,075

Fonte: Autor (2018)

Ao retirar o valor de 𝜔 do ábaco, tem-se:


66

Figura 6.12 – Valores de entrada e saída do ábaco adimensional (Exemplo 03)

Fonte: Autor (2018)

Dessa forma, com um 𝜔 igual a 0,32, tem-se uma área de aço de 13,21cm².
Com o P-Calc 1.4.0, encontra-se para a situação descrita uma taxa da armadura de
0,88%, considerando um fator de segurança de 1,00. Ou seja:

0,88
𝐴𝑠 = ∙𝐴
100 𝑐
0,88
𝐴𝑠 = ∙ 1256,84
100
𝐴𝑠 = 11,06 𝑐𝑚²

Figura 6.13 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 03)

Fonte: Autor (2018)

Com o ábaco proposto por Montoya (2001) encontra-se um 𝜔 = 0,30 e uma 𝐴𝑠 = 12,39
cm². O valor de 𝑑 ′ /ℎ é de 0,075, mas como não há um ábaco específico para essa relação na
67

literatura de Montoya (2001), é prudente utilizar um ábaco com uma relação 𝑑′ /ℎ


imediatamente superior, conforme Figura 6.14.

Figura 6.14 – Ábaco proposto por Montoya (2001), d’/h=0,10

Fonte: Adaptada de Montoya (2001)

Desse modo, ao comparar os resultados, tem-se:

Tabela 6.3 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 03)

Diferença
Fonte As (cm²)
Percentual
Ábaco desenvolvido 13,21 -
Santos (1994) 12,58 -4,77%
P-Calc 1.4.0 11,06 -16,28%
Montoya (2001) 12,39 -6,21%
Fonte: Autor (2018)

6.4 - Exemplo 04

O quarto exemplo expõe uma seção transversal de um pilar feito com concreto de
resistência elevada: 𝐷 = 40 cm; 𝑑′ = 4,0 cm; 𝑓𝑐𝑘 = 60 MPa; 𝑁𝑑 = 450 kN; 𝑀𝑑 = 200 kN.m.
68

Verifica-se a área de aço encontrada com ábaco gerado pela metodologia proposta por
Sias (2014). O ábaco para a situação descrita é:
Figura 6.15 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 60 MPa, d’/h = 0,1

Fonte: Autor (2018)

Sendo os valores de entrada 𝜈 = 0,0836 e 𝜇 = 0,0928. Obtém-se a partir do ábaco um


𝜔 igual a 0,20, e portanto uma área de aço de 24,77 cm².
Com o P-Calc 1.4.0, encontra-se para a situação descrita uma taxa da armadura de
2,05%, considerando um fator de segurança de 1,01. Ou seja:

2,05
𝐴𝑠 = ∙𝐴
100 𝑐
2,05
𝐴𝑠 = ∙ 1256,63
100
𝐴𝑠 = 25,76 𝑐𝑚²
69

Figura 6.16 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 04)

Fonte: Autor (2018)

Desse modo, ao comparar os resultados, tem-se:

Tabela 6.4 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 04)

Diferença
Fonte As (cm²)
Percentual
Ábaco desenvolvido 24,77 -
P-Calc 1.4.0 25,76 4,0%
Fonte: Autor (2018)

6.5 - Exemplo 05

O quinto exemplo retrata uma seção transversal de um pilar feito com concreto de
resistência elevada: 𝐷 = 30 cm; 𝑑′ = 3 cm; 𝑓𝑐𝑘 = 90 MPa; 𝑁𝑑 = 800 kN; 𝑀𝑑 = 150 kN.m.
Verifica-se a área de aço encontrada com ábaco gerado pela metodologia proposta por
Sias (2014). O ábaco para a situação descrita é:
70

Figura 6.17 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 90 MPa, d’/h = 0,1

Fonte: Autor (2018)

Sendo os valores de entrada 𝜈 = 0,176 e 𝜇 = 0,11. Obtém-se a partir do ábaco um 𝜔


igual a 0,26, e portanto, uma área de aço de 27,17 cm².
Com o P-Calc 1.4.0, encontra-se para a situação descrita uma taxa da armadura de
3,98%, considerando um fator de segurança de 1,01. Ou seja:

