You are on page 1of 5

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES
CÂMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA

ANGÉLICA JAQUELINE DA SILVA CAGOL

ANÁLISE CRÌTICA DO FILME: A MISSÃO

ERECHIM – RS
2021
ANGÉLICA JAQUELINE DA SILVA CAGOL

ANÁLISE CRÌTICA DO FILME: A MISSÃO

Trabalho realizado na disciplina de História da


educação, Curso de Pedagogia Departamento de
Ciências Humanas da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e da Missões Campus
de Erechim.

Professora Ms. Anelise Brod

ERECHIM – RS
2021
O filme “a missão” dirigido por Roland Joffé e escrito por Robert Bolt, o filme A
Missão é uma obra inglesa de 1986, baseada em fatos reais, e trata da época
da expulsão dos jesuítas do reino português devido à crise nas relações entre
Coroa portuguesa e a Companhia de Jesus.

O roteiro de Robert Bolt pode parecer bastante maniqueísta, ao retratar


praticamente todos os europeus como vilões sem coração e todos os índios e
jesuítas como pessoas boas. Porém, o filme escapa do maniqueísmo ao utilizar
um inteligente artifício narrativo. Toda a história é contada sob o ponto de vista
de Altamirano, que amargurado, generaliza em seu relato, transformando todos
os europeus em pessoas más e todos os índios em pessoas boas.

Os jesuítas são convocados a defender sua permanência numa corte, que


seria analisada por Altamirano, funcionário da Coroa portuguesa. O
território ocupado pelas missões está em vias de passar a pertencer aos
espanhóis: que podem escravizar os índios, ao contrário dos portugueses.

Todavia, o destino das missões já estava traçado antes da corte ser


iniciada: os jesuítas deveriam retirar-se do território ou serem
massacrados por um exército. Todas as tentativas de persuadir os índios
de se retirarem das missões são malogradas, e na missão de São Carlos,
Mendonza abdica de seu voto de obediência jesuítica para liderar uma
resistência. Irmão Gabriel se opõe, e decide ficar na missão sem lutar.

Muitos falam das missões jesuíticas apenas por seu caráter evangelizador,
no seu papel na quebra da identidade indígena. Mas o que moveu a Coroa
portuguesa a expulsar os jesuítas não foi a preocupação com os índios, é
óbvio, e sim questões políticas. Após a descoberta do Novo Mundo, os
habitantes do paraíso só podiam ter três destinos: ou perder seus
costumes e crenças para uma nova cultura, em nome de Deus; ou serem
escravizados como animais selvagens; ou serem dizimados pelos
colonizadores.

O roteiro de Bolt não dá lugar à figura do indígena enquanto indivíduo, mantendo


certo distanciamento dele, o que compromete sobremaneira o grau de empatia
e de envolvimento emocional que temos com os nativos e de tal modo,
enxergamos os índios como seres inferiores, não humanos, e, portanto,
passíveis de escravização. Mas não nos damos conta que a herança cultural
deixada para todos os brasileiros é muito mais ampla e presente nos dias atuais.

A figura do colonizador, entretanto, é a que mais sofre realmente com


maniqueísmos. Nesse caso, o fato de se tratar do olhar de um narrador
comprometido com os eventos não me parece ser suficiente para justificar uma
composição um tanto rasteira dos portugueses e dos espanhóis. Mesmo que
tenham praticado o mal e dizimado povos indígenas inteiros na América, penso
que esses personagens mereciam um olhar mais humanizado até mesmo para
tornar sua perfídia mais humana e persuasiva, em vez de apenas servir ao lado
comodamente vilanesco da história.

Porém, foi criada uma “missão Jesuíta” para proteger os índios da perseguição
dos portugueses e nas quais eram ensinados a doutrina católica A missão dos
Jesuítas era catequizar os índios para que adotasse a fé cristã, já os
bandeirantes queriam tomar a terra deles e utilizar a mão de obra escravizando-
-os principalmente porque eles sabiam o quanto a terra era fértil. A população
indígena tinha de ser instruída e ganhava conhecimentos de leitura e escrita.
Com o objetivo de tornar cristãos os indígenas que habitavam estas terras.

A Missão tem muitos pontos interessantes a serem analisados como a música


porque acredito que ela tem uma dimensão que aponta e ilumina o entendimento
do filme. A criação musical, a fabricação dos instrumentos e o ensino da música
aparecem diversas vezes ao longo da história. Na maioria delas são os jesuítas
que ensinam os indígenas a tocar seus instrumentos e a cantar da "sua" maneira.

No meu ver, um dos pontos positivos foi a parte da alfabetização dos índios,
como também a atitude do Padre Gabriel em permanecer junto aos indígenas e
o incentivo a não se “curvar” para os bandeirantes, defendendo suas terras com
bravura. Como ponto negativo, temos a imposição da igreja católica, dizendo
que a tomada das terras estava acontecendo porque Deus havia ordenado.

Infelizmente, os padres que se juntaram com os índios, acabaram morrendo


junto com quase toda a tribo. Diante disso, o filme nos faz refletir que desde a
antigamente a vida valia bem menos do que um pedaço de terra, e quem detinha
o poder era nada mais nada menos que os Reis e Imperadores. Trazendo essas
reflexões para a atualidade comparando com os fatos do filme, os políticos atuais
continuam da mesma forma porque para quem tem dinheiro e poder as leis são
totalmente diferentes.

O filme termina com a crueldade dos portugueses e espanhóis que mataram


dezenas de índios das tribos por causa das terras. A Missão é acima de tudo
uma reflexão acerca do passado, uma visão diferente daquilo que os livros de
história nos mostram, um contexto mais aprofundado e real da história da
colonização.

O mais interessante da conclusão de A Missão é notar que tanto a paz


(encerrada por Gabriel) como a defesa armada dos índios (representada em
Rodrigo) são avassaladas pelas forças reais. No fundo, nada parece mesmo
capaz de nos desumanizar tanto quanto as instituições que nos representam e
as autoridades que nos governam. Se há debates históricos numerosos acerca
do filme de Roland Joffé, essa importante lição história ele certamente nos deixa.

Classifico então o filme "A Missão" imperdível, na medida em que nos permite
ter uma melhor noção do grau de desumanidade e crueldade dos impérios
portugueses e espanhóis na colonização da América Latina.

You might also like