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Fichamento de Livro A MÚSICA DO FILME
Fichamento de Livro A MÚSICA DO FILME
CENTRO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE TEORIA DA ARTE E MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA
VITÓRIA, 2014
FABÍOLA DE ALMEIDA MOREIRA
VITÓRIA, 2014
Assunto: Música de Cinema
Referência Bibliográfica:
Berchmans, Tony. A música do filme: tudo o que você gostaria de saber sobre a música
de cinema. 4ª Ed. – São Paulo: Escrituras Editora, 2012.
Música Original
É comum ouvir o termo trilha sonora como uma menção a coletânea de canções que são
tocadas durante um filme ou uma novela, quando, na verdade o termo tecnicamente
represença todo o conjunto sonoro de um filme, incluindo a música, os efeitos sonoros e
os diálogos.
O livro fala sobre o universo da composição da música, que seu autor chama de “musica
original”, referindo-se à música exclusivamente composta para os filmes.
A música no cinema existe para tocar as pessoas. Uma mesma música, tocada fora do
contexto de sua dramatização, pode tocar as pessoas, mas possivelmente não terá todo o
“poder” que tem quando é executada no contexto para a qual foi criada, dentro de uma
dramatização.
Parece haver um consenso entre a maioria dos compositores no sentido de que a música
deve servir ao filme e não o contrário. Ela deve auxiliar a narrativa, seus personagens,
seu ritmo, sua textura, sua linguagem, seus requisitos dramáticos.
Uma música pode ser feita com um objetivo definido e ainda assim, ser uma bela obra
de arte. Para compor uma música do filme, o compositor se torna um dramaturgo
musical. É preciso conhecer a história, a maneira como ela será contada, o personagem
para quem compõem, sua personalidade, seus amores e dissabores, o contexto histórico
social em que se dá a história ou o espaço geográfico. Um samba pode rapidamente ser
associado ao Brasil ou ao Rio de Janeiro, por exemplo. Apesar disso, alguns
compositores têm suas músicas cortadas e editadas de tal forma a mal reconhecê-las, o
que representa um grande desrespeito ao compositor e sua obra. A despeito disso a
música é muito importante para um filme. Ela toca rapidamente as pessoas e tem um
alto poder de comunicação. Muitos filmes se tornam bem melhores por causa de suas
músicas. No entanto, uma boa música dificilmente tornará bom um filme ruim.
A relação entre o compositor musical e o diretor do filme nem sempre é tão fácil. É o
diretor que tem controle do filme e quem define como e quando a música será tocada.
Além de ser quem aprova ou não a composição para determinada cena ou personagem.
Por isso muitos compositores excelentes de música “convencional” simplesmente não
conseguem adequar seu modo de compor à indústria cinematográfica.
A música de cinema pode ter funções bastante claras como quando descreve precisa e
detalhadamente cada pequeno movimento dos personagens, como acontece em
desenhos animados da Disney e Tom e Jerry, mas também pode desempenhar funções
mais sutis quando busca descrever o estado emocional do filme e de seus personagens.
Antes de iniciar uma composição musical o compositor deve buscar uma orientação
quanto ao caminho musical que deve trilhar. O assunto, a alma, o direcionamento do
filme, são aspectos importantes a serem considerados. Essa fase de conceituação é um
planejamento criativo de grande relevância no processo da composição. Alguns autores
assistem aos filmes várias vezes buscando a essência do filme e de seus personagens
para depois propor a trilha musical.
Decupagem
“Antes do início da composição musical, há uma etapa que define de maneira detalhada
justamente onde haverá e onde não haverá música no filme. Esse processo é chamado
de decupagem da música ou spotting.”
Cues
“Fazendo uma analogia com um disco de música popular, o cue de uma trilha sonora
musical é o equivalente a cada uma das faixas do disco. Cada trecho da música do filme
é um cue, por menor que seja. Sendo assim, há filmes que podem ter dezenas de cues,
dependendo dos pontos de entrada e saída da música.”
O processo de Composição
Por fim será feita a mixagem final de todo o áudio do filme e a sonorização.
Com o crescimento da indústria cinematográfica a música foi se fazendo cada vez mais
necessária e compositores passaram a ser requisitados para desempenhar papéis de
diretores musicais de produções.
No auge do cinema mudo foi grande o movimento musical que acompanhava os filmes.
Por outro lado, enquanto os filmes mudos vivenciavam um grande êxito, os técnicos e
engenheiros se desdobravam em esforços para criar um sistema viável de gravação e
sincronismo de som com a película.
O mês de agosto de 1926 marca a estreia da primeira trilha sonora oficialmente
composta para um filme, totalmente sincronizada. O uso do som revolucionou o modo
como se pensava o cinema até então. Logo o modo se contar uma história mudou
drasticamente. Aos poucos, os filmes que vieram a seguir utilizaram as palavras faladas,
e assim foi-se estabelecendo a transição entre o cinema mudo e o sonoro.
Nas primeiras filmagens sonoras, as trilhas eram gravadas ao vivo juntamente com
encenações.