3,98
𝐴𝑠 = ∙𝐴
100 𝑐
3,98
𝐴𝑠 = ∙ 706,86
100
𝐴𝑠 = 28,13 𝑐𝑚²
71

Figura 6.18 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 05)

Fonte: Autor (2018)

Desse modo, ao comparar os resultados, tem-se:

Tabela 6.5 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 05)

Diferença
Fonte As (cm²)
Percentual
Ábaco desenvolvido 27,17 -
P-Calc 1.4.0 28,13 3,53%
Fonte: Autor (2018)

6.6 - Exemplo 06

Por fim, o sexto exemplo apresenta uma seção transversal de um pilar feito com concreto
de resistência elevada: 𝐷 = 50 cm; 𝑑′ = 5 cm; 𝑓𝑐𝑘 = 70 MPa; 𝑁𝑑 = 1000 kN; 𝑀𝑑 = 400 kN.m.
Verifica-se a área de aço encontrada com ábaco gerado pela metodologia proposta por
Sias (2014). O ábaco para a situação descrita é:
72

Figura 6.19 – Ábaco adimensional 𝑓𝑐𝑘 = 70 MPa, d’/h = 0,1

Fonte: Autor (2018)

Sendo os valores de entrada 𝜈 = 0,102 e 𝜇 = 0,0815. Obtém-se a partir do ábaco um


𝜔 igual a 0,16, e portanto, uma área de aço de 36,13 cm².
Com o P-Calc 1.4.0, encontra-se para a situação descrita uma taxa da armadura de
1,84%, considerando um fator de segurança de 1,01. Ou seja:

1,84
𝐴𝑠 = ∙𝐴
100 𝑐
1,84
𝐴𝑠 = ∙ 1963,49
100
𝐴𝑠 = 36,13 𝑐𝑚²
73

Figura 6.20 – Interface do Programa P-Calc 1.4.0 (Exemplo 06)

Fonte: Autor (2018)

Desse modo, ao comparar os resultados, tem-se:

Tabela 6.6 – Resumo das áreas de aço obtidas (Exemplo 06)

Diferença
Fonte As (cm²)
Percentual
Ábaco desenvolvido 36,13 -
P-Calc 1.4.0 36,13 0%
Fonte: Autor (2018)

6.7. Análise dos resultados

Com os exemplos abordados, foi possível concluir que as áreas de aço encontradas
através dos ábacos desenvolvidos foram semelhantes aos resultados obtidos por outros ábacos
ou por programas computacionais. Todavia, foi possível observar algumas diferenças
percentuais entre os resultados. O primeiro motivo que justifica essa diferença na área de aço é
o fator de segurança utilizado no aplicativo P-Calc 1.4.0, que na maioria dos casos foi
ligeiramente maior que 1,0, ocasionando área de aço maiores. O segundo fator se refere ao
procedimento de consulta aos ábacos adimensionais, que, para extrair o valor da taxa mecânica
de armadura, é realizado um processo manual, no qual, quando a solicitação não coincide com
uma das curvas, verifica-se o valor de 𝜔 entre as curvas, estimando um resultado que está entre
o 𝜔 superior e o 𝜔 inferior, realizando-se aproximações nessa variável.
74

7 - CONCLUSÃO

Os ábacos adimensionais são muito úteis no dimensionamento de pilares de concreto


armado e a compreensão da construção dessa ferramenta é fundamental pois permite ao usuário
entender como se dá a distribuição dos esforços na seção transversal e como é a contribuição
de cada material, aço e concreto, para a resistência total da seção. Apesar de existirem diversos
programas para calcular a área de aço para pilares de forma automática e mais rápida, o processo
de construção dos ábacos mostra toda a metodologia e o que é feito para chegar em toda a
automação desses programas de dimensionamento e verificação de seções transversais. Desse
modo, a metodologia deixada por esse trabalho é importante pois permite a compreensão da
distribuição de esforços na seção transversal e esclarece o estudo do dimensionamento de
pilares.
No Capítulo 6 foram realizados alguns exemplos e foi possível concluir que o resultado
obtido com o uso do ábaco foi sempre muito próximo dos resultados obtidos por outros ábacos
ou programas computacionais. Dessa forma, comprova-se a utilidade dos ábacos gerados pois
a existência desses ábacos para seções transversais com formato circular se mostravam bastante
escassas no acervo técnico atual.
Percebe-se também que apesar da metodologia de Sias (2014) realizar um somatório no
lugar de uma integral para encontrar o esforço resistente pelo concreto, dividindo a área da
seção em diversos elementos, o resultado não foge do real e as aproximações são bastante
válidas, produzindo resultados verdadeiros.
Além da metodologia exposta durante os capítulos a qual pode ser reproduzida, o
trabalho traz em seu Anexo A um conjunto de ábacos adimensionais para dimensionar pilares
de concreto armado de seção circular que podem ser consultados por estudantes e profissionais
da área. O anexo expõe ábacos com a relação 𝑑 ′ /ℎ de 0,05; 0,10; 0,15 e 0,20.
Para trabalhos futuros, são deixadas como sugestões: o desenvolvimento de ábacos
adimensionais para seções circulares vazadas e a análise do pilar, considerando tanto a seção
como o tramo deste, verificando a necessidade de efeitos de segunda ordem locais.
75

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 - Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8953:2015 - Concreto para


fins estruturais — Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência.
Rio de Janeiro, 2015.

BACCIN, A. G. C. Fundamentos do concreto de alto desempenho e sua aplicação no projeto


de pilares. 1998. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

BENDÔ, N. E. P. Geração de ábacos para dimensionamento de seções de pilares solicitadas


por flexão composta. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza, 2011.

CARDOSO JÚNIOR, S. D. Sistema computacional para análise não linear de pilares de


concreto armado. Monografia (Especialista em Gestão de Projetos de Sistemas Estruturais) –
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

CARVALHO, R. C.; PINHEIRO, L. M. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado, Volume 2. 1ª Edição. São Paulo: Ed. PINI, 2009.

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R.Cálculo e detalhamento de estruturas usuais


de concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. 4ª Edição. São Carlos: EdUFSCar, 2015.

COSTA, G. C. C.; ABREU, R. O. A.; AGUIAR, E. A. B. Verificação da estabilidade de pilares


esbeltos de concreto de alta resistência submetidos a flexo-compressão normal segundo o
método geral. In: Congresso Brasileiro do Concreto, 59., 2017, Bento Gonçalves. Bento
Gonçalves, 2017.
76

LIMA, D. A. Dimensionamento automático de pilares de concreto armado. Monografia


(Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018.

MONTOYA, P. J.; MESEGUER, A. G.; CABRÉ, F. M. Hormigón armado: Ajustada al código


modelo y al eurocódigo. 14. Ed. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2000.

ROHDEN, A. B.; SEELBACH, L. C.; XAVIER JUNIOR, J. E. Utilização de concretos com


variação da resistência à compressão em pilares – estudo de caso: Edifício de 30 pavimentos
com resistência fixa e resistência variável ao longo dos pavimentos. Congresso Brasileiro do
Concreto, 58., 2016, Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2016.

SANTOS, L. M. Sub-rotinas básicas do dimensionamento de concreto armado. São


Paulo: Ed. Thot, 1994.

SIAS, F. M. Dimensionamento ótimo de pilares de concreto armado. 2014. Dissertação


(Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

SIAS, F. M, ALVES, E. C. Dimensionamento ótimo de pilares circulares de concreto armado


segundo a ABNT NBR 6118:2014, Revista Engenharia Estudo e Pesquisa, v. 16, p. 34-42,
2016.

TORRICO, F. A. Análise teórica e experimental do comportamento de pilares esbeltos de


concreto de alta resistência, considerando a ductilidade. 2010. Tese (Doutorado em Engenharia
de Estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.
77

APÊNDICES

ANEXO A

1 – ÁBACOS ADIMENSIONAIS
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100

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