Capítulo 5: Os Anos 30 e 40
No entanto a contratação de músicos para composição das trilhas ainda era discreta, pois
os diretores acreditavam que a música poderia tirar a atenção do público. A resistência
foi aos poucos acabando quando pioneiros compositores conseguiram mostrar o poder e
função da música original de cinema.
A trilha sonora do filme King Kong (1933) consagrou o compositor Max Steiner como
um dos mestres da música para cinema. Desde então a importância da trilha musical
tornou-se inquestionável. Prova disso foi a criação da categoria Oscar de Melhor Trilha
Sonora Original e Melhor Canção, no ano de 1934.
Por volta de 1935 a 1950 o cinema viveu sua Era Dourada. Foi sua fase mais fértil.
Nesse período, no Brasil, ocorreu a multiplicação de salas de cinema pelo país.
A forte influência romântica perdurou até o fim da Era Dourada. Após a Segunda
Guerra Mundial, gradativamente a música moderna, a música atonal, o serialismo, o
jazz a popularização da televisão e, mais tarde, o rock passaram a influenciar o cinema.
Capítulo 6: Os Anos 50 e 60
Os anos 50 foram marcados por uma forte influência jazzística na música de alguns
compositores. Nos anos seguintes, alguns estilos como o faroeste foram surgindo. Desse
modo, o velho formato romântico e grandioso da era dourada do cinema estava
acabando. A televisão estava cada vez mais conquistando telespectadores e
apresentando a eles estilos musicais como o jazz e o rock`n`roll, o que obrigava o
cinema a acompanhar as novidades para não perder público.
O filme O Homem que sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, 1956) lançou a
tendência de se utilizar canções populares nos filmes, o que também representou uma
maneira de potencializar a divulgação do filme.
Pode-se destacar dois motivos principais para o início dom habitual uso de canções nos
filmes: o primeiro é comercial - o objetivo era fazer da música um hit no rádio e na TV
lucrar com isso. O segundo motivo é artístico – estava claro que as canções
desempenhavam um papel eficiente na narrativa do filme sem necessariamente abolir o
uso da música instrumental.
No início dos anos 70 a música de cinema era bastante diversificada, com várias
tendências e estilos. Música orquestral, rock`n`roll, jazz, composições atonais e
dodecafonistas faziam parte dessa diversidade, alem de novas ferramentas eletrônicas,
como os sintetizadores e novos recursos de gravação multicanais.
As trilhas jazzísticas eram uma marca nos filmes policiais. Essa marca se tornou tão
forte que ainda hoje é possível perceber essa linguagem musical em filmes de ação,
como Matrix (The Matrix, 1999) e outros.
Os anos 80 foram uma fase de intenso crescimento do uso de canções pop nos filmes,
visando a fabricação de hits, prática que se mostrava tendência desde os anos 60.
Passou-se a utilizar músicas preexistentes e score na composição das trilhas. Tmabém
passou a ser comum a composição de canções sob encomenda, como aconteceu no filme
Top Gun – Ases Indomáveis (Top Gun, 1986). A música Take may Breath Away,
composta por Giorgio Morodes e Tom Witlock e interpretada pela banda Berlin, foi
tema musical do filme, tornou-se um hit mundial e ainda ganhou Oscar de Melhor
Canção.
Os anos 80 tiveram ainda vários trabalhos marcantes, dos quais se destacam as músicas
de Era Uma Vez na América, 1984 (Once Upon a time in America, 1984), A Missão
(The Mission,1986), Os Intocáveis (The Untouchables, 1987), dentre outros, do autor
Ennio Morricone.
A música não é o único elemento sonoro presente na trilha sonora de um filme. O som
do filme e comumente dividido em três setores diferentes: música, sound design e
diálogos. Muitas vezes, na prática, esses conceitos se misturam e se confundem, no
entanto essa divisão é interessante para efeito de entendimento.
Várias técnicas são utilizadas pelos desenhistas sonoros. Uma das mais básicas é o
foley, que é a técnica de se reproduzir em estúdio todo o som gerado pela atividade
física dos personagens, por meio da mímica de seus movimentos. Passos, ruídos de
roupas, manejos de objetos, quedas e outras ações são imitadas pelos artistas de foley
enquanto assistem à cena e gravam seus sons.
Outra faceta do sound design são os Efeitos Sonoros, que são os sons criados com o
objetivo de destacar movimentos e ações, facilitar o entendimento de uma cena,
valorizar sensações ou simplesmente enriquecer a linguagem visual.
Há também o trabalho de ambiência (background), que dita o “clima” da cena. São sons
constantes como o interior de um shopping, uma esquina movimentada, uma praia, um
escritório, etc.
Outro elemento do áudio de um filme é o diálogo, que traz a voz dos personagens de um
filme. O som dos diálogos pode ser gravado a partir de duas fontes: por meio da
captação de som direto e por meio de dublagem. O som direto é captado durante a
filmagem das cenas. A dublagem é usada para fazer versões dos diálogos em outras
línguas, para corrigir defeitos de captação de som direto, para incrementar a qualidade
de som dos diálogos ou ainda para alterar a interpretação dos atores. A dublagem
geralmente é feita utilizando-se o método ADR, que significa Automated Dialog
Replacement, que é uma gravação de voz feita em estúdio, após a conclusão da
filmagem da cena